ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS Unidades 01 e 02 Introdução Histórico Definições básicas Funções Básicas e Auxiliares Terminologia Fluxograma Custos e Valores Estrutura Arranjos ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS Histórico • Maneira mais rudimentar – troca: caça/utensílios • Mais adiante: trocas mercantis • Advento da Revolução Industrial: Humano • Empresas de forma geral: França Produzir Estocar Trocar Suíça • Segunda Guerra: Retomada doBrasil conceito Logística ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS • É o planejamento, direção, controle e coordenação de todas aquelas atividades ligadas às aquisições de materiais e estoques, desde o ponto de sua concepção até a introdução no processo fabricação. Ela começa com a determinação da qualidade do material, a tempo de atender a procura dos clientes no prazo marcado e a um preço mais baixo. (L. J. de Rose). ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS • É um conjunto de atividades com a finalidade de assegurar o suprimento de materiais necessários ao funcionamento da organização, no tempo correto, na quantidade necessária, na qualidade requerida e pelo melhor preço. – Antes do tempo correto – estoques altos, acima da necessidade da empresa; – Após o tempo correto – falta de material para atendimento das necessidades; – Além da quantidade necessária – representam imobilizações em estoque ocioso; – Sem atributos de qualidade – acarreta custos maiores oportunidades de lucros não realizados; – Aquém da quantidade necessária – podem levar à insuficiência de estoques. ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS O abastecimento deverá se processar em conformidade com os seguintes parâmetros ou requisitos básicos: ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS ATRIBUIÇÕES: • Suprir a empresa de todos os materiais necessários; • Manter um cadastro de fornecedores; • Sistemas de reaprovisionamentos adequados; • Adquirir materiais na especificação e quantidade desejada; • Elaborar inventários; • Obter resultados otimizados: • Ponto de vista econômico • Ponto de vista estratégico FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS PLANEJAMENTO CONTROLE MATERIAIS DESENVOLV. DO PRODUTO. INSPEÇÃO QUALIDADE AVALIAÇÃO INDUSTRIAL HABILITAÇÃO DE FORNECEDORES CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAL TRANSPORTE DE MATERIAL ADMINIST. DE MATERIAIS INVENT.ÁRIO DE MATERIAL PROGRAMAÇÃO DE MATERIAL ARMAZENAMENTO DE MATERIAL AQUISIÇÃO SIMPLES AQUISIÇÃO ESPECIAL ALIENAÇÃO DE MATERIAL ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAL AQUISIÇÃO DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL CONSTITUIÇÃO DO SISTEMA DE SUPRIMENTOS SUB-SISTEMAS DESENV. DO PRODUTO INSPEÇÃO E QUALIDADE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL HABILIT. DE FORNECEDOR AVALIAÇÃO INDUSTRIAL CONSTITUIÇÃO DO SISTEMA DE SUPRIMENTOS SUB-SISTEMAS PROGRAM. DE AQUISIÇÃO AQUISIÇÃO SIMPLES AQUISIÇÃO CONSTITUIÇÃO DO SISTEMA DE SUPRIMENTOS SUB-SISTEMAS AQUISIÇÃO ESPECIAL PLANEJ. CONTROLE MATERIAL ALIENAÇÃO DE MATERIAL CONSTITUIÇÃO DO SISTEMA DE SUPRIMENTOS SUB-SISTEMAS CLASSIF. DE MATERIAL ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAL INVENTÁRIO DE MATERIAL ARMAZ. DE MATERIAL TRANSPORTE DE MATERIAL SISTE PLANEJA MA MENTO MA E T S SI DAS VEN EM A E T S I S IDAD L A QU GE S MA D TÃO TE E RI AL SISTEMA FINANCEIRO S CO ISTE NT M A ÁB IL SISTEMA PRODUÇÃO SISTEMA MANUTENÇÃO SISTEMA DE CONTROLE DE QUALIDADE SISTEMA FINANCEIRO ORÇAMENTÁRIO CLASSIF. DE MATERIAL AQUISIÇÃO DE MATERIAL SISTEMA DE PRODUÇÃO CONTROLE DE ESTOQUE CONTROLE E DILIGENCIAM. GESTÃO DE MATERIAL ARMAZEN. DE MATERIAL SISTEMA DE PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO INSPEÇÃO DE MATERIAL MOVIMEN. DE MATERIAL SISTEMA DE VENDAS SISTEMA DE MANUTENÇÃO A LOGÍSTICA E A ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS Outro exemplo, entre tantos, que se destaca: • • • • Parte do Grupo Remaza desde 1988; Pioneira em terceirização do almoxarifado; Atua no mercado corporativo desde 1995; Mais de 1.000 corporações em parceria de fornecimento; A LOGÍSTICA E A ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS A LOGÍSTICA E A ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS Aspectos Produtivos - Cadeia Produtiva Grãos Rações Avós (machos e fêmeas) Raças manipuladas geneticamente Nascidas no Brasil nos principais playerrs e vendidas para todo pais Matrizes (pais) Indústria Pinto de um dia, ração Remédio e tecnologia 21 dias = pinto de 1 dia Abate e processamento Distribuição Fonte: www.egberto.cnt.br, em 24.03.2007 Integrado Engorda para abate após 40 dias = 2 Kg Independente -Concentra todas etapas da criação -Custos elevados Administração de Materiais (Uma justificativa da importância da Administração de Materiais - Dean S. Ammer) PRÓXIMO ANO CORRENTE 10% AUMENTO VENDA EXERCÍCIO 10% REDUÇÃO MATERIAIS VENDAS 1.000.000,00 1.100.000,00 1.000.000,00 Materiais 450.000,00 495.000,00 405.000,00 Mão-de-obra 200.000,00 220.000,00 200.000,00 Desp. Administr. 250.000,00 275.000,00 250.000,00 CUSTOS 900.000,00 990.000,00 855.000,00 LUCRO 100.000,00 110.000,00 145.000,00 Conclusão ... PRINCÍPIOS PARA FORMAÇÃO DE ESTOQUES • LOCAL DE PRODUÇÃO DIFERENTE DO LOCAL DE CONSUMO • TEMPO DE PRODUÇÃO DIFERENTE DO TEMPO DE CONSUMO • ESPECULAÇÃO ESTOQUES: PARADOXO GERENCIAL $ $ $ $ $ ESTOQUE $ $ $ $ ADMINISTRADOR MATERIAIS DE ADMINISTRADOR FINANCEIRO Ambos estão com a razão ! $ PRINCÍPIO A SER SEGUIDO • Estabelecer procedimentos metódicos para reabastecer a maioria dos itens. • A abordagem científica libera a tomada de decisão para concentrar o esforço do analista em situações excepcionais, onde a experiência é de grande benefício. • Assim, para ser eficaz, um sistema científico de reposição requer uma combinação harmoniosa de juízo humano e formulas matemáticas. TERMINOLOGIA • O que é Estoque? Uma certa quantia num determinado tempo. A medida que o tempo passa o estoque diminui. Quaisquer quantidade de bens físicos que sejam conservados, de forma improdutiva, por algum intervalo de tempo. • Estoque Físico (EF) É o estoque existente em si. (Estoque Ativo + Estoque Morto) (Estoque Dente de Serra - Literal) EF = ED + EE TERMINOLOGIA • Estoque Morto É o estoque que não sofre as alterações, conforme previamente planejado (previsto). Em determinadas empresas, pode ser a sucata ou peças paradas, ocupando espaço, sem consumo. * O Administrador deve eliminar com urgência esse tipo de estoque. • Estoque Disponível (ED) Quantidade disponível, sem embargo e que pode ser retirado para uso. ED = EF- EE TERMINOLOGIA • Estoque Morto É o estoque que não sofre as alterações, conforme previamente planejado (previsto). Em determinadas empresas, pode ser a sucata ou peças paradas, ocupando espaço, sem consumo. * O Administrador deve eliminar com urgência esse tipo de estoque. • Estoque Disponível (ED) Quantidade disponível, sem embargo e que pode ser retirado para uso. ED = EF- EE TERMINOLOGIA • Ponto de Pedido (Pp) É o nível de estoque no qual se deve proceder a um pedido de material, a fim de que o estoque não ultrapasse a faixa do estoque de segurança. É o nível de controle frente ao saldo em estoque monitorado. Quando a quantidade em estoque diminui chegando ao limite ou abaixo dele, adota-se a ação para o reabastecimento de estoque. O ponto de pedido geralmente é calculado com uma previsão durante o lead time de reabastecimento mais o estoque de segurança. (Ponto de Pedido Flutuante – ponto de pedido receptivo às mudanças na demanda ou às demandas no lead time). TERMINOLOGIA • Tempo de consumo TC e Tempo de Reaporivisonamento TR Tempo de Consumo pode ser influenciado por: Variação de programação Aumento de consumo Quebra de equipamento Refugos imprevistos Catástorfes, etc. Tempo de Reaprovisionamento pode ser influenciado por: Burocracia interna da empresa Dificuldades financeiras Política de governo Capacidade produtiva] Catástrofes, etc. TERMINOLOGIA • Estoque de Segurança ou de Proteção (ES - Emin) É a menor quantidade de um artigo ou item que deverá existir em estoque para prevenir qualquer eventualidade de emergência, provocada por consumo anormal ou atraso do prazo de entrega. Existe para evitar o Ponto de Ruptura. A importância de determinar criteriosamente o estoque de segurança, advém do fato da quantidade de material representado por esse título, em princípio, permanecer ociosa na empresa. (Estoque Mínimo é o estoque que vai ser consumido, em condições normais, durante o período ou tempo de ressuprimento) ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS TERMINOLOGIA Qual período? • Estoque Médio (Em) É a metade do estoque total calculado em determinado período de tempo. É a média aritmética simples das flutuações do estoque, consequentemente é em torno desse estoque que as operações de suprimento, ressuprimento e consumo se realizam. Em = q 1 + q 2 + ... + q n n ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS TERMINOLOGIA • Estoque de Recuperação São materiais que já foram utilizados (ou não), e que passarão por um processo, e serão (????!!!!) novamente incorporados ao estoque. • Estoque Teórico Estoque destinado aos cálculos ou previsões do controle de estoque. ET = E F - E E+C p ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS TERM INOLOGIA • Ponto de Chamada de Emergência É a quantidade de um item de estoque que ao ser atingida indica a necessidade de medidas especiais e excepcionais para entrega do item ou material comprado (ou a comprar), pois a ruptura do estoque é eminente. Costuma-se considera-lá como 50% do Estoque de segurança. • Ponto de Ruptura de Estoque É a inexistência do estoque de um determinado material. ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS TERMINOLOGIA • Demanda ou Consumo É a quantidade de material definida por métodos determinísticos baseados em dados conhecidos, compromissos assumidos) ou métodos probabilísticos - baseados em expectativas, normalmente obtidos através da análise estatística. Métodos Determinísticos Métodos Probabilísticos % acerto x custo % ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS TERMINOLOGIA Qual período? • TAXA DE ROTAÇÃO DE ESTOQUE É o número em percentual que indica quantas vezes o Estoque Médio é entregue em determinado período. TR = Σ Quant. Entregue EM Giro = Consumo EM Éa relação que existe entre o consumo e o estoque médio ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS TERMINOLOGIA • TAXA DE ROTAÇÃO DE ESTOQUE Ao analisar a TR deverá ser observado: - com quantos itens a empresa trabalha; - a valorização dos mesmos; * A atenção dos ADMINISTRADORES concentra-se no dimensionamento do Em. ADM INISTRAÇÃO DE M ATERIAIS TERMINOLOGIA • COBERTURA DE ESTOQUE É o número dado em unidade de tempo que indica quantos períodos o estoque suporta o consumo sem o reaprovisionamento. CE = Quant. Estoque D * Cada produto tem um tempo peculiar de entrega, pode-se dizer que a Cobertura de Estoque leva em conta esse aspecto. ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS TERM INOLOGIA • TAXA DE FALTA OU NÃO ATENDIMENTO É o número em percentual que indica as vezes em que o estoque não atendeu a solicitação em determinado período de tempo. TF = Σ Solic. não atendidas Σ Solicitações D ADM IN ISTRAÇÃO DE MATERIAIS TERMINOLOGIA • TAXA DE FALTA OU NÃO ATENDIMENTO A Taxa de Falta ou não Atendimento está vinculada diretamente ao número de itens em estoque. Quanto maior o número de itens em estoques, menor deverá ser o percentual admitido. *Analisar o significado desta falta pela importância do material: Estratégico Não Estratégico ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS qtde. P R L E M L/2 E S ES ES + L / 2 lote TR ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS Estoque (QTD) Unid. E.máximo Tx 0 Q D PP Q PP E. médio E.seg. TR IP Intervalo entre Pedidos Modelo de Reposição Contínua ou Lote Padrão Fonte: www.saude.sc.gov.br (Prof. Moacir Fogaça, em 17.03.2007) Tempo E médio = E max / 2 E. Máximo = ES + Q P. P = (Tx x TR) + Es IP = Tt / n n=D/Q ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS GESTÃO ECONÔMICA DOS ESTOQUES É, basicamente, o ato de gerar recursos ociosos possuidores de valor econômico e destinados ao suprimento das necessidades futuras de material. Visa o gerenciamento dos estoques por meio de técnicas que permitam manter o equilíbrio com o consumo, por meio de parâmetros e níveis de ressuprimento e acompanhando sua evolução. ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS Custo de Estoque Todo e qualquer armazenamento de material gera determinados custos que podem ser agrupados em diversas modalidades. 1. Custos de capital – juros, depreciação, etc.; 2. Custos com pessoal – salários, encargos sociais, etc.; 3. Custos com edificação – aluguel, impostos, energia, conservação; 4. Custos com manutenção – deterioração, obsolescência, equipamento. ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS Custo de Estoque Existem 2 variáveis que alimentam estes custos, que são a quantidade em estoque e o tempo de permanência em estoque. Grandes quantidades em estoque somente poderão ser movimentados com utilização de mais pessoal ou então, com o maior uso de equipamentos, tendo como conseqüências a elevação destes custos. No caso de um menor volume em estoque, o efeito é exatamente o contrário. Todos estes custos relacionados podem ser chamados de custos de armazenagem. São calculados baseados no estoque médio e geralmente indicados em % do valor em estoque. ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS Custo de Armazenagem Entre os tipos de custos que afetam de perto a rentabilidade de uma empresa, é o custo decorrente da estocagem e armazenamento dos materiais que, sem dúvida nenhuma, está merecendo muita atenção. Até bem pouco tempo, poucas empresas se preocupavam com seus estoques. A guarda, a movimentação e a estocagem de materiais eram de responsabilidade exclusiva do almoxarife, cujo setor de trabalho sempre foi considerado de menor importância, ficando obviamente em primeiro lugar a produção. ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS Custo de Armazenagem Com o aumento da produção (após 2ª Guerra Mundial e Era da Automação). Os custos de fabricação baixaram, mas os problemas começaram a surgir na área de estocagem, pois houve também um aumento no consumo de materiais. A importância da indústria veio a confirmar a importância da estocagem. ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS Custo de Armazenagem = Q/2 x T x P x i Onde: Q = Quantidade de material em estoque no tempo considerado P = Preço unitário do material i = Taxa de armazenamento, expressa geralmente em termos de porcentagem do custo unitário. Pode também ser expressa em $. T = Tempo considerado de armazenagem. ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS Custo de Aquisição - Ca São despesas administrativas para aquisição do material necessário. I – Mão-de-Obra Salários e encargos Gerente de compras Compradores Diligenciadores Secretarias Auxiliares Motorista Boy Total de Mão-de-Obra II – Material Papel Tinta p/ impressora Caneta Envelopes III – Custo Indireto Telefone Energia Correios Reprodução Viagens Área ocupada Impressoras Total de Material Total Custos Indiretos ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS Custo de Aquisição - Ca Custo de Aquisição = Ca = Cmm x A q Onde: Ca = custo de Aquisição Cmm = consumo médio mensal A = custo de uma aquisição q = quantidade adquirida ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS Custo Total - Ct Ct = Ce + Ca = Q/2 x T x P x i + Cmm x A q Custos Ct Lote Econômico: Ce Ca Le Quant ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS CUSTOS Ponto de Menor Custo Total CUSTO TOTAL CUSTO DE ARMAZENAGEM CUSTO DE AQUISIÇÃO 0 LOTE ECONÔMICO QUANTIDADES ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS Lote Econômico de Compra = LEC LEC 2 Cmm x A PiT Onde: Cmm – Consumo médio mensal A – custo de aquisição ou compra P – preço ou valor do produto T – taxa de custo ou de posse O Lote Econômico de Compra (LEC) é a quantidade ideal que a empresa deve comprar de determinado material para que o seu custo de estocagem seja o mínimo possível. O novo profissional de compras Uma conta simples, base do resultado financeiro de qualquer empresa, explica a ascensão de uma categoria profissional que, por muito tempo, ficou restrita aos escalões intermediários: a dos profissionais de compras. O cálculo lucro é igual a receita menos despesas ganhou ainda mais evidência num momento em que as empresas gastam, em média, o equivalente a 40% do seu faturamento com a aquisição de matéria-prima, produtos e serviços. "É uma conta de padeiro, que mostra que o custo tem impacto direto no resultado da companhia. Um dólar economizado em compras de equipamentos, serviços ou bens, por exemplo, é 1 dólar a mais de lucro", explica Martha Verçosa, diretora de compras para a América Latina da EDS - Eletronic Data Systems e presidente do Conselho Brasileiro dos Executivos de Compras. Essa conta também permite entender as reestruturações que atingiram gigantes de todos os setores, do petróleo ao entretenimento, das telecomunicações à indústria química. Mudanças essas que, entre outras coisas, colocaram sob os holofotes profissionais que há alguns anos ficavam escondidos nos galpões de estoques. É o caso, por exemplo, de empresas globais como Chevron-Texaco, Sony, Motorola e DuPont, que chegaram até a criar um cargo com nome imponente para o profissional de compras, o de CPO, ou chief procurement officer. Nas companhias que não adotaram a sigla, também é possível detectar uma crescente preocupação em valorizar o executivo responsável pela aquisição de matérias-primas, bens e serviços. "Em vez de nos reportarmos a um CFO (chief financial officer) ou a um vice-presidente, cada vez mais nos reportamos diretamente ao presidente", afirma Martha. "Compras deixou de ser uma área de suporte, meramente operacional. Agora faz parte da estratégia das empresas." Três headhunters entrevistados por VOCÊ S/A confirmaram o aumento da demanda por profissionais da área e concordaram inclusive em relação às companhias que mais buscam a especialidade. "Três grandes indústrias têm demonstrado grande interesse pelo executivo de procurement, o CPO: o setor automotivo, tanto as montadoras quanto as fabricantes de auto-peças, telecomunicações e a indústria farmacêutica", afirma Luiz Valente, diretor da divisão de supplay chain e manufatura da consultoria Michael Page, especializada na contratação de executivos de nível intermediário. Já para os cargos de média gerência, a procura é indiscriminada e vem dos mais variados setores. "A procura é tão grande que tenho profissionais dedicados a entrevistar exclusivamente executivos da área de compras", diz ele. O resultado financeiro imediato explica o crescente poder dos CPOs, mas esta não é a única razão da valorização desses profissionais. "A área de compras não é uma foice que serve apenas para cortar custos. As empresas querem comprar valor, qualidade, diferencial", explica Luiz Carnier, consultor e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV-Eaesp) e da Business School São Paulo (BSP). Por DALEN JACOMINO - VOCÊ S/A - 2004