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Eliana Murta Lemos
PROPOSTA DE ESTÍMULO À LEITURA NO ENSINO
FUNDAMENTAL DO INSTITUTO EDUCACIONAL
CONHECER, CONSTRUIR E VIVER
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JOAÍMA / MG
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
Setembro / 2009
Eliana Murta Lemos
PROPOSTA DE ESTÍMULO À LEITURA NO ENSINO
FUNDAMENTAL DO INSTITUTO EDUCACIONAL
CONHECER, CONSTRUIR E VIVER
Elaboração
do
trabalho
monográfico
apresentado ao curso de Supervisão Escolar
da Universidade Cândido Mendes.
Orientador: Coordenador Antônio Fernando
Vieira Ney.
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JOAÍMA / MG
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
Setembro / 2009
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Dedico este trabalho a meu pai que tanto
colaborou para formação e a quem devo
minha paixão pelos livros- “uma menina
que “roubava” livros e revistas, lendo às
escondidas
Com amor, para meu pai.
Eliana Murta Lemos
AGRADECIMENTOS
Á todos os autores, aos professores da Universidade Cândido
Mendes,
em
especial
à
professora/orientadora
Kely
Cristina
e
ao
professor/orientador Gilberto Santos Crespo pela paciência, dedicação, carinho
e ainda pela enorme contribuição na revisão final deste trabalho.
À minha amiga e diretora Maria Josefina Murta Luz pelo
companheirismo, exemplo profissional e experiências compartilhadas.
À minha primeira e inesquecível diretora Haydéia Kangussu Gomes,
pelo incentivo no início do magistério, apontando caminhos, compreendendo e
dando exemplo.
À minha mãe, (em memória), inesquecível incentivadora, apoiadora e
amiga em todos os sentidos da minha vida.
Sem eles, seria escuro o caminho e o percurso, adverso.
Obrigada!
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“Ler é ler escritos orais, que vão
desde um nome de rua numa placa
até um livro, passando por um
cartaz, uma embalagem, um jornal,
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um panfleto, etc....é lendo de
verdade, desde o início, que alguém
se torna leitor e não aprendendo
primeiro a ler...”
(JOSETTE JOLIBERT).
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RESUMO
A presente pesquisa contempla a leitura como forma de prazer, que auxilia no
crescimento emocional e aponta caminhos diversificados para a formação de
bons leitores e ainda oferece subsídios teóricos ao profissional da educação
que podem ajudá-lo a melhorar sua prática docente. Nesse processo de
envolvimento emocional, a leitura é considerado como algo agradável, que
desperta o sentimento de prazer no leitor. Essa relação entre leitura, emoção e
prazer é de grande importância para o incentivo ao hábito de ler. A autora
defende a tese de que a leitura deve ser ou deve se tornar para o aluno um
momento de prazer, reflexão e descoberta. É importante integrar o indivíduo
em uma sociedade mais justa, criativa e crítica, onde todos lutam por ideal
comum e inserindo o mesmo, num contexto social envolvendo-o com
disposições atitudinais e capacidades necessárias ao processo da leitura até
que o habilite a uma participação ativa nas práticas sociais letradas, ou seja, o
seu letramento. O objetivo de trabalhar com a leitura na escola deve ser o de
formar leitores competentes. A leitura deve ser orientada pelo professor com a
utilização de diferentes estratégias.
Palavras-chave: Leitura, Prazer. Leitor
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METODOLOGIA
“Ler não para contradizer e refutar, nem para crer e pressupor, nem
para achar assuntos e conversa, mas para pensar e considerar.”
(BACON,p.193).
O presente estudo constituir-se-á através de uma pesquisa
bibliográfica, onde as informações serão coletadas através de livros, revistas,
periódicos e artigos da Internet. A pesquisa enveredar-se-á no âmbito
bibliográfico, visando coletar informações sistematizadas sobre estratégias que
levem os alunos a desenvolverem o gosto pela leitura. Montar representações
literárias e teatrais na escola onde atua como docente e durante o período de
um mês, relatará as reações e a aceitação dos alunos a tais eventos. Ao final
da pesquisa, será feita a análise dos dados coletados para comprovação ou
contestação das hipóteses levantadas e elaboração do trabalho monográfico. A
presente pesquisa terá como fundamentação teórico-metododológico um
estudo de um caso específico: a contribuição do Supervisor escolar para
incentivar o hábito da leitura nos alunos do Fundamental II no Instituto
Educacional Conhecer, Construir e Viver.
A palavra tem cor, sabor,
sentimento, emoção, paixão. A palavra deve despertar prazer. Tal reflexão
encontra respaldo no texto poético “Liberdade”, de Fernando Pessoa(1935,p.6):
Ai que prazer/ não cumprir meu dever./Ter um livro para ler/ e não o
fazer!/ Ler é maçada / estudar é nada. / O sol doira sem literatura./ O
rio corre bem ou mal, / sem edição original. /E a brisa, essa, de tão
naturalmente matinal /como tem tempo, não tem presa.../Livros são
papéis pintados com tinta. / Estudar é uma coisa que está indistinta. /
A distinção entre nada e coisa nenhuma. /Quando melhor é quando
há bruma./ Espero por D. Sebastião. /Quer venha ou não!/ Grande é
a poesia, a bondade e as danças.../ Mas o melhor do mundo são as
crianças. /Flores, música, o luar, e o sol que peca/ só quando, em vez
de criar, seca. / E mais do que isto/ É Jesus Cristo, / Que não sabia
nada de finanças, / Nem consta que tivesse biblioteca... (FERNANDO
PESSOA, 1935,p.6).
Jesus Cristo foi o maior contador de histórias de todos os tempos. E
contava as parábolas com satisfação, com prazer e todos gostavam de ouvi-lo.
Sem prazer, é impossível despertar interesse. O dicionário Aurélio traz a
seguinte definição do vocábulo prazer (Do lat. Placere.) Causar prazer ou
satisfação; agradar, aprazer, comprazer. Sensação ou sentimento agradável,
harmonioso, que atende a uma inclinação vital; alegria, contentamento,
satisfação, deleite. E é exatamente isso que a leitura deve desencadear nas
22
crianças, tornando-as mais sensíveis, humanas, transbordando afeto. Em
poucas palavras, Geraldi (1996, p.32) apresenta um perfil que caracterizava a
conquista humana da técnica da escrita: “[...] o trabalho de escrever era menos
nobre do que o trabalho de ‘falar no conselho’, de ‘aplacar a multidão’. Os
escribas se encarregavam dos hieróglifos, da técnica.” Trata-se de produzir o
invariável, o idêntico, ou muito semelhante para a manutenção de uma
mensagem.
Ao divulgar que o sujeito se constitui como tal à medida que interage
com os outros, sua consciência e seu conhecimento do mundo
resultam como ‘produto sempre inacabado’ deste mesmo processo
no qual o sujeito internaliza a linguagem e constitui-se como ser
social, pois a linguagem não é o trabalho de um artesão, mas
trabalho social e histórico seu e dos outros e para os outros e com os
outros que ela se constitui, (GERALDI 1996, p.19)
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, focado, principalmente em
instrumentos que viabilizem o objetivo central. Um desses instrumentos é a
entrevista que possibilita correções, adaptações, esclarecimentos; sendo um
elemento eficaz na obtenção das informações que se pretende. A entrevista
estabelece um clima de interação entre entrevistado e entrevistador, criando
uma atmosfera de uma influência recíproca. Daí a escolha dessa modalidade
para o desenvolvimento deste trabalho. Sabe-se que as perguntas podem ser
fechadas ou abertas e nesse caso, a entrevista deu-se nessa modalidade, o
que contribuiu sobremaneira para que as respostas fluíssem em plenitude, sem
nenhum tipo de cerceamento. O objetivo da entrevista foi analisar, perceber,
pontuar as dificuldades dos professores e alunos no quesito “formar leitores” no
instituto Educacional Conhecer, Construir e Viver e as intervenções feitas pela
profissional Supervisor. As entrevistas foram registradas através de anotações
rascunhadas. Como se trata de uma escola particular, com poucos alunos em
sua totalidade, apenas dois professores foram entrevistados; ambos com nível
superior, Pedagogia e Letras, respectivamente. A definição para o ensino da
escrita não se limita à mera reprodução de tipologias, de idéias, de sentidos
que, compartilhados em determinados números de linhas, tornam-se “textos”
direcionados à avaliação do professor. Evidentemente esta visão apresenta-se
demasiadamente vaga ao sustentar o peso inerentemente ilógico de um ensino
tradicional, no tocante àquilo que se refere ao significado. Nessa perspectiva,
para aprender a produzir texto, é necessário levar em consideração aspectos
23
que vão além da aprendizagem com as letras, sílabas, palavras e frases; tais
unidades podem ser assimiladas, se o texto for trabalhado como um todo.
Assim, para que o escrever tenha existência de fato, é preciso que haja uma
necessidade comunicativa real, (BRASIL,2001,p.33).
Enquanto as crianças oriundas de famílias que fazem uso sistemático
da escrita e da leitura passam a primeira infância aprendendo coisas
desse tipo, em suas casas, com seus pais, tios e avós, as crianças
privadas destas experiências estão aprendendo o que seria
impensável a uma criança pequena de classe média alta: cozinhar
para os irmãos menores, dar banho sem derrubá-los, acordar de
madrugada para ir trabalhar na roça, ou na rua, vendendo objetos nos
sinais de trânsito... As primeiras ocupam seu tempo desenvolvendo
procedimentos que as farão se alfabetizar muito cedo; as últimas, por
sua vez, estão desenvolvendo outros procedimentos relativos a suas
experiências cotidianas: portanto o repertório de saberes é outro, é
outra a bagagem de vida, como se dizia há algum tempo. Em outras
palavras, algumas crianças não aprendem a ler e escrever aos seis
ou sete anos pela mesma razão que as outras não aprendem a
cozinhar, lavar, passar, cuidar da casa, carpir o roçado e desviar-se
dos carros na rua. Quando a escola não valoriza esta diversidade de
saberes, fruto das experiências anteriores faz com que estas crianças
se sintam entrando em um novo mundo, estranho e hostil. Nessas
condições, é de se esperar que eles percebam que não podem
corresponder ao que os professores esperam delas e acabam
desenvolvendo a crença de que são incapazes. Reconhecer as
diferenças de repertório sobre a escrita implica um comprometimento
efetivo com a aprendizagem dos alunos que não têm quase nenhum
contato com textos e seus usos, pois são exatamente estes que mais
dependem da escola para ter acesso ao conhecimento letrado.
Respeitar e, de fato, considerar as diferenças, valorizar os saberes
que os alunos possuem e criar um contexto escolar favorável à
aprendizagem não são apenas valores de natureza ética: são a base
de um trabalho pedagógico comprometido com o sucesso das
aprendizagens de todos (BRASIL, 2001.b, p. 14-15).
A educação dos indivíduos precisa enfatizar a leitura como via de
inclusão social e de melhoria na sua formação e é justamente esse o trabalho
do Supervisor neste estabelecimento de ensino. O trabalho do Supervisor não
se estende às paredes do estabelecimento de ensino. Ao contrário. Deve-se
intensificar na sociedade, promovendo o resgate da cidadania, devolvendo a
auto-estima ao promover a integração social, desenvolvendo um olhar crítico
que possibilita formar uma sociedade consciente. Os professores entrevistados
manifestaram prazer na leitura, sendo eles mesmos, “viciados” na leitura, não
havendo demonstrando em nenhum momento algum problema em desenvolver
nas crianças o prazer, o gosto, o “vício” pela leitura. Ainda assim, várias
atividades correlatas foram propostas a fim de que os alunos aprendessem a
aprender na leitura, descobrissem os mistérios e os encantos da vida através
dos livros. Assim, se estabelece, pois, a relação dessas facetas do fenômeno
24
lingüístico, não sendo possível considerar uma isolada de outra. O trabalho
com a gramática, numa perspectiva textual, implica essa interação, em que se
tem,(TRAVAGLIA,1996,p.235).
a) na leitura, a busca de compreensão, de “levantamento de efeitos
de sentido possíveis” em face dos elementos que fazem parte, ou que
constituem as seqüências lingüísticas que formam o texto. Essa
busca de sentido deverá ser feita explorando o uso do léxico, das
categorias gramaticais, das estruturas frasais, das flexões, de tantos
outros aspetos e recursos formadores do texto;
b) na produção de textos, oral ou escrita, a relação sobre a escolha
dos elementos lingüísticos funcionam como recursos formadores do
texto;
c) no estudo da gramática deverá haver sempre a busca de análises
sobre o funcionamento dos elementos da língua, procurando
entender como se configuram no texto para possibilitar a produção de
sentido. São marcas, pistas, que servem para fornecer instruções
interpretativas;
d) a exploração vocabular, a reflexão sobre os significados que as
palavras possuem nos textos. Sua função de produtores de sentido
em determinados contextos e co-textos. (TRAVAGLIA,1996, p.236).
25
SUMÁRIO
RESUMO
05
METODOLOGIA
06
INTRODUÇÃO
11
CAPÍTULO I – LEITURA – O QUE É?
O PRAZER EMOCIONAL DA
LEITURA
14
1.1 A LEITURA NA PERSPECTIVA DE UMA NOVA APRENDIZAGEM
20
1.2 A LEITURA E OS PARÂMETROS CURRICULARES (PCNS)
22
1.3 A IMPORTÂNCIA DA LEITURA
26
1.4 A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA E DO PROFESSOR NA FORMAÇÃO DO
ALUNO-LEITOR
1.5 O PROFESSOR/LEITOR
29
34
1.6 QUANDO MATAM O LEITOR
38
CAPÍTULO II – LITERATURA – FUNÇÃO LITERÁRIA E FUNÇÃO
PEDAGÓGICA
41
CAPÍTULO III – INTERVENÇÃO DO SUPERVISOR PEDAGÓGICO NA
FORMAÇÃO DO ALUNO-LEITOR
46
CONCLUSÃO
59
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
62
ANEXOS
66
26
INTRODUÇÃO
“Viver é ler, ou mais bem, realizar sempre e de novo aquela
incapacidade de ler que é o destino do homem”.
(J.Hillis Miller, A ética da leitura)
Este trabalho tem como objeto de estudo “As contribuições do
Supervisor Escolar para a formação de leitores”, analisando a possibilidade de
que o hábito da leitura no Ensino Fundamental seja desenvolvido de forma
prazerosa e eficaz no Instituto Educacional Conhecer, Construir e Viver. Ler é
interagir com o autor, procurar e produzir sentidos, vivenciar experiências. É
ser competente para compreender e decifrar a realidade. O texto não é único,
não está fechado em si. Seu espaço de interlocução, processado pela
interação discursiva leitor/autor, remete-nos à consideração de que há uma
incompletude, há uma relação com outros textos (a intertextualidade), com a
experiência do leitor e sua vivência de mundo. Embora a contribuição de Emília
Ferreiro e Teberosky (1985,p.283), tenha sido imensa ao mostrar a evolução
da aquisição da linguagem escrita nas crianças, investigar, isoladamente,
apenas este aspecto, não garante que a alfabetização vá acontecer de forma
diferenciada. Esta investigação deve acontecer juntamente, e deve ser
realizada como um balisador do trabalho do professor e não como uma
metodologia de trabalho de alfabetização, nem de avaliação tradicional.
Muito antes de ler de forma convencional, a criança já lê o seu
mundo, ou seja, já observa e interpreta objetos, seres e situações de
seu cotidiano. A escrita, por sua vez, não é algo desvinculado da
leitura, é preciso que haja integração nos dois processos. Essa
questão precisa ser levada em conta pelo profissional e ser
devidamente valorizada durante as atividades escolares. (FERREIRO
e TEBEROSKY 1985, p.284).
Ler compreende saber interpretar símbolos, imagens, gestos,
marcas textuais características, desenhos, etc., promovendo predições,
inferências e a comunicação das várias formas de textos entre si (dimensão da
intertextualidade). O presente trabalho busca apresentar as diretrizes que
seguirá na busca de táticas que levem os alunos a tomarem gosto pela leitura
27
no Ensino Fundamental e que sejam inebriados pela paixão de ler, e sentir-se
parte das histórias, dos contos, poemas e diversos textos com os quais tenham
contato. A ênfase que se está dando ao conhecimento sobre as características
discursivas da linguagem- que, hoje, sabe-se, essencial para a participação no
mundo letrado - não significa que a aquisição da escrita alfabética deixe de ser
importante. A capacidade de decifrar o escrito é não só condição para a leitura
independente como verdadeiro rito de passagem - um saber de grande valor
social. (PCN Língua Portuguesa, MEC, 1997, p. 34).
A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de
construção do significado do texto, a partir dos seus objetivos, do seu
conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que se sabe
sobre a língua: característica do gênero, do sistema de escrita, etc,
(PCN Língua Portuguesa, MEC, 1997, p. 53).
O objetivo do trabalho com a leitura na escola deve ser o de formar
leitores competentes, analisando as ações propostas pelos profissionais da
educação em relação às dificuldades encontradas para o êxito do trabalho,
desenvolvendo no aluno a capacidade de interpretar as mensagens do autor,
extrair informações, estabelecer relação entre a realidade e a fantasia,
transformando o leitor apático em leitor ativo, crítico e analítico.
Entende-se por leitor alguém que saiba selecionar, dentre o texto de
circulação social, aquilo que atenda às suas necessidades: que
consiga ler não aquilo que está explicitamente escrito, mas também
aquilo que está implícito. Além disso, o leitor deve conseguir
estabelecer relações entre o texto que lê e os outros textos lidos.
(PCN Língua Portuguesa, MEC, 1997,p.54).
Nesse sentido busca-se através de um estudo científico investigar
formas que levem os alunos a tomarem gosto pela leitura não de forma
impositiva, mas de forma prazerosa e completamente voluntária. Assim, o
objetivo deste trabalho de pesquisa é que seja criado na escola um espaço de
reflexão, onde o professor e o supervisor pedagógico possam construir
caminhos para ampliar o universo da leitura, incentivando a criança e o
adolescente, favorecendo e dinamizando o ambiente para tal iniciativa. É
responsabilidade do Supervisor Educacional a orientação dos educandos,
interagindo com os professores, sempre buscando detectar ou sanar as
dificuldades na aquisição do hábito de ler por prazer na escola.
Este trabalho enfoca “As contribuições do Supervisor escolar na
formação de leitores a partir do Ensino Fundamental no Instituto Educacional
Conhecer, Construir e Viver. O estudo se constitui das seguintes etapas: No
28
capítulo I busca-se pesquisar a leitura, a literatura, o leitor, o trabalho dos
profissionais da área, a função da escola, os Parâmetros Curriculares (PCNs) e
ainda, a leitura na percepção de Paulo Freire. Realiza-se também neste
capítulo um estudo sobre a importância da família e do professor na formação
do aluno/leitor, bem como fatores que devem ser considerados, como
afetividade, emoção e prazer. Pretende-se estudar ainda a questão dos fatores
que contribuem para “matar” o leitor. O Capítulo II pretende descrever sobre a
literatura (função pedagógica e função literária). Nessa perspectiva, não se
deve abandonar jamais a função poética, deve-se, ao contrário, associá-la à
função referencial da linguagem. O capítulo III aborda a questão de como o
Supervisor Pedagógico pode contribuir para a formação de leitores,
incentivando a prática de leitura com prazer e alegria. Aborda também o caráter
lúdico, aquele que desperta o imaginário da criança. Concluindo o estudo,
alguns aspectos são apontados como contribuição do Supervisor Educacional
e do Professor na formação de leitores críticos e competentes no Instituto
Educacional Conhecer, Construir e Viver a partir do Ensino Fundamental I e II,
na cidade de Joaíma, em Minas Gerais. Para Cox e Silva (1999, p.12), o
debate educacional acerca do que significa ler, assim como do que significa
aprender a ler, está em pauta nos setores acadêmicos, projetando um novo
paradigma de leitura para o século XXI. A língua não é uma mera forma para o
pensamento ou um mero código para a comunicação. A começar pela
alfabetização, a leitura na escola deve ultrapassar o mero domínio da técnica,
destacam em sua análise que é preciso exigir mais da escola: não apenas
alfabetizar mas também leiturizar. O trabalho pedagógico com a leitura deve
ser pensado como um meio de tornar leitores produtores de sentido e não
receptadores de textos.
O debate educacional acerca do que significa ler, assim como do que
significa aprender a ler, está em pauta nos setores acadêmicos,
projetando um novo paradigma de leitura para o século XXI. A língua
não é uma mera forma para o pensamento ou um mero código para a
comunicação,(COX e SILVA.1999, p.13).
29
CAPÍTULO I
LEITURA – O QUE É? O PRAZER EMOCIONAL DA LEITURA
Os prazeres da leitura são múltiplos. Lemos para saber, para
compreender, para refletir. Lemos também pela beleza da linguagem,
para nossa emoção, para nossa perturbação. Lemos para
compartilhar. Lemos para sonhar e para aprender a sonhar (há várias
maneiras de sonhar...) A melhor maneira de começar a sonhar é por
meio dos livros, (MORAES.1992,p.72).
Saber decifrar códigos não significa saber ler. Ler é ser provocado
pelo mundo, pelas pessoas e buscar respostas, pensar, questionar, interagir,
construir pensamentos observando o que se leu nos livros, levantando
hipóteses, buscando respostas sobre questionamentos, interrogando a escrita,
não reduzindo ou extrapolando significados do que se leu.Ler é adquirir a
capacidade de explorar, entender o que foi lido, interpretar, desenvolver o
raciocínio, desenvolvendo também o lado crítico. “A boa leitura é uma
confrontação crítica com o texto e as idéias do autor”. (BAMBERGER, 1999, p.
10). Afinal, o que é a leitura para a sociedade? O que representa a leitura para
a nossa sociedade? E para a escola? Seria a leitura tão fundamental e tão
necessária? Por quê?
O verbo ler está na sua origem, na etimologia da palavra leitura,
proveniente do latim legere. Na sua primeira acepção, e pouca gente tem
conhecimento disso, pertencia ao vocabulário agrícola, com o significado de
ajuntar, armazenar, colher. Para a sociedade daquela época, legere era um ato
extremamente sagrado: a sobrevivência do grupo dele dependia. Por isso
mesmo, a atitude de colher vestia-se de uma sacralidade, festejada em rituais
como representação de fertilidade.
Incentivar o pleno uso das potencialidades do indivíduo em sua
leitura, de modo a influir ao máximo no seu bem estar e levá-lo a
auto-realização; o emprego eficiente da leitura como um instrumento
de aprendizado e crítica e também de relaxamento e diversão;
ampliação constante dos interesses de leitura dos estudantes;
estimular atitudes que levem a um interesse permanente pela leitura
de muitos gêneros e para inúmeros fins. BAMBERGER, 1999, p. 23).
30
Para Pennac (1998, p.145), o verbo LER não admite, não suporta
imposição, o uso do imperativo é insuportável, é impossível “mandar” ler. E
ainda faz analogia: “Como é que a gente obriga alguém a amar, a gostar?”
Assim, ancorados em Pennac (1993, p.139), os leitores têm direitos e modos
diferenciados de ler, em casa, na escola. Somente assim, tornam-se capazes
de entender e perceber as múltiplas riquezas da cultura escrita. Para Chartier,
“saber ler é outra coisa, não somente poder decifrar um livro único, mas
mobilizar, para a utilidade ou o prazer, as múltiplas riquezas da cultura escrita”.
(Chartier. 2004. p.247).
Eni Orlandi (2000.p.7) lembra que a palavra leitura é polissêmica,
isto é, tem mais de um significado: atribuição de sentido, quando empregada
tanto para a linguagem escrita quanto para a linguagem oral; e ainda,
concepção de sentido, quando se refere à leitura de mundo. Essa polissemia
da palavra remete à ideia de que sendo cada pessoa única em experiências, a
leitura, realmente cria condições igualmente ímpares em aprendizagem,
compreensão e aproveitamento.
É necessário liberdade inclusive para a escolha do que se deseja lê,
pois será ela que garantirá a eficácia na produção de textos. Em
outras palavras, a liberdade de escrever não saberia se acomodar
com o dever de lê,(PENNAC.1998,p.145.).
Para Rubem Alves,(2001,p.2) a leitura é algo essencial na vida das
pessoas. Através da leitura, repensa-se os próprios valores e experiências,
possibilitando-se identificar com os outros. A leitura não somente enriquece as
pessoas como também contribui para torná-las melhores, mais humanas,
habilitando-as a ler melhor também o mundo. Ler é estimulante, é mágico, é
intrigante. A leitura é capaz de transportar os leitores para um mundo de
fantasia, de mistério, de melancolia, de ternura, de prazer, tristeza e alegria,
para outros tempos, outros lugares, outras culturas, novos universos; enfim, ler
faz sonhar, apura o pensamento, torna a linguagem mais elaborada e ainda é
divertido.
O interesse da criança pela leitura começa quando esta fica fascinada
com as coisas maravilhosas que moram dentro do livro. Não são as
letras, as sílabas e as palavras que fascinam. É a estória. A
aprendizagem da leitura começa antes da aprendizagem das letras:
quando alguém lê e a criança escuta com prazer. (ALVES, 2001, p.2).
Os livros são simples ou complexos e é justamente essa
diversidade que torna a literatura uma atividade que recompensa e que seja
31
estimulante.. Muitas vezes, a cada releitura de um mesmo texto, há
abordagens diferenciadas. Cada leitor tem a sua abordagem individual, (que
lhe é peculiar, característica), mas o melhor método, com certeza, sem
nenhuma margem de dúvida, é ler o livro várias vezes, extraindo sabores
diversos, entendimentos distintos.
A
leitura
acrescenta
uma
melhora
significativa
para
o
desenvolvimento cognitivo, social e intelectual do ser humano. As emoções
influenciam muito as atitudes das acrianças e isso é desconsiderado a partir do
no momento em que a esfera cognitiva do cérebro é estudada. Por isso mesmo
é que a parte cognitiva não pode ser vista separada completamente da afetiva.
No comportamento humano sempre está presente, em maior ou menor escala,
o racional e o emocional. E muitas vezes, é o lado emocional que impulsiona o
pensamento da criança. Quando o professor aproveita o emocional pra iniciar
um processo de aprendizagem,, a cena fica “gravada” e a aprendizagem
acontece de forma espontânea, natural. Pra sempre, voltada para a inteligência
cognitiva, a psicologia acabou deixando de reconhecer o quanto as emoções
agem no pensamento humano. Essa tendência, felizmente e, gradativamente,
está mudando. O ponto de vista das competências intelectuais humanas de
Howard Gardner em Estruturas da mente – A teoria das inteligências múltiplas
Gardner,(1983,p.61) e a proposta de educação das emoções em Inteligência
emocional fizeram com que fosse despertado enorme interesse pela mente
emocional e novos espaços foram abertos para o estudo nessa direção.
Compreende-se daí que a leitura é um ato emocional e racional. Através dela
abrem-se novos horizontes, aprofundam-se conhecimentos, alarga-se a mente
numa dimensão inimaginável, (intelectual, emocional, afetiva). Mas é mister o
uso de estratégias intervenção de profissionais como professores e
especialistas pedagógicos que tenham descoberto o prazer de ler, levando-se
em consideração que educação de qualidade se faz com leituras e com
leitores.
Cabe a tais profissionais a tarefa de transformar a escola numa
comunidade de leitores, formando praticantes de leitura e não sujeitos que
sejam competentes apenas para “decifrar” códigos. A leitura forma seres
32
humanos críticos, capazes de ler nas “entrelinhas”, perceber o explícito e o
implícito.
Ressalta que “o poeta pode servir como um guia confiável, ou como
uma apresentação conveniente, para o domínio da inteligência
lingüística”. (GARDNER 1983, p. 61)
Freire,(1985,p.23),o
ato
de
ler
é
um
processo
complexo,
abrangente, em conexão permanente com o mundo onde se vive. Ler significa
entender o mundo através de uma característica singular ao homem: sua
capacidade de interação com o outro através da verbalização. Isso pressupõe
também um contexto. Assim, a recepção de um texto jamais será entendida
como algo passivo, pois quem o escreve o faz pressupondo um outro. Não
existe leitor/texto sem essa interação. Ler, então, é entender o mundo através
da percepção de um contexto recebendo influências de um determinado
momento nesse mesmo contexto. Não por outra razão.
Diz que a “leitura do mundo” precede a leitura da palavra, isto é, a
interpretação do texto se dá a partir de uma leitura crítica,
estabelecendo-se uma relação estreita entre texto e contexto,
(FREIRE.1985, p.23).
Um leitor crítico, quando lê, não está apenas decifrando sinais,
está se posicionando como co-enunciador, dialogando com o escritor,
conversando, sendo sujeito ativo, compreendendo e estabelecendo conexões.
Quando a leitura é feita de maneira crítica, cria-se um texto dentro de um outro
texto, gerando expressividade, compreendendo o mundo e nele atuando como
cidadão, no mais pleno sentido da palavra. Nessa perspectiva, o leitor se
envolve com o texto nos mais diversos aspectos: sensoriais, emocionais,
intelectuais, fisiológicos, neurológicos, bem como culturais, econômicos e
políticos.
A leitura é sempre uma coisa espantosa. Muito simples. Muito
complexa. Um paradoxo. Não há muito o que se falar. Há bastante do que se
falar. E ler sempre vai fazer a diferença. Em qualquer lugar do mundo. Em
qualquer coração. Ler humaniza, diverte, anima, toca a alma.
Hoje, fala-se muito em leitura, o assunto leitura está na moda nos
últimos anos tanto na área da educação quanto na área da Cultura.
Entretanto, não houve avanço que merecesse destaque na
formação do gosto e do prazer de se ler. Caminhou-se muito pouco em relação
ao muito que se deve caminhar para que se atinja a excelência em leitura.
33
Na escola, a meta dos supervisores e professores é que se crie
uma sociedade leitora e crítica, na qual todos lêem. O fundamental seria que
fosse criado um mutirão, uma corrente, um investimento maciço no Homem,
em seu potencial e em sua força.
Consta que cabe ao supervisor pedagógico e ao professor buscar
alternativas que viabilizem a prática da leitura na escola.
No momento atual, a tônica no ensino de Português está no texto.
Não se sabe ainda, com muita clareza é como colocar boas idéias em prática
nas salas de aula. O trabalho dos profissionais nesta área consiste em reunir
questões teóricas sobre leitura que dêem consistência a essa prática
pedagógica.
Na verdade, não existem receitas prontas, não há uma excelência
de como formar leitores competentes. Vale estimular a sensibilidade, a
criatividade e a criticidade a fim de que se forme uma cidadania plena. Essa
motivação deve acontecer ainda na pré-escola, sabendo-se, através de
pesquisas científicas que a capacidade plena de pensar acontece nos seis
primeiros anos de vida da criança. Carlos Drummond de Andrade, (1980,p.19),
poeticamente, reflete sobre o fato que a poesia venha a fenecer justamente no
recinto responsável pelo desenvolvimento da pessoa em todas as suas
dimensões.
“Se é triste vivermos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados,
enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para
a formação do homem”. (DRUMMOND.1980, p.19).
Para Rubem Alves,(2001,p.5), o professor, deve-se ensinar a ler
pelo prazer, pela fascinação. Para ele, tudo começa quando a “criança fica
fascinada com as coisas maravilhosas que moram dentro dos livros”. Começase a ler antes de conhecer as letras. É o encantamento que a história desperta
na alma das crianças que faz a leitura acontecer, de forma prazerosa,
erotizada, erotizante, pelas delícias da leitura ouvida, a criança se volta para
aqueles sinais maravilhosos, misteriosos, chamados letras. Daí, elas tentam
decifrar esses enigmas, compreendê-los; afinal, as letras são as chaves com
as quais se abre o mundo encantado, o mundo delicioso que mora dentro do
livro. O professor liga o aluno ao prazer do texto. As aulas de literatura devem
ser como um “concerto”. O professor lendo e interpretando e os alunos,
34
extasiados, ouvindo. Para Rubem Alves, todo texto literário é uma partitura
musical. As palavras são as notas. E acontece uma harmonização entre texto e
interpretação.
Acredita que toda aprendizagem começa com um pedido. Um “pedido
para ler, para entender”. Diz que se não houver o pedido, a
aprendizagem não acontecerá. (ALVES 2001, p.5).
A leitura, então, é uma droga perigosa: vicia... Pois “ler é fazer amor
com as palavras”. E essa “transa” literária começa antes que as crianças
saibam o nome das letras. Desconhecendo a leitura, elas já são sensíveis à
beleza do som das palavras. “Já disse que analfabeta não é a pessoa que não
sabe
ler.
É
a
pessoa
que,
sabendo
ler,
não
gosta
de
ler”,
(QUINTANA.1978,p.13). O mundo lúdico da infância é sério e, por isso, os
adultos que trabalham com as crianças não podem arrancá-las dessa
brincadeira, que é coisa séria. É por viver neste mundo em que uma lata de
sardinha além de lata pode ser trem, que a criança cresce e explora o mundo,
conhecendo se, descobrindo-se e entendendo-se naturalmente. O brinquedo é
um meio, um suporte material que facilita o ato de brincar, mas a ausência dele
não impede a vivência do lúdico porque ela usa a imaginação. Sem
brinquedos, a criança precisa de espaço físico e de tempo para imaginar. Há
diferentes formas de brincar. Logo que nascemos, nossas atividades lúdicas
são de exploração do corpo, dos movimentos, dos sons, do espaço, da
comunicação. O processo de construção do conhecimento se dá basicamente
pela experimentação e manipulação de si e do mundo ao redor, pelo prazer de
descobrir e, satisfazendo a curiosidade, conhecer.
No auge da confusão, levaram Lili para a cama, à força. E o trem
ficou tristemente derrubado no chão, fazendo de conta que era
mesmo uma lata de sardinha (QUINTANA, 2005, p. 10).
É função primordial da escola ensinar a ler, ampliar os domínios dos
níveis de leitura. Levar a leitura como prazer na escola é tarefa de todos os
envolvidos na educação e ao supervisor escolar, em especial, cabe-lhe garantir
a participação da sociedade letrada, conduzindo a leitura como uma prática
alternativa, uma proposta renovadora e inovadora. É através do ato de ler que
a criança se comunica com o mundo, vive situações e estimula emoções.
Leitura é, pois, fonte de prazer e de realização pessoal. O ato de ler
desperta emoções, desperta os sentidos e desperta também a razão É o prazer
emocional que, inicialmente, dará o sentido que a criança busca no texto. Uma
35
vez descoberto esse prazer, haverá uma conseqüente evolução nos diversos
níveis de leitura, na sua compreensão e no seu entendimento. “É interessante
observar que enquanto a criança lê, seu estado emocional pode ser alterado”
(MORGAN. 1977, p.23).
O prazer implica a satisfação da realização de algum objetivo. Esses
objetivos variam segundo a maturação de capacidades, que
aparecem no nascimento e serão desenvolvidas ao longo da vida.
(MORGAN 1977,p.36).
1.1 A LEITURA NA PERSPECTIVA DE UMA NOVA APRENDIZAGEM
Os poemas são pássaros que chegam não se sabe de onde e
pousam no livro que lês. Quando fechas o livro, eles alçam vôo como
de um alçapão. Eles não têm pouso nem porto, alimentam-se um
instante em cada par de mãos e partem. E olhas, então, essas tuas
mãos vazias, no maravilhoso espanto de saberes que o alimento
deles já estava em ti...
(Mário Quintana)
Aprender para nós é construir, reconstruir, constatar para mudar o
mundo, o que não se faz sem abertura ao risco e á aventura do espírito. (
FREIRE.1997.p.77). Com certeza, é unânime entre estudiosos da leitura que o
indivíduo deve compreender o funcionamento do processo de construção da
escrita e da leitura, encontrando sentido no que está fazendo e, como sujeito
ativo, também no aspecto da linguagem, depara-se com a realidade,
construindo conhecimento, criando teorias e hipóteses, comparando-as entre
si,
modificando-as,
buscando
alternativas,
eliminando
o
supérfluo
e,
principalmente, extraindo a sua essência. E é buscando significados ao
aprender a ler e escrever que seus conhecimentos são ampliados e seus
horizontes multiplicados, sempre interagindo com grupos sociais diversos,
desafiando dessa forma seu potencial em preencher cada vez mais as lacunas
do saber.
O domínio da leitura, também como fonte de informação, é
condição essencial para enfrentar as experiências do mundo contemporâneo
com êxito, com sucesso; isso possibilita tomada de decisões mais conscientes
e, conseqüentemente, com maior percentual de acerto.
A leitura representa também, sem sombra de dúvida, a inserção do
indivíduo na sociedade. O educador Paulo Freire assegura a importância de
que sejam oferecidos ao educando textos de seu interesse, com estilos e
funções distintas, mas que façam parte de sua realidade, que traduzam seus
36
interesses e que acolham suas necessidades. Comungando o mesmo
pensamento, Emília Ferreiro, Ana Teberosky, Rubem Alves, Paulo Freire
destaca a importância de que a leitura seja feita em voz alta como maneira de
ampliar a idéia de quem está aprendendo sobre o processo de construção da
escrita. A entonação de voz, as pausas, pontuação, ritmo, são aspectos que
devem ser considerados em conta pelo professor/especialista ao ler um texto,
já que a audição deve ser um exercício constante, pois auxilia os alunos a
compreender melhor a relação entre o som e a língua escrita/ imagem.
A importância do ato de ler evidencia a necessidade de desenvolver a
compreensão crítica da leitura que não se esgota na decodificação
das palavras, mas “se antecipa e se alonga na inteligência do mundo.
A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior
leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele.
Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. Nesse sentido,
texto e contexto não podem ser entendidos de maneira distinta,
isolada, uma vez que o sentido e o significado de cada um se
esvaziam e perdem seu valor, (FREIRE, 1978.p.65).
Segundo Paulo Freire(1997,p.94),a leitura do mundo precede a
leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da
continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem
dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica
implica a percepção das relações entre o texto e o contexto. Nesse aspecto, a
intervenção do supervisor pedagógico é interessante, pertinente e faz a
diferença. A leitura deve ser contextualizada, fazendo sentido para o dia-a-dia
do aluno. Conclui-se que quando os conceitos matemáticos são extraídos de
situações reais, a língua Portuguesa e a matemática aparecem tão
naturalmente, tão espontaneamente que é até prazeroso descobrir tais “objetos
de estudo”. A aprendizagem, então, acontece de maneira bastante satisfatória
e natural, pois gera uma discussão em torno do tema e uma crescente
necessidade em aprender. São trabalhos feitos a partir de temas geradores
que garantem uma aprendizagem significativa para os alunos que ficam mais
atentos, menos dispersos, mais concentrados, ouvindo coisas do seu interesse,
que fazem parte de seu mundo. A intervenção do profissional pedagógico
nesse momento é identificar o que os alunos já sabem sobre o tema, como
essas opiniões foram formadas e criar situações para que as mesmas sejam
ampliadas, confrontadas e com a ajuda do professor, possam ainda ser
reconstruídas e ou reformuladas.
37
O aluno precisa de espaço, precisa posicionar-se, ser sujeito, não
aceitar o discurso autoritário dos profissionais. Assim agindo, há reflexões,
associações, comparações, inferências. É o ato de ler para se libertar, para ser
independente e flexível na formação de idéias e opiniões. Uma leitura
verdadeiramente plena, libertadora.
A leitura não acontece de forma mecânica, decifrando códigos
apenas. A leitura é muito mais do que isso. É entender o que foi lido, perceber
o que está implícito, não extrapolar, não deduzir contradizendo. Precisa-se
compreender o ato de ler com a consciência de que essa leitura comunica
alguma coisa, oferece hipóteses e que é possível estabelecer relações do que
está escrito com as experiências de quem está lendo; fazem-se, daí, diversas
conexões, “viajando”, sempre buscando o que se conhece do mundo.
Conscientes de seu papel, o supervisor pedagógico intervém no
processo ensino/aprendizagem da leitura e usa ferramentas de comunicação
como som, imagem, dinâmicas, que facilitam o melhor entendimento dos
conceitos aqui vistos. E com o auxílio destas ferramentas comunicacionais,
explicam ao professor a importância de um planejamento.
É interessante que o aluno perceba que a relação entre a fala e a
escrita não é exata e que a língua portuguesa é constituída de diversas
irregularidades e, portanto, existe diferença entre a língua escrita e a língua
falada. Isso diminui o medo, aumenta a auto-estima do aluno e sua criatividade
vem á tona. O aluno percebe que a escrita e a leitura são habilidades que
podem ser aperfeiçoadas ao longo do tempo. Ganha confiança e o letramento
é conseqüência.
Educação é o “alicerce do desenvolvimento sócio-cultural e que o
letramento é o passaporte para um novo e melhor patamar dos
alunos na nossa sociedade. È a chave para a tão falada inclusão
social.O aluno percebe seu papel na sociedade com a consciência do
que essa “descoberta” representa na sua vida,(FREIRE.1997,p.96).
1.2 A LEITURA E OS PARÂMETROS CURRICULARES (PCNS)
Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para
descobrir o mar. Viajaram para o Sul. Ele, o mar, estava do outro lado
das dunas altas, esperando. Quando o menino e o pai, enfim
alcaçaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar
estava na frente de seus olhos. E foi tanta a imensidão do mar e tanto
o seu fulgor, que o menino ficou mudo de beleza. E quando
38
finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai: - Me
ajuda a olhar!
(Eduardo Galeano- Pescadores de vida)
Distante da tradicional pedagogia, cujo centro era o professor, e
“cuja função se define como a de vigiar e aconselhar os alunos, corrigir e
ensinar a matéria” (PCN, vol. 1., 2000, p. 13), a expressão cidadania ganhou
reforço, passando a ser referência do princípio norteador de valorizar o
indivíduo (aluno) como um ser ativo, social e livre. Repousa aí a capacidade de
inclusão social como meta para o exercício da cidadania, adequando os
conteúdos curriculares a essas várias vivências, respeitando o universo cultural
dos indivíduos e ainda registra o desenvolvimento de capacidades “que lhes
permitam produzir e usufruir dos bens culturais, sociais e econômicos” (PCN,
vol.1, 2000, p.44).
E a Língua Portuguesa sofreu alternações, visando a transformar o
perfil social do aluno, através de um projeto que também oferecesse acesso
aos “saberes lingüísticos necessários para o exercício da cidadania, direito
inalienável de todos” (PCN, vol. 1, p. 15). A nova LDB, no seu Art. 36, passou a
considerar a Língua Portuguesa como instrumento de comunicação, acesso ao
conhecimento e exercício pleno da cidadania, deixando de lado os privilégios
de um determinado grupo social. Nascia uma nova exigência da sociedade. E o
PCN-Língua Portuguesa finaliza: “Assim, um projeto educativo comprometido
com a democratização social e cultural atribui à escola a função e a
responsabilidade de garantir a todos os alunos o acesso aos saberes
lingüísticos necessários para o exercício da cidadania, direito inalienável de
todos” (PCNs-1, 2000, p.23). Nascia também a partir daí a ênfase ao papel do
aluno, cidadão e leitor.
Compreender os texto orais e escritos com os quis se defrontam em
diferentes situações de participação social, interpretando-os
corretamente e inferindo as intenções de quem os produz;
Valorizar a leitura como fonte de informação, via de acesso aos
mundos criados pela literatura e possibilidade de fruição estética,
sendo capazes de recorrer aos materiais escritos em função de
diferentes objetivos;
Utilizar a linguagem como instrumento de aprendizagem, sabendo
como proceder para ter acesso, compreender e fazer uso de
informações contidas no texto: identificar aspectos relevantes;
organizar notas; elaborar roteiros; compor textos coerentes a partir de
trechos oriundos de diferentes fontes; fazer resumo, índice,
esquemas, etc (PCN, vol. 2, p. 41).
39
Com certeza, esses objetivos tão claros pressupõem um leitor bem ativo,
evidenciado no item específico “Língua escrita: usos e formas”, (PCN, vol. 2,
p.52), referindo-se à linguagem escrita, mas estabelecendo ou acentuando a
complementaridade entre uma e outra; relação essa capaz de modificar ou
mesmo construir o conhecimento de gêneros textuais diferentes. Portanto, a
formação de leitores competentes ou mesmo escritores é um dos objetivos do
PCN, (PCN, vol. 2, p. 53). Competente é o leitor que compreende o texto;
compreende o que está escrito e também o que não está escrito. Lê “pistas” e
interpreta, estabelecendo relações intertextuais, atribuindo os vários sentidos
de um texto e ainda consegue “justificar e validar a sua leitura a partir da
localização de elementos discursivos” (PCN, vol. 2, p. 54).
De acordo com o PCN, o leitor é percebido como aquele que sabe
construir o sentido do texto de maneira eficiente.
Para tornar os alunos bons leitores – para desenvolver, muito mais do
que a capacidade de ler, o gosto e o compromisso com a leitura – a
escola terá de mobilizá-los internamente, pois aprender a ler (e
também ler para aprender) requer esforço. Precisará fazê-los achar
que a leitura é algo interessante e desafiador, algo que, conquistado
plenamente, dará autonomia e independência. Precisará torná-los
confiantes, condição para poderem se desafiar a “aprender fazendo”.
Uma prática de leitura que não desperte e cultive o desejo de ler não
é uma prática pedagógica eficiente (PCNs, vol. 2, p. 58).
Assim é que a dominação da leitura tornou-se parte fundamental na
possibilidade de uma participação social plena: acesso à informação,
construção de mundo ou partilha de visões de mundo ou mesmo produção de
conhecimento (PCN, vol 1, 2000). As propostas de trabalho constantes nos
Parâmetro Curriculares Nacionais (PCNs. 1997,p.49), valorizam a participação
crítica do aluno diante da sua língua, pois mostra a pluralidade e as variedades
inerentes a qualquer idioma.
Com a Língua Portuguesa não poderia ser diferente. A aprendizagem da
língua reflete no ensino como um todo, contribuindo para a formação de
cidadãos críticos e conscientes. O aluno deveria considerar a língua em uma
perspectiva mais ampla. Hoje, com esse novo olhar, porque foram isolados os
excessos de regras e tradicionalismo típicos das escolas tradicionais
40
objetivando um questionamento de regras e comportamentos lingüísticos. Já
não se permite mais uma teoria gramatical inconsistente, irreal, distante da vida
do aluno. Ao contrário, nessa perspectiva de ensino de língua, apresenta a
leitura e a produção de textos como a base para a formação do aluno,
provando que a língua não é homogênea, mas sim, um somatório de
possibilidades condicionadas pelo uso e pela situação discursiva. E é
justamente a partir dessas situações discursivas que o aluno poderá se
constituir como cidadão e exercer seus direitos como usuário da língua. A
grande novidade dos PCN é a inclusão de textos orais no ensino da língua.
Segundo os PCN, é a pluralidade de textos, escritos ou orais, literários ou não,
que fará o aluno perceber como se constrói ou como se estrutura sua língua.
Através da leitura dos textos produzidos pelos próprios alunos e
analisados
simultaneamente
na
sua
estrutura
gramatical,
sintática
e
morfológica, provando que a gramática não é algo tão abstrato, tão fora de sua
realidade.
A conversa entre professor e alunos é, também, uma importante
estratégia didática em se tratando da prática de produção de textos:
ela permite, por exemplo, a explicitação das dificuldades e a
discussão de certas fantasias criadas pelas aparências. Uma delas é
a da facilidade que os bons escritores (de livros) teriam para redigir.
Quando está acabado, o texto praticamente não deixa traços de sua
produção. Este, muito mais que mostra, esconde o processo pelo
qual foi produzido. Sendo assim, é fundamental que os alunos saibam
que escrever, ainda que gratificante para muitos, não é fácil para
ninguém, (PCN, Língua Portuguesa. 1997, p.50).
Muitas vezes nem o professor conhece os PCNs; ou, conhecendoos, não se sinta apto a colocá-los em prática. O supervisor escolar deve
oportunizar tal conhecimento e ainda colaborar na sua aplicabilidade. Ainda
que não se consiga colocar em prática tudo o que sugerem os PCNs, muitas
sugestões são possíveis e necessárias, pois a leitura na escola é fator
indispensável a uma aprendizagem plena. Os erros e os equívocos provocados
pela falta de leitura, pela incompetência em escrever e ler textos não podem
mais continuar. Havendo adequação na metodologia, dificilmente haverá
41
desastre na aquisição da leitura como “prazer” e “hábito”. Isolados, sozinhos,
os (PCNs.1997,p.61), nada dizem, contudo indicam caminhos, apontam
diretrizes, alternativas. Dessa forma, o supervisor pedagógico, consciente de
sua função social, cabe a missão de complementar vazios percebidos no
material pedagógico utilizado na escola.
É necessário uma reflexão com os alunos sobre as diferentes
modalidades de leitura e os procedimentos que elas requerem do
leitor. São coisas distintas, diferentes como ler para se divertir, ler
para estudar, ler para descobrir o que deve ser feito, ler para
escrever, ler tentando descobrir a intencionalidade do autor/escritor
ou ler apenas para uma revisão. É diferente de ler, em busca de
significado – a leitura, de um modo geral – e ler em busca de
inadequação e erros – a leitura para revisar. Esse é um procedimento
bastante especializado que precisa ser ensinado em todas as séries
(em todos os anos, deixando variar apenas o grau, o nível de
aprofundamento em função da capacidade dos aluno. (PCN Língua
portuguesa1997, p.61).
1.3 A IMPORTÂNCIA DA LEITURA
“Oh! Bendito o que semeia livros/ Livros à mão cheia/ e manda o
povo pensar/ o livro caindo n’alma/ é gérmen - que faz a palma/ é
chuva – que enche o mar!” (Castro Alves)
A leitura nos fala de maneira mais precisa o que queremos dizer ao
mundo, “assim como nos dizer a nós mesmos”, (COSSON, 2006, p. 17). A
sede de saber é impaciente, porque ler é uma necessidade da alma, é uma
necessidade do espírito. O livro na mão é realmente bendito; exige que o povo
pense. Quando o livro cai na alma, é chuva de verdade, chuva forte que faz o
mar. E quanto mais lemos mais nossa alma fica insaciável. É nesse momento
que se passa a compreender melhor o mundo.
A leitura é companheira constante e assídua, pontual. Lê-se de
tudo, pintura, textos, propagandas, expressões faciais, gestos, placas, sinais,
enfim, vive-se interpretando o sentido das pessoas e das coisas. A leitura é
algo tão importante e tão natural que se lê e nem se dá conta dessa leitura.
A atividade de leitura, na verdade, não é uma simples
decodificação de símbolos. Vai além. Lê quem interpreta, quem compreende o
que se lê.
A compreensão semântica é fundamental. A leitura exige alguns
conhecimentos prévios do leitor: os lingüísticos, responsáveis pelas normas
gramaticais, pelo vocabulário e pelo seu uso; os textuais, que são as noções e
42
os conceitos que se tem sobre os textos; e o de mundo que representa aquilo
que o leitor armazenou ao longo da sua vida, englobando o seu conhecimento
de mundo, sua bagagem cultural. Para que uma leitura seja feita efetivamente,
é necessário a interação de todos esses conhecimentos. Por isso mesmo é que
dizem ser a leitura um processo completamente interativo.
Confirma essa idéia da solidariedade na leitura: “ao ler, estou abrindo
uma porta entre meu mundo e o mundo do outro. O sentido do texto
só se completa quando esse trânsito se efetiva, quando se faz a
passagem de sentidos entre um e outro”. E acrescenta que abrir-se
ao outro para compreendê-lo, ainda que isso não implique aceitá-lo, é
o gesto essencialmente solidário exigido pela leitura. (COSSON 2006,
p. 27).
A inferência subjetiva que assume a atividade da leitura: cada um
faz a leitura com os olhos que têm. Igualmente, interpretam onde pisam os pés.
Todo ponto de vista é à vista de um ponto. E para entender o que alguém lê é
necessário saber como são seus olhos e qual é a sua visão de mundo. Isso faz
da leitura uma releitura. Concluindo, cada leitor é também um co-autor. Daí
dizer que ler é compreender, refletir, posicionar-se. E para que isso aconteça,
deve-se observar todos os processamentos cognitivos da leitura e ainda
comprometer-se com a leitura. O leitor não pode ser passivo; ao contrário; deve
ser um leitor crítico, ativo. É também preciso que o leitor se projete no texto,
considerando sua vivência, suas emoções, expectativas, preconceitos,
buscando sempre um sentido maior.
Assim, em busca de um sentido, o autor se mergulha no texto. A
amplitude do texto tem como limite único a imaginação do leitor. O leitor
constrói imagens, fantasia, imagina, cria situações sobre o que está sendo lido.
Trata-se de uma atividade prazerosa, cheia de frutos, emocionante e intrigante,
além de muito importante.
A leitura é útil porque através dela, nós adquirimos conhecimentos
e cultura. E isso, sem dúvida, prepara o cidadão para enfrentar mais estudo e
ainda o duro mercado de trabalho. Se a leitura amplia seu horizonte intelectual
e provoca sentimentos, através de reflexões, permite também ao aluno que as
portas de sua percepção sejam abertas. Motivado pela curiosidade e pelo
desejo de crescer cada vez mais o leitor torna-se competente para ler nas
entrelinhas e sua visão de mundo é ampliada, assim como suas expectativas e
seus sonhos. O autor oferece a casa estruturada, através do livro. O leitor, uma
43
vez dentro da casa, coloca nela tudo o que quiser tudo o que julgar necessário:
porta, janela, telhado, jardim, chaminé, enfim, coloca a casa do seu jeito. Nessa
perspectiva, a leitura se apresenta como um poderoso e essencial instrumento
de libertação e também instrumento de sobrevivência.
Para que a leitura, realmente, tenha uma característica prazerosa,
válida e cheia de sentido é necessária a vontade do leitor. Ler pode ser tão
prazeroso que transporta o leitor para as nuvens, numa completa relação de
amor com as letras. O autor é parte importante nessa interação. Seu texto deve
ter um estilo agradável, com um vocabulário acessível e que provoque no leitor
uma vontade de que a leitura nunca acabe que o leitor fique curtindo cada
pedacinho. Após a leitura de cada livro, o leitor fica enriquecido, com novas
idéias, novas abordagens, novos conhecimentos. Ler também é estimulante,
pois,
como
as
pessoas,
são
intrigantes,
melancólicos,
assustadores,
complicados, simples, misteriosos. Os livros transportam o leitor a outros
tempos, a outros lugares, a outras culturas. Os livros também provocam
conflitos, apontam soluções, fazem sonhar, fazem pensar, fazem repensar. Só
lendo é que se consegue descobrir o quanto a leitura é importante para o
desenvolvimento cognitivo, social e intelectual do ser humano. Ler é essencial.
Através da leitura testa-se a experiência, novos valores são percebidos, são
postos à prova. É preciso também que seja criado um fortíssimo vínculo entre
leitor e livro, que a leitura funcione como um imã, atraindo e prendendo o leitor
estabelecendo-se um vínculo tão forte que seja indissolúvel, para sempre. Uma
verdadeira relação de amor, da qual não se deseje nunca a separação.
Além de tudo, a leitura precisa ser enfatizada como uma via de
inclusão social e de melhoria para a formação do ser humano pleno. Ler e ler,
sempre. Enfim, o poema, abaixo, de Carlos Drummond de Andrade diz,
poeticamente, o que é o amor pelos livros.
Papai, me compra a Biblioteca Internacional de Obras Célebres. São
só 24 volumes encadernados em percalina verde. Meu filho, é livro
demais para uma criança. Compra assim mesmo, pai, eu cresço logo.
Quando crescer eu compro. Agora não. Papai, me compra agora. É
em percalina verde, só 24 volumes. Compra, compra, compra. Fica
quieto, menino, eu vou comprar. Rio de Janeiro? Aqui é o Coronel.
Me mande urgente sua Biblioteca bem acondicionada, não quero
defeito. Se vier com um arranhão recuso, já sabe: quero devolução
de meu dinheiro. Está bem, Coronel, ordens são ordens. Segue a
Biblioteca pelo trem-de-ferro, fino caixote de alumínio e pinho.
Termina o ramal, o burro de carga vai levando tamanho universo.
44
Chega cheirando a papel novo, mata de pinheiros toda verde. Sou o
mais rico menino destas redondezas. (Orgulho, não; inveja de mim
mesmo) Ninguém mais aqui possui a coleção das Obras Célebres.
Tenho de ler tudo. Antes de ler, que bom passa a mão no som da
percalina, esse cristal de fluida transparência: verde, verde. Amanhã
começo a ler. Agora não. Agora quero ver figuras. Todas. Templo de
Tebas. Osíris, Medusa, Apolo nu, Vênus nua... Nossa Senhora, tem
disso nos livros? Depressa, as letras. Careço ler tudo. A mãe se
queixa: Não dorme este menino. O irmão reclama: Apaga a luz,
cretino! Esparmacete cai na cama, queima a perna, o sono. Olha que
eu tomo e rasgo essa Biblioteca antes que pegue fogo na casa. Vai
dormir, menino, antes que eu perca a paciência e te dê uma sova.
Dorme, filhinho meu, tão doido, tão fraquinho. Mas leio, leio. Em
filosofias tropeço e caio, cavalgo de novo meu verde livro, em
cavalarias me perco, medievo; em contos, poemas me vejo viver.
Como te devoro, verde pastagem. Ou antes carruagem de fugir de
mim e me trazer de volta à casa a qualquer hora num fechar
de páginas? Tudo que sei é ela que me ensina. O que saberei, o que
não saberei nunca, está na Biblioteca em verde murmúrio de flautapercalina eternamente, (Drummond. 1980, p.67-68).
1.4 A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA E DO PROFESSOR NA FORMAÇÃO DO
ALUNO-LEITOR
A palavra alfabetizar vem de “alfabeto“. “Alfabeto“ é o conjunto das
letras de uma língua, colocadas numa certa ordem. É a mesma coisa
que “abecedário“. A palavra “alfabeto“ é formada com as duas
primeiras letras do alfabeto grego: “alfa“ e “beta“. E “abecedário“, com
a junção das quatro primeiras letras do nosso alfabeto: “a“, “b“, “c“ e
“d“. “Alfabetizar“ contém uma teoria de como se aprende a ler.
Aprende se a ler aprendendo-se as letras do alfabeto. Primeiro as
letras. Depois, juntando-se as letras, as sílabas. Depois, juntando-se
as sílabas, aparecem as palavras. (ALVES, 2001, p. 2)
A instituição responsável pela alfabetização dos indivíduos, sem sombra
de dúvida, é a escola, é a ela que “ a sociedade delega a responsabilidade de
prover as novas gerações das habilidades, conhecimentos, crenças, valores e
atitudes considerados essenciais à formação de todo e qualquer cidadão”
(SOARES, 2001, p. 84). Dentre essas habilidades, atitudes e valores, tem
relevância aquela dedicada à formação de leitores.
Na formação de leitores não é o bastante saber ler, é preciso que se
faça uso dessa habilidade. A preocupação com tal habilidade resultou no
aparecimento da palavra letramento. Segundo Magda Soares, letramento é a
versão para o português da palavras da língua inglesa literacy, que significa o
estado ou condição que assume aquele que aprende a ler e escrever (2001, p.
16-17). Portanto, ser alfabetizado não significa, necessariamente, ser letrado
(quanto ao significado de letramento). Magda Soares estabelece bem a
45
diferença, sendo que “alfabetizado nomeia aquele que apensas aprendeu a ler
e a escrever, não aquele que adquiriu o estado ou a condição de quem se
apropriou da leitura e da escrita, incorporando as práticas sociais que as
demandam” (2001, p. 19). É complexo o conceito de letramento. O letramento
abraça dois fenômenos distintos, apesar de complementares: a leitura e a
escrita. Exemplificando, uma pessoa é capaz de ler um bilhete, mas não é
capaz de ler um romance; pode ser até capaz de escrever o próprio nome e
não ser capaz de escrever uma carta e assim sucessivamente. “Há diferentes
tipos de níveis de letramento, dependendo das necessidades, das demandas
do indivíduo e de seu meio, do contexto social e cultural” (SOARES, 2001, p.
48-49). A autora enfatiza duas categorias bem amplas para a definição de
letramento: uma social e outra individual. Se o professor e a família não
dominarem o letramento (seja social ou individualmente), a formação do leitor
está, definitivamente, comprometida.
Família, escola, grupo social – a sua maneira e a seu tempo – têm
influência sobre a criança e também sobre o jovem na sua formação como
leitor. Essa interferência no que diz respeito à escola é histórica e é motivo de
discussões e polêmicas. E está associada ao início da produção do livro para
crianças. E já que se trata de algo bem moderno, segundo Regina Zilberman, “
a literatura infantil transformou-se num instrumento que, aliado à pedagogia
nascente, procurou converter cada menino no ente modelar e útil ao
funcionamento da engrenagem social”. Segundo ela, a escola acabou se
convertendo no “intermediário entre a criança e a cultura, usando como ponte
entre os dois a leitura”. (1986, p. 18).
Vista como espaço especial na formação de leitores, coube à escola
inventar pedagogias, normas e regras para a leitura. O prazer das narrativas
passou para a família, nas conversas informais durante almoço, jantar,
recreação.
Somente na década de 70, com a reforma do ensino é que houve o
incentivo do texto literário na sala de aula. Por isso mesmo é que não se pode
falar de leitura sem falar de escola. (Infelizmente, o mesmo não ocorre quanto
à família).
46
Uma das principais tarefas do educador que trabalha no Ensino
Fundamental é ampliar, aperfeiçoar, solidificar a capacidade lingüística do
aluno, pois este aspecto é decisivo para o seu bom desempenho em todas as
áreas do conhecimento. Por isso mesmo é que, respeitando-se o caráter
artístico do gênero literário, na escola, pode ser apontado como um auxílio em
excelência para o professor.
A alfabetização é algo que faz parte do início da vida de todo aquele que
quer ou que sente necessidade de comunicar-se em sua língua materna.
Melhor, ainda, dizemos que alfabetizar é o primeiro contato do indivíduo com a
linguagem oral e escrita. Algo importante para a comunicação, desde os
primeiros anos de vida.(ALVES.2001,p.12). É verdade que “brasileiro lê sem
entender”. É também verdade “que os alunos brasileiros não lêem”. Isso está
provado. Não se trata de especulação. É fato. Os alunos brasileiros, na faixa
etária de 15 anos, são analfabetos funcionais, identificam letras, símbolos,
palavras e períodos, mas são incapazes de compreender o sentido do que
lêem. Respondem pelo que acham e não pelo que está escrito. Houve até quem
dissesse tratar-se de uma tal síndrome do “achismo”.
É, sem dúvida, a falta de leitura que compromete todo o processo
ensino/aprendizagem. Escolas, educadores, especialistas, pais, pedagogos,
estudiosos, cronistas, em sua maioria, concordam que é preciso e com
urgência, buscar alternativas que promovam o hábito de leitura. No entanto,
não existe “fórmula” do ensinar a ler. Aprende-se a ler, lendo. Aprende-se a
escrever, lendo e escrevendo. Mas como se aprende a gostar de ler? Várias
teorias tentam explicar esse fenômeno, essa magia chamada leitura.
Para Barbosa,(1999,p.47), no primeiro ciclo do Ensino Fundamental
o ensino/aprendizagem da linguagem deve partir da vivência dos alunos, do
repertório lingüístico que possuem, da cultura que carregam em sua
experiência de vida e das várias utilidades que podem fazer deste instrumento,
para que se apropriem paulatinamente do mesmo, aprendendo a formular
hipóteses constantemente, testá-las, confirmá-las, rejeitá-las e aperfeiçoá-las.
É na infância que o professor/leitor é formado. No seio da família, ouvindo
histórias, “lendo livros”, folheando revistas e periódicos, pegando, segurando,
familiarizando-se com esse mundo fantástico da leitura. A criança entra na
47
escola, “lendo”. Ela é competente para pensar, observar, analisar, refletir,
buscar, ver, interpretar, buscar respostas, resolver problemas, debater. A
criança sente-se muito à vontade em debates orais. Pesquisas científicas
demonstram que a capacidade de aprendizagem está em seu nível mais alto
entre zero e seis anos de idade. A partir daí, torna-se mais difícil ensinar a
pensar. Educadores e pais desinformados, despreparados, que não lêem, vão
ensinar alguém a pensar? Não é impossível, mas, com certeza, o caminho é
mais árduo. Professor que não gosta de ler não transmite credibilidade alguma
no que faz e a criança é observadora e interpreta essa incapacidade. Na
verdade, o professor precisa mesmo é saber “contaminar”, “contagiar” seus
alunos fazendo leituras, contando histórias, criando ambientes favoráveis,
estimulando. Mesmo porque a leitura é uma atividade de várias facetas. Não é
tão simples. E envolve desde a afetividade, sensibilidade, prazer, alegria e,
claro, também o neurofisiológico, o cognitivo, argumentativo e simbólico.
Fez três observações: A primeira: o método antepõe uma
aprendizagem considerada prioritária ao ato de ler, antes de colocar a
criança em contato com o texto a ser lido; antes de ler, era preciso
um trabalho ou uma ação sobre o alfabeto: alfabetização;
A segunda: em decorrência dessa formulação, estabelecia-se uma
confusão entre análise da língua e o ato de ler: para ler, a criança
devia realizar uma análise da língua escrita, utilizando como
referencial de base a língua oral.
Essa é uma das confusões que prevalece até os dias atuais; A
terceira: toda a estruturação da matéria a ser ensinada correspondia
a uma lógica adulta e não a uma lógica da criança. Por exemplo:
propunha-se partir do simples para o complexo, sem pensar se, para
a criança, o simples é a letra ou a palavra, (BARBOSA .1994, p.47).
Ler, portanto, exige competências, um saber mínimo. Isso, a
criança traz de casa. Algumas, mais privilegiadas, “bem-nascidas”, cujos lares
propiciam atitudes nessa direção e abstraem as coisas com maior facilidade.
Outras, oriundas de lares triste, pobres, miseráveis, a “leitura” é diferente e
requer mais cuidado e atenção. É fundamental que o professor aproveite a
latência e intensifique, ainda na pré-escola, todo o prazer da leitura. Nesse
estágio, a relação professor/aluno é muito forte. A criança confia no seu
professor. O professor é modelo, referência. E as histórias que ele conta
provocam emoções e encantam. A criança interessa-se pelos personagens:
chora, ri, emociona-se, acompanha as desilusões, as vitórias. Nesse contexto,
razões sociais e psicológicas entram em jogo. É o seu mundo no mundo das
personagens, interagindo. Silva (1997, p.21) “Não se forma um leitor com uma
48
ou duas cirandas e nem com uma ou duas sacolas de livros, se as condições
sociais e escolares, subjacentes à leitura, não forem consideradas e
transformadas”.
Ler é em ultima instância, não só uma ponte para tomada de
consciência, mas também um modo de existir no qual o individuo
compreende e interpreta a expressão registrada pela escrita e passa
a compreende-se no mundo, (SILVA. 2000, p..45).
A criança tem uma história. É dona de um saber. Manifesta
vontade. Faz valer alguns desejos. É a “hora” de formar o leitor. E o leitor adora
soltar sua imaginação, sua curiosidade. Ele quer se divertir, quer tão somente
entreter-se. Quer descobrir outro mundo, descobrir coisas sobre as quais
ninguém pensaria. É o pensamento em liberdade de movimentos intelectuais.
Sem censura. Oliveira, (2003,p.141),o leitor precisa ser conquistado, cativado.
Abrem-se aqui parênteses para que a autora deste trabalho confirme através
de sua história todo o seu aprendizado de leitura em tenra idade. Morando
numa fazendo, distante da cidade, toda noite, um pai, exímio na arte de contar
histórias, reunia os filhos e, no centro das atenções, iniciava um horário
recreativo e fazia inúmeras representações e imitações, contando maravilhosas
histórias. Boquiabertas, as crianças ficavam maravilhadas, já vislumbrando um
outro mundo mais distante, porém encantado, com animais falantes, bruxas,
fadas e príncipes. Havia algo que intrigava aquela menina bobinha: naquela
casa era proibido ler. E havia livros, livros. Muitos livros. Revistas. Uma
biblioteca. Apenas o pai podia ler. E a curiosidade foi maior e a criança ousou
desobedecer ao pai e, às escondidas, “roubava” o que podia: livros, revistas,
cadernos... As letras representavam o ouro de sua infância. Ela “roubava” os
livros, lia apressadamente, colocava-os na mesma posição para fugir do
castigo, caso fosse descoberta sua façanha. Felizmente, o pai nunca
“descobriu”. Nascia ali uma devoradora de livros. Enquanto brincava com as
obras, descobria um mundo novo ao seu redor.
Hoje, ela tenta contagiar seus alunos. É difícil, sim. Mas não é
impossível. E essa criança foi alfabetizada assim, pela curiosidade com as
letras, os sons e um pai presente, ensinado, com direito a palmatória e castigos
“brabos”.
Se, como defende Oliveira (2003), a essência da alfabetização
como processo de aprender a ler reside no processo de decodificação, um dos
49
fundamentos sobre os quais repousa a decodificação é o desenvolvimento da
consciência fonológica, aspecto que se discute a seguir.
Esclarece que “decodificar significa usar o princípio alfabético
empregando conhecimentos sobre as relações entre letras e sons
para transformar sons em letras (escrever) e letras em sons (ler)”.
Nessa direção, o termo decodificar refere-se à capacidade de
decifrar, “desmontar” o código alfabético para aprender a usar os
conhecimentos sobre as relações entre letras e sons para identificar
palavras conhecidas de maneira precisa e automática, e também
para decodificar palavras novas e desconhecidas. É dessa forma que
podemos nos tornar leitores independentes e autônomos, objetivo tão
divulgado pelas escolas em seus planejamentos, (OLIVEIRA 2003, p.
141).
A sala de aula tem, pois, todas as condições para se tornar, como
destaca Regina Zilberman (2203, p.16) “um espaço privilegiado para o
desenvolvimento do gosto pela leitura, assim como um importante setor para
intercâmbio da cultura literária”.
1.5 O PROFESSOR/LEITOR
“Queremos que as nossas escolas nos ensinem logo a voar. Chega
de ficar só aprendendo quem descobriu Caturama, por que minhoca
não tem osso, que é proibido ciscar na grama ou que todo gavião é
um colosso!
(Chico Alencar, no livro didático Português através de
textos, de Magda Soares)
Se para pessoas comuns a leitura é imprescindível, indispensável,
o que dizer, então, da leitura em relação ao professor? São eles, os
professores, os responsáveis diretos pela formação dos futuros leitores, dos
futuros cidadãos. Mas há o peso, e peso grande, enorme, que a competência
para a leitura tenha sido desenvolvida ainda na infância. Desenvolver o hábito
de formar leitores é a missão do Instituto Educacional Conhecer, Construir e
Viver. Entende-se que isso é possível e o Instituto assim procedendo, está
contribuindo na internalização de habilidades e atitudes que, pouco a pouco,
gradativamente, convertem-se no que denomina de habitus frente à leitura. O
IECCV desenvolve projetos nessa direção, despertando e mantendo sempre o
gosto e o prazer pela leitura, criando oportunidades para envolver sempre a
família A leitura do professor, é claro, deve estar sempre atualizada. Não que o
conhecimento ocorra única e exclusivamente através dos livros ou seus
50
similares - vendo, ouvindo, falando, fazendo, etc, também se é capaz de
compreender e conhecer os fenômenos. Por vezes, se reconhece, não
simplesmente "ajudar" nesse processo, mas colocar-se como imprescindível ou
vital no processo de construção do conhecimentos sobre esse assunto.
(CHARMEUX, 1994,p.89.).
Podemos (...) dizer que, sem situações "verdadeiras" de leitura,
(nenhuma aprendizagem durável e adaptável pode ocorrer. Ora,
numa situação efetiva, é necessário que reflitamos para construir o
sentido, e para isso não podemos confiar em nenhum outro
mecanismo. É preciso ter um projeto de leitura e saber relacionar
esse projeto ao objeto portador de texto, à sua função social e às
informações que ele contém. Em resumo, é preciso ter uma atitude
de pesquisa inteligente. É uma atitude desse tipo que importa adquirir
de início, como uma "primeira higiene" de toda conduta de leitura.
(CHARMEUX, 1994, p. 89).
Através da leitura é possível o acesso a novas idéias e a
conhecimentos essenciais para o desenvolvimento do ser humano. Conta-se
que houve uma época em que os únicos textos disponíveis eram os “Salmos” e
que a Bíblia era uma leitura proibida, além de ser também o único livro
existente. Naquele tempo, praticava-se a leitura em voz alta e em ambiente
privado. O acesso à leitura constituía um privilégio de poucos. Nos séculos XVI
e XVII, na Espanha, as pessoas se reuniam em salões e exercitavam em voz
alta a leitura para que todos os presentes ouvissem. Com o objetivo de não
incomodar os monges, a leitura silenciosa nasceu nos mosteiros. Os gestos
eram inibidos e os sentidos, idem. Naquela época, a prática da leitura era
totalmente voltada para o lado espiritual das pessoas, como uma penitência,
substituindo atividades sexuais, sono, alimentação e coisas do gênero. Mas
fora dos mosteiros, nascia um outro tipo de leitura: o entretenimento. Logo em
seguida, nascia outro tipo de leitura que despertava as emoções do corpo,
associada diretamente ao desejo. Foucambert (1997, p. 78): A leitura não é em
principio uma atividade de transcodificação de um sistema para outro para ter
acesso à significação, mas um trabalho direto sobre o código escrito, uma
abordagem da informação visual para interpretá-la, dar-lhe um sentido, um
valor. Ler não é traduzir, mas sim compreender. Aprender a ler é, portanto,
desenvolver os recursos para essa relação direta da escrita com o significado.
Ter controle sobre a leitura é assegurar-se de que o texto seja percebido em
suas intenções e em suas possibilidades e em relação com outros numa rede,
é assegurar-se de que ele seja interpretado e não simplesmente pronunciado.
51
Aprender a ler lendo coisas de ler, e não coisas criadas para
aprender a ler é um dos principais objetivos do ensino da linguagem
escrita, (FOUCAMBERT. 1997, p.46).
Avançando ainda mais na prática da leitura, surgiu uma outra
modalidade: uma leitura que provocava a fuga ao real, valorizando o
imaginário, a fantasia, estabelecendo um tipo de relação de dualidade com o
livro. Mais tarde, nascia o texto científico, de domínio público. A partir daí a
leitura passou a ser entendida como uma atitude de produção dos sentidos.
Algumas leituras já objetivavam exclusivamente a assimilação dos sentidos.
Essa prática permaneceu no âmbito escolar por muitos anos. Então, a leitura e
a escrita passaram a ser estimuladas no aspecto de aprendizagem. Hoje, a
leitura inclui o exercício da prática de outros saberes, além da prática
pedagógica. Assim é que ler ganha um sentido mais amplo e mais complexo:
decodificar letras, palavras e sentidos. O domínio da leitura e da escrita está
diretamente relacionado à progressão da escolaridade, que, por sua vez, está
diretamente ligada à cidadania, (WEISZ, 2002,p.44.).
Destaca que antigamente se imaginava que para ler era preciso
primeiro aprender o sistema de escrita e, então, começar a interpretar
textos. Hoje sabemos que a capacidade de leitura não depende do
conhecimento do valor sonoro de cada letra ou de saber juntar uma
letra a outra, (WEISS. 2002, p.44).
A vida é um eterno aprendizado, como diz o verso de uma música
de Geraldo Vandré: “ensinando e aprendendo uma nova lição, caminhando e
cantando e seguindo a canção”. Ninguém detém plenamente o conhecimento.
Este é adquirido, é construído pelo outro, através do outro, professor/aluno,
aluno/professor, uma troca dinâmica. E o professor precisa ensinar bem e para
que ele possa ensinar bem, deve estar sempre por dentro das coisas do
mundo, aberto a aprender e a ler continuamente ao longo de toda a sua vida. O
desafio consiste em que o professor saiba ler criticamente o mundo para que
possa formar leitores com a mesma competência, oportunizando a criatividade
e a imaginação através de programas pedagógicos que possibilitem uma
interação e um diálogo permanentes; Nos últimos anos presencia-se uma
crescente ênfase nos estudos sobre a leitura, enfocando especialmente o leitor
em seu movimento de ler. A psicologia cognitiva fez progressos importantes no
conhecimento dos processos de leitura no leitor hábil. Em particular, ela
mostrou que a leitura põe em ação processos específicos complexos e que sua
aprendizagem passa pela descoberta e a utilização do princípio alfabético de
52
correspondência entre sons e fonemas. (MORAIS, 1996, p. 162) Nesse
sentido, a consciência fonológica mostra-se como uma importante aliada rumo
à decodificação e conseqüente leitura compreensiva/significativa.
Em “A arte de ler”: Os prazeres da leitura são múltiplos. Lemos para
saber, para compreender, para refletir. Lemos também pela beleza da
linguagem, para nossa emoção, para nossa perturbação. Lemos para
compartilhar. Lemos para sonhar e para aprender a sonhar “Há várias
maneiras de sonhar...A melhor maneira de começar a sonhar é por
meio dos livros...Aprender a dedicar-se totalmente à leitura, a viver
inteiramente com os personagens de um romance-eis o primeiro
passo. ( MORAIS 1996,p.13).
Discutem-se várias estratégias para a prática da leitura e de uma
eficiente iniciação literária. É necessário que essa busca seja profunda, não
somente em metodologias, mas em mudança profunda de mentalidade. O
papel do professor nesse processo é de facilitador, mediador, que esse aluno
adquira o hábito de leitura para sempre, em toda a sua vida A leitura não
esgota seu poder de sedução nos estreitos limites da escola. Do mundo da
leitura para a leitura do mundo, o trajeto se cumpre sempre, refazendo-se,
inclusive por um vice-versa que transforma a leitura em prática circular e
infinita, conforme Lajolo (2005). Nesse sentido, Paulo Freire (1996, p. 11) diz
que o ato de ler “não se esgota na descodificação pura da palavra escrita ou da
linguagem escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo”.
Ensinar exige respeito aos saberes dos educandos e acima de tudo
exige ainda, saber escutar, pois, não é falando aos outros de cima
para baixo, sobretudo como se fôssemos os portadores da verdade a
ser transmitida aos demais, que aprendemos a escutar, mas
escutando que aprendemos a falar com eles, (FREIRE, 1996, p.127).
Antes de entrar na escola, a criança vive um intenso período marcado
pela aquisição da linguagem oral. Trata-se de uma riquíssima fase em
vivências e descobertas de si mesma. Nessa fase, a leitura adquire um aspecto
apenas lúdico, descompromissado, com inúmeros jogos estreitamente afetivos
que mexem com a fantasia e o emocional da criança. Ainda segundo a autora,
nessa fase, os pais são o centro da vida das crianças, influenciando
diretamente sobre atitudes e aprendizagem, contando histórias, dando nome ás
coisas, brincando, rindo. Entre beijos, abraços, troca de afetos e carinhos a
criança vai crescendo, aprendendo, vivendo e adquirindo suas primeiras
experiências de vida em família. O primeiro deles é considerar o processo de
letramento como natural. Pelo que se nota, as crianças só adquirem essa
experiência em função da instrução adequada e da exposição à escrita no meio
53
em que vivem. Isso tudo é ensinado pelo exemplo, pela convivência, pela
disponibilidade de recursos. Não se deve apenas à passagem do tempo. O
segundo ponto para o qual Oliveira atenta, e que traduz um equívoco de parte
de professores, é considerar a linguagem auto-evidente. Na verdade, a
linguagem não se mostra claramente, podendo gerar dúvidas. “Para aprender a
ler e escrever é preciso, portanto, desenvolver consciência da linguagem,
desenvolver um vocabulário próprio para tratar a linguagem como objeto de
pensamento. A linguagem convida e requer introspecção e reflexão – ou seja,
competências de metalinguagem” (OLIVEIRA, 2003, p. 63).
O terceiro equívoco é achar que as palavras são como ilustrações.
Na verdade, as palavras são feitas com letras que, por sua vez, estão
relacionadas com fonemas, representam sons específicos e
característicos de determinada língua. Toda essa experiência com
material impresso por si só nem sempre produz esse insight – que é
fundamental para a alfabetização, de acordo com (OLIVEIRA.
2003,p.63).
Para que os alunos sejam bons leitores é preciso que o professor
dê o exemplo. Concluindo, vale uma reflexão sobre o que diz Daniel Pennac
sobre “O direito de não ler” – de acordo com ele, é um dos direitos
imprescindíveis do leitor. O que não se pode admitir daí é o preconceito de que
aquele que não lê é um imbecil, um cretino em potencial. Ler no sentido de
adquirir “moral” é ser cretino. Leitura é libertação, faculta a criatividade. Aquele
que lê não é, intrinsecamente, nenhum detentor de moralidade. O professor só
ensina a ler quando envolve seu aluno nesse mundo encantado, nesse mundo
fantástico, nesse mundo fascinante da leitura.,(PENNAC. 1997, p.46).
A idéia de que a leitura “humaniza o homem” é justa no seu todo,
mesmo se ela padece de algumas deprimentes exceções. Tornamonos um pouco mais “humanos”, compreende-se aí por um pouco mais
solidário com a espécie humana (um pouco menos “animais”),
(PENNAC. 1997, p.47).
1.6 QUANDO MATAM O LEITOR
O tempo para ler é sempre tempo roubado (como o tempo para
escrever, por outro lado, ou o tempo para amar)”.
(Daniel Pennac, Como um romance)
Segundo Daniel Pennac,(1997,p.84) nenhuma leitura deve ser
obrigatória. Leitura obrigatória não cria leitores. Incluídos aí os livros dos
famigerados vestibulares, cujas leituras são obrigatórias pra responder
questões que ele julga, na maioria das vezes, sem sentido. Por ser uma leitura
54
obrigatória, não é caminho pra formar leitores. Não desperta nenhum prazer.
Muito pelo contrário. A obrigatoriedade afasta a possibilidade de se formar um
leitor.Trata-se de uma leitura monótona, sem dicotomia, dissociada do prazer e
da magia. O autor cita uma trindade perfeita: os pais, a criança e o livro. Todas
as crianças aguardam com ansiedade aquele momento em que os pais sentam
com eles na cama, ou no chão da casa ou mesmo, deitam com eles e iniciam
histórias. Para a criança, é um momento mágico. As crianças viajam nas
palavras, ficam extasiadas, maravilhadas, sempre querendo mais e mais
histórias, reais ou inventadas, não importa. Naquele momento, a criança é o
centro do universo e ao redor delas, as personagens, criando pernas,
adquirindo asas. E então, exaustas, adormecem. Infelizmente, os anos passam
e é tempo de escola. E na escola, a trindade se desfaz. A emoção da
descoberta das letras já não provoca tanto prazer. A relação da criança com o
livro vai se enfraquecendo, virando fumaça e de repente a alegria de ler se
transforma em algo cansativo. A alegria de aprender desaparece.
Ler é carregar um fardo, um peso. Os filhos são jogados na escola.
Os pais se libertam da “obrigação” do momento mágico. O encanto
toma outro rumo. E o enfado habita o coração da criança. A leitura
toma o rumo da cobrança, do preenchimento de fichas literárias e
desta vez é o professor que, pouco a pouco, “mata” o ex-futuro-leitor.(
PENNAC,1997,p.84).
A leitura deve ser gratuita. Não deve ser cobrada. Pelo menos, na
fase da conquista. Até que a criança tome consciência da importância do ato
de ler e ela mesma, espontaneamente. Comece a “pegar” livros pra ler. Para
não matar o ex-futuro-leitor, professores, especialistas e pais devem incentivar
o hábito da leitura, motivar o aluno a procurar o livro que agrade, entusiasme,
traga alegria e prazer. Deve ainda fazer do momento da leitura, um momento
especial, agradável, esperado com ansiedade e preparado com muito cuidado.
A leitura deve ser sempre libertadora. E é preciso que se leia. Mais e mais. Ler
com alegria, satisfação, prazer. Ler pra voar alto, dando asas à imaginação.
Jamais ler por imposição. O gosto pela leitura depende muito e muito do
professor, que precisa ser apaixonado por livros. E assim, pela paixão,
convencerem seus alunos de que ler é muito bom.O ato de ler é também um
ato de amor, um ato de prazer. Jamais um ato de obrigação. Prazer e alegria
não são comandados. São sentidos. Na alma. Assim, sem obrigatoriedade, pro
puro
prazer,
não
haverá
a
morte
do
ex-futuro-leitor.
Lembra
55
(PERROTTI.1990,p.71-72), que colaboram com o desinteresse da criança pelo
livro “o autoritarismo explícito das práticas escolares” que fornecem “modelos
pedagógicos baseados na obediência do aluno a regras definidas pelo
professor”.
A crença generalizada na possibilidade de escola e biblioteca
desempenharem um papel redentor para vencer a ‘crise da leitura,
pois pelo seu caráter especializado, escola e biblioteca poderiam
viabilizar o processo de leitura e da formação do leitor, bem como
disponibilizar o acesso aos textos literários e incentivar o uso do livro.
(PERROTTI ,1990,p. 65).
Assim, os aspectos lúdicos que deveriam conduzir ao desenvolvimento
através da literatura, acabam dando espaço ao caráter educativo e pedagógico,
associando a arte a mecanismos essencialmente controladores. Isso
compromete a formação do leitor, que acaba deixando de encarar o livro como
fonte de entretenimento e prazer. O resultado é justamente afastar o aluno da
leitura. A escola deve, pois, respeitar o papel da literatura como arte, sempre e
bastante atrelada à questão libertadora do homem.
56
CAPÍTULO II
LITERATURA – FUNÇÃO LITERÁRIA E FUNÇÃO PEDAGÓGICA
Quando rezamos, falamos com Deus; mas quando lemos, é Deus
que fala conosco. (SANTO AGOSTINHO. 1957, p.354 - 430 *).
Tanto o literário quanto o pedagógico estão entrelaçados na
literatura infantil há muitos e muitos século, desde os primórdios. Se a escola
privilegia o didático em prejuízo do lúdico, para o público infantil, transforma a
leitura em função pedagógica. A verdade é que são parceiros, andam juntos
numa fruição literária, a partir do momento em que a escola colabora com as
crianças, estimulando atividades adequadas à leitura. Todavia, o ser humano
possui a capacidade de observar atentamente a linguagem de forma
consciente, refletindo criticamente sobre o código lingüístico, assumindo-o
como objeto de reflexão. Assim, o usuário da linguagem pode prestar mais
atenção na maneira como os morfemas se organizam dentro de uma palavra,
ou no modo como as palavras se organizam em sintagmas, ou ainda, no modo
como as palavras são constituídas pela cadeia de sons, dentre outras
possibilidades. (ALVES, 2001,p.48).
Pelo poder da palavra, ela pode navegar nas nuvens, visitar as
estrelas, entrar no corpo de animais, fluir com a seiva das plantas,
investigar a imaginação da matéria, mergulhar no fundo de rios e de
mares, andar por mundo que há muito deixaram de existir, assentarse dentro das pirâmides e de catedrais góticas, ouvir corais
gregorianos, ver os homens trabalhando e amando, ler as canções
que escreveram, aprender das loucuras do poder, passear pelos
espaços da literatura, da arte, da filosofia, dos números, lugares onde
seu corpo nunca poderia ir sozinho... corpo espelho do universo!
Tudo cabe dentro dele!(ALVES. 2001, p.48).
Essa questão, desde o século XVII, tem sido objeto de estudo,
objeto de polêmica: a literatura infantil pertence mesmo à arte literária ou à
área pedagógica?
Há quase uma unanimidade que considera que os textos
infantis pertencem tanto à literatura quanto à pedagógica, considerando-se que
eles incitam emoções e são úteis como instrumentos educativos. É também
incontestável que a arte literária é uma das vias para que se aprenda a
aprender, descobrir os enigmas da vida, seus encantos, seus mistérios, o que
se permitir deduzir que a função pedagógica não está afastada da literatura
infantil sob nenhuma hipótese. Muitos estudiosos até dizem que as ilustrações
presentes nos livros infantis impedem uma leitura ampla, polissêmica, pois
57
compromete a imaginação. Forma-se no lugar em que a linguagem tem de ser
referida necessariamente à sua exterioridade, para que aprenda seu
funcionamento, enquanto processo significativo trabalha no entremeio, fazendo
uma ligação, mostrando que não há separação estanque entre a linguagem e
sua exterioridade constitutiva.(ORLANDI, 1996, p.24-25).
Afirma que a leitura é, realmente, uma questão pedagógica, admite
que a escola, ao perceber a leitura como um instrumento
extremamente útil na aprendizagem, coloca de lado sua função
lúdica. E vai mais longe ao afirmar que impondo uma leitura igual,
procura privilegiar a classe dominante em detrimento da classe de
baixa renda, não respeitando leituras diferentes, polissêmicas, priva o
aluno de uma leitura rica, em conexão com o mundo em que ela vive,
(ORLANDI. 1966, p.32).
Encarada apenas como função pedagógica, a leitura fica
comprometida, amarrada ao sistema, prejudicando o lúdico, o imaginário, a
brincadeira, o sonho. O supervisor pedagógico deve ponderar nesse sentido,
fazendo intervenção para que seja evitado o didatismo nos livros infantis na
escola. A literatura infantil foi criada com o objetivo pedagógico. Objetivo este
de formar tanto o intelecto quanto a moral das crianças, esses seres indefesos,
frágeis, inocentes e, excessivamente ou totalmente à mercê do adulto. Vale
lembrar aqui o modelo narrativo revestido de uma pedagogia do terror, do
medo como um sentimento forte. Prova disso é que nessas narrativas a
personagem má, antagonista é castigada com muita severidade, punida,
literalmente. Configura-se como ordem o bonito e o bom; ao contrário, o feio e
o mal são configurados como desordem. A criança de hoje não é mais
considerada ingênua, indefesa ou completamente dependente como a criança
de antigamente. Hoje, ela é questionadora, reflexiva, curiosa e tem plena
consciência de sua sexualidade. Assim, ela não aceita passivamente imposição
do adulto, seja professor, pai ou mãe. Essa transformação por que passou e
passa o mundo reflete profundamente na literatura, e muito particularmente, na
literatura infantil.
Não por outro motivo a estudiosa Nelly Novaes Coelho (1987,p.47),
Conclui o quanto a literatura infantil sofre ao sabor das mudanças. Há
aí uma intencionalidade pedagógica. Tudo vai depender do sabor dos
ventos: ora, literatura informativa, ora literatura arte, ora literatura
pedagógica. (COELHO 1987, p.47).
Inicialmente, na Grécia, no século V a.C. usava-se apenas a
linguagem verbal e a linguagem corporal, enfatizando sempre a formação
58
intelectual, focalizando os nobres guerreiros – era a denominada educação
integral. Era um incentivo à batalha. E por isso mesmo, eram narrados os
poemas épicos de Homero de forma oralizada. Nessa época, aos escribas
pertencia o uso exclusivo da escrita. Nascia a escola, coincidentemente, com o
desenvolvimento da filosofia, da medicina, da história, da retórica, da poesia,
do teatro e com a expansão da escrita. Até Platão, que condenava
veementemente a escrita, considerando-a como veneno da memória, passa
também a utilizá-la pretendendo eternizar sua obra, fazer sua história. E junto
com a escrita, nascia a leitura.
No período da dominação do chamado império romano o livro ficou
restrito aos mosteiros e também aos noviços que alfabetizavam. Eles se
tornaram copistas. Trata-se aqui mais de uma questão cultural. Na Baixa idade
Média, o primeiro livro foi a Bíblia e sua leitura também ficou proibida durante
muito tempo Com a entrada dos alunos leigos, o livro ganhou mais espaço,
circulando nas escolas monásticas. Já no século XII, com as universidades, o
livro passou a ser instrumento de trabalho. Os professores revisavam os textos
e mais textos que eram copiados sempre em número cada vez mais crescente.
Nessa época, o feudalismo entra em queda, burguesia entra em ascensão e o
livro se expande. Deixa de ser privilégio de poucos. Trata-se aqui mais de uma
questão cultural.
Na Baixa idade Média, o primeiro livro foi a Bíblia e sua leitura
também ficou proibida durante muito tempo A escola abre suas portas para
todos, o ensino é institucionalizado e as crianças das camadas mais pobres
têm acesso à educação. É a democratização da escola. Deixa de ser elitista.
Recebe uma população operária e propicia o desenvolvimento lingüístico do
aluno através da leitura e uma compreensão maior do mundo. A criança, na
escola, ganha o texto escrito, tem acesso maior à cultura, ao conhecimento.
Mas a literatura continua presa a uma ideologia dominante. Transmitindo os
valores convenientes, ela se perpetua. A literatura infantil passa a ser
considerada como suporte pedagógico institucionalizada. Nessa problemática,
a formação do leitor/cidadão crítico é, ao mesmo tempo, compromisso e
necessidade da escola pública em função de seu papel enquanto instância
transformadora das relações sociais e, local de passagem obrigatória para
59
todos aqueles que almejam a superação de sua condição de dominados.
Todavia, o desafio que se impõe aos educadores é a construção de práticas
pedagógicas
que
efetivamente
contribuam
para
a
efetivação
dessa
transformação e, conseqüentemente revertam o famigerado quadro de crise da
leitura escolar.Paraná,(2006,p.28).
Durante muito tempo, o ensino de Língua Portuguesa foi ministrado
por meio de conteúdos legitimados no âmbito de uma classe social
influente e pela tradição acadêmica/escolar. Estas Diretrizes propõem
que o Conteúdo Estruturante em Língua Portuguesa esteja sob o pilar
dos processos discursivos, numa dimensão histórica e social. [...]
Assumindo-se a concepção de língua como prática que se efetiva nas
diferentes instâncias sociais, o objeto de estudo da disciplina é a
Língua e o Conteúdo Estruturante, portanto, é o discurso como
prática social. (PARANÁ, 2006, p.28).
A escola tem cometido um grande e grave erro: a leitura é
ensinada como um ato mecânico. Quando a criança adquire a competência
para a leitura, jamais esquecerá o código, mas perde a assiduidade por falta de
estímulo, de recursos e de informações sobre a importância da obra literária.
Ela lê anúncios, outdoors, placas, mas fica distanciada da literatura. A escola
falha quando opera, basicamente, com a função referencial da linguagem,
centrada, normalmente, sobre os referentes textuais, despreza, deixa de lado,
a função poética como capaz de colaborar ao desenvolvimento lingüístico.
Hoje, neste início do século XXI, o livro corre solto, livre, livros de todos os
gêneros, para atender a todos os gostos e estilos; estão presentes em
bibliotecas públicas, casas, escolas, bancas de revistas e podem ser lidos ao
sabor de cada leitor. E a criança de hoje não é mais ingênua e simples como a
de antigamente. Ela tem acesso a computador, internet, televisão, celular e
tantos recursos tecnológicos que é impossível ser tão indefesa e dependente.
É questionadora e crítica, não se submetendo passivamente à autoridade e
não aceita leitura dirigida e dogmática.
A mudança dos tempos e a conseqüente mudança de paradigmas
refletem profundamente na literatura. Com o objetivo pedagógico é que foi
criada a literatura infantil, formadora por excelência do intelecto e da moral da
criança, considerada inocente, frágil e totalmente dependente do adulto. A
criança identificava-se com o herói e rejeitava o vilão. Até as cantigas infantis
eram carregadas de símbolos do terror, do mal. Desejavam educar pelo medo.
60
E as cantigas, os livros seguiam essa linha, que, hoje, graças a Deus, estão
sendo corrigidas.
A leitura é um instrumento útil ao aprendizado, mas tem função
lúdica. A leitura polissêmica não pode ser ignorada, o leitor deve participar do
texto. A arte literária é um dos caminhos para se aprender a aprender, para
descobrir os mistérios e os encantos da vida. Literária ou pedagógica, a função
da literatura na escola é importante. Não se pode priorizar o didático em
detrimento do lúdico. Entende-se que ambos, arte e pedagógico, andam juntos,
desde que fornecendo à criança estímulos adequados á leitura. A pesquisadora
propõe uma leitura de entretenimento, mas que jamais seja abandonada a
qualidade literária. Os clássicos devem ser lidos, conhecidos. São ícones.
Imprescindíveis e necessários.
O desprezo da especificidade do processo de alfabetização implica
na precariedade do domínio da leitura e da escrita pelos alunos. Portanto, é
necessário trabalhar a especificidade da alfabetização e este trabalho consiste
em trabalhar as complexas relações entre letra e som que existe no nosso
sistema de escrita, ou seja, na orientação sistemática do aluno para se
apropriar do sistema de escrita e isso é feito junto com o letramento,
(SOARES.2003,p.23.).
É preciso fazer escolhas de leituras que possam proporcionar prazer,
mas que não menosprezem a qualidade literária. Em tese, os que
escrevem, editam e formam esses jovens deveriam oferecer livros
com o poder de conquistá-los, entretê-los e propiciar experiência
literária.( SOARES.2003,p.23).
A literatura pode aproximar o aluno da escola, pode fazê-lo
mudar, transformar, ser cidadão sem deixar de ser poeta.
61
CAPÍTULO III
INTERVENÇÃO DO SUPERVISOR PEDAGÓGICO NA
FORMAÇÃO DO ALUNO-LEITOR
Feliz aquele que transfere o que sabe e que aprende o que ensina.
(CORALINA. 2007, p.163-164).
A leitura é importante em todas as áreas de conhecimento e a
participação do supervisor pedagógico nesse processo é fundamental, e,
inegavelmente significativa, seja apontando sugestões, auxiliando professores,
modificando ou acrescentando metodologias. Sob esse ponto de vista, a
postura do supervisor pedagógico deve ser responsável, comprometida, um
sujeito reflexivo, que seja capaz de perceber a realidade, e, de acordo com ela,
otimizar todos os projetos educacionais de forma clara e bem definida na
escola onde atua; tendo sempre autonomia para fazer intervenções
necessárias e oportunas. Os professores almejam por mudança e tais
mudanças acontecem nas instituições de ensino através do supervisor
pedagógico, em permanente interação com professores, trocando experiências
que enriquecem a todos, privilegiando o educando, que é, sem dúvida alguma,
o centro do processo ensino/aprendizagem. A mais significativa tarefa do
supervisor pedagógico é coordenar todos os projetos e, acima de tudo,
dinamizá-los, traçando o perfil de cada turma e assim, vai elaborando sua
intervenção, visando à melhoria do trabalho do professor e uma conseqüente
melhoria do ensino na escola. Esta “porção da cultura” a ser escolarizada é
sempre uma seleção de saberes a serem socializados que num arranjo
curricular pretende “formar” um determinado tipo de sujeito/indivíduo. Daí a
importância de refletir sobre quais questões uma proposta curricular dispõe se
a responder. Então, essa seleção de saberes que compõem um currículo nos
impõe reflexões,(VEIGA ,1994,p.60).
A formação continuada dos profissionais, da escola compromissada
com a construção do projeto político/pedagógico, não deve limitar-se
aos conteúdos curriculares, mas se estender à discussão da escola
como um todo em suas relações com a sociedade (VEIGA. 1994
p.20).
A instituição de ensino, considerando esta citação, desenvolve
sempre projetos direcionados à formação continuada dos seus professores,
pois acredita que assim contribui consideravelmente para a melhoria do ensino.
62
Assim é que o supervisor incrementa alguns recursos, objetivando a formação
de leitores competentes, reflexivos e críticos, considerando que a criança deve
ser estimulada neste sentido desde a mais tenra idade. O trabalho
desenvolvido engloba todas as disciplinas. Compete ao supervisor pedagógico
a conscientização dos professores no sentido de melhorar cada vez mais a
qualidade de ensino, interagindo sempre professor e supervisor. É nesse
sentido que Rangel,(2002,p.12) afirma que:
A supervisão passa de escolar, como é freqüentemente designada, a
pedagógica e caracteriza-se por “um trabalho de assistência ao
professor, em forma de planejamento, acompanhamento,
coordenação, controle, avaliação e atualização do desenvolvimento
de processo ensino/aprendizagem. (RANGEL. 2002. p.12)
O que diz o autor reforça, enfatiza a idéia da necessidade
constante de aperfeiçoamento dos professores. O supervisor é o principal
articulador dos projetos direcionados à leitura e tantos outros visando a uma
educação de melhor qualidade. Entende-se que a leitura é necessária,
fundamental e é instrumento essencial no processo ensino/aprendizagem e
essa conscientização é feita pelo supervisor pedagógico, buscando um
trabalho na área de leitura e levando aos professores autores que tenham a
mesma linha de pensamento, isto é, autores que defendem a leitura como via
de transformação. No entanto, sem conteúdo não há ensino, qualquer projeto
educativo acaba se concretizando na aspiração de conseguir alguns efeitos
nos sujeitos que se educam. Referindo-se ao tratamento científico do ensino,
pode-se dizer que sem formalizar os problemas relativos aos conteúdos, não
existe discurso rigoroso nem científico sobre o ensino, porque estaria falando
de uma atividade vazia ou com significado à margem do ‘para que serve’
(SACRISTÁN.2000,p.120). Assim é que os alunos do Instituto Educacional
Conhecer, Construir e Viver, através dos professores e supervisor pedagógico
têm acesso a trabalhos diversificados envolvendo leitura: saraus literários, chá
de letras, seminários, mesas-redondas, teatros, curtas, feira de livros, noite de
autógrafos, etc. Estes trabalhos literários colaboram na transformação de
indivíduos e também na construção de cidadãos reflexivos e críticos.
Descrevendo como se pode ler o mundo e ler os livros resgatando-se com eles
e neles os valores verdadeiros e significativos do homem:
A reflexão sobre a justificativa dos conteúdos é para os professores
um motivo exemplar para entender o papel que a escolaridade em
63
geral cumpre num determinado momento e, mais especificamente, a
função do nível ou especialidade escolar na qual trabalham. O que se
ensina, se sugere ou se obriga a aprender, expressa valores e
funções que a escola difunde num contexto social e histórico concreto
(SACRISTÁN. 2000,p.150).
No instituto Educacional Conhecer, Construir e Viver, a sala de
aula é transformada, quando necessário, numa sala de leitura para que os
alunos percebam o quanto ler é importante; um clima diferente é construído, os
alunos também se movimentam na organização de um cantinho aconchegante,
especial, mais importante quanto qualquer outra atividade rotineira escolar. Sob
a orientação da supervisora e da professora, os alunos visitam a biblioteca
municipal, escolhem livros nas prateleiras, fazem a ficha e os livros escolhidos
são levados pra casa. Marca-se uma data pra devolução e um dia especial é
criado pra que as experiências sejam compartilhadas. Assim, vai nascendo o
leitor. Os profissionais da educação disponibilizam
aos alunos uma
diversificação de textos, desde gêneros literários, técnicos, informativos,
exemplares
de
jornais
e
revistas,
proporcionando
ao
aluno
várias
possibilidades, inclusive de decidir o que se vai ler o que será objeto de
discussão. Zilbermann Arivui,(1998,p.24), ao profissional da educação um
papel de destaque no processo de troca cognitivo estabelecida entre leitor e
texto, sendo muito relevante à captação de sentidos, à compreensão do leitor
em relação ao mesmo e esclarece.
O professor que se utiliza do livro em sala e aula não pode ser
igualmente um redutor, transformando o sentido do texto num número
limitado de observações tidas como corretas. Ao professor cabe o
detonar das múltiplas visões que cada criação literária sugere,
enfatizando as variadas interpretações pessoais, porque estas
decorrem da compreensão que o leitor alcançou do objeto artístico,
em razão de sua percepção singular do universo representado,
(ZILBERMANN 1998, p. 24).
Ferreiro, (2001,p.15); A partir do momento em que a criança
compreende o texto, este é relacionado ao seu mundo, propiciando a formação
de um leitor crítico, pois o aluno exterioriza diversos significados. Assim, o texto
permite assumir uma função mais formadora do que, essencialmente,
pedagógica, atingindo, assim, o objetivo maior: sujeito-leitor-cidadão-crítico.
Também o professor precisa ser conscientizado da importância de ser leitor,
assunto já destaque em subtítulo anterior. O professor precisa mesmo gostar
de ler. Este professor terá mais facilidade para despertar no seu aluno o prazer,
o interesse pela leitura. O aluno percebe se há sintonia entre o que se faz e o
64
que se sente. É uma coisa da alma. Criança tem mais sensibilidade e capta se
seu professor cultiva a leitura e se interessa realmente pelos livros. O
supervisor, com sua visão transformadora, colabora no sentido de estar sempre
atualizado, oportunizando aos professores metodologias eficientes, um trabalho
com acompanhamento, sob sua coordenação, assistência, controle e ainda,
avaliando toda a etapa do projeto, sempre atualizado e disponível. Sua postura
de
um
educador
compromissado
contribuirá
com
uma
educação
transformadora e libertadora, para que o processo ensino-aprendizagem
através da leitura seja desenvolvido de forma plena e eficaz, focando um
indivíduo que pensa, reflete, critica, que irá atuar como agente de mudança na
sociedade. As atitudes do supervisor e do professor devem estar em perfeita
sintonia, motivando, estimulando e aguçando a curiosidade do seu aluno.
Emília Ferreiro, através de publicações, revolucionou o conceito do ensino da
leitura e escrita no Brasil.
A minha contribuição foi encontrar uma explicação segundo a qual,
por trás da mão que pega o lápis, dos olhos que olham, dos ouvidos
que escutam, há uma criança que pensa, (FERREIRO. 2001, p.15).
De acordo com a educadora, o alcance do “prazer da leitura”,
como é definido nos planos e programas oficiais, na prática é bem
contraditória,
considerando-se
as
proposições
e
exercícios
para
a
aprendizagem. Na verdade, o que existe de fato é uma repetição de fórmulas
estereotipadas; e isso não é nenhuma garantia de sucesso, pois a função não
é comunicar ou tampouco preservar informações. Sabe-se que o resultado é
pobre, precário, o que se pode comprovar nos textos exigidos no vestibular,
cujos resultados são verdadeiras “pérolas”. A conclusão é que os jovens, com
medo de errar na grafia, não gostam – (ou não sabem) - de escrever o que são
capazes de dizer oralmente. Na opinião da educadora, o “prazer da leitura” ,
quando induzida, ao privilegiar um único tipo de texto, acaba deixando de lado
a obtenção de informações a partir de textos escritos. Assim, os estudantes
são incompetentes pra resumir um texto, incompetentes pra reconhecer as
idéias principais e, o que é lastimável, são incompetentes também na
seqüência de uma linha argumentativa, escrevendo textos incoerentes, sem
coesão, “perdidos” ao concluí-los. A escola acaba não formando leitores
competentes, isto é, cidadãos críticos, reflexivos, capazes de seguir o ponto de
vista do autor ou mesmo capazes de formar seu próprio conhecimento acerca
65
de um determinado assunto. Nas séries iniciais, a escrita aparece para a
criança apenas para ser copiada, não compreendido, como algo alheio,
abstrato, dissociado de sua vida e de sua capacidade interpretação. Por isso
que nas classes “privilegiadas”, a compreensão da leitura é diferenciada. A
criança é capaz de compreender uma lista de supermercado, uma bula de
remédio, uma lista telefônica ou mesmo algum manual de algum aparelho
eletrodoméstico. Seu vocabulário, sem nenhuma dúvida, é rico. Portanto, o
cotidiano dessa criança favorece o seu crescimento intelectual. O mesmo não
ocorrendo com as crianças oriundas de lares com baixos níveis de
alfabetização.
Os
que
mais
necessitam
dessa
compreensão,
desse
entendimento, desconhecem a serventia da língua.
O raciocínio da criança deve ser estimulado e em conseqüência
disso, sua criatividade vem à tona. O ensino, de alguma forma, continua
tradicional, apegado às práticas envelhecidas, retrógradas, como se a
aprendizagem só acontecesse mediante repetição, memorização, cópia de
modelos, uma verdadeira mecanização.
Mas existe saída, objetivando um trabalho mais consistente,
baseado em experiências inovadoras, visando a uma alfabetização de melhor
qualidade que alcance a função social da escrita e da leitura. Um trabalho que
aguce a curiosidade da criança respeite sua língua, aproveite seu potencial,
enfim, que a criança tenha uma atitude de coragem diante da língua escrita,
sem trauma, medo ou quaisquer dificuldades. A autora enfatiza a enorme
disparidade existente entre o discurso e a prática da alfabetização no meio
educacional, apontando o que se deve atingir num verdadeiro processo de
alfabetização significativa, ou seja, alfabetização e letramento. A alfabetização
é plena quando a criança adquire a compreensão de que a escrita interage
com o objeto do seu conhecimento.
Queria indagar que tipo de pressuposição o professor tinha em
relação à competência lingüísticas das crianças e como isso podia
intervir na aprendizagem. Nessa tarefa prévia de sondagem para
elaborar hipóteses mais pertinentes, comecei a perceber que uma
enorme quantidade de intercâmbios lingüísticos tinham a ver com a
escrita. Eram intercâmbios lingüísticos sobre a aprendizagem da
língua escrita, (FERREIRO, 2001, p.17).
No decorrer da sua pesquisa, Emília Ferreiro não encontrou em
nenhuma delas a “criança piagetiana”. Para ela, a aquisição da escrita estava
66
dividida em dois grupos: a) a bibliografia psicológica com as habilidades
necessárias para a aprendizagem da leitura; b) a bibliografia psicológica
pedagógica, aliada à antiga discussão sobre o melhor método para se ensinar
a ler e escrever. Daí nasceu uma vaga interrogação. “Será que no uso da
língua escrita essa “criança piagetiana” não existe?”
Segundo a autora, a “criança piagetiana” é a criança que tenta
compreender o mundo que a rodeia, que formula teorias
experimentais acerca desse mundo; uma criança para quem,
praticamente, nada é estranho. (FERREIRO, 2001,p.14)
Na época, ninguém poderia supor que as crianças soubessem algo
importante sobre a escrita antes de entrar na escola. Ferreiro e colaboradores
foram os pioneiros a vincular esse “saber lingüístico” da criança com a
aprendizagem da leitura e da escrita na escola.
Dificilmente, a escola teria podido assumir esse “saber lingüístico” da
criança antes que a psicolingüística o tivesse colocado em evidência;
mas podemos agora ignorar esses fatos? Podemos continuar
atuando como se a criança nada soubesse a respeito da sua própria
língua? Podemos continuar atuando de tal maneira que a obriguemos
a ignorar tudo que ela sabe sobre sua língua para ensinar-lhe,
precisamente, a transcrever esta mesma língua em código gráfico?
[...] Nossa originalidade reside em sermos, provavelmente, os
primeiros a fazê-lo em língua espanhola e, principalmente, os
primeiros a vincular essa perspectiva com o desenvolvimento
cognitivo, tal como é visto na teoria da inteligência de Piaget
(FERREIRO, 1985, p.25).
A autora, seguindo sua linha de raciocínio resolveu continuar seus
estudos trabalhando com alguém que tivesse feito doutorado com Jean Piaget;
nessa situação, era ela a única latino-americana. Houve aí, uma dificuldade
política e o grupo, embora distante, começou a se comunicar por cartas e
descobriu que assim poderia fazer estudos comparativos e ainda se multiplicar.
As idéias foram publicadas em diversos livros. Um livro, inclusive, prefaciado
por Jean Piaget, reconhecendo a notável contribuição de Emília Ferreiro para o
estudo do desenvolvimento lingüístico da criança e das relações desse
desenvolvimento com o das operações ou pré-operações da inteligência. Em
matéria de alfabetização (considerando leitura/escrita/letramento), o resultado
da pesquisa de Ferreiro materializou-se em seus textos, apresentando-se como
uma verdadeira “revolução conceitual” toda criança é capaz de aprender, em
interação com o objeto de conhecimento. Esse saber é adquirido antes de seu
ingresso na escola e deve ser respeitado, levado em consideração. Muitos dos
sonhos infantis nasceram através dos príncipes, princesas, bruxas e fadas dos
67
antigos clássicos infantis. Foram essas histórias que contribuíram para a
compreensão do bem e do mal, dos mistérios da morte, aqueles sentimentos
de inveja, ciúme, ambição, amor, ódio, do sonho realizado ou da justiça
praticada. Sem dúvida, são valores que prevalecem/prevaleceram sobre a vida
de muitas pessoas. Precisa-se, sim, buscar uma maior aproximação com a
sensibilidade, com o ato de sedução,, isto é, procurando descobrir os gostos,
as preferências, os assuntos, os tipos de leitura que mais atraem os nossos
alunos. Só assim, ele será “fisgado”. É por isso que o afeto é importante e
necessário. A utilização da literatura como recurso pedagógico pode, sim, e
deve ser enriquecida e potencializada pela qualidade das intervenções do
professor e/ou supervisor pedagógico. Ferreiro e Teberosky (1996,p.12),
estudando a psicogênese da língua escrita, consideraram a escrita um objeto
de conhecimento que vai sendo construído de modo evolutivo pela criança.
Elas ressaltam que a criança, em suas relações com a escrita, elabora ativa e
espontaneamente hipótese a respeito de como se escreve e testa suas
hipóteses
cotidianamente.
Analisando
produções
das
crianças,
as
pesquisadoras descrevem um processo que vai da ausência da relação entre a
fala e a escrita (período pré-silábico) à fonetização da escrita (período silábico,
silábico-alfabético e alfabético). Esses estudos apresentam proposições
importantes
para
os
alfabetizadores,
podendo
contribuir
para
o
desenvolvimento das práticas pedagógicas, assim como obrigam a rever as
concepções de ensino e aprendizagem da língua escrita até então dominantes
na escola e colocam desafios aos educadores no campo da alfabetização.
As crianças elaboram conhecimentos sobre a leitura e escrita,
passando por diferentes hipóteses – espontâneas e provisórias – até
se apropriar de toda a complexidade da língua escrita. Tais hipóteses,
baseadas em conhecimentos prévios, assimilações e generalizações,
dependem das interações delas com seus pares e com os materiais
escritos que circulam socialmente.,( FERREIRO e TEBEROSKY
1996,p.12).
Leva-se em consideração, sem sombra de dúvida, toda a
bagagem cultural do receptor que influencia na interpretação da mensagem. O
texto é interpretado sob a influência de todas as experiências com o mundo;
sua memória cultural é que vai direcionar as decodificações futuras. A figura do
supervisor pedagógico, nesse exato momento, aparece como estímulo
essencial e contínuo entre o aluno e o trabalho que se desenvolve. O jovem
68
precisa ser seduzido pela leitura. Pode ser estimulado a ler placas nas ruas,
outdoors, anúncios, gibis, romances, revistas semanais, mensais, periódicos.
Não importa tanto. O importante é que se crie um vínculo forte entre texto/leitor
por puro prazer, como gostar de cozinhar, de pintar, de tocar algum
instrumento, criar-se um vício. E é justamente na escola que a criança aprende
a ler. A escola é o único contato com a literatura que algumas crianças têm,
infelizmente. É, com certeza, um lugar privilegiado, no aspecto formativo da
criança. Em outra perspectiva, a leitura tem também um caráter lúdico, capaz
de suscitar o imaginário, a fantasia, de responder interrogações acerca de
diversos
assuntos,
encontrar
idéias,
solucionar
equações,
instigar
a
curiosidade. Enfim, ler envolve, efetivamente, a construção de uma linguagem
mais elaborada, desenvolve o intelecto, aumenta a capacidade de pensar, de
raciocinar, deduzir, concluir, estabelecer conexões, fazer inferências, poder de
argumentar, formular hipóteses, etc. Há vários estudos e pesquisas
direcionadas aos supervisores escolares, professores e diretores, preocupados
em formar leitores críticos, preocupados com o desempenho escolar dos
alunos, conferindo à literatura uma importância por excelência, utilizando-a
como recurso pedagógico, demonstrando o muito que ela pode enriquecer e
potencializar através das intervenções dos educadores. Assim, os educadores
(professores e supervisores) devem reservar, na escola, espaços, em que
proponham atividades novas sem o compromisso de impor leituras e avaliar o
educando, antes, porém permitindo que a leitura possa fluir no prazer e na
alegria. Várias atividades inovadoras podem ser propostas através de um
conto: o pintar, o desenhar no contexto da história, discutir partes que mais
gostaram, analisar espaços, caracterizar personagens, imitar personagens,
imaginar outro final, trocar experiências, fazendo suposições; e ainda, colar,
usar massa de modelar, usar bexiga; barbante, construir objetos com sucata,
elaborar textos, recontar, encenar uma peça teatral, utilizar papéis diversos;
confeccionar novos materiais, trabalhar em grupo, etc. Tudo isso pode
contribuir para a formação de um cidadão crítico, criativo, imaginativo,
companheiro, e, com certeza, um leitor voraz. O supervisor pedagógico, como
se vê, exerce um papel fundamental neste processo. Acredita-se que propostas
inovadoras e variadas possam ser indispensáveis na construção da autonomia
e desenvolvimento da criança em formação. Assim, Altet, (2000,p.129.), revela
69
que existe, pois uma dependência funcional entre os atos pedagógicos e os
atos de aprendizagem dos alunos, o que os professores fazem determina o que
os alunos fazem e como aprendem.
Em determinadas situações a ação do professor dependem de juízo
instantâneos e de decisões rápidas baseada na compreensão
imediata da situação.são decisões imediatas, intuitivas e rápidas.
Durante a aula, o professor defronta com diversas situações
inesperadas, a aula se desenrola como o previsto, os alunos
apresentam dificuldades que não foram consideradas, as atividades
da turma são interrompidas por inesperados acontecimentos
exteriores, etc. Tais situações exigem respostas imediatas e
apropriadas de forma minimizar a desorganização da turma e os
problemas encontrados, (ALTET,2000,p.116.).
Entende-se que a leitura é uma chave, um caminho para a
inserção da criança no mundo. Entende-se também que é através da leitura
que a pessoa humana se satisfaz nas suas necessidades de ser humano. Não
se concebe imaginar que leitores sejam decifradores mecânicos de códigos. O
professor não pode permitir tal desatino. Ao contrário, deve estimular a leitura e
criar situações de conflito para que a criança possa pensar, desenvolvendo seu
potencial e descobrindo sua criatividade. A literatura é um processo
permanente de prazer, que contribui na formação de um ser pensante, um ser
sensível e crítico, que se delicia com histórias e textos, mexendo e remexendo
com o imaginário infantil. Quando o trabalho da literatura é realizado com
sucesso no âmbito escolar, verifica-se, dentre todos os benefícios citados,
ainda a eficácia na escrita, através do que se pode afirmar que é amplo o leque
de benefícios suscitados pela literatura. É da competência da supervisora
escolar evitar que os textos sejam estudados mecanicamente, para imitar o
autor, com perguntas e respostas condicionadas que não se reportam a uma
reflexão existencial, espiritual subjacente ao que se lê tematiza ou banaliza a
riqueza que representa a exploração de um texto.
Aprende-se a ler na escola, lê-se na escola com a finalidade estrita
de continuar a se ler fora dela. E, nesse sentido, a leitura extrapola sua
finalidade estritamente pedagógica. A escola representa apenas um dos muitos
espaços, onde se pode ler, na família, na igreja, no trabalho, nos grupos e
reuniões de amigos, no quarto antes de dormir, nas viagens longas, em vôos
internacionais, nos parques, salas de espera, em restaurantes e até no
banheiro. O desempenho do professor e do supervisor pedagógico é de
fundamental importância e sugere que ambos sejam o “texto”, os parceiros, os
70
mediadores, os articuladores de muitas e diferentes leituras de vários e
diferentes textos. A leitura deve ser desprovida de preconceitos, de amarras,
dos entraves mornos das escolas. Deve-se fazer da leitura um ato
criador/questionador/inspirador/reflexivo. Geraldi (1997,p.42), acredita que o
aluno, na produção de discursos, não faz só a reprodução, mas passa seu
ponto de vista sobre os fatos que o cercam. O indivíduo, com sua palavra, bem
como com a sua articulação individual, não desconsidera a velha forma. As
estratégias e metodologias utilizadas em sala de aula pelos professores
conduzem os alunos ao reconhecimento de conteúdos valorizados pela
instituição e a reprodução daquilo que considera certo e/ou errado.
Diz que conforme a relação que se deseja estabelecer com o texto,
terá: leitura-busca-de-informações; leitura-atividade; leitura-fruição e
leitura-pretexto. Compete ao especialista pedagógico interferir na
atividade escolar permitindo que ela seja exeqüível, relevante e
dotada de sentido, numa cadeia ininterrupta, (GERALDI. 1997, p.42).
Como já foi dito anteriormente, a leitura amplia o repertório
lingüístico e, mais uma vez, salienta-se a importância do professor/supervisor
na escola, pois ninguém aprende a lidar com a língua e o uso da língua de
modo automático e espontâneo. O aluno não caminha sozinho. É mister que
alguém colabore na sua formação, com um olhar apurado, prepara um novo
sujeito que questiona, indaga, investiga, descobre, inventa, compara,
transforma, aprende, ensina. Por isso mesmo é tão fecundo o estudo
comparativo de textos. Por exemplo, no Instituto educacional Conhecer,
Construir e Viver, diversas obras literárias clássicas já foram analisadas, dentre
elas: Dom casmurro e o Alienista, de Machado de Assis. Os textos foram
confrontados em dois momentos, permitindo um diálogo do presente com o
passado, num diálogo de visões de mundo, um diálogo de modos de operar
com a linguagem, trabalhando ainda com conceitos literários, gêneros literários,
estilos, níveis de linguagem, imagens, metáforas, símbolos e sugestões,
universalidade do texto literário, especificidades da obra, o lúdico, a fantasia, a
loucura, o ciúme, o adultério, a personalidade, o caráter, os valores, as
mazelas da sociedade e muito mais. Ao final da análise, cada aluno manifestou
as considerações gerais sobre as obras lidas. Algumas considerações foram
surpreendentes, positivas; um aluno, negativamente, manifestou repúdio à
literatura brasileira e a qualquer obra nacional como algo entediante e sem
71
valor. A leitura crítica conduz sempre à construção de um novo texto: o texto do
próprio leitor, isto é, a leitura sempre gera expressão, sentido.
“Para mim, o livro de Machado de Assis “Dom Casmurro” é de difícil
entendimento;
no
momento
da
minha
apresentação,
passei
dificuldade. Apesar disso, gostei da história”. Antônio Pedro
Fagundes)
“O livro, por ser um clássico, é bom e é até interessante, pois no final
fica uma dúvida em relação ao adultério de Capitu. Por isso, dentre
outras coisas, a obra é interessante”. (Diêgo Feitosa)
“Literatura brasileira, principalmente as obras clássicas, são horríveis.
“Dom Casmurro é um livro complicado, entediante e eu não o
recomendo para ninguém. Os livros considerados Best-sellers são
Best-sellers por uma razão e os clássicos, não são”. (João Pedro)
É mais do que a apropriação de significado, é um estudo, uma
proposta pensada, analisada, dirigida ao outro. Na criança, tal leitura revela um
prazer singular, conduz à redescoberta do próprio trabalho, motivando o ato de
ler e ler. A utilização da literatura como recurso pedagógico pode ser
enriquecedora
e potencializada pela qualidade das intervenções
dos
educadores/supervisores. A criança entra em contato com o mundo letrado não
somente ampliando seu vocabulário e proporcionando maior conhecimento da
formação de textos, mas também exercitando o poder de sua imaginação. No
entanto, nem sempre se atribui à literatura a importância merecida. Muitas
vezes ela é utilizada como pretexto educativo para o ensino da Língua
Portuguesa e de suas normas. Ou, muito ao contrário, muitas vezes não se
explora a literatura enquanto produto letrado, dando-lhe apenas o brilho do
lúdico e da brincadeira. O indivíduo, através de palavras e gestos, é resultado
de suas relações com o outro, ou seja, o que ele é e o que produz constituem
um produto do meio sócio-cultural em que vive. Num conjunto de trocas
realizadas por interlocutores, resulta um trabalho empreendido de significados
que remetem simultaneamente à abordagem subjetiva manifestada de acordo
com a maneira de proceder socialmente (ROCHA & GURGEL, 2002, p.225).
Com relação aos atores da cena didática, verifica-se, de um lado, o
professor – espécie de diretor da fala do aprendiz, cabendo-lhe
interrogar, sancionar, felicitar, lançar/ensinar uma atividade e avaliar
de outro, os aprendizes – a quem compete responder às questões
propostas, aceitando as atividades pedagógicas e contribuindo no
sentido de produzir um texto em conformidade com o que espera o
professor. (ROCHA & GURGEL 2002, p. 225)
72
Aprende-se a ler, lendo; aprende-se a escrever, escrevendo. É na
simplicidade dessa assertiva que a importância da leitura deve ser
compreendida
na
escola
e
além
dos
muros
dela.
Os
educadores
(especialistas/professores, principalmente) devem ver a escola como um local
agradável, alegre e prazeroso e a leitura deve ser oferecida como instrumento
para a sensibilização da consciência, para a expansão da capacidade e
interesse de se analisar o mundo. Assim, antes mesmo de a criança aprender a
ler, deve-se incitá-la a ouvir histórias e manusear livros. O professor, sob a
orientação do supervisor, deve ler. E deve ler muito. Deve ler e comentar os
livros, dando-lhes um colorido especial, de tal forma e com tal ênfase que a
criança queria ler também. Deve-se falar e falar muito sobre personagens do
livro sobra a capa, as ilustrações, a linguagem, o estilo, sempre com o mesmo
objetivo: criar no aluno o desejo de ler. E ao contar as histórias para as
crianças, deve-se ter o cuidado de comentar sobre fatos que envolvam
enganos, mentiras e adaptá-los à realidade da criança, permitindo que ela
estabeleça relações com os enganos e inverdades da vida real, da sua vida.
De acordo com Ana Teberosky,(1994,p.190) o estímulo à leitura e a
conseqüente produção de texto deve ter início em torno dos dois ou três anos
de idade. O quanto antes, melhor em todos os sentidos. Compete também ao
professor além de ler, comentar, mostrar que a escrita não existe sem a leitura
e a leitura não existe sem a escrita. Elas caminham junto. Aluno vai acabar
entendendo que ele deve fazer um texto para alguma coisa em função sempre
de alguma coisa. Finalmente, a leitura não pode estar distanciada da
afetividade. As histórias são inesquecíveis quando relatadas com uma dose de
alegria, prazer e satisfação. É importante ter em mente que o que está escrito
não muda; nós, sim, é que enxergamos novos aspectos, pertinentes á
atualidade. Essa é a mágica da literatura que inquieta, instiga, envolve,
encanta. Daí a importância do supervisor pedagógico, interferindo, dialogando,
trazendo idéias, enriquecendo o trabalho, atuando como idealizador de projetos
envolvendo leitura com interdisciplinaridade, não apenas dentro da Língua
Portuguesa, mas em todas as disciplinas
Apresenta argumentos que o educador utiliza para dar início ao
processo de diálogo: Para ajudar o aluno, o professor pode falar,
explicando o que pensa que o aluno precisa, ou que pode perguntar,
73
ou apresentar-se como modelo a ser imitado; em suma, um método
composto
por
instruções,
perguntas
e
demonstrações.
(TEBEROSKY.1994, p.191).
74
CONCLUSÃO
A leitura é de fundamental importância para o indivíduo. “O ‘direito de
ler’ significa igualmente o direito de desenvolver as capacidades
intelectuais e espirituais da pessoa, o direito de aprender e progredir”
(BAMBERGER, 1977, p. 11).
Após a realização da pesquisa, chegou-se à conclusão de que a
leitura é essencial e imprescindível para a formação do aluno e que o hábito de
leitura deve contar com a orientação do supervisor pedagógico e ainda que o
professor também deverá ser leitor. Constatou-se que há uma diferença entre a
leitura mecanizada, aquela que é controlada pelo professor, e a leitura solta,
independente, livre, estritamente pessoal, em que haja interação do aluno com
o texto, respeitada sua vivência e sua realidade. A alfabetização letrada deve
estar presente na prática diária dos professores e especialistas em educação.
Não somente nas séries iniciais como também nas demais séries do Ensino
Fundamental, pois ela é um processo da construção contínua do conhecimento
em que a criança é o seu próprio autor. Concluiu-se também que a oralidade
deve ser valorizada a partir da educação infantil, representando isso fator
primordial para o desenvolvimento do educando e que o professor passe a
exercer a função de agente instigador do saber.
Pode-se dizer, sem medo de errar, que, por parte do professor do
Instituto Educacional Conhecer, Construir e Viver, não há um discurso
autoritário, com característica de dominação, ao contrário, o aluno está sempre
convidado à reflexão, ao debate, à análise e até ao discurso polêmico.
A
professora e a supervisora desse estabelecimento de ensino assumiram uma
postura bem atualizada, com aulas dinâmicas e interessantes, permitindo
sempre que o aluno seja o sujeito do conhecimento, assumindo dúvidas,
possibilitando a discussão em torno do texto em estudo.
Dessa forma, de acordo com as atividades analisadas, a hipótese
inicial deste trabalho é confirmada, não há entraves significativos no trabalho
do supervisor pedagógico. O aluno aprendiz fez uma leitura pessoal,
interpretou seu texto sem a indução do professor, posicionou-se enquanto
sujeito-leitor-crítico.
75
Foi possível a percepção de que o profissional da educação não
privilegia o ensino da gramática de forma tradicional, muito ao contrário, dentro
do texto, os alunos analisam a morfologia e a sintaxe.
É mister ressaltar que a escolha dos livros acontece com a
participação dos alunos, que recebem uma lista de títulos, com sinopses e em
seguida faz-se uma votação. Outras vezes, a professora entrega a lista e cada
aluno pesquisa o resumo, que é lido, apreciado e discutido. Daí faz-se a opção
da leitura sugerida pela maioria.
Portanto, esta pesquisa levou a uma constatação: a atuação do
professor/supervisor pedagógico com seus alunos, no que se refere ao hábito
da leitura é feita satisfatoriamente, os objetivos são alcançados, na maioria dos
casos.
Assim, concluindo, é possível transformar alunos em sujeitosleitores-críticos, contaminados pelo vírus da leitura, sempre lembrando que em
educação, nada pode ser considerado pronto, acabado, tudo está em
constante movimentação, em constante dinâmica. O professor e o supervisor
devem trabalhar juntos, pesquisando novas práticas que favoreçam essa
transformação, dentro dessa perspectiva de inovação, estudo e pesquisa.
Deduz-se que, após contagiado pelo “vírus” da leitura, é
impossível imaginar um mundo sem livros. Curou-se o “vírus” com livros.
O trabalho realizado consistiu em entrevista, investigação,
diálogo, análise do discurso, permitindo uma reflexão crítica sobre o teórico e o
exercício prático da leitura. De modo geral, pode-se perceber que a leitura no
Instituto Educacional Conhecer, Construir e Viver acontece conforme os
projetos executados e as crianças, em sua quase totalidade, adquiriram o
hábito da leitura, com prazer, alegria e encantamento.
Dessa forma, com a intervenção do supervisor pedagógico e com
o compromisso dos seus profissionais, a escola conta, hoje, com alunosleitores, capazes de ler o mundo, refutando, contradizendo, aceitando ou
questionando, ponderando, considerando, enfim, posicionando-se, sempre
participativos, sujeitos ativos e cidadãos críticos.
A atividade de leitura faz com que o homem seja completo,
escrevendo de forma correta, com uma linguagem elaborada, um vocabulário
76
exato, enxuto. Seu pensamento é mais sagaz, sua memória, mais rápida e seu
raciocínio, cada vez mais perspicaz e eficiente, sua interpretação é correta. Ao
contrário, se pouco lê, é lento mesmo na percepção do que não sabe.
Se os alunos adquirem tal competência, dificilmente são induzidos
a uma resposta almejada, desejada pelo professor. Sua leitura nunca é vista
como algo acabado, finalizado. Há constantes jogos dos sentidos, as
informações são transparentes e seu pensamento é livre, jamais fechado. Nos
livros, os alunos percebem portas, janelas, arestas e através delas, sua
imaginação corre solta, buscando respostas cada vez mais seguras e
justificadas pela leitura de mundo que cada um traz como bagagem.
Enfim, o trabalho com leitura no Instituto Educacional Conhecer,
Construir e Viver é considerado de qualidade, um trabalho rico, profícuo, de
excelente resultado; os professores possibilitam sempre momentos de reflexão,
debate e questionamentos. De acordo com as atividades analisadas, confirmase a hipótese inicial desse trabalho de que, é possível formar leitores,
permitindo que o aprendiz faça um leitura própria, nunca induzida a uma leitura
pretendida, respeitando seu espaço de se posicionar como sujeito-leitor-crítico.
Percebe-se ainda que o ensino de gramática é contextualizado, o
professor utiliza os textos lidos para experiências, cujas atividades privilegiam
também a prática normativa. Assim, o texto exerce seu papel fundamental que
é o de produzir sentidos, mediante completa interação com o leitor e o mundo.
Ressalta-se ainda que a escolha dos livros para leitura agradam aos
professores e alunos, pois são cuidadosamente analisados pela idade e gosto
do leitor, são temáticas ricas, curiosas, que, uma vez bem trabalhadas, o
resultado é sempre positivo, com reflexões profundas, suscitando grandes
questionamentos. O projeto de leitura nunca atinge um ponto final. É
importante que a escola seja insistente nessa prática ainda que os alunos
gostem de ler. Cultivar o hábito é tarefa difícil, árdua, uma vez que a televisão,
a internet e tantos atrativos eletrônicos cheguem aos nossos jovens com tal
velocidade que até assustam. No Instituto, o hábito de leitura é diariamente
cultivado, novos livros são adquiridos e todos os esforços são feitos no sentido
de tornar a leitura sempre uma atividade lúdica, encantadora, fascinante,
gostosa e mágica.
77
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80
ZILBERMAN,R. A literatura Infantil na Escola. 10ª edição.Ed. Global. São
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81
ANEXO
PROJETO DE LEITURA NO INSTITUTO EDUCACIONAL CONHECER,
CONSTRUIR E VIVER
Iniciou-se, há três anos, no Instituto Educacional Conhecer,
Construir e Viver um projeto de leitura, envolvendo alunos do Ensino
Fundamental I e II.
O
projeto
tem
como
objetivo
principal
a
formação
de
alunos/leitores. Alunos “viciados” em leitura. Para a escola, amar a leitura “é
trocar horas de fastio por inefável e deliciosa companhia”. E ainda “é preciso
fazer compreender à criança que a leitura é o mais movimentado, o mais
variado, o mais engraçados dos mundos”. A leitura nutre a inteligência. “Um
livro é como uma janela. Quem não o lê, é como alguém que ficou distante da
janela e só pode ver uma pequena parte da paisagem”. “Não há melhor fragata
que um livro para nos levar a terras distantes”. “ler é sonhar pela mão de
outrem”. Por assim pensar é que o Instituto Educacional Conhecer, Construir e
Viver tem como missão formar leitores inteligentes, críticos, reflexivos, ativos,
cidadãos.
Num primeiro momento, aconteceu uma reunião com todos os
professores para a escolha dos autores, uma vez que faz parte dos eventos
anuais, constando no calendário, as datas para apresentação dos trabalhos.
Cada professor escolhe um autor e em seguida, os professores e os alunos
escolhem os livros que serão lidos, analisados e trabalhados.
Antes, porém, direção, coordenadora pedagógica e professores
iniciam o trabalho de motivação, criando situações que despertem a
curiosidade e o interesse de todos os alunos.
Cartazes são colocados em toda a escola.
Cada sala recebe o nome do autor, cuja leitura será objeto de
estudo.
A curiosidade em torno dos cartazes e dos nomes dos escritores
favorecem, criando um clima de grande expectativa.
82
A professora coordenadora, então, visita as salas e, através de
movimentos teatrais, após fechar, cuidadosamente, a porta da sala, diz aos
alunos que traz um vírus que contaminará toda a turma. Trata-se de um vírus
que convive com ela há mais de cinqüenta anos. É perigoso, mas não mata. .
Seu contágio é rápido. E não há vacina. Não há cura. Traz conseqüências para
o bolso. As crianças, ouvindo essa história um pouco louca, ficam espantadas,
os olhos, ora fixam na coordenadora, ora fixam na professora “tia”. E a
encenação continua, num diálogo que só termina quando alguém consegue
“descobrir” do que se trata. É o momento mágico. Questionados se já sabem
do que se trata, vem o mistério que só vai aumentando o suspense em torno da
descoberta do tal vírus. Após muita conversa, são direcionadas algumas pistas
e a conversa flui espontaneamente, cada um tentando “adivinhar”:
Um aluno levanta a mãozinha e diz: “tia, já sei. É o vírus da
vaidade. Ela, a coordenadora é chique e usa roupas muito bonitas. Outra: “É o
vírus do riqueza. A tia é rica, ela só usa roupa bonita”. E por aí, todos se
manifestam. A interação é perfeita. “É o “vírus” do estudo”. E, aproveitando a
brincadeira do está “frio”, está” morno”, está “quente”, a coordenadora vai
conduzindo a sala. Até que finalmente, ouve-se uma “vozinha” tímida que diz:
“tia, já sei, tenho certeza, É o “vírus” da leitura e eu já sou “doente”, Minha mãe
já me contaminou”. Mais mágico impossível. E a coordenadora deixa a sala,
prometendo voltar e levar livros maravilhosos, com histórias lindíssimas e
interessantes e todos querem saber o dia. Mas há um suspense. A
coordenadora não diz quando e eles ficam “frustrados”, “angustiados” com a
expectativa do que será trazido. Mas, antes a coordenadora diz que, por tratarse de um momento especial, cada aluno deverá providenciar uma almofada e
deixar “pronta” para o dia “encantado”. Há uma cobrança enorme em torno da
data. E, claro, acaba acontecendo. A coordenadora entra... todos se
acomodam nas almofadas, em cima de um tapete. A coordenadora e
professora também se acomodam como as crianças e o clima fica “perfeito”.
Mas o livro ainda não fora apresentado. Encontra-se nas mãos da
coordenadora, mas “fechado”. E começa, então, a apresentação do livro.
Primeiro, eles observam a ilustração da capa e fazem a leitura. Depois,
imaginam, após ler o título da obra, de como seria a história. A coordenadora
fecha o livro e “finge” que está saindo. Há outras obrigações e as crianças se
83
revoltam. “Queremos ver mais... mais e mais... Ela volta e diz: “vamos ler
apenas uma página. Existem afazeres urgentes e outro dia, a leitura
prossegue... Eles se “conformam”. Inicia-se a leitura da primeira página. É
nesse instante que cresce o interesse. A coordenadora lê como se estivesse
“sentindo”, “enxergando” cada personagem e todas as suas nuances. A leitura
é interrompida pra que os alunos tentem imaginar como seria a personagem,
seu aspecto físico e psicológico. E pergunta: “O que vocês acham que vai
acontecer agora? Eles vibram e os olhos traduzem todo o encantamento
daquele momento. A coordenadora quase que “interpreta” a leitura. O tom de
voz ora fraco, ora elevado, forte, intenso, ora triste, ora alegre e a meninada se
delicia. Mas a coordenadora, de repente, fecha o livro, levanta-se e interrompe
o momento. A meninada, mais uma vez, revolta-se e pede mais. Não é o
momento. E, como nas novelas, ela diz: “Aguardem o próximo capítulo”. Tudo
fora planejada exatamente para esse desfecho inusitado e inesperado. Outro
dia ela volta. O encanto deve continuar. A curiosidade, idem. E assim, até o
desfecho.
E, após, o desfecho, vem a pergunta: “Quando vamos ler outro
livro?” Traga mais... queremos mais... queremos mais!
É tudo o que se pretendia.
A meninada “pegou” o “vírus”. Todos estão “contaminados”. E a
proposta é que se contamine toda a instituição de ensino.
O processo é feito em todas as salas.
Os primeiros livros lidos em março de 2007, foram:
No segundo ano do Ensino Fundamental I- O sofá estampado – de
Lygia Bojunga Nunes.
No terceiro ano- Alice no país da mentira – Pedro Bandeira
No quarto ano – O jardim secreto – Frances Hodgson Bumet
No quinto ano – As pimentas atômicas – Isabel Vieira
No sexto ano – Gente de estimação – Pedro Bandeira
No sétimo ano – Gente de estimação – Pedro Bandeira
No oitavo ano – Jorge, um brasileiro – Oswaldo França Júnior
No nono ano – Dom Casmurro – Machado de Assis
84
Prosseguindo no projeto, após a leitura, o estudo e a análise, é
feita uma apresentação para toda a escola. Cada sala escolhe o “como” e se
prepara.
O segundo ano fez uma mesa-redonda, encenou uma parte do livro
e cada criança contou uma parte da história.
Em seguida, alunos convidados direcionam algumas perguntas às
crianças e eles respondem ou passam a pergunta pra outro que queira
responder. Nada impede que as respostas sejam completadas por outro
colega.
Finalmente, cada criança tem a oportunidade de se manifestar
sobre todo o trabalho, tecendo considerações sobre estilo, personagem, enfim,
criticando o final, sugerindo outro desfecho e ainda, recomendando a leitura da
obra a alguém, justificando o porquê da escolha.
Para este trabalho específico, o livro escolhido para apresentar aos
alunos foi “Luas e Luas”, de. James Thumber.
A obra foi escolhida pela coordenadora por ser instigante, curiosa,
cheia de suspense, com um vocabulário simples e personagens interessantes.
Os alunos manifestaram-se à respeito da leitura.
Fez-se o registro da opinião de todos os alunos, pois sendo uma
escola muito pequena, 87 alunos, entre Educação infantil, Fundamental I e
Fundamental II.
Há salas com um mínimo de quatro alunos. Nas outras salas, o
número varia, nunca, porém, ultrapassando dez.
A clientela, em sua maioria, é formada por alunos, cujos pais têm
formação de nível superior: médicos, professores, engenheiros, advogados e,
ainda pequenos empresários.
Os pais participam de todos os eventos da instituição, inclusive
comparecendo aos saraus e/ou cafés/chás/literários.
Após cada evento alguns presentes pedem a palavra e manifestam
seu apreço e sua simpatia pelos trabalhos ali desenvolvidos.
85
Abaixo, algumas respostas dadas pelas crianças sobre leitura,
livros lidos e apreciados e ainda relato de experiência com livros e a
contribuição da leitura para a sua vida.
Observação: A coordenadora manteve os comentários exatamente
como foram escritos, com todos os “erros” cometidos, inclusive a grafia
incorreta, erros na pontuação e desrespeito ás normas gramaticais.
Na apresentação final, o livro foi dividido em partes. Cada aluno
contou a sua parte resumidamente, usando suas próprias palavras.
LIVROS APLICADOS
Segundo ano:
Sobre o livro: “O sofá estampado”:
“Eu não tive muita “dificuidade” “mais” fiquei muito nervosa na hora eu aprendi
que não devemos discriminar as pessoas e nem os animais; eu estudei muito
porque eu sabia que ia ser alguma coisa nesse livro e na hora eu “mim”
“esforsei” muito, e quero fazer isso “dinovo” porque eu sei que vou ser “auguma”
coisa. Gosto muito de ler livros.
(Mariana Trindade – 7 anos – 2º ano)
Meu primeiro livro lido.
Eu gostei “por que” esse livro é muito bom. Porque ensina “nigem” deve
descriminarninguém nem os bicos mesmo não gostando deles, assim mesmo não
podemos “mata-los” e “defender eles”.
Não podemos matar “nem um” bicho.
(Pedro Murta Barreto- 06 anos – 2º ano)
86
“O primeiro livro que li e fiz o reconto foi “O sofá estampado”. Eu achei “difciciu”
mas em um tempo nós melhoramos se não fosse em grupo estava “dificiu” em
grupo não fica “dificiu” nós ficamos com vergonha de falar mas falamos bonito. Eu
gostei de ler e quero ler mais livros”.
João Lucas Quaresma – 07 anos – 2º ano
Depoimento da professora da turma do segundo ano, Flávia Botelho Leal
“O primeiro livro que essa turma leu foi “O sofá Estampado”, de Lygia Bojunga
Nunes. No primeiro momento eles ficaram um pouco assustados. Fizemos uma
mesa-redonda; eles ficaram um pouco envergonhados, mas conseguiram fazer a
apresentação. Naquele momento, eles se sentiram o máximo estarem na frente
falando. Já pediram outro livro pra ler. No momento, estão lendo “Como nasceu a
alegria”. A apresentação será feita em sala mesmo. Percebi que o interesse em ler
aumentou um pouco. Adorei essa experiência”.
“O primeiro eu gostei e é muito bom trabalhar em equipe quando você fala
“auguma” coisa você fica nervoso não é verdade. O livro é bom. Eu gostei de lê”.
Antônio Felipe- 2º ano – 07 anos
87
“Eu gostei muito do livro tem histórias incríveis e muito engraçadas no dia da
apresentação eu fiquei apavorada porque eu não queria falar feio e sem vergonha
olhei para a frente e falei sem vergonha eu sei que foi difícil saber aquilo mas cada
dia eu ia melhorando e foi muito bom aprender aquilo”.
Te amo, tia.
Lourdes Maria – 07 anos – 2º ano
“Eu “aprede” reconhece o livro foi muito legal “aprede” muitas coisas “queu” não
sabia mais eu “e saie” muito para mim vala a minha palavras “queu” não sabia.
Depois eu “respodi” “pergutão” muito bonitas”.
Jonas – 07 anos – 2º ano
Considerações feitas pela professora de Língua Portuguesa (Ensino Fundamental
II), Maraíza dos Santos Ribeiro.
“O Projeto de Literatura desenvolvido no Instituto Educacional Conhecer,
Construir e Viver vem,
há anos mediando junto ao seu corpo discente a
oportunidade de conhecer um pouco de Literatura brasileira e estrangeira.
O prazer da leitura é disseminado como um “vírus” pela instituição. Todo
mundo acaba sendo contaminado , e com a turma do sexto ano não foi diferente.
Eles já saíram das séries iniciais intrinsicamente “ligados” à leitura.
No início do ano letivo foi proposto o livro: “Uma história de amor”, de
Carlos Heitor Cony. O trabalho foi feita com muita reciprocidade pelos alunos. Foi
dado um tempo para que a turma lesse o livro. Logo após, com apoio total da
escola (incluindo a coordenadora pedagógica) foram levantadas questões sobre o
livro, por exemplo, pesquisa bibliográfica sobre o autor, busca na internet pelo
contexto histórico para que os alunos tivessem uma melhor compreensão do
enredo da história. Enfim, faz-se um trabalho contextualizando a história com as
88
demais disciplinas, observando-se as várias possibilidades pedagógicas de
abordagens.
O desenvolvimento do trabalho foi possível porque houve leitura prazerosa,
formando leitores sujeitos, capazes de argumentar sobre o que foi lido e
respectivamente continuarem com o hábito da leitura dentro e fora da escola.
A culminância da leitura (trabalho realizado com o livro) foi de suma
importância para que outros alunos interagissem com a turma e surgisse a
vontade dos outros de lerem também. Foi realizado um “CHÁ DE LETRAS”, na
própria escola, onde os alunos puderam apresentar a todos a história lida.
Particularmente,
o
projeto
tem
sido
muito
importante
para
o
desenvolvimento cognitivo dos alunos. São inúmeros os benefícios que a leitura
traz, não só na disciplina Língua Portuguesa, mas em todas as outras.
Uma criança que lê desenvolve seu intelecto e compreende melhor tudo a
sua volta, sendo assim, incentivo, apoio a iniciativa da escola e recomendo que
tal projeto seja colocado em prática em todas as instituições educacionais”.
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Considerações feitas pela professora Adriana Otília Borges e Araújo, do 3º ano do
Instituto Educacional Conhecer, Construir e Viver
“Os alunos do terceiro ano apresentavam um pouco de dificuldade na
interpretação das leituras. Inicialmente, os livros escolhidos eram mais “grossos”;
os alunos assustam um pouco e reclamam. Mas com um pouco de incentivo,
entusiasmam-se, lêem e gostam.
Os comentários sobre as histórias lidas dão feitos semanalmente. Já sinto
que a interpretação melhorou. Estão interpretando bem as histórias e contam com
a ajuda dos pais e os comentários feitos na sala acabam ajudando a todos.
Quando a leitura é finalizada, sinto que certas crianças ficam ansiosas para
fazerem o reconto.
Eu, professora, surpreendo-me a cada livro lido.
Incentivo a leitura e me emociono quando vejo o interesse de cada um
pelos livros.”
Professora: Deliane A. Matins
Sobre sua experiência com a leitura em sala de aula – 4º ano do Ensino
Fundamental I
“Meu trabalho com a leitura em sala de aula é de grande importância para o
desenvolvimento dos meus alunos. A leitura proporciona uma gama enorme de
conhecimentos e ainda amplia a nossa visão de mundo, fazendo com que nossos
alunos sejam mais autônomos, mais livres, refletindo com mais argumentação,
concordando ou discordando dos fatos, vivendo mais plenamente sua realidade
de vida.Durante o trabalho com a leitura em sala de aula, pude perceber o
interesse e o comprometimento dos meus alunos a cada discussão feita sobre o
livro ficava fascinada com a participação ativa dos alunos, demonstrando interesse
e prazer na leitura”.
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PERGUNTAS AOS ALUNOS:
- Você gosta de ler?
- Qual a importância da leitura?
- O que você sente quando lê um livro?
- Qual o livro de que você mais gostou? Por quê?
Respostas:
“Sim. Eu gosto muito de ler. Eu já li muitos e muitos livros. Dois deles, “Sozinha no
mundo” e “Laura”. Mas eu já li muito mais. De todos, o mais interessante, foi um de
Ruth Rocha, “O Mistério do caderninho preto”. Acho que ele foi o melhor de todos.
A importância da leitura para mim é que eu posso aprender palavras novas
com os livros. E aí eu procuro o significado delas no dicionário.
No primeiro capítulo, eu me senti muito triste porque a mãe de Pimpa, Dona
Aurora, morreu. Mas quando eu descobri que Leonel, o que ela considerava tio,
tentou matar ela, para ficar com a herança. Mas o final foi feliz e eu não fiquei mais
triste, porque ela ficou com Dona Berenice.”
Mariana Lucena –09 anos – 4º ano
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“Eu gosto muito de ler, porque minha mãe fala que quem lê fica mais
inteligente. Eu já li um livro de 127 páginas em uma semana apenas. Mas
quando o livro fica interessante demais, a gente não consegue mais parar.
A importância da leitura para mim é que quanto mais a gente lê, mais
coisas a gente aprende.
Quando eu comecei a lei o livro “Sozinha no Mundo”, eu pensei que a
história fosse ruim, mas já no terceiro capítulo, eu não conseguia mais parar de
ler.”
Isabel Laurita Chaves Costa – 09 anos – 4º ano
“Sim, eu gosto muito de ler. A gente aprende muitas coisas.
A leitura é importante porque a gente aprende um monte de coisas.
Com a leitura, aprendemos muitas coisas, conhecer histórias, novos poemas e
muitas outras coisas.
O livro, “Sozinha no mundo” nos ensinou que devemos amar muito os nossos
pais e não conversar com estranhos. Eu senti que existem pessoas que ficam
sozinhas e ficam muito tristes.” (Rafaela Gonçalves Batista – 09 anos – 4º ano)
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“A leitura é muito boa. Eu gosto de ler e gosto também de escrever. É lendo que
você aprende que gosta de aprender, que gosta de entender. A leitura é muito
importante! É muito interessante, temos que ler bastante, para ficar bem brilhante.
A leitura é bem legal! É muito genial. E quem lê se torna uma pessoa muito
especial
Mariana Oliveira Luz – 09 anos- 4º ano
“Sim.Eu gosto muito de ler. Ler é muito importante e eu até estou começando a
ler muitos livros agora. A leitura é importante porque é bom e divertido ler.
Eu li o livro “Sozinha no Mundo” e gostei tanto que não queria mais parar de ler.
Agora, já estou pensando no próximo livro. Sei que quando lei, fico mais
inteligente e mais esperta.”
Gabriella Araújo – 12 anos- 4º ano
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“Sim. Eu adoro ler. Eu viajo na minha imaginação, quando eu leio. Quanto mais eu
leio, mais coisas novas eu aprendo.
Quando li o livro “Sozinha no Mundo”, senti tristeza porque Pimpa perdeu a sua
mãe, e ao mesmo tempo, senti muita alegria, porque tudo acabou bem.
Ler é crescer, é saber, é imaginar, é criar, é sonhar, é viver, é conhecer, é
aprender.
Lei é imaginar, é sonhar com aquela história, com as personagens, sonhar em um
lugar, sonhar com o vilão, com o príncipe encantado. Ler é se sentir bem.
Coma história “Sozinha no Mundo”, eu imaginei Pimpa, Noel, Dona Berenice, a
assistente social, o juizado, Leonel, Dona Regina e muitos outros. Imaginei o
lugar, até o ônibus. Adorei a história.
Quem lê, torna-se uma pessoa muito especial, legal, divertida e principalmente,
inteligente.
Ler é pegar um livro, sentar em um jardim onde tem só você e começar a ler,
solta sua imaginação, cria sua história e seus personagens.
Por isso que eu gosto de ler. Eu me divirto, lendo. E lendo, eu aprendo.”
Giovanna Ribeiro de Carvalho – 09 anos- 4º ano
Considerações sobre o livro: “Uma História de Amor” _ Carlos Heitor Cony
“Eu não gostei do livro; não gosto de romances, pois o final é sempre perfeito e na
vida não é bem assim. Gosto mais de livros de aventura. Exemplos: “As aventuras
de Robinson Crusoé”; “O jardim secreto”; “As pimentas Atômicas”.
Mas eu adoro ler. Já li muitos livros. Tenho o “vírus” da leitura.
Luís Educardo Cerceau Pinto Coelho – 10 anos – 6º ano
94
“Gostei do livro, mas não muito. Gosto mais de livro de suspense. Quando li “O
jardim secreto” foi ótimo, parecia que tinha saído de mim e entrado na história”.
Luana Soares – 10 anos – 6º ano
“Quando leio uma história com a qual me identifico, gosto muito. Adoro romances e
me acho romântico. Aprendi com o livro que não devemos julgar as pessoas pela
aparência ou pela condição social”.
João Vítor – 10 anos – 6º ano
“Gostei muito do livro porque ele mostra que quem estuda alcança seus objetivos
na vida. Gosto de livros de aventuras também”.
Heitor Lemos – 10 anos- 6º ano
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“Não gostei muito do livro, pois há muitas partes tristes. Gosto mais de livros
deaventura, mistério, suspense. Sinto prazer ao ler, pois viajo nas histórias”.
(Marcelo Fernandes -10 anos – 6º ano)
“Eu gostei muito do livro. Eu gosto de ler romances, pois têm sempre um final
feliz.”.
Bruna Costa – 10 anos- 6º ano
“Eu gostei, pois o livro aborda preconceito e tem um final feliz. Adoro livros que
terminam com tudo dando certo”.
(João Teodoro – 11 anos – 6º ano)
Sobre o gosto pela leitura e livros mais interessantes e inesquecíveis, os
alunos se posicionaram:
“Eu adoro ler, principalmente histórias de: aventura e comédia. Estou
contaminado pelo “vírus” da leitura. Eu já li mais de cinco livros. O livro de que
mais gostei foi “O jardim secreto”. É um livro de aventura e tem muita superação
e alegria. O livro melhora nosso vocabulário e nos ajuda a entender melhor as
palavras que são difíceis”.
João Vítor – 10 anos- sexto ano
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“Quando eu não estou fazendo nada, gosto muito de ler um livrinho. O vírus pela
leitura só pega quando uma pessoa tem o vício de ler. Então, eu acho que estou,
sim, com o vírus da leitura. Na minha casa, devo ter lido uns dez livros e na
escola, devo ter lido uns sete. Na escola, já li diversos livros bons,, como: “O
Jardim Secreto”, “O Menino do Dedo Verde”, mas o que mais gostei foi “Uma
História de amor”. Gostei dele porque fala de um menino e uma menina que se
apaixonaram.
Acho que a leitura não contribuiu para melhorar o meu vocabulário no dia-a-dia”.
(João Marcus Chaves Costa – 10 anos- 6º ano
“Eu adoro ler. Bom, com o livro, eu navego na imaginação. Eu também estou
contaminada, sim, porque essa é das boas.
Não me lembro da quantidade, mas já li muitos e muitos livros. O livro de que
mais gostei foi “Uma História de Amor”. O livro é muito bom; conta a história de
duas pessoas apaixonadas.”
Claro que o livro contribui para o conhecimento das pessoas. Melhora muito a
mente da s pessoas.
(Fernanda Breder Silva – 11 anos – 6º ano
“Eu sou Raielly, tenho 12 anos e hoje vou falar algumas coisinhas sobre leitura.
Eu gosto muito de ler. Eu confesso que sou contaminada pelo vírus da leitura
desde quando li o livro “Jardim secreto”. Eu já li uns seis livros, mas não gostei
de todos. O livro que eu mais gostei foi “O jardim secreto”. É muito bom.
A leitura ajuda no meu vocabulário porque a gente aprende a pronúncia certa
das palavras”.
Raielly Oliveira Franco- 12 anos. Sexto ano
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“Eu gosto muito de ler. Mas ainda não peguei o vírus conhecido como vírus da
leitura. Da escola, já li uns sete livros.
Eu gostei de todos, mas o melhor foi “Gente de estimação”.Eu gosto de livros de
aventura.
Marcelo Fernandes Viana- 10 anos – 6º ano
“Eu gosto muito de ler, pois é um dos nossos meios de viajar, pois já estou
contaminada pelo vírus da leitura e na minha vida já perdi a conta de quantos
livros que li, mas o que eu mais gostei foi “O jardim secreto”, porque mostra a
história de jovens que se curam por conta de um jardim.
O livro também é um meio de aprendizagem tanto com leitura e tanto com
as palavras, também contribui no nosso vocabulário”.
Bruna Costa Grapiúna – 12 anos – 6º ano
“Eu, João Teodoro, adoro ler livros. Os livros me fazem ter um entendimento
melhor o meu futuro. Sou um menino que às vezes sinto muita vontade de ler livros.
Isso eu falo porque é a verdade, mas estou quase sendo contaminado pelo vírus da
leitura. Eu, na minha vida toda, já li uns quinze livros; pelo menos, só os que eu me
lembro. Esses livros todos que eu já li, o que mais me agradou foi “O jardim
secreto”, porque achei um livro muito importante na minha convivência com meus
colegas de aula. Quanto mais a gente lê, mais a gente aprende sobre a vida. Por
isso que eu gosto muito de ler”. (João Teodoro)
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“Eu adoro ler. Eu me contaminei pelo vírus da leitura lendo o livro “O menino do dedo
verde”. Depois dele, já li vários, mais ou menos uns quinze a vinte, Gostei mais do livro
“O jardim secreto”; é uma aventura e tanto. O livro me ajudou no meu vocabulário. Eu
falava muito errado algumas palavras. Hoje, eu falo elas corretamente.”
Luana – 11 anos – sexto ano
“Sim, eu gosto muito de ler e já estou contaminado pelo vírus da leitura. Eu acho que a
leitura contribui para a minha formação, porque fico mais atualizado, mas gosto mais
de ler sobre ecologia.
Acho que a leitura é fundamental para melhorar a escrita, como também para melhorar
o modo de falar.
Eu já li muitos livros, como: “O menino do dedo verde”, “Robinson Crusoé”, “Um dia
com as pimentas atômicas” e muitos outros.
De todos os que eu li, o que mais me chamou a atenção foi “Robinson Crusoé”, pois
gosto de aventuras.
Eu lei livros por curiosidade, pois é uma maneira de conhecer o mundo e os seres que
vivem nele cada vez mais”.
(Ernesto Fernandes – 12 anos – 7º ano
“A leitura é muito importante para todas as pessoas. Antes, eu gostava
muito de ler, mas eu fui perdendo o interesse ao longo do tempo com as novas
descobertas como computadores, televisão, pois eu acho muito melhor que
leituras. Como já disse, gostava muito de ler, então, eu tinha o vírus da leitura
e agora acho que tomei um xarope para curar. Eu já li vários livros, todos
legais, mas o melhor mesmo foi “O jardim secreto” que mostra uma história de
mistério e aventura que são os tipos de livros que eu acho melhor. Com a
leitura, as pessoas ficam mais auxiliadas, pois conhecem palavras e ficam
preparadas para qualquer desafio”.
Luís Educardo Cerceau Pinto Coleho – 11 anos
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“Meu nome é João Vítor Quaresma Santos, tenho 12 anos e moro em Joaíma,
Minas Gerais. Eu sou aluno do Instituto Educacional Conhecer, Construir e Viver.
Foi aqui que eu aprendi a ler e também descobri um novo mundo com a leitura. Eu
adoro Le e já sou um transmissor da leitura, porque eu já peguei o vírus da leitura.
A leitura é importante para a vida de qualquer pessoa. A leitura contribui para a
minha formação da seguinte forma: as livros me informam sobre diversas coisas.
Com a leitura, a minha escrita e produções de texto melhoram bastante. E também
ajudanm em meu conhecimento e várias coisas.
A leitura é fundamental na vida de uma pessoa, porque com ela você melhora seu
conhecimento e também ajuda a ser alguém na vida.
Eu já li muitos livros, dentre eles: “Os três Porquinhos”, “Chapeuzinho Vermelho”,
“Cinderela”, “As tranças de Rapunzel”, “As formigas”, “O Jardim secreto”, “ O
Menino do dedo verde”, “Um dia com as Pimentas Atômicas”, “As aventuras de
Robinson Crusoé”, “Nunca diga adeus” e vários outros.
È muito difícil escolher um que seja considerado o melhor; gostei de todos. Penso
que o melhor foi “Um dia com as Pimentas Atômicas”, porque foi com ele que
aprendi mais.
Eu leio por prazer. Com a leitura eu viajo no tempo sem me mover do lugar e ainda
me informo sobre muitas coisas”.
João Victor Quaresma Santos – 12 anos– 7º ano
100
“Eu gosto de ler porque ler é algo que mexe com meus sentimentos e com meu
coração. Eu penso que já fui contaminado pelo vírus da leitura, pois eu gosto de ler
todos os livros. Ler é algo que me enche de prazer e alegria.
A leitura contribui para a minha formação, pois sem leitura o que serei? – Um
analfabeto, claro.
A leitura é fundamental para Gustavo Quaresma Medina ser alguém na vida, ser
respeitado e lembrado.
Eu não me considero como um grande leitor, pois só leio livros que me ensinam
algo da vida, o que para mim, que moro no interior, é difícil esse tipo de livro, pois
os recursos são poucos. Eu já li: “O
soldadinho de chumbo”, “Os três
mosqueteiros”, “ O jardim secreto”, Alice no pais das maravilhas”, “Peter Pan”, “O
menino do dedo verde”, “Um dia com as Pimentas Atômicas”, “As aventuras de
Robinson Crusoé”, “Nunca diga adeus”. O livro que li e que mais gostei foi “As
aventuras de Robinson Crusoé”.
Leia por prazer, pois Ler com prazer é nem melhor.”
Gustavo Quresma Menina – 13 anos – 7º ano
“Eu gosto de ler e até já fui contaminado pelo vírus da leitura. Acho que ler é muito
importante, contribui para a minha formação, melhora minha educação, meu
caráter, e consequentemente pode me transformar num melhor cidadão.
Penso que a leitura é fundamental porque ela me ajuda na minha educação, no
meu conhecimento e a leitura me dá prazer. Eu lei bastante. Alguns livros que já li:
“Bilhoquê”, “O menino do dedo verde”, “Quem mexeu em meu queijo?”, “Um dia
com as Pimentas Atômicas”, “As aventuras de Robinson Crusoé”, “Nunca diga
adeus” e ainda alguns clássicos. O livro de que mais gostei foi “Nunca diga adeus”.
Eu leio mais por prazer porque, para mim, ler é um prazer.
Mauro Barreto Melo Neto – 11 anos – 7º ano
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“Eu gosto muito de ler. Sempre, quando leio um livro, fico contaminada pelo vírus
da leitura. A leitura contribui muito, pois quanto mais eu leio, mais conheço
palavras novas e elas são adicionadas no meu vocabulário.
A leitura é fundamental para mim e para todos os que amam ler. A leitura nos
ensina muitas coisas e a gente fica também informado sobre o mundo. Já li vários
livros: “O Jardim secreto”, “O menino do dedo Verde”, “Um dia com as Pimentas
Atômicas”, “A aventuras de Robinson Crusoé”, “Nunca diga adeus”. Já li também
muitos livros de contos de fadas. Um livro que me foi inesquecível “As aventuras de
Robinson Crusoé”. Trata-se de uma excelente aventura. E eu adoro ventura.
Leio por prazer, pois quando leio sinto uma sensação muito gostosa”.
Francielly Figueiredo Sena Silva – 12 anos. - 7º ano
“Eu gosto de ler, mas só livros de suspense, ação e aventura. Não estou
completamente contaminado pelo vírus da leitura, mas ainda vou fazer de tudo pra
me contaminar. Pois esse é um vírus benéfico. Não é como o vírus da gripe suína.
Já devo ter lido uns vinte livros e de todos eles o que mais gostei foi “Um história de
amor”, porque fala das dificuldades da vida.
O livro nos ensina a escrever melhor e até a leitura em voz alta fica mais eficiente”.
Ernesto – 11 anos – 7º ano
102
“Eu gosto de ler, porém não me considero uma boa leitora. Na minha opinião,
a leitura contribui para que nós nos tornemos bons cidadãos. Já li muito livros,
dentre eles: “Uma história de amor”,
“Dom Casmurro”, “Um dia com as
Pimentas Atômicas”, “ Jorge, um brasileiro”, “ “A família treme-treme”, “O
médico e o monstro”, etc. O que eu mais gostei foi “Uma história de amor”.
Acho que é uma linda história e fala de amor entre adolescentes. Ler é
fundamental, pois é lendo que se aprender. Ler é sempre prazeroso, pois
lendo nós “viajamos” sem sair do lugar.
Meu nome é Vanessa Lima, tenho 12 anos e estou no 8º ano”.
“Eu não sou uma pessoa aquelas que gostam de pegar um livro na biblioteca
para ler. Mas quando começo a ler, não sinto vontade mais de parar. Não sei
quais os sintomas do vírus da leitura e acho também que não fui contaminada.
Mas eu acho que a leitura me faz tornar uma melhor cidadã.
Eu não leio muitos livros, apenas alguns, como: “Uma história de amor”, “Um
dia com as Pimentas Atômicas”, “Crescer é perigoso”, “A volta ao mundo em
80 dias”.
Ler é fundamental para que nós nos tornemos pessoas cultas.
Eu leio por imposição da escola, mas quando começo a ler, não sinto mais
vontade de parar. Acho que ler é prazeroso, pois imagino tudo o que acontece
nos livros e eu “viajo” dentro deles”.
(Karolina Gonçalves Luz – 12 anos - 7º ano)
103
“Eu gosto de ler livros e sinto que estou com o vírus da leitura. Quando leio, vôo.
Gosto mais de livros de aventura.
A leitura transforma pessoas em grandes cidadãos e digo que já estou no meio do
caminho, pois leio e gosto muito.
Já li vários livros: “A volta ao mundo em 60 dias”, “Um dia com as Pimentas Atômicas”,
“Capitães do Brasil”, Jorge, um brasileiro”, “Uma história de amor”, dentre outros. O que
eu mais gostei foi “A volta ao mundo em 80 dias que conta a história de u senhor inglês
que faz uma aposta de dar a volta ao mundo em 80 dias. É um livro clássico, escrito por
Júlio Verne.
Na minha opinião ler é fundamental porque a leitura transforma as pessoas e acho que ler
é um prazer, mas não é assim para todas as pessoas”.
Ciro Souza Lopes – 13 anos – 8º ano
“Eu adoro ler. Acho que quando eu era mais novo, fui contaminado pelo vírus da leitura,
mas já estou bem.
A leitura é importante e contribui muito. Existem pessoas que não sabem ler. E eu fico
aqui imaginando como é que elas vão conseguir um emprego decente.
Eu já li muitos livros: “As aventuras de Robinson Crusoé”, “Um dia com as Pimentas
Atômicas”, “A volta ao mundo em 80 dias”. O livro de que mais gostei foi “As aventuras de
Robinson Crusoé”.
Para mim, ler é fundamental, pois as pessoas sempre podem aprender novas palavras e
assim, o vocabulário fica mais rico.
Leio por prazer. Sei que a leitura me fará bem no meu futuro”.
Frederico Murta Grapiuna – 13 anos – 8º ano
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“Eu gosto muito de ler, apesar de não ter o hábito de ler ainda. Antigamente, eu era
louca por leitura, não vivia sem ela.Ia à biblioteca quase todos os dias, pois não
conseguiu ficar longe dos livros. Acho até que fui contaminada pelo vírus da leitura.
Na minha opinião, ler é fundamental para o ser humano. Foi através dos conhecimentos
adquiridos nos livros que eu passei a conhecer melhor os meus direitos e os meus
deveres.
Já li vários livros e já até me surpreendi com muitos, pois alguns falavam exatamente
como sou, do meu cotidiano, do meu jeito de ser. Mas houve um que me surpreendeu
ainda mais: “Um amor pra recordar”, que retrata um amor entre dois adolescentes que
parecia impossível, mas não era.
Ler é um prazer, pois quando se começa a ler, você começa também a imaginar, a
viajar dentro da leitura.
Ler é muito bom”.
Yandra Lorena Trindade Ribeiro – 13 anos- 8º ano
“Eu adoro ler. Já fui contaminado pelo vírus da leitura, pois tive prazer em todos os
livros que li. A leitura contribui, sim, para se formar um cidadão, pois a leitura ensina
muitas coisas às pessoas. Eu já li muitos livros e o que eu mais gostei foi “As
aventuras de Robinson Crusoé”.Ler é fundamental porque a leitura envolve as
pessoas e ensina também a lidar com o mundo, ficando por dentro de tudo o que
acontece. Para mim, ler é prazer. Leio por vontade própria, porque lendo eu me sinto
mais ligado ao mundo”.
Lincoln Murta Almeida – 12 anos – 7º ano
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“Eu tenho o hábito de ler revistas, preferencialmente de tecnologia. De livros, eu não
gosto muito, acho cansativo e dá sono. Já li poucos livros, como “A droga da
obediência”, “As aventuras de Robinson Crusoé”, “Férias de arrepiar” e muitos outros
dos quais não me lembro agora. Gostei mais de “A droga da obediência”, pois há
aventura mistério. Não acho que ler livros de literatura seja algo fundamental na minha
vida de estudante, não ajuda a aumentar meus conhecimentos. Já revistas e livros
escolares podem sim, ser fundamentais.
Como já disse, não gosto de ler livros, portanto, só leio por imposição da escola ou da
família”. (João Pedro Fagundes Melo – 14 anos – 9º ano
106
“Eu não tenho o hábito de ler, não gosto de ler; não porque eu não ache importante, pelo
contrário, é muito importante. O problema é que ler me dá sono, preguiça, e é por isso
que não tenho esse hábito.
Já li muitos livros, porém não me lembro de todos, mas o que eu mais gostei foi “As
aventuras de Robinson Crusoé”, pelo fato de ser um livro de aventura, desafios, aspectos
que me chamam a atenção e que me fazem amar um livro.
Para a minha vida de estudante, ler é fundamental, porque através dela aumenta o meu
vocabulário, minha fala melhora consideravelmente e isso me ajuda na escola, com
certeza.
Sem dúvida, a leitura contribuiu e muita na minha formação intelectual e vai contribuir
ainda mais. Hoje, eu me interesso pelas coisas que acontecem no mundo e analisando o
contexto histórico em que o livro foi escrito fica ainda mais interessante a leitura e os
meus conhecimentos vão me ajudando em todos os aspectos. Alguns fatos as pessoas
só não sabem porque não lêem e se lêem algum livro, acabam não dando importância ao
período e ficam até sem entender direito a história lida.
Infelizmente, eu leio mesmo por imposição, porque como já disse anteriormente, eu não
gosto de ler: dá sono, cansaço, preguiça. Então, sou obrigado a fazer uma coisa de que
não gosto. Mas tenho consciência de que um dia ainda vou gostar de ler porque sentirei
necessidade”.
Antônio Pedro Cunha – 14 anos – 9º ano
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“Eu adoro ler, inclusive foi através de um projeto de leitura na minha antiga escola que
eu realizei um trabalho maravilhoso, que foi escrever um livro. Eu gosto de ler mais
pelo fato de que através da leitura eu vou poder adquirir mais conhecimentos e ficar
bem informada sobre notícias do mundo.
Eu não sei bem quantos livros já li, mas sei que foram vários, mas o que eu mais
gostei foi meu livro “Minha vida, meus amigos” porque foi fruto do meu conhecimento.
Eu olho para aquele livro e penso: “ Essa é a minha liberdade”.
Há um tempo atrás, eu não achava que a leitura fosse fundamental para minha vida
de estudante, mas depois que escrevi um livro e mudei de escola, eu tenho absoluta
certeza da importância da leitura. Acho que foi pela influência dos colegas e da minha
professora de Português que tanto fala de conhecimentos de mundo e tal.
A leitura, com certeza, contribui para a minha formação intelectual, até os meus
assuntos para conversas sérias, mudaram, acho que a partir do momento que o jovem
lê, ele amadurece. Na maioria das vezes, leio por prazer, embora existam livros na
escola que eu não gosto de ler. Mas quando eu não estou a fim de ler um livro e que
não rolou a química... Pode crer!...”
Isabela Lemos – 14 anos – 9º ano
108
“Eu tenho o hábito de ler, pois sei que é importante. Gosto de ler alguns gêneros, não
todos. Gosto de ler sobre países e personalidade históricas, livros de aventura
também me atraem e gosto também de ler notícias do Brasil e do mundo. E isso
porque acredito e tenho a convicção de que a leitura me beneficiará em todos os
sentidos.
Eu não sei exatamente quantos livros já li, mas sei o nome daquele de que mais
gostei, “A volta ao mundo em 80 dias”. É um livro de aventura
e conta coisas
interessantes sobre vários países.
Tenho certeza de que a leitura me ajuda e me ajudará em diversos sentidos. Um
deles é que vou ter conhecimentos suficientes para que eu possa ter êxito no
vestibular. E além de tudo, facilita a minha vida de estudante, nas minhas tarefas,
produções de texto, etc. Dificilmente, vou ficar “boiando” em algum assunto discutido
em sala de aula. O único problema em relação à leitura é o cansaço, pois depois que
você inicia a leitura, você fica condicionado a ela, não a larga facilmente.
Leio por vontade própria. A escola não obriga ninguém a fazer nada. Ela aponta
caminhos, oferece-lhe oportunidades. Você segue o caminho e aproveita as
oportunidades se quiser. Eu sempre aproveito, sei que estou fazendo a escolha certa;
sinto a utilidade da leitura.
Vou buscar meu sonho, pois sei que não sou apenas mais um no mundo. Farei a
diferença através da leitura.
Diêgo Alves Feitosa – 14 anos – 9º ano
109
No terceiro ano, fez-se a seguinte pergunta:
“O livro me passou uma mensagem muito boa; que devemos abrir a janela do
nosso coração para a vida a natureza e o amor. Tinha palavras “difíceis” mas eu
procurava no dicionário. E eu recomendo para as pessoas de coração de pedra
para abrir o coração. Eu adorei o livro. Quero ler ele de novo.”
Maria Laura – 8 anos – 3º ano
Comente sobre o livro “O jardim secreto”
Você recomendaria o livro a alguém? Porquê?
Você gostou do livro?
Sobre o livro “O jardim secreto”:
“Eu gostei do livro que ele passa coisa boa para as pessoas que deve abrir a janela do
coração eu achei muito bom. Eu entendi que Mary achou o jardim secreto eu achei
muito bonito, vocês podem ler, ele passa mensagem ele é muito interessante.”
Isabella – 8 anos – 3º ano
‘O autor escreve de ma forma muito simples boa de ler e é muito legal e fala de
uma menina chamada Mary e um jardim que ela cuidou e cuidou e cuidou até que o
jardim ficou bonito e o livro me deu uma mensagem para abrir a porta do meu coração.
Abelino Botelho –8 anos – 3º ano
110
“O livro me passou uma mensagem muito boa que todos devem abrir a janela do
nosso coração para tudo.
O autor escreve neste livro várias palavras complicadas, “mais” interessantes,
procurei no dicionário e entendi.
Os pais de Mary morreram e Mary foi morar na casa de Dickon aí depois Mary
achou a chave do jardim secreto, durante o inverno, ela só brincava e durante a
primavera ela via as flores crescer.”
Jannare – 8 anos- 3º ano
Alunos do quinto ano –
Perguntas:
Faça um comentário sobre o último livro lido neste trimestre.
Livro – As pimentas Atômicas
“O texto conta a vida de uma garota que assistiu uma propaganda de
minisalgadinhos que se chamava “Pimentas Atômicas”; esta garota se
encantou com a propaganda de salgadinhos.
De repente, gastou seu único dinheiro com muitos e muitos pacotes de
salgadinhos pra adquirir prêmios.
Depois ela viu que os salgadinhos faziam com que eles passassem mal.
Ela se arrependeu de ter comprado esses minisalgadinhos.
O texto está falando sobre o consumo de dinheiro que não nos leva a
lugar algum; comprando inúmeras coisas que não são úteis para o nosso diaa-dia, ainda nos causando mal.
A parte que eu mais gostei da história foi quando a garota se
arrependeu de ter comprado aquele tanto de salgadinhos.
Eu recomendo esta história para minha mãe Joelice. Porque ela compra
uma coisa e se arrepende de ter comprado.”
Rayne Neves Chaves – 09 anos- 5º ano
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“O texto fala de uma menina que, após ver uma propaganda de
salgadinhos, vicia em comprar todos para adquirir os prêmios; depois de consumir
tanto salgadinho percebe que não valeu a pena, pois lhe fazia mal.
Eu aprendi a consumir menos besteira após ler este texto.
Recomendo ele para uma pessoa muito consumidora porque esse livro
ensina a não ser uma pessoa consumidora.”
João Murta Barreto – 09 anos – 5º ano
“O texto fala de uma menina que gostava de gastar em promoções de
salgadinhos. Ela viu que não valeu a pena.
Eu aprendi a não gastar dinheiro com besteiras.
Eu recomendo este texto para quem gosta de gastar dinheiro com
besteiras.”
João Gabriel Murta – 09 anos- 5º ano
Participação das mães
Três mães, espontaneamente, procuraram a escola contando o que disseram
os filhos após a primeira conversa com a professora e a coordenadora
pedagógica sobre o projeto da leitura como missão da escola.
Transcrição da fala dos filhos sobre a aula:
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Maria Enildes - pequena empresária- (mãe de Lourdes Maria)
“Minha filha chegou
em casa dizendo que pegou um vírus. Eu fiquei muito
assustada e perguntei que vírus era e ela me disse que pegou o vírus da leitura e
eu amei”.
Rita de Cássia – dentista – (mãe de Mariana Trindade)
“Mariana me falou que D. Eliana passou um vírus para a turma. E eu perguntei
que vírus que era. Então ela respondeu que era o vírus da leitura” . Mas ela disse
que já tinha o vírus.
Luciana Timo Barreto - psicóloga
“Meu filho chegou a casa falando, com entusiasmo, sobre um vírus que teria
adquirido na escola durante a aula. Suas palavras: “Mãe, peguei um vírus muito
perigoso”. Ao meu espanto, ele foi logo dizendo: “Não se assuste, mãe, fui
“picado” pelo vírus da leitura. Não há vacina. É doença para sempre. Vou querer
livros pra me curar”.
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Eliana Murta Lemos - AVM Faculdade Integrada