AS PRIMEIRAS IMPRESSÕES ACERCA DA ALFABETIZAÇÃO
MATEMÁTICA, NO MUNICIPIO DE CAMPO LARGO – PR, À
LUZ DO PACTO NACIONAL PELA ALFABETIZAÇÃO NA IDADE
CERTA
Anna Carolina Galhart1
UFPR
[email protected]
Iloine Maria Hartmann Martins2
UFPR
Lizmari Merlin Greca3
UFPR
[email protected]
Resumo:
Através do presente artigo pretende-se estabelecer uma reflexão sobre a relevância do
curso de formação continuada em Alfabetização Matemática, à luz do Pacto Nacional
pela Alfabetização na Idade Certa – PNAIC, aos professores alfabetizadores do
município de Campo Largo – PR. Inicia-se com uma breve apresentação do PNAIC e a
seguir a discussão acerca da Alfabetização Matemática na perspectiva do letramento. Os
dados apresentados, através de depoimentos são parciais, visto que foram pautados no
curso inicial de formação dos Professores Alfabetizadores. O curso de formação
continuada mostrou-se necessário e de interesse desse grupo de profissionais. Desta
forma, promoveu discussões pertinentes sobre o respeito aos modos de pensar e a lógica
da construção dos conhecimentos pelas crianças.
1
Graduada em Letras Português Espanhol com Especialização em Interdisciplinaridade na Escola e
Literatura Brasileira e Construção de Texto, Acadêmica do curso de Pedagogia e Mestranda em Educação
Matemática pela Universidade Federal do Paraná. Orientadora de Estudos do PNAIC/ Campo Largo-PR.
2
Pedagoga com Especialização em Gestão Educacional e Educação Especial; Acadêmica de Psicologia e
Mestranda em Educação Matemática pela Universidade Federal do Paraná. Formadora do PNAIC/Língua
Portuguesa.
3
Pedagoga com Especialização em Educação Especial e Educação Bilíngue para Surdos e Mestranda em
Educação Matemática pela Universidade Federal do Paraná. Formadora do PNAIC/Língua Portuguesa.
Prof. Dr. Carlos Roberto Vianna : Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e
Matemática – PPGECM da Universidade Federal do Paraná. Orientador das autoras.
XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática
Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014
ISSN 2175 - 2044
Palavras-chave:
Educação
Matemática.
Alfabetização
Matemática.
Formação
Continuada. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa.
O compromisso assumido pelo município de Campo Largo
O presente artigo tem por objetivo trazer as contribuições e reflexões dos
professores do município de Campo Largo, no estado do Paraná, sobre a formação
continuada proposta pelo Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa –
PNAIC/Matemática.
O PNAIC é um programa do Governo Federal, que abrange quase todos os
municípios do Estado do Paraná, no qual estes assumem o compromisso junto ao
governo de assegurar que todas as crianças estejam alfabetizadas até os 8 anos de idade,
ao final do 3° ano do Ensino Fundamental (BRASIL/MEC 2014, p.8). Da mesma forma
que a formação de Língua Portuguesa4, o curso de Alfabetização Matemática parte do
pressuposto que é fundamental que o professor alfabetizador deve ser tratado como um
profissional em constante formação, em todas as áreas do conhecimento. Assim, o eixo
central do PNAIC é a formação continuada deste profissional.
As ações do PNAIC apoiam-se em quatro eixos de atuação:
Formação continuada presencial para professores alfabetizadores e
seus orientadores de estudo; materiais didáticos, obras literárias, obras
de apoio pedagógico, jogos e tecnologias educacionais; avaliações
sistemáticas, gestão, controle social e mobilização. (BRASIL/MEC,
2014, p. 8)
Faz-se necessário considerar que os cadernos de Alfabetização Matemática
adotam a perspectiva do letramento, estando assim em consonância com o material de
formação de linguagem.
Dessa forma, a Alfabetização Matemática é entendida como um
instrumento para a leitura do mundo, uma perspectiva que supera a
simples decodificação dos números e a resolução das quatro operações
básicas. (BRASIL/MEC, 2014, p.5)
4
A formação continuada em Língua Portuguesa dos Professores Alfabetizadores de Campo Largo
aconteceu durante o ano de 2013, atingindo um total de 188 professores e com carga horária de 88h
presenciais e 32h a distância.
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Além do apoio do Governo Federal, o município de Campo Largo, conta com a
colaboração da Secretaria Municipal de Educação. A coordenação geral e pedagógica
está sob a responsabilidade da Universidade Federal do Paraná, esta instituição elabora
e executa as ações do programa. No município está a Coordenação local que atua na
organização dos cursos, monitoramento dos Professores Alfabetizadores, apoio
operacional às Orientadoras de Estudos e orientações necessárias para o envolvimento
de todos.
A formação continuada dos professores alfabetizadores está organizada por meio
de cursos divididos de acordo com o material didático, bem como a carga horária e sob
a orientação das coordenações e Secretaria Municipal.
A carga horária total da capacitação dos Professores Alfabetizadores é de 160
horas, sendo que 80 horas de Matemática e 40 horas de Língua Portuguesa é presencial,
e mais 40 horas a distância. A etapa à distância dos Formadores, Coordenadores Locais
e Orientadores de Estudos acontece pelo ambiente Moodle5 e para os Professores
Alfabetizadores através de endereço eletrônico a partir de reflexões acerca da temática
abordada. Os encontros presenciais acontecem quinzenalmente, às terças-feiras, no
horário das 18h às 22h, no espaço da Escola Municipal Reino da Loucinha, a mais
central da cidade, situada na Rua do Centenário, 2171.
O material constitui-se de oito cadernos de formação cujos temas são:
Organização do Trabalho Pedagógico; Quantificação, Registros e Agrupamentos;
Construção do Sistema de Numeração Decimal; Operações na Resolução de Problemas;
Geometria; Grandezas e Medidas; Educação Estatística e Saberes Matemáticos e outros
Campos do Saber; além dos cadernos de referência Apresentação, Educação
Matemática do Campo; Educação Inclusiva e Jogos. Os cadernos foram elaborados no
sentido de auxiliar os Formadores, Orientadores de Estudos e Professores
Alfabetizadores, contudo as experiências e o conhecimento do grupo de profissionais
podem e devem ser discutidos e aproveitados para o encaminhamento do trabalho com a
Alfabetização Matemática.
O município de Campo Largo encontra-se na etapa inicial do curso, ou seja, os
Professores Alfabetizadores tiveram contato apenas com os cadernos de Apresentação e
Organização do Trabalho Pedagógico. As reflexões e contribuições dos professores
5
O Moodle é um software livre em um ambiente virtual de aprendizagem, que proporciona a interação
entre os Orientadores de Estudos, Formadores e Coordenadores Locais.
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serão apresentadas como os resultados parciais dessa pesquisa. No programa participam
199 Professores Alfabetizadores que atuam nos três primeiros anos do Ensino
Fundamental e 14 pedagogas que integram o grupo como ouvintes.
Os seminários são ministrados por Formadores, selecionados pela Universidade
Federal do Paraná. Os participantes desses eventos são os Orientadores de Estudos, os
quais são responsáveis em ministrar as formações em seus municípios, para os
Professores Alfabetizadores.
Dessa forma, o PNAIC atua com três grupos de professores: Formadores,
Orientadores de Estudos e Professores Alfabetizadores, com o compromisso de
mobilizar diferentes saberes que devem resultar em conhecimentos efetivos para as
crianças.
Os cadernos de formação são constituídos por textos que permitem reflexões
sobre os temas a serem tratados. Muitos dos textos contêm indicações para o trabalho
prático em sala de aula e também apresentam relatos de experiências de Professores
Alfabetizadores, em aulas de matemática associadas a outros saberes. Há também,
sugestões de atividades que podem ser trabalhadas durante as formações tanto pelos
Formadores das instituições responsáveis como pelos Orientadores de Estudos. É
importante salientar que os cadernos possuem tarefas a serem desenvolvidas em casa e
na escola, tendo como objetivo a reflexão sobre a realidade de sala de aula, pautada por
discussões teóricas e pesquisa na área da Educação Matemática. (BRASIL/MEC, 2014,
p.15). Os cadernos de formação apresentam ilustrações e fotos de atividades realizadas
por professores e crianças, tornando-os muito atrativos.
A Educação Matemática é vista no Pacto na perspectiva da resolução de
situações-problema e o desenvolvimento do pensamento lógico. Tendo o lúdico como o
principal aliado ao trabalho do professor e respeitando o modo de pensar e a lógica no
processo de construção dos conhecimentos pela criança. Dessa forma, a criança é
incentivada a produzir os seus próprios registros e também a buscar diferentes
estratégias de solução.
Seguindo os mesmos princípios do material de linguagem, o PNAIC Matemática
também apresenta os direitos de aprendizagem a todas as crianças brasileiras: as que
vivem no campo ou na cidade, independente da origem social, da estrutura familiar, da
etnia e das limitações motoras, físicas ou intelectuais. Esses direitos de aprendizagem
apresentam-se em eixos estruturantes: números e operações; pensamento algébrico;
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geometria; grandezas e medidas e estatística e probabilidade, devendo ser abordados de
forma integrada.
A alfabetização matemática na perspectiva do letramento
As discussões realizadas pelos pesquisadores nos Cadernos do Pacto Nacional
de Alfabetização na Idade Certa (BRASIL/MEC, 2014) apresentam elementos que
definem o sujeito letrado matematicamente, o qual compreende o papel da matemática
na sociedade e a utiliza no atendimento de suas necessidades.
O sujeito letrado deve ser capaz de compreender a intenção dos textos que
circulam socialmente, relacionando-se com as pessoas também através da produção de
seus próprios textos, comunicando suas ideias iniciais sobre os fenômenos e depois
reescrevendo estas ideias com novas informações adquiridas na escola reelaboradas a
partir de um processo de criação, vivo e significativo com a linguagem matemática.
Fonseca (BRASIL/MEC, 2014), discute a ideia de alfabetização num sentido amplo, na
qual a ação pedagógica precisa contribuir para que as crianças consigam se relacionar
melhor com os outros e consigo mesmo, lendo e compreendendo como a sociedade
organiza, descreve, aprecia e analisa o mundo.
A alfabetização matemática para Danyluk (2010) refere-se aos atos de aprender
a ler e a escrever a linguagem matemática. A leitura envolve a compreensão e a
interpretação da linguagem matemática e esta compreensão e interpretação
desenvolvidas podem ser comunicadas pelo registro escrito. A matemática tem uma
linguagem própria, diferente da linguagem natural. A linguagem matemática utiliza
termos e signos (ícones, índices e símbolos) que são próprios dela, ou seja, o seu próprio
alfabeto e sua própria gramática, que Danyluk nomeou “discurso matemático”. A
alfabetização matemática, portanto, como fenômeno que trata da compreensão, da
interpretação e da comunicação dos conteúdos matemáticos ensinados na escola, todos
como iniciais para o discurso matemático. Ser alfabetizado em matemática é então
compreender o que se lê, escreve e compreende a respeito das primeiras noções da
lógica, da aritmética e da geometria. Danyluk afirma que a “ênfase dada às letras” pelos
professores nas séries iniciais, também se encontra presente na ideia de que as crianças
precisam aprender a ler e a escrever para então aprender matemática.
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Nessa visão, Danyluk (1999, p. 289) afirma que:
[...] a Matemática é vista por muitas pessoas como ciência que alguns
podem construir e da qual podem desfrutar, restando àqueles que não
são gênios a busca de um esforço incomparável do pensamento para
entender esse conhecimento mostrado por asserções intocáveis ou,
então, o imediato afastamento de tudo aquilo que solicite matemática.
Para a autora, a leitura e a escrita não são atos exclusivos à língua materna.
Abrange as formas humanas de inferir, elucidar e depreender o mundo. A matemática é
uma linguagem que apresenta códigos e um sistema de comunicação e de representação
da realidade, construído ao longo de sua história, tal como o conjunto de línguas.
Todavia não é outra língua.
Os momentos de criação da escrita para Vygotsky (2009) são privilegiados, pois
envolvem mecanismos da imaginação criativa, os quais resultam das vivências
elaboradas através das informações captadas fora e dentro da escola. Para que a criança
possa criar em seus registros escritos, suas experiências precisam ser ampliadas, para
que esta tenha bases suficientemente sólidas para a sua atividade de criação.
É importante que a oralidade neste período de alfabetização tenha espaço
garantido, pois ouvindo suas histórias, argumentações, dúvidas, curiosidades e
interesses, oportuniza-se o diálogo e abre-se espaço para as intervenções em lacunas,
nas quais, não seria possível, se o ambiente formador/alfabetizador fosse pautado no
silêncio. Da mesma forma que a criança aprende a expressar seu conhecimento de
mundo através da fala, pode também expressar sua visão sobre si e sobre os outros,
através do registro escrito.
A escola pode e deve contribuir para que a criança se interesse pela vida a sua
volta, expressando estes conhecimentos através da escrita a ajudá-la a dominar os meios
para essa atividade. A escrita é uma atividade cultural e complexa e deve ser ensinada
como algo relevante para a vida (VYGOTSKY, 2010). Para criar com a palavra algo
próprio, é necessário que a criança tenha tido experiências de vida, tenha oportunidade
de falar e refletir a partir destas, e aprenda a analisar as relações que os homens
estabelecem entre si, para então adquirir novos conhecimentos relacionando com
aqueles que já possuem e então criar algo novo. O maior estímulo para a criação infantil
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é organizar um ambiente que permita gerar necessidades e possibilidades de
aprendizagem, para essa criação.
De acordo com as discussões nos cadernos do PNAIC, o ambiente de sala de
aula deve ser alfabetizador. Isto significa que além dos materiais que remetam à função
social da matemática, das brincadeiras e das expressões culturais da infância, o
ambiente alfabetizador deve estar alicerçado em uma metodologia dialógica, onde seja
possível expor as dúvidas e dificuldades para que os colegas e o professor possam
colaborar com estratégias na busca de alternativas, bem como apreciar a exposição das
conquistas.
As situações de aprendizagem da linguagem matemática propostas em sala de
aula devem propiciar práticas inclusivas e colaborativas, nas quais as crianças possam
manipular objetos, desenhar, construir e desconstruir sequências, comparar, medir,
classificar, quantificar e prever situações, resolver problemas argumentando e
defendendo seu ponto de vista, a partir do uso de jogos, livros de literatura, situações do
cotidiano, favorecendo assim, a troca e a construção de conhecimento dos saberes
matemáticos vivenciados durante a infância, que servirão de base para elaboração de
conceitos mais universais.
O professor alfabetizador deve ser aquele que mantém diálogo com as diferentes
áreas do conhecimento, assim como do universo da criança, que seriam os jogos e as
brincadeiras. Para Vianna e Roulkoski, os jogos e as brincadeiras oportunizam o
aprendizado da matemática na perspectiva do letramento. “Recorrer aos jogos,
brincadeiras e outras práticas sociais nos trazem um grande número de possibilidades de
tornar o processo de Alfabetização Matemática na perspectiva do letramento
significativo para as crianças” (BRASIL/MEC, 2014, p.25).
Os papéis desempenhados pelo jogar e brincar na alfabetização matemática são
discutidos por Muniz (BRASIL/MEC, 2014) destacando que os elementos como regra,
estrutura do material e o mundo imaginário devem se levados em conta para favorecer a
aprendizagem matemática. Para ele, o jogo desencadeia a curiosidade, o desejo de
resposta, a contestação ou aceitação da regra, de negociação entre os jogadores, a
reflexão sobre a ação.
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Na dimensão lúdica dos jogos destaca-se também o ouvir, contar e ler para as
crianças. Ao ouvir e contar histórias, a criança desenvolve o prazer pela leitura, a
fantasia e a imaginação, não só no momento que a leitura acontece, mas desenvolve sua
capacidade criadora para produção de seus próprios textos (BRASIL/MEC, 2012).
Tahan destaca que as histórias desenvolvem o poder de observação, imaginação
e emoção, treinam a memória, exercitam a inteligência e a lógica, e intensificam e
estendem as relações sociais das crianças. Para o ensino da língua, particularmente, elas
enriquecem a experiência, desenvolvem a sequência lógica dos fatos, dando um sentido
à ordem e esclarecem o pensamento, fixam e ampliam o vocabulário da criança, dão
formas às expressões da linguagem infantil. “Ora a narração de uma história constitui,
sem a mínima dúvida, tarefa educativa da mais alta significação” (TAHAN, 1957, p.
67).
Diante disso, a Alfabetização Matemática na perspectiva do letramento significa
muito mais que saber ler e escrever todas as palavras e números. O sujeito alfabetizado
lê em diferentes situações sociais. Domina os conhecimentos em relação à linguagem,
possui conhecimento de outras disciplinas, assim como os conhecimentos da
matemática e se utiliza de diferentes gêneros textuais para comunicar e adquirir
conhecimentos de forma criativa e crítica.
Metodologia utilizada para análise dos dados
O presente estudo caracteriza-se como uma pesquisa investigatória; e a
metodologia adotada nesta investigação é de caráter qualitativo. Os dados apresentados
foram coletados através dos depoimentos dos profissionais e são parciais, visto que esta
formação ainda está acontecendo nos municípios do Estado do Paraná.
O principal instrumento utilizado na pesquisa foi a coleta de depoimentos
escritos por Professores Alfabetizadores e registros de observações feitas pelas
pesquisadoras do município de Campo Largo – PR, apresentados durante os encontros
de formação, presenciais e a distância.
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As primeiras impressões acerca do curso de formação:
O PNAIC Língua Portuguesa em 2013 apresentou um resultado significativo no
município de Campo Largo, quer seja na mobilização dos professores para os estudos,
quer seja no progresso em relação ao desenvolvimento da aquisição da escrita dos
nossos alunos. Gerou-se uma grande expectativa em relação ao PNAIC Matemática,
pois o ensino de matemática, na ótica dos professores, ao longo dos anos apresentou um
moroso processo na contextualização dessa área do conhecimento.
A formação dos Professores Alfabetizadores a partir dos cadernos de
Matemática, no município de Campo Largo, teve início no dia 1° de abril, no Anfiteatro
do Colégio Estadual Sagrada Família, em um momento coletivo, necessário para que o
primeiro debate fosse em conjunto. A partir de uma reflexão sobre o caderno de
Apresentação, o qual norteia a proposta do PNAIC Matemática, em consonância com o
PNAIC Língua Portuguesa, os Professores Alfabetizadores construíram as suas
primeiras impressões acerca da Alfabetização Matemática, na perspectiva do
letramento. A Orientadora de Estudos, Ana Simone Garrett Sampaio manifestou o seu
otimismo:
Tenho certeza que, assim como em Língua Portuguesa, também em
Matemática, aprenderemos muito e poderemos colaborar para a
melhora da Educação em nosso município.
A maioria dos professores cursistas de 2013, do PNAIC Língua Portuguesa
permanece no grupo. Entretanto, há professores iniciantes dispostos a estudar e repensar
a sua prática nos anos iniciais do ensino fundamental. Todos certamente contribuirão
com suas experiências. São eles os atores, que no cotidiano, interagem com as crianças
e mediam os processos de aprendizagem.
O segundo encontro aconteceu no dia 22/04, na Escola Municipal Reino da
Loucinha, sede do curso de formação no município, que por ser a mais central, dispõe
de ambiente adequado para a formação. Os Professores Alfabetizadores, conforme o
ano escolar de atuação foram divididos em 9 turmas, a fim de que a partilha de
vivências se torne significativa. O número de participantes é maior nas turmas de
professores regentes do 1° ano, pois a demanda de alunos no 1° ano do ensino
fundamental é maior.
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Após um momento de interação para que todos os professores que compõem
cada uma das 9 turmas se apresentassem, houve a discussão do caderno 1 “Organização
do Trabalho Pedagógico”, que propõe, como nos cadernos vindouros, proporcionar ao
professor um repertório de saberes que possibilite desenvolver práticas de ensino, que
favoreçam práticas de ensino de matemática que favoreçam as aprendizagens dos
alunos. O cerne das discussões foi a Alfabetização Matemática na perspectiva do
letramento, e sua relação com o conhecimento matemático da criança antes de sua
inserção no âmbito da escola. Os professores apontaram a necessidade de rever a prática
do ensino de Matemática, já que um dos objetivos é compartilhar vivências de
professores que buscam garantir os Direitos de Aprendizagem de Matemática de todos
os alunos, conforme afirmam a Orientadora de Estudos Mônica Dalponte Ukasinski e a
Professora Alfabetizadora Ilka Sarnick:
Hoje aconteceu o primeiro encontro referente à unidade 01 em Campo
Largo. Foi bom rever as alfabetizadoras, empolgadas em conhecer um
pouco
mais
sobre
a
temível
Matemática.
Percebi em seus relatos muitos traumas devido à Metodologia e
encaminhamento vivido na idade escolar. Quero poder ajudar a
transformar isso tudo em alegria e entusiasmo em ensinar Matemática.
Infelizmente percebi que algumas professoras possuem uma certa
"aversão" a essa área, sendo que um pequeno grupo não tem nenhum
tipo de lembrança do tempo de alfabetização.. Conversamos muito
sobre a Alfabetização Matemática na perspectiva do Letramento e
refletimos sobre o nosso tempo histórico e a necessidade de trabalhar
de forma significativa.
Fiquei feliz, ansiosa na expectativa de aprender jogos para trabalhar
com minha turma, sendo que já tenho uma caixa de jogos que fiz e
trabalho com eles. Bom, enfim foi um encontro bom, cheio de
vontades, preocupações na questão de conseguir, pois nossas vidas são
tão cheias de compromissos, mas até nisso precisamos administrar
nosso tempo.
Houve uma reflexão eloquente sobre o texto da p. 6, do caderno, “Organização
do trabalho pedagógico para a alfabetização matemática”, da autoria de Adair Nacarato,
Carmen Passos e Regina Grando. Os professores levantaram como relevantes: direitos
de aprendizagem, função social da matemática, diferentes formas de planejamento, a
alfabetização matemática e a aprendizagem colaborativa. As professoras regentes do 3°
ano Danielle Oliveira e Rita Vieira estiveram muito motivadas:
. A leitura compartilhada do texto, com as diferentes formas de
apresentar, foi realmente muito inteligente!
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O primeiro encontro sempre é de muita expectativa: sala, colegas,
metodologia da professora (por mais que a conheçamos). E neste não
foi diferente e creio que a superamos pois as colegas são parceiras,
incluindo as novas, a sala (escola) diferente, mas sempre precisamos
nos impulsionar ao novo e as atividades propostas e desenvolvidas no
primeiro dia foram muito bem aplicadas e proveitosas, principalmente
a colcha de retalhos e o livro Para começar - nos fazem refletir sobre
as nossas maneiras de ver o mundo, nossas atitudes diante do que
estamos vivenciando.
Os
professores
ressaltaram
a
relevância
de
um
bom
planejamento,
contextualizado, lúdico e contemplando os eixos estruturantes da matemática.
Apontaram também a necessidade de um ambiente matemático alfabetizador, com
material visual e manipulável, e a presença de leitura de obras literárias na rotina de sala
de aula. Através do depoimento da Professora Alfabetizadora Lidiane Wilcek Borges,
percebe-se essa necessidade:
Tudo que foi visto nesta primeira aula foi muito válido, mas para mim
a dinâmica da "Colcha de retalhos" mexeu com o meu emocional, pois
ao mesmo tempo que aquela quantidade de palavras nos deixou
assustadas, pensando será que posso tudo isso, a reflexão nos deixa
fortes. Interessante, que a dinâmica casou direitinho com a história
lida como deleite “Colcha de retalhos”. Como gostamos de ouvir
histórias, precisamos ler e contar histórias para as crianças.
Ana, Mônica, Ilka, Danielle, Rita e Lidiane, professoras empenhadas no
exercício de sua profissão, na busca por formação continuada e pela garantia dos
direitos de aprendizagem de seus alunos. A partir dos depoimentos dos docentes sobre a
formação inicial do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa – PNAIC
Matemática, em Campo Largo – PR, intui-se que os envolvidos nesse processo estão
motivados e engajados com a aprendizagem de seus alunos. Dessa forma, a formação
continuada promove momentos de interação e visa otimizar práticas lúdicas e
contextualizadas.
O PNAIC Matemática apenas iniciou. No decorrer do ano e através de
cronograma pré-estabelecido, as discussões acerca da Alfabetização Matemática darão
sequência aos estudos. Pretende-se que por meio de muitas discussões, os eixos
estruturantes do ensino de matemática sejam contemplados e os direitos de
aprendizagem de nossas crianças sejam garantidos.
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Referências
BRASIL, Ministério da Educação – Secretaria da Educação Básica. Elementos
conceituais e metodológicos para definição dos direitos de aprendizagem e
desenvolvimento do ciclo de alfabetização (1.o , 2.o e 3.o anos) do ensino
fundamental. Brasília, 2012.
BRASIL, Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional.
Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa: Apresentação. Brasília: MEC, SEB,
2014.
BRASIL, Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional.
Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa: Organização do trabalho
Pedagógico. Brasília: MEC, SEB, 2014.
BRASIL, Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional.
Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa: Quantificação Registros e
Agrupamentos. Brasília: MEC, SEB, 2014.
BRASIL, Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional.
Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa: Construção do Sistema de
Numeração Decimal. Brasília: MEC, SEB, 2014.
DANYLUK, O.S. Alfabetização matemática: o cotidiano da vida escolar. 3ed. Passo
Fundo: UPF, 1993.
FONSECA, M. da C.. F. R. Alfabetização Matemática. In: Caderno de Apresentação.
Brasília: MEC, SEB, 2014.
MALBA, T. A arte de contar histórias. Rio de Janeiro: Conquista, 1957.
MUNIZ, C. Papéis do brincar e do jogar na Alfabetização Matemática. In: Caderno de
Apresentação. Brasília: MEC, SEB, 2014.
VIANNA, C. R.; ROULKOSKI, E. A Criança e a Matemática escolar. In: Caderno de
Apresentação. Brasília: MEC, SEB, 2014.
VYGOTSKY, L.S. A Formação Social da Mente: o desenvolvimento dos processos
psicológicos superiores. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
________________. Imaginação e criação na infância. São Paulo: Ática, 2009.
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