UNIVERSIDADE DO V ALE DO ITAJAÍ
CENTRO D E CIÊNC IAS TECNOLÓGIC AS
D A T ER R A E DO M AR
Curso de Engenharia Ambiental
Ecoformação: Diálogos entre a Permacultura e a Academia.
Foco investigativo no curso de Engenharia Ambiental do CTTMar –
UNIVALI – Itajaí, SC
Volume I
Fábio Vaccaro de Carvalho
Orientador: José Matarezi, Esp.
Co-orientadora: Yára Christina Cesário Pereira, Dra.
Itajaí, julho/2013
UNIVERSIDADE DO V ALE DO ITAJAÍ
CENTRO D E CIÊNC IAS TECNOLÓGIC AS
D A T ER R A E DO M AR
Curso de Engenharia Ambiental
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
Ecoformação: Diálogos entre a Permacultura e a Academia.
Foco investigativo no curso de Engenharia Ambiental do CTTMar –
UNIVALI – Itajaí, SC. – Volume I
Fábio Vaccaro de Carvalho
Monografia
apresentada
à
banca
examinadora do Trabalho de Conclusão
de Curso de Engenharia Ambiental como
parte dos requisitos necessários para a
obtenção do grau de Engenheiro
Ambiental.
Itajaí, julho/2013
i
ii
DEDICATÓRIA
MEU PAI – SÉRGIO JOSÉ DE CARVALHO (MEMÓRIA E EM ESPÍRITO)
O dever de todo revolucionário é transformar a utopia em lógica
"O que havemos de por dentro do Estado devemos por, antes, dentro da escola" Humboldt
iii
AGRADECIMENTOS
ENERGIA CÓSMICA – DEUS – KRISHNA – PACHAMAMA – MESTRES ESPIRITUAIS ..
FAMÍLIA – A todos aqueles que participaram de alguma forma, neste processo de
aprendizagem, em especial ao meu pai - Sérgio, minha mãe - Sônia e maninha - Carla..
COMPANHEIRA – Nathália, meu amor..
MESTRES – Alexandre Oqsomos, Dalva, Diego TT, Hermes, Jomar, Maidana, Ricardo..
AMIGOS ORIENTADORES – José Matarezi e Yára Cesário..
BANCA – Maria Gloria Dittrich e Sônia Portalupi..
AMIGOS – OS DISTANTES – OS DE PERTO – OS FORMADOS..
Em especial aos de xanxa, à república biblioteca, deutschland girls, colegas e meus exscaroneiros..
AOS GRANDES AMIGOS DO CPA, LEA, LGVR..
AOS NOVOS AMIGOS DO SUSTENTA-HABILIDADE, em nome do Ricardo Stanziola
AOS AMIGOS QUE ACOMPANHARAM A PESQUISA:
ENTREVISTADOS ANÔNIMOS..
EQUIPE TÉCNICA, TRANSCRITORES –
Alexandre,
Anna,
BemBem,
Camila,
Denize, Diego, Emerson, Gio, Jéssica,
Kaue, Lara, Letícia, Lud, Nath, Rafa,
Mildred, Rubens..
AOS AMIGOS DO PROJETO MEROS DO BRASIL, ONG IDEIA, ONG TETO VERDE
FORMAÇÃO “PERMACULTURAL”
ANIMA, ARCA VERDE, CPA, ÇARAKURA, CASA COLMEIA, YVY PORÃ
PROFESSORES/EDUCADORES – Pela minha formação acadêmica
iv
RESUMO
CARVALHO, Fábio Vaccaro de. Ecoformação: Diálogos entre a Permacultura e a Academia: Foco investigativo
no curso de Engenharia Ambiental do CTTMar – UNIVALI – Itajaí, SC. 2013. Monografia (Graduação) - Curso de
Engenharia Ambiental, Univali - Universidade do Vale do Itajaí, Itajaí - SC, 2013. 178 p.
Este estudo nos remeterá a uma reflexão epistemológico-teórico-metodológica de identificar
possíveis diálogos entre o Curso de graduação de Engenharia Ambiental da Universidade do Vale
do Itajaí (SC) – UNIVALI com a Permacultura, no processo formativo do engenheir@ ambiental,
representadas pelas Estações Permaculturais: Casa Colméia, Instituto Anima, Instituto Çarakura,
Yvy Porã e pelo coletivo de pesquisadores da Comissão de Permacultura e Agroecologia – CPA. A
partir de uma pré-categorização ancorada nos dez principais campos de projeção transdisciplinar e
ecoformação (Decálogo de Barcelona – ES), os princípios da permacultura e os cinco pilares que
promovem a sustentabilidade educadora (Laboratório de Educação e Política Ambiental – OCA); foi
convergido em cinco indicadores – transdisciplinar, ecoformação, ecossistêmico, criatividade, ética.
Destes, foi realizada uma análise documental do Projeto Pedagógico e dos Planos de Ensino da
Matriz Curricular do Curso de Engenharia Ambiental. Contemplou-se ainda uma compreensão dos
Perfis, Atuação e Vocação dos Cursos de Ciências Biológicas, Engenharia Civil e Oceanografia do
Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar (CTTMar) da instituição em referência. O
caminho metodológico abrangeu também uma vivência dos pressupostos básicos do Curso de
Permacultura em Design - PDC (Permaculture Design Course), esta foi transposta em um diário de
campo. Além disso, foram realizadas entrevistas semi estruturadas diretas e com grupos focais, no
contexto da Academia, como no contexto da Permacultura. Destas surgiram novas categorias para
discussão: O “Despertar”; Educação; Teoria e Prática; Sobre o PP/Formação; Lacuna na formação
acadêmica; Crítico; Perfil; Percepção sobre a palavra “Ambiental”; Permacultura: Como conheceu a
Permacultura; Concepção de Permacultura; Princípios e Flor da Permacultura; Deve dialogar com a
academia; Imersão; Habilidades do Educador e do Educando e Atitudes pessoais e coletivas. A
análise dos dados norteou indicativos para a utilização de um instrumento auxiliar no planejamento
ambiental para ecoformação de educadores e educandos. Visa-se a uma avaliação de mudanças
no campo educacional formal quanto a processos transformadores, conectivos e intuitivos mediante
indicadores qualitativos e de percepção ambiental quanto à Permacultura nos cursos de graduação.
E destes, devem ser apropriados pelos educadores-acadêmicos-estrutura da universidade, através
de pelo menos um Grupo de Pesquisa em Complexidade e Transdisciplinaridade.
Palavras-chaves:
Currículo, Ecoformação, Engenharia Ambiental, Permacultura, Transdisciplinar
ABSTRACT
v
This study will refer us to an epistemological-theoretical-methodological to identify possible
dialogues between the Environmental Engineering graduation course at the University of Itajaí
Valley (SC) – UNIVALI with the Permaculture in the formative process of the Environmental
Engineer, represented by the Permaculture Stations: Colmeia House, Anima Institute, Çarakura
Institute, Yvy-Pora and by the Commission of Permaculture and Agroecology – CPA
researchers. From a pre-categorization anchored in ten main fields of transdisciplinar projection
and ecoformation (Barcelona Decalogue – ES), the Permaculture principles and the five pillars
that promote sustainability educator (Environmental Policy and Education Laboratory – OCA)
was converged in five indicators - transdisciplinary, ecoformation, ecosystem, creativity, and
ethic. Of these indicators, it was conducted a desk review of the Pedagogical Project and
Teaching Plans in the Matrix Curriculum Environmental Engineering Course. It also included an
understanding of the Profiles, Performance and Vocation of Biological Sciences, Civil
Engineering and Oceanography courses in the Earth and Sea Technological Science Center
(CTTMar) of the institution in question. The methodological approach also included an
experience of the basic assumptions in the Permaculture Design Course – PDC, this was
transposed in a field diary. In addition, direct semi-structured interviews were conducted with
focus groups, in the context of the Academy, and in the context of Permaculture. Of these
interwies, new categories arose for discussion: The "Awakening", Education, Theory and
Practice; About PP / Graduate formation; Gap in academic formation; Critic; Profile; the
Perception of the word "Environmental"; Permaculture: How you knew the Permaculture;
Permaculture Conception, Permaculture Principles and Flower; It must dialogue with academy?;
Immersion; Educator and Student Skills and personal and collective attitudes. The data analysis
guided indicatives for the use of a tool to assist in environmental planning for the ecoformation
of educators and students. It aims at changes evaluation in the formal educational field as
transforming processes, connective and intuitive by qualitative indicators and the environmental
perception about the Permaculture in graduations course. And of these indicators, must be
appropriated
by
the
educators-academics-university
structure, through
at
least
Transdisciplinarity and Complexity Research Group.
Keywords:
Curriculum, Ecoformation, Environmental Engineering, Permaculture, Transdisciplinary
one
vi
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA ......................................................................................................................... ii
Sumário ................................................................................................................................... vi
Lista de Figuras ..................................................................................................................... viii
Lista de Tabelas ...................................................................................................................... ix
Lista de Apêndices – VOLUME II .............................................................................................. x
Lista de Anexos – VOLUME II ................................................................................................. xi
Lista de Abreviaturas .............................................................................................................. xii
1
2
Introdução..........................................................................................................................1
1.1
Justificativa .................................................................................................................4
1.2
Objetivos.....................................................................................................................6
1.2.1
Geral....................................................................................................................6
1.2.2
Específicos ..........................................................................................................6
Fundamentação Teórica ....................................................................................................7
2.1
Percepção Ambiental ..................................................................................................7
2.2
Projeto Pedagógico ....................................................................................................8
2.2.1
Apresentando o PP do curso de Engenharia Ambiental da UNIVALI .................10
2.2.2
Apresentando o Curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da UNIVALI .........17
2.2.3
Apresentando o Curso de Ciências Biológicas da UNIVALI ...............................18
2.2.4
Apresentando o Curso de Engenharia Civil da UNIVALI ....................................19
2.2.5
Apresentando o Curso de Oceanografia da UNIVALI ........................................21
2.3
Espaços e Estruturas Educadoras: conceitos, significados e complementaridades. .22
2.3.1
Educador Ambiental ..........................................................................................23
2.3.2
Espaço Educador ..............................................................................................24
2.3.3
Cidades Educadoras .........................................................................................25
2.3.4
Sustentabilidade Educadora ..............................................................................26
2.4
Permacultura ............................................................................................................30
2.4.1
O Termo “Permacultura” ....................................................................................30
2.4.2
A Flor da Permacultura ......................................................................................31
2.4.3
Princípios...........................................................................................................32
2.4.4
Padrões Naturais ...............................................................................................37
2.4.5
Curso de Design em Permacultura - PDC..........................................................38
2.4.6
Permacultura no Brasil ......................................................................................39
2.4.7
Permacultura nas Universidades .......................................................................40
2.4.8
Permacultura em Santa Catarina .......................................................................41
2.5
Transdisciplinaridade e Ecoformação .......................................................................45
vii
2.5.1
3
Decálogo sobre a Transdiciplinaridade e Ecoformação: ....................................57
Metodologia .....................................................................................................................58
3.1
Tipo de pesquisa ......................................................................................................58
3.2
Áreas de Estudo .......................................................................................................59
3.3
Comitê de Ética ........................................................................................................64
3.4
Coleta de Dados e Instrumentos...............................................................................65
4
3.4.1
ETAPA 1 – A Pesquisa documental e Participação PDC ...................................65
3.4.2
ETAPA 2 – Definição dos indicadores ...............................................................66
3.4.3
ETAPA 3 – Entrevistas e Ouvidoria ...................................................................67
3.4.4
ETAPA 4 - Análise dos dados ............................................................................71
Resultados e Discussão ..................................................................................................72
4.1
Processos cognitivos....................................................................................................72
4.2
Diário de Campo ..........................................................................................................73
4.3
Indicadores ..................................................................................................................74
4.3.1
Releitura do Projeto Pedagógico - Engenharia Ambiental .........................................77
4.3.2
Planos de Ensino ......................................................................................................90
4.4
Entrevistas ...................................................................................................................94
4.4.1
Cronograma das Entrevistas.....................................................................................95
4.4.2
Os Equipamentos .....................................................................................................96
4.4.3
Roteiro Semi-Estruturado .........................................................................................97
4.4.4
Indicadores ...............................................................................................................97
•
Transdisciplinar................................................................................................................98
•
Ecoformação .................................................................................................................102
•
Ecossistêmico ................................................................................................................105
•
Criativo ..........................................................................................................................107
•
Ético ..............................................................................................................................110
4.4.5
Categorias Emergidas ............................................................................................113
4.4.6
Permacultura ..........................................................................................................123
4.4.7
Ouvidoria ................................................................................................................138
4.4.8
Outras propostas de aprendizado ...........................................................................139
5
Considerações Finais ....................................................................................................146
6
Referências ...................................................................................................................156
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Inter-relação dos eixos temáticos do curso de Engenharia Ambiental ......................14
Figura 2 - Flor da Permacultura ................................................................................................32
Figura 3 - Éticas e Princípios de Design da Permacultura.........................................................37
Figura 4 - Cartaz Curso Introdução à Permacultura ..................................................................43
Figura 5 - Mapa Conceitual Transdiciplinaridade e Ecoformação Sustentável ..........................47
Figura 6 - Trans, Inter, Multi, Intra...Disciplinaridade .................................................................49
Figura 7 - Dimensão Ontológica................................................................................................51
Figura 8 - Níveis de Realidade ..................................................................................................52
Figura 9 - Sujeito Interdisciplinar ...............................................................................................53
Figura 10 - Sujeito Transdisciplinar ...........................................................................................54
Figura 11 - Ouvidoria: Diálogo - Permacultura e Academia.......................................................71
Figura 12 - Projeto Pedagógico Institucional - PPI ....................................................................83
Figura 13 - Disciplinas dos Curriculos 2 e 3 ..............................................................................90
Figura 14 - Enquadramento das Disciplinas ..............................................................................91
Figura 15 - Motivos de Evasão do Curso de Engenharia Ambiental........................................ 120
Figura 16 - Litros de água Produzir 1kg de alimento ............................................................... 136
Figura 17 - Ouvidoria - Permaculture Global ........................................................................... 138
Figura 18 - Ouvidoria - PSB - Nacional ................................................................................... 139
ix
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Indicadores ..............................................................................................................75
Tabela 2 - Compilações: Perfil, Campo de Atuação, Vocação ..................................................86
Tabela 3 - Núcleo Docente Estruturante (NDE) e o Colegiado de Curso ..................................92
Tabela 4 - Cronograma das Entrevistas ....................................................................................95
Tabela 5 - Período das Entrevistas ...........................................................................................96
Tabela 6 - Compilações Transdisciplinar ..................................................................................98
Tabela 7 - Compilações Ecoformação .................................................................................... 103
Tabela 8 - Compilações Ecossistêmico................................................................................... 105
Tabela 9 - Compilações Criativo ............................................................................................. 107
Tabela 10 - Compilações Ético ............................................................................................... 110
Tabela 11 - Compilações "Despertar" ..................................................................................... 114
Tabela 12 - Compilações Educação ....................................................................................... 115
Tabela 13 - Compilações Teoria/Prática ................................................................................. 116
Tabela 14 - Compilações PP/Formação.................................................................................. 118
Tabela 15 - Compilações Lacunas na Formação Acadêmica .................................................. 121
Tabela 16 - Compilações Como conheceu a Permacultura..................................................... 123
Tabela 17 - Compilações Concepção de Permacultura .......................................................... 124
Tabela 18 - Compilações Princípios e Flor da Permacultura ................................................... 128
Tabela 19 - Compilações Diálogo com a Academia ................................................................ 131
Tabela 20 - Compilações Imersão na academia ..................................................................... 133
Tabela 21 - Compilações Atitudes .......................................................................................... 134
x
LISTA DE APÊNDICES – VOLUME II
Apêndice A - Mapa Conceitual TICT
Apêndice B - Diário de Bordo
Apêndice C - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Apêndice D - Roteiro Semi Estruturado
Apêndice E - Outras Categorias resultantes das Entrevistas
Apêndice F - Atividades Complementares (Exemplos)
Apêndice G - Banner Animais CPA
Apêndice H - Banner Sustentabilidade CPA
xi
LISTA DE ANEXOS – VOLUME II
Anexo A - Parecer Consubstanciado do CEP – Comitê de Ética
Anexo B - Plano de Ensino da Disciplina de Introdução à Permacultura na UFSC
Anexo C - Manifesto da Academia
Anexo D - Perfil do Curso, Campo de Atuação Profissional e Vocação (Alterado)
xii
LISTA DE ABREVIATURAS
CPA – Comissão de Permacultura e Agroecologia
CTTMar – Centro Tecnológico da Terra e do Mar
EA – Educação Ambiental
ENEEA – Executiva Nacional de Engenharia Ambiental
IES – Instituição de Ensino Superior
IPEC – Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado
IPEMA – Instituto de Permacultura da Mata Atlântica
IPEP – Instituto de Permacultura
IPOEMA – Instituto de Permacultura Organização, Ecovilas e Meio Ambiente
LEA – Laboratório de Educação Ambiental
LGVR – Laboratório de Gestão e Valoração de Resíduos
MMA – Ministério do Meio Ambiente
OCA – Laboratório de Educação e Política Ambiental
PDC – Permaculture Design Course – Curso de Design em Permacultura
PDI – Plano de Desenvolvimento Institucional
PPC – Projeto Pedagógico do Curso
PPI – Projeto Pedagógico Institucional
PP – Projeto Pedagógico
UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí - SC
1
1 INTRODUÇÃO
“Certamente a mente, mente,
tanto mente que não sente,
a semente que plantou”
Confraria da Costa
Ao perceber as conexões que o Universo nos propõe, busca-se na essência dos elementos;
a compreensão de como esta grande rede interage visando alcançar esta sensibilidade,
alterar o estado de consciência para fazer parte deste equilíbrio energético. Um emaranhado
de fios dessa rede é a problemática socioambiental – uma das grandes preocupações
planetárias. Acredita-se que o caminho para alterar esse quadro, seja o repensar dos
hábitos e prioridades incorporadas por diversas sociedades humanas ao longo da nossa
historia. Isso porque é preciso assumir uma nova postura frente às questões
socioambientais para harmonizar as inter-relações na perspectiva da sustentabilidade que
incluem a dimensão da ética, social, ambiental, cultural, espacial, legal, espiritual e
econômico.
Atualmente
interagimos
em
diferentes
níveis
com
determinados
produtos
sem
necessariamente refletir a origem e a composição destes elementos. Como escreve o
alemão Wolfgang Sachs “a era da esperança em um desenvolvimento infinito já passou,
cedendo espaço à era na qual a finitude do desenvolvimento se torna uma verdade aceita”
(SACHS, 1997). Através desta reflexão busca-se um novo olhar prático sobre este
envolvimento sustentável onde não só através de uma reengenharia que permita uma
eficiência energética “ecológica”, mas também à felicidade das pessoas que nela se
encontram (LOBOS, 1994).
A consciência que o homem vem adquirindo de suas reais necessidades e das suas
possibilidades é um dos elementos novos neste processo de mudança como afirma Miguel
Arraes numa frase lembrada por João Francisco de Souza em seu livro Pedagogia da
Revolução: Subsídios. Com estes processos de reflexão superar a dicotomia de formação
intelectual e técnica para uma revolução interior na forma de interagir com a vida social e
das diversas redes existentes. A ênfase desta revolução é produzir um conhecimento
unificado na cultura popular através da organização e construção da hegemonia proletária
(SOUZA, 2004).
A aprendizagem transformadora no contexto socioambiental nos remete a uma revisão de
princípios e valores que podem assegurar um futuro digno e sustentável como afirma a
Carta da Terra. Neste contexto atual da humanidade a Teoria de “GAIA” de Loverlock (2002)
2
sendo a terra como um organismo vivo ou a mãe Terra, Pachamama dos quéchuas e
aymarás, Tekohá dos Guaranies deve estar intrínsecas nas atitudes do cotidiano (VIEZZER,
2005).
Neste contexto a Educação Ambiental (EA) torna-se cada vez mais emergente no exercício
desse importante papel, visto a necessidade emergente de mudanças comportamentais
significativas e a construção de uma nova identidade ecológica em prol do meio ambiente e
da vida no planeta (BERNARDELLI, 2008).
Na Conferência de Tbilisi (1977), a EA deve ser um:
“processo de reconhecimento de valores e clarificação de conceitos,
objetivando o desenvolvimento das habilidades e modificando as atitudes
em relação ao meio, para entender e apreciar inter-relações entre os seres
humanos, suas culturas e seus meios biofísicos”.
Tais pressupostos incluem a complexidade, a diversidade, a inclusão, a não predação e a
sustentabilidade. Portanto, aceitar a condição de ser/estar num mundo complexo implica
educar o olhar para que se possam ultrapassar os condicionantes econômicos e sociais que
impedem a aceitação das diferenças inerentes à condição da multiplicidade de formas e
vidas que habitam o planeta. Pensamento este, contemplado no Programa Município
Educador Sustentável (MMA, 2005c) do Ministério do Meio Ambiente, que cita os espaços
educadores
como
aqueles
capazes
de
demonstrar
alternativas
viáveis
para
a
sustentabilidade, estimulando as pessoas a desejarem realizar ações conjuntas em prol da
coletividade e reconhecerem a necessidade de se educarem neste sentido.
Na esperança de que os espaços e/ou estruturas, com as quais coexistimos e interagimos
cotidianamente, sejam dotados de características educadoras e emancipatórias, que
contenham em si o potencial de provocar descobertas e reflexões, individuais e coletivas
simultaneamente, comparando a uma obra de arte e sua transformação de horizontes
(MATAREZI, 2005).
As categorizações da EA têm sido agrupadas de diversas maneiras, tanto política, popular,
crítica,
comunitária,
formal,
não-formal,
para
o
desenvolvimento
sustentável,
conservacionista, socioambiental, ao ar livre, para solução de problemas entre tantas outras
(CARVALHO, 2004a).
Quanto aos Centros de Educação Ambiental (CEA´s) estes englobam todas aquelas
iniciativas que, contando com instalações próprias ou cedidas e equipes pedagógicas
especializadas, desenvolvem programas específicos de educação ambiental relacionados
com o entorno onde se localizam (DEBONI, 2004 apud ANDALUZA, 2003).
3
Considera-se que a EA para a sustentabilidade global caracteriza-se por um processo de
ensino-aprendizagem permanente, centrado no respeito a todas as formas de vida,
reafirmando valores, atitudes e ações que contribuam para a transformação humana e social
e para a preservação e conservação ecológica. Tal processo acontece em diversos níveis,
inclusive na educação acadêmica.
No contexto da academia (héka = distante + demos = povo) encontramos cursos voltados
especificamente para a pesquisa e compartilhamento de conhecimento sobre o meio
ambiente, dentre eles o estudado nesta monografia: engenharia ambiental. O Projeto
Pedagógico deste curso visa formar profissionais com capacitação técnico-científica para
atuar de modo ético, criativo e integrador, na prevenção e resolução de problemas
ambientais, buscando a manutenção e/ou melhoria da qualidade socioambiental (UNIVALI,
2012).
A questão da transdisciplinaridade na prática de pesquisa supõe a capacidade de ir além,
transcender as disciplinas. Esse voo remonta aos sábios da Biblioteca de Alexandria,
quando propugnavam que a formação ideal do ser humano teria que juntar a Matemática (as
ciências exatas), a Filosofia (que então ocupava o papel do conhecimento do homem e da
sociedade) e as Artes. Era a ideia do múltiplo e do uno, ou do múltiplo no uno, tantas vezes
tentada seja na concepção das universidades, seja por investigadores individuais, seja em
grupos de pesquisa (ALEKSANDROWICZ, 2000).
A perspectiva transdisciplinar também tem sido adotada por instituições educadoras não
formais, tanto em comunidades urbanas e rurais, por meio de Organizações Não
Governamentais (ONGs) entre outras derivações, como em ecovilas e estações
permaculturais. A escolhida da presente pesquisa é a Permacultura - uma área do
conhecimento que busca resgatar e sistematizar as tecnologias sustentáveis desenvolvidas
em diferentes culturas ao longo dos tempos, envolvendo a produção de alimentos,
bioconstruções, saneamento ambientais, bem estar físico/espiritual e outras temáticas, é
uma grande referência para a busca de tecnologias que sejam aplicáveis aos diferentes
contextos sendo uma alternativa interessante para o planejamento das intervenções
relacionadas à implantação de tecnologias sociais (PEAMSS, 2009).
A Permacultura ou cultura permanente, para Mollison (1990),
“é o design consciente de ecossistemas de produção agrícola e de
conservação energética, estabelecidos com resistência, estabilidade,
dinâmica e diversidade de sistemas naturais, como florestas ou pastagens.
Tais sistemas provêm para necessidade própria, não poluem ou exploram e
desta forma são sustentáveis.”
4
Através de uma reflexão e sentimento de uma visão ecossistêmica e interdisciplinar, tanto
do conhecimento cientifico, como da vida profissional e vital. A mundialização não só se
reflete nos valores econômicos, a mal entendida globalização, mas também em novos
valores sociais, humanos, educativos, transpessoais e transcendentes que afloram nos mais
distintos segmentos planetários. Uma ciência sem valores é um conhecimento cego, que
caminha sem direção. Somos cidadãos planetários. Mas esta nova cidadania não nos é
dada; é preciso construí-la entre todos (TORRE, 2008).
Para fazer uma “sociedade” melhor é preciso preparar os homens que vão fundá-la, para
torná-la eficaz, é preciso que a utopia ou o projeto integre uma formação permanente,
aberta, completa. De todos os pedagogos, os libertários, costumam serem os mais
consequentes, pois há a necessidade de adaptar os meios ao fim, assim, ao utilizar-se
meios libertários busca-se a utopedagogia (ANTONY, 2011).
Entretanto será que este processo de percepção e formação dos acadêmicos estão tendo
esta oportunidade de se (re)conhecerem dentro da instituição como parte de um todo? Seus
valores estão alinhados com a sua prática? Porque a formação em Permacultura é
impactante? Qual é o diálogo possível e necessário entre as formações em Permacultura e
em Engenharia Ambiental?
1.1 JUSTIFICATIVA
A necessidade da “reforma do pensamento” como possibilidade de mudança de paradigma
que viabilize outra forma de relacionamento do ser humano com o planeta gerou a
inquietação que norteou este trabalho de pesquisa: Analisar estruturas educadoras voltadas
para transformação profissional do Engenheiro Ambiental e promoção de práticas
sustentáveis.
Na trajetória acadêmica, tive a oportunidade de vivenciar o primeiro módulo do curso
introdução à permacultura organizado pela Comissão de Permacultura e Agroecologia
(CPA) em 2008. Esta (re)descoberta transformou os olhares e conduziu para esta pesquisa,
pois a caminhada possibilitou a percepção de lacunas teórico-práticas no Projeto
Pedagógico (PP) do Curso de Engenharia Ambiental quanto ao caráter formativo do perfil
profissional, para que o egresso atue no mercado de trabalho solucionando as causas dos
problemas e não maquiando-as, agindo apenas na consequência dos mesmos.
A ética com o planeta e com as pessoas é algo que está fragmentado. Desta, Freire (1996)
discorre bastante sobre a importância durante todo o processo de educação. A diferença
entre sermos seres condicionados e não determinados a fazer algo. Nesta busca por uma
5
consciência crítica, perceber que nossos atos são políticos, desde consumir, comprar e
trabalhar. Notam-se também as diferenças de formar e treinar as pessoas.
Fato este que Sachs1 (2008) fala sobre as soluções das essências das metas do milênio,
que incluem a conversão de todo o sistema global de energia para uma energia renovável,
custaria menos de 1% da renda mundial anual. A adoção de uma política populacional
corajosa, para reduzir o crescimento demográfico, custaria menos de um décimo de 1% da
renda anual dos países ricos. O fim da miséria também demandaria menos de 1% desta
mesma renda dos países ricos. Cita que não é pela ausência de soluções e sim pela falta de
cooperação global.
De um modo em geral os PPs dos cursos da área ambiental não contemplam temas
importantíssimos de caráter formativo (formação geral) para que o profissional que atuará no
mercado de trabalho possa solucionar as causas dos problemas socioambientais e não
maquiá-las agindo apenas na consequência dos mesmos. Com a emergência das questões
socioambientais, têm surgido novos cursos de graduação para atender a este mercado de
trabalho em expansão. Ao mesmo tempo pouco se têm de estudos sobre os currículos dos
mesmos e sua adequação as reais demandas na área socioambiental.
Para Goergen (2010, p.31), a universidade precisa ensinar aos seus jovens alunos que é
impossível a exploração infinita num mundo de recursos finitos. Os futuros cidadãos
precisam ser os protagonistas de um grande tratado de paz, com o planeta. E, a principal
transformação para que essa paz seja possível é a mudança de atitude.
“Uma atitude que nasce do indivíduo e que se amplia para uma verdadeira
cultura crítica. Não é preciso dizer que a educação tem um papel
fundamental na geração dessa nova mentalidade. Do ponto de vista da
instituição de educação superior, a sustentabilidade deve orientar-se numa
dupla dimensão de totalidade. Primeiro, a totalidade da própria universidade
cujas atividades de investigação, docência, prestação de serviços e
atividades culturais devem formar um conjunto orgânico e integrado e,
segundo, a totalidade do desenvolvimento econômico, social, ético,
ecológico e cultural [...] abrindo espaço para uma nova concepção de
educação superior que supera os limites do ensino e incorpora a dimensão
da formação” (BERGHAM BOOKS/UNESCO PUBLISHING, 2008 apud
GOERGEN, 2010, p. 31).
O campo de estudo criado há mais de 30 anos por Bill Mollison e David Holmgren inova de
forma radical com as perspectivas de formação e aprendizagem, inicialmente fora das
1
Este livro aborda medidas teórico-práticas para neutralizar e co-construir uma visão ampla sobre a
economia. SACHS, J. A riqueza de todos – a construção de uma economia sustentável em um
planeta superpovoado, poluído e pobre. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, v. Tradução de Sergio
Lamarão, 2008.
6
universidades. Recentemente temos visto uma maior abertura do meio acadêmico e das
universidades na apropriação dos princípios e éticas permaculturais. Na maioria das vezes
ocorrendo de forma periférica aos currículos formais e/ou nos espaços alternativos e de
extensão universitária.
Exemplo deste processo é a existência em Itajaí (SC) da Comissão de Permacultura e
Agroecologia, que desde 2007 atua com cursos e formações. Também iniciou um ciclo de
Feiras Orgânicas em Itajaí, que atualmente ampliou-se para outras cidades, na época era
um grupo dentro da ONG – Organização Não Governamental – Voluntários pela Verdade
Ambiental (V-Ambiental) de Itajaí (SC). Este coletivo foi reativado após o “Curso de
Permacultura: Por uma Vida Sustentável”, uma introdução sobre a permacultura, realizado
nos dias quatro e cinco de julho de dois mil e onze, no Laboratório de Gestão e Valoração
de Resíduos - LGVR junto aos parceiros da Sala Verde e do Laboratório de Educação
Ambiental – LEA, dentre outros parceiros locais.
1.2 OBJETIVOS
1.2.1
Geral
Identificar possíveis diálogos entre o currículo de formação do Engenheir@ Ambiental da
UNIVALI e a formação no Curso de Design em Permacultura (PDC).
1.2.2
Específicos
a) Conhecer o Projeto Político Pedagógico do Curso de Engenharia Ambiental, do
CTTMar da UNIVALI, Itajaí – SC;
b) Apresentar o Perfil do Curso, o Campo de Atuação Profissional e a Vocação dos
Cursos de Ciências Biológicas, Engenharia Civil e Oceanografia, do CTTMar da
UNIVALI, Itajaí – SC;
c) Compreender a matriz curricular do curso de Engenharia Ambiental da UNIVALI, Itajaí
– SC;
d) Identificar as principais lacunas no processo de formação acadêmica frente à
ecoformação e permacultura;
e) Apontar caminhos que viabilizem diálogos entre a permacultura no currículo
acadêmico dos cursos de Ciências Biológicas, Engenharia Ambiental, Engenharia
Civil e Oceanografia, do CTTMar da UNIVALI, Itajaí – SC na perspectiva da
ecoformação;
f)
Disseminar novas atitudes e práticas cotidianas (pessoais e coletivas) por meio da
apropriação de conhecimentos sobre a permacultura.
7
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 PERCEPÇÃO AMBIENTAL
“Nunca estivemos desconectados,
mas sim, distraídos."
Fabio Ibrahim El Khoury
Nossas ideias ou conceitos organizam o mundo, tornando-o inteligível e familiar. São como
lentes que nos fazem ver isso e não aquilo e nos guiam em meio à enorme complexidade e
imprevisibilidade da vida. Acontece que, quando usamos óculos por muito tempo, a lente
acaba fazendo parte de nossa visão a ponto de esquecermos que ela continua lá, entre nós
e o que vemos, entre os olhos e a paisagem. Nossos conceitos são assim, como lentes em
nossa visão da realidade (CARVALHO, 2004b).
O estudo dos processos mentais relativos à percepção ambiental é fundamental para
compreender esta relação do homem com o meio ambiente. Diversas ações e intervenções
humanas são provocadas sem a real percepção de impacto e muitas vezes geram-se
consequências que ignorávamos por completo, as quais afetam a qualidade de vida de
várias gerações (Del RIO et al, 1996).
A percepção ambiental pode ser definida como uma tomada de consciência do ambiente
pelo homem, o ato de observar-se e sentir-se inserido no meio. Cada indivíduo percebe,
reage e responde diferentemente às ações sobre o ambiente em que vive. As respostas ou
manifestações daí decorrentes são resultado das percepções (individuais e coletivas), dos
processos cognitivos, julgamentos e expectativas de cada pessoa (FAGGIONATO) 2.
Biossimiótica é a ideia baseada que a vida é semiótica, em sinais e códigos. Esta foi
fortemente sugerida pela descoberta do código genético, mas tão longe fez pequeno
impacto no mundo científico e foi em grande parte considerado uma filosofia em lugar de
uma ciência. A razão principal para isto é que a biologia moderna assume que os sinais e
significados não existem ao nível molecular e que o código genético não foi seguido por
qualquer outro código orgânico durante quase quatro bilhões de anos, insinuam que era
uma exceção totalmente isolada na história de vida. Este termo pode ser compreendido
como estudos dos sinais em sistemas vivos (BARBIERI, 2008).
2
FAGGIONATO
SANDRA.
Percepção
Ambiental.
UFSCar.
Disponível
<http://www.cdcc.sc.usp.br/bio/mat_percepcaoamb.htm>. Acesso em: 08 nov. 2012.
em:
8
A falta de compromisso das pessoas com as questões ambientais pode ser de certa forma
devido à maneira como elas veem o meio ambiente e interagem com a mesma. Carvalho
(2004b), diz que essa visão “naturalizada” tende a ver a natureza como o mundo da ordem
biológica, essencialmente boa, pacificada, equilibrada, estável em suas interações
ecossistêmicas, o qual segue vivendo como autônomo e independente da interação com o
mundo cultural humano. Esta percepção distancia do verdadeiro equilíbrio energético da
natureza com os seus elementos bióticos e abióticos.
A visão socioambiental orienta-se por uma racionalidade complexa e pensa o meio ambiente
não como sinônimo de natureza intocada, mas como um campo de interações entre a
cultura, a sociedade e a base física e biológica dos processos vitais, no qual todos os
termos dessa relação se modificam dinâmica e mutuamente em algum nível (CARVALHO,
2004b).
2.2 PROJETO PEDAGÓGICO
“Acreditar não significa conhecimento,
o homem só sabe aquilo que experiencia”
Gnose
Compreender a educação como um sistema aberto, dinâmico e complexo, implica na
existência de processos transformadores que decorrem da experiência cotidiana, algo
inerente a cada ser humano e que depende da ação, da interação e da transação entre
sujeito que aprende e objeto a ser conhecido. Significa, também, que tudo está em
movimento, algo que não tem fim, ou ainda, início e fim não são predeterminados. Cada final
significa um novo começo, um recomeço, crescimento em espiral. Exige movimento
contínuo, requer diálogos, interações, nada é linear e está sempre em processo de vir a ser,
“do que ainda não é”. Neste contexto, o currículo é entendido como processo de diálogos
entre educadores, educandos e instâncias administrativas. É datado, situado num
determinado tempo e espaço, portanto, flexível, aberto ao imprevisto, ao inesperado, ao
criativo, ao novo. Um currículo como campo de discussão e de contradição só será possível
com a construção de uma política educacional que contemple as necessidades
emancipatórias traduzidas na conquista da cidadania, na construção de sujeitos históricos
(PEREIRA, 2004, p.106).
Nesse sentindo, um Projeto Pedagógico - PP consiste na elaboração de uma proposta
educacional para determinado espaço, grupo ou processo; desde seus referenciais
conceituais, filosóficos e políticos até a forma como será operacionalizado. Não somente
9
como um documento que reúne os elementos relativos ao processo educacional, mas
também como um processo de gestão contínua e democrática, que deve envolver todos os
indivíduos, grupos e instituições com os quais o determinado grupo dialoga e se relaciona
(CIDADANIA, 2008). É, portanto um documento identitário, no qual os sujeitos se veem e
atuam sobre as suas demandas e planos, que serão periodicamente revistos e
sistematicamente reconstruídos (MMA, 2005b).
De fato, a construção de um Projeto Político Pedagógico - PPP configura-se num processo
específico de cada instituição, idiossincrático. Embora encontremos caminhos comuns,
eixos conceituais e elementos orientadores que fornecem concepções comuns de um PPP,
o seu processo de construção é único e particular e não generalizável. Se este processo
construtivo é mutável, nota-se que a instituição segue a mesma tendência (DEBONI, 2004).
Articular, elaborar, construir projeto pedagógico próprio, implementá-lo e aperfeiçoá-lo
constantemente, envolvendo de forma criativa e prazerosa os vários segmentos
constitutivos da comunidade que está inserida, com suas respectivas competências, num
processo coletivo, é um grande desafio. E o é em razão da necessidade de se atualizar e
das expectativas pela melhoria da qualidade dos serviços educacionais e dos resultados
desses serviços (BUSSMANN, 1999).
No âmbito das políticas públicas, para o Ensino Superior algumas categorias têm sido
referências para a organização curricular. Entre elas podemos citar: a flexibilidade curricular
e pedagógica, o desenvolvimento de competências e habilidades e a autonomia,
apresentados em documentos tais como: LDB - Lei 9.394/96; ForGRAD (1999) PNG;
Proposta de Diretrizes para a formação inicial de professores da Educação Básica em
Cursos de Nível Superior.
Na Declaração Mundial sobre Educação Superior no Século XXI: Visão e Ação que
proclama as missões e funções da Educação Superior: Formando uma nova visão da
Educação Superior e da visão à ação - Conferência Mundial sobre Educação Superior
realizada em Paris na Sede da UNESCO em outubro de 1998, encontramos o seguinte
pronunciamento:
“[...] as missões e valores fundamentais da educação superior, em particular
a missão de contribuir para o desenvolvimento sustentável e o
melhoramento da sociedade como um todo deve ser preservado, reforçado
e expandido ainda mais, a fim de: educar e formar pessoas altamente
qualificadas [...]; educar para a cidadania e a participação plena na
sociedade [...]; promover, gerar e difundir conhecimentos por meio da
pesquisa, [...]. A inovação, a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade
devem ser fomentadas [...] Reafirma o direito de todas as pessoas à
10
educação e o direito de acesso à educação superior com base nos méritos
e capacidades individuais” (p. 20-31).
Segundo Pereira (2004), esse movimento é um “convite ao pensamento”, que nos leva a
compreender o paradoxal papel da universidade: ela tem ao mesmo tempo, um caráter
conservador, regenerador e gerador dos saberes, ideias e valores culturais. Sendo uma
síntese da cultura, a universidade concilia aparentes contradições desta, englobando
dialeticamente, os opostos em que se extrema o processo cultural. Tem de aliar o passado e
o presente, o particular e o geral, o especulativo e o prático, a rotina e a criação, o científico
e o senso comum, o individual e o coletivo. [...] É necessário que na universidade haja lugar
para todos e que neste espaço se trate de todos os problemas; que se aproximem diversos
conhecimentos e pessoas diferentes, para que se tornem semelhantes sem terem de
renunciar às suas especificidades e peculiaridades. Desta forma, ela é entendida como
espaço e tempo, tanto do saber quanto do ser humano, pois se os diversos conhecimentos
podem tornar diferentes os seres humanos, nada concorreria tanto para unir as pessoas
quanto a aproximação de suas culturas (op. cit., p.114).
Um PPP ou PP, aqui citado pela Universidade sem o político (P do meio), somente Projeto
Pedagógico, em linhas gerais, é constituído de três Eixos Centrais, o Conceitual, o
Situacional e o Operacional. O eixo Conceitual contém a idealização, o sonho de futuro, os
princípios e valores, a ética, a concepção de sociedade e do ser humano partilhada pelo
grupo.O eixo Situacional refere-se às características presentes do contexto, um diagnóstico
da realidade sócio-educacional local. Um diagnóstico que deve ser pensado nos aspectos
tanto no sentido "curativo", mas também no "preventivo". O eixo Operacional deve ser o
planejamento objetivo das estratégias e ações a serem desenvolvidas, decorre de uma
análise que contempla os outros dois eixos, mas melhor pautada se orientada através do
Conceitual (MMA, 2005b)
2.2.1
Apresentando o PP do curso de Engenharia Ambiental da UNIVALI
Segundo o PP do curso de Engenharia Ambiental da Univali (2012, p.7), busca-se manter
um relacionamento estreito com a sociedade e o mercado de trabalho na região. Esta
parceria tem ocorrido, no âmbito acadêmico, por meio das atividades de estágio nãoobrigatório, pesquisa, extensão e prestação de serviços, desenvolvidas por professores e
alunos do curso.
A matriz curricular (Ibidem, p.7), está estruturada de forma a atender os requisitos
necessários (disciplinas, ementas e carga horária) dos campos de atuação profissional.
Algumas estratégias são elaboradas pelos decentes, desde saídas de campo, pesquisas,
11
estudos de caso e/ou projetos com obtenção de dados reais, sendo assim articula-se com
os acadêmicos a oportunidade com o mercado formal. Outro contato importante e que já
virou tradição são os Trotes Ambientais, a Série Seminários em Engenharia Ambiental e o
UNIVALI Limpando o Mundo que, além de serem abertos ao público, contam com a parceria
de entidades, órgãos ambientais e ONGs da região, durante a sua organização e execução.
O panorama do Mercado de Trabalho para os engenheiros ambientais é muito amplo, um
mercado em crescimento. Segundo diversas matérias como a Folha de São Paulo, Jornal
Hoje da rede globo, revista VEJA, jornal o Estado de São Paulo e Diário Catarinense, Jornal
Nacional, entre outras reforçam a situação planetária e a grande importância da profissão
(UNIVALI, 2012, p. 9-10).
Uma pesquisa da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN)3 feita em 402
indústrias de todo o Brasil revela quais são as profissões do futuro. São nove áreas que
terão grande oferta de vagas até 2020. Todas têm relação com engenharia, automação e
conhecimentos de informática. Uma delas é o engenheiro ambiental e sanitário; Nome o
qual, está para ser alterado pelo CONFEA – Conselho Federal de Engenharia e Agronomia.
Vale ressaltar que esta alteração de nome não invalida a referente pesquisa.
O Plano de Desenvolvimento Institucional – PDI:É o documento que orienta e articula as
diversas ações da Univali. Segue a definição da missão da Instituição e das estratégias para
atingir seus objetivos, o PDI detalha metas, ações, metodologia de implementação dos
objetivos e cronogramas (2012 p.15).
O Projeto Pedagógico Institucional – PPI: Caracteriza-se como um plano de referência para
a ação educativa, que constitui a base organizadora do Projeto Pedagógico do Curso – PPC
de cada um dos cursos da Univali. O PPC é o instrumento de gestão acadêmicoadministrativa que evidencia o curso em movimento, cuja elaboração e execução resultam
da ação conjunta da coordenação, de professores e alunos em direção à concretização dos
objetivos do curso (Ibidem, p.15).
Planejamento
Estratégico:
De
acordo
com
o
projeto
político
(Ibidem,
p.16)
o
desenvolvimento deste planejamento da Instituição percorre-se diversas fases, entre as
quais se tem o resgate da sua história, definição do público alvo (pessoas e organizações),
negócio, missão, visão, princípios e fatores que servem de base para a construção de
competências necessárias. Como diagnóstico estratégico ocorre à identificação das
3
FIRJAN.Perspectivas Estruturais do Mercado de Trabalho na Industria Brasileira - 2020.
Disponivel em: <http://www.firjan.org.br/data/pages/402880811F3D2512011F7FE00DA433D9.htm>.
Acesso em: 10 Maio 2012.
12
características internas (forças e fraquezas) e os fatores externos (ameaças e
oportunidades) oriundas do macro ambiente, que poderão impactar no seu desempenho.
Para completar, se procura conhecer as tendências em curso e que poderão afetar a
educação, permitindo, então, uma análise prospectiva. Agora, com profundo conhecimento
da realidade que afeta a Instituição, estabelecem-se perspectivas, objetivos, metas,
indicadores e ações que resultarão no Planejamento Estratégico Corporativo e dos seus
vários segmentos, compreendendo, portanto, mantenedora e mantida. Assim, diretrizes são
estabelecidas, as quais norteiam a formulação do PDI, PPI e PPC, que precisam estar
rigorosamente alinhados entre si e também com o Planejamento Estratégico.
• Atribuições do Engenheiro Ambiental4
São estabelecidas pelo CONFEA – Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e
Agronomia. De acordo com a Resolução N. 447, de 22 de setembro de 2.000, que “Dispõe
sobre o registro profissional do Engenheiro Ambiental e discrimina suas atividades
profissionais”, compete ao Engenheiro Ambiental o desempenho das atividades 1 a 14 e 18
do art. 1º da Resolução nº 218, de 29 de junho de 1973, referentes à administração, gestão
e ordenamento ambientais e ao monitoramento e mitigação de impactos ambientais, seus
serviços afins e correlatos. Neste sentido, são atribuições do Engenheiro Ambiental:
1. Supervisão, coordenação e orientação técnica;
2. Estudo, planejamento, projeto e especificação;
3. Estudo de viabilidade técnico-econômica;
4. Assistência, assessoria e consultoria;
5. Direção de obra e serviço técnico;
6. Vistoria, perícia, avaliação, arbitramento, laudo e parecer técnico;
7. Desempenho de cargo e função técnica;
8. Ensino, pesquisa, análise, experimentação, ensaio e divulgação técnica;
extensão;
9. Elaboração de orçamento;
10. Padronização, mensuração e controle de qualidade;
11. Execução de obra e serviço técnico;
12. Fiscalização de obra e serviço técnico;
13. Produção técnica e especializada;
14. Condução de trabalho técnico;
4
Atualmente o que deve valer é a Resolução 1010 – que regulamenta a atribuição de títulos
profissionais, atividades, competências e caracterização do âmbito de atuação dos profissionais
inseridos no Sistema Confea/Crea, para efeito de fiscalização do exercício profissional. Disponivel
em: http://www2.ifal.edu.br/sites/default/files/Resolu%C3%A7%C3%A3o%201010_1.pdf
13
18. Execução de desenho técnico.
• Objetivo do Curso
Formar profissionais com capacitação técnico-científica para atuar em nível local, regional e
nacional, de modo ético, criativo e integrador, na prevenção e resolução de problemas
ambientais, buscando a manutenção e/ou melhoria da qualidade socioambiental (UNIVALI,
2012, p.15).
• Perfil do Egresso e Competências a serem desenvolvidas durante a formação
O perfil do acadêmico de Engenheiro Ambiental formado na Univali deverá ser “direcionado
à prevenção e/ou resolução de problemas ambientais que afetam a qualidade ambiental e
de vida da sociedade, com habilidades e capacitação técnico-científica para atuar numa
visão transdisciplinar, de modo ético, crítico e criativo, na gestão ambiental de empresas,
indústrias e instituições públicas e privadas” (Ibidem, p.19).
As competências delineadas no PP do referido curso (Ibidem, p.19), apontam que o
engenheiro ambiental deve ser capaz de:
•
Coletar, processar e analisar dados ambientais;
•
Trabalhar em equipe multidisciplinar, transitando com facilidade entre as diversas
áreas envolvidas;
•
Apresentar atitude empreendedora e de liderança;
•
Elaborar e administrar planos de gestão, considerando as variáveis técnicocientíficas, sociais, econômicas e legais;
•
Demonstrar capacidade de síntese na elaboração de relatórios e pareceres;
•
Analisar criticamente projetos frente a potenciais impactos ambientais, reconhecendo
suas implicações sociais e econômicas;
•
Conhecer, aplicar e desenvolver recursos tecnológicos para prevenção e resolução
de problemas ambientais.
• Estrutura Curricular
A estrutura curricular do curso de Engenharia Ambiental está focada na Gestão Ambiental,
com vistas a atender o perfil profissiográfico. Para tanto, três grandes eixos compõem o
currículo do curso, conforme pode ser visualizado na “figura 1” abaixo:
14
Figura 1 - Inter-relação dos eixos temáticos do curso de Engenharia Ambiental
Fonte: Coordenação do Curso, 2012
Planejamento Ambiental (PA), Qualidade e Tecnologia Ambiental (QTA) e Tecnologia da
Informação (TI), cujos objetivos são assim descritos:
•
Planejamento Ambiental: construir planos orientados à manutenção da qualidade
ambiental e de vida da sociedade de modo a orientar o desenvolvimento em nível
regional e local;
•
Qualidade e Tecnologia Ambiental: aplicar recursos tecnológicos para avaliar, manter
e/ou melhorar a qualidade ambiental dando suporte aos procedimentos de Gestão
Ambiental;
•
Tecnologia da Informação: aplicar os recursos da Tecnologia da Informação para dar
suporte à Gestão Ambiental através da organização e processamento de dados e
informações, monitoramento, modelagem e previsão de fenômenos.
• Metodologia
O PPI leva em conta a “[...] realidade histórico-social, a formação de valores que dignificam
o homem e a apropriação de princípios científicos de produção do conhecimento e sua
consequente extensão à sociedade” (UNIVALI, 2012, p.50).
Sendo assim, o processo educacional na Univali:
“Sustenta-se em uma ação pedagógica dinâmica que pressupõe uma
postura investigativa do professor e do aluno frente ao conhecimento e ao
domínio dos modos de sua produção. Trata-se da proposição de um ensino
que conduza o aprender a pensar, a integrar e relacionar conceitos, a
produzi-los e avaliá-los com rigor, precisão, correção, clareza, e que
permitam a elaboração do pensamento de forma mais refinada do que o
senso-comum. “Esse processo se implementa com base na missão de
educar, formar e realizar pesquisas sob a égide da ética, da cidadania e da
responsabilidade social” (UNIVALI, 2005, p. 15).
15
Chama a atenção o posicionamento do colegiado de curso explicitado no PP que transcrevo
a seguir:
“[...] o curso de Engenharia Ambiental da Univali busca a superação da
excessiva racionalidade técnica tradicionalmente presente nos cursos de
formação superior que, fundamentados numa lógica de distribuição e
fragmentação dos conteúdos, conduzem à desarticulação entre a teoria e a
prática, bem como ao distanciamento entre os domínios genérico e
específico das atividades profissionais. São conhecidos os inúmeros
prejuízos que a compartimentação dos saberes e a incapacidade de
articulá-los uns aos outros causam à formação do profissional,
especialmente no contexto histórico-social contemporâneo, cujos desafios
da globalidade e da complexidade se apresentam com mais intensidade.
Diante disso, a concepção de educação, na atualidade, tem procurado
integrar conceitos, até então, dissonantes e utópicos. Pedagogos, filósofos
e diversos cientistas sociais estão procurando sistematizar e integrar as
mais diferentes concepções sobre educação. Hoje, estão sendo retomados
conceitos, que durante muitos anos foram proscritos como hereges ou
contrários às normas vigentes e ao status quo das sociedades
estabelecidas.” (UNIVALI, 2012, p. 50).
A certeza das incertezas do mundo contemporâneo está abrindo caminho para uma
concepção de educação mais ampla, reunindo o que ficou separado e disperso durante
séculos: o sujeito do objeto, a alma do corpo, e a existência da essência. Percebe-se que é
fundamental unir a sabedoria antiga sobre a noção de unicidade do ser, com as reflexões
ocidentais sobre a complexidade do ser. Compreender o todo a partir das partes, eis aí o
paradigma da educação: pensar a complexidade atual e para o futuro.
O grupo de professores que elaborou o PP ancora-se no pensamento de Morin (2000), que
resgata as aspirações educacionais consideradas idealistas, ao acrescentar a sua
cosmovisão à educação do futuro, que precisa introduzir e desenvolver o estudo das
características cerebrais, mentais, culturais, dos conhecimentos humanos, de seus
processos e modalidades [...] prioriza os métodos que permitam estabelecer as relações
mútuas e as influências recíprocas entre as partes e o todo em um mundo complexo. [...]
Não se pode esquecer que o ser humano é a um só tempo físico, biológico, psíquico, cultural,
social, histórico, e possui um destino em comum para enfrentar as incertezas da nossa época,
com uma vocação para a paz e para compreensão mútua entre os seres humanos (UNIVALI,
2012, p. 51).
Nesse sentido, a LDB, nº. 9.394/96, que trata da educação superior, no artigo 43, alínea I e
II reitera que:
“A educação superior tem por finalidade: I - estimular a criação cultural e o
desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo; II - formar
diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção
em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da
sociedade brasileira e colaborar na sua formação contínua”.
16
Esta lei deixa claro que entre todas as aspirações dos cursos superiores, aquelas dedicadas
à formação do acadêmico como ser humano integral, reflexivo, solidário e dotado de espírito
científico e inovador deverão ser priorizados pelos cursos de graduação (UNIVALI, 2012,
p.51).
A construção do projeto pedagógico de cada curso deve privilegiar, em primeiro lugar, o
processo coletivo de reflexão que a instituição deseja oferecer aos seus estudantes sobre
qual é o tipo de educação superior. Segundo esta premissa, e tendo por base as Diretrizes
Curriculares cunhadas pelo MEC para os cursos de graduação, o curso de Engenharia
Ambiental da Univali, vem trabalhando no sentido de buscar integrar os fundamentos
filosóficos e políticos da instituição às exigências da LDB, descritas no parágrafo anterior
(op. cit. 2012, p.51).
• Diretrizes Curriculares
De acordo com o explicitado no PP, os cursos de graduação, em qualquer área do
conhecimento, devem atender a três objetivos fundamentais: a) flexibilizar a estruturação
dos cursos, não mais submetidos à exigência de um currículo mínimo obrigatório, buscando
a diversificação de experiências de formação para atender a variedades de circunstâncias
geográficas, político-sociais e acadêmicas, para ajustar-se ao dinamismo da área e para
viabilizar o surgimento de propostas pedagógicas inovadoras e eficientes; b) recomendar
procedimentos e perspectivas essenciais, de modo a funcionar como um padrão de
referência para todas as instâncias que, buscando a qualidade, objetivem uma sintonia com
posições majoritariamente defendidas pelas instituições e entidades representativas da
área; c) estabelecer critérios mínimos de exigência, no que se refere a formulação e à
qualidade da formação, que possam funcionar como parâmetro básico de adequação e
pertinência para os cursos da área (op. cit., p.51):
“O atendimento a estes objetivos permite que o perfil do egresso na área da
Engenharia Ambiental transpareça as competências e as habilidades
adquiridas; demonstre a capacidade de adequação à complexidade do
mundo contemporâneo; propicie uma visão integradora e ao mesmo tempo,
especializada do seu campo de trabalho e favoreça a consciência crítica
quanto ao uso do instrumental teórico e prático do seu curso e inspire uma
atitude, ética, inovadora e solidária em todas as suas ações” (op. cit. 2012,
p.51).
Diante desta percepção de educação para o ensino superior, o ato pedagógico se
estabelece como uma condição teórico-didática pela qual se materializa o processo
educativo. Esta materialização abstrai de uma orientação teórico-metodológica capaz de
proporcionar a construção de conhecimentos por meio de múltiplas estratégias de ensino e
avaliação. Assim, a ação pedagógica que orienta os processos de ensino e de
17
aprendizagem se caracteriza como um processo dinâmico, dialógico, que tem como
premissa básica mediar a relação entre sujeito/objeto, conhecido/desconhecido, saberes
teóricos/práticos, professores/alunos, além de organizar e sistematizar os saberes
necessários à vida e a profissão:
“Pensar o caminho metodológico do curso é pensar: o processo de açãoreflexão-ação e a indissociabilidade do ensino/pesquisa e extensão num
movimento circular que transcende a linearidade do conteúdo/forma
desenvolvido. Assim, o desafio do curso no eixo da ação docente, do
ensinar para os processos que levem ao aprender e assumir a função de
fornecer aos acadêmicos referenciais teórico-metodológicos consistentes
que o capacitem a interagir ativamente com o conhecimento acumulado,
com o modo de construir conhecimento que é próprio da ciência e com as
formas diferenciadas de estabelecer interlocução com a sociedade, no
sentido de socializar o conhecimento produzido” (UNIVALI, 2012, p.52).
Isso significa que, na Educação formal e não formal, não basta integrar conhecimentos entre
as diferentes áreas; é preciso construir com base nesses conhecimentos, mas não somente
deles, pois uma visão sistêmica de mundo vai além da esfera do conhecimento - inclui
relações dos seres humanos entre si e destes com o mundo. Pressuposto que nos leva a
compreensão de que dialogar com outros saberes, com o saber do outro, implica no
reconhecimento do outro como legítimo outro. Implica ainda em reconhecer a riqueza das
relações entre o saber sábio e o saber vivido, em conexão entre o individual e o coletivo,
entre o ensinar e o aprender em comunhão com o cosmos.
A seguir, vamos apresentar o Perfil dos Cursos, os Campos de Atuação Profissional e a
Vocação dos Cursos de Ciências Biológicas, Engenharia Civil e Oceanografia do CTTMar
da UNIVALI, Itajaí (SC).
2.2.2
•
Apresentando o Curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da UNIVALI
Perfil do Curso
O Engenheiro Ambiental e Sanitarista formado na Univali terá um perfil direcionado à
prevenção, resolução e gestão de problemas ambientais e de ordem sanitária que afetam a
qualidade de vida da sociedade, para atuar numa visão transdisciplinar de modo ético,
crítico e inovador.
•
Campo de atuação do profissional
O Engenheiro Ambiental e Sanitarista atua na prevenção, resolução e gestão ambiental em
empresas e instituições de tecnologia, pesquisa científica e saneamento, públicas e
18
privadas, atuando também de forma autônoma, na elaboração projetos e prestação
consultoria.
2.2.3
Apresentando o Curso de Ciências Biológicas da UNIVALI
O Curso de Ciências Biológicas5 possui duas linhas temáticas, Biotecnologia e Biologia da
Conservação; sua titulação é em bacharelado, foi implantado no início de 1998 e possui
uma carga horária de 3600 horas com duração de 8 semestres divididos em vespertino e
noturno. Abaixo se apresenta o perfil do curso, seu campo de atuação e a vocação:
• Perfil do Curso
O curso de Ciências Biológicas forma profissionais capacitados para observar, questionar,
investigar e analisar problemas biológicos e ambientais e suas possíveis soluções de
maneira inter e multidisciplinar. Neste contexto, tanto a Biotecnologia como a Biologia da
Conservação, buscam meios de utilizar os recursos vivos de forma comprometida com o
desenvolvimento do meio ambiente e sua utilização sustentável.
• Campo de Atuação Profissional
Os biólogos, bacharéis em Ciências Biológicas, podem atuar em instituições, organizações,
indústrias e empresas que estejam ligadas aos diversos aspectos das ciências biológicas.
Podem atuar como pesquisadores em institutos de pesquisa privados e estatais, fundações
e indústrias. Além disso, podem atuar em planejamento e consultoria, tanto no setor
produtivo como em prestação de serviços, para entidades governamentais e nãogovernamentais.
• Vocação
O bacharel em Ciências Biológicas é um profissional com formação técnico-científica,
altamente qualificado, com conhecimentos amplos nas áreas de zoologia, botânica,
ecologia, e biologia celular e molecular. Está apto a desenvolver trabalhos de pesquisa em
diferentes áreas das Ciências Biológicas e de formular hipóteses, analisar dados
experimentais, sintetizar conhecimentos e divulgar resultados. O profissional também é
capaz de desenvolver e aprimorar produtos de origem biológica, assim como coordenar seu
aproveitamento de modo sustentável.
A formação do profissional compreende disciplinas de zoologia, botânica, ecologia e
biotecnologia, integrando os conteúdos das diversas áreas. Há ênfase na aplicação dos
5
UNIVALI. Curso de Ciências Biológicas. Disponível em: <http://univali.br/biologia>. Acesso em: 08
nov 2012c.
19
conhecimentos, com mais de 50% do curso sendo de aulas e atividades práticas, incluindo
laboratórios e saídas de campo.
2.2.4
Apresentando o Curso de Engenharia Civil da UNIVALI
O Curso de Engenharia Civil6 possui bacharel e titulação de Engenheiro Civil, foi implantado
em 1997 no segundo semestre e possui uma carga horária de 3915 horas com duração de
10 semestres divididos em vespertino/noturno. Abaixo se apresenta o perfil do curso, seu
campo de atuação, seu mercado de trabalho e a vocação:
• Perfil do Curso
Formar o profissional generalista com qualificação técnica, científica, humanística, ética e
cidadã, para atuar nas diversas subáreas da Engenharia Civil, envolvendo projeto e
execução de obras, consultoria e extensão, atividades de planejamento e administração de
empreendimentos do setor e avaliação de impactos ambientais, decorrentes de sua atuação
profissional, usando da informática e das novas tecnologias como instrumentais para o
exercício da engenharia.
• Campo de Atuação Profissional
O profissional de engenharia tem seu exercício profissional regulado pela Lei no 5.194/66.
Quanto às atividades que pode desempenhar para efeito de fiscalização do exercício
profissional, estão estabelecidas pelo Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e
Agronomia - CONFEA, pela Resolução no 218/1973-1, e são as apresentadas a seguir:
Atividade 01 - Gestão, supervisão, coordenação, orientação técnica;
Atividade 02 - Coleta de dados, estudo, planejamento, projeto, especificação;
Atividade 03 - Estudo de viabilidade técnico-econômica e ambiental;
Atividade 04 - Assistência, assessoria, consultoria;
Atividade 05 - Direção de obra ou serviço técnico;
Atividade 06 - Vistoria, perícia, avaliação, monitoramento, laudo, parecer técnico, auditoria,
arbitragem;
Atividade 07 - Desempenho de cargo ou função técnica;
Atividade 08 - Treinamento, ensino, pesquisa, desenvolvimento, análise, experimentação,
ensaio, divulgação técnica, extensão;
Atividade 09 - Elaboração de orçamento;
Atividade 10 - Padronização, mensuração, controle de qualidade;
Atividade 11 - Execução de obra ou serviço técnico;
Atividade 12 - Fiscalização de obra ou serviço técnico;
Atividade 13 - Produção técnica e especializada;
Atividade 14 - Condução de serviço técnico;
Atividade 15 - Condução de equipe de instalação, montagem, operação, reparo ou
manutenção;
6
UNIVALI. Curso de Engenharia Civil. Disponível em: <http://univali.br/civil>. Acesso em: 08 nov
2012b.
20
Atividade 16 - Execução de instalação, montagem, operação, reparo ou manutenção;
Atividade 17 – Operação, manutenção de equipamento ou instalação; e
Atividade 18 - Execução de desenho técnico.
Tais atividades, conforme estabelecido na Resolução no 1.010/2005, são aplicadas aos
diversos campos de atuação profissional da modalidade de Engenharia Civil, conforme
descritos a seguir:
(i) Construção Civil;
(ii) Sistemas Estruturais;
(iii) Transporte;
(iv) Geotécnica;
(v) Hidrotecnia;
(vi) Saneamento
Assim, O Engenheiro Civil atua nessas áreas, em empresas públicas, mistas e privadas,
exercendo suas funções em cargos técnicos, administrativos e gerenciais. Essas funções
exigem do Engenheiro Civil capacidade de propor soluções a problemas teóricos e práticos,
aplicando as teorias e os conceitos aprendidos em situações do dia-a-dia, bem como a
capacidade de liderança para a coordenação de equipes e projetos.
• O curso e o mercado de trabalho
A inserção do egresso no mercado de trabalho tem sido um diferencial do curso de
engenharia Civil da Univali. Pesquisa recente realizada com os egressos apontou que 100%
deles estão exercendo a profissão.
Para isso são realizadas, semestralmente semanas acadêmicas, visitas técnicas, palestras
de formação profissional, atendimento à comunidade, via escritório escola, por meio de
parcerias e convênios com a Associação regional de Engenheiros e Arquitetos – AREA
Itajaí, Mutua - Caixa de Assistência e CREA SC. Tudo isso para que o aluno esteja
atualizado com os rumos do mercado de trabalho e áreas de atuação do Engenheiro Civil.
Outro destaque é a atuação do aluno, desde cedo, em pesquisas e consultorias, via
escritório escola e entidades conveniadas à instituição. Já envolvido pelo curso e sempre
em parceria com um professor engenheiro, o aluno se vê atraído pela possibilidade de
atuação remunerada na pratica da engenharia civil, pesquisando e resolvendo problemas
reais, em tempo real, resultando na prestação de serviços à comunidade.
Existe ainda o estímulo à prática do estágio no período matutino, desde o início do curso, já
que não são realizadas aulas no período da manhã. Este é um fator que contribui para a
permanência do aluno na instituição e amplia as possibilidades para aqueles alunos que
pretendem ingressar no curso, mas precisam desenvolver alguma atividade remunerada
21
para que isso seja possível. Em 2010, 50% dos alunos do curso realizaram estágio
profissionalizante remunerado (obrigatório ou não). Após essa experiência, os alunos são
muito bem recebidos no mercado de trabalho.
• Vocação
O engenheiro civil é o profissional responsável pelos estudos, projetos e execução das mais
importantes obras de infraestrutura, das quais destacam-se a construção civil, rodovias,
portos, aeroportos, saneamento e barragens. No canteiro de obras, chefia as equipes,
supervisionando prazos, custos e padrões de segurança. Cabe a ele garantir a segurança
da edificação, calculando os efeitos dos eventos e das mudanças de temperatura na
resistência dos materiais. Disciplinas como cálculo, física, construção civil, projetos de
engenharia, pavimentação e topografia são o forte do currículo. Portanto, prepare-se para
exercitar suas habilidades em cálculos e desenho. No curso de Engenharia Civil você terá
muitas aulas práticas, visitas a obras, práticas de laboratórios, sem falar nas matérias das
áreas de administração e economia, que ensinam técnicas e métodos de gerenciamento de
projetos e equipes.
2.2.5
Apresentando o Curso de Oceanografia da UNIVALI
O Curso de Oceanografia7 possui sua titulação de oceanógrafo, foi implantado em 1992 no
segundo semestre e possui uma carga horária de 3925 horas com duração de 9 semestres
e somente matutino a partir de 2013. Abaixo se apresenta o perfil do curso, seu campo de
atuação e a vocação:
• Perfil do Curso
O curso de Oceanografia enfatiza a formação de um profissional crítico e criativo, capaz de
identificar e resolver problemas, de atuar de modo empreendedor e ético. A formação
técnico-científica está direcionada ao conhecimento e à previsão do comportamento dos
oceanos e ambientes transicionais sob todos os seus aspectos, com vistas a capacitar o
profissional a atuar de forma transdisciplinar nas atividades de uso e exploração racional de
recursos marinhos e costeiros, renováveis e não renováveis.
• Campo de Atuação Profissional
O oceanógrafo está apto a atuar, em Universidades e centros de pesquisa, nas atividades
de ensino, pesquisa e/ou extensão. No setor público pode atuar em órgãos federais,
estaduais e municipais como secretarias de Meio-Ambiente, secretarias de Agricultura e
7
UNIVALI. Curso de Oceanografia. Disponível em: <http://univali.br/oceano>. Acesso em: 08 nov
2012a.
22
Pesca; secretarias de Obras e de Saneamento e em diversas divisões do Ministério da
Marinha. No setor privado, está apto a trabalhar em cooperativas de produtores, setores de
segurança e meio ambiente de indústrias químicas e gestão ambiental de portos, indústrias
do setor de controle de efluentes e da poluição ambiental, empresas de consultoria
ambiental, empresas de engenharia ligada à zona costeira, empresas de prospecção
sísmica, empresas de exploração, produção e distribuição mineral (de petróleo e gás e
derivados), empresas de extensão pesqueira e aquícola.
• Vocação
O oceanógrafo estuda, no meio marinho e costeiro, os organismos, seu ambiente e todos os
processos físicos, químicos e geológicos que interagem nele. Coleta e interpreta
informações sobre as condições físicas, químicas, biológicas, e geológicas dos ambientes
aquáticos. Analisa a composição da água de rios, lagunas e estuários e atua em projetos de
saneamento de áreas costeiras, monitorando e gerenciando obras e instalações para
garantir a preservação ambiental. Desenvolve técnicas de exploração dos recursos naturais
dos mares e avalia os efeitos da atividade humana sobre os ecossistemas marinhos e
costeiros, buscando preservá-los, a exemplo do controle ambiental em áreas de cultivo de
organismos aquáticos. O profissional atua em empresas, órgãos públicos e ONGs voltadas
para a exploração, preservação e/ou análise de impacto nos meios naturais. Prepare-se
para estudar matemática, física, química, biologia e geologia, além de disciplinas que
abordam o manejo de recursos vivos, poluição marinha, pesca e gerenciamento de sistemas
marinhos e costeiros.
A seguir, vamos ampliar nossos olhares sobre as estruturas educadoras e o vocabulário
intrínseco a esta temática.
2.3 ESPAÇOS
E
ESTRUTURAS EDUCADORAS:
CONCEITOS, SIGNIFICADOS E
COMPLEMENTARIDADES.
"Educação não transforma o mundo.
Educação muda pessoas.
Pessoas transformam o mundo"
Paulo Freire
Nesse item, serão abordados os principais conceitos e significados de alguns termos
frequentemente citados nas áreas de estudo e que merecem maior aprofundamento.
23
Começamos abordando os termos “estruturas” e “espaços educadores” que são recentes e
surgem para abarcar algumas das dimensões pertinentes à Educação Ambiental crítica,
popular, transformadora e emancipatória8. Podem ser definidas e descritas por diferentes
autores em seus contextos, como visto abaixo, mas é de extrema importância saber um
pouco sobre o Educador Ambiental:
2.3.1
Educador Ambiental
A noção do sujeito ecológico, segundo Carvalho (2004b):
“indica os efeitos do encontro social dos indivíduos e grupos com um mundo
que os desafia, inquieta-os e despoja-os de suas maneiras habituais de ver
e agir. Esse sujeito é o tipo ideal, portador do ideário ecológico, com suas
novas formas de ser e compreender o mundo e a experiência humana.
Sintetiza assim a s virtudes de uma existência ecologicamente orientada,
que busca responder aos dilemas sociais, éticos e estéticos configurados
pela crise socioambiental, apontando para a possibilidade de um mundo
socialmente justo e ambientalmente sustentável.”
“Apesar de a complexidade ambiental envolver múltiplas dimensões, verifica-se,
atualmente, que muitos modos de pensar e fazer Educação Ambiental enfatizam ou
absolutizam a dimensão ecológica da crise ambiental”, como se os problemas ambientais
fossem naturalizados, originados independentemente das práticas sociais, urbanas e
culturais (LAYRARGUES, 2006 apud MMA, 2008, p.81)
Destas práticas que evidenciamos a importância do educador, que traz consigo sua
“trajetória de vida”, suas credibilidades ao “compartilhar os sonhos”, bem como seu
“posicionamento ético, contestador, anunciador das verdades”, da boa nova. Sempre em
sintonia com a “humildade da busca”. Se posicionar numa relação de “construção com o
outro”. Fazer com “emoção”, com “intencionalidade”, através do caminho do amor, da
compaixão (MATAREZI, 2005a)
Segundo Matarezi (2005b, p.162-163) devemos democratizar a educação ambiental.
Expressar as utopias coletivas, politicamente, visando uma mudança de comportamento
para um mundo igualmente sustentável, em paz e solidariamente mais feliz. Sorrentino
(2005) afirma que todos somos educadores e educandos. Carvalho e Grun (2005, p.180)
que o “educador ambiental seria um intérprete dos nexos que produzem os diferentes
sentidos do ambiental em nossa sociedade”; um intérprete das interpretações (homemnatureza) socialmente construídas na contemporaneidade.
8
Uma referência a esta perspectiva segundo Matarezi (2005b) sobre a Educação Ambiental é o livro
“Identidades da Educação Ambiental Brasileira” editado pelo MMA/Brasília, 2004.
24
Leray e Pacheco (2005, p.136) dando voz ao pensamento freiriano no que se refere ao
processo educativo para a libertação – “Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta a si
mesmo: os homens se libertam em comunhão”. [...] “Ninguém educa ninguém – ninguém se
educa a si mesmo – os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”. Assim, o
educador ambiental se coloca numa atitude despojada, de aprendiz da democracia, de
caminhante, de artesão.
No sentido da construção coletiva, Santos (2007) nos traz a perspectiva das comunidades
interpretativas, que seriam baseadas num novo senso comum ético para a construção de
um novo paradigma: a solidariedade como forma de saber. Estas seriam a experimentação
de sociabilidades alternativas, onde há espaços para campos de argumentação em direção
à vontade emancipatória, funcionando como uma construção micro utópica de acrescentar
força no poder argumentativo dos grupos que pretendem realizá-lo.
A EA será apresentada como mediação importante na construção social de uma prática
político-pedagógica portadora de nova sensibilidade e postura ética, sintonizada com o
projeto de uma cidadania ampliada pela dimensão ambiental. (CARVALHO, 2004b)
2.3.2
Espaço Educador
Brandão (2005a) apud KUNIEDA (2010, p.20), define o espaço como um lugar de educação
que principia no aqui, unindo o lugar onde moramos ao lugar onde vivemos, sucessivamente
até abraçar o planeta como um todo. Estabelece inter-relações entre os seres viventes,
processos de exploração, conservação, valores culturais tradicionais, o urbano e rural,
participação
e
solidariedade
nos
lugares
onde
ensinamos
e
aprendemos
concomitantemente. Diz ainda:
“[...] estruturas criadas nos municípios, nas quais ou apartir das quais
acontecem ações ou projetos voltados para sustentabilidade que devem ter
por objetivo não só a transformação da qualidade de vida do município, mas
também a definição e implementação do seu papel educador" (BRANDÃO,
2005a, p.166).
Todos os espaços podem ser estruturas educadoras, pois trazem em si características para
o aprendizado, entretanto para ser considerado uma, devem possuir a intencionalidade de
propiciar
conscientização
aos
interlocutores,
assumir
os
espaços
com
objetivos
pedagógicos, esta intenção adquire a qualidade, a exemplo de uma “obra de arte” que
instiga, provoca reflexões, descobertas numa vivência dos sentidos, levando a possibilidade
de transformação (MATAREZI, 2005b, p.164). Como a trilha da vida9, metodologia esta que
9
TRILHA DA VIDA: (re)descobrindo a natureza com os sentidos. Revista de Educação Ambiental
da FURG. Ambiente & Educação, v. 5/6, p. 55-67, 2000/2001. Rio Grande, FURG.
25
apoiei na co-construção no VII FBEA - Fórum Brasileiro de Educação Ambiental em
Salvador-BA, onde e quando, pude perceber os “Espaços de Fluxos”, esta “sociedade em
rede” que o autor Castells (1999) escreve sobre a transformação sob o efeito combinado do
paradigma da tecnologia da informação e das formas e processos sociais induzidos pelo
atual processo de transformação histórica (VIEIRA, 2008, p. 22).
Programa de Formação em Educação Ambiental – ProFEA apresenta “estruturas
educadoras” como modelo de parcerias que vem a serem aquelas instituições possuidoras
de estruturas e projetos ambientais que os colocam a disposição para processos de
formação e intervenção socioambiental (DIRETORIA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL/MMA,
2005 apud KUNIEDA, 2010, p.21):
“Possibilitam a vivência cotidiana junto às estruturas que demonstrem ser
alternativas viáveis frente ao modelo hegemônico. Além de exemplares as
estruturas devem induzir ações e reflexões em prol da qualidade ambiental
e de vida comuns. São capazes de reunir pessoas que desejam realizações
conjuntas em prol da coletividade e que ao mesmo tempo, querem rever
valores, métodos e objetivos de ações, pois almejam a sustentabilidade e
reconhecem as necessidades e educarem nesta direção; aqueles que
educam pelo simples fato de possibilitarem a demonstração de que
alternativas ao modelo hegemônico são viáveis e podem propiciar a
sustentabilidade socioambiental e a felicidade em seu sentido mais amplo”
(DIRETORIA DE
EDUCAÇO
AMBIENTAL/MINISTÉRIODO MEIO
AMBIENTE, 2005).
Destes espaços, destaca-se a grande carência de Programas de Pós Graduação em
Educação Ambiental no Brasil, e paradoxalmente é na própria academia onde se encontra a
grande resistência a práticas educacionais inovadoras. Entretanto percebe-se que após
capacitações via Ministério da Educação em 1988, configurando-se num momento
importante para os Educadores Ambientais que atuam nas universidades, na definição de
formas de integração intra e interinstitucionais e de estratégias comuns para a inserção da
EA no ambiente universitário (MATAREZI et al., 2010, p. 107-109).
2.3.3
Cidades Educadoras
As cidades, grandes ou pequenas, dispõem de inúmeras possibilidades pedagógicas, de
conexões educadoras práticas. Possui em si mesma, elementos importantes para uma
formação integradora e permanente. Desde lixômetros e impostômetros que contabilizam a
quantidade de resíduos e impostos até a valorização do uso de bicicletas e segregação dos
resíduos.
A cidade educadora é uma cidade com uma personalidade própria, integrada no país onde
se situa. A sua identidade, portanto, é deste modo interdependente da do território de que
faz parte. É também uma cidade que não está fechada sobre si mesma, mas que mantém
26
relações com o que a rodeiam, com o objetivo de aprender, trocar experiências e, portanto,
enriquecer a vida dos seus habitantes. Pela primeira vez ocorreu o 1º Congresso
Internacional das Cidades Educadoras, que teve lugar em Barcelona em Novembro de
1990, reuniram na Carta inicial, os princípios essenciais ao impulso educador da cidade.
Esta Carta foi revista no II e III Congresso Internacional (Bolonha, 1994) e no de Génova
(2004), a fim de adaptar as suas abordagens aos novos desafios e necessidades sociais (III
CONGRESSO INTERNACIONAL DAS CIDADES EDUCADORAS, 2004)
A “Página da Educação”
10
afirma que a cidade educadora é um sistema complexo em
constante evolução e pode exprimir-se de diferentes formas, mas dará sempre prioridade
absoluta ao investimento cultural e à formação permanente da sua população. Ela será
quando reconhecer, exercer e desenvolver, para além das suas funções tradicionais
(econômica, social, política e de prestação de serviços), uma função educadora, isto é,
quando assuma uma intencionalidade e responsabilidade, cujo objetivo seja a formação,
promoção e desenvolvimento de todos os seus habitantes, a começar pelas crianças e pelos
jovens.
2.3.4
Sustentabilidade Educadora
Baseado no texto: “Em busca da sustentabilidade educadora ambientalista” (ALVES et al.
2010) do Laboratório de Educação e Política Ambiental (OCA) da ESALQ - USP integrou-se
em cinco principais nós (Comunidade, Identidade, Diálogo, Potência de ação e Felicidade)
que visa manter uma rede, um coletivo educador, uma ideia, sendo um convite à ação, ao
apoderar-se individual e coletivamente destas ferramentas conceituais para agir.
• Comunidade
O conceito de comunidade nasceu na Sociologia e a chave para sua compreensão vem da
oposição ao conceito de sociedade. De acordo com Alves et al. (2010, p.9), a comunidade
era o lugar das relações naturais, não-racionais, baseadas em sentimentos, como a
amizade ou a vizinhança. Já a sociedade era fruto de associações deliberadas para fins
racionais, baseadas em interesses, como os contratos econômicos ou os partidos políticos.
Almeida (2007 apud ALVES et al., 2010, p.10), fala sobre o que realmente interessa são as
autodenominações, como os indivíduos veem a si e ao próximo e constroem uma identidade
coletiva.
10
A PÁGINA DA EDUCAÇÃO. Cidade é sítio onde se aprende. Disponível
<http://www.apagina.pt/?aba=7&cat=94&doc=8162&mid=2>. Acesso em: 8 nov. 2012.
em:
27
• Identidade
Hoje, com a globalização e toda a massa representante da mídia, que induz e limita as
diferentes personalidades e impõe um sistema de crenças e valores específicos. Em função
desta “diversidade”, existe certa dificuldade em expressar e “identificar qual a identidade”, o
papel que representamos. “Principalmente devido às múltiplas influências que a sociedade
contemporânea está exposta” (ALVES et al., 2010, p. 15).
A questão da identidade cultural, citado por Freire (1996), das quais fazem parte a dimensão
individual e a de classe dos educandos, é dita fundamental na prática educativa
progressista. Tem que ver diretamente com a assunção11 de nós por nós mesmos. É isto
que geralmente não é incentivado pelos professores, perdendo-se e perdendo-o na estreita
e pragmática visão do processo.
É de consenso, segundo a metodologia de análise crítica de discurso que o sujeito interpreta
o mundo sobre o prisma da sua fala, moldada por ideologias e relações de poder, as quais
interferem nas identidades e relações sócias, principalmente nos sistemas de conhecimento
e crenças de uma determinada sociedade (VITORINO, 2008, p. 51).
• Diálogo
Freire (1996, p.50) diz que ensinar exige disponibilidade para o diálogo! Rompendo com a
“educação bancária” tão bem explicitada por Freire (Op. Cit.), a educação libertária traz
como primeiro princípio em seu documento de referência, no Tratado de Educação
Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global12, o seguinte termo: “A
educação é um direito de todos, somos todos aprendizes e educadores” (ALVES et al.,
2010, p. 19).
No blog13 o pensador selvagem, o “Dr. Marcos Bidart de Novaes” expressa à importância do
diálogo:
“A velha e boa dialética propunha que as coisas nascem, crescem e morrem
no embate de ideias que caminham em direções diferentes. Isto só ocorre
14
15
se partimos de uma ontologia realista e de uma epistemologia objetivista
11
Ato ou efeito de assumir. (Dicionário Aurélio versão 5.0, POSITIVO INFORMÁTICA LTDA.)
Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global.
Disponível em: <http://tratadodeea.blogspot.com.br/>. Acesso em: 08 Nov. 2012
13
NOVAES, M. B. D. Liberdade e Utopia. O pensador selvagem. Diálogos entre Paradigmas.
Disponível em: <http://opensadorselvagem.org/utopia/dialogos-entre-paradigmas/>. Acesso em: 14
Out. 2012.
14
Parte da filosofia que trata do ser enquanto ser, i. e., do ser concebido como tendo uma natureza
comum que é inerente a todos e a cada um dos seres. (Dicionário Aurélio versão 5.0, POSITIVO
INFORMÁTICA LTDA.)
12
28
para discutir as coisas e as pessoas do mundo. Se, no entanto, partirmos da
ideia de que realidades não existem e sim são construídas no nosso interior
e que as maneiras de compreender as realidades são nossas, próprias e
intransferíveis, precisamos dialogar. É do diálogo que surgem novas
realidades comuns. É da superação da antinomia concordo-discordo que
surgem ideias criativas e mobilizadoras” (NOVAES, 2012).
A ''Comunicação Não Violenta'' – CNV (ROSENBERG, 1960) é um processo de pesquisa
continua desenvolvido por Marshall Rosenberg16 e uma equipe internacional de colegas, que
apoia o estabelecimento de relações de parceria e cooperação, em que predomina
comunicação eficaz e com empatia. Ela é baseada em princípios de não violência, estado
natural de compaixão dos seres vivos. Enfatiza a importância de determinar ações a base
de valores comuns. Quando usada como guia na co-construção de acordos a CNV pode
tomar a forma de uma série de distinções, entre as quais:
•
distinção entre observações e juízos de valor
•
distinção entre sentimentos e opiniões
•
distinção entre necessidades (ou valores universais) e estratégias
•
distinção entre pedidos e exigências/ameaças
• Potência de ação
Para Espinosa (2007) apud Alves et al. (2010, p.25), a “participação é imanente/constituinte
e inseparável à condição humana”, por exemplo, participar dos lucros da empresa, das
decisões familiares, dos movimentos socioambientais, da política governamental, do centro
acadêmico, coletivo educador, entre outros.
Segundo Sawaia (2001, p.119):
“As formas de participação variam de intensidade, desde simples adesão
até a absorção do indivíduo; de espacialidade, participação ‘face a face’,
anônima, virtual, local, global; de motivo, por obrigação, por interesse, por
imposição, por afeto; de temporalidade, longa duração, imediata. [...] a
função social da participação: excludente (voltada ao ‘status quo’) ou
integrativa (visando a revolução)”.
Existem
duas
dimensões
da
potência
de
ação:
uma
individual
(que
visa
o
autoconhecimento, a percepção de si) e outra coletiva (assente na composição dos sujeitos,
que exige o conhecimento das regras que regem a sociedade política e aponta para a
necessidade de abertura para o aprendizado a partir do conhecimento e da prática do
15
Conjunto de conhecimentos que têm por objeto o conhecimento científico, visando a explicar os
seus condicionamentos (sejam eles técnicos, históricos, ou sociais, sejam lógicos, matemáticos, ou
linguísticos), sistematizar as suas relações, esclarecer os seus vínculos, e avaliar os seus resultados
e aplicações. (Dicionário Aurélio versão 5.0, POSITIVO INFORMÁTICA LTDA.)
16
WIKIPEDIA.
Marshall
Rosenberg.
Disponível
em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Marshall_Rosenberg> Acesso em: 08 nov. 2012.
29
outro). Mas, como afirma Sawaia (2001), “potência de ação é da ordem do encontro, pois
remete ao outro, incondicionalmente”.
Potência de ação é a capacidade de ser afetado pelo outro, num processo de possibilidades
infinitas de criação e de entrelaçamento nos bons e maus encontros. É quando me torno
causa de meus afetos e senhor de minha percepção (op. cit.). Participar, portanto, mobiliza
os sujeitos para, dentre outras coisas, o encontro consigo próprio e com o outro.
A ampliação da potência de agir reside na tomada de consciência da causa primeira de
nossos afetos ou sentimentos, pois para Espinosa (ALVES et al., 2010), sentir é uma
maneira de pensar, por mais confusa que possa ser. É através da reflexão/meditação a
respeito do que sentimos pelas coisas é que podemos formar delas ideias mais claras e
distintas.
• Felicidade
Apesar da temática da “felicidade” estar presente nas discussões e reflexões da
racionalidade ocidental desde a Grécia antiga, e principalmente por estar relacionada
diretamente com os anseios da psique, “até os dias atuais não foi construído um consenso
acadêmico sobre o seu significado” (ALVES et al., 2010, p. 29).
Segundo Giannetti (2002) apud Alves et al. (op.cit.), a ideia de felicidade engloba pelo
menos três condições relevantes:
•
ser consequência de um fato concreto que aumentou o nível de satisfação de uma
pessoa por um determinado tempo;
•
a satisfação ocorrente em um determinado espaço de tempo e sem a ocorrência de
fatos conscientes que levem alguém a isso;
•
e o resultado de uma avaliação global sobre as condições de vida de uma
determinada pessoa.
Dentre estas supracitadas, as duas primeiras condizem com o se sentir feliz, em um
determinado tempo/espaço, já a ultima condiz com o “ser feliz”.
Evitamos o sofrimento e a dor, sem realmente perceber que o “ser humano sofre”, “somos
ignorantes” em um determinado tempo/espaço e em algum nível. Por isso a questão da
felicidade é “saber apreciar a dor e a alegria”. Deixar a “vida dinâmica e fluída”, pois a
“felicidade não é o que as pessoas têm, mas o que elas fazem com isso”. É uma
“experiência ligada à sabedoria”. O “saber aproveitar as oportunidades para evoluir”,
aprender e co-criar uma nova realidade (SHINYASHIKI, 1997, pp.33-38).
30
2.4 PERMACULTURA
“A ética é a estética de dentro”
Pierre Reverdi
Nesse item é abordado o termo Permacultura, trazendo suas definições e tentando
relacioná-lo com o Curso de Engenharia Ambiental e ao conhecimento gerado no mesmo.
Morrow (1993) apud Hoffmann (2008) considera que não importa se pessoas produzem ou
somente consumem alimentos, afirma que o futuro da humanidade está relacionado com as
suas origens. Ao invés de aceitarmos o declínio da fertilidade dos solos, expansões de
desertos, a utilização de produtos químicos, entre outros problemas ambientais. A
permacultura focaliza em soluções positivas, para o planejamento de habitações
sustentáveis, tanto em ambientes urbanos como em ambientes rurais. Segundo a autora, a
permacultura utiliza os ambientes naturais como modelos para o desenvolvimento de
ambientes sustentáveis, que possam satisfazer as necessidades das pessoas, bem como
infra-estrutura para auxiliar aspectos econômicos e sociais.
Permacultura é uma das metodologias mais holísticas e com sistemas integrados de análise
e design encontrados no mundo. Pode ser aplicado em ecossistemas produtivos do ponto
de vista de utilização humana para recuperar a saúde e a vida biótica. Incorpora práticas
agrícolas orgânicas, agroecológicas. Sendo uma ponte entre as culturas tradicionais e
emergentes, potencializam-se as relações simbióticas e sinérgicas entre os componentes.
(DIVER, 2010).
2.4.1
O Termo “Permacultura”
De acordo com Mollison (1983), um dos criadores do termo Permacultura, fala que esta
pode ser compreendida como ”Um sistema de design ambiental para a criação de
ambientes humanos sustentáveis, unindo os componentes conceituais, materiais e
estratégicos em um padrão que opera para beneficiar a vida em todas as formas”
Uma definição mais atual de permacultura, de acordo com Holmgren (2013, p.3) pode ser
compreendida como: ”Paisagens conscientemente desenhadas que reproduzem padrões e
relações encontradas na natureza e que, ao mesmo tempo, produzem alimentos, fibras e
energia em abundância e suficientes para prover as necessidades locais”. As pessoas, suas
moradias e a forma como se organizam são questões centrais para a permacultura.
31
Deste sentido mais limitado e reducionista, Holmgren (2007) refere-se a esta metodologia
como o uso do pensamento sistêmico e de princípios de design que proporcionam a
estrutura conceitual para implementação desta visão. Não se pode resumir à paisagem, a
agricultura orgânica, a comunidades alternativas, construções e produções sustentáveis;
mas ela pode ser usada para projetar, criar, administrar e aprimorar esses e todos outros
esforços feitos por pessoas, famílias e comunidades em busca de um futuro sustentável.
2.4.2
A Flor da Permacultura
A Flor do Sistema de Design da Permacultura mostra as áreas chave que requerem
transformação para a criação de uma cultura sustentável. Historicamente, este movimento
tem focalizado o manejo da Natureza e da Terra não apenas como uma fonte, mas também
como uma aplicação de princípios éticos e de design. Os quais estão sendo aplicados agora
em outras esferas de ação, voltadas a recursos físicos e energéticos, assim como a
organizações humanas (frequentemente chamadas de estruturas invisíveis nos seus
ensinamentos). O caminho evolutivo em espiral, iniciando com ética e princípios, como
“carro chefe”, sugere o entrelaçamento desses domínios inicialmente no nível pessoal e
local, evoluindo posteriormente para o nível coletivo e global. A estrutura em forma de teia
de aranha dessa espiral sugere a natureza incerta e variável desse processo de integração
(HOLMGREN, 2007).
A seguir, na “Figura 2“, faz referência ao design da Flor da Permacultura e algumas palavras
que cada pétala busca agregar em sua formação:
32
Figura 2 - Flor da Permacultura
Fonte: HOLMGREN, 2007.
2.4.3
Princípios
A ideia por trás dos princípios da permacultura é que “podem ser derivados do estudo do
mundo natural e das sociedades sustentáveis da era pré-industrial”. Estes princípios serão
aplicáveis em dois níveis: éticos e de design, de modo a apressar o (des)envolvimento do
“uso sustentável da terra e dos recursos, seja num contexto de abundância ecológica e
material ou em um contexto de escassez” (HOLMGREN, 2007, p.7).
33
• Éticos
Todas as pessoas na Terra tem suas próprias percepções resultantes da natureza, da
cosmogonia (origem ou formação do mundo, do universo conhecido) desenvolvido ao longo
da evolução e ética estabelecidos entre os componentes das sociedades humanas. Essas
percepções levaram a uma sistemática sobre os elementos básicos que compõem a
natureza e relações funcionais, que foram marcadas pela ambivalência entre o respeito pelo
desconhecido e o desejo de domínio que atenda às necessidades e ambições. Substratos
através da cultura antiga (ROMERO, 2002).
Segundo clássicos dicionários de filologia (estudos da lingua em toda sua amplitude),
denominam a palavra cuidado, de origem no latim “cura”. Expressar a a atitude de cuidado,
de preocupação e inquietação pela pessoa amada ou por um objeto de estimação. O
cuidado somente surge quando a existencia de alguém/algo tem importância para o mesmo
(BOFF, 1999).
A ética atua como freio aos instintos de sobrevivência e a outras ações pessoais e sociais
em benefício próprio, que tendem a direcionar o comportamento humano em qualquer
sociedade. Os princípios éticos são mecanismos que evoluíram culturalmente de modo a
promover interesses pessoais menos egoístas, uma visão mais inclusiva de todos
(HOLMGREN, 2007).
Sendo que a referência bibliográfica sobre permacultura divide em três princípios, como
Krzyzanowski (2005) descreve:
•
Cuidar da Terra, significa cuidar de todas as coisas vivas ou não; como solos, seres
vivos, atmosfera, florestas, água [...]; todas as ações empreendidas devem ser de tal
forma que os ecossistemas se mantenham substancialmente intactos e capazes de
funcionar saudavelmente.
•
Cuidar das pessoas, objetiva assegurar que todos tenham acesso ao que se
necessita para viver dignamente, com saúde e segurança. Promove a autosuficiência, atenção consigo e responsabilidade comunitária.
•
Limitar o consumo, à população local e compartilhar os recursos e capacidades. Ao
assegurarmos que todos os produtos e excedentes estejam dirigidos aos objetivos
anteriores e que seus excedentes sejam redistribuidos, poderá assim, se vivenciar
uma cultura verdadeiramente sustentável e permanente.
34
• Design
Fukuoka (1978) apud Mollison (1990) sintetiza muito bem a filosofia básica da Permacultura:
“trabalhar com a natureza e não contra ela”. Para isto, deve ser observado cuidadosa e
profundamente como a natureza trabalha, antes de se intervir. Segundo Mollison (1983), os
princípios de um projeto permacultural devem considerar a ecologia, a conservação de
energia, o paisagismo e a ciência ambiental.
Na permacultura a parte de planejamento visa a diferenciação entre diferentes zonas,
posicionando cada elemento em seu devido espaço, ao observar os padrões da natureza e
a sua economia de energia, energia esta em todo o sistema, incluindo o “trabalho” das
pessoas (HENDERSON, 2012). Visualiza-se o tempo/espaço, sua quantidade ou frequencia
de uso. Elas são classificadas normalmente em seis diferentes zonas abaixo (MENDES,
2010), entretanto a bióloga Karoline Fendel17 em seu blog, formada pela UNIVALI,
acrescenta a sétima “zona” e a primeira, pois tudo começa com o bem estar
físico/psíquico/espiritual de cada ser que denomina-se “Zona-1”:
Zona-1: Esta zona interior é a busca por um propósito maior e também pelo
autoconhecimento. Internamente é onde a verdadeira mudança efetivamente começa. Sem
a Zona -1, não há nada concreto, há apenas ação sem reflexão.
Zona 0 – Deverá ser o centro da atividade, geralmente é o local onde está a casa. Seu
planejamento deve ser feito de forma que a utilização de espaços seja eficiente, ajustandose a necessidade de seus ocupantes e que tenha recursos para controle de temperatura, se
adequando assim a região.
Zona 1 – Será a região próxima a casa. Nela pode se colocar os elementos que sejam de
mais utilidade e, ou necessitem de maior cuidado e controle. Exemplos de elementos que
podem ficar nessa área, pequenos animais, área para secagem de grãos, varal para roupas,
pequenos arbustos, além de jardim, estufa e viveiro e canteiros.
Zona 2 – Mesmo que um pouco distante da casa, esta é uma região mantida com certa
intensidade. Pode apresentar um plantio denso, isto é, pomar, arbustos maiores, e quebraventos – plantio em linha para como diz o próprio nome, barrar o vento. A zona dois pode
ainda abrigar tanque ou açudes, animais de pequeno e médio porte.
17
FENDEL Karoline Lisanne. Recuperação de mata ciliar com sistema agroflorestal. 2007. Trabalho
de Conclusão de Curso (Graduação em CIÊNCIAS BIOLÓGICAS) - Universidade do Vale do Itajaí.
FENDEL, K. Zona Menos Um. Disponível em: <http://zonamenosum.wordpress.com/o-que-e-a-zona1/>. Acesso em: 31 out. 2012.
35
Zona 3 – Distante da casa, essa zona pode apresentar criação de animais de médio e
grande porte, pomar que não necessite de poda, pastagens para os animais ou para
forragem.
Zona 4 – Esta é uma zona semi-manejada, de pouca visitação. Nela ficam as árvores de
grande porte, que podem ser manejadas. Pode ser possível a implantação de sistemas
agroflorestais – produção consorciada de plantas (policultivo).
Zona 5 - Nessa parte do terreno não haverá nenhuma interferência. A única coisa a ser feita
é observar e aprender como o ecossistema funciona por si só. A floresta, a verdadeira
mestra.
Mollison (1991) e John Quinney18 definem pela primeira vez os 12 princípios que são:
Multifuncionalidade (uma coisa, muitos usos); Diversidade; Usar elevações e pendentes;
Localização relativa; Usar e apoiar a successão natural; Utilizar padrões naturais; Criar e
usar produtivamente as bordas e as orelhas; Design considerando os setores; Design com
as zonas; Usar recursos biológicos; Múltiplos Elementos; Ciclagem dos nutrientes e
materiais.
Holmgren (2013) fornece uma evolução do
conceito de permacultura, atual
e
adaptada aos desafios do novo milênio. Propõe a permacultura como uma ferramenta para
uma transição produtiva de uma sociedade industrial para a energia intensiva de
uma cultura sustentável, para desenvolver uma visão para uma adaptação criativa e
interativa. Para cada um desses 12 princípios de design abaixo dedicou-se um capítulo
inteiro no livro “Permaculture- priciples & pathways beyound sustenability, 2002“19
(HIERONIMI, 2008). Entretanto o autor faz um breve resumo, ao utilizar simbolos e frases
para explicar cada um dos princípios, em seu “e-book - Fundamentos da Permacultura”20,
traduzido em 7 diferentes línguas. Maringoni (2008), extraiu destes princípios uma lenda ou
mito e publicou em “Lendas do Saber - Permacultura e histórias: Cuidando da Terra e das
pessoas” atividades para se vivenciar junto às crianças, jovens e adultos.
1. OBSERVE E INTERAJA. ‘A beleza está nos olhos do observador’ – Lenda da
Bela e a Fera;
18
Quinney, John, "Designing Sustainable Small Farms And Homesteads" in MOTHER EARTH
NEWS, July/August 1984, p. 54.
19
Sua tradução é a referência: HOLMGREN, David. Permacultura: princípios e caminhos além da
sustentabilidade. Tradução Luzia Araújo. – Porto Alegre: Via Sapiens, 2013. 416p.: il 18x24cm. Título
em inglês: Permaculture: Principles & Pathways Beyond Sustainability. 2002
20
HOLMGREN, D. Os fundamentos da Permacultura. David Holmgren, 2007. Disponível em:
<http://www.holmgren.com.au/DLFiles/PDFs/Fundamentos_PC_Brasil_eBook.pdf>. Acesso em: 31
Out. 2012.
36
2. CAPTE E ARMAZENE ENERGIA.‘Produza feno enquanto faz sol’ – Lenda do
Saci Pererê;
3. OBTENHA RENDIMENTO.‘Você não pode trabalhar de estômago vazio’ –
Lenda da Cigarra e da Formiga
4. PRATIQUE A AUTO-REGULAÇÃOE ACEITE FEED BACK. ‘Os pecados dos pais
recaem sobre os filhos até a sétima geração’ – Lenda da Caixa de Pandora e a
Criação do Homem;
5. USE E VALORIZE OS SERVIÇOS E RECURSOS RENOVÁVEIS. ‘Deixe a natureza
seguir seu curso’ – Lenda da Gralha Azul;
6. NÃO PRODUZA DESPERDÍCIOS. ‘Não desperdice para que não lhe falte’ ‘Um
ponto na hora certa economiza nove’ – Lenda do Curupira, o duende “ecológico”;
7. DESIGN PARTINDO DE PADRÕES PARA CHEGAR AOS DETALHES. ‘Às vezes as
árvores nos impedem de ver a floresta’ – Lenda da Origem do Cosmos (Wishókar);
8. INTEGRAR AO INVÉS DE SEGREGAR. ‘Muitos braços tornam o fardo mais leve’ –
Lenda Grega de Orfeu;
9. USE SOLUÇÕES PEQUENAS E LENTAS. ‘Quanto maior, pior a queda’ ‘Devagar e
sempre ganha a corrida’ – Lenda da Lebre e da Tartaruga;
10. USE E VALORIZE A DIVERSIDADE. ‘Não coloque todos seus ovos numa única
cesta’ – Lenda do Primeiro Homem;
11. USE AS BORDAS E VALORIZE OS ELEMENTOS MARGINAIS. ‘Não pense que
está no caminho certo somente porque ele é o mais batido’ – Lenda do Mito dos
Argonautas;
12. USE CRIATIVAMENTE E RESPONDA ÀS MUDANÇAS. ‘A verdadeira visão não é
enxergar as coisas como elas são hoje, mas como serão no futuro’ – Lenda da
Origem da Mandioca
A “Figura 3 - Éticas e Princípios de Design da Permacultura resume a integração
entre os princípios éticos e de design, unindo a arte com a ciência, que é uma das
propostas intrínsecas ao movimento permacultural:
37
Figura 3 - Éticas e Princípios de Design da Permacultura
Fonte: <http://www.permacultureprinciples.com/pt/pc_principles_poster_pt.pdf >.
2.4.4
Padrões Naturais
São os desenhos feitos pela natureza. De acordo com Mollison, imitar estes padrões
naturais é fundamental para um bom planejamento permacultural. A forma de certos
elementos, como o caramujo, em sua forma espiralada, produz uma harmonia interativa
entre os elementos de uma horta, por exemplo. Assim promove-se a biodiversidade com
diferentes micro-climas (HENDERSON, 2012).
Segundo Soares (2008) apud Podborschiet al. (2005), Lodato, (2005); Reed, (2004) a
Biônica ou Biomimetismo é a ciência que estuda os princípios básicos da natureza
(construtivos, tecnológicos, de formas, etc.) e a aplicação destes princípios e processo na
procura de soluções para os problemas que a humanidade encontra. Uma vez que a Biônica
lida com a aplicação das estruturas, procedimentos e princípios de sistemas biológicos
converteram-se num campo interdisciplinar que combina a biologia com a engenharia,
arquitetura, matemática, entre outras.
38
2.4.5
Curso de Design em Permacultura - PDC
A maioria das pessoas envolvidas nessa rede completou um Curso de Design em
Permacultura (PDC), que por quase 30 anos tem sido mundialmente o principal veículo de
inspiração e treinamento. Um currículo foi estruturado em 1984, mas divergências evolutivas
quanto à forma e ao conteúdo desses cursos, apresentados por diferentes facilitadores,
produziram experiências e entendimentos da permacultura muito variados e localizados.
Este aspecto da inspiração proporcionada pelo PDC atuou como uma “cola social” unindo
participantes de tal modo que a rede mundial pode ser descrita como um movimento social
(HOLMGREN, 2007).
Todos os PDCs devem abranger o currículo com instrução de 72 horas de contatos
seguidos (14 dias de duração no exterior; no Brasil geralmente 9/10 dias) previsto pelo
conteúdo do trabalho de base no assunto - Permacultura - Manual de Design por Bill
Mollison21 - e devem incluir muita prática com uma equipe capacitada em projetos de design
em permacultura. Além do currículo, outros temas de interesse podem ser acrescentados,
mas com certeza que o currículo inclua uma aplicação dos princípios da Permacultura para
o design de sistemas além daqueles de casa e jardim. O curso deve integrar com a
comunidade e seu contexto de economia (PERMACULTURE)22.
Os protocolos do curso foram estabelecidos pela primeira vez por Mollison no Instituto de
Permacultura de New South Wales, na Austrália. O curso PDC centra-se na construção de
assentamentos humanos, os princípios de design da permacultura, o estudo de sistemas
modelo (incluindo exemplos tradicionais e indígenas) e mão na massa de trabalho para
implementar projetos de permaculturano local. O curso23 inclui componentes teóricos,
criativo e prático, embora o equilíbrio desses elementos depende de quem está facilitando o
curso. “A maioria dos cursos de PDC, irá introduzir questões de layout da fazenda/espaço,
manejo do solo, materiais de construção, energia alternativa, e as necessidades humanas,
tais como ar puro e água limpa, saneamento, comida e abrigo” (SCOTT, 2010).
21
MOLLISON, B. Permaculture: A Designer’s Manual. Tyalgum, Tagari Publications, 1988
PERMACULTURE, Institute.Sustainable Living, Practical Learning. Disponível em:
<http://www.permaculture.org/nm/index.php/site/professional_practise_pages>. Acesso em: 08 nov.
2012.
22
23
No item 4.2 está o relato do PDC realizado pelo Fábio Vaccaro de Carvalho, autor
39
2.4.6
Permacultura no Brasil
De acordo com a Mendes (2010), a “Permacultura no Brasil”24 pode ser dividia em três
diferentes ondas:
A primeira onda foi quando o primeiro curso de PDC do Brasil foi realizado, isto em 1992.
Trazido pelo proprietário Wilson Newton Alano do sítio Pé na Terra, ministrado por Bill
Mollison e Scott Pittman. Nesta onda fizeram parte: Marsha Hanzi, Claudio Sanchotene,
entre outros. É importante dizer que Claudio foi co-fundador do primeiro instituto de
Permacultura do país, o Instituto de Permacultura do Rio Grande do Sul – IPERS. E Marsha
co-fundou o Instituto de Permacultura da Bahia
A segunda onda da Permacultura veio principalmente com Ali Sharif que co-criou a
Permacultura America Latina (PAL) e que depois, junto do Carlos Miller fundou-se o Instituto
Permacultura da Amazônia (IPA), em 1998. O Instituto de Permacultura do Cerrado (IPEC) é
um dos centros de referência no Brasil, junto de André Soares e Lucy Legan, que foram os
seus idealizadores em 1998. Em 1999, o Instituto de Permacultura e Ecovilas da Mata
Atlântica - IPEMA, sediada no município de Ubatuba, litoral norte de São Paulo foi criada.
João Rockett fundou o IPEP – Instituto de Permacultura e Ecovilas dos Pampas em 2000.
Sergio Pamplona aliou-se unido ao Instituto de Permacultura da Bahia (IPB). Jorge
Timmermmann fez seu PDC com Geoff Lawton em Manaus, após algum tempo, fundou o
IPAB – Instituto de Permacultura Austro-Brasileiro que não possuía sede específica, pois
seu objetivo era difundir entre as comunidades; entretanto virou uma rede de permacultores,
não de instituições como era antigamente. Esta rede foi denominada Permear. Atualmente
possuem uma estação de permacultura denominada “Yvy Porã” junto de Suzana Maringoni.
Outro instituto de referência é o “OPA”25 – Organização de Permacultura e Arte, na Bahia,
que aliou os fundamentos da permacultura com uma forma de expressar mais bela e
“fluída”.
A terceira onda pode ser vista com a criação do IPOEMA – Instituto Permacultura
Organização, Ecovilas e Meio Ambiente em 2005 pelo facilitador Cláudio Jacintho. Já em
2010 criaram-se os Institutos IPC - Instituto de Permacultura e Ecovilas do Ceará e do
IPEPA – Instituto de Permacultura do Paraná junto ao João Paulo Santana. Fazem parte
desta onda as estações permaculturais de Santa Catarina o Instituto Çarakura que em 2007
se consolidou como ONG, em Florianópolis, representados por Percy Ney Silva, o “Ney” e a
24
REDE PERMEAR. Permacultura no Brasil. Disponível em: <http://www.permacultura.org.br/>.
Acesso em: 08 nov. 2012.
25
OPA. Organização de Permacultura e Arte. Disponível em: <http://opabrasil.blogspot.com.br>.
Acesso em: 07 jul. 2013.
40
Andrea de Oliveira, pedagoga. Outra estação denominada litorânea é a Casa Colméia, uma
estação de permacultura comandada por Juliano Riciardi desde 2009, localizada na Praia da
Garopaba do Sul.
2.4.7
Permacultura nas Universidades
A permacultura em si foi concebida na academia (HOLMGREN, 2013, p. 37). Apartir do
crescimento do movimento permacultural, a própria permacultura se tornou objeto de estudo
acadêmico26, com ênfase variando dos aspectos sociológicos, políticos, educacionais até o
ecológico e agrícola. Alguns professores universitários usam textos de permacultura e
outros recursos; em 1992, uma unidade inteira sobre permacultura, escrita por Holmgren
(op. cit.), foi incluída no primeiro curso de pós-graduação em agricultura sustentável da
Austrália. Abaixo cito, duas universidades das quais implementaram formalmente a
disciplina e seus conteúdos no Currículo Acadêmico.
• UnB – Universidade de Brasília27
O oferecimento da disciplina é fruto de um esforço realizado por Cláudio Jacintho,
Permacultor desde 1999, gestor do IPOEMA, Engenheiro Florestal, Mestre em
Desenvolvimento Sustentável pelo CDS/Universidade de Brasília-UnB e professor da
disciplina Introdução à Permaculturana Universidade de Brasília-UnB no Curso de
Engenharia Florestal. Desde sua época de estudante e ativismo estudantil no Centro
Acadêmico de Engenharia Florestal já colocava a permacultura em pauta. A ementa da
disciplina foi elaborada por Jacintho, embasada pelo conteúdo básico do Curso de
Permacultura. Criada desde 2003 a disciplina passou estes 5 anos adormecida por falta de
interesse dos gestores do Departamento de Florestal, que agora desperta para a
importância da disciplina.
• UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina28
Na UFSC o curso de agronomia oferece a disciplina optativa – “ENR5002 - Agricultura
Orgânica, Permacultura e Agricultura Urbana de 3 créditos. Que busca capacitar os
26
Por exemplo, Caroline Smith: The getting of hope: personal empowerment throught learning
permaculture, Tese de PhD, Faculdade de Educação, Universidade de Melbourne, 2000; Adam
Nelson: Permaculture: Against the New Orthodoxy of Sustainable Development, Tese de BA (Hons),
School of Sciense and Technology Studies, Universidade de Nova Gales do Sul, 1994; Mona Loofs:
Permaculture, Ecology and Agriculture: na investigation into permaculture theory and practice using
two case studies in northern New South Wales, Tese Bsc (Hons), Programa de Ecologia Humana,
Departamento de Geografia, Universidade Nacional da Austrália. Além dos exemplos brasileiros
citados nas considerações finais.
27
UNB. Departamento de Engenharia Florestal. Disponível em: <http://www.efl.unb.br/>. Acesso
em: 08 nov. 2012
28
UFSC. Permacultura. Disponível em: http://www.permacultura.ufsc.br/.Acesso em: 08 nov. 2012
41
participantes a projetar e implantar sistemas de produção de alimentos em comunidades de
forma participativa, considerando elementos permaculturais, de agricultura orgânica e
urbana, com utilização de fontes de fertilidade a partir de resíduos orgânicos e de água por
meio de captação de chuva.
Além desta disciplina a UFSC oferece outras que referenciam à mesma -FIT5401 –
Agroecologia; PGA 1020-000 – Agroecologia; PGA 410017 – Análises integrativas de
funções e serviços ecossistêmicos; FIT 5026 – Sistemas Agroflorestais; PGA 3122-001 Sistemas Agroflorestais. Inclusive com um link6 específico sobre a Permacultura.
Entretanto o grande “carro chefe” da Permacultura na academia, fica com a disciplina GCN
7938 – Introdução à Permacultura; no currículo da Geografia. Sendo uma disciplina ofertada
pelo Departamento de Geociências29 para todos acadêmicos, com opção para comunidade.
2.4.8
Permacultura em Santa Catarina
Abaixo segue as principais estações de permacultura e suas próprias biografias na região
de Santa Catarina, incluindo coletivos que buscam esta integração:
Ajubaí30 – “Está situada na região serrana de Santa Catarina, na grande Florianópolis, a
13,5 Km do centro de Alfredo Wagner em um sítio acima de 600 metros de altitude. A
vizinhança é tranquila e acolhedora, formada por pequenos agricultores. É um lugar para
plantarmos e colhermos alimentos orgânicos, cuidando das pessoas, respeitando a natureza
seguindo os preceitos da Permacultura, “bio”construindo utilizando recursos locais ou
reciclados e buscando formas de viver autossustentavelmente. Um dos principais objetivos
da Ajubaí é criar um local de “troca” de informações e conhecimentos, priorizando a
educação integral e a cultura de respeito ao planeta e às pessoas.”
Casa colméia – Áreas de Estudo na página nº 59
Comissão de Permacultura e Agroecologia31 – Áreas de Estudo na página nº 59
Curupira32 – “O lar em Santo Amaro da Imperatriz (SC) é extremamente simples e
otimizado, é composto por sala/cozinha, um quarto, banheiro, lavanderia, garagem e galpão
para ferramentas. Foi todo construído com madeira de reflorestamento (eucalipto), inclusive
29
UFSC. Departamento Geociências.. Disponível em http://gcn.cfh.ufsc.br/. Acesso em: 27 mar 2013
AJUBAÍ. Disponível em http://ajubaieco.wordpress.com/. Acesso em: 08 nov. 2012
31
CPA.
Comissão
de
Permacultura
e
Agroecologia.
Disponível
em:<https://sites.google.com/site/cpasustentavel/>. Acesso em: 08 nov. 2012
32
CURUPIRA. Sitio Curupira. Disponível em: <http://sitiocurupira.wordpress.com/permacultura/>.
Acesso em: 08 nov. 2012
30
42
aberturas e forro. Toda água que cai no telhado segue direto para o açude. A água que
consumimos vem direto de uma nascente, as águas cinzas vão para o círculo de bananeiras
e as águas negras seguem para a fossa/sumidouro. O portal na internet possui artigos
referentes a permacultura.”
Instituto Çarakura33 – Áreas de Estudo na página nº 59
Instituto Anima34 – Áreas de Estudo na página nº 59
IPAB35 – “Instituto de Permacultura Austro-Brasileiro – Desde 1998, as pessoas que faziam
o IPAB, vinham atuando de uma forma diferente dos outros institutos de permacultura,
principalmente pelo fato de não terem uma sede própria ou um centro de demonstração das
técnicas permaculturais de design e de bio-construção. Desde 2004 assumiram-se
publicamente em um tipo de organização que espelhe melhor as nossas relações como
membros desse grupo. Uma rede de pessoas. Então... deixa de existir o IPAB e surge a
Rede Permear de Permacultores36. Parece um novo rumo nas ações das pessoas que
faziam o IPAB, mas na realidade, o rumo continua o mesmo: Na direção da sustentabilidade
e autonomia das pessoas.”
Espaço Ecológico Macacos – Foi um dos espaços articuladores desta vivência
permacultural, sua proprietária Dayse Kerla, mora e vive a permacultura faz cinco anos em
sua propriedade de um hectare. Nesta área localizada em SC – Comburiu – Estrada Geral
dos Macacos, 8 km do Centro - ao lado da Cascata do Encanto; foi realizada o segundo
curso de introdução a permacultura, denominado “Permacultura – Por uma Vida
Sustentável” que abordou os temas:
•
Introdução ao conceito e histórico da Permacultura
•
Auto-sustentabilidade: Consciência Espiritual, Consciência Corporal e Alimentação
•
Sustentabilidade Ecológica:Permacultura Urbana, Consumo Sustentável, Sistema
Sanitário e Banheiro Seco, Bioconstrução, Agroecologia, Energia, Ética
No cartaz abaixo “Figura 4 - Cartaz Curso Introdução à Permacultura, o coletivo Comissão
de Permacultura e Agroecologia anuncia o segundo módulo do curso:
33
ÇARAKURA. Instituto ÇaraKura. Disponível em:<http://www.institutocarakura.org.br/>. Acesso
em: 08 nov. 2012
34
ANIMA. Insituto Anima. Disponível em:HTTP://www.institutoanima.org. Acesso em: 5 abr 2013
35
IPAB.
Instituto
de
Permacultura
Austro-Brasileiro.
Disponível
em:
<http://www.permacultura.org.br/ipab/>. Acesso em: 08 nov. 2012
36
REDE PERMEAR. Disponível em: <http://www.permear.org.br/>. Acesso em: 08 nov. 2012
43
Figura 4 - Cartaz Curso Introdução à Permacultura
FONTE: Comissão de Permacultura e Agroecologia, 2012
Igatu37 – ”Uma família buscando levar a vida de forma mais simples e em harmonia com a
natureza.Para tal, estamos no meio do caminho entre a cidade e campo, mas em direção ao
campo. Estamos em pleno processo de êxodo urbano ou como chamam, somos pessoas
neorurais. Escolhemos uma pequena cidade e uma pequena propriedade para viver e
desenvolver técnicas de permacultura para melhor conviver com o ambiente. Assim,
chegamos a um pequeno vale entranhado entre os morros da serra do leste catarinense,
entre o planalto e o litoral”.
Nova Oikos38 – “É um projeto em permanente construção. Trata-se de um sonho, uma
utopia a caminho da realidade! Atuamos em uma espécie de “slow management”… afinal
não é um trabalho, mas um projeto de vida e de sociedade!”
“Fisicamente, é um sítio em processo de transformação para uma Estação Ecológica em
Permacultura. É ainda um sítio familiar, e como toda família, com algumas “pendências”.
Entretanto, o objetivo de todos é que o local se torne um disseminador de práticas
ecológicas em prol de uma sociedade pós-capitalista. Situa-se em Comburiú, em Santa
Catarina, entre uma “refloresta” de pinus e eucaliptus e uma mata secundaria em
regeneração desde 1980 contando com uma forte nascente e muita água! Visamos proteger
esse local da barbárie desenvolvimentista da região!”
37
SITIO IGATU. Sitio da família de Arthur Nanni. Disponível em: <http://sitioigatu.wordpress.com/>.
Acesso em: 09 maio 2013.
38
NOVA OIKOS. Projeto Nova Oikos (Mildred). Disponível em: <http://novaoikos.wordpress.com/>.
Acesso em: 08 nov. 2012.
44
Raízes39 – “Esta é a estação de permacultura do Pedro Marcos Ortiz, Elusa Wigers Ortiz e
Elena Ortiz, no planalto serrano de Santa Catarina em São José do Cerrito.”
Sete Lombas40 – “é um sítio com 23 ha no costão da Serra Geral Catarinense, na localidade
de Rio Jordão Médio, município de Siderópolis (SC). Os objetivos do sítio consistem em: Ser
o lar sustentável da Família Vieira; Ser um espaço de preservação ambiental; Ser um centro
de educação e referência em permacultura para a região; e Produzir alimentos, sementes,
mudas, artesanatos e partilhar os excedentes com a família, amigos e vizinhos.”
Vagalume41 – “Pequena propriedade na serra catarinense, Rancho Queimado (SC), onde
está sendo implantado design permacultural com o objetivo de compartilhar soluções
replicáveis de vida sustentável. O foco da estação é a plantação de árvores, a produção de
alimentos, o cultivo e uso do bambu e construções ecológicas, sempre com uso de recursos
locais renováveis e custo mínimo.”
Vale do Encano – “No dia 07/07/2007 como um sonho, adquirimos a propriedade que
batizamos de Base Ecológica Vale Do Encano, que esta localizada na Rua: Rio Amazonas
Bairro: Rio Pequeno na cidades de Comburiú com 50.000 [m²] de área; utilizadas para o
cultivo na forma de mono-cultura e extrativismo, tornando o solo ácido e improdutivo. Após
um ano trabalhando na terra com muitos problemas sem solução chegou ao nosso
conhecimento a PERMACULTURA apresentada pelo CPA a convite de um dos
colaboradores da propriedade e integrante do grupo.”
“Passamos então a desenvolver o trabalho de agroecologia que em pouco tempo mostrou
resultados positivos. Este foi o fator que nos encorajou a permanecer na terra, pois sendo,
nós uma família urbana não tínhamos experiência e conhecimento necessário para nos
mantermos ali. Tornamos pioneiros na produção de banana chips na região e passamos a
comercializar na feira agroecológica de Itajaí e na feira livre de Itapema agregando outros
produtos como: banana, banana desidratada, geléias, patês, leite de soja, polpa de juçara,
jerivá, plantas alimentícias não convencionais e pão. Hoje a Base Ecológica Vale Do Encano
tornou-se um local para a socialização e prática em PERMACULTURA, aberto a todos os
grupos e pessoa que queiram, não só aprender. Mas também ensinar e formar novos
educadores”.
39
RAÍZES. Sítio Raízes. Disponível em: <http://sitioraizes.wordpress.com/>. Acesso em: 08 nov.
2012
40
SETE LOMBAS. Disponível em: <http://www.setelombas.com.br>. Acesso em: 08 nov. 2012
41
VAGALUME. Sítio Vagalume. Disponível em: <http://www.sitiovagalume.com>. Acesso em: 08
nov 2012.
45
Yvy Porã42 – Áreas de Estudo na página nº 59
2.5 TRANSDISCIPLINARIDADE E ECOFORMAÇÃO
“A Transdisciplinaridade é uma nova abordagem
científica, cultural, espiritual e social. “
Basarab Nicolescu
Os conceitos de transdisciplinaridade (TransD) e ecoformação não são somente dois termos
a mais que nos abrem novas portas. São constelações conceituais e é preciso situá-las
dentro do paradigma ecossistêmico descrito por Moraes (1997) apud TORRE, (2008, p.127).
A “palavra é o veículo da mente”, uma ferramenta poderosa que usamos para nos
comunicar, para chegar ao mundo interior das pessoas, para se apropriar do seu entorno,
para expressar seu potencial criativo (TORRE, 2008, p. 113). Wittgenstein43 em sua frase de
efeito seduz ao dizer: “Podemos chegar a conhecer a estrutura do mundo se conhecermos a
estrutura da linguagem”
Do termo transdiciplinar emergem três campos conceituais principais (Torre, 2008 pp. 23-24;
128-129):
a) O
campo
científico, epistemológico
e
metodológico
de
construção do
conhecimento, com seus três níveis de realidade, a teoria da complexidade e o
terceiro incluído da lógica não aristotélica. Esses níveis de realidade, variável no
plano do sensível, material próprio do macrocosmos. No plano da energia mental,
energia sutil, energia etérica, entidades, arquétipos de Jung ou consciência
coletiva. No plano da consciência cósmica, campo Psi, campo akásico, vazio
quântico, inteligência suprema, divindade superior para os crentes. Deste modo,
o campo de investigação se abre a fenômenos excluídos pela metodologia
clássica. A trans busca a articulação dos saberes provenientes das ciências, das
artes, da filosofia, da sabedoria tradicional, da experiência, para nos dar,
permanentemente, novos modos de perceber e descrever a realidade, as
relações entre as realidades em sentido amplo e “o real” ou intangível. O tumor é
tão real quanto à percepção psicossomática dele mesmo;
42
YVY
PORÃ.Estação
de
Permacultura.
<http://www.yvypora.wordpress.com>. Acesso em: 08 nov 2012.
43
Disponível
em:
CAVASSANE, Ricardo Peraça. A crítica de wittgenstein ao seu "tractatus" nas "investifações
filosóficas".
Disponível
em:
<http://www2.marilia.unesp.br/revistas/index.php/ric/article/viewFile/337/374>. Acesso em: 08 nov
2012.
46
b) O campo de ação ecologizada, que se manifesta na formação integral do ser
humano através da sua relação com o mundo (ecoformação), com os outros
(coformação, heteroformação), consigo mesmo (autoformação) e com a
consciência do próprio ser (ontoformação), que acontece tanto no âmbito formal
quanto não formal. O entorno, o meio ambiente é o cenário propício para essa
formação integradora, porque revela os vínculos entre a pessoa, a sociedade, a
natureza e o cosmos. Por isso, a visão ecoformadora deve ser essencialmente
planetária, como defendem Morin, Pineau, Moraes, Gutierrez.
c) O campo da atitude transdisciplinar ou de vida que busca a compreensão e a
complementaridade do que ocorre na vida e no universo. Tenta compreender a
complexidade das relações entre os sujeitos (alteridades), dos sujeitos consigo
mesmos na busca pelo sentido e finalidade (autotélica), e dos sujeitos com os
objetos que os rodeiam (atitudes planetárias). A atitude transD busca a
transformação do ser humano em sua totalidade, ao se relacionar com os outros
e com “o outro”. Adota como ponto de referência os valores humanos, o
desenvolvimento da consciência, da criatividade, a defesa do meio ambiente, a
solidadariedade e o desenvolvimento sustentável, a convivência em harmonia de
culturas, raças e crenças distintas. Uma atitude transdisciplinar está aberta ao
novo, não confundindo as diferentes manifestações da realidade com “o real”.
Abaixo Torre (2008) apresenta um mapa conceitual para compreender e visualizar os
caminhos que uma atitude TRANSD e de INVESTIGAÇÃO que complementam os princípios
cósmicos: Harmonia, Evolução e Vibração e os princípios didáticos: Referentes de Valor,
Interação e vínculo com a consciência. Sua linguagem envolve alguns termos e conceitos
como: ecopedagogia, ecodidática, sinergia, sentipensar, cenários, redes, campos de
aprendizagem,
aprendizagem
integrada,
empreendedorismo,
criatividade,
cidadania, interculturalidade, transcultural, energia mental, clima ou ambiente.
inovação,
47
Figura 5 - Mapa Conceitual Transdiciplinaridade e Ecoformação Sustentável
Fonte: TORRE, 2008, p.130.
Enquanto o pensamento lógico/dedutivo é mais analítico e linear, a linguagem metafórica é
mais holística, compreensiva e relacional, permitindo uma compreensão global e coerente
dos fenômenos estudados.
Estas discussões entre as ligações e estas “trocas simbólicas” com a natureza, possuem
premissas teóricas que “religam o mundo”. Esta “materialidade e a imaterialidade” inscritas
na relação homem/natureza, esta “reciprocidade” ao aprender ensinar. Distorcer esta visão
e “função utilitarista” (SILVA, 2008, p.97). Pineau (2006 apud SILVA, ibidem) “leva em conta
as relações de interdependência entre o organismo e o ambiente material que se
desenvolvem no coração dos gestos cotidianos”.
48
Reich44 (1955) trata da relação entre o corpo e a psique ao buscar uma teoria que lide com a
lógica interna da unidualidade psicossomática, Reich estava superando a cisão entre o
psicológico e o biológico, pois sua pesquisa relaciona a estrutura de caráter “personalidade”
com o corpo. Ele percebeu que esta neurose, formada na estrutura de caráter, estava
diretamente ligada ao corpo, evidenciada pelo o que ele denominou de couraça muscular
que influenciava as relações com homem, sociedade e ambiente através da bioenergia
orgone (JOÃO, 2002).
A base sugere a teoria dos três mestres de Jean-Jacques Rousseau (1996) apud Silva
(2008, p.98) – o homem (natureza), os outros (a sociedade) e as coisas (o ambiente) –
correlacionando-a com a trindade humana indivíduo/espécie/sociedade proposta por Morin
(2000).
Segundo Goswami (1998) nos afastamos da realidade vital da consciência, dos valores, que
está sendo corroída pelo materialismo científico. Entretanto em seu livro “O Universo
Autoconsciente” ele comenta sobre a integração entre a ciência e a espiritualidade ao
apontar a física quântica e os seus princípios (objetividade forte, determinismo causal,
localidade, materialismo e epifenomenalismo). Estes preceitos estabelecem relações com a
eco-espiritualidade45, pois o ser humano tem características existenciais de finitude e
infinitude que impulsionam para experiências “místicas” que emergem do encontro naturezacultura-transcendência.
Um relatório recente e exaustivo foi elaborado pela comissão internacional para a educação
no século 21, vinculada à UNESCO e presidida por Jacques Delors. O Relatório Delors põe
em grande destaque os quatro pilares de um novo tipo de educação: Aprender a conhecer,
aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser (NICOLESCU, 1999).
Ainda Nicolescu (1999) afirma que nas instituições de ensino, não há nenhuma necessidade
de se criarem novos departamentos nem novas cadeiras, o que seria contrário ao espírito
transdisciplinar: a transdisciplinaridade não é uma nova disciplina e os pesquisadores
transdisciplinares não são novos especialistas. A solução consiste em gerar, dentro de cada
instituição de ensino, uma oficina de pesquisa transdisciplinar, cuja constituição deverá
variar ao longo do tempo, reagrupando docentes e discentes da instituição.
44
REICH,
Wilhelm.
La
Función
Del
Orgasmo.
1955.
Disponível
em:
<http://terapiapsicocorporalgdl.files.wordpress.com/2012/07/funcion-orgasmo-1.pdf>. Acesso em: 08
nov 2012.
45
I Encontro internacional de ciências eco-espirituais: transdisciplinaridade, ecoformação e
saúde. [recurso eletrônico] : [Anais] / UNIVALI – Balneário Camboriú : Universidade do Vale do Itajaí,
2010
49
Nesta perspectiva, existe uma relação direta e incontornável entre paz e transD. O
pensamento fragmentado é incompatível com a busca de paz sobre a Terra. A emergência
de uma cultura e de uma educação para a paz exige uma evolução transdisciplinar da
educação e, muito particularmente, da Universidade.
A penetração do pensamento complexo e transD nas estruturas, nos programas e na área
de irradiação da influência da Universidade permitirão sua evolução rumo a sua missão,
hoje um pouco esquecida: o estudo do universal. A Universidade poderá assim vir a ser um
local de aprendizagem da atitude transcultural e transreligiosa, e do diálogo entre a arte e a
ciência, eixo da reunificação entre a cultura científica e a cultura artística. A Universidade
remodelada será o lar de um novo tipo de humanismo. (NICOLESCU, 1999)
Figura 6 - Trans, Inter, Multi, Intra...Disciplinaridade
Fonte: Peralta-Castell (2003).
Na classificação acima, realizada pela pesquisadora em arte educação, Cleusa H.G.
Peralta-Castell46 (2003) a partir dos fundamentos de Erich Jantsch podemos seguir uma
linha que tanto pode ir da base para o topo quanto do topo para a base. “Começando pela
46
Material Didático do colóquio transdisciplinar de reforma curricular da FURG. Comissão de apoio
pedagógico – PROGRAD, Pró-reitoria de Graduação, 1999.
50
base, ela é construída a partir dos conteúdos isolados, conteúdos mínimos essenciais que
formarão as disciplinas. As disciplinas são feixes de conteúdos, os quais se repetem em
diferentes disciplinas. Estas disciplinas, isoladamente, possuem disciplinas em comum. A
esta REPETIÇÃO de conteúdos similares em diferentes disciplinas dá-se o nome de
INTRAdisciplinaridade”.
“Passando
para
a
próxima
instância,
ou
degrau,
segundo
a
tabela,
a
MULTIdisciplinaridade, confundida por muitos autores com INTERdisciplinaridade, é
caracterizada pela presença de uma disciplina líder a qual abrange ou reúne outras
disciplinas subordinadas. Há uma hegemonia da disciplina dominante sobre as outras, os
conteúdos estão justapostos sem nenhum tipo de integração”.
“Pode-se citar um exemplo comum que gera confusão quanto aos conceitos de MULTI e
INTERdisciplinaridade: Num seminário, ou num congresso, são chamados profissionais de
diferentes áreas do conhecimento para discutir sobre o mesmo tema. Não haverá integração
total, visto que cada profissional possuirá um ponto de vista sobre o assunto de acordo com
a sua especialidade, portanto não haverá a construção de um método ou teoria comum. A
integração é apenas temática, sem a intenção de construir algo novo a partir da fusão de
diferentes áreas do conhecimento”.
“Muitas
escolas
também
trabalham
a
MULTIdisciplinaridade
pensando
ser
INTERdisciplinaridade. Propõe-se um tema e todos os professores trabalharão nele,
porém cada um na sua sala de aula. Isto não é INTERdisciplinaridade”.
“O método interdisciplinar visa uma integração verdadeira a qual surgirá a partir do
trabalho comum, feito corpo a corpo com profissionais de diferentes áreas com a finalidade
de construir o conteúdo junto aos educandos, no campo ou na sala de aula. A
interdisciplinaridade pressupõe a construção de um método e de uma teoria comum, os
quais são obtidos em experimentos educacionais num outro nível, denominado
TRANSdisciplinar, onde se gerará um elemento comum possibilitando a construção de um
conceito de integração a partir do qual serão formulados os conteúdos e as disciplinas de
maneira integrada”.
“A INTERdisciplinaridade é caracterizada pela igualdade entre as disciplinas, não há
hierarquização entre elas. Para isso precisa ocorrer uma equalização ao nível de carga
horária e de importância, caso contrário, sempre haverá uma disciplina líder e outras
subalternas”.
51
•
Transdisciplinariedade (TransD)
Para o físico Nicolescu (1999), um dos cientistas mais importantes que atuam nesta área de
pesquisa, afirma que a transD não é uma nova disciplina ou uma hiperdisciplina, mesmo que
se alimente delas. Para ele, a inter e a trans, são flechas de um mesmo arco, que é o do
conhecimento. Cuja materialização depende das relações entre os três pilares: os níveis de
realidade, a lógica do terceiro incluído e a própria complexidade.
Figura 7 - Dimensão Ontológica
Fonte: TORRE, 2008.
Os diferentes níveis de realidade se referem á existência de um mundo macrofísico e de um
microfísico, regidos por leis diferentes, uma linear, outra circular. Para Nicolescu (1999),
atualmente existem um terceiro nível, a realidade virtual. Além destes níveis, utilizando
nossas intuições, percepções e o imaginário, entramos no mundo dos símbolos, dos mitos,
do sagrado, indo assim a outro nível de realidade. O passo de um nível para outro ocorre a
partir do terceiro incluído.
52
Figura 8 - Níveis de Realidade
Fonte: TORRE, 2008.
Morin (2000) afirma que "a Transdisciplinaridade é complementar da aproximação
disciplinar; ela faz emergir da confrontação das disciplinas novas dados que as articulam
entre si e que nos dão uma nova visão da natureza e da realidade."
Para Moraes (2010), a transdisciplinaridade “pode ser compreendida como um princípio
epistemológico que se apresenta em uma dinâmica processual que tenta superar as
fronteiras do conhecimento mediante a integração de conceitos e metodologias”.
Em relações à TransD, Sommerman (2003), divide em atitude, pesquisa e ação. A Atitude
Transdisciplinar busca a compreensão da complexidade do nosso universo, da
complexidade das relações entre sujeitos, dos sujeitos consigo mesmos e com os objetos
que os circundam, a fim de recuperar os sentidos da relação enigmática do ser humano com
a Realidade – aquilo que pode ser concebido pela consciência humana – e o Real – como
referência absoluta e sempre velada. Para isso, propõe a articulação dos saberes das
ciências, das artes, da filosofia, das tradições sapienciais e da experiência, que são
diferentes modos de percepção e descrição da Realidade e da relação entre a Realidade e o
Real.
A Pesquisa Transdisciplinar pressupõe uma pluralidade epistemológica. Requer a
integração de processos dialéticos e dialógicos que emergem da pesquisa e mantém o
conhecimento com o sistema aberto;
A Ação Transdisciplinar propõe a articulação da formação do ser humano na sua relação
com o mundo (ecoformação), com os outros (hetero e co-formação), consigo mesmo
(autoformação), com o ser (ontoformação), e, também, com o conhecimento formal e o não
53
formal. Procura uma mediação dos conflitos que emergem no contexto local e global,
visando à paz e a colaboração entre as pessoas e entre as culturas, mas sem desconsiderar
os contraditórios e a valorização de sua expressão (SOMMERMAN, 2003).
Ainda sobre a transD, Pineau (2006), demonstra que ocorre uma transD sociointerativa
entre especialistas das disciplinas e também entre atores sociais, uma reflexiva, na
interrogação dos quadros de pensamento e uma “transD paradigmática” com intenção de
construir um novo paradigma unificador.
Paul (2001, pp. 381-406) estabelece então uma relação entre esses quatro termos e três
etapas da formação do homem global:
“(N2 e N3) a relação entre eco e heteroformação correspondendo ao “trajeto
psico-genético”, à estruturação psico-físico-social do sujeito; (N1) a relação
entre hetero e autoformação correspondendo ao “trajeto imaginal”, à
estruturação da imaginação criadora diurna e à hermenêutica (à
interpretação) da linguagem da imaginação noturna dos sonhos; (N0) a
relação entre auto e ontoformação correspondendo ao “trajeto teofânico”, às
contemplações (supra-racionais) sucessivas que o sujeito transcendental
pode ter do sujeito absoluto, do Ser transcendental e do Ser Absoluto , bem
como das primeiras formas que deles emanam” (SOMMERMAN, 2003, p.
69).
Abaixo, as imagens demonstram as interações entre as propostas das formações (eco,
hetero, auto, onto) relacionando-a com a interdisciplinaridade e com a transD.
Figura 9 - Sujeito Interdisciplinar
Fonte: Sommerman (2003)
54
Figura 10 - Sujeito Transdisciplinar
Fonte: Sommerman (2003)
•
Ecoformação
O termo ecoformação é a dimensão formativa do meio ambiente material, que é mais
discreta e silenciosa do que as outras duas (auto e hetero). Pineau acrescenta a
“coformação”. Tendo em vista a construção de práticas que visam à sustentabilidade
planetária e o paradigma ecossistêmico, Torre et al (2008) descrevem a importância da
ecoformação, já que esta oferece uma visão ampla sobre o natural e o social, podendo
contribuir de maneira significativa para a formação do sujeito:
“Entendemos a ecoformação como uma maneira sistêmica, integradora e
sustentável de atender a ação formativa,sempre na relação com o sujeito, a
sociedade e a natureza [...] A ecoformação é uma maneira de buscar o
crescimento interior a partir da interação multissensorial com o meio
humano e natural, deforma harmônica, integradora e axiológica. Buscando ir
além do individualismo, do cognitivismo e utilitarismo do conhecimento.
Partindo do respeito à natureza (ecologia), levando os outros em
consideração (alteridade) e transcendendo a realidade sensível.” (TORRE
et. Al., 2008, p. 43).
Já para a definição de ecoformação, a proposta de Cottereau (2001) de uma divisão em
“três tempos”, que ela chama de “valsa em três tempos para a formação ecológica”:
55
•
O primeiro tempo seria a aprendizagem de saberes relativos ao meio ambiente,
saberes complexos provenientes das ciências da natureza e das ciências do homem
que instruem a razão e o conhecimento.
•
O segundo tempo seria experimental e experiencial, enriquecendo o primeiro tempo
com a experiência prática do mundo, pois neste segundo tempo, a participação ativa
nas correntes de ar, nos fluxos dos olhares, nas corredeiras dos sons e das vozes,
nas imobilidades que perderam presença, nas cores das coisas, nas lições pacientes
das primaveras, nos caminhos que sobem e nas ruelas que descem na mole
pradaria e na planície rochosa... A escuta vigilante de tudo o que se passa, se
desenrola, em silêncio ou barulho... Estar apenas ali, atento ou contemplativo, poros
abertos, espírito desperto, de maneira repetida, nos ensinaria a escuta sensível, a
intuição do outro, a mais fina percepção do menor dos sinais da matéria e do vivo [...]
(COTTEREAU, 2001, p. 64).
•
O terceiro tempo seria a apreensão da experiência, da escuta sensível, a reflexão
sobre os gestos normalmente automáticos do cotidiano, pois toda tomada de
consciência implica uma retroação sobre uma ação autônoma e quase automática.
Para sairmos “de nossas inconsciências ecológicas” precisamos passar por esse
trabalho de tomada de consciência das nossas dependências do meio ambiente,
precisamos explorar nossas histórias que “falam sobre a nossa maneira de habitar o
mundo, das nossas relações com o espaço, com as paisagens, com os objetos, os
materiais, com a natureza, com as estações, com os momentos do dia”
(COTTEREAU, 2001, p. 65). E, para isso, precisamos de uma “gramática da intuição,
da escuta, do sensível”, que se “ensina bem longe dos quadros negros, dos livros de
leis e das cátedras universitárias” (ibid., p. 66).
Um olhar multireferencial e multidimensional sobre a ecoformação, Sommerman (2003) fala
das preocupações com o meio ambiente, que são cada vez maiores nas últimas três
décadas, devido à gravidade e à complexidade crescentes dos problemas ambientais, as
reflexões e práticas ecoformativas ainda são marginais nos ambientes formais de
ensino. Por isto abaixo se demonstra abordagens para as mesmas:
1. Uma abordagem reflexiva, que requer que cada um clarifique suas concepções de
base relativas à educação, ao meio ambiente, à educação para o meio ambiente e
tome uma certa distância de sua prática, em busca de aprimorá-la e de melhorar a si
mesmo. Como instrumentos principais dessa abordagem, cita o jornal de bordo, a
análise de incidentes críticos, a entrevista individual e a discussão de grupo.
56
2. Uma abordagem experiencial, que consiste em experimentar abordagens e
estratégias com os participantes, explorando ou descobrindo com eles as realidades
do meio ambiente em que vivem a escola, o quarteirão, a cidade, a usina
, nas
demandas de solução de problemas ou na implementação de projetos.
3. Uma abordagem crítica das realidades sociais, ambientais, educacionais e
pedagógicas, que visa identificar os aspectos positivos, os negativos, os limites, as
faltas, as rupturas, as incoerências, os jogos de poder, com a finalidade de
transformar a realidade.
4. Uma abordagem práxica, que associa a reflexão à ação e que integra as três
abordagens anteriores: reflexiva, experiencial e crítica. Como uma prática consciente
de si mesma, numa dialética entre a teoria e a prática, produz soluções criativas e
pode aumentar a eficácia, a pertinência e o sentido da ação.
5. Uma abordagem interdisciplinar e transdisciplinar, que implica [a interdisciplinar]
na abertura para os diferentes campos do saber para enriquecer a compreensão e a
análise das realidades complexas do meio ambiente, desenvolvendo uma visão
sistêmica e global das realidades e reconhece [a transdisciplinar] o interesse e o
valor de outros tipos de saber: os saberes da experiência, os saberes tradicionais, os
saberes de senso comum, etc.
6. Uma abordagem colaborativa, que vê o meio ambiente como um objeto
essencialmente
partilhado, que
deve
ser abordado em conjunto,
com o
entrecruzamento dos diferentes olhares, das diferentes esperanças e dos diferentes
talentos de cada um. A estratégia privilegiada aqui é a da comunidade de
aprendizagem, que reúne um grupo de pessoas ao redor de um problema ou de um
projeto comum que tem um significado e uma pertinência em vista de suas próprias
preocupações e das características de seu contexto cultural e sócio-ambiental.
•
Complexidade:
Este conceito está presente em quase todos os artigos do “universo inter” e do “universo
trans”, segundo JOHNSON (2009), apud SOMMERMAN (2012 p. 196):
“Muito da Física tradicional foi se dedicar a tentar entender os detalhes
microscópicos no interior daquilo que vemos. Isso levou os físicos a
romperem átomos para olhar as partículas dentro deles – eventual mente
descendo até os quarks. Isso é sem dúvida complicado – mas essa
abordagem reducionista é num certo sentido o oposto daquela da
Complexidade. Em vez de romper as coisas para encontrar de que seus
componentes são feitos, a Complexidade enfoca os novos fenômenos que
podem emergir de uma série de componentes relativamente simples. Em
outras palavras, a Complexidade olha para as coisas complicadas e
surpreendentes que podem emergir da interação de uma série de objetos
57
que eles mesmos podem ser até simples.(...) Indo mais longe,a filosofia
subjacente por trás da busca de uma teoria quantitativa da Complexidade é
de que não precisamos de uma compreensão plena dos objetos
constituintes para compreender o que uma série deles pode fazer.
Partículas simples interagindo de maneira simples podem conduzir a uma
rica variedade de resultados reais – e isso é a essência da Complexidade.”
(JOHNSON, 2009, p. 17).
Assim, a essência da transdisciplinaridade vem desta “nova” forma de aprendizagem e
resolução dos problemas envolvendo a cooperação de diferentes partes da sociedade e da
academia, a fim de enfrentar os desafios complexos da sociedade. Segundo o KVARDA
(2006)47 deve:
• Estabelecer uma abordagem interdisciplinar (disciplinas)
• Consideração holística de diferentes sistemas
• Complementaridade entre os modos intuitivos e analíticos
• Diferentes interesses das partes interessadas (stakeholders)
Abaixo se apresenta o decálogo elaborado em Barcelona, num congresso ocorrido em
março de 2007, contribuições como as de Edgar Morin, Raul Motta, Gaston Pineau, Emilio
Ciurana, Joan Mallart, Ivani Fazenda e outros. Esse nos remete a necessidade de pesquisa
em dez campos principais de projeção transdisciplinar e ecoformação.
2.5.1
Decálogo sobre a Transdiciplinaridade e Ecoformação:
1. Supostos ontológicos, epistemológicos e metodológicos do olhar transdisciplinar;
2. Projeção tecnocientífica: o campo da religação dos saberes;
3. Projeção ecossistêmica e de meio ambiente: Relação ecológica sustentável;
4. Projeção social: Consequências de uma cidadania planetária;
5. Convivência e desenvolvimento humano sustentável: Visão axiológica e de valores
humanos;
6. Projeção das políticas trabalhistas e sociais: Satisfação das necessidades humanas;
7. Projeção no âmbito da saúde e da qualidade de vida: Em busca da felicidade;
8. Projeção nas reformas educativas: Formar cidadãos na sociedade do conhecimento;
9. Projeção da educação: Responder a uma formação integradora, sustentável e feliz;
10. Projeção das organizações no estado de bem-estar: Auto-organização e dimensões
ética e social.
47
KVARDA, Werner. Permakultur - Zertifikatskurs. Universität Fürbodenkultur. Nov. 2006.
Disponível em: <http://www.academia-danubiana.net>. Acesso em: 25 out. 2012.
58
Educar implica, a partir de um olhar transdisciplinar e ecoformador, valorizar, reconhecer,
respeitar e outorgar confiança e credibilidade aos outros (TORRE, 2008). No próximo
capítulo apresenta-se a metodologia realizada na pesquisa.
3 METODOLOGIA
A metodologia foi dividida pelo tipo de pesquisa, as áreas que indiretamente ou diretamente
fizeram parte do estudo, o Comitê de Ética, pois envolve seres humanos na pesquisa,
finalizando com as diferentes etapas e Instrumentos específicos de Coleta e Análise de
Dados.
3.1 TIPO DE PESQUISA
A presente pesquisa caracteriza-se como um estudo de caso na perspectiva da pesquisa
participativa por considerarmos que envolve o estudo de uma realidade específica, com
características peculiares – assume a pesquisa como investigação teórico-prática do tipo
participativa - baseada na participação acadêmica – ao envolver um coletivo de
coordenadores, professores e acadêmicos (as) da instituição; e da participação dos gestores
das estações de permacultura, facilitadores e permacultores.
Conforme Lüdke e André (1986, p.18-23), o estudo de caso visa à descoberta e ainda que
fundada em pressupostos iniciais, enfatiza a interpretação em contexto, o que deve levar a
uma apreensão mais completa do objeto; viabiliza generalizações naturalísticas para
possibilitar a associação de dados da investigação com os da experiência própria do
pesquisador; procura representar os diferentes e conflitantes pontos de vista decorrentes da
situação-problema utilizando uma linguagem e uma forma mais acessível do que outros
relatórios de pesquisa.
Para Rizziniet al (1999, p.29), o estudo de caso é sempre bem delimitado e singular, o que
reduz a possibilidade de generalizações dos resultados para outras situações. O interesse
no caso é justamente naquilo que ele possui de particular e único, mesmo que
posteriormente apresente certas semelhanças com outros casos.
A literatura traz uma série de termos relativos à pesquisa baseada na participação e
envolvimento do pesquisador (pesquisa-ação/participativa/participante-ação participativa) e
que podem ser utilizados como sinônimos, denotando um esforço de diferenciação que pode
ser teórica ou metodológica. Neste estudo, adotamos o termo pesquisa participativa (PP)
compactuando com Demo (1995, p.30-89) que a considera uma “proposta metodológica
fundamental e necessária para mudar a realidade”.
59
O autor aponta alguns êxitos deste tipo de pesquisa: a união de teoria e prática, por
entender que a prática é necessidade da teoria e, também, produtora de conhecimento; a
conjugação de saber e mudar, por valorizar o engajamento de pesquisadores e professores,
consorciando o saber popular com outros saberes, de modo a criar bases mais realistas de
processos emancipatórios; a crítica ao atrelamento da ciência ao poder, por questionar o
elitismo da ciência e à propalada neutralidade desta para acobertar intencionalidades
obscuras; a percepção pelo “aprender a aprender”, por enaltecer o aspecto construtivo.
A partir desta ótica, as instituições escolarizadas não são concebidas como um mero espaço
ou local de aplicação de propostas e de coletas de dados, mas segundo Campos (1984,
p.65) como “possibilidade de modificar a prática concretamente seguida por elas”, uma vez
que os professores ao participarem da pesquisa ampliam suas condições de continuar o tipo
de trabalho realizado. “A proposta, é gerar um novo tipo de saber, a ser continuamente
construído por todos os envolvidos em sua prática, um saber democrático não só na sua
construção, mas também na difusão e utilização” (RIZZINI, 1999, p.40).
Pesquisadores Acadêmicos e Pesquisadores Comunitários tornam-se, então, parceiros de
investigação da realidade e da realização da ação educativa sobre ela, compartilham
conhecimentos que trazem de suas diferentes experiências sócio-históricas com o objetivo
de promover pela ação-relexão-ação as transformações na realidade socioambiental que
investigam (BRANDÃO, 2005, p.260-266).
A ação desencadeada pelo processo de pesquisa-ação, conforme já mencionado, pode ser
de caráter prático, educativo, comunicativo, político, cultural etc., e ser originada e
desenvolvida no decorrer do processo de pesquisa, em função das necessidades
encontradas, e não ao seu término, como ocorre usualmente em outros tipos de pesquisa.
Esta pesquisa-ação pode ser definida como colaborativa definida por Toledo et al (2013):
“A compreensão de todo o processo desta pesquisa-ação de natureza
colaborativa se baseia nas relações entre cada um dos participantes, isto é,
(professora-pesquisadora, alunos, professores coordenadores, direção) em
que o conceito de “colaboração” baseia-se na igualdade de oportunidades
dos
participantes
da
interação
em
colocar
em
discussão
sentidos/significados, valores e conceitos que vêm embasando suas ações,
escolhas, dúvidas e discordâncias” (DIAS, 2003, p. 54).
3.2 ÁREAS DE ESTUDO
Ao todo a pesquisa envolveu uma Instituição de Ensino Superior, a UNIVALI, com foco
investigativo no curso de Engenharia Ambiental associado a algumas análises sobre os
60
cursos de Oceanografia, Ciências Biológicas, Engenharia Civil; e cinco estações ou
coletivos de formação em Permacultura conforme descritos a seguir:
• UNIVALI – Curso Engenharia Ambiental
A instalação da Universidade do Vale do Itajaí, em 21 de março de 1989, foi, na verdade,
sequência natural da trajetória da Educação Superior em Itajaí (SC) e na região. Esta
história iniciou em 1964. De 16 de setembro deste ano data o registro do primeiro
documento oficial da “Sociedade Itajaiense de Ensino Superior.”48 No dia 22 de setembro de
1964 a Sociedade deixa de ser iniciativa privada para tornar-se, via Lei Municipal, uma
instituição pública. (UNIVALI)
Pelas demandas de mercado, com a qualidade e a competência que lhe são peculiares, a
Univali lançou, em agosto de 1998, o curso de Engenharia Ambiental. Já o de Ciências
Biológicas foi implementado no primeiro semestre de 1998, o de Engenharia Civil em 1997
no segundo semestre e o de Oceanografia, o mais antigo, em 1992 também no segundo
semestre; todos vinculado ao CTTMar - Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar.
Desde então, os cursos tem se preocupado em oferecer aos seus acadêmicos uma
formação que, além de apresentar solidez teórica e metodológica, também esteja atenta às
realidades contemporâneas.
A inclusão dos cursos de Engenharia Civil, Ciências Biológicas e Oceanografia na pesquisa,
se deram em razão de: os cursos pertencem ao mesmo centro – CTTMar; há uma
aproximação teórico-metodológica pela inserção de docentes que trabalham nos cursos em
questão e participam das discussões dos PP no processo de formação continuada; alguns
dos entrevistados são egressos da UNIVALI em algum desses cursos e estão envolvidos
com as técnicas e metodologias da Permacultura, com a ecologia em si e com a
bioconstrução. Outro fator importante é a aposta teórica de que a visão transdisciplinar pode
extrapolar o curso de Engenharia Ambiental e envolver outros cursos de formação inicial,
potencializando a interação e o fortalecimento da ecoformação.
• Çarakura
O Instituto ÇaraKura é uma organização não governamental (ONG), fundada em 11 de
março de 2007, qualificada como utilidade Pública Municipal. É formado por estudantes e
profissionais das áreas da pedagogia, medicina, engenharias, direito, arquitetura, geografia,
48
“A Sociedade Itajaiense de Ensino Superior – SIES –, originou-se em 5 de novembro de 1962, Dia
da Cultura, a partir de uma mudança estatutária na Sociedade Professor Flávio Ferrari – SPFF, que
havia sido fundada em 8 de maio de 1950.” UNIVALI. Site Univali. Disponível em: <http://univali.br>.
Acesso em: 08 nov. 2012.
61
biologia, sistemas de informação, nutrição, artes plásticas e cênicas e outros, contando
atualmente com 20 associados efetivos e 15 associados colaboradores.
O Instituto ÇaraKura tem por finalidade desenvolver projetos de Educação Ambiental e
ações referentes à pesquisa científica e tecnológica que facilitem a aplicação de tecnologias
sociais, ou seja, simples, eficientes, de baixo custo e baixo impacto ambiental, aplicáveis
principalmente na construção de habitações ecológicas, utilização de energias renováveis,
recuperação de áreas degradadas, manejo e uso do bambu, agricultura ecológica, sistemas
alternativos de saneamento básico e outras iniciativas que possam fomentar o
desenvolvimento sócio-ambiental sustentável, bem como a valorização e resgate dos
conhecimentos ancestrais.
Sua sede localiza-se no Sítio ÇaraKura, futura Reserva do Patrimônio Natureza, (RPPN),
situado no Canto do Moreira, distrito de Ratones, no início do Caminho Histórico
Ratones/Costa da Lagoa. O Caminho Histórico Ratones/Costa da Lagoa foi tombado como
Patrimônio Histórico Municipal em janeiro de 2002 e liga as duas maiores bacias
hidrográficas de Florianópolis (SC): O Rio Ratones a Lagoa da Conceição.
Os projetos e práticas pedagógicas desenvolvidos pelos membros do Instituto ÇaraKura já
beneficiaram mais de cinco mil crianças e jovens. As atividades propostas buscam
desenvolver o aprimoramento das habilidades humanas, associadas à recuperação e
proteção dos ambientes naturais; tendo por objetivo a experimentação de sistemas
sustentáveis, que permitam uma relação harmônica dos seres humanos com a natureza,
promovendo a sensibilização e principalmente a participação ativa das crianças, jovens e
adultos em atividades éticas ligadas ao uso sustentável dos recursos naturais.
• Colmeia
O Projeto da Casa Colmeia foi iniciado em fevereiro de 2009 pela família de artistas e
designers de permacultura Juliano Riciardi, Teresa Dominot e seu filho Tiê, que a
idealizaram e a construíram com as próprias mãos, no litoral sul Catarinense. Ela está
localizada na Praia da Garopaba do Sul, uma região esplêndida por natureza a 150 km ao
sul de Florianópolis (SC), no município de Jaguaruna (SC), próximo ao Cabo do Farol de
Santa Marta.
No principio a ideia era simples, bioconstruir uma moradia ecológica em um espaço de 600
[m²] utilizando-se dos princípios da Permacultura, para acolhê-los, e que ela provesse todas
as necessidades básicas da família: abrigo, alimentos, energia, cultura, recursos, saúde e
bem estar.
62
Neste pequeno espaço construíram hortas mandalas e canteiros medicinais, agrofloresta,
banheiros secos, fornos, secadores e aquecedores solares, cozinha caipira com fogão a
lenha, cercas vivas, bioconstruções com tetos vivos, alojamento para voluntários, biblioteca
e videoteca, oficina de arte-reciclagem, composteiras, minhocário, filtros biológicos,
captação de água, viveiro de mudas e área de lazer.
Hoje passados apenas 3 anos a família conseguiu alcançar ainda mais que o sonho
pretendido em seu inicio. A casa se transformou em uma casa auto-sustentável. Isso quer
dizer que a casa gera para a família e as pessoas que nela convivem, atividades, energias,
alimentos, recursos diversos e um rico ambiente de aprendizado que se irradia cada vez
mais, inspirando outras pessoas interessadas em viver um estilo de vida semelhante e
sustentável.
• Instituto Anima49
O que é o Instituto Anima de Cultura Sustentável? Anima significa animar, ativar, em Latim:
alma, astral, o jeito claro das coisas, o lado sensível da vida, o feminino no masculino, a
intuição, uma música do Milton Nascimento cantada também pelo Uakti e a Leila Pinheiro.
O Instituto Anima tem sua sede no “Sitio Cristal Dourado - Espaço Terapêutico Pulsar” com
estágios, atendimentos terapêuticos, chás, produção de alimentos orgânicos, música,
artesanato, yoga, neo-xamanismo, cursos, palestras, consultorias, redes da net, ecofeiras,
entre outras riquezas e preciosidades
“Na Esfera Agrícola e Ambiental: Formamos projetos de reciclagem de resíduos e de
paisagismo não somente estético, mas permacultural, que alimente e proteja os ambientes e
residências, e incentivando a formação de hortas e pomares orgânicos. Também atuamos
na construção de fogões e lareiras ecológicas, telhados verdes, bioconstrução com bambu,
pau-a-pique, costaneira, eucalipto, adobe e tijolo. Podemos estruturar ações de recuperação
de áreas degradadas e programas em educação ambiental e de melhoria da qualidade em
recursos humanos e serviços em escolas, associações, políticas públicas e empresas.
Estamos também impulsionando a viabilidade de várias ecovilas no Brasil. Para isso
fornecemos assistência técnica em fazendas, sítios, empresas e cursos diversos.
49
SCHORR, Mauro. Instituto Anima de Desenvolvimento e Cultura Sustentável. Sitio Cristal Dourado e
Espaço Terapêutico Pulsar. Disponível em: <www.institutoanima.org>. Acesso em: 06 maio 2013.
63
Na Esfera Terapêutica e Nutricional: Temos uma equipe que atua na abordagem holística na
área da saúde, sobretudo utilizando abordagens avançadas como estudo dos chacras e do
campo energético, iridologia, massagem e terapia corporal com shiatzu, ayurvédica,
bioenergética, renascimento, cura prânica e quântica, com prescrição de dietas balanceadas
e alimentos nutritivos naturais, incluindo a fitoterapia, hidroterapia, aromaterapia, uso de
pedras, cristais e florais de bach, entre outros”.
Mauro Schorr e Maristela Regina Ogliari Schorr
Instituto Anima de Desenvolvimento e Cultura Sustentável
Sitio Cristal Dourado e Espaço Terapêutico Pulsar
Prêmio Fritz Müller 2009 - Governo do Estado de SC
Sites: www.institutoanima.org e www.permaculturabr.ning.com
Produtos: http://permaculturabr.ning.com/group/InstitutoAnima/forum/topics/cooperativa-doinstituto-anima
• Comissão de Permacultura e Agroecologia
A Comissão de Permacultura e Agroecologia de Itajaí-SC que teve tão importância em 2007
com alguns cursos e iniciando um ciclo de Feiras Orgânicas em Itajaí, que na época era um
grupo dentro da ONG – Voluntários pela Verdade Ambiental (V Ambiental), uma
organização não-governamental. Este coletivo foi reativado após o “Curso de Permacultura:
Por uma Vida Sustentável”, uma introdução sobre a permacultura, realizado nos dias quatro
e cinco de julho de dois mil e onze, junto a UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí (SC) no
Laboratório de Gestão e Valoração de Resíduos – LGVR, junto aos parceiros da Sala Verde
e do Laboratório de Educação Ambiental – LEA; e outros parceiros locais.
O grupo se reúne periodicamente buscando organizar mutirões de divulgações das práticas
permaculturais. Para juntos fortalecer este contato com a essência transformadora que
estas vivências proporcionam à vida cotidiana de cada ser pensante, lidando de maneira
sustentável e consciente.
Atualmente está ligado diretamente e indiretamente com os sítios Vale do Encano, Espaço
Ecológico Macacos, Espaço Rural Clarear50 e Estância Harmonia. E conectados com o
Laboratório de Educação Ambiental; Sala Verde Itajaí51 - Observatório de Educação, Saúde,
Cidadania e Justiça Socioambiental do Vale do Itajaí – SC; Laboratório de Gestão e
50
ESPAÇO RURAL CLAREAR. Disponível em:<http://www.espacoruralclarear.com.br/>. Acesso em:
08 nov. 2012.
51
SALA VERDE ITAJAÍ. Disponível em:<http://www.salaverdeitajai.blogspot.com.br/>. Acesso em: 08
nov. 2012.
64
Valorização de Resíduos; Triambakam52 - Arte, Ciência e Espiritualidade; e com o projeto “O
Q Somos”53; ONG IDEIA54; e o Centro Público de Economia Solidária de Itajaí (SC).55
• Yvy Porã
“Yvy Porã, como espaço coletivo, nasceu em agosto de 2003, depois de muitos meses de
conversas, formando um grupo, buscando a terra, etc. São 7 pessoas que iniciaram o
processo, todos permacultores. Até o final de 2006 basicamente estivemos convivendo e
partilhando o espaço coletivo, fizemos um design amplo, contemplando os locais para as
possíveis zonas 1 de cada família- tanto das nossas que iniciamos o projeto, como de outras
que poderão vir. Nestes anos observamos, interagimos com o mínimo impacto, plantamos
muitas árvores, vivenciamos estações, regularidades, etc. Compartilhamos nossas vidas.
Jorge Timmermann e Suzana Maringoni formam um casal de permacultores. Ele é biólogo,
permacultor diplomado por Bill Mollison como Permaculture Teacher, e vem dando cursos
no Brasil desde 1998. Foi um dos fundadores do Instituto de Permacultura Austro-Brasileiro
(IPAB), que depois se transformou na Rede Permear. Ela é educadora, permacultora,
trabalha com educação fundamental na escola Autonomia de Florianópolis (SC)56, e também
com Educação de jovens e adultos no campo (PRONERA -UFSC, Saberes da Terra) e
ainda na formação de educadores, tanto na rede Permear, na Autonomia e no I Terra (RS).
Numa área de 82 hectares, sendo 10 ha de pastagens e 72 ha de mata atlântica em
recuperação passamos agora a ter um espaço para esta convivência. Os participantes de
Yvy Porã são: Antonio Carlos Mariani; Bárbara Giese; Edla Maria Faust Ramos; Jorge
Roberto Timmermann; José Carlos Ramos; Suzana Martins Maringoni”.
3.3 COMITÊ DE ÉTICA
Segundo site57 da universidade: “O Comitê de Ética em Pesquisa da Univali (CEP/Univali) é
um colegiado interdisciplinar e independente, criado para defender os interesses e direitos
dos sujeitos de pesquisa em sua integridade e dignidade. É um órgão que contribui para o
desenvolvimento de pesquisa científica dentro de padrões éticos. Foi instalado através da
Portaria nº. 110/97. Em 1999, a Resolução 109 do Consepe aprovou o regulamento do
Comitê e ampliou seu alcance. Assim, hoje, o CEP/Univali julga, acompanha e avalia
52
TRIAMBAKAM. Disponível em:<http://www.triambakam.com.br>. Acesso em: 08 nov. 2012.
OQSOMOS. Disponível em:<http://www.oqsomos.com.br/>. Acesso em: 08 nov. 2012.
54
ONG IDEIA. Disponível em:<http://ideiasc.org.br/>. Acesso em: 08 nov. 2012.
55
CEPESI. Disponível em:<http://www.cepesi.org.br/>. Acesso em: 08 nov. 2012.
56
ESCOLA AUTONOMIA. Escola Autonomia de Florianópolis (SC). Disponível em:
<www.autonomia.com.br>. Acesso em: 08 nov. 2012.
57
UNIVALI. Comitê de Ética em Pesquisa da Univali. Disponível em: <http://www.univali.br/etica>.
Acesso em: 08 nov. 2012.
53
65
propostas
de pesquisa que
envolva
seres humanos, animais
ou aspectos de
biossegurança”.
Em função das proporções da pesquisa, as quais ultrapassam o protocolo (ERASMUS,
2012) e principalmente por envolver seres humanos. Foi preenchido o cadastro e
encaminhado o trabalho de conclusão de curso para a Plataforma Brasil – que é uma base
nacional e unificada de registros de pesquisas envolvendo seres humanos para todo o
sistema CEP/Cone. “Ela permite que as pesquisas sejam acompanhadas em seus
diferentes estágios - desde sua submissão até a aprovação final pelo CEP e pela Conep,
quando necessário - possibilitando inclusive o acompanhamento da fase de campo, o envio
de relatórios parciais e dos relatórios finais das pesquisas quando concluídas”.58
3.4 COLETA DE DADOS E INSTRUMENTOS
A caminhada metodológica foi composta de 04 etapas interdependentes e complementares,
apresentadas a seguir:
3.4.1
ETAPA 1 – A Pesquisa documental e Participação PDC
A pesquisa documental constitui uma técnica importante na pesquisa qualitativa, seja
complementando informações obtidas por outras técnicas, seja desvelando aspectos novos
de um tema ou problema (LUDKE e ANDRÉ, 1986). Esta etapa consistiu em realizar:
•
Revisão da literatura disponível sobre o tema;
•
Análise documental
o
Projeto Pedagógico (PP): na Engenharia Ambiental da Univali;
o
Referências: Curso de Design em Permacultura (PDC);
o
Dos Perfis, Campos de Atuações e Vocações: dos Cursos de Ciências
Biológicas, Engenharia Ambiental, Engenharia Civil e Oceanografia do
CTTMar da Univali em Itajaí-SC;
o
Matriz Curricular: Compreensão das ementas dos Planos de ensino dos
docentes das disciplinas que compõe a Matriz Curricular do curso de
Engenharia Ambiental do CTTMar da Univali em Itajaí-SC.
Foi realizado um Curso de Design em Permacultura. Neste vivenciei e descrevo os
principais pontos e reflexões; ao utilizar as técnicas de observação participante, pois se
realiza por meio do contato direto do pesquisador com o fenômeno observado para obter
58
MS,
Ministério
da
Saúde.
Plataforma
Brasil.
Disponível
<http://aplicacao.saude.gov.br/plataformabrasil/login.jsf>. Acesso em: 05 nov. 2012.
em:
66
informações sobre a realidade do contexto onde está inserido, estabelece uma relação face
a face. Nesse processo, ele, ao mesmo tempo, pode modificar e ser modificado pelo
contexto. A importância desta ferramenta reside no fato de podermos captar uma variedade
de situações ou fenômenos não obtidos por meio de questionários e entrevistas. (MINAYO,
2003, p.59)
Segundo Martins (2001 pp.47-58) o mérito principal de uma descrição:
“não é sempre a sua exatidão ou seus pormenores, mas a
capacidade que ela possa ter de criar uma reprodução tão clara
quanto possível para o leitor da descrição. Poderá haver tantas
descrições de uma mesma coisa quantas sejam as pessoas
especialistas que vejam essa mesma coisa.”
•
Diário de Campo
Em seu contexto histórico, segundo as Muller e Marques (2008) o diário de campo pode ser
descrito nos seguintes itens:
•
Registros muito antigos, práticas cotidianas, viagens e experimentos.
Cronologicamente falando, o diário de campo é o primeiro instrumento da metodologia de
investigação-ação (FALKEMBACH, 1998 apud PINTO, 1989). Como Método de Pesquisa
Científica:
•
•
Um Diário no sentido estrito do termo.
Diário de Campo – Uso em pesquisa
Também chamado como Diário de Bordo, Notas de Campo; Nada mais é, que um
Instrumento de Anotações, um caderno com espaço suficiente para anotações, comentários
e reflexão, para uso individual do investigador no seu dia-a-dia. Nele se anotam todas as
observações de fatos concretos, fenômenos sociais, acontecimentos, relações verificadas,
experiências pessoais do investigador, suas reflexões e comentários. Ele facilita criar o
hábito de escrever e observar com atenção, descrever com precisão e refletir sobre os
acontecimentos.
3.4.2
ETAPA 2 – Definição dos indicadores
Nessa etapa fez-se o uso dos dez principios da ecoformação segundo Torre (2008, p. 1920), os cinco pilares sobre a sustentabilidade educadora citada pelo Alves et al. (2010) e os
princípios da permacultura (HOLMGREN, 2007) como categorias de análise para avaliar os
possíveis diálogos entre a formação curricular de um Engenheiro Ambiental e da
Permacultura. Citados abaixo:
67
Decálogo sobre Transdisciplinariedade e Ecoformação (Torre, 2008, p. 19-20):
1.
Supostos ontológicos, epistemológicos e metodológicos do olhar transdisciplinar;
2.
Projeção tecnocientífica: o campo da religação dos saberes;
3.
Projeção ecossistêmica e de meio ambiente: Relação ecológica sustentável;
4.
Projeção social: Consequências de ma cidadania planetária;
5.
Convivência e desenvolvimento humano sustentável: Visão axiológica e de valores
humanos;
6.
Projeção das políticas trabalhistas e sociais: Satisfação das necessidades humanas;
7.
Projeção no âmbito da saúde e da qualidade de vida: Em busca da felicidade;
8.
Projeção nas reformas educativas: Formar cidadãos na sociedade do conhecimento;
9.
Projeção da educação: Responder a uma formação integradora, sustentável e feliz;
10. Projeção das organizações no estado de bem-estar: Auto-organização e dimensões
ética e social.
Sustentabilidade Educadora (ALVES et al., 2010):
1.
Comunidade
2.
Identidade
3.
Diálogo
4.
Potência de ação
5.
Felicidade
Princípios da Permacultura (HOLMGREN, 2007):
Éticos: Cuidar da Terra, das Pessoas e Limitar o consumo e compartilhar os recursos e
capacidades
Design: 1.Observe e interaja. 2.Capte e armazene energia. 3.Obtenha rendimento.
4.Pratique a auto-regulaçãoe aceite feed back. 5.Use e valorize os serviços e recursos
renováveis. 6.Não produza desperdícios. 7.Design partindo de padrões para chegar aos
detalhes. 8.Integrar ao invés de segregar. 9.Use soluções pequenas e lentas. 10.Use e
valorize a diversidade. 11.Use as bordas e valorize os elementos marginais. 12.Use
criativamente e responda às mudanças.
3.4.3
ETAPA 3 – Entrevistas e Ouvidoria
Geralmente a entrevista é indicada para buscar informações sobre opinião, concepções,
expectativas, percepções sobre objetos ou fatos; ou ainda para complementar as
68
informações sobre fatos ocorridos que não puderam ser observados pelo pesquisador, como
acontecimentos históricos ou em pesquisa sobre história de vida. (MANZINI, 2012)59
Foram realizadas entrevistas semi estruturadas, perguntas de acordo com a pesquisa
documental “etapa 1”, com coordenadores dos cursos envolvidos, professores das
disciplinas selecionadas na “etapa 2”, acadêmicos da Univali (grupo focal), egressos dos
diferentes cursos, gestores das estações permaculturais, facilitadores e permacultores
(grupo focal), com o objetivo de identificar as percepções dos sujeitos da pesquisa sobre as
possibilidades dos diálogos propostos nos objetivos da presente pesquisa.
O grupo focal segundo Borges e Santos (2005), é uma dentre as várias modalidades
disponíveis de entrevista grupal e/ou grupo de discussão. Os participantes dialogam sobre
um tema particular, ao receberem estímulos apropriados para o debate (RESSEL et. al.,
2008). Para Perosa e Pedro (2009), é uma forma de coleta de dados diretamente por meio
da fala de um grupo, que relata suas experiências e percepções em torno de um tema.
Assim, o grupo focal é uma técnica para a exploração de um tema pouco conhecido,
visando o delineamento de pesquisas futuras e a produção de sentido e significados sobre
determinado tema, pois sua orientação está voltada para a geração de hipóteses, e
desenvolvimento de modelos e teorias.
De acordo com Thompson (1992), a preparação para uma boa entrevista segue alguns
passos, corroborados com o relato da experiência pessoal do Niebuhr60:
As principais regras de ouro: “escutar e não impor suas idéias”. Preparar as informações
básicas, um pesquisador desinformado, e mal preparado, causa desconforto ao
entrevistado, pois não consegue estabelecer relação entre o presente e o passado,
construindo pontes para o fluir da memória; As perguntas devem ser bem específicas e bem
fundamentadas; Conhecimento das práticas e terminologias locais; A entrevista deve fluir,
não controlá-la, mas orientá-la, cabe ao entrevistador, encaminhar a entrevista com
tranquilidade. Perguntas são necessárias, e apontam para uma direção, por isso a
importância do planejamento; Perguntas devem ser simples e cabe ao entrevistador
incentivar respostas; Realizar perguntas abertas, para proporcionar a livre expressão, aqui o
entrevistador, possibilita ao entrevistado ampliar sua resposta, criando possibilidades para
novas perguntas. Evite expressar suas opiniões.
59
MANZINI, E.J. Entrevista semi-estruturada: análise de objetivos e de roteiro. Disponível em:
<http://www.sepq.org.br/IIsipeq/anais/pdf/gt3/04.pdf>. Acesso em: 10 maio 2012.
60
NIEBUHR,
M,.Documento
oral
como
pesquisar.
Disponível
em:
<http://www.brusque.sc.gov.br/enciclopedia/index.php/Documento_oral_como_pesquisar>
Acesso
em: 05 nov. 2012.
69
O personagem é o entrevistado, o centro da atenção do pesquisador. A entrevista não é
uma conversa ou um “bate-papo”, comparando opiniões ou discordando de pontos de vista.
Busque perguntas que obriguem uma resposta e que desencadeiem lembranças. O
entrevistador pode levar consigo “auxílios” para a memória, como: fotografias, recortes de
jornais, documentos, etc.
O lugar da entrevista é negligenciado por muitos pesquisadores, e somente após a
entrevista, percebem as consequências deste ato. O lugar deve ser agradável ao
entrevistado, no entanto o pesquisador não pode deixar de estar atento aos ruídos como
transito intenso, que podem prejudicar a gravação, assim como o gorjear de um belo
canário, ou uma desleal concorrência com um rádio e televisão próxima ao local da
entrevista. Entrevistas coletivas exigem mais cuidados, neste caso, a entrevista pode
apresentar dificuldades para transcrição.
Informações ditas em confiança devem ser respeitadas, pois a ética do trabalho está em
primeiro lugar. Inclusive um roteiro semi estruturado com os principais temas foi
encaminhado para todos os entrevistados, sendo agendado um horário de acordo com
ambas as necessidades.
Outros instrumentos utilizados na coleta de dados, sendo que neste momento destaca-se:
Gravação Direta: É o processo de captura de dados ou tradução de informação para um
dispositivo de armazenamento, que pode ser tanto analógico como digital. Dentre as formas
mais recentes estão às pinturas rupestres, as runas61 e os ideogramas62. A tecnologia
continuamente fornece maneiras para que o ser humano represente, grave e expresse seus
pensamentos, sentimentos e experiências.
Para esta gravação em vídeo, foram utilizados duas câmeras digitais. Uma fixa, e outra
móvel, possibilitando outros ângulos e efeitos. Estas gravações tiveram permissão prévia,
inclusive com o TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido). Além de uma terceira
câmera profissional, quando um amigo teve disponibilidade (40% das entrevistas).
Transcrição: Uma transcrição de documento, também conhecida como de gravação,
consiste no serviço de colocar no papel todo o conteúdo encontrado em áudio ou vídeo.
Neste caso será feita com todas as entrevistas uma transcrição integral, onde todo conteúdo
61
As runas são um conjunto de alfabetos relacionados que usam letras características (também
chamadas de runas) e eram usadas para escrever as línguas germânicas, principalmente na
Escandinávia
e
nas
ilhas
Britânicas.
WIKIPEDIA.
Runas.
Disponível
em:
<pt.wikipedia.org/wiki/Runas>. Acesso em: 08 nov 2012.
62
É um símbolo gráfico utilizado para representar uma palavra ou conceito abstrato. WIKIPEDIA.
Ideograma. Disponível em: <pt.wikipedia.org/wiki/Ideograma>. Acesso em: 08 nov. 2012.
70
é transcrito, inclusive os erros cometidos e não corrigidos, repetições, hesitações, risadas,
pausas, assim como quaisquer outras coisas que normalmente são desconsideradas na
língua portuguesa. Após será encaminhado para os entrevistados para analisarem seu
próprio discurso e acrescentar pontos e vírgulas caso haja a necessidade.
Disponibilidade: apresentar publicamente, se permitido pelos entrevistados, as gravações e
transcrições. Assim possibilitam-se outras pesquisas e estudo. Neste caso, como um
software livre63. Por consequência no futuro co-criar com outros projetos e sonhos.
Após a gravação, transcrição e devolução (feedback) dos entrevistados foi realizada a
análise de conteúdo dos dados quantitativos relativos aos registros de cada etapa e das
atividades realizadas e os dados coletados por meio das observações, interpretações dos
resultados qualitativos e análise do processo.
A técnica de análise de conteúdo como prevê Trivinos (1987), foi desenvolvida em três
fases: primeiro, a pré-análise; depois a exploração do material; e, por último o tratamento
dos dados. O que se busca então através deste artifício, é o aprofundamento do tema da
pesquisa, desvelando a complexa rede de relações que envolvem a realidade social dos
sujeitos. Constitui uma metodologia de pesquisa usada para descrever e interpretar o
conteúdo de toda classe de documentos e textos conduzindo a descrições sistemáticas,
qualitativas ou quantitativas possibilitando a reinterpretação das mensagens para atingir
uma compreensão de seus significados num nível maior. Faz parte de uma busca teórica e
prática, com um significado especial no campo das investigações sociais. Constitui-se em
bem mais do que uma simples técnica de análise de dados, representando uma abordagem
metodológica com características e possibilidades próprias.
Fairclough (2008, p.27-28) apud Oliveira, (2009) destaca que as práticas discursivas além
de contribuírem para mudar o conhecimento, crenças e o senso comum, provocam
transformações também nas relações sociais e nas identidades sociais, alertando para o
fato de que “as relações entre a mudança discursiva, social e cultural não são transparentes
para as pessoas envolvidas”.
Ainda na terceira etapa, foi criado um espaço virtual para as redes sociais, estações de
permacultura e para as instituições de ensino superior, as quais o autor está conectado, por
representar na Executiva Nacional dos Estudantes de Engenharia Ambiental – ENEEA64, a
63
Software Livre, ou software aberto é qualquer programa de computador cujo código-fonte deve ser
disponibilizado para permitir o uso, a cópia, o estudo e a redistribuição. FSF. Free Software
Foundation. Disponívelem: <http://www.fsf.org/>. Acesso em: 08 nov. 2012
64
ENEEA.
Executiva
Nacional
de
Engenharia
Ambiental.
Disponível
em:
<http://eneeabrasil.wordpress.com/>. Acesso em: 08 nov. 2012.
71
Diretoria de Pesquisa e Extensão, gestão 2011-2013. Denominou-se Ouvidoria, por buscar
informalmente referências para este possível diálogo e a opinião entre acadêmicos,
profissionais e permacultores.
Abaixo imagem Figura 11 - Ouvidoria: Diálogo - Permacultura e Academia, enviada junto
com uma explicação sobre o trabalho de conclusão de curso, unido aos objetivos propostos:
Figura 11 - Ouvidoria: Diálogo - Permacultura e Academia
FONTE: autor, 2012
3.4.4
ETAPA 4 - Análise dos dados
Qualquer resultado em investigação é relativo a uma problemática, ao esquema teórico no
qual se baseia direta ou indiretamente e à metodologia através da qual foi obtida. Portanto
nesta etapa são interpretadas e conectadas as falas e discussões realizadas no decorrer da
pesquisa com as categorias de análise pré-definidas com base nos textos de referencia por
meio da observação e interpretação dos resultados apartir dos indicadores e das categorias
emergidas.
As diferentes etapas que compõem esta pesquisa podem ser assim representadas, pelo
“APÊNDICE A”, que compõe de um mapa conceitual.
72
4 R ESULTADOS E DISCUSSÃO
Inicio esta discussão ao apresentar os processos cognitivos, com intuito de trazer uma
reflexão sobre a continuação dos resultados e discussão. Após, introduzo o diário de campo,
relatando sobre minha experiência com o Curso de Design em Permacultura (PDC). Em
sequência apresento os indicadores, em seguida uma re-leitura no PP. Então, a parte das
entrevistas interconecta as discussões frente ao processo formativo.
4.1 PROCESSOS COGNITIVOS
Entender os processos históricos não é uma atividade simples e fácil. Conforme a “lente”
que utilizamos, visualizamos a realidade de uma determinada forma. Muitas pessoas,
principalmente na academia, insistem que existe uma linha clara que separa a ciência da
ideologia, dos interesses e das determinações econômicas, políticas e sociais. A ciência a
nós é colocada como o verdadeiro “lócus” da neutralidade.
Desta forma, trago a reflexão de três diferentes paradigmas de concepção de mundo: o
idealismo, o mecanicismo e o interacionismo (SCHAFF, 1978).
A construção mecanicista da teoria do reflexo, segunda esta concepção, o objeto do
conhecimento atua sobre o aparelho perceptivo do sujeito que é um agente passivo,
contemplativo e receptivo; o produto deste processo – o conhecimento – é o reflexo, a cópia
do objeto, reflexo cuja gênese está em relação com a ação mecânica do objeto sobre o
sujeito.
Desta forma, compreende-se que a relação cognitiva é o de registrar estímulos vindos do
exterior, papel semelhante ao de um espelho. As diferenças entre as imagens da realidade
percebida reduzem-se as diferenças individuais ou genéricas do aparelho perceptivo.
Historicamente, está principalmente associada com as diversas correntes do pensamento
materialista, pois pressupõe “necessariamente o reconhecimento da realidade do objeto do
conhecimento e interpretação sensualista e empírica da relação cognitiva” (ibidem).
Se, no primeiro modelo, passivo e contemplativo, a predominância na relação sujeito-objeto
volta ao objeto, é o contrário que se produz segundo o modelo idealista e ativista: a
predominância, se não a exclusividade, volta ao sujeito que conhece, que percebe o objeto
do conhecimento como sua produção. Advindo de diversas filosofias subjetivistas-idealistas
e cognitiva: “a atenção está centrada sobre o sujeito a quem se atribui o mesmo o papel de
criador da realidade. Certamente neste modelo, em contradição com a experiência sensível
73
do homem, o objeto do conhecimento desaparece, mas o papel do sujeito ganha mais
importância”.
No terceiro modelo, interacionista, contrariamente ao modelo mecanicista, é atribuído aqui
um papel ativo ao sujeito, submetido por outro lado a diversos condicionamentos, em
particular às determinações sociais, que introduzem no conhecimento uma visão da
realidade socialmente transmitida. Propondo uma relação cognitiva na qual tanto o sujeito
como o objeto mantém a sua existência objetiva e real, ao mesmo tempo em que atuam um
sobre o outro.
É evidente que a escolha de um destes três modelos implica consequências importantes
para o todo da nossa atitude científica, em particular para a nossa concepção da verdade.
Aqui esclareço que o meu olhar é do terceiro modelo, o interacionista, esta interação
produz-se alguém que aprende o objeto na – e pela – sua atividade.
4.2 DIÁRIO DE CAMPO
A metodologia do diário de campo foi adaptada para o Curso de Design em Permacultura
(PDC), realizado entre os dias 10 a 19 de dezembro de 2012 como instrumento de
metodologia, no primeiro dia de curso, foi comentado com os demais comPÃOnheiros65.
Este curso teve formato de imersão, pois dormiu-se durante toda a programação lá no
espaço da Casa Colmeia, em Jaguaruna – SC. O Diário de campo completo pode ser lido
no (APÊNDICE – B).
No primeiro dia, teve a entrega de um princípio para até o final do dia expressar com o
corpo. Esta relação com o corpo é muito utilizada também em outras dinâmicas. A parte
“engenhosa” com as tecnologias sociais apropriadas: secador de frutas, telhado verde,
banheiro compostável, captação de água da chuva, fogão solar, espiral de ervas. Também
foi destaque. A diversidade das áreas do pessoal gerou uma construção de conhecimento
de vida, importantíssimo para um processo de aprendizagem. Lá busquei aprofundar na
essência, nas coisas em comum e não nas diferenças. Ficou claro que a Permacultura era
uma ciência de DESIGN, primeiro geográfico e depois ecológica. Muito foi falado sobre a
valorização dos Nativos – endógeno.
Me identifiquei com o Taoísmo, no sentido de buscar não falar nada e deixar fluir. Surgiu
uma frase de efeito, que o “Conhecimento consiste em crenças e o Saber em
experiências”. O estudo sobre a teoria de GAIA (Loverlock), organismo vivo. Teoria
65
Termo utilizado em uma das oficinas, utilizando uma relação de criação do pão com os amigos,
com os companheiros. Relatando a importância da relação com o alimento e da amizade.
74
Sistêmica. O que realmente engrandeceu foram os debates, as rodas de diálogos, as
conversas, filmes, documentários. E uma prática para consultorias (zoneamento, mapa de
declive, altímetro, radiestesia).
4.3 INDICADORES
Com o objetivo de se integrar os princípios, valores e conceitos chaves envolvidos nos
aportes teóricos da pesquisa, foi necessário definir alguns indicadores comuns a todos eles
e que tivessem abrangência suficiente para as analises categoriais pretendidas tanto no
campo da Permacultura como da Formação do Engenheiro Ambiental e demais profissionais
ambientais do CTTMar/UNIVALI.
A definição destes indicadores foi subsidiada através de uma re-leitura sobre os princípios
da permacultura, o decálogo sobre a transdisciplinaridade e ecoformação e a
sustentabilidade educadora, além de todas as referências bibliográficas, minha trajetória de
vida, vivências relacionadas à permacultura (PDC e outros cursos) e o Projeto Pedagógico
do Curso de Engenharia Ambiental. Na tabela abaixo sintetizo os elementos que compõe
cada indicador e que se tornaram categorias na pesquisa. Em relação ao PP – Projeto
Pedagógico, os itens assinalados, foram os que aparecem no perfil do acadêmico e/ou no
desenrolar do próprio documento.
Processo que resultou na escolha de cinco indicadores como fundamentais para uma
analise dos processos formativos em permacultura e em engenharia ambiental. Ressalta-se
que esta escolha leva em consideração, além dos referencias teóricos adotados, a vivencia
do pesquisador e sua percepção sobre os processos formativos aos quais participou tanto
no campo da Permacultura quanto da Engenharia Ambiental. Os indicadores definidos são
Transdisciplinaridade, Ecossistêmico, Ecoformação, Criatividade e Ética. A tabela a seguir
evidencia as relações possíveis entre os documentos básicos e os processos formativos.
75
Tabela 1 - Indicadores
Indicadores
Bases
teóricas
PP
Permacultura
Decálogo
TransD e
Ecoformação
Sustentabilidade
Educadora
Transdisciplinaridade
Pratique a autoregulaçãoe aceite
feed back
Design partindo
de padrões para
chegar aos
detalhes
Américo
Sommerman
Erich Jantsch
Basarab
Nicolescu
X
Integrar ao invés
de Segregar
Use e valorize a
diversidade
Ecoformação
Use as bordas e
valorize os
elementos
marginais.
Maria
Cândida
Moraes
Saturnino
de La Torre
Observe e
interaja
Ecossistêmico
Flor da
Permacultura.
Maria
Cândida
Moraes
Edgar Morin
Geraldo
Milioli
Pratique a autoregulaçãoe aceite
feed
backHolístico,
Não produza
desperdícios
Pensamento e
Teoria Sistêmica
Supostos
ontológicos,
epistemológicos e
metodológicos do
olhar
transdisciplinar;
Projeção
tecnocientífica: o
campo da religação
dos saberes
Projeção da
educação:
Responder a uma
formação
integradora,
sustentável e feliz
Projeção social:
Consequências de
uma cidadania
planetária
Projeção nas
reformas
educativas: Formar
cidadãos na
sociedade do
conhecimento;
Projeção
ecossistêmica e de
meio ambiente:
Relação ecológica
sustentável
Projeção das
organizações no
estado de bemestar: Autoorganização e
dimensões ética e
social.
Diálogo
Potência de ação
Identidade
Comunidade
Ético
Criatividade
76
Maria da
Gloria
Dittrich
Perma
Cultura
X
X
Use criativamente
e responda às
mudanças.
Expressão – (uso
do corpo/mente)
Cuidado com a
Terra, Cuidado
com as Pessoas,
Limitar o
consumo e
compartilhar os
recursos e
capacidades
Convivência e
desenvolvimento
humano
sustentável: Visão
axiológica e de
valores humanos
Projeção no âmbito
da saúde e da
qualidade de vida:
Em busca da
felicidade;
Felicidade
Fonte: Autor, 2013
De forma breve, foram apresentadas alguns pontos chaves que descrevem cada indicador
selecionado. Vale ressaltar, porém, que apesar de se constituírem em categorias individuais,
todas elas estão fortemente co-relacionadas, havendo vários pontos em comum entre uma
ou mais delas. Merece menção também o fato de que em cada uma delas, há um maior ou
menor grau de afinidade com cada referencial teórico adotado.
A Transdisciplinariedade e a Ecoformação foram descritas e comentadas no 2.5.
Ecossistêmico
O pensamento eco-sistêmico (MORAES, 2004) é um paradigma educacional, embasado na
ação do aprendiz sobre o mundo; na atuação sobre a realidade; no reconhecimento de sua
interação com o mundo e no desenvolvimento de diferentes diálogos que a pessoa
estabelece consigo mesma, com os outros, com a natureza e com o sagrado. Firma-se
sobre as dimensões construtivistas, interacionista, sociocultural, afetiva e transcendente.
Toda construção teórica (pensamento) traz consigo a história de quem a escreveu, a sua
maneira de pensar, de perceber a realidade, de interpretar e compreender os
acontecimentos da vida. Logo a maneira como nos relacionamos com a vida, é ÚNICA e
INTRASNFERÍVEL. Cada um constrói a realidade à sua imagem e semelhança.
Este pensamento ecológico-sistêmico é relacional (estabelece diálogo), interligado; indica
que tudo que existe co-existe e que nada existe fora das suas conexões e relações; vai além
da ecologia natural, mas engloba a cultura, a sociedade, a mente e o indivíduo. Mostra a
77
interdependência existente entre os diferentes domínios da natureza, a existência de
relações intersistêmicas que acontecem entre seres, indivíduos, contextos, educadores e
educandos.
A vida sistêmica prevê a interatividade e a interdependência existentes entre fenômenos
físicos,
biológicos,
psicológicos,
sociais
e
culturais.
Assim
entende-se
a
multidimensionalidade do ser humano e o papel do corpo como instrumento de mediação
das relações do homem com o mundo. Com a construção do conhecimento numa evolução
espiritual.
Criatividade
O fenômeno da criatividade humana, segundo Dittrich apud Torre et al (2011) está de certa
forma, ligado à espiritualidade humana. Aponta-se para o fenômeno da vida como
processos vital-cognitivos que levam o corpo-criante a viver a expansão e confirmação de
seu ser e fazer no mundo. Quando legitima, toca as profundezas do humano e lhe desperta
uma maneira de ser que procura, na criação ou na relação com o outro, sentido de viver, e
isto é vivencia de profundidade espiritual. A criatividade precisa, antes de tudo, ser
entendida como processo na liberação de uma energia que é a emoção de amor criante
para o desenvolvimento da razão transdisciplinar nas relações eu-outro-naturezatranscencência.
Ética
Sobre a ética da permacultura, foi citada no item 2.4.3, que consiste em (HOLMGREN,
2007, p.8):
•
•
•
Cuidado com a terra (solos, florestas e água)
Cuidado com as pessoas (cuidar de si mesmo, parentes e comunidade)
Partilha justa (estabelecer limites para o consumo e reprodução, e redistribuir o
excedente).
Com estes indicadores, fez-se uma releitura no Projeto Pedagógico do Curso de Engenharia
Ambiental e nos Planos de Ensino do respectivo curso. Para perceber as teorias e práticas
da mesma, e, também para selecionar um grupo de professores para as entrevistas.
4.3.1 RELEITURA DO PROJETO PEDAGÓGICO - ENGENHARIA AMBIENTAL
•
Transdisciplinar
Em relação à visão transdisciplinar foi encontrado em dois diferentes contextos:
Panorama do Mercado de Trabalho, Perfil do Egresso (UNIVALI, 2012, p.10):
78
“atuar numa visão transdisciplinar, de modo ético, crítico e criativo, na
gestão ambiental de empresas, indústrias e instituições públicas e privadas.”
Esta visão transdisciplinar está muito fragilizada em relação aos conteúdos, pois antes deve
ocorrer a interdisciplinaridade. A visão pode ocorrer pontualmente, entretanto não podemos
depender de uma disciplina para garantir esta visão. O ideal é ocorrer à atitude
transdisciplinar. Em relação à atuação, não cita ONGs. E este mercado de trabalho deve ser
alterado para sociedade. É citada visão transdisciplinar como sendo:
“Desta forma, entende-se que para atingir um perfil profissional que almeje
uma capacitação técnico-científica com visão transdisciplinar, somente a
inserção do aluno em atividades práticas do cotidiano profissional pode
permitir que este integre adequadamente os diferentes conteúdos,
abordagens e habilidades trabalhadas nas disciplinas do curso” (op. cit.,
2012, p. 21).
Capacitação tecno-científica, não é nem um pouco a visão transdisciplinar. Pois este nível
de capacitação é reducionista e fragmentada atualmente.
Estas atividades práticas, não garantem uma formação ou visão transdisciplinar. Projetos
que visem à interdisciplinaridade e atuem de forma transdisciplinar pode ser. Nosso sistema
é multidisciplinar, fechado, tempo aula/hora. Foi citada criação dialógica:
“Há um entendimento de que o fortalecimento da ação pedagógica do
ensino reside não só na comunicação e/ou transmissão do conhecimento,
mas também na criação dialógica desse espaço investigativo em relação à
prática exercida na academia, ampliando assim a tomada de consciência da
comunidade acadêmica acerca da sua ação/intervenção no contexto e uso
de diferentes estratégias. Buscam-se, também, novas formas de efetivar o
ensino e a aprendizagem inseridas num contexto de desenvolvimento de
habilidades e competências que envolvem o “aprender a aprender” (op. cit.,
2012, p.53).
Como este espaço investigativo tem se apropriado deste diálogo?
Abaixo sobre formação multidisciplinar e outros conceitos que constam no PP:
“A valorização da teoria e da prática é traduzida no processo de ensino e
aprendizagem pela parceria, troca de informações, confronto de pontos de
vista divergentes e pelo desenvolvimento de valores da cooperação e
negociação exercida nas diferentes atividades acadêmicas, para
asseguraras múltiplas funções do Engenheiro Ambiental do CTTMar que
serão exercidas na sociedade. Dentre elas, as principais vinculam-se ao
prevenir e resolver problemas ambientais, recorrendo tanto à tecnologia,
quanto a processos de gestão. Sua formação multidisciplinar habilita-o a
estabelecer estreitos diálogos com profissionais de outras áreas de atuação,
característica essa que lhe confere um importante papel na consideração
transdisciplinar das questões ambientais, onde poderá atuar: no controle da
qualidade ambiental (monitoramento); na gestão e tratamento de resíduos
sólidos; na prevenção à poluição da água, ar e solo; em sistemas de
saneamento; na análise de riscos ambientais; na avaliação de impactos
ambientais; em auditorias ambientais; na análise de ciclo devida de
produtos; design ecológico; regulamentação e normatização de produtos;
79
defesa do consumidor; economia ambiental; estudos em modelagem
ambiental; energias renováveis e alternativas; gestão e planejamento
ambiental; tecnologias limpas; valorização de resíduos; gestão de recursos
hídricos; ordenamento do território; planejamento energético, entre outras
atividades relacionadas ao meio ambiente” (UNIVALI, 2012, p.53).
Na academia, a prática é multidisciplinar, sendo assim, como irei garantir uma atitude ou
visão transdisciplinar? Se para isto ocorrer deve-se ter a interdisciplinaridade. As disciplinas
com mesma carga horária e com a mesma importância?
“Para concretização desse perfil de homem que atuará no mercado e na
área social entende-se que conhecer não é um ato passivo do sujeito frente
à realidade concreta, mas sim conscientização, intercomunicação,
intersubjetividade, síntese, multidisciplinaridade e transdisciplinaridade.
Nessa perspectiva, a realização das atividades curriculares do curso de
Engenharia Ambiental extrapola o espaço da sala de aula, sendo extensiva
para outros espaços e projetos, atividades intercursos e projetos integrados.
Como exemplos das atividades intercursos compartilhadas destacam-se:
aulas práticas em laboratórios integrados; saídas de campo; visitas
técnicas e estágios em laboratórios de pesquisa, semana acadêmica, série
seminários, além da prestação de serviços.” (op. cit., 2012, p.54)
Esta frase possui um machismo em relação à questão de gênero, mesmo sendo da língua
portuguesa, pode ser evitada. E a conscientização deve ser acompanhada da “ação” com
consciência. Como está sendo realizada esta intercomunicação? Intersubjetividade? E onde
está a interdisciplinaridade? Há uma certa mistura generalizada sobre os termos multi, inter
e transD.
“Fomento à pesquisa interdisciplinar, transdisciplinar e trans-centros.” (op.
cit. 2012, p.83)
Que tipo de fomento? Como? Valoriza-se o interesse mas junto de uma reflexão de como
tem sido esta experiência na prática. Nas considerações finais apresento algumas
alternativas. Aqui, sobre a formação continuada:
“Formação continuada - Política Institucional - PROPPEC - direitos
fundamentais e transdisciplinaridade. Um professor envolvido” (UNIVALI,
2012, p. 150-157).
Somente um professor fez parte da formação continuada em relação aos direitos
fundamentais e a transdisciplinaridade. Não foi encontrado nada relacionado à
autoformação, heteroformação, coformação, ontoformação.
•
Ecoformação
Apesar de citarem a transdisciplinaridade nenhuma palavra e/ou assunto foi encontrado. Por
se tratar também de um termo teoricamente novo. Esta pesquisa visa justamente contribuir
80
para que esta dimensão possa ser apropriada na formação dos profissionais das áreas
ambientais em termos de graduação.
•
Ecossistêmico
Em relação ao ecossistêmico, não foi comentado sobre visão sistêmica. Como a academia
tem se relacionado com as ciências sociais, humanas?
•
Criatividade
A criatividade aprece no Objetivo do Curso e no Panorama do Mercado de Trabalho,
Perfil do Egresso, ambas se referindo à capacitação técnica-científica:
“Formar profissionais com capacitação técnico-científica para atuar em nível
local, regional e nacional, de modo ético, criativo e integrador, na
prevenção e resolução de problemas ambientais, buscando a manutenção
e/ou melhoria da qualidade socioambiental” (op. cit. 2012, p.19).
Em outro momento se relaciona a criatividade de uma forma brilhante em relação estas
operações abstratas, ações ativas e reflexivas e o desenvolvimento das relações
interpessoais:
“Em uma visão multidimensional, a concepção de ensino integra diferentes
dimensões metodológicas: o domínio das técnicas, as operações abstratas,
as ações ativas e reflexivas, o desenvolvimento das relações interpessoais,
as concepções individuais derivadas da diversidade intercultural do grupo e
dos saberes em si. Cada uma dessas dimensões forma um conjunto que
deve ser praticado e realizado pelas diferentes estratégias selecionadas
pelos docentes para o ensino, por meio da flexibilidade e criatividade,
favorecendo o desenvolvimento de um profissional versátil, objetivo e
criativo que se encontra num processo de contínua aprendizagem. Dentre
as mais significativas, estão: saídas de campo, objetivando propiciar contato
com a prática profissional, bem como forma de estímulo aos alunos em seu
percurso acadêmico; aulas práticas de laboratório: possibilitando aos
acadêmicos a correlação teoria e prática; tópicos especiais: incluindo os
temas atuais ou complementares à matriz; eventos e atividades extraclasse,
organizados pela coordenação do curso, que possibilitam a interação dos
acadêmicos com os profissionais – geralmente Engenheiros Ambientais - já
atuantes no mercado de trabalho” (UNIVALI, 2012, p.54).
Qual a definição? Concepção? Contexto? Padrão de referência metodológica... Uma saída
de campo ou laboratório não garante esta criatividade para todos, cada um tem um tempo
de aprendizagem, não há garantias sem perceber que tudo é um processo de
conhecimento. Uma das disciplinas (op. cit. 2012, p.55):
“A disciplina Inovação em Tecnologia Ambiental foi oferecida no ano de
2010 como Tópicos Especiais II, ministrada pelo professor Cesar Laus
Simas. Esta disciplina foi voltada para uma proposta insipiente de inovação,
buscando dar uma nova dimensão à criatividade dos acadêmicos de
Engenharia Ambiental.”
81
Neste contexto, pode-se produzir uma inovação, entretanto, as didáticas no geral na
academia, não explora estas operações abstratas e reflexivas citadas acima. Abaixo um
outro fragmento (op. cit. 2012, p.149):
“Desse modo, considerando que a apropriação do conhecimento é um
processo subjetivo de construção que deve ser mediado por um conjunto de
ações pedagógicas, a Gerência de Ensino e Avaliação busca assessorar a
construção dos Planos de Ensino de forma integrada e interdisciplinar;
acompanha a atuação dos docentes, efetuando o levantamento de suas
necessidades didático-pedagógicas; orienta as questões de relacionamento
professor/aluno, melhorando a qualidade do trabalho docente e do ambiente
acadêmico; incentivando o fazer pedagógico dinâmico, criativo e dialógico”.
Busca, mas na prática a construção acaba sendo unilateral, não se tem subsídios para unir.
Em relação aos professores é o tempo e uma abertura para os acadêmicos na construção
do mesmo.
“De modo geral, o mercado busca profissionais criativos, atentos, com boa
cultura humanista, habilidade em conviver em equipe, principalmente
multidisciplinar e que tenham raciocínio rápido e, sobretudo, que
apresentem competência técnica desejada” (op. cit. 2012, p. 11).
Como a academia tem feito para resgatar esta boa cultura humanista?
“Formação continuada – Cultura e Formação Geral – Processo Criativo.
Nove professores envolvidos” (op. cit. 2012, p. 150-157).
Aqui se percebe o interesse grande na questão do processo criativo.
•
Ético
Aparece também nos Objetivos e no Panorama do Mercado de Trabalho, Perfil do
Egresso. Mas na prática se vê pontualmente em uma disciplina. Abaixo se vê no estágio
curricular (irá depender do orientando e do profissional responsável), no projeto de
graduação e na formação continuada, relacionada aos docentes.
No Estágio Curricular:
II – posicionar-se como profissional e confrontar criticamente o que é ensinado com o que é praticado,
seja do ponto de vista técnico-científico, seja em termos éticos;
No Projeto de graduação:
Consolidar o comportamento ético na coleta, processamento de dados e apresentação de
informações;
Programa de formação continuada:
Sub-item: aprimorar a sensibilidade pessoal e profissional no exercício ético da docência
82
Metodologia:
“Nesse sentido, o processo educacional nessa universidade sustenta-se em
uma ação pedagógica dinâmica que pressupõe uma postura investigativa
do professor e do aluno frente ao conhecimento e ao domínio dos modos de
sua produção. Trata-se da proposição de um ensino que conduza o
aprender a pensar, a integrar e relacionar conceitos, a produzi-los e avaliálos com rigor, precisão, correção, clareza, e que permitam a elaboração do
pensamento de forma mais refinada do que o senso-comum. “Esse
processo se implementa com base na missão de educar, formar e realizar
pesquisas sob a égide da ética, da cidadania e da responsabilidade social”
(UNIVALI, 2005, p. 15)”.
“Nesse contexto de complexidades, tem-se presente que a formação de
Engenheiro Ambiental está alicerçada em um conjunto de competências e
habilidades definidas no perfil profissiográfico direcionado ao “profissional
cidadão”. Para se conseguir esta formação têm-se presente um profissional
generalista, técnico, científico, humanístico e crítico social de processo.
Além do mercado, que exige um profissional especializado, focaliza-se a
qualificação profissional assumida com responsabilidade social de cidadão,
compromissado e comprometido a tornar o mundo com mais qualidade
ambiental, mais humano, solidário, justo, ético e significativo no tempo
presente” (UNIVALI, 2012, p.53).
“Morin (2000) prioriza os métodos que permitam estabelecer as relações
mútuas e as influências recíprocas entre as partes e o todo em um mundo
complexo” (UNIVALI, 2012, p.50).
“Para ele não se pode esquecer que o ser humano é a um só tempo físico,
biológico, psíquico, cultural, social, histórico, e possui um destino em
comum para enfrentar as incertezas da nossa época, com uma vocação
para a paz e para compreensão mútua entre os seres humanos. Desta
forma colabora com a defesa constante da ética e da cidadania” (op. cit.,
2012, p.51).
“O atendimento a estes objetivos permite que o perfil do egresso na área da
Engenharia Ambiental transpareça as competências e as habilidades
adquiridas; demonstre a capacidade de adequação à complexidade do
mundo contemporâneo; propicie uma visão integradora e ao mesmo tempo,
especializada do seu campo de trabalho e favoreça a consciência crítica
quanto ao uso do instrumental teórico e prático do seu curso e inspire uma
atitude, ética, inovadora e solidária em todas as suas ações” (op. cit., 2012,
p.51).
Acima diversos fragmentos de textos citando a ética, como comportamento, atitude e
termos. Aqui reafirmo que não é uma disciplina que irá “dar conta”, pois a ética deve ser
instigada, provocada a cada instante. Todos os educadores devem reforçar esta atitude
ética.
•
Estrutura Curricular
“A estrutura curricular do curso de Engenharia Ambiental está focada na
Gestão Ambiental, com vistas a atender o perfil profissiográfico“. (op. cit.,
2012, p.20)
83
O Foco do curso é evidente que é a Gestão Ambiental, entretanto, ao refletir sobre meu
processo de formação, enquanto engenheiro ambiental, percebo que muitas vezes é
esquecido a dimensão humana e as ciências humanas não tem o devido espaço curricular.
E é justamente esta integração de áreas de conhecimento que podem fazer a diferença na
formação humanista, ética e criativa de um profissional nas áreas socioambientais..
•
Metodologia (PPI)
Em relação ao Projeto Pedagógico Institucional (PPI), aqui uma referência a ético-político:
Figura 12 - Projeto Pedagógico Institucional - PPI
Fonte: (UNIVALI, 2012, p. 18)
Abaixo, fragmentos que estão preocupados com esta fragmentação e tecnicismo (UNIVALI,
2012, p.50):
“Trata-se da proposição de um ensino que conduza o aprender a pensar, a
integrar e relacionar conceitos”.
“Chama a atenção o posicionamento do colegiado de curso explicitado
neste documento (op. cit. 2012, p. 50), texto que transcrevo a seguir: [...] o
curso de Engenharia Ambiental da Univali busca a superação da excessiva
racionalidade técnica tradicionalmente presente nos cursos de formação
superior que, fundamentados numa lógica de distribuição e fragmentação
dos conteúdos, conduzem à desarticulação entre a teoria e a prática, bem
como ao distanciamento entre os domínios genérico e específico das
atividades profissionais”.
Como esta superação de racionalidade técnica tradicional está sendo Repensada?
As diretrizes curriculares, segundo o PP (op. cit. 2012, p. 51):
“Diretrizes curriculares devem atender a três objetivos fundamentais
a)flexibilizar a estruturação dos cursos; b) recomendar procedimentos e
perspectivas essenciais c) estabelecer critérios mínimos de exigência, no
que se refere à formulação e à qualidade da formação”.
Como tem sido na prática? Que tipo de flexibilização se vê atualmente?
84
•
Plano De Ação do PP
Os planos de ação foram classificados somente nestas três dimensões abaixo, (op. cit.
2012, p.201-217):
- Dimensão Capital Social; Dimensão Processos
Administrativos; e Dimensão Sustentabilidade Financeira.
Acadêmicos
e
E todos os planos de ação estavam direcionados somente para uma pessoa, no caso a
coordenadora. Acredito que isto deve ser reavaliado e reestruturado.
Na dimensão Capital Social, falou-se em consolidar e efetivar a atuação do NDE. Isto é
extremamente importante e estes encontros não estão ocorrendo.
Nos Processos Acadêmicos e Administrativos se destaca o de “Implementar propostas
pedagógicas, incluindo-se cursos e ou programas multidisciplinares, intercentros e ou inter-áreas.
Oferecer disciplinas inter áreas de conhecimento.” Este deve-se valorizar mais. Faço parte de um
projeto de extensão “Sustenta-Habilidade” do qual interage com o “Centro de Ciências
Jurídicas”. Outra situação é de divulgar, promover manifestações artísticas e culturais na
comunidade acadêmica que deve permear mais os espaços e cursos.
Na dimensão da Sustentabilidade Financeira, são 20 propostas, mas não se fala em
autonomia, em ações específicas concretas, somente em estimular, desenvolver, eleger,
articular. Somente uma das ações é implantar programas de boas práticas de Gestão
Ambiental. Sendo que já temos trabalhos feitos em ecoeficiência e diversas propostas que
poderiam ser aplicadas nas próprias disciplinas, mas ficamos a mercê de uma
burocratização
e
falta
de
articulação.
E
outras
em
capacitar,
articular
e
disseminar/incentivar, mas com pouca aplicação transformadora.
Das 89 proposições de planos de ação, por estarem concentradas em uma única pessoa,
pode ser um fator positivo quando se atua em modelos de gestão e tomadas de decisão
centralizadoras, mas se pretende inovar e praticar outros modelos de gestão, mais
participativos, este fator pode ser um limitante. Quanto à sustentabilidade financeira, é
sempre outra dimensão determinante para a efetivação das ações pretendidas. Na medida
em que mais ações são efetivadas, maior impacto se tem sobre a necessidade de recursos
financeiros. Cabe ressaltar que muitas ações, nem sempre demandam recursos materiais e
financeiros e são de outra ordem, onde predomina a criatividade e inventividade de seus
agentes executores. Aqui um dos itens fundamentais para uma gestão participativa, ou
mesmo uma co-gestão adaptativa são as parcerias e a inclusão do maior número possível
de atores no processo de diálogo e tomada de decisão. Neste sentido os princípios e as
praticas propostas e experimentadas no campo da Permacultura têm muito a contribuir com
85
os modelos de gestão e os processos de construção de conhecimento pertinente na
academia.
•
Perfil Do Curso, Campo de Atuação Profissional e Vocação.
Abaixo a “tabela 2” compilando a relação de duração dos cursos, o tipo de formação;
quando não encontrado, utilizou-se “não se aplica”.
Nota-se que a duração varia com o curso, a Biologia possui a menor, com 3600 horas e a
Oceanografia com a maior 3925 horas. A Matriz do Curso de Eng. Ambiental possui 3720, e
a nova, Curso de Eng. Ambiental e Sanitária com 30 horas a mais. Devido à carga-horária
do TCC e disciplinas complementares de saneamento.
Quase todas se definem como formação tecno-científica, entretanto um destaque para a
Engenharia Civil que se diz, generalista. Não se aprofundou nesta questão, mas traz-se uma
grande responsabilidade ao utilizar este termo em uma sociedade que cada vez é mais
especialista.
No perfil, em relação a Eng. Ambiental somente alterou-se de crítico para inovador no novo
curso. Destaque para a biologia que dá ênfase ao observar e questionar. Outro destaque em
Civil, ao comentar sobre a liderança, muito pouco fomentada (capacitação) nos cursos de
Eng. Ambiental.
Engenharia Ambiental e sua sucessora se definem como multidisciplinar e transdisciplinar. A
Biologia fala de inter e multidisciplinar. A Eng. Civil não se posiciona no texto. E a oceano
somente Transdisciplinar. No campo de atuação destaque que nenhuma delas diz atuar com
Organizações Não-Governamentais. Somente na vocação de Oceanografia. Ao término das
análises a página inicial do curso de engenharia ambiental se encontrava alterado, vide
anexo ”D”. Fator este, que pode ser celebrado pela intenção em se buscar novas formas de
aproximação à nossa realidade e perceber estas interações.
86
Tabela 2 - Compilações: Perfil, Campo de Atuação, Vocação
Eng. Ambiental
Eng. Ambiental e
Sanitária
Biologia
Engenharia Civil
Oceanografia
Duração
Curso
[horas]
3.720
3750
3600
3915
3925
Formação
técnico-científica
técnico-científica
técnico-científica
generalista com qualificação
técnica, científica,
humanística, ética e cidadã,
técnico-científica
observar, questionar,
investigar e analisar
problemas biológicos e
ambientais e suas possíveis
soluções.
de um profissional crítico e
criativo, capaz de
identificar e resolver
problemas, de atuar de
modo empreendedor e
ético.
prevenção, resolução e
gestão de problemas
ambientais e de ordem
sanitária que afetam a
qualidade de vida da
sociedade, para atuar
numa visão
transdisciplinar de modo
ético, crítico e criativo.
prevenção, resolução
e gestão de
problemas ambientais
e de ordem sanitária
que afetam a
qualidade de vida da
sociedade, para atuar
numa visão
transdisciplinar de
modo ético, crítico e
inovador.
Método
Multidisciplinar,
transdisciplinar
Multidisciplinar,
transdisciplinar
inter e multidisciplinar
Não se aplica
transdisciplinar
Campo de
atuação
prevenção, resolução e
gestão ambiental em
prevenção, resolução
e gestão ambiental em
instituições, organizações,
indústrias e empresas que
Relacionou as atividades
conforme resolução
em Universidades e
centros de pesquisa, nas
Perfil
Capacitação
buscam meios de utilizar os
recursos vivos de forma
comprometida com o
desenvolvimento do meio
ambiente e sua utilização
sustentável.
propor soluções a problemas
teóricos e práticos, aplicando
as teorias e os conceitos
aprendidos em situações do
dia-a-dia, bem como a
capacidade de liderança para
a coordenação de equipes e
projetos.
conhecimento e à previsão
do comportamento dos
oceanos e ambientes
transicionais sob todos os
seus aspectos, com vistas
a capacitar o profissional a
atuar de forma
transdisciplinar nas
atividades de uso e
exploração racional de
recursos marinhos e
costeiros, renováveis e não
renováveis.
87
empresas e instituições
de tecnologia, pesquisa
científica e saneamento,
públicas e privadas,
atuando também de
forma autônoma, na
elaboração projetos e
prestação consultoria.
empresas e
instituições de
tecnologia, pesquisa
científica e
saneamento, públicas
e privadas, atuando
também de forma
autônoma, na
elaboração projetos e
prestação consultoria.
estejam ligadas aos
diversos aspectos das
ciências biológicas. Podem
atuar como pesquisadores
em institutos de pesquisa
privados e estatais,
fundações e indústrias.
Além disso podem atuar em
planejamento e consultoria,
tanto no setor produtivo
como em prestação de
serviços, para entidades
governamentais e nãogovernamentais.
CREA/Confea e os campos
de atuação:
(i) Construção Civil;
(ii) Sistemas Estruturais;
(iii) Transporte;
(iv) Geotécnica;
(v) Hidrotecnia;
(vi) Saneamento
em empresas públicas,
mistas e privadas, exercendo
suas funções em cargos
técnicos, administrativos e
gerenciais
em pesquisas e consultorias,
via escritório escola e
entidades conveniadas à
instituição.
projeto e execução de obras,
consultoria e extensão,
atividades de planejamento e
administração de
empreendimentos do setor e
avaliação de impactos
ambientais, decorrentes de
sua atuação profissional,
usando da informática e das
novas tecnologias como
instrumentais para o
exercício da engenharia.
atividades de ensino,
pesquisa e/ou extensão.
No setor público pode
atuar em órgãos federais,
estaduais e municipais
como secretarias de MeioAmbiente, secretarias de
Agricultura e Pesca;
secretarias de Obras e de
Saneamento e em diversas
divisões do Ministério da
Marinha. No setor privado,
está apto a trabalhar em
cooperativas de
produtores, setores de
segurança e meio
ambiente de indústrias
químicas e gestão
ambiental de portos,
indústrias do setor de
controle de efluentes e da
poluição ambiental,
empresas de consultoria
ambiental, empresas de
engenharia ligada à zona
costeira, empresas de
prospecção sísmica,
empresas de exploração,
produção e distribuição
mineral (de petróleo e gás
e derivados), empresas de
extensão pesqueira e
aquícola.
88
conhecimentos amplos nas
áreas de zoologia, botânica,
ecologia, e biologia celular e
molecular.
Vocação
atuar numa visão
transdisciplinar, de
modo ético, crítico e
criativo, na gestão
ambiental de
empresas, indústrias
e instituições públicas
e privadas
Não se aplica
apto a desenvolver
trabalhos de pesquisa em
diferentes áreas das
Ciências Biológicas e de
formular hipóteses, analisar
dados experimentais,
sintetizar conhecimentos e
divulgar resultados. O
profissional também é capaz
de desenvolver e aprimorar
produtos de origem
biológica, assim como
coordenar seu
aproveitamento de modo
sustentável.
Com mais de 50% do curso
sendo de aulas e atividades
práticas
Fonte: Autor, 2013
profissional responsável
pelos estudos, projetos e
execução das mais
importantes obras de
infraestrutura, das quais
destacam-se a construção
civil, rodovias, portos,
aeroportos, saneamento e
barragens. No canteiro de
obras, chefia as equipes,
supervisionando prazos,
custos e padrões de
segurança. Cabe a ele
garantir a segurança da
edificação, calculando os
efeitos dos eventos e das
mudanças de temperatura na
resistência dos materiais.
Coleta e interpreta
informações sobre as
condições físicas,
químicas, biológicas, e
geológicas dos ambientes
aquáticos. Analisa a
composição da água de
rios, lagunas e estuários e
atua em projetos de
saneamento de áreas
costeiras, monitorando e
gerenciando obras e
instalações para garantir a
preservação ambiental.
Desenvolve técnicas de
exploração dos recursos
naturais dos mares e avalia
os efeitos da atividade
humana sobre os
ecossistemas marinhos e
costeiros, buscando
preservá-los, a exemplo do
controle ambiental em
áreas de cultivo de
organismos aquáticos.
atua em empresas, órgãos
públicos e ONGs voltadas
para a exploração,
preservação e/ou análise
de impacto nos meios
naturais
89
•
CREA
Não foi comentado, questionado no Projeto Pedagógico do porque de um engenheiro
ambiental não responder às atividades:
“Atividade 15 - Condução de equipe de instalação, montagem, operação, reparo ou manutenção;
Atividade 16 - Execução de instalação, montagem, operação, reparo ou manutenção;
Atividade 17 - Operação, manutenção de equipamento ou instalação;”
Nem da sua extensão destas atividades, segundo a Resolução Confea/CREA, de 22 de
agosto de 2005.
“Da Extensão da Atribuição Inicial:
Art. 9º A extensão da atribuição inicial fica restrita ao âmbito da mesma categoria profissional.
Art. 10. A extensão da atribuição inicial de título profissional, atividades e competências na categoria
profissional Engenharia, em qualquer dos respectivos níveis de formação profissional será concedida
pelo CREA em que o profissional requereu a extensão, observadas as seguintes disposições:
I - no caso em que a extensão da atribuição inicial se mantiver na mesma modalidade profissional, o
procedimento dar-se-á como estabelecido no caput deste artigo, e dependerá de decisão favorável da
respectiva câmara especializada; e
II – no caso em que a extensão da atribuição inicial não se mantiver na mesma modalidade, o
procedimento dar-se-á como estabelecido no caput deste artigo, e dependerá de decisão favorável
das câmaras especializadas das modalidades envolvidas.
§ 1º A extensão da atribuição inicial decorrerá da análise dos perfis da formação profissional adicional
obtida formalmente, mediante cursos comprovadamente regulares, cursados após a diplomação,
devendo haver decisão favorável da(s) câmara(s) especializada(s) envolvida(s).
§ 2º No caso de não haver câmara especializada no âmbito do campo de atuação profissional do
interessado, ou câmara inerente à extensão de atribuição pretendida, a decisão caberá ao Plenário
do CREA.
§ 3º A extensão da atribuição inicial aos técnicos portadores de certificados de curso de
especialização será considerada dentro dos mesmos critérios do caput deste artigo e seus incisos.
§ 4º A extensão da atribuição inicial aos portadores de certificados de formação profissional adicional
obtida no nível de formação pós-graduada no senso lato, expedidos por curso regular registrado no
Sistema Confea/CREA, será considerada dentro dos mesmos critérios do caput deste artigo e seus
incisos.
§ 5º Nos casos previstos nos §§ 3º e 4º, será exigida a prévia comprovação do cumprimento das
exigências estabelecidas pelo sistema educacional para a validade dos respectivos cursos”
•
Referências
“VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984
MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, 2000
90
ANASTASIOU, L. G. C. Educação superior e preparação pedagógica: elementos para um
começo de conversa. Saberes,v.2.,n.2,mai/ago. 2001.
PIMENTA, S. G.; ANASTASIOU, L. G. C. & CAVALLET, V. J. Docência no ensino superior:
construindo caminhos. Saberes,v.2.,n.2,mai/ago. 2001.
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ. Projeto Pedagógico Institucional da UNIVALI: um
processo em construção. Documentos Institucionais. Itajaí: UNIVALI, 2005.”
Em relação às referências, Morin e Vygotsky foram adaptados em pequenos fragmentos
dentro de todo o documento do Projeto Pedagógico, sem suas premissas básicas de
educação e formação estarem apropriadas pelo Curso, pela instituição. Entretanto valorizase pela audácia e interesse de se relacionar com estes conteúdos. Deve-se destacar que
esta orientação metodológica, epistemológica e filosófica indicada pela Universidade,
deveria estimular e legitimar cada vez mais iniciativas e atividades pedagógicas
fundamentadas na teoria da complexidade e da auto-atividade, cada vez mais abordadas no
Programa de Formação Continuada de Professores da UNIVALI.
4.3.2 PLANOS DE ENSINO
As disciplinas podem ser divididas, segundo o PP, em três eixos temáticos: Planejamento
Ambiental, Qualidade e Tecnologia Ambiental e Tecnologia de Informações.
Figura 13 - Disciplinas dos Curriculos 2 e 3
Fonte: (UNIVALI, 2012, p.35)
Também podem ser divididas em: básicas, profissionalizantes e específicas. Como
demonstrado na figura abaixo:
91
Figura 14 - Enquadramento das Disciplinas
Fonte: (UNIVALI, 2012, p.35)
Em relação aos indicadores nas ementas das referidas disciplinas a dimensão da ética e da
criatividade não estão embasadas em referências, metodologias, didáticas e dinâmicas.
Estes itens variam de cada professor, mas que nas ementas eles não aparecem orientando
como se deve agir e aplicar, fomentar estas dimensões, salvo exceções da disciplina isolada
sobre Inovação e Ética.
Só aparecer/constar de forma isolada numa disciplina certamente não é garantia, nem é
suficiente para uma boa formação. Estas dimensões deveriam permear a matriz e não
apenas uma ou duas disciplinas, periféricas, não são centrais. E também que a formação
ética não se faz apenas com conteúdos disciplinares isolados.
A TransD, interdisciplinaridade e a ética não chegam a ser citada em 5% das disciplinas. A
criatividade, quando citada entra como método de avaliação e não chega a 8% as
referências. A metodologia não define se as disciplinas debatem ou não a questão da ética,
92
da criatividade, pensamento sistêmico, entretanto não chega a 5% os que utilizaram alguma
referência nestes aspectos.
•
Núcleo Docente Estruturante (NDE) e o Colegiado de Curso
Tabela 3 - Núcleo Docente Estruturante (NDE) e o Colegiado de Curso
O que é?
Como é
formado?
NÚCLEO DOCENTE ESTRUTURANTE
COLEGIADO DE CURSO
O NDE se constitui no conjunto de professores de
elevada titulação e de regime de trabalho em
tempo integral ou parcial que responde
diretamente pela formulação, implementação e
desenvolvimento do Projeto Pedagógico do
Curso.
O Colegiado do Curso de
Graduação é órgão consultivo
em matéria de ensino de
graduação e pós-graduação
(lato sensu), pesquisa,
extensão e cultura.
– Ter como presidente o Coordenador de Curso;
– Ter, no mínimo, 05 professores pertencentes ao
corpo docente do curso há pelo menos 02 anos;
– Ter pelo menos 60% de seus membros com
titulação acadêmica obtida em programas de pósgraduação stricto sensu e destes 40% com título
de doutor;
– Ter todos os membros em regime de trabalho
de tempo parcial ou integral, dos quais pelo
menos 20% em tempo integral;
– Ter cada um dos membros obtido, no mínimo,
média 07 no programa de Avaliação Institucional,
em cada um dos últimos dois anos anteriores ao
exercício do mandato.
– Coordenador de Curso;
– 04 professores, escolhidos
por seus pares;
– 02 acadêmicos, escolhidos
por seus pares;
93
Competências
– Formular, implementar e desenvolver o Projeto
Pedagógico do Curso, definindo sua concepção,
fundamentos e estratégias de execução,
contribuindo para a consolidação do perfil
profissional do egresso;
– Participar na atualização periódica do PPC;
– Participar nos trabalhos de reestruturação
curricular para aprovação nos órgãos
competentes, zelando pelo cumprimento das
Diretrizes Curriculares Nacionais;
– Auxiliar na supervisão dos processos de
avaliação do curso e na análise dos seus
resultados;
– Contribuir para a promoção da integração
horizontal e vertical do curso, respeitando os
eixos/núcleos estabelecidos pelo PPC;
– Participar na organização de estratégias de
interação com estudantes egressos e entidades
de classe, na busca de subsídios à avaliação
permanente do curso;
– Contribuir para a articulação das atividades de
ensino, pesquisa e extensão do Curso;
– Desenvolver atividades de pesquisa e/ou
extensão, através de projetos de âmbito interno e
externo;
– Contribuir para a produção científica do Curso;
– Representar o Curso em Organizações e/ou
Conselhos Profissionais.
– Participar ativamente da
administração acadêmica do
curso;
– Auxiliar no planejamento,
acompanhamento e avaliação
do Projeto Pedagógico do
Curso;
– Zelar pelo fiel cumprimento
dos dispositivos estatuários,
regimentais e demais
regulamentos e normas da
UNIVALI;
– Acompanhar, avaliar e
deliberar sobre alterações
curriculares.
Fonte: Coordenadora, 2013
A composição do Núcleo Docente Estruturante (NDE) atende tanto o curso der Engenharia
Ambiental como o de Engenharia Ambiental e Sanitária, sendo a seguinte:
Profª Albertina Xavier da Rosa Correa, Prof. Antônio Carlos Beaumord, Profª
Cristina Ono Horita, Prof. Franklin Misael Pacheco Tena, Profª Efigênia
Soares Almeida, Profª Janete Feijó (presid.), Prof. José Matarezi, Prof. Márcio
da Silva Tamanaha, Prof. Paulo Ricardo Schwingel, Prof. Rafael Medeiros
Sperb, Profª Rosemeri Carvalho Marenzi
Os membros do NDE são indicados atendendo critérios estabelecidos em Resolução
específica. As reuniões são eventuais.
O Colegiado do Curso de Engenharia Ambiental tem a seguinte composição:
Profª Albertina Xavier da Rosa Correa, Profª Janete Feijó (coord.), Prof.
Joaquim Olinto Branco, Prof. Paulo Ricardo Schwingel, Prof. Rafael Medeiros
Sperb, Acad. Gian Franco Werner, Acad. Wellinton Camboim.
94
Os representantes do curso de Engenharia Ambiental no Colegiado do Centro são os
seguintes:
Profª Janete Feijó (coord.), Profª Cristina Ono Horita (titular), Prof. Rafael
Medeiros Sperb (suplente), Acad. Gian Franco Werner (titular), Acad.
Wellinton Camboim (suplente)
Vale lembrar que os representantes dos Colegiados do Curso e do Centro são eleitos por
seus pares, sendo que a representação dos professores é por um período de dois anos e,
dos alunos, um ano. As reuniões são “eventuais” (geralmente quinzenais para o Colegiado
do Curso).
A proposta do NDE é mais recente na UNIVALI, mas sinaliza para um caminho
extremamente importante para a inter e transdisciplinaridade, assim como para a
ecoformação, uma vez que amplia a participação de professores de diversas áreas no
processo de discussão e qualificação da implementação do PP do curso. Apesar disto,
segundo o PP:
“Os membros integrantes do NDE do curso reuniram-se uma única vez, em
24 de maio de 2011, para discutirem as principais ações de motivação e
incentivo visando à participação dos alunos no ENADE 2011.” (UNIVALI,
2012, p158).
Já o colegiado se encontra atualmente pelo menos uma vez por mês. E apesar de ter
somente um encontro do NDE, muitos fazem parte do colegiado. Entretanto o foco seria
outro. Não se pode ignorar o fato de que a proposta dos NDE´s na UNIVALI é mais recente
e ainda esta sendo efetivada nos cursos. Veio justamente para ampliar os espaços e tempos
de construção coletiva do PP de forma dinâmica e processual e que, justamente por isso é
que deve ser uma pratica cada vez mais frequente no âmbito da academia.
4.4 ENTREVISTAS
Após o Comitê de Ética aprovar com o Parecer Técnico (ANEXO A), apresento aqui o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE C), o qual é uma exigência do
Comitê de Ética e foi assinado por todos os entrevistados, o Cronograma das Entrevistas, o
Roteiro Semi-Estruturado, bem como as discussões em relação aos indicadores, as novas
categorias que surgiram e inclusive as “entre-linhas” que foram relatos/conversas ocorridas
fora da entrevista.
95
4.4.1 CRONOGRAMA DAS ENTREVISTAS
Abaixo o cronograma das entrevistas com alguns dados importantes para a tabulação,
sendo que no eixo horizontal principal contém informações como: número de páginas da
transcrição específica, quantidade de palavras computadas, o tempo aproximado de áudio e
um indicador de quantas palavras foram ditas por minuto no diálogo. Variando com o
entrevistado (utilizou-se uma letra para cada um para diferenciá-los e deixá-los em
anonimato), correspondente a coluna no eixo vertical:
Tabela 4 - Cronograma das Entrevistas
Entrevistado
Nº páginas
Nº palavras
Tempo Entrevistas [min]
[palavras/min]
A
8
2746
43
64
B
21
11011
87
217
C
11,5
4877
52
94
D
17,5
8075
82
98
E
23,5
9827
67
147
F
9,5
4030
51
79
G
19,5
8896
92
97
H
11
5202
69
75
I
22,5
10545
116
91
J
11,5
5188
70
74
K
15
10792
71
152
L
27
12719
129
99
GFP
280
GFA
TOTAL
112
197,5
93908
1321
Fonte: Autor, 2013
No total foram em torno de 197 páginas transcritas, mais de 90 mil palavras observadas,
numa escuta atenciosa em 1321 minutos, em torno de 22 horas de áudio. Percebe-se que
as velocidades dos diálogos variaram mais ou menos 152 palavras por minuto até pessoas
mais calmas a 64 palavras por minuto, inclusive à entrevista “K” foi a única a não ser
finalizada, pois se conversou muito e saiu do foco da pergunta, entretanto os principais
argumentos foram conseguidos. A primeira foi à entrevista “A”, acabou sendo um teste, pois
as entrevistas foram tomando ritmo. O entrevistado “L” foi uma entrevista diferenciada,
ocorreu em movimento, enquanto fazíamos manejo da terra e não foi seguido fielmente o
96
roteiro. O GFP (Grupo Focal Permacultura) e GFA (Grupo Focal Academia) não foram
transcritos, nem tabulados, destas emergiram subsídios para as considerações finais.
Em relação aos períodos, ocorreu após a validação do Comitê de Ética, no mês de Maio de
2013. Abaixo segue a ordem dos entrevistados, que variou em função dos horários
disponíveis, tanto do entrevistado, como do entrevistador. Ênfase na primeira e segunda
semana, onde se realizou até três entrevistas no mesmo dia. E aproveitou-se o final de
semana. Preferiu-se separá-los em semanas, para de certa forma dificultar a identificação
dos diferentes entrevistados.
Tabela 5 - Período das Entrevistas
Períodos das Entrevistas
Primeira semana A,C, D, B, I
Segunda semana H, K, F, G, E
Terceira semana J, L, GFP
Quarta semana GFA
Fonte: Autor, 2013
Para estas entrevistas utilizaram-se alguns equipamentos para registrar estas informações.
4.4.2 OS EQUIPAMENTOS
Foram utilizadas diferentes câmeras para registrar as entrevistas, dependendo quantas
pessoas estavam me auxiliando, eram utilizadas três câmeras digitais para filmar,
geralmente duas em posição fixa em ângulos diferentes e uma móvel. A Sony Alpha foi
utilizada para registrar fotos. E o gravador de áudio, emprestado pelo projeto Meros do
Brasil sempre registrou as entrevistas. Participação especial da câmera Panasonic, através
de uma amiga em comum, Rafael Coelho acompanhou em algumas saídas de campo com
este equipamento e técnicas mais profissionais, ele é formando em Cinema, na UFSC.
•
Câmera digital – SONY CYBER-SHOT DSC-H70 16.1mp
•
Câmera digital – SONY CYBER-SHOT DSC-W90 8.1mp
•
Câmera digital – JVCMINI DV GR-D30UB
•
Câmera digital – SONY ALPHA A390
•
Câmera digital – PANASONIC AG-AF100
•
Gravador de áudio – TASCAM DR-100 MKII
•
2 tripés pequenos
97
4.4.3 ROTEIRO SEMI-ESTRUTURADO
O roteiro semi-estruturado (APÊNDICE D) foi dividido em dados pessoais, onde envolvia a
trajetória
de
vida
relacionada
com
as
problemáticas
socioambientais
e
sua
identificação/admiração pela área. E em dados para os indicadores e para os objetivos de
pesquisa. No anexo, em vermelho, foi algo que às vezes foi acrescido caso fosse
necessário, para o melhor entendimento das questões.
Destes foi dividido em Projeto Pedagógico, onde o entrevistado falava sua experiência com
a educação, com a teoria/prática, se conhecia ou estava envolvido com o projeto
pedagógico e para explicar a concepção sobre: interdisciplinaridade, transdisciplinaridade,
ético, crítico, criativo. E sobre o perfil desejado para os profissionais das diferentes áreas. E
se havia alguma lacuna específica entre a formação/PP na prática.
Após foi falado sobre a Ecoformação, se o entrevistado sabia sobre este conceito. Quando
o mesmo assumia que não conhecia, explicava para o mesmo e perguntava como era na
prática e no currículo (tanto acadêmico como no PDC). Refletia sobre o significado do termo
“ambiental” e apresentava uma frase sobre ecossistema, provocando-o para comentar a
frase, principalmente no aspecto de sistema complexo e de auto-organização. Quando bem
apresentado, acrescentava sobre o pensamento sistêmico.
Em seguida sobre a Permacultura, se já havia tido contato com a Permacultura e sua
compreensão sobre isto. Conheciam-se os princípios e como eles são/seriam trabalhados
na academia. Logo apresentava a flor da permacultura e pedia para comparar com a
academia. E por último se deveria fazer parte da academia. Relacionava também com a
imersão, se era necessária ou não.
Nas Habilidades, quais as que compõem um perfil do Educador, do Educando. E como
despertar a criatividade, a ética, a crítica e o pensamento sistêmico nos educandos. Por
último se eles têm incorporado novas atitudes e práticas cotidianas (pessoais e coletivas)
relacionadas ao envolvimento sustentável. E por final se tinha algo a acrescentar no seu
relato.
4.4.4 INDICADORES
Os indicadores estão divididos em: transdisciplinar, ecoformação, ecossistêmico, criativo e
ético. Na coluna do eixo horizontal se encontram os entrevistados, divididos em letras para
manter o anonimato, e o “X” representa o item selecionado das diferentes respostas na
98
coluna na vertical. Para as compilações das falas, apresento: – (Indivíduo - Letra) – “frase”.
Entre parênteses aparece (comentários meus para complementar a frase).
A tabela abaixo comtempla uma categorização das respostas dos entrevistados sobre este
item especifico. A ordem dos entrevistados é aleatória e foi reagrupada para melhor
visualização das categorias convergentes e divergentes entre eles, indicando possíveis
grupos de perfis para os entrevistados, reforçando diferentes visões e concepções entre os
profissionais que atuam na academia e os que atuam na permacultura. Muitos deles atuam
em ambos os campos e áreas de saberes. Optou-se por manter o anonimato dos mesmo,
justamente para tentar uma analise mais objetiva, evitando a exposição dos entrevistados
de acordo com os preceitos éticos da pesquisa. Nem todas as tabelas manterão este
mesmo sequencia e agrupamento de entrevistados, dependendo da recorrência e
similaridade entre as entrevistas.
• T RANSDISCIPLINAR
O item transdisciplinar foi comentado por todos os entrevistados, entretanto percebe-se a
falta de compreensão/conceituação, pois não foi comentado sobre os três pilares, sobre
autoformação, heteroformação entre outras definições importantes para o termo.
Tabela 6 - Compilações Transdisciplinar
Entrevistados
Respostas
B
E
F
Burocracia
X
Consciência de importância,
mas...
X
I
G
X
Academia fez o caminho
inverso
X
Conhecimento
fenomenológico foi deixado
X
Acaba barreira da disciplina
X
X
Através das, entre as
disciplinas
X
X
K
X
Queria praticar em seu
projeto
X
Multidisciplinar
X
Deficiência na graduação
J
D
L
X
Causa e Efeito
O “objeto de estudo” fala por
si só, o todo
A
X
X
X
H
C
99
Não tem projeto transD na
graduação
X
Consegue mais com saídas
de campo
X
Visão Sistêmica
X
Ideologia/Utopia
X
Permacultura
X
Desafio
X
Ligada ao meio ambiente
X
X
X
X
Interdisciplinar
X
Educador aprendeu de
forma fragmentada, esta é
uma dificuldade
X
Está em tudo
X
X
X
Não segregar
X
Permeia todas as matérias
X
Lembrou na Educação
Ambiental
X
Fonte: Autor, 2013
Percebem-se nas falas que se buscavam nas teorias alguns conceitos, como multi, inter e
trans. Entretanto não extrapolava o cronograma, ficava preso ao planejamento inicial do
Professor dentro da sala de aula – A – ”na época se buscava essa multidisciplinaridade,
transdisciplinaridade, e dai tinha relação entre algumas matérias, mais nada muito realista, tipo a
carga horária, os temas que você tinha que cumprir naquele semestre se baseava mais naquele
cronograma”. E muito a questão da teoria – A –”só que mais conceitual, nada muito
prático”.Sobre este diálogo com a academia todos que foram perguntados sobre a
transdisciplinaridade, com exceção do entrevistado “E” afirmaram que D – “é uma dificuldade
na academia ainda esse dialogo”. O mesmo entrevistado acrescenta D –“eu acho que as áreas
mal se conversam, (mal)conseguem implementar algum projeto em conjunto e discutir os dados com
base nesses vários enfoques”.
Valoriza-se o uso ao utilizar conceitos tão importantes para este processo de aprendizagem
–F –”Eu vejo que essa trans e interdisciplinaridade, já existem uma consciência da importância, mas
que os próprios educadores, professores universitários, alguns não se empoderaram dessa
necessidade, talvez pelo fato da academia, ela funciona de forma bastante burocrática.”
Entretanto, quando a Universidade utiliza como referência, alguns termos conceituais,
metodológicos. Fica ao trabalho da mesma, elaborar uma estratégia, um método para se
alcançar – B – “acho que a proposta da academia quando se apropria de um termo desses é
100
assumir o real significado do termo, mas como a gente tem uma estrutura muito engessada não só
em termos de instituição, mas dos professores que estão chegando para poder fazer essa
transdisciplinaridade, nós temos que pensar em descongelar isso em um primeiro momento e eu não
estou vendo a academia conseguir fazer isso”. Sobre este gradeamento curricular, veio uma
reflexão da “grade”, que traz estes sinônimos da prisão, do sentir preso. Algumas
universidades em Portugal utilizam Arquitetura Curricular, além de outras iniciativas como
Teia Curricular.
Outro tema que surgiu foi à questão da hiper-especialização – I – “o que mais se nota se esta
na mesma área ou digamos na mesma faculdade dentro de uma mesma disciplina, dentro desta
disciplina, trabalhando talvez com a mesma ordem animal, mas com gêneros diferentes. Não
conseguem falar um com o outro porque estão tão na especialidade e tão com o foco fechado dentro
do que sua área de conhecimento que todos os outros, esqueceram, eles já não são biólogos, já não
são médicos. O médico do joelho direito não fala com o médico do joelho esquerdo.”
Em relação ao conceito da TransD, praticamente todos conheciam, entretanto não estava
muito bem enraizado os conceitos, pois além de não citarem os três pilares, por exemplo,
sobre a autoformação, heteroformação, ecoformação; e/ou contextualizarem com outros
conceitos, ocorria uma confusão com multidisciplinar e interdisciplinar e muitos comentavam
que era a mesma coisa. Apesar de muitos vivenciarem! Uma das entrevistadas expressou
melhor que a TransD – G – “começa a conversar a partir da “coisa” não a partir do nosso posto de
engenheiro ou de educador. A coisa por si só traz conhecimentos que ali, pode ter, e você não vai ta
preocupado com a engenharia nem eu com educação, nós vamos ta preocupado com o todo daquele
objeto”. Acrescenta ainda que o – G –”transdisciplinar acaba com nós dois, você como engenharia
e eu como educadora, é o projeto por si só começa a falar, acaba essa barreira da disciplina, ou seja,
o transdisciplinar é grande desejo, que eu acho que dentro das instituições (ensino infantil,
fundamental, médio, superior, pós) é o ultimo lugar que ele vai conseguir chegar.” Inclusive, na
transD a disciplina deve perder esta pseudo-importância e focar no aprendizado – I –”A
disciplina não tem valor nenhum, como status de poder, como ilha de poder. Claro você deve acabar
com esta ilha de poder, este status.(caso houver ainda)”
Comentaram em diversas falas sobre o desapego em relação à disciplina, que atualmente
não ocorre dentro da academia, pois geralmente muitos professores estão ali, pela
pesquisa, sendo que o passar das informações, acaba sendo uma obrigação. Pois há uma
carreira a ser zelada. Exemplo disso é do – G – “apego a cadeiras acadêmicas que é mortal. É
muito difícil abrir isso, os egos educacionais são muito grandes, seja "professorzinho" ou
"professorzão", (é a minha disciplina, é a minha cadeira).” Como diria o indivíduo – I –”São
jogos de poder no final da historia.”
101
O histórico está diretamente relacionado – H –“a dificuldade assim, cada um dos professores,
vieram com um histórico de ver a disciplina de uma forma não interdisciplinar, cada um aprendeu de
uma forma fragmentada”. Outro fator importante é a relação entre os docentes – H –
“interdisciplinaridade ela é muito bem trabalhada, quando a relação interpessoal entre professores se
dão muito bem, quando isso não acontece é muito difícil trabalhar mesmo sabendo da necessidade”.
Para uma postura/atitude profissional inter e transD, há que se trabalhar as relações
interpessoais e dar maior atenção aos processos intersubjetivos tanto na academia como na
permacultura. E os espaços curriculares nem sempre priorizam uma formação dentro desta
perspectiva.
Nas falas de alguns permacultores, demonstra-se o real interesse ao introduzir a
Permacultura – B – “oportunidade da permacultura para o aluno trilhar um caminho, seu rumo
profissional. A nossa idéia não é formar um profissional permacultor, mas sim capacitar o cara a ter
uma visão que consiga juntar as peças do quebra-cabeça que estão todas elas bem afetadas pela
academia e formar um cara que consiga congregar essas idéias e traduzi-las à sociedade”.
Em relação à disciplina Introdução à Permacultura, um dos entrevistados diz – “o currículo
dela, é esse currículo, foi pensado por 22 permacultores e segue o programa, a carga horária
prescrita pelo PDC, faz as atividades previstas pelo PDC. Faz as atividades previstas e trabalha todos
os conteúdos do PDC. Nós traduzimos para Curso de Planejamento de Permacultural. Já estamos
dando uma tradução para o termo design”, usando o termo planejamento. Esta disciplina
(ANEXO B) apresenta um projeto de extensão associado, que é o caminho para, se emitir o
certificado do PDC para quem não faz parte da universidade. Acrescenta ainda que – “é uma
disciplina plural dentro da universidade, uma pena que ela não possa acontecer isoladamente”
Na prática – G – “quando alguém que se forma em Eng. Amb. e vai fazer o manejo de uma floresta,
não tem qual cadeira é mais, na hora que você vai fazer uma leitura, mapeamento de uma floresta,
pense em quantas disciplinas que você teve, flora e fauna nativa, botânica 1, 2, 3, 4 e 5, e o que vale
mais, quando você esta numa floresta, é a botânica ou a fauna e flora nativa? É tudo transdisciplinar,
a tua atuação do mundo é transdisciplinar.”
Entretanto cabe aos educadores, o currículo, os espaços acadêmicos de se apropriarem e
de utilizarem destes conceitos, para que haja esta interdisciplinaridade, para esta busca de
um conhecimento comum, numa “visão transdisciplinar”. Pois dentro da academia há muitas
coisas no papel, inclusive até a burocracia não permite que professores de outros centros,
outros setores façam parte do corpo técnico/docente de um laboratório, projeto, por
exemplo.
102
Sob o enfoque metodológico, pode-se dizer que temos um exemplo interessante a ser
citado, o qual vivenciei na academia, a Trilha da Vida, que é um experimento educacional
transdisciplinar que se desenvolve enquanto metodologia de construção de conhecimento
pertinente numa perspectiva critica e emancipatória da Educação Ambiental. Nela, os
participantes deixam momentaneamente de utilizar a visão, passando a dar maior atenção
aos outros sentidos, enquanto interagem com um ambiente de Mata Atlântica, tanto nos
aspectos naturais como nos antropossociais (SCHMIDT, 2003).
Uma das primeiras
dissertações sobre a metodologia da Trilha da Vida foi desenvolvida pela oceanógrafa
Angela Ferreira Schmidt (2003), sob orientação da Profª Dra. Maria Cândida Moraes, cuja
pesquisa comprovou que ela é considerada também como um Ambiente de Aprendizagem.
Além de saídas de campo com pernoite em Volta Velha, com um contato/vivência com um
indígena do Alto Xingu, ainda uma saída com visitas às estações de permacultura do litoral
sul de Santa Catarina, idealizadas e implementadas por egressos dos cursos de Engenharia
Ambiental e Ocenografia da UNIVALI. O que evidencia um campo real de atuação dos
egressos destes cursos, os quais tiveram que buscar formação especifica e complementar
fora da academia.
Entretanto foi afirmado que – “isso é uma fala bastante antiga do MEC de promover à
interdisciplinaridade, a transversalidade, a transdisciplinaridade nas disciplinas e a gente só consegue
isso com saída de campo. Projeto mesmo transdiciplinar, a gente não tem, são poucos os que
conseguem fazer alguma coisa”.
• ECOFORMAÇÃO
Referente à ecoformação, ninguém soube conceituar o porquê do conceito eco. Que vêm de
encontro com outras formações, a auto (você como laboratório), a hetero ou co (formação
com o próximo, outro indivíduo), a eco (a formação em relação ao meio). Estas podem ser
consideradas interdisciplinares. E no conceito da transdisciplinaridade, visualiza-se a
ontoformação (que seria a formação em relação ao ser, ao todo), a teoria de GAIA, a meu
ver se encaixa perfeitamente aqui, como um super organismo. A “realidade do ‘Onto’ revela
a especificidade, a medida verdadeira do ser individualizado” (PAUL, 2001, p. 427).
Entretanto este tema trouxe muitas reflexões, tanto em questão do Pré-Fixo: ECO às formas
de formação e aprendizagem. Exemplo daquele foi D – “hoje em dia é tudo ambiental
sustentável eco não sei o que”.
103
Tabela 7 - Compilações Ecoformação
Entrevistados
Respostas
F
Não existe um método
exclusivo
X
Formação
G
B
X
Teoria de GAIA
X
Relacionou com o tempo
(ameaça do futuro)
E
J
H
K
C
L
D
A
X
X
Toda formação
Necessário
I
X
X
Sustentabilidade
X
Respeito
X
Vai do educador, não sei
se é trabalhado
X
Meio Ambiente
X
Ecossistema, biomas
X
X
Preservação
X
Consciência Ambiental
X
Algumas disciplinas que
tem este eixo
X
Formação em conceitos
ecológicos
X
X
Prática
X
X
X
Interação entre os seres
X
X
X
Integrativa
X
Fonte: Autor, 2013
Uma das reflexões intrigantes foi referente ao espaço/tempo da profissão do engenheiro
ambiental, que reflete nas áreas relacionadas com a ecologia – A – “eu acho que a profissão
de engenharia ambiental, muito se fala que é a profissão do futuro, mais acho que os profissionais, os
novos e os que estão na academia, têm que fazer ser a profissão do presente, porque muitos que
estão se formando, estão trabalhando com consultoria, e nada mais são do que despachantes
ambientais, então, a gente pode muito mais, tem que ta explorando um pouco do lado criativo, porque
nós, os profissionais, temos que demonstrar do que somos capazes, e não ficar só se adequando às
normas, porque se adequar à norma, qualquer profissional pode conseguir, que a norma ta ali, agora,
criar e fazer acontecer, é isso que vai fazer com que os engenheiros ambientais ganhem em
credibilidade.”. Esta frase, principalmente se referindo ao profissional que se restringe apenas
a seguir as normas, foi esclarecido por outro indivíduo, em outra pergunta – B – “Ele
104
simplesmente executou. Então esse cara não é um profissional, é um técnico, técnico é o cara que
segue normas e procedimentos executando-os. Olho isso por que no Brasil nós temos muitos cursos
superiores e poucos cursos técnicos, e no curso superior estamos formando profissionais de nível
técnico”
Acrescentou ainda que – B – “toda a profissão tinha que ter implícita uma ecoformação, (pois) é
parte da responsabilidade ética de cada profissão. Não há um profissional que vá safar os outros
(profissionais da sua falta de ética), eu preciso de um somatório de atitudes”. Ou seja, de
profissionais éticos. E ainda reflete sobre o papel deste profissional– B – “você tem que
lembrar que antes de você ser um profissional, você é você. É isso, simples assim! Por isso, acho que
a permacultura em uma proposta de vida dentro de uma situação de baixa energia, (é viável, pois)
você aproveita as baixas energias. O ser humano no sistema em que estamos inseridos não olha
para as baixas energias, ele só olha para as altas energias, onde se obtêm lucratividade”.
Sobre a Teoria de GAIA mencionada no início ela “entrou (no currículo de geologia) porque
ela passou de hipótese para teoria”, porque como hipótese, dificilmente apareceria nos
currículos acadêmicos, “mesmo assim, ela é super, super subordinada (no currículo) porque os
meus colegas acham que ela é um contra ponto da tectônica de placas, assim ela quer derrubar a
tectônica de placas... Não! ela é complementar”. Com isto, de pensar o Planeta Terra, como um
super organismo, vem à reflexão repassadas para os acadêmicos – E – “pense bem o que
você vai deixar para os próximos que virão depois de você”.
Em relação à metodologia, entre tantas diversas realidades que a mesma deveria trazer –
“Transformação profunda”, visão “Holística”, “Integrativa” e uma “Interação entre os seres”.
Uma relacionada a esta vivência, descoberta, é o de “desintoxicar este cara da cidade”. Com
uma fala amorosa o indivíduo “G” propõe que você, acadêmico, – G –“filho, durante pelo
menos um ano você sai da cidade e vai viver num sitio, numa fazenda (orgânica), vai viver numa
aldeia, pode escolher. Você vai sair do meio urbano. Na hora que a gente entra e qualquer dessas
coisas, aparece à vida como ela é. E não é uma ida de um fim de semana, é no mínimo, um ano.”
para “viver os ciclos da terra, vai viver o como é que essa relação do eco, viver um ano essa relação
de ciclos biológicos, de ciclo de matéria, de produção de alimento”.
Ao escutar isto, nas formulações destes possíveis caminhos, isto ficou mais claro. No final
do semestre passado, facilitei uma proposta de estágio interdisciplinar de vivência (EIV), a
qual proposta, se baseava em uma vivência com movimentos sociais em suas localidades.
Então a idéia veio mais clara como, estágio na natureza. O acadêmico pode escolher entre
vivenciar alguns conceitos com camponeses, indígenas, movimentos sociais (EIV), ecovilas,
estações de permacultura, entre outros relacionados.
105
Alguns indivíduos reforçaram I –“o que deveríamos fazer é educação”. Entretanto percebe-se
que educação ambiental, ecoeducação, educação profunda, ecoformação, entre outros
“apareceu porque é necessário”. E inclusive o indivíduo “L”, afirma que a educação ambiental
tem suas especialidades e todo seu universo. E deve ser levada a sério para além de
acadêmicos e mestres, as prefeituras, as empresas e as organizações não-governamentais.
• ECOSSISTÊMICO
Através da pergunta relacionado ao ecossistema e o pensamento sistêmico, extrai alguns
comentários referentes à auto-organização de um ecossistema e como isto reflete ao nosso
dia-a-dia, como parte deste sistema. Bem como pensar a respeito da complexidade destes
sistemas. E se possível refletir sobre o pensamento sistêmico.
Tabela 8 - Compilações Ecossistêmico
Entrevistados
Respostas
Sistema Complexo
A
H
C
D
X
X
X
X
Interações
Academia na área ambiental
X
Física Quântica
X
Varias funções
X
Resiliência
X
Sistemas evoluem
X
Auto-regeneração
X
B
L
X
X
X
Refletir com o todo
X
Vida
F
G
I
X
Não fragmentar
Múltiplos caminhos,
soluções
E
X
X
X
X
Proteção intrínseca
X
X
Natureza nos ensina
X
X
Observação
X
X
Complexo ≠ Complicado
X
Feedback
X
Fora do Ecossistema
X
X
Auto-poiése
X
Conhecer todas as relações
entre elementos (vivos e
não-vivos)
X
J
K
106
Teoria da relatividade, com
diferentes pontos de vista
X
Quebramos pensamento
sistêmico, socialmente
X
Simplesmente se DIZ, te
negaram este saber
X
Aplica-se em qualquer
sistema
X
Visão holística daquele
ambiente
X
Macro e micro interações
X
Mineral tem vida
X
Sabedoria, Respeito
X
Fonte: Autor, 2013
Já deixo claro que a complexidade não está diretamente relacionada com o complicado,
como dito pelo indivíduo “G”, entretanto um dos indivíduos pensou que me confundi
(expressei mal na pergunta), pois é o que geralmente acontece, acredito que utilizamos este
conceito em diferentes situações, mas ele pôde de certa forma explicar-me ao fazer
perguntas à mim – B – “então veja como toda a complexidade que você tem, com todos os
processos que estão acontecendo, e que são descritos pela ciências, que muitos ainda não são, mas
que serão um dia quem sabe, você consegue ter o equilíbrio pra falar de uma coisa que é externa a
você, sem problema, então veja, que você tem o domínio na verdade de uma relação de equilíbrio
dentro do seu próprio corpo que é super complexo, que é um mini ecossistema, só isso, então um
ecossistema não tem nada de complexo desde que a gente tire esse fantasma de complexo dele
pronto, só que de forma cartesiana isso é difícil, você tem que pensar de forma sistêmica”.
Ficou claro nas respostas dos entrevistados, de alguma forma que C –“A auto-organização é a
característica de todo sistema vivo de se auto-organizar e de encontrar uma forma de se adaptar a
situação que se apresenta”. E ainda se abriu/expressou que foi algo – C –“Tão misterioso tudo
isso que eu vejo que através (do seu curso) foi um dos meus maiores ganhos foi que eu conheci
deus, para mim ali ficou claro que existe uma energia maior que coordena o que está em tudo, é um
arquétipo de perfeição”.
O que geralmente acontece, com as diversas graduações, políticas, frases, pessoas...– G –
“é que a gente se coloca fora do ecossistema”. Então como prática, devemos refletir, alinhar e –
F –“Observar as plantas, observar o comportamento dos animais com as transformações externas, a
cada ciclo da lua, cada estação. Acho que é isso que nos falta, nós estarmos com nossos sentidos
mais atentos, do pequeno para o grande, nós poderíamos atender muito mais, se nós
conseguíssemos, pois não é uma prática que foi desenvolvida por nós dentro da nossa cultura.”
107
Através desta observação e interação vamos compreender esta teia, estas relações e – G –
“Então, entender que eu sou parte” deste Universo conectado.
Então, o acadêmico deve ter a – I –“Visão básica da ECOLOGIA”. Perceber que a – “ecologia
de verdade quer dizer conhecimento de minha casa, economia - administrar minha casa”. Vem do
grego Eko – casa, Logia – conhecimento, Nomia – administrar. A importância de – I –
“conhecer todas as relações entre os elementos que estão dentro sendo vivos ou não.” E o que
realmente interessa é perceber estas “conexões e relações entre os elementos”. E quando digo
acadêmico, volto a repetir, que a nossa profissão não vai salvar o mundo, são as pessoas.
As concepções das pessoas. Os acadêmicos têm que despertar este pensamento sistêmico
e cabe a Universidade que forma o cidadão para este meio.
Ao refletir sobre como despertar o pensamento sistêmico, um dos entrevistados trouxe uma
reflexão que este pensamento sistêmico não precisa ser “despertado” e sim ALERTADO,
REPASSADO, pois – I –“porque nós quebramos isso socialmente, se você vai para um aborígene
e fala disso – pensamento o que? – Sistêmico de que tudo esta ligado! (Espera um pouco) Quando
não esteve ligado? ele não precisa falar disso!”. Entretanto, atualmente necessita desta
sabedoria de fazer estas conexões, uma – J – “visão mais holística, mais sistêmica, você precisa
de conhecimento e sabedoria. Enquanto a gente está encarando a era das informações”.
Necessitamos de ter mais “RESPEITO” pelas coisas e compreender todo o ciclo energético
por detrás.
• CRIATIVO
Atualmente não temos tempo para a criatividade, hoje se compra tudo. O reparar e reutilizar,
que é a hierarquia da gestão dos resíduos acabam sendo ignorada. Conforme o indivíduo
“F” confirma que a – F – “criatividade é algo bastante abrangente, então, essa questão de
comprarmos tudo pronto, tudo acessível, ela nos rouba um pouco desse espaço de desenvolver a
nossa criatividade. Uma forma é tentar fazer o que você compra, é uma forma de redescobrir a nossa
criatividade, e ai a gente vai tendo surpresas”.
Tabela 9 - Compilações Criativo
Entrevistados
Respostas
A
Pouco trabalhado
X
Poucos professores
X
Bons Exemplos
X
Relacionou ao Divino
B
C
X
D
L
E
F
G
H
I
J
K
108
Potencial de Co-criação
X
Sem vivência, sem
criatividade
X
Interpretação inconsciente
X
X
Como pensar
X
Sistemas Complexos
X
Múltiplas interações
X
Não dar respostas prontas
X
X
X
Transversalidade
X
Estimular com mais
perguntas, do que com
respostas
X
Engenharia = Criar coisas
X
Paradigma
X
Limites
X
Inerente aos seres humanos
X
Depende do educador
X
Risco de ocultar
X
X
Dons
X
Não fragmentada
X
Praticar coisas cotidianas
X
Se aprende
X
Conexões
X
Pensamentos “novos”
X
Atividades desafiadoras
X
Desestabilizar
X
X
Felicidade
X
Liberdade, livre pensador
X
PAZ
X
Brincadeira, lúdico
X
Compromisso
X
X
Inovação
X
Bagagem diversificada
X
Com coisas simples
X
Fonte: Autor, 2013
Todos demonstraram que a criatividade é extremamente importante. E para ter esta
criatividade, deve-se ter – B – “vivencias em diferentes meios, por que agente sabe que o meio faz
a pessoa e a pessoa faz o meio, é uma troca. Eu acho que, por isso eu vejo com maus olhos essa
109
especialização do profissional, eu acho que a gente tinha que dar possibilidade do profissional ver, ter
varias visões para poder despontar a criatividade em vários ambientes”.
E ao vivenciar estes diferentes espaços, devemos ter cuidado para não direcionar os
objetivos, isto acaba sendo uma atividade formatada e o próprio espaço perde o sentido, e é
o que geralmente acontece nas saídas de campo – B –“esse contato com a natureza (ou
empresas) sempre tinha um viés de fazer determinada tarefa, e não deixava enxergar o resto, eu só
consegui enxergar o resto quando fui para o campo sem ter a obrigação de descrever determinado
processo cientifico, fenômeno que seja, então eu acho que a didática de ensino têm de mudar para
poder incentivar a criatividade”.
Esta didática tem que ser explorada e pouco se nota dentro das ementas esta relação com a
criatividade, com o lúdico, com a expressão do corpo. É necessário desconstruir estes
conceitos fixos sobre determinadas coisas, ao apresentar uma perspectiva nova sobre a
mesma realidade – G –“Já diria o seu Piaget, você propor atividades que se desestabilize e depois
da possibilidade do cara de se estabilizar de novo.” E aprender com isto.
A criatividade está muito ligada à paz de espírito da pessoa, a liberdade que o mesmo tem
consigo e com os próximos – C –“Acho que criar é estar exercendo as divindades. não poder fazer
isso, a reprimir um ser a não ser criativo, que é da nossa própria natureza, acho que você está
fazendo uma ruptura do que é ser humano”. E esta ruptura acaba ocorrendo sem percebermos,
pois é um paradoxo – E – “parece um paradoxo quando você dá limites, você está limitando“, por
exemplo – E – “eu quero que seja criativo, mas eu quero que vocês sejam criativos em 5 páginas”.
Então o próprio sistema educativo é – E – “limitado por tempo, por espaço, limitado até por essas
coisas que dizem que vão dar criatividade para pessoa. Quando a gente faz um desafio para um
aluno, antes dele pensar da cabeça dele, ele vai procurar no Google pra ver se tem algo parecido,
isso já é um limitador de criatividade, procurar no Google”. Pois então, devemos refletir junto
como potencializar a criatividade, refletindo sobre este sistema educativo.
Na criatividade – G –“todos os artistas falam que a coisa da criação é 10% inspiração e 90%
transpiração.” Desta forma, – F – “dentro da academia a gente corre um grande risco de ocultar
essa criatividade que é inerente de todo nos seres humanos. E isso depende de cada educador, eu
acho que é algo que tem que estar vivo, e caminhar junto com a ética, inclusive. Todos nos somos
criativos dotados de dons, e que nossa criatividade não caminha de forma separado aos nossos
padrões, conceitos, morais ou conceituais. Penso que a arte deve fazer parte de tudo.”
Isto vai do educador, como exemplo – G –“A gente trabalhou, uma coisa chamada Artvismo. É
um movimento de arte de intervenções sociais a partir da arte do bom humor.” Um dos
entrevistados traz a reflexão sobre o nosso trabalho – I –“O trabalho de adulto deve ser a
110
brincadeira da criança num nível de pensamento de adulto. Tudo que tiver de lúdico e de aprendizado
te traz isso. Tudo pra mim é uma brincadeira estou fazendo por prazer.”
Já existe a percepção da importância e da necessidade do acadêmico ser criativo, reestruturar o pensamento e a prática, inovar nas suas ações. O tecnicismo, o passo-a-passo,
tem o seu valor, mas como Engenheiros, precisamos reinventar as relações entre os
elementos e resgatar a sustentabilidade, que anos atrás já existia e não precisávamos deste
conceito, utilizado hoje com interesses mercadológicos nada práticos. Devemos nos unir e
cooperar para uma boa governança. Dentro do PP que – G – “propõe a universidade ser
criativa, é muito interessante. Em geral, o acadêmico é aquele cara que segue passos. Aprender ser
criativo em todas as áreas, ser criativo é fazer conexões.“ E necessitamos de fazer estas
conexões com a história, com a relação sociedade e meio ambiente. As pessoas estão se
distanciando do meio, estamos nos artificializando.
Entretanto ela não tem se apropriado de metodologias, de didáticas para expandir este
indicador. Cabe ressaltar que durante o processo de re-estruturação curricular do curso de
engenharia ambiental, que passou a ser engenharia ambiental e sanitária, houve uma sutil
mudança alterando o termo “Criativo” por “Inovação” no PP.
Podemos suscitar possíveis razoes mercadológicas para a inclusão do termo “Inovação”
invés do “Criativo”. Mas, mesmo que por razoes outras, deve-se ressaltar que não é
possível realizar inovação sem criatividade. Portanto, mesmo que tenha ocorrido tal
mudança, a necessidade de formação de profissionais criativos e éticos continua a ser um
grande desafio e meta do curso ao meu entendimento.
Necessitamos de uma – H – “bagagem diversificada... por isso a parte cultural é importante
assim como as vivências e as leituras, os eventos...”
• ÉTICO
A ética foi apresentada de diferentes formas, desde uma explicação, o que há influência e
maneiras de como construí-la. Abaixo algumas compilações, seguidas de frases e
comentários:
Tabela 10 - Compilações Ético
Entrevistados
Respostas
Bons exemplos
Conduta
A
L
X
X
B
C
D
E
X
X
F
I
G
H
J
X
K
111
Como colocar em prática algum
valor
X
X
Valores
X
X
Construção
X
X
X
Visão ética
X
Horizonte da permacultura para
transmiti-la
X
Auto-Crítica
X
X
Despertar a consciência
X
Conhecendo pessoas éticas
X
Trazer a problemática
X
Outras dimensões
X
Para viver, tem que ter
X
Base
X
Igualdade
X
Tão abrangente é, difícil
X
X
X
Busca
X
Amorosidade
X
Não tem uniformidade na
academia
X
Coerente com o seu
pensamento
X
X
Valores de outros reinos
X
Varia entre indivíduos
X
Reflexivo
X
Se colocar no lugar do outro
indivíduo
X
X
Quem está pagando? Rabo
preso
Interesses
X
X
Integridade
Não existe meio ético
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Valores cruzados
X
Não se pratica
X
Disponibilizar a
informação/conhecimento
X
Cultural
X
Invadir outras
áreas/espaço/conhecimentos
X
Ambiental
X
Desenvolvimento Sustentável
X
112
Respeito ao próximo, aceitar as
diferenças
X
Relação
funcionário/professor/aluno
X
Ética profissional
X
Discussões
X
Fonte: Autor, 2013
Pensar a ética por si só, é complexo, de um lado não se têm meio ético, entretanto a cultura
influencia muito nela, – C – “a ética pra mim não é pro outro”. Uns dizem que se busca, outros
que simplesmente se é. Contudo – F – “A ética no meu ponto de vista é de fazer as coisas de
forma coerente, integra, não visando somente os valores humanos, mas os valores de outros reinos,
ela é muito abrangente. Têm muitas coisas que não são muito éticas, como, experimentos com
animais, que ai depende do olhar do observador, na verdade.” Reforçando o nível de expansão
que a ética pode chegar é – C – “quando desperta a nossa capacidade de se colocar no lugar do
outro. E quando falo do outro, não me refiro somente seres humanos. Do cachorro que esta ali na
rua, do pássaro que está na gaiola, de uma arvore que está sendo cortada. É uma grande
oportunidade de refletir sobre isso”. Além deste se colocar no lugar do outro, é o de praticar a
transparência, se é algo que você não tem vergonha de expressar e cuidar para não utilizar
sua posição, cargo na profissão por exemplo.
E a Permacultura já afirma, focando seus esforços nos princípios éticos que – I – “os
problemas ambientais não se resolvem pela biologia não se resolvem pela química ou física se
resolvem pela ética.” E a ética pode ser definida quando – I – “você faz alguma coisa
independente que alguém te olhe ou te avalie ou te julgue você esta atuando eticamente”. Alguns
relacionaram a ética com a moral – C – “A moral é uma coisa mais teórica, um sistema de valores
a ética eu vejo como mais pratico, não existe pessoa meio ética, ou ela é ou ela não é. Parte por ai”
Uma das disciplinas da Eng. Civil Deontologia66 – cujo termo foi introduzido em 1834, por
Jeremy Bentham, para referir-se ao ramo da ética cujo objeto de estudo são os fundamentos
do dever e as normas morais. Cabe aqui, uma reflexão sobre a questão moral67 - que é
normativa, ou seja, diz respeito aos costumes dos povos, ao conjunto de hábitos, regras,
normas, leis que regulam a conduta de um povo, nas diversas épocas. Ela é abrangente,
divergente e variante de cultura para cultura. Geralmente visa circunstâncias e
necessidades imediatas de um povo. Já a Ética é especulativa e possui um caráter críticoreflexivo. Ela procura o nexo entre os meios e os fins dos costumes, das condutas, das leis.
66
WIKIPEDIA. Deontologia. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Deontologia>. Acesso em: 2
jun. 2013
67
ALICE
NO
PAÍS
DA
FILOSOFIA.
Ética
x
Moral.
Disponível
em:
<http://alicenopaisdafilosofia.blogspot.com.br/2012/01/etica-x-moral.html> Acesso em: 2 jun. 2013
113
É específica na medida em que busca avaliar a fundamentação de cada costume, de cada
prática cultural e assume um caráter universal (que independe das práticas culturais dos
povos) enquanto reflexão crítica.
Como se percebe atualmente – a G –“Faculdade de medicina é de medicina ou da doença?
Trata-se da medicina, saúde porque não se fala de comida orgânica, o quanto esses frangos cheios
de hormônios estão fazendo mal. Crianças com colesterol, com déficit de atenção, hiperatividade.”.
Logo – I –“os valores estão cruzados então você tem níveis de complexidade e níveis de percepção
diferentes. Pessoa que pensa que o valor fundamental é ser livre e ser feliz e outro que pensa que o
mais importante é ter dinheiro”. Lembramos sempre que – B –“a universidade não forma um
profissional, ela forma um cidadão melhor preparado pra atender as demandas da sociedade”. Com
este subsídio, reforça o papel da universidade – B –“Que não deveria formar para o mercado de
trabalho, porque geralmente, este não acompanha as reais necessidades locais e regionais. Ela entra
em um patamar que corresponde a uma ilusão, pois o que gera estas necessidades mercadológicas é
o próprio sistema, que não é sustentável.” Fazendo deste sistema uma analogia com o nosso
corpo humano: O sistema funcionaria em Marte, pois ele só possui o “sistema digestório”,
não importa de onde vem os recursos (natureza, ser humano, financeiro), no caso a boca. E
nem qual a destinação destes recursos, inclusive os resíduos (Sistema Excretor).
Algo importante a ser destacado, que foi debatido muito no Grupo Focal, foi que o despertar
dos diferentes níveis de ética, é quando se conhece, lê ou estuda pessoas que têm ética.
Grandes mestres, que influenciaram diversas pessoas e ao buscar na essência destas
pessoas, encontramos este caminho a ser trilhado.
4.4.5 CATEGORIAS EMERGIDAS
Das entrevistas, emergiram outras categorias, as principais descrevem-se abaixo e as
demais podem ser acessadas no “APÊNDICE E”, com as principais frases ditas pelos
entrevistados.
• O “Despertar”
O despertar para a temática foi geralmente este contato com a natureza, uma busca pela
compreensão do planeta terra e/ou a curiosidade. Alguns foram pegos de surpresa – E –“eu
fui pra verificar vazão de um rio e não tinha rio no lugar que eu tinha marcado, só tinha lixo e aí a
preocupação, aí falei: nossa, como a gente vai trabalhar, pensar em vazão de águas, se não tem, se
o rio não consegue nem sair daí, só lixo, lixo, lixo?”. Outros quatro ao encontrar a Permacultura
sentiram que I - “era a luva que me faltava, já se estava com todos os argumentos teóricos e
ideológicos para aceitar uma mudança que faltava, a ferramenta para mudança foi a permacultura”.
114
Outros três ao fazerem as conexões necessárias para – L –“a salvação da humanidade, pega o
seu lixo, o seu coco, o seu esgoto e reciclar, pra ajudar a produzir solo, e solo é vida. Solo vivo,
alimento vivo, medicina alternativa.”
Tabela 11 - Compilações "Despertar"
Entrevistados
Respostas
A
Estilo de Vida
X
Contato com a
Natureza/Terra
X
Esporte
X
Intercâmbio Cultural
X
B
H
X
X
C
D
E
X
X
F
G
I
K
L
X
X
Reflexão do tempo
X
X
Concepção
X
X
Compreender o Planeta
Terra
X
Visão Conservadora
X
X
Respeito à Vida
Curiosidade
J
X
X
X
Crise Econômica Européia
X
Projetos que eu acredito
X
Contato com crianças
X
Compartilhar um sonho
X
X
Desenhar
X
Disciplina
X
Ao experimentar alimento
orgânico
X
Trajetória cheia de curvas
X
Memórias da infância:
interior, animais, água, terra
X
Natureza cura
X
Microuniverso
X
Fonte: Autor, 2013
115
• Educação
Muitos relacionaram que é um – C – “Processo de aprendizagem. então a pergunta é: quando a
gente não está sendo educado? porque se você começar a perceber cada situação em sua vida se
você consegue levar para uma forma positiva você esta trazendo uma mensagem para um
aprendizado tanto as situações boas como as ruins”. Mas – B – “uma educação que não é a
educação que formata o cérebro, mas que lhe faz pensar, você tem condições de definir o caminho
que quer seguir” E reforço, que todos somos educadores! É uma troca constante, então o
educador deve construir o conhecimento junto ao acadêmico e lembrar-se deste processo
contínuo e permanente deve ser transversal ao meio em que se vive.
A educação é – F –“uma forma consciente de como nos vamos desenvolver nossas ações no
mundo”. Sendo assim ela está conectada diretamente com a nossa prática, nossa relação
com a sociedade, com o meio. E muitos reforçaram esta questão da prática que é – “a
melhor forma de educar ainda é fazendo, fazendo bem feito, então o educador tem que
estar muito certo, muito consciente daquilo que ele tem pra dar, pra ensinar, porque ele só
vai conseguir educar a partir do momento que ele realmente faça bem feito, faça certo“.
Tabela 12 - Compilações Educação
Entrevistados
Respostas
A
B
Educação Ambiental
X
Poder de mudança,
transformação
X
Não precisa ter educação
ambiental
X
Inclusiva
X
Pluralidade Social
X
C
D
E
F
G
H
I
J
K
X
Processo de
Aprendizagem/Contínuo
X
Desconstrução
X
X
Comovido
X
Comprometido
X
X
Educador filtrar assuntos
X
Humildade
X
Fazendo
X
X
Conceito que muda
X
Forma de Vida
X
Atento aos nossos sentidos
X
Conceito vivo
X
X
L
116
Religação com a natureza
X
X
Humanidade melhor
X
X
Todos somos educadores
X
X
X
X
Crescimento
X
Disciplina
X
Mais prática, do que teoria
X
Educação moderna está
muito voltada para os
valores capitalistas
X
Construção
Conjunta/Compartilhada
X
Vários níveis
X
Família, agrupamento
familiar
X
Forma de viver, incorporar e
aplicar
X
Fonte: Autor, 2013
• Teoria e Prática
Em relação à teoria e a prática, – C – “dizem que existe um abismo [...] Por exemplo, professores
que falam muito de ecologia, mas não colocam pratica na vida deles, ou falam de ética, de valores,
mas não colocam este pratica. e isto frustra, trás uma frustração interna, pode ser que fique no
inconsciente, mas trás uma frustração interna, porque você acaba tendo todo um potencial de sonho
e de poder de criatividade e você não vê as pessoas que alimentam estes sonhos realizando isto”.
Um dos entrevistados recorre as falas de Bill Mollison ressaltando que ele – G – “se dedicou
em observar pessoas que faziam, não o que as pessoas falavam (...) Eu acho que tudo que eu falo,
tem peso um, e tudo que eu faço, tem peso dez.”. Já diz um ditado chinês que G –“a teoria sem a
prática é vazia e prática sem teoria é muito perigosa”.
Tabela 13 - Compilações Teoria/Prática
Entrevistados
Respostas
A
B
C
D
E
F
G
H
I
J
K
L
Abismo
X
X
Ótimas teorias, mas...
X
X
Falta muita prática
X
Mestrado, pois graduandos
não se sentem seguro
X
Estão caminhando em lados
contrários
X
X
117
Pouca possibilidade para se
aplicar
X
Não há diálogo
X
Atento ao que se faz e não
se fala
X
X
Caminho do meio
X
Certos assuntos não
necessitam da prática outros
não se aprendem se ficar só
na teoria.
X
As práticas para adquirir
Habilidades
X
Começo de tudo é observar
X
Fonte: Autor, 2013
Atualmente – H –“o aluno tem tanto acesso a informação, e tem muita coisa que dependendo da
curiosidade, sabe até muito mais do que o próprio professor, porque ele já investigou, já procurou, já
pesquisou, e então, não vale a pena ele guardar só pra ele, mais ele compartilhar na sala inteira e
discutir, cada um com seu conhecimento e suas experiências, uma construção conjunta”.E o
educador tem que saber provocar isto, com dinâmicas, com debates, grupos de discussão,
rodas de diálogo.
Como fica evidente no próprio principio de design, tudo se inicia pela contemplação do – J–
“que você esta fazendo, você precisa observar. Você começa a ver coisas diferentes, você se torna
mais curioso, leva a motivar a fazer alguma coisa, ir atrás do conhecimento. Acho que tudo passa
pela observação.”
Os entrevistados A, B e K foram contemplados com a relação da teoria e prática já na
categoria “Educação”.
• Sobre o PP/Formação
O Projeto Pedagógico deve ter uma relação com a sociedade, algo que deve ser debatido
com os acadêmicos e construído com os mesmos. Devemos cuidar com as receitas de bolo,
com os consultores de “PPP”. Os profissionais e educadores devem se encontrar com
freqüência para se articularem e aplicarem a dita interdisciplinaridade e construção deste
projeto pedagógico que não vem merecendo o devido valor acaba passando como um
relatório e/ou uma exigência do MEC.
118
Tabela 14 - Compilações PP/Formação
Entrevistados
Respostas
A
Não conheceu
X
Lembra de alguma coisa,
mas não sabe explicar
X
B
C
D
E
H
F
G
X
Sugestão Currículo
Generalista/ Mais enxuto
X
X
X
Legislação
X
Relação/Devoluçao com a
sociedade
X
Leitura/Manual/
Relatório/Retrato
X
X
x
X
Não me envolvi
X
X
X
X
Reconstruído
X
Legislações top-down
X
Consultor vende PPP
X
Deveria ser apropriada pelos
educadores
X
X
Saber autoritário da
academia
X
Quem financia os projetos
X
Poder
X
Apropriada pelos
profissionais
X
Competência, habilidade,
atribuição
X
Exigência do MEC
X
Deveria ser feito em
conjunto
X
PP realizado em fragmentos
X
Pouco tempo/pessoas para
se projetar o PP
X
Executar atividades básicas
Problema com o tempo
J
X
Receita de bolo
Mais que um relatório
L
X
Reflexo na mudança de
comportamento
Dinâmico
K
X
Não era este termo
Não é tema debatido com
alunos
I
X
X
X
119
Dinâmicas para discussão
entre os acadêmicos
X
Problemática já na educação
básica
X
Fonte: Autor, 2013
Esta formação acadêmica está gerando profissionais “hiper-específicos” – B –“ele norteia
para uma ramificação, uma especialização e todas as outras são abandonadas de cara, um sujeito
vira um especialista. Ele acaba esquecendo a relação com todo, o leque de opções.” E isto foi
frequente em mais de uma fala – C – “É sempre se especializando. por exemplo: eu sou
especialista do rabo da lagartixa vermelha do oriente norte”.
Um dos indivíduos reforçou a estrutura estratégica e de gestão das universidades, que – B –
“hoje dentro da universidade você tem uma hierarquia de cargos e coisas, protocolos a repetir que é
muito similar a uma estrutura militar, largamente combatida pela universidade na ocasião da ditadura.
Então, vejo que se contrapôs um pensamento, mas se aplica ele também da mesma forma e dentro
dessa lógica”. E ainda temos o pensamento do passo a passo, – E –“se tiver uma receita pronta,
uma receita de bolo e tiver uma técnica e números e gráficos, pra ele está ótimo”.
E quase todos os entrevistados deixaram claro esta preocupação com as novas gerações –
J – “cada ano que passa a gente sente isso, que os alunos são menos observadores, menos
curiosos. Mais a fim de ver o que ta passando no facebook. É a questão da informação, o aluno ele
quer informação, ele não ta querendo gastar energia pensando, conectando as coisas [...] tá ficando
preocupante”. Realmente a era da informação nos deixa um pouco confusos, como cidadão,
universitário e sociedade.
• Lacuna na formação acadêmica
Em relação às lacunas tivemos diversas reflexões sobre, desde os engenheiros
“engenharem”, de vivenciar alinhando a teoria com a prática. Alguns reforçaram que o Brasil
necessita de profissionais generalistas! Que devemos utilizar do pensamento sistêmico, bem
como da arte e cultura. Falou-se da muita racionalidade, tecnicismo que a academia impõe,
sem fomentar o lado humanístico, psicológico, emocional. A sociologia e a filosofia deveriam
permear as disciplinas tal qual a educação ambiental! Atualmente na formação temos a – I –
“chave e não sabemos para que serve”.
Reforçaram que o currículo encontra-se muito engessado, que o educando fica a mercê de
uma visão fragmentada. Então a necessidade deste olhar holístico, sistêmico, como um
ecossistema, que se auto-organiza. E valorizar – G – “A questão do desenvolvimento endógeno.
A questão de entender que o agente do local é cara que é o grande ponto da transformação”
120
Falou se muito das conexões, da dificuldade de co-relacionar os conteúdos, – H – “muitas
lacunas, penso que uma delas é a conexão entre conteúdos básico e profissionalizantes, do conteúdo
profissionalizante para a necessidade do mercado de trabalho, o curso (de graduação) não pode
estar enclausurado na academia, mas ela tem que servir a sociedade, então essa conexão, esse
ponto é uma falha”.
Outro indicador importante de ser comentado, é que segundo alguns indicadores, o próprio
PP (p. 144) demonstra que 12 alunos desistiram ou trancaram o curso em cada semestre
nestes dois anos analisados por diferentes motivos, demonstradas na figura “14” abaixo.
Figura 15 - Motivos de Evasão do Curso de Engenharia Ambiental
Fonte: Projeto Pedagógico (UNIVALI, 2012, p. 146)
Este número de alunos que desistem é um fator preocupante, minha sala, em 2008 entrou
com quase 70 alunos, no primeiro ano, saíram uns 15/20. E nos meses seguintes o número
diminui e só os “fortes sobrevivem”, ou seriam os que têm paciência? Pois o primeiro ano
são as matérias convencionais, praticamente cursinho ou segundo grau. Estas matérias não
acabam sendo um “atrativo”, uma representação do curso e das diferentes áreas que ao
decorrer dos anos irão se aprofundar. Como alterar isto? Da mesma forma que seleciona os
que tem facilidade, limitam-se os possíveis aprendizados futuros. Como reverter esta
situação? No decorrer da discussão vou propor alguns caminhos, mas já afirma-se que no
primeiro semestre já deve iniciar as saídas de campo e sentir as diferentes áreas possíveis
dentro da formação de um engenheiro ambiental.
121
E temos que refletir quem dita as regras do jogo, agora com a Resolução 1010, isso ficará,
espero eu, mais neutro. Entretanto há uma forte pressão nos “órgãos” que regularizam isto.
Será que – B – “é o CREA que vai dizer o que nos temos que ensinar? Ou somos nós que vamos
ensinar para o CREA poder habilitar. Então, há uma inversão de valores, por que na verdade quando
negamos que um conhecimento não possa ser transmitido por determinado ramo do “mercado de
trabalho”, estamos cerceando a sua capacidade de desenvolver uma tecnologia, uma metodologia
científica capaz de resolver problemas”.
Abaixo a tabulação em relação às lacunas desta formação acadêmica.
Tabela 15 - Compilações Lacunas na Formação Acadêmica
Entrevistados
Respostas
A
Engenharem
X
Vivenciar
X
Alinhar teoria com prática
X
B
C
D
F
G
H
I
J
K
L
X
X
X
Não sai pronto
X
X
Generalização
X
X
Psicológico
X
Emocional
X
Raciocinar
X
Construção do
conhecimento
X
Rótulos
X
Pensamento Sistêmico
X
Nível técnico
X
Muito cartesiana
X
Inversão de valores
X
Encontro dos professores
(NDE)
X
X
X
X
X
Pensamento reducionista
X
Diálogo com sociologia,
filosofia
X
Currículo engessado
E
X
X
X
Diálogo com outros temas
X
Problema Real
X
Sentir o terreno
X
Debate entre acadêmicos
X
X
Cuidado com as pessoas,
social
X
X
122
Pouca leitura
X
Não tem lacuna
X
Mais tempo, mais disciplinas
X
Fase adulta, conseqüência
da infância
X
Sentimento
X
Visão Integrada
X
Fragmentado
X
Valorizar o desenvolvimento
endógeno
X
X
Competência
X
X
Capacidade de transmitir os
conhecimentos práticos
X
X
Ética
X
X
Mais projetos
X
Criatividade/ Inovação
X
Perfil desejado
X
Não ter atividade
complementar
X
Espiritual
X
Deformação
X
Excesso racionalidade
X
Precisa ter uma Visão
Holística
X
Ativismo político prático da
Universidade
X
Conexão conteúdos básicos
e profissionalizantes
X
Diversidade
X
Interdisciplinaridade
X
Infraestrutura
X
Mente aberta do aluno
X
Compromisso consigo
mesmo
X
Formação básica
X
Compreensão dos textos,
informação muito mastigada,
falta de leitura
X
Fonte: Autor, 2013
123
4.4.6 PERMACULTURA
Teve um bloco específico nas entrevistas para investigar em relação à permacultura, como
conheceu, em relação a sua concepção, seus princípios e flor e se deve dialogar com a
academia. Outra fato levantado foi à questão da imersão, saídas de campo.
• Como conheceu a Permacultura
Como se percebe a maioria das pessoas conheceu a Permacultura através da Academia de
alguma forma, dentro dela, por acadêmicos ou em eventos. Inclusive conheci ela no
semestre de calouro, em 2008 – final do semestre. Através do CPA, onde alguns
acadêmicos faziam parte e divulgavam na universidade. Um dos indivíduos teve um contato
através de um estágio – C –“então, eu achava que não ia veneno nos alimentos, então descobrir
que os alimentos que comiamos eram envenenados, para mim, foi um grande impacto na minha visão
cor de rosa do planeta e das pessoas. Então fui fazer estagio em agricultura orgânica”.
Tabela 16 - Compilações Como conheceu a Permacultura
Entrevistados
Respostas
Alguém contou que eram
permacultores
Companheiro(a)/amigos
Folder
Li em algum lugar
Evento Acadêmico
B
G
I
J
L
C
A
D
E
F
H
K
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Estágio
X
Saída de Campo –
Educação Ambiental
X
Estudantes da Universidade
Fonte: Autor, 2013
Destas vivências, surgiu o que senti e que diversos já retrataram – C –“Integrava tudo o que eu
sentia na verdade, tanto a questão em trabalhar em harmonia com a floresta como a questão da
agricultura orgânica e o conviver com as pessoas, então foi uma descoberta de uma paixão mesmo”
Em outra ocasião, foi a meu ver por intuição, pela visão sistêmica, através da agroecologia
que simplesmente uma das pessoas interessadas em adquirir terreno – B – “veio nos visitar
disse: “vocês são permacultores[...] “ela nos contou que em 92, na ocasião da Eco 92, vendeu um
carro para trazer o Bill Mollisson ao Brasil, para dar um curso de permacultura”.
124
Uma das entrevistadas diz que voltou – “super animada destes cursos que eu fiz em Bagé no
IPEP na época no RS, e voltei para a universidade com os amigos montamos a CPA, iniciamos um
processo de levar isto para dentro da universidade”. Da qual, através do Monitor do Laboratório
de Gestão e Valoração de Resíduos, na época eu – junto a diversos parceiros – reativamos
a CPA com um Curso de Introdução à Permacultura: Por uma vida + Sustentável.
• Concepção de Permacultura
Como dito pelo indivíduo – A – ”é difícil estar definindo a permacultura, conforme tu vai
vivenciando ela, a tua definição vai mudando”. Percebe-se que a concepção da mesma varia de
pessoa para pessoa. Compiladas 47 subcategorias, das quais alguns a consideram como
filosofia de vida e/ou como uma ferramenta potente. Pessoalmente, me encaixo neste grupo,
pois a própria lógica aristotélica nos leva a esta percepção! Buscar a harmonia, não deixar
se cristalizar, virar um dogma. Entretanto dar uma atenção, pois o “bloqueio” mais evidente
é a desinformação – B –”Qual é a barreira que a academia tem com a permacultura, o
desconhecimento, só! [...] “a permacultura é feita por pessoas, que saíram da academia”. Outra
evidente é o preconceito que surge da desinformação, também por que há uma estética
associada ao modo alternativo de vida dentro dos estereótipos da sociedade de consumo,
da sociedade urbanizada, o qual confunde estilo da pessoa com a ferramenta de design.
Tabela 17 - Compilações Concepção de Permacultura
Entrevistados
Respostas
A
Estilo/Filosofia de Vida
X
Design da sua propriedade,
onde se vive
X
Relacionou ao Clima
X
Setores
X
Harmonia
X
Difícil definir
X
Muda ao vivenciar
X
Acredito que não serão
todas as pessoas que
vão/devem se identificar
X
B
C
D
E
F
G
H
I
X
X
Intuição
X
É um tema transversal
X
Perfil
X
X
K
L
X
X
Relacionou com a
espiritualidade
J
125
Holístico
X
Forma Completa
X
Livre
X
X
Autonomia
X
Criatividade
X
Liberdade
X
Despertar da consciência
X
Visão de Mundo
X
Transformação
X
X
X
X
X
X
Ferramenta potente
X
Resgate
X
Relações
X
Ecoformação
X
X
X
X
X
Restrito
X
Vida Natural
X
X
Dinâmica
X
Carismática
X
Não é cristalizada
X
Tesouro
X
Existe se for praticada
X
Complexo
X
Soluções para crises
X
Religação
X
Desaceleração
X
Não é Permacultura
Australiana, esta elitizada
X
Conectar
X
Ecologia Prática
X
Ético
X
X
“8 ou 80”
X
Pré-conceito
X
Crescimento por degraus
X
Extra-curriculares, não
obrigado, voluntários
X
Equilíbrio
X
Iniciou com a Permacultura
X
Respeito em relação ao
meio e com o todo
X
Viver em micro-sociedades,
tribo
X
X
126
Surgiu na Austrália
X
Fonte: Autor, 2013
O entrevistado “B” citou diversos exemplos de diferentes áreas, desde a medicina,
jornalistas até ecólogos e disse – B –”usar o termo permacultura pra reunir toda essas boas
coisas esses bons profissionais, técnicas que enxergam de uma forma completa e holística os
acontecimentos é uma coisa interessante, mas não precisa ser permacultura, poderíamos chamar de
outra coisa, mas o interessante é que se criou em cima da permacultura a possibilidade de dar uma
identidade pra esse perfil. Então eu acho assim, se nos temos um rótulo e a nossa sociedade só
reconhece alguém pelo rótulo, façamos uso deste rótulo nesse momento, mas a partir do momento
que a maior parte da sociedade, sei lá quando é que vem isso, pra mim é utópico, não importa, temos
que seguir. Um dia as pessoas vão olhar pra trás e vão dizer, mas porque a gente usava rótulos
mesmo? Nós não precisávamos deles.” No grupo focal que ocorreu com os interessados na
permacultura, surgiu que o objetivo da permacultura, era que a “permacultura” não
precisasse existir. Parafraseando o Greenpeace. Do qual se refletiu, se toda manhã eles
tinham acesso a este objetivo.
Muitos compararam com o movimento de agroecologia – D –”o que é permacultura, o que é
agroecologia, até onde começa a permacultura e começa a agroecologia, por que são conceito que
surgiram meio que paralelos em alguns momentos e alguns lugares, mas que totalmente se sobre
põem mas enfim acho que a idéia é buscar a sustentabilidade”.
Alguns conseguiram elencar os pilares pessoais em relação ao termo – C –”para mim
permacultura são três palavras: autonomia, criatividade, liberdade com você, com as pessoas que
estão ao teu redor, com a comunidade onde você estiver.” Possui inclusive uma conexão forte
com– B –“Esta relação com a espiritualidade, no sentido da fé, não sentido religioso [...] ela deixa
você tocar um pouco a intuição e a nossa academia ocidental não deixa”.
Muitos percebem este resgate, reflexão – D –”como um resgate mesmo de varias técnicas
ferramentas enfim de varias comunidades ao longo do mundo inteiro que trabalham que buscam
justamente aproveitar da melhor forma possível os recursos naturais da região para sua própria
autonomia, dai na questão de produção de alimentos, da moradia, da energia, das relações”
Outro indivíduo foi mais direto afirmando que – L – ”a permacultura nasceu com os índios, isso
ai nasceu com os caiacós, com os xavantes. A permacultura aqui no Brasil nasceu com os nossos
índios da Amazônia, cada tribo indígena tinha a sua permacultura. a permacultura da Austrália ela
nasceu com os aborígenes então. E digo a você, os tritões, os gauleses, germânicos todo mundo aí
no passado tinha sua permacultura também, então a permacultura não é de agora, quem ganhou um
premio Nobel alternativo, quem inventou isso aí, ele sintetizou um conhecimento. E outro indivíduo
127
ainda acrescentou num momento de reflexão – H – ”é que no fundo no fundo me parece que a
permacultura é, se for ver a historia da humanidade, ela começou na permacultura”.
Entretanto não necessitamos “viver na pré-história” como já ouvi falar de alguns.
Simplesmente refletir, pois –I –”ser permacultor é conectar o que está desconectado, porque toda
formação acadêmica que acaba sendo acadêmica e toda formação que você recebe nas escolas
sendo feitas ou dirigidas por acadêmicos em ultima instancia são universitários dando aulas, quebrou
isso, quebrou a conexão, enche a cabeça de dados e você não sabe para que serve um com outro”
Alguns relacionam com a vida natural – E –”assemelha à vida, vida natural, vida como base. São
experiências fantásticas, uma pena, o grande ressentimento é que poucas pessoas tenham contato
com isso”. Principalmente, pois ela – F –”é muito carismática, ela consegue envolver os jovens,
consegue preencher uma lacuna que a academia não preenche. A academia é muita voltada para o
conceitual e a permacultura para o experimental”.
Algumas reflexões sobre o conceito – F –”Tem que ter esse cuidado, a permacultura na teoria
não é permacultura, ela é permacultura se é praticada. O conceito que ela traz é bastante
interessante, mas, se ela não passou por nossas mãos, e não tivemos a oportunidade de aplicar, será
somente, mas um conceito bonito entre outros.” E principalmente a proposta é de– I –”Não criar
novos mitos, não ser dono da verdade nem ser dono do tema e a permacultura é um movimento
mundial que vai se re-criando todos os dias. E irá mudando com tempos, locais.”
Há certa marginalização, geralmente parte do acadêmico buscar informações. O indivíduo
“K” sugere que elas de início, sejam – K –“atividades voluntárias relacionado à Permacultura [...]
Extracurriculares, não-obrigatórias [...] crescimento por degraus, para que se torne institucionalizado”.
Pois possui certa “Resistência de gestores”.
Entretanto, esta percepção deve ser redesenhada. A temida reforma curricular acadêmica
deve ocorrer, pois a mesma academia virou um produto, com interesses. Então para – H –
”inserir num conceito holístico na academia que está fragmentada em disciplinas turmas, teoria,
pratica etc... então eu acho que de repente tenha que ter uma reestruturação ou uma quebra desses
paradigmas funcionais, mas partir destes conceitos de permacultura para trabalhar dentro do curso,
da maneira de como esta organizada”
O grande lance, é as diferentes formas de se chegar à Permacultura, suas diferentes
pétalas, suas diversas temáticas e caminhos, – B –“Uma vivência com a permacultura, pode
mostrar diversas áreas, sendo assim, para o aluno que está um pouco perdido em relação a qual
“carreira” seguir, uma formação ou esta introdução pode abrir um leque e descobrir suas
afinidades”.Inclusive – H –”sendo uma disciplina, pode ser uma semente plantada nos alunos, para
mostrar, o que é essa permacultura”.
128
Algo que foi levantando é que – H –“ta muito distante de ter uma atuação da permacultura, e
depois se for expandir isso, um profissional que sai daqui, que sai com essa visão da permacultura,
vai estar na contra mão, porque vai ter que brigar com uma sociedade toda, que não pensa dessa
forma, então é uma briga constante e eterna, que vai tentar implantar a permacultura na sociedade...“
Entretanto este pensamento mercadológico está desmoronando nas mais diferentes áreas,
através de doenças, do psique, da relação com o próximo. Então não acredito que a briga
seja com a sociedade, e sim, consigo mesmo. Pois quem constrói a sociedade somos nós.
O conceito que mais me identifiquei, foi dito pelo indivíduo “I” ao dizer que ela nada mais é,
do que a Ecologia Aplicada, pois tanto se dividiu os conteúdos que a Ecologia é integradora
e com ela maximiza-se as relações entre indivíduo e espaço.
• Princípios e Flor da Permacultura
Com certeza a base da permacultura é a ética e valores – C –“se a gente não tem isso muito
claro e não consegue aplicar na nossa vida a gente tem que ficar um tempo trabalhando em cima
disso a principio, mas se a gente já tem isso claro e consegue aplicar a permacultura é muito lógica
ela trabalha com a lógica, e o principio de trabalhar com a natureza e não contra, o que na maioria
das vezes a gente aprende na universidade, e a energia da cooperação que é uma energia contraria
ao movimento que o sistema capitalista quer fazer com a gente”.
Tabela 18 - Compilações Princípios e Flor da Permacultura
Entrevistados
Respostas
A
Conhecer
X
Estar mais visível na
academia
X
Fazendo check-list
X
Repensar as ações
X
Vai do professor
X
Formação de cada
professor/aluno
X
Incentivar
X
B
D
E
F
G
H
I
J
K
L
X
X
X
X
X
Gestão territorial mais
humana
X
Disciplina
X
Já no ensino fundamental
X
Através da
Interdisciplinaridade
C
X
X
129
Abrir mais
X
Ética e Valores!
X
Lógica
X
É trabalhado, mas
X
Apresentar em algumas
disciplinas já existentes
X
Sim, não como um todo
X
X
Formação de qualquer
área
X
Flor – por onde chegar...
X
Religação dos Saberes
X
Na Ecologia
X
X
A própria academia
deveria ser a flor por
completa.
X
Parte de cada um, do
professor do aluno
X
Relembrou da infância
X
Compartilhar,
aproveitamento, respeito
à natureza
X
Grande maioria da flor se
encontra na academia
X
Fonte: Autor, 2013
Além desta ética, ela parte de uma visão baseada em alguns princípios, que todos – G –“são
princípios de sustentabilidade, principio de respeito, principio de boas relações. Na verdade todos
eles são princípios de humanidade. Qualquer ação humana deveria respeitar esses princípios.
Deveria ser pensado sobre isso, deveria ser explicitado”.
Agora refletindo sobre o primeiro – “I –Mas se você vai analisando eles qual o primeiro principio?
Observar e interagir. Como começa o método cientifico? Observação. Tudo o que vem depois é
insistir na multiplicidade de ângulos de visão, é insistir na diversidade, na complexidade, é insistir em
tudo o que estamos falando. Em ultima instancia é insistir no ecossistema. Quando se fala em
agroflorestas, quando se fala em cultivo diversificado, monocultivo, tudo isso é ecologia.” Outro
indivíduo reforça que “J – Tudo passa pela observação e o respeito pela natureza.”
E isto, perpassa na formação de qualquer área, – G –“quando fala, observe e interaja, esse
principio da pra medico, pra engenheiro, arquiteto, pra biólogo, pra qualquer coisa. Quando você tem,
aceite o feedback, é pra qualquer um”. Mas vale lembrar que a C – “permacultura não é uma
130
especialização, é uma ciência de generalização. Então a gente já começa a entrar num campo mais
restrito, a universidade estimula a especialização”.
A principal reflexão que posso trazer é que utilizar os termos sem ter uma prática,
desencadeia um processo de insegurança, G –“os professores deveriam discutir e trabalhar cada
um dentro da sua cadeira, como que cada um desses princípios aparecem. Talvez possa ser uma
possibilidade.” Outra proposta é através de um check-list, interno a meu ver. O ideal é que –
G – “a academia poderia ser cada uma das pétalas. Tem o livro do Morin, que chama Religação dos
Saberes”. O qual subsidia este diálogo numa visão mais integradora entre as diferentes
áreas, deixando de ser um feudalismo universitário. Geralmente – H – são coisas tão simples
de serem resolvidas, e difíceis de serem aceitas...”
• Deve dialogar com a academia
Segundo (HOLMGREN, 2007), existem muitas razões pelas quais soluções ecológicas de
envolvimento que incorporam os princípios de design da permacultura não tiveram um
impacto maior nas últimas décadas.
Por exemplo:
•
Uma cultura reducionista científica predominante que é cuidadosa, se não hostil, a
métodos holísticos de pesquisa.
•
A cultura dominante do consumismo, impulsionada por medidas econômicas
equivocadas de bem-estar e progresso.
•
Elites políticas, econômicas e sociais (globais e locais) que correm o risco de perder
influência e poder no caso de adoção de autonomia e autoconfiança locais.
Esses e outros impedimentos a eles relacionados se expressam de forma distinta conforme
as diferentes sociedades e contextos. Entretanto – F –”eu a vejo crescendo de forma crescente,
os educadores querem fazer, mas ainda não sabem como. Mas já existem esforços para permear
isso, não de uma forma integral. Você vê hoje um curso de arquitetura, que em, cinco anos atrás não
tinha o menor espaço para trabalhar a questão de bioconstrução, e hoje dentro dessa mesma
academia existem projetos de extensão, onde se constroem trinta casas de terra. Ou o curso de
agronomia, que algum tempo atrás preconizava somente o uso de herbicidas, grandes produções, e
hoje tem um mestrado em agroecologia, esta ganhando espaço. Eu acredito que o próximo passo,
são os educadores dessas redes se ligarem um pouco mais”.
Abaixo as compilações entre estes possíveis diálogos, a maioria afirma que deve ocorrer, o
indivíduo “I” comenta que tem que estar articulada, o “B” fala que este conhecimento deve
ser transmitido. Já o “G” afirma que deve ser como formação de indivíduo! O entrevistado
131
“K” não se expressou em função do tempo que se prolongou, entretanto se mostrou
interessado nesta relação da permacultura com a academia.
Tabela 19 - Compilações Diálogo com a Academia
Entrevistados
Respostas
A
Deve Estar
X
Mesmo que o aluno não se
interesse
X
Processo de aprendizado é
extremamente produtivo
X
B
D
E
F
L
X
X
X
X
X
G
H
I
X
J
K
X
X
Transmitir o conhecimento
X
Academia tem que ser mais
social
X
Sociedade se apropriar do
conhecimento da academia
X
Reformulação geral
C
X
X
X
Meio que desacreditei, mas
voltei
X
Desde a pré-escola
X
Qualquer sistema de ensino
X
Disciplina optativa
X
Espaço/Tempo dentro da
academia
X
Formação Pedagógica do
professor
X
Andar junto, dentro
X
X
Diluído
X
X
Todo educador
X
Toda profissão
X
Não necessariamente com
este nome
X
Necessidade
X
Como formação do indivíduo
X
X
X
Articulada
X
Permacultura é livre
X
Pensar no contexto,
conceito, conteúdo
X
Fonte: Autor, 2013
Aqui uma reflexão, para a Academia mesmo que ela – B – “reconheça principalmente que quem
faz a permacultura, o grosso das pessoas aqui que eu conheço que praticam de fato a permacultura,
132
são pessoas formadas pela academia, que estão ali botando em prática os seus conhecimentos
cartesianos, mas ao mesmo tempo estão conectando ele a outras coisas muito interessantes, e
fazem acontecer!”
Muitos dos permacultores são oriundos da academia, a própria trajetórias dos seus
idealizadores confirmam essa relação. Ao mesmo tempo é um tipo de pesquisador que ousa
dialogar com outros saberes e conhecimentos além de suas áreas especificas, ou seja, tudo
indica que sejam pesquisadores que praticam uma atitude teórica mais inter e
transdisciplinar.
Hoje quem se encontra na academia com maior facilidade é – D – ”a agroecologia, é o que ta
dentro da academia”. Quem sabe este seja uma forma de introduzi-la, pois através o conceito
de Perma, carrega diversos significados. E o – C – ”Sistema universitário forma o individuo para
competir no mercado de trabalho e não para cooperar, [...] todo sistema de avaliação do aluno, a
relação professor-aluno, eu ensino, você aprende. Então teria que haver uma reformulação geral para
que pudéssemos dizer que a permacultura esta permeando o que se chamou universidade, ou senão
ela vai começar como algo do que é educação ambiental hoje em dia, segregado.”
G – “Eu morro de medo da academia se apropriar da permacultura. A tendência é de se colocar em
cima do trono, agora eu sei, e todos os permacultores do mundo, não sabem. A permacultura esta
dentro da academia como formação, como mais uma coisa, eu acho perfeito. Você, ter uma faculdade
de Permacultura Deus me livre. Não é isso. [...] A permacultura não vai virar academia nunca. Ela é
muito marginal, franco atirador anárquico para virar. Espero eu.”
Entretanto é realmente necessário introduzir os conceitos da Permacultura na Academia,
pois esta insustentabilidade tanto do ensino, como da sociedade atual, formata muito o
aluno, porém ela pode ser “trabalhada” de outras formas – F –”acho que seria bastante
interessante esse espaço pudesse crescer dentro das academias, talvez não necessariamente com o
nome permacultura. Hoje se fala em tecnologias sociais, que são simples, apropriadas, de baixo
impacto ambiental, não se usa o nome de permacultura”.
Pois necessitamos ter – F –”cuidado para que ela não se cristalize, se torne um conceito. Que de
repente o profissional fez o curso de permacultura, e nunca praticou nada, mas já utiliza em seu
currículo – eu sou sustentável, pois eu fiz o curso de permacultura, esta aqui em meu currículo.”
Reforçando a idéia minha e do indivíduo – I –”acho que o importante desta época é não promover
novo dogma, estamos cheios de dogmas”.
Concordo que H – ”esses princípios, ainda estão um pouco distante da sociedade, mas eu penso
que isso, mais ali na frente, a permacultura deva vir da família, trazer da família, ai quando chega na
educação na escola, já tenha essas ações [...] hoje deveria ser trabalhado mais nas escolas, porque
a escola é um formador de conhecimento”.
133
Entretanto como dito, necessitamos nos responsabilizar pela formação dos acadêmicos. E
não esperar que a Escola nos ensine, a Família nos encaminhe. Esta responsabilidade é
integral, permanente e contínua. Apesar de que muitos pensem que para se apropriar dos
conhecimentos da “Perma”, necessite de ser ecólogo, de se identificar com o meio. Na
prática pessoas que nunca tinham parado para se escutar, se relacionar, se transformam
sem nenhum pré-requisito.
O aprendizado se bem conduzido, transforma vidas em poucas horas, às vezes num
pequeno vídeo. Algo que foi levantado é que uma boa forma de se relacionar é vivenciar um
estágio na selva, umas pensam em uma semana – J –“Eu acho uma coisa que seria legal, que
a gente tivesse alguma uma dinâmica, ideal com as crianças (universitários), levar para o campo, e
deixar uma semana vivenciando isso, essa coisa mais próxima da natureza”. Outras, “G”, já
visualizam no mínimo um ano. Acredito no caminho do meio. Um semestre para o aluno
desprender-se do meio urbano e viver os ciclos da natureza, das mais diversas formas,
como foi falado no início da discussão dos resultados.
• Imersão
Ao longo das entrevistas percebemos que outras dimensões importantes para a concepção
sobre permacultura e a formação acadêmica eram frequentemente mencionadas pelos
entrevistados. Uma destas dimensões se refere aos processos formativos que envolvem a
“imersão” dos educandos em vivencias significativas dentro da unidade dialética entre teoria
e pratica. Processos de convivência em grupo por determinados períodos que permitem
uma práxis em permacultura mediante um PDC, por exemplo.
De início trago a reflexão do indivíduo – A –”imagina uma sala de aula ter uma imersão de todos
os alunos, tu vai conhecer muito melhor aquele teu colega, a relação vai melhorar com o teu
professor também, então esse processo é interessante...”. Reforçando que a – G –A revolução é
individual. E o individual acontece pelo olho no olho, pelo afeto, pelo cuidado das pessoas.”
Tabela 20 - Compilações Imersão na academia
Entrevistados
Respostas
A
Academia deveria ser mais
flexível
X
Deve ter imersão
X
B
Para quem está distante
X
Pequenas imersões
X
Muito válida
X
C
D
L
X
E
F
G
H
J
K
I
134
Contato com outras
pessoas
X
X
Desperta outros sentidos
X
X
Absorção maior
X
Contexto
X
A academia deveria ser
sempre imersão
X
São escolhas
X
Fonte: Autor, 2013
O Indivíduo “B” traz uma reflexão para os nãos conectados com a natureza – B – ”o curso em
imersão é muito importante para quem está distante (da natureza), aquele sujeito que está no décimo
quinto andar de um edifício e não sente mais o cheiro de terra molhada quando chove, para isso (a
imersão) é importante”. Desta forma, o curso, para os Engenheiros Ambientais, por exemplo,
não necessita de longas imersões. Apesar de ser importante no processo formativo de pelo
menos, nos finais de semana as pessoas trocarem experiências mais próximas.
Já o indivíduo, afirma que a – I –“academia devia ser sempre uma imersão, só que não é assim, o
curso imersão tem este charme especial que é você se isolar do meio em que está e fazer toda
discussão e critica de uma vez com grupo de pessoas. É muito interessante. (Pois às vezes) as
pessoas não tem a possibilidade de decidir no seu tempo pessoal.” Sendo assim ela considera
que é um – “grave problema”.
Os outros entrevistados não se manifestaram a respeito, conduziram o diálogo para a
questão do diálogo entre a permacultura e a academia.
• Atitudes
Bem, como diz o velho marketeiro com seu “green washing”, – “A – hoje em dia é tudo
sustentável, então a gente procura dar exemplos de atitudes”, E complementa “G - Na hora que
você tem ações concretas, isso diz muito mais que todos os discursos”
Tabela 21 - Compilações Atitudes
Entrevistados
Respostas
A
B
C
D
X
E
F
G
H
X
I
J
K
L
X
Compostagem
X
Sistema de Saneamento
X
X
Banheiro Compostável
(Seco)
X
X
Difícil, precisa de uma
X
135
atenção
Auto-crítica
X
Pensamento Sistêmico
X
X
Agroecológicos/Orgânicos
X
Consumo Consciente
X
Auto-conhecimento
X
Reflexão
X
Respostas profundas
X
Positivar nas ações
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Já fui mais “radical”
X
Plantar, sementes crioulas
X
Manejo de florestas
X
X
Ervas medicinais
X
X
Captação da água de chuva
X
X
Não desperdiçar (matéria e
energia)
X
Resíduos (reciclagem e
energia)
X
Mesmo carro
X
Constante melhoria
X
X
X
X
X
Mostrar que as coisas são
possíveis
X
Não pode perder este
objetivo
X
X
X
X
Atitudes desde criança
X
Coisas simples, práticas
X
Fonte: Autor, 2013
Alguns conseguem reaproveitar inclusive seu esgoto, uma forma descentralizada de se
tratar e beneficiar o que antes tinha um destino final “ambientalmente adequado” (odeio este
termo, por acreditar que ele é apropriado pelas instituições, principalmente quando se trata
da questão dos resíduos) – A –“Só que é muito gratificante, tu ver o teu dejeto depois de seis
meses, virando adubo, e que pode estar usando para as arvores...“
G –“No livro do David (HOLMGREN), ele faz um paralelo entre as zonas de design, zonas 0,1,2,
3,4,5. Ele faz um “esqueminha", que ele coloca, zona 0 é você, como civil. Zona 1 é você e a sua
família. Zona 2, é seu trabalho e sua comunidade. Zona 3, cidade, bairro. Zona 4 é a sua micro
região. Zona 5 e estado ou nação. E que, portanto, como um bom Permacultor a sua energia tem que
esta colocada na zona 0,1, 2. Que é o teu grau de abrangência.”. Por isto nos últimos meses
136
tenho buscado me focar na família, e vizinhança próxima, pois sempre busquei autoconhecimento e ainda continuo, sempre.
I –“se você está no caminho, perfeito. Importante não ficar estagnado, achando o que você deveria
fazer e não faz. Ai você está traindo sua visão de mundo, do que você quer, ai a coisa fica
complicada. Não se traia, se respeite, faça o que você puder [... ]Eu acho que não perder pique,
expectativa. Acho que uma vida sem utopia é uma vida vazia.” Esta última parafraseando Eduardo
Galeano
Para se comprometer melhor com o meio, devemos ter atitudes pró-ativas, organizar o seu
tempo e em algum determinado tempo/espaço reservar para apoio ao próximo. Melhor, se
for ao horário da novela, onde a mídia manipula com informações generalistas. Lembrar
sempre da questão da continuidade e insistência. Com foco e autocrítica. É um processo,
mas podemos iniciar com o cuidado na alimentação, por exemplo, ao relacionar o impacto
da indústria da carne.
Por exemplo, nos últimos 20 anos, a expansão da pecuária bovina na Amazônia foi
assustadora. Segundo o IBGE, nesse período duplicou-se o número de cabeças, que
passaram de 26 milhões em 1990 para 80 milhões em 2010, o que corresponde a 70
milhões de hectares desmatados para criação da carne bovina. De fato, 80% do
crescimento bovino no Brasil ocorreram na Amazônia, mas a pecuária vem destruindo
florestas em diversos estados brasileiros. De acordo com a ONU, a pecuária é responsável
por 18% das emissões de gases causadores do aquecimento global, sendo a maior
responsável, à frente de todos os meios de transporte juntos. Segundo Maurício Waldman o
que mais gera resíduos é o setor da pecuária, sendo responsável por 39% de todo o
montante produzido no mundo, em seguida 38% mineração, 19% agricultura, 4% indústria,
3% entulho e somente 2,5% os resíduos sólidos urbanos.Sem falar da questão relacionada
ao uso excessivo da água como podemos observar abaixo:
Figura 16 - Litros de água Produzir 1kg de alimento
Fonte: SVB – Sociedade Vegetariana Brasileira
137
Atitudes que podem ser importantes neste processo de transformação é realizar a
compostagem e observar o alimento da terra, fechar este ciclo. Plantar sementes crioulas
(dê preferência), utilizar pequenas Hortas, Ervas medicinais em casa/apartamento. Vivenciar
o pensamento sistêmico ao utilizar o composto para a mesma.
Além de Sistemas de Saneamento com bananeira, reaproveitar as águas cinzas. Um
Banheiro Compostável (Seco). A compra de alimentos Agroecológicos/Orgânicos. Viver este
Consumo Consciente, refletir a origem dos produtos, dos elementos que compõe o mesmo,
se teve testes em animais. Captar a água da chuva. Não desperdiçar energia. Matéria, os
recursos. Reduzi-los e reutilizá-los.
Refletir com debate permanente em relação a como positivar as nossas ações, se apropriar
do auto-conhecimento para uma busca interior. Saber se posicionar e receber um feedback.
Nossa vivência na sociedade atual e antiga gerou muitos traumas que devemos neutralizar.
Inclusive Reich fala das couraças, a somaterapia também conduz os seus estudos nestes
véus entre o eu interior e a sociedade.
A mudança de consciência acontece quando você conhece, se identifica com uma pessoa e
esta pessoa vive/interage de uma forma diferente. Aos seus olhos e você se identifica de
alguma forma com aquilo e muda a sua percepção frente aquilo. Este contato com estas
pessoas, esta troca de energias, estes encontros; são motivadores, são reconhecimentos e
sempre esta troca ocorrer através da possibilidade da troca de diálogos, visualizar um ao
outro, como nas rodas de diálogo em círculos, gera-se um aprendizado, um despertar para
uma auto-reflexão.
Refletimos no grupo focal (GFP) sobre a mágoa - Má água. Onde todos em algum momento
relataram esta mágoa com o sistema do qual estamos inseridos, esta crise interna que
muitos passaram e passam. Esta desconstrução necessária, mas que devemos positivá-la,
pois se não a mudança não ocorrerá.
Concluo com um – I –“Fechamento da idéia geral de tudo que discutimos até agora passa pela
intenção da pessoa, passa pela coerência da intenção que é respeitar sua ética. Então, primeiro
vamos descobrir que filosofia temos e que ética temos. O resto é tudo coisa aprendida no caminho, o
que não se sabe se aprende, mas ética não se aprende, ética se descobre um dia e você tem que
fazer, ser coerente com você mesmo, respeitoso com você mesmo, isso você é ou não é, o resto vem
sozinho, é como a saúde depois você corre atrás.”
138
4.4.7 OUVIDORIA
Em relação esta ouvidoria, utilizou-se as redes sociais interconectadas pela internet ao redor
do mundo, atualmente, além do “Facebook” e do “Orkut”, têm-se outras redes específicas,
como neste caso em relação a PERMACULTURA. Uma delas é o Permaculture Global, em
nível “mundial” e outra é a rede brasileira NING, a Rede Permacultura Social Brasileira. Em
breve a rede de idéias altruístas “COOLMEIA” será uma das ferramentas importantes neste
“boom” tecnológico de inter-relações digitais.
Global
•
Permaculture Global
Perfil - http://www.permacultureglobal.com/users/7831-fabio-carvalho
Fórum - http://forums.permaculturenews.org/
Em âmbito transnacional criou-se um perfil, com algumas trocas de mensagens entre
brasileiros, somente para agendar uma entrevista.
Figura 17 - Ouvidoria - Permaculture Global
Fonte: Autor, 2013
No fórum, foi feita uma apresentação, falando sobre minha pessoa e uma busca por um
grupo permanente de debate sobre permacultura e academia, foi sugerido um artigo do Rob
Scott, do qual referenciei, inclusive. Foi realizado uma troca e-mails com o responsável pelo
artigo, ele sugeriu ler e acompanhar os comentários na própria página dele. Não obtive
respostas nos e-mails encaminhados para Bill Mollisson e David Holmgren. Não sei se eles
receberam, inclusive.
139
Nacional
•
Ning – Rede Permacultura Social Brasileira
Perfil – http://permaculturabr.ning.com/profile/fabinhovaccarocarvalho
Grupo- http://permaculturabr.ning.com/group/permacultura-e-academia-universidade
Foi dialogado com uns dos criadores, e ele sugeriu que abrisse um grupo para este debate
permanente e contínuo. Algumas pessoas entraram no grupo e inclusive falaram que tinham
o mesmo interesse e que estavam visualizando algo na área. Ocorreu uma troca de e-mails
com três pessoas. Quem sabe um possível encontro em MG.
Figura 18 - Ouvidoria - PSB - Nacional
Fonte: Autor, 2013
Ambos os grupos subsidiaram algumas pesquisas e textos.
4.4.8 OUTRAS PROPOSTAS DE APRENDIZADO
Nesta pesquisa, alguns outros caminhos foram evidenciados em pesquisa bibliográfica,
propostas transformadoras ao redor do mundo e algumas bem importantes no contexto
Brasileiro. Decidi por apresentá-los (ipsis literis) com a referência em nota de roda-pé, pois
serve de inspiração e direção utópica.
140
• Decrescimento68
“É a palavra que faz referência a um conjunto de mobilizações sócio-político-ecológicas que
criticam o crescimento econômico e os padrões de consumo nos países de capitalismo
avançado. Essas críticas assumem as formas mais diversas como que em oposição a uma
centralização do movimento. Um dos meios encontrados para nomear essa mobilização que
apesar de ter um nome é uma variedade de associações, coletivos e pontos de vista foi
considerar o decrescimento como uma “nebulosa”. Os livros escritos na França coma
finalidade de apresentar o decrescimento de maneira abrangente (e não apenas como as
teorias de Serge Latouche, por exemplo) usam a palavra “nebulosa” para explicar porque
precisam usar vários capítulos, alguns para as teorias e outros para os pequenos coletivos
espalhados na França (cf. BAYON, FLIPO; SCHNEIDER, 2010; DUVERGER, 2011). É
comum também que os próprios militantes evoquem a “nebulosa” ou “guarda-chuva” para
apresentar o movimento, como uma forma de dizer que existem alguns sentidos
compartilhados sem que haja algum (ou um grupo ou uma pessoa) que prevaleça sobre os
demais”.
• Escola dos Deuses
“No livro69, ao seguir as pegadas de um ensinamento desconhecido de um manuscrito
milenar — The School for Gods —, escrito pela singular figura do filósofo Lupelius, um
lendário monge-guerreiro, o protagonista reencontra a sí mesmo e recebe, do Dreamer, a
mais incrível tarefa: fundar uma nova Escola, uma universidade sem fronteiras. A Escola dos
Deuses é, também, a história do nascimento prodigioso e das idéias que norteiam a
European School of Economics (ESE) que, em poucos anos, abriu as suas sedes em
Londres, Nova York, Roma, Milão e Lucca, na Itália”.
• Flex School
É uma proposta de estruturar a sua grade, de forma livre você incorpora as disciplinas que
tem interesse em toda a universidade e é capacitado pelas diferentes disiciplinas, não sai
um profissional “X”, mas um cidadão melhor preparado para a sociedade.
68
BÁDUE, Ana Flávia P. L. The nebula of degrowth. A study on the contradictions of new forms of
political action. 181p. Dissertação (Mestrado Antropologia Social). Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas. Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo, 2012.
69
SCRIBD. Escola dos Deuses. Disponível em:<http://pt.scribd.com/doc/74678868/A-Escola-dosDeuses>. Acesso em: 5 jun. 2013.
141
• Gaia Education70
“O Programa Educação Gaia – Design para a Sustentabilidade foi criado por um
consórcio de educadores denominado “GEESE” (Ecovillage Educators for a Sustainable
Earth), que têm se reunido desde 1998 em diversos países com o objetivo de formular um
currículo holístico e transdisciplinar de educação para a sustentabilidade. Suas raízes estão
nas experiências e lições aprendidas por ecovilas de várias partes do mundo que vem
desenvolvendo comunidades sustentáveis em áreas e rurais e urbanas”.
“Desde 2005, o programa é reconhecido como uma das contribuições oficiais à Década
Internacional da Educação para o Desenvolvimento Sustentável da ONU (2004-2014),
com o endosso da UNITAR – Instituto para Treinamento e Pesquisa das Nações Unidas e
da UNESCO”.
“Atualmente, está presente nos 5 continentes, em 33 países, com mais de 135 programas.
No Brasil foi realizado o primeiro Gaia em São Paulo em 2006 e desde então, vem sendo
realizado também no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul, Paraná,
Ceará, Brasília e Amazonas. Com lançamento em Florianópolis para o segundo semestre de
2013”.
‘O Programa foi organizado sistemicamente como uma mandala, com quatro dimensões que
consideramos intrínsecas à experiência humana, e cada uma delas contempla 5 módulos
temáticos”:
•
SOCIAL
•
ECONÔMICO
•
ECOLÓGICO
•
VISÃO DE MUNDO
• Gaia University71
“Universidade Gaia oferece um modelo único e flexível para aprender e desaprender com
base na auto-direção, percursos baseados em projetos. Com um mínimo de disciplinas
obrigatórias estabelecidas por nós, você dedica a maior parte de sua energia para a
concepção, implementação e documentação de projetos do mundo real. Nós fornecemos
uma teia de apoio multidimensional de conselheiros e mentores que ajudarão no
70
NHANDECY.
Programa
Educação
GAIA.
Disponível
em:
<http://institutonhandecy.wordpress.com/programa-educacao-gaia/>. Acesso em: 5 jun. 2013.
71
GAIA UNIVERSITY. Disponível em: <http://www.gaiauniversity.org/welcome-gaia-university>
Acesso em: 5 jun. 2013.
142
desenvolvimento prático de seus projetos e incentivá-lo a desenvolver sua capacidade de
pensar criticamente sobre o seu trabalho e os processos internos”.
• UMAPAZ 72
“A UMAPAZ, Departamento de Educação Ambiental da Secretaria Municipal do Verde e do Meio
Ambiente (SVMA) da Prefeitura do Município de São Paulo, opera por meio de uma rede de
parcerias. Foi concebida em 2005 e iniciou suas atividades em janeiro de 2006. Em 2009, como
departamento, passou a coordenar também a Escola Municipal de Jardinagem, a Divisão de
Astronomia e Astrofísica e o Programa A3P”.
“O Prefeito aprovou a idéia de instituir, em São Paulo, a Universidade Aberta do Meio Ambiente e da
Cultura de Paz - UMAPAZ - e designou, também, um prédio no Ibirapuera para sediar a UMAPAZ”.
“A proposta básica da UMAPAZ foi apresentada e aprovada no CADES - Conselho Municipal do Meio
Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente
de São Paulo, em 28 de julho de 2005”.
“A formulação da proposta da UMAPAZ considerou outras experiências de Universidades Abertas ou
Livres em vários países e no Brasil, que complementam ou suplementam as instituições de ensino
formal, como a Unilivre - Universidade Livre do Meio Ambiente, em Curitiba (PR); a Universidad Libre
del Ambiente, em Córdoba - Argentina; a U-Peace de Costa Rica; a Universidad Libre de Cataluña,
na Espanha e o Schumacher College, na Inglaterra.”
• UNIPAZ 73
“A UNIPAZ – Universidade Internacional da Paz, unidade Santa Catarina em Florianópolis,
desenvolve projetos de Paz oferecendo o curso Eco Formação FHB – Formação Holística de Base,
atualmente na 12ª turma. A Universidade Internacional da Paz – UNIPAZ foi criada por Pierre Weil,
em Brasília, em 1987. Tem como missão disseminar uma Cultura de Paz no mundo e promover a
plenitude e inteireza do ser humano, alicerçada na visão holística transdisciplinar, de acordo com a
Declaração de Veneza da UNESCO (1986) e a Carta de Brasília, documento-síntese do I Congresso
Holístico Internacional (1987). Graças à sua expansão, a UNIPAZ constitui-se, hoje, numa Rede
Internacional com Unidades em vários Estados do Brasil e em outros países.”
72
UMAPAZ.
Disponível
em:
<
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/meio_ambiente/umapaz>. Acesso em: 5 jun. 2013.
73
UNIPAZ. Disponível em: <http://www.unipazsc.org.br/>. Acesso em: 5 jun. 2013
143
• Universidade dos pés descalços74
“Em Rajasthan, na Índia, uma escola extraordinária ensina mulheres e homens do meio rural - muitos
deles analfabetos - a tornarem-se engenheiros solares, artesãos, dentistas e médicos nas suas
próprias aldeias. Chama-se Universidade dos Pés-Descalços, e o seu fundador, Bunker Roy, explica
como funciona.”
• Universidade Libertária
Sobre o termo, descoberto em um Curso Online de introdução, autoformação e construção
da “VIA SOT” – Sistema Orgânico do Trabalho. Considera-se que uma das primeiras
experiências de “universidade libertária” no Brasil seria a Escola Nacional Florestan
Fernandes (ENFF). Não tanto pelo conteúdo ou tipos de cursos ofertados, mas, sobretudo,
por ser uma escola dos trabalhadores para os trabalhadores.
“A ENFF foi inteiramente construída com tijolos de solo cimento, uma técnica de
bioconstrução aprendida nos cursos de permacultura, fabricados na própria escola. Além de
esses tijolos serem mais resistentes, seu uso possibilita uma redução de 30% a 50% nas
quantidades de ferro, aço e cimento necessárias à execução da obra, comparativamente a
uma edificação convencional. Os tijolos são levados para secar ao ar livre, dispensando-se
portanto o uso de fornalhas e a queima de madeira. Esse tipo de manejo atende a um
princípio fundamental para o MST: preservar e utilizar racionalmente os recursos naturais.”
“Como um autêntico espaço de uma educação, em sentido amplo, para além do capital
(MÉSZÁROS, 2002), a instituição “universidade libertária” abrangeria, de forma não
dissociada e menos ainda hierárquica, as diferentes dimensões de produção e socialização
do conhecimento, não como instrumento para a valorização do capital ou legitimação das
ideologias dominantes, mas sim na perspectiva da emancipação plena dos humanos. Essa
perspectiva materializa se tanto no processo de inovações ou novas tecnologias sociais,
voltadas para uma adequação sócio-técnica dos eixos produtivos do SOT, viabilizando
assim uma efetiva produção de valores de uso, como também nas relações sociais mais
amplas, com a questão da cultura e da comunicação ou mesmo na tarefa histórica de
superação da divisão entre formas de trabalho manual e formas de trabalho intelectual.”
74
YOUTUBE.
Universidade
dos
pés
descalços.
<http://www.youtube.com/watch?v=oC5FMJlD_EQ>Acesso em: 5 jun. 2013 .
Disponível
em:
144
“Dentre deste escopo, é possível pontuar algumas funções e propósitos que a universidade
libertária (ou o conjunto delas) viria a desempenhar:
•
Adequação Sócio-Técnica do setor produtivo e do consumo;
•
Política Científica e Tecnológica vinculada a Política de Investimentos do Sistema
Orgânico do Trabalho – SOT;
•
Formação continuada, crítica, com autonomia plena (nova estrutura curricular que
supere o isolamento dos conhecimentos e a subordinação do conhecimento à lógica
de “profissões”);
•
Espaço permanente e livre de trocas, debates, socialização de conhecimentos,
valores, práticas culturais, entre outros;
•
Observatório da SOT (estudos analíticos, avaliações de desempenho sistêmico,
discussões, ponderações e autocrítica);
•
Comunicação e Jornalismo independentes (rádio, TV, outras mídias, com autonomia
e liberdade de expressão).”
“Dessa forma, haveria vários espaços qualificados de trocas e diálogos, tanto de discussão,
ponderações, análises, como também espaços deliberativos, especialmente no setor de
investimentos e inovações técnicas e científicas, talvez na forma de um “conselho das
inovações”, diretamente integrado aos eixos produtivos, como uma espécie de órgão de
planificação, dos investimentos produtivos, de abrangência sistêmica.”
“Entretanto, numa lógica orgânica de superação da divisão hierárquica e social do trabalho,
seria ainda fundamental construir elos entre esses espaços (intercalando autonomia e
autogestão com elementos ou práticas de coparticipação), potencializando assim a
responsabilização e a prudência em cada esfera de atuação, bem como uma solidariedade
organicamente integrada, a partir do próprio espaço decisório determinante da política
científica e tecnológica de todo o SOT, dentro de uma efetiva governança autogestionária,
conforme veremos adiante.”
145
• Virtuais
Diversos são as formas de aprendizagem virtuais, entre elas a Academic Earht75, que
possui aulas onlines gratuitas e a Wikiuniversidade, “que é uma wiki onde pessoas e
grupos colaboram utilizando conhecimento livre no aprendizado e na pesquisa em todos os
níveis de complexidade. Convidamos estudantes e professores, autônomos e em
instituições, a utilizarem este ambiente para organizar seus estudos e anotações, promover
discussões e trocas de ideias, de forma que todos possam participar no processo educativo,
criando, aprimorando e aprendendo com seus conteúdos e comunidade”.
“A organização da Wikiversidade é muito simples: o módulo básico são as aulas, essas
podem estar reunidas em cursos, e ambos aparecem reunidos em portais. Frequentemente
uma aula figurará em mais de um curso, e uma aula ou um curso em mais de um portal. Os
portais podem reunir as atividades de um grupo de estudo, de uma pesquisa, dos
participantes de uma instituição, ou os conteúdos anteriores relativos a uma área do
conhecimento”.
Outra proposta é a Rede Coolmeia76 de Ideias Altruístas, “que é um espaço para a
contínua reflexão, debate e apresentação de ideias para serem implementadas
individualmente ou de forma coletiva tanto local quanto globalmente. É um fórum
permanente, onde as mais diversas ideias são debatidas e implementadas. É também um
repositório, um armazém de ideias e ações simples e efetivas que já foram postas em
prática e que, comprovadamente deram certo. Elas estão aqui para inspirar e iluminar o
caminho de quem começa nesta jornada altruísta. São ideias que não necessariamente
necessitam de dinheiro para serem postas em prática e podem ser completamente
realizadas sem qualquer tipo de apoio institucional ou governamental. Basta chamar um par
de amigos no fim-de-semana e arregaçar as mangas”.
Entre outras propostas como da UFRGS77, do VEDUCA78 entre outras iniciativas
educadoras libertárias.
75
ACADEMIC EARTH. Disponível em: <http://www academicearth.org/>. Acesso em: 4 jun. 2013.
COOLMEIA. Disponível em: <http://www.net.colmeia.org/>. Acesso em: 7 jul. 2013.
77
INF – UFRGS. Disponível em:
<http://www.inf.ufrgs.br/pet/index.php?option=com_docman&task=cat_view&gid=26&Itemid=17/>.
Acesso em: 7 jul. 2013.
78
VEDUCA. Disponível em: <http://www.veduca.com.br/>. Acesso em: 7 jul. 2013.
76
146
5 C ONSIDERAÇÕES FINAIS
“9 mulheres não fazem uma criança em um mês”
Citado numa das entrevistas
Neste processo referente às entrevistas e aos processamentos de dados, sentiu-se uma
aprendizagem crescente, muitas entrevistas, muita informação. Se não fosse o apoio de
amigos para as transcrições, se tornaria impossível. Quanto às recomendações, tive a
consciência que era muito amplo à quantidade de categorias, entretanto continuou-se com a
intenção de apresentar uma síntese de cada categoria de uma forma mais generalizada e
superficial. Pois cada categoria se desdobraria em uma pesquisa científica. Visa-se com
estas compilações refazer a analise categorial de forma mais aprofundada, visualizando
tendências e resultados mais práticos de solução.
Visualizo meu trabalho de conclusão como um “Start” no sentido de abrir os espaços para
uma visão mais integradora e mais holística. Desta forma senti uma necessidade de
abranger diversos conteúdos e conceitos. Mas deixo claro que o ideal seria reduzir e focar
em poucas categorias. Acredito que o passo foi maior que as pernas cientificamente
falando, precisaria de mais um semestre para maturação das informações e/ou um
mestrado para abraçar as reais necessidades de adaptações e aprofundamentos.
Bem, a permacultura a meu ver, ela transcende uma filosofia/estilo de vida, pois ela pode
ser aplicada em diferentes níveis e pode ser adaptada para o seu meio, maximizando as
interações
suas
com
o
mesmo.
Além
de
ser
uma
ferramenta
potente
de
design/planejamento estratégico para sua permanência. Acredito ser um processo também,
que aos poucos vai se incorporando as atitudes cotidianas, eu mesmo a conheci em 2008 e
ainda não me considero um Permacultor.
Quanto às implicações práticas para um Engenheiro Ambiental, acredito que a compreensão
do pensamento sistêmico integrador é essencial. Mas principalmente sua ética baseada na
cooperação e no diálogo, a relação entre as pessoas envolvidas e o lado da intuição. Para a
formação de Permacultor, a Engenharia Ambiental entra com a relação do tempo de
maturação e com questões mais científicas, um olhar mais rigoroso.
Quanto aos objetivos, teve-se conhecimento do projeto pedagógico, dos perfis dos outros
cursos e da compreensão da matriz curricular. As lacunas foram debatidas como uma
categoria que emergiu diversas visões quanto ao processo de aprendizagem da academia.
As atitudes, apresento, de uma forma crítica construtiva (colaborativa) com uma reflexão
forte ao mostrar que nós somos os agentes de mudanças e que o foco maior é o
147
autoconhecimento e estas transformações estão próximas à nós, ressaltando a nossa ética.
Quanto aos caminhos, foram sugeridos alguns interessantes para esta relação sistêmica
que a Permacultura apresenta, tanto de forma direta (inserção dos conceitos e vivências)
como de forma indireta ao focar nas práticas e atitudes.
Ressalto que o sistema universitário forma o indivíduo para competir no mercado de
trabalho e não para cooperar. Sendo assim, teria que haver uma reformulação geral para
que pudéssemos dizer que a permacultura esta permeando o que se chama atualmente de
universidade, que se subentende como universo, o todo; não somente um olhar científico.
No século XIX, tornou-se “laica” (apesar de hoje na Univali possuir uma “pastoral”, cujo
nome remete religiões específicas). Quando instituiu sua liberdade frente à religião e ao
poder, abriu-se a grande problematização, surgida com o Renascimento, que interroga o
mundo, a natureza, a vida, o homem, Deus (e outros nomes). Acreditam que Jesus, Buda,
por exemplo, queriam que as pessoas utilizassem roupas específicas e ajoelhar-se perante
eles? Será que não seria egóico da parte deles? Há um núcleo de Espiritualidade e Ciência,
que aparentemente não está vinculado à pastoral, mas que busca integrar este lado muitas
vezes dito místico ao cotidiano.
Esta reforma possibilitou que se criassem departamentos onde introduziu-se as ciências
modernas. A partir dai, co-existia – mas não se comunicam – as duas culturas: a das
humanidades e a cultura científica.
A universidade deve adaptar-se à sociedade ou a sociedade é que deve adaptar-se a
Universidade? Há pontos em comum, o que irá depender é o estágio que se encontra a
população, esta deve participar mais do meio acadêmico, trazer reflexões para a mesma ao
ponto desta transformação ocorra de dentro, tanto da universidade como da sociedade e se
complementem.
A reforma universitária não poderia contentar-se com uma (pseudo) democratização do
ensino universitário e com a generalização do status de estudante. Fala-se em uma reforma
que leve em conta nossa aptidão para organizar o conhecimento – ou seja, pensar. A
reforma do pensamento exige a reforma da Universidade.
A fim de instaurar e ramificar um modo de pensar que permita a reforma, seria o caso de se
instituir, um “dízimo epistemológico ou transdisciplinar” que retiraria 20% (à princípio) da
duração dos cursos para um ensino comum, orientado para os pressupostos dos diferentes
saberes e para as possibilidades de torná-los comunicantes. Penso eu que deveria ir além,
todo semestre, deveria ter um projeto para construção do conhecimento em comum.
148
Digamos que na M3, uma das “notas” (aqui uma reflexão se as notas deveriam mesmo ser a
referência máxima de se aprovar um aluno) seria através de uma vivência integradora entre
ambas as disciplinas do mesmo semestre. Além de dependendo da área/tema/disciplina,
dialogar, inclusive entre cursos e centros. Vivenciando os saberes compartilhados entre a
saúde e o meio ambiente, por exemplo. Poderíamos também imaginar a instituição, um
centro de pesquisas sobre os problemas de complexidade e de transdisciplinaridade, bem
como oficinas destinadas às problemáticas complexas e transdisciplinares.
Os princípios que norteiam a universidade são os princípios da separação e de redução.
Sendo esta redução do todo ao adicional de seus elementos. Além deste tipo de redução,
ocorre a limitar que o conhecimento tende a ser somente mensurável, quantificável,
formulável. Ora, nem o ser, nem a existência podem ser expressos matematicamente.
Levando a “quantofrenia” (Sorokin) e à “Aritmomania” (Georgescu-Roegen). Devemos
recorrer ao princípio de Pascal: “Como todas as coisas são causadas e causadoras,
ajudadas e ajudantes, mediatas e imediatas, e todas são sustentadas por um elo natural e
imperceptível, que liga as mais distantes e as mais diferentes, considero impossível
conhecer as partes sem conhecer o todo, tanto quanto conhecer o todo sem conhecer,
particularmente, as partes”.
As duas revoluções científicas do século preparam a reforma do pensamento. A primeira
começou com a “física quântica”, a queda do dogmatismo determinista, e a introdução da
incerteza no conhecimento científico. A segunda frente “às grandes ligações científicas”,
os conjuntos organizadores, ou ecossistemas, em detrimento do dogma reducionista, há
uma ressurreição das entidades globais, como o cosmo, a natureza, o homem. Alguns elos
começaram a se formar entre as duas culturas. “Alguns pensadores79 científicos ocuparam o
lugar deixado vago por uma filosofia enrodilhada sobre si mesma, que já não reflete sobre
os conhecimentos transmitidos pelas ciências” (MORIN, 2000).
Mesmo apropriadas das informações recebidas através da grade curricular, as pessoas
sentem uma grande dificuldade em colocar em prática o saber decorrente das associações
entre essas informações.
Tendência a ordenação é algo que a torna rígida e inquestionável por parte dos
professores. A hierarquização contamina a sociedade onde no topo estão os que pensam e
na base massiva, aqueles que “não sabem”, possuindo “subempregos”, ditos inferiores. Este
79
Jacques Monod, François Jacob, Ilya Prigogine, Henri Atlan, Hubert Reeves, Michel Cassé,
Bernard d’Espagnat, Basarab Nicolescu (transD), Jean-Marc Lévy-Leblond e tantos outros.
149
pensamento desconsidera a qualidade do saber popular e das tradições, desvalorizando
também as pessoas que produzem e mantém os bens de consumo.
A fragmentação do saber protege seu conteúdo, limita e aprisiona. A hiperespecialização promove a construção de linguagens próprias garantindo que somente o
especialista daquela determinada subárea seja capaz de dominá-la. Mesmo sendo de uma
área comum, estes não conseguem permutar saberes ou perceber e estudar problemas
complexos que extrapolam as disciplinas.
A excessiva valorização do pensamento em detrimento do corpo e das emoções. Os
corpos dos alunos são extremamente disciplinarizados. Sentar e ficar quieto, prestando
atenção, copiando e fazendo “AHAM” com a cabeça. A academia produz um grande
distanciamento entre pensamento, o corpo e as emoções dos alunos, fraturando o ser
humano integral em partes distintas. Tornamo-nos, acima de tudo, seres pensantes, em
busca de uma suposta verdade, e esquecemo-nos de desenvolver aspectos ligados à ação
do sujeito em seu meio e à interação desse sujeito com outros sujeitos e consigo mesmo.
Cooperação, comunhão, autoconhecimento e outras habilidades e conquistas essenciais à
existência humana não encontram lugar na Grade curricular.
Além da tendência a generalização e o distanciamento entre os sujeitos e a produção
de conhecimento. Desde cedo os alunos argumentam que, se existem duas ou mais
definições a respeito de um mesmo objeto de conhecimento, apenas uma delas é a correta:
a que está disposta no livro didático. O livro torna-se a fonte do conhecimento ou o próprio
conhecimento em si. Invés de explorar o diálogo e os debates e construir o mesmo.
Utilizar arquitetura curricular (como diriam os portugueses), ou melhor, TEIA curricular.
Constitui-se do contexto e das realidades locais e globais. O tecido desta teia é vivo e
carrega consigo o desejo transdisciplinar do encanto, do mistério, do conhecimento e do
desconhecimento. Procura associar: corpo, emoções e pensamento; arte, ciência e tradição;
indivíduo sociedade e natureza; teoria, prática e sentido.
A universidade como organismo, deve investir as suas co-relações tanto institucionais,
como interpessoais. O “olhar para dentro”, é necessário, para sensibilizar e mobilizar os
acadêmicos para uma transformação. O olhar para fora, enquanto organismo deve interagir
com o seu entorno, não é à toa, que a Univali é uma universidade comunitária. Este olhar
através de seus muros é essencial. Mudanças impostas são fáceis e rápidas de ocorrer,
porém mudanças profundas e necessárias demandam mais tempo, atenção e energia.
150
A transdisciplinaridade vem sendo apresentada como uma alternativa à excessiva
especialização e fragmentação hoje presente na ciência. Entretanto, é preciso verificar se
ela está restrita ao discurso epistemológico ou se está presente na prática de
pesquisadores. Como a universidade é um lugar privilegiado de produção de conhecimento,
parece relevante investigar se ela faz parte do cotidiano de uma grande universidade.
Entretanto ficou evidente que há uma falha em articular as disciplinas, pois a
interdisciplinaridade pressupões o diálogo entre as disciplinas em um mesmo nível (carga
horária). E mais delicado ainda na produção de um conhecimento comum (TransD).
Percebeu-se nas falas dos entrevistados uma grande diferença entre a construção de um
conhecimento e a transmissão do mesmo. As ferramentas digitais tem tomado conta desta
transmissão, entretanto a didática acaba sendo, de uma forma top-down, sem os diálogos
necessários para a construção deste conhecimento. Precisamos unir as didáticas com a
informação. Os debates em sala de aula devem ser fomentados e diferentes pontos de
vista serem expostos, pois sabe-se que a realidade está aos olhos do observador. E a
diversidade dos sujeitos, suas culturas, seus pensamentos, suas vivências influenciam neste
processo.
Quanto à exigência do MEC, através do Decreto nº 4.281/02 que recomenda a “integração
da educação ambiental às disciplinas de modo transversal, contínuo e permanente” (Art. 5º,
inciso I) mas que veio ser regulamentada com a Resolução do Conselho Nacional de
Educação - Resolução do CNE n.2, aprovada em 15 de junho de 2012 – acredito totalmente
necessária, pois elas estão tão fragmentadas que muitas vezes não conseguimos pensar
em onde que as mesmas podem ser aplicadas.
Em todos estes decretos e resoluções é explicito a inserção da EA de forma interdisiciplinar
e transversal no sistema de ensino, mas em todas elas também se coloca um inciso
especifico facultando a criação de disciplinas especificas de EA nos cursos de graduação
que atuam com formação de profissionais da área. O que é o caso de todos os cursos que
foram foco de investigação, por exemplo, pois ela contém suas especificidades e sua arte. E
não pode ser confundida somente com ética, que é o que o novo currículo pretende fazer.
De que forma estas disciplinas podem conter a EA, somente com diálogo, com formação
de professores, com didáticas. Além das propostas sugeridas já no início, dos vinte por
cento para o conhecimento comum e/ou uma das notas da M3 para um projeto entre as
151
disciplinas do semestre. Além de um centro de pesquisas sobre a complexidade e a
transdisciplinaridade, exemplo do CETRANS80, na USP e CIRET81, na França.
Outra proposição é estruturar as Atividades Complementares que é uma forma de se
fomentar as atividades extra-classes e poderiam ser definidas de diversas formas.Como
exemplo temos uma tabela (APÊNDICE F), que foi adaptada da Universidade Mackenzie.
Inserção de oficinas/cursos/disciplinas sobre filosofia, sociologia – trazer a questão mais
humana para a Universidade. Bem como dinâmicas que expressem uma relação com o
corpo, com a mente. Em forma de CHECK LIST, o NDE pode rever o que cada disciplina
almeja repassar e de que forma. E suas reuniões, tanto NDE como Colegiado, deveriam
possuir uma página específica disponibilizando as atas online. Como podemos debater
algo, se não conhecemos? E falando em ONLINE, na UFSC têm-se uma aula no final do
semestre para avaliação – debate entre os alunos sobre a disciplina, professor. Não
somente uma pesquisa online.
Uma ideia que surgiu é que cada disciplina liberasse uma vaga pra qualquer um da
UNIVALI e qualquer um da comunidade (no mínimo). Sendo assim iriam se co-relacionar
inter-centros, pois em cada semestre o acadêmico poderia ter a chance de fazer uma
disciplina bônus em outro curso. Fomentando estas interações entre as temáticas. Sem falar
nas disciplinas optativas inter-centros. Falta um fomento em relação a isto. E “disciplinas”
que proporcionem um aprendizado mais transcultural, que alimentem a alma, mergulhem no
desconhecido, questões existenciais, lado filosófico da vida. “Vida simples, Pensamento
Elevado”.
As saídas de campo poderiam ser integradas, por exemplo, com mais de um dia. Assim
os alunos se conheceriam melhor e ótimas idéias eclodem destas imersões. Cada semestre
ter um projeto TRANS entre as disciplinas. Imagine por exemplo todas as disciplinas no
semestre dialogando para realizar um projeto em comum, a verdadeira transdisciplinaridade,
busca de um conhecimento comum.
Imaginem um estágio dentro do Centro Acadêmico. Imaginem uma impressão com folhas
recicláveis pela cotas, do TICT final com os dois lados preenchidos e com as margens mais
estreitas? Imaginem um TICT sendo entregue em meio digital.
Nossa vivência na sociedade atual e antiga; gerou, muitos traumas que temos que
neutralizar. Inclusive Reich fala das couraças, a somaterapia também conduz os seus
estudos nestes véus entre o eu interior e a sociedade. Estamos com uma dúvida, disse um
80
81
CETRANS. Disponível em: <http://cetrans.com.br/> Acesso em: 29 mai 2013
CIRET. Disponível em: <http://ciret.org/> Acesso em: 29 mai 2013
152
dos indivíduos: a FÉ. Será que a fé deveria ser o PP ou estar contido nele? De que forma?
Sendo assim, não posso deixar de falar de dois banners apresentados por mim (elaborados
pelo CPA) num estágio de gestão de resíduos (lixo zero) do qual fala sobre alimentação
(APÊNDICE G) e sobre uma sustentabilidade pouco falada, a pessoal, profunda
(APÊNDICE H).
Nos Grupos Focais todos acabavam afunilando na Raiz do problema – grandes
corporações que “controlam” o mundo. E ditam as regras, inclusive as metodologias de
aprendizagem. Imagina se todos os engenheiros ambientais e agrônomos decidissem não
assinar mais projetos relacionados com os agrotóxicos? E nós temos este potencial de
articulação.
Em relação à Permacultura, é uma metodologia holística que necessita de um
amadurecimento por parte da Universidade. Não que não possa existir como disciplina, ter
saídas de campos, vivências. Mas ela saiu da universidade/academia, se libertou das
amarras disciplinares/reducionistas e deu certo! Agora passados três décadas a acadêmica
reconhece e se apropria dela. Será mais um modismo, a exemplo de tantos outros
(Desenvolvimento Sustentável, Responsabilidade Socioambiental, Ecos e mais Ecos?).
Morin considera que todo conhecimento cientifico tende a se tornar senso comum ao logo
do tempo.
Por isto este diálogo entre a academia deve ser planejado na prática, o ritual acadêmico é
bastante conservador e tem medo de inovar, de buscar subsídios para esta transformação.
Por
isso
recomendo
novamente
um
grupo
para
pensar
a
Complexidade
e
Transdisciplinaridade e quem sabe algum dia vire uma atividade complementar, uma
disciplina (a ordem dos fatores neste momento não importa). Apresento para reflexão, uma
monografia apresentada junto ao Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Brasília,
para obtenção de Bacharel em Ciências Sociais, com habilitação em Antropologia da
Danielle Freitas Henderson intitulada “Permacultura: as técnicas, o espaço, a natureza e o
homem” 82.
Estas transformações têm que estar no nível pessoal, e ainda atualmente, muito focado nas
transformações urbanas, com isto, indico também a Monografia apresentada ao Curso de
Bacharelado em Geografia do Instituto de Geografia da Universidade Federal de Uberlândia,
82
Monografia
pode
ser
lida
e
acessada
neste
http://bdm.bce.unb.br/bitstream/10483/3408/1/2012_DanielleFreitasHenderson.pdf
link
-
153
como requisito parcial à obtenção do título de bacharel em Geografia do Renato Velloso
Magrini intitulado “Permacultura e Soluções Urbanas Sustentáveis” 83
Em (ANEXO C), também um “MANIFESTO DA UNIVERSIDADE NOVA”, onde Reitores de
Universidades Federais Brasileiras consideram necessária uma Reestruturação da
Educação Superior no Brasil. E o grande auge de toda pesquisa, “meu êxito”, foi nas
entrevistas, tanto amadureci conceitos, quanto sensibilizei para outros, literalmente uma
troca que já pode ser vista, inclusive na página inicial do Engenheiro Ambiental – (ANEXO
D), foi acrescentado “perfil holístico” entre outras propostas, inserido as “ONGs” como
possíveis áreas profissionalizantes.
Uma mudança no ensino, acreditamos, deve estar sustentada pela integração dos
conhecimentos,
numa
verdadeira
interdisciplinaridade
e
transdisciplinaridade.
Esta
interdisciplinaridade não pode ser edificada como a criação de um discurso fundamentado
numa somatória de disciplinas, mas sim configurada como uma prática específica visando à
abordagem de problemas relativos à existência cotidiana. Esta forma participativa, que
imaginamos deva tornar-se um paradigma que norteará as organizações sociais num breve
futuro, deve pressionar o ensino em relação a uma mudança radical. Quem não assumir
essa nova postura ficará na contramão da história, e terá que arcar com as conseqüências
disso.
O ensino de engenharia necessita, mais do que de uma modernização, de um verdadeiro
choque de qualidade, de uma mudança de postura que possa permitir a construção de
soluções contextualizadas, e que acima de tudo respeitem as individualidades dos seus
participantes. Isso, acreditamos, passa por uma formação diferenciada do corpo docente.84
Exemplos desta articulação têm em Minas Gerais. Experiência desenvolvida pelo SAUIPE85
- Saúde Integral em Permacultura, um grupo de universitários da Federal de Viçosa que
desenvolve trabalhos de educação, pesquisa e extensão, buscando considerar “que a
construção do conhecimento em Permacultura desenvolvido no contexto do grupo SAUIPE
começa a emergir, num contexto que envolve a formação de pessoas e grupos humanos
(agricultores/as familiares, acadêmicos e outros sujeitos) com a justificativa de compartilhar
83
Monografia
pode
ser
lida
e
acessada
neste
link
http://www.geografiaememoria.ig.ufu.br/downloads/330_Renato_Velloso_Magrini_2009.pdf
84
BAZZO, Walter Antônio. A QUALIDADE DE ENSINO E SISTEMAS DE AVALIAÇÃO. Disponível
em: <http://www.engenheiro2001.org.br/artigos/Bazzo.htm> Acesso em: 25 maio 2013
85
SAUIPE. Caminhos para a permacultura popular: experiência de Formação do grupo SAUIPE
–
saúde
integral
em
Permacultura.
Disponível
em:
<http://www.seer.furg.br/ambeduc/article/download/2650/2171>. Acesso em: 26 maio 2013.
154
os conhecimentos adquiridos de forma a promover a autonomia econômico-social entre os
envolvidos e construir uma cultura da sustentabilidade.” Dentre tantos outros.
Para ficar mais claro quanto aos potenciais individuais e coletivos, apresento abaixo uma
lista de competências relevantes:
•
•
•
•
Competências Pessoais: autoconhecimento, auto-estima, autoconfiança, querer-ser,
autoproposição, visão do futuro, autodeterminação, resiliência e auto-realização;
Competências relacionais: reconhecimento do outro, convívio com a diferença,
interação,
comunicação,
afetividade,
convívio
em
grupo,
planejamento/trabalho/decisão em grupo, compromisso com o coletivo, com o
ambiente e a cultura;
Competências cognitivas: leitura e escrita, cálculo e resolução de problemas, análise
e interpretação de dados/fatos/situações, acesso à informação acumulada, interação
crítica com a mídia, autodidatismo, didatismo e construtivismo;
Competências produtivas: criatividade, gestão e produção do conhecimento,
polivalência e versatilidade, profissionalização, auto-gestão, co-gestão, heterogestão.
Além destas competências, a principal é a de ação. “É necessário definir o profissional do
Setor Ambiental a partir das proposições subjacentes neste novo conceito de profissionalidade
cujos referenciais básicos são as competências de ação profissional. Estas constituem hoje em
dia o referencial profissional por excelência para muitos âmbitos, no entanto, no campo
profissional do meio ambiente, ainda continuamos falando do “agente ideal”, do “bom educador”
como algo distante, sem ver e analisar o profissional singular que temos na frente, olhando como
age e o que se exige dele em cada momento. Esta miopia nos leva a estruturar planos de
formação descontextualizados e inoperantes. Portanto, as competências devem-se tornar
referenciais, tanto para a caracterização da prática profissional dos agentes ambientais como
para o projeto de sua formação nas correspondentes instituições. Estas competências são o
fruto de uma complexa combinação de habilidades, conhecimentos, atitudes, experiências e
recursos presentes e futuros que predispõem o profissional do setor ambiental a intervir
eficazmente em contextos locais”. (GUTIÉRREZ-PEREZ, 2005, p.211)
Importante ressaltar a atenção a alguns conceitos, como a desescolarização, que num
primeiro momento implica em desfazer/desmontar a estrutura de pensamento que a
escolarização obrigatória causou no indivíduo. É um resgate da liberdade, da
responsabilidade, da criatividade, da capacidade de raciocínio e reflexão que a escola rouba
da criança desde muito cedo. Ilich (1997) comenta que “A desescolarização da sociedade
implica um reconhecimento da dupla natureza da aprendizagem.”
E nesta visão da escola, se observa a Universidade. Fidel Castro fala como se
intencionasse caminhar para a isto quando promete que, por volta de 1980, Cuba estará em
155
condições de acabar com sua Universidade, uma vez que toda a vida em Cuba será uma
experiência educacional.
Devido ao casamento entre nosso próprio corpo e a máquina informática, podemos
modificar livremente nossas sensações até criarmos uma realidade virtual, aparentemente
mais verdadeira que a realidade de nossos órgãos dos sentidos. Nasceu assim,
imperceptivelmente, um instrumento de manipulação das consciências em escala planetária.
Em mãos imundas, este instrumento pode levar à destruição espiritual de nossa espécie.
Esta tripla destruição potencial — material, biológica e espiritual — é, na verdade, o produto
de uma "tecnociência" cega, mas triunfante, que só obedece à implacável lógica da eficácia
pela eficácia (NICOLESCU, 1999 p.12).
Hoje vemos que grande parte dos profissionais tanto da Engenharia Ambiental, como outras
profissões voltadas à ecologia, tanto marinha quanto terrena, atuando no setor de gestão
ambiental e assumindo a responsabilidade de gerir as ações de Educação Ambiental. Em
consequência disto considera-se de relevância o aprendizado e a vivência destes conceitos
e seus desdobramentos.
Conheci agora na reta final a ABENGE – Associação Brasileira de Educação em Engenharia
vou encaminhar um artigo científico para o Congresso Brasileiro de 2014. O neocientificismo já não nega mais o diálogo entre a ciência e os outros campos do
conhecimento, mas não renuncia a visão de que a ciência continua capaz de dar conta da
totalidade de tudo o que existe. E então, o que virá após disto?
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