Fica conosco, Senhor…
Emaús & Eucaristia
Ao longo do caminho
das nossas dúvidas,
inquietações e às vezes
amargas desilusões, o
divino Viajante
continua a fazer-se
nosso Companheiro
para nos introduzir,
com a interpretação
das Escrituras, na
compreensão dos
mistérios de Deus.
Em Emaús aprendemos que há
uma estreita relação entre
Emaús e a Eucaristia. Como
nos diz João Paulo II: “Esta
íntima conexão entre a
manifestação do Ressuscitado e
a Eucaristia é sugerida pelo
Evangelho de São Lucas na
narração dos dois discípulos de
Emaús, aos quais Cristo mesmo
fez companhia, servindo-lhes
de guia na compreensão da
Palavra e depois sentando-se
com eles à mesa.
Reconheceram-No, quando
Ele tomou o pão,
pronunciou a bênção e,
depois de o partir, o deu
a eles. Os gestos de
Jesus são os mesmos que
Ele realizou na Última
Ceia, com clara alusão à
fração do pão, como é
denominada a Eucaristia
na primeira geração
cristã”.
Como discípulos de Emaús,
somos conscientes que, em
toda a Santa Missa, Cristo
partilha conosco nossas
intenções e nos oferece, de
modo especial, Seu Corpo e
Sangue na fração do pão.
Como discípulos de Emaús,
ansiamos por esse encontro
Eucarístico, preparamo-nos
para que ele ocorra na
profundidade de nossas
almas e desejamos que a
Eucaristia, nosso principal
Alimento espiritual, seja
uma realidade diária em
nossas vidas.
A experiência dos discípulos de
Emaús
Lc, 24, 13-35
Ao longo de nossa vida vamos cultivando
amizade pessoal com Cristo.
Encontramos Jesus na palavra do
Evangelho, no pão da Eucaristia, no
rosto do irmão que sofre, na
contemplação orante.
Ruminando as palavras do Evangelho,
deixando que o corpo vivo e
ressuscitado de Jesus fortaleça nossa
vida nova, acolhemos a clara bondade
que chega até nosso ser mais íntimo.
Percorrendo o caminho que conduzia à
aldeia de Emaús, dois dos discípulos
partilhavam a decepção pela morte de
Jesus. As esperanças foram frustradas.
Enquanto o faziam, Jesus
cruzou-se no caminho,
interveio no diálogo e,
ainda antes de o
reconhecerem,
interpelou-os: “Ó
homens sem inteligência
e lentos de espírito para
crer em tudo quanto os
profetas anunciaram!
Não tinha o Messias de
sofrer essas coisas para
entrar na sua glória?” (Jo
24, 25-26).
Depois, abriu-os para o significado do que
acontecera, a partir das Escrituras.
A Palavra de Deus transformou aquele encontro em
acontecimento, desvendou o que a fragilidade
humana não conseguia entender. No seu caminhar,
os discípulos de Emaús encontraram, então, um
novo sentido.
A vida cristã é uma peregrinação constante. É
preciso acertar com o caminho verdadeiro que nos
conduz à meta: a plenitude de vida em Cristo.
No nosso longo e duro caminhar de
peregrino, se confiarmos unicamente
nas nossas forças, poderemos perder
o rumo e as nobres aspirações que
nos animam, sujeitando-nos a
condições de mera sobrevivência a
troco de qualquer tipo de recompensa
ou remuneração.
A Palavra de Deus é a luz indispensável
que dá resposta às questões
fundamentais da existência: quem
somos, de onde viemos, para onde
caminhamos? É uma palavra viva,
reveladora da verdade, que interpela,
orienta e molda a existência,
tornando-a digna de filhos de Deus.
Numa sociedade como a nossa,
marcada pelo pragmatismo
materialista, que coloca os
interesses econômicos acima
da satisfação das
necessidades fundamentais
dos seus membros, a Palavra
de Deus denuncia essa
dignidade humana ameaçada
e obriga ao empenhamento
pessoal e social para a repor,
uma vez que os
empobrecidos hão de ser
sempre tratados com o
respeito devido à dignidade
de cada pessoa humana.
O diálogo dos dois
discípulos com o
ressuscitado teria
chegado ao fim se estes
não o tivessem convidado
para ficar com eles.
Sentou-se à mesa, benzeu
o pão, partiu-o e
entregou-o aos
discípulos. Então, os seus
olhos abriram-se e
reconheceram-no.
E tu, desejas a vida? Imita os discípulos e
reencontrarás o Senhor. Eles ofereceram-lhe
hospitalidade. O Senhor parecia resolvido a
prosseguir o seu caminho, mas eles
retiveram-no. Retém o empobrecido se
queres reencontrar o teu Senhor. O Senhor
manifestou-se no partir do pão.
Se a Palavra abre
horizontes e indica o
rumo do nosso
peregrinar, a Eucaristia
é o alimento do nosso
caminhar.
Fonte e cume da vida
cristã, na Eucaristia
verificamos como o
Senhor não falha ao que
promete: “Eu estarei
convosco até ao fim do
mundo” (Mt 28, 20).
Ele vem ao nosso encontro. Então, a nossa
vida ganha um novo sentido, porque
fazemos a experiência de que não
caminhamos sozinhos: Ele é o guia que nos
conduz por caminhos exigentes, o alento
para ultrapassarmos dificuldades, a
plenitude do amor, dom prometido para os
que o seguem até ao fim.
É na Eucaristia, particularmente
celebrada ao Domingo, que os
cristãos quebram o isolamento,
exprimem e alimentam a
comunhão na fé, integradora das
diferenças de língua, cultura,
tradição e condição social.
Mas, a experiência da ressurreição,
os discípulos de Emaús não a
guardaram só para si.
Imediatamente se dirigiram para
Jerusalém, ao encontro dos
onze, para lhes comunicar:
“Realmente o Senhor
ressuscitou e apareceu a
Simão!”.
E, nisso, foram
acompanhados por
muitos outros que,
por causa desse
testemunho
enfrentaram críticas
e perseguições,
numa fidelidade
que, em muitas
circunstâncias, os
conduziu até ao
martírio.
Celebrar a Páscoa implica
projetar à nossa volta a luz da
ressurreição, fermento da nova
criação, empenhando-nos no
acolhimento e solidariedade
para com os empobrecidos, na
procura das soluções mais
justas para os seus problemas
pessoais e familiares, na busca
dos meios que, de forma justa
e equilibrada, salvaguardem
os direitos e deveres de quem
acolhe e de quem é acolhido.
Fonte: www.eduardoquintella.org
Montagem: Renato,SJ
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