SCHIAVON, L. M.; NISTAPICCOLO, V. L. DESAFIOS DA
GINÁSTICA NA ESCOLA. IN:
MOREIRA, E. C. (ORG.)
EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR:
DESAFIOS E PROPOSTAS 2.
JUNDIAÍ: FONTOURA, 2006.
Luciano Nascimento Corsino
Leandro Pedro de Oliveira
Luiz Sanches Neto
RESUMO
Tema: Ginástica;
 Melhor formação de professores;
 Tratar o tema a partir das três dimensões de
conteúdo;
 Atualmente falta conhecimento para os professores;
 Os aspectos de estrutura física não são o maior
problema para o trato deste tema;
 Tratar do tema de uma maneira pedagógica;
 Dividir a atividade em partes;
 Do simples para o complexo (ação facilitadora – ação
dificultadora).

DESAFIOS DA GINÁSTICA NA ESCOLA



O artigo apresenta uma discussão atual sobre a
aplicação da Ginástica no ambiente escolar a
partir de pesquisas que abordam esse tema;
Utilizou-se de relatos de alguns professores,
expressos na pesquisa de Schiavon (2003),
apontando as dificuldades encontradas no
trabalho com Ginástica Artística (GA) e Ginástica
Rítmica (GR) na escola;
Atualmente, a ginástica, como conteúdo de
ensino, praticamente não existe mais na escola
(AYOUB, 2003, p. 81).


Alguns autores apontam a falta de materiais
específicos, a deficiência de espaço adequando a essas
práticas e falhas na formação profissional, como as
principais razões da Ginástica não ser contemplada
na escola (p.35);
Nista-Piccolo (1988), ao realizar uma pesquisa em
escolas Municipais, Estaduais e Particulares, com o
objetivo de investigar sobre o conhecimento dos
professores e as condições das escolas para a prática
da Ginástica, constatou que haviam materiais, mas os
professores não desenvolviam a modalidade.


Polito (1998), reproduzindo a pesquisa de NistaPiccolo (1988), ao investigar as dificuldades de
aplicação da Ginástica, declara que a justificativa
da não utilização da ginástica, centrava-se mais
na falta de conhecimento dos professores em
relação à Ginástica do que em falta de materiais;
Ayoub (2003, p. 82), ressalta que a imagem do
alto nível competitivo das modalidades gímnicas
esportivizadas pode desmotivar os professores a
ensinar percebid como uma execução
extremamente difícil.
 Não
se pode exigir que todos os alunos
tenham um desempenho equivalente
àquele expressado no alto nível
competitivo, com precisão na execução de
seus elementos, requerendo posições
corporais distantes das ações cotidianas,
habilidades diferentes como são as
acrobacias e os manejos de aparelhos. (p.
36-37)
A
iniciação e vivência da modalidade,
quando tratada de maneira
pedagógica adequada, vão enfatizar as
movimentações básicas da criança,
como os movimentos fundamentais
locomotores, manipulativos e
estabilizadores, o que é possível para
crianças a partir de 2 anos segundo
Gallahue (2001). (p.37)



As autoras constatam que os professores não
conseguem compreender a Ginástica além do
ambiente esportivo, levando a pensar na
existência de possíveis falhas na formação
profissional (p.38);
Um possível fator que contribui para esta
situação é a formação muitas vezes equivocada
dos graduandos (futuros professores), devido à
visão tecnicista de seus docentes (p. 39);
O que falta é conhecimento sobre o tema.


“O que falta na escola, muitas vezes, não é material,
é criatividade. Ou melhor, falta o material mais
importante. Essa tal de criatividade nunca é
ensinada nas escolas de formação profissional”
(Freire, 2004, p.67);
Em muitos cursos de graduação falta a prática
pedagógica, a vivência do “ensinar Ginástica” para
crianças e adolescentes, de modo que se pudesse
reconhecer as reais dificuldades em trabalhar com o
conteúdo gímnico.

Exemplo de aproximação com a realidade escolar:
•
Projeto de extensão com as crianças da comunidade (p.41)
AS REAIS DIFICULDADES DO DESENVOLVIMENTO
DAS AULAS DE GINÁSTICA
Com o objetivo de propor atividades
gímnicas adequadas à realidade do
professor na escola, foi realizada uma
pesquisa (Schiavon, 2003) na região de
Campinas, o intuito era verificar as
dificuldades durante o
desenvolvimento de aulas de GA e
GR.



Foi oferecido um curso de atualização para os
professores (p. 41);
Antes de iniciar o curso, foram realizadas entrevistas,
investigando quais eram as expectativas dos
professores em relação ao curso, 58% das respostas
apontavam para a falta de conhecimento para ensinar
os conteúdos da Ginástica (p. 41);
Durante a pesquisa foi constatado que os professores
conseguem iniciar o ensino dos movimentos básicos,
mas não conseguem elaborar procedimentos que
possam facilitar o aprendizado dos elementos
fundamentais da Ginástica (p. 42).



Um outro problema encontrado estava relacionado ao
conteúdo, foi a dificuldade de estabelecer uma
hierarquia na aprendizagem dos elementos (p.42);
No decorrer da pesquisa, foi constatado que muitos
professores reproduziam os procedimentos aprendidos
em seus cursos de formação profissional, nos quais
eram enfatizadas as práticas desportivizadas (p.43);
Os PCN, Brasil (1998, p. 75), abordam os conteúdos
curriculares de uma forma mais ampla, ressaltando a
importância de ir além dos conteúdos procedimentais,
assim, abordando os conteúdos atitudinais e
conceituais (p. 43-44).
 Percebemos
ainda, nessa pesquisa, que além
da formação de professores estar vinculada à
visão competitiva das modalidades
esportivas, ela não consegue oferecer
conteúdo técnico mais aprofundado de várias
modalidades esportivas, ou seja, os
professores só ensinam o que sabem ensinar,
não o que os alunos precisam aprender;
O
professor deve ser um mediador (p. 45).
 Conteúdos
•
procedimentais:
Ao ensinar o rolar, é possível oferecer um amplo
conhecimento sobre as diferentes possibilidades
de rolar, é preciso permitir que a criança explore
as diferentes maneiras de rolar o seu corpo a
partir das dicas que vão sendo propostas,
ultrapassando as formas características de
algumas modalidades, como rolar para frente e
de costas em devidas posturas. (p. 46)
 Conteúdos
•
Conceituais
Podem ser trabalhados simultaneamente com os
conteúdos procedimentais, pois assim o aluno
pode compreender o conceito do tema proposto
durante o próprio desenvolvimento das aulas.
Dessa forma, terá possibilidades de criar
diferentes ações sobre o tema. Se um professor
pretendo ensinar o “Rolar”, ele pode iniciar o
tema perguntando às crianças “sobre as coisas
que rolam”. (p. 46)
 Conteúdos
•
Atitudinais:
Com temas da Ginástica no contexto escolar,
conforme o método utilizado, é possível
desenvolver atitudes cooperativas e de respeito
aos diferentes alunos. O professor deve respeitar
o diferente nível de habilidade dos alunos,
proporcionando atividades mais complexas para
os que possuem maior nível e menos complexas
para os que possuem menor nível de habilidade.
(p. 47)



A partir do curso oferecido, muitos professores de
todos aqueles que se dispuseram a participar do
estudo, resolveram aplicar a Ginástica em seus
conteúdos curriculares, nas escolas em que atuavam
(p.47);
Mesmo com todos os problemas relacionados à
formação insuficiente dos profissionais, foi possível
observar o desenvolvimento das Ginásticas sendo
ensinado para muitas crianças;
Foram feitas observações em relação às dinâmicas
desenvolvidas nas aulas, bem como dos
acontecimentos em relação às dificuldades que ali
emergiam. (p. 48)


Este estudo permitiu perceber que a baixa
frequência de conteúdos da GA e da GR nas
escolas deve-se não apenas à falta de condições
físicas, como espaço adequado, falta de materiais
etc. Mas sim, o que os impede é o medo de
machucar as crianças por não saberem a forma
correta de segurar nas acrobacias, por não terem
vivenciado estes fundamentos em suas trajetórias
acadêmicas. (p. 48);
Muitos professores manifestaram a importância
da Universidade propor diferentes cursos de
atualização, enfatizando o prazer que lhes deu ter
participado dessa pesquisa.
A
partir da manifestação dos profissionais,
foram apresentadas sugestões para a
implantação da GA e da GR nas aulas de
Educação Física como diretrizes de ação
pedagógica, surgindo alternativas em
relação a três tópicos no conteúdo dessas
modalidades: conteúdos desenvolvidos
em cada aula, objetivos propostos
para os conteúdos de cada aula e
educativos para o aprendizado dos
exercícios (48-49).
Ginástica
•
Artística:
Na GA essa divisão em ações é pautada nas
12 ações motores básicas dessa modalidade
pensadas por Leguet (1987, p. 13):
Aterrissar,
equilibras-se
Saltar
Girar sobre si
mesmo
Volteio
Balancear em
apoio
Primeiros
passos para
a atividade
Abertura e
fechamento
Balancear em
suspensão
Passar pelo
apoio invertido
Passagem
pelo solo (ou
trave
Equilibrar-se
Deslocar-se
bipedicamente
Passar pela
suspensão invertida
 Cada
ação básica apontada por esse autor
possibilita uma infinidade de outras ações,
trabalhadas de forma isolada ou
combinada, explorando ou direcionando
cada ação nos diferentes aparelhos dessa
modalidade, dependendo da faixa etária e
dos conhecimentos anteriores dos alunos.
(p. 49)
GINÁSTICA RÍTMICA






A GR é baseada nas ações que aparelhos dessa modalidade
possibilitam e foram sistematizadas, conforme apresentação
abaixo, por Toledo (1995, p. 26-30):
Arco: rotar, rolar, lançar, arrastar (ação complementar),
movimentar em oito, pensar (ação complementar), circundar,
passar sobre, balancear, passar por dentro, quicar (ação
complementar).
Bola: lançar, quicar, rolar, equilibrar, prensar (ação
complementar), movimentos em oito, circundar.
Corda: saltar, quicar, (ação complementar), saltitar, arrastar (ação
complementar), movimentos em oito, pegadas e solturas, envolver
o corpo (ação complementar), dobrar (ação complementar)
circundar, balancear, formar figuras (ação complementar), lançar,
girar.
Fita: espiral, impulsos, escapadas, envolver no corpo (ação
complementar), segurar a ponta da fita (ação complementar),
lançar, movimentar em oito, circundar, serpentina.
Maças: molinetes, rotar, lançar, circundar, bater, pequenos
círculos, rolar (ação complementar), balancear. (p. 49-50)


Algumas ações de manejo da GR são comuns a
todos os aparelhos específicos da modalidade como,
por exemplo: circundar, balancear, movimentos em
oito e lançar, sendo estas, as ações mais básicas de
manejo da GR, pois podem ser encontradas em
manejos de quaisquer dos cinco aparelhos: arco,
bola, fita, corda e maça (p.50);
Todas essas ações podem ser ensinadas de
maneira lúdica, desenvolvidas por meio de muitas
brincadeiras com a intenção de conquistar os
alunos à prática (p.50).
AÇÕES BÁSICAS DA GINÁSTICA ARTÍSTICA E DA
GINÁSTICA RÍTMICA NUMA MESMA AULA


•
As ações básicas podem ser encontradas em
ambas modalidades gímnicas apresentadas nesse
texto, e por essa razão podem acontecer numa
mesma aula (p. 50-51).
Exemplo:
Rolar, tanto o corpo pode rolar em diferentes materiais e
locais e de diferentes formas e posicionamentos como podese rolar algum material como o Arco, a Maça, a Bola ou
ainda rolar o corpo e rolar o aparelho ao mesmo tempo (p.
51)
 Os
conteúdos podem ser organizados
de maneira que nas séries iniciais
sejam exploradas as ações de forma
isolada, com diferentes materiais
locais, e, a cada novo ciclo ou série,
possa ser aumentado o nível de
complexidade das ações, combinando
umas com as outras. (p. 51)
A DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS DE CADA
AULA


É importante no planejamento que os objetivos de
cada aula estejam claros e que sejam possíveis de
serem atingidos (p. 51);
Ao final da aula, há o momento da tomada de
consciência sobre o que foi aprendido, neste
momento, o professor pode verificar se o objetivo
foi alcançado, caso não tenha sido alcançado, o
objetivo pode ser retomado em outras aulas, de
formas diferentes daquelas que foram
trabalhadas (p. 51).
EDUCATIVOS PARA O APRENDIZADO DOS
EXERCÍCIOS

•
•
•
Os educativos servem como processo do
aprendizado de movimentos em diferentes
modalidades esportivas, sendo importantes para:
Dividir o exercício em partes e facilitar o aprendizado dele,
ensinando cada parte do movimento de forma separada;
Utilização do espaço com materiais que facilitem a ação
proposta – “ação facilitadora”.
Utilização do espaço com materiais que dificultem a ação –
“ação dificultadora”.
ORGANIZAÇÃO DAS AULAS

Organizar o TEMA, os MATERIAIS, os
OBJETIVOS e os DIRECIONAMENTOS
oferecidos em cada aula para facilitar seu plano,
de forma mais detalhada (p. 53);
 Organização
das aulas de GA e GR com as
ações motoras a serem desenvolvidas
durante o decorrer das aulas (p.53).



A pesquisa teve como principal meta elaborar
diretrizes do trabalho de Ginástica na escola a
partir da realidade encontrada (p.58);
Pôde-se perceber que o maior problema é quanto à
capacitação e não problemas de estrutura física
(p.58);
Quando o professor sabe o conteúdo a ser ensinado
e como deve ensiná-lo, pode transformar suas ideias
numa prática possível, inclusive criando outras
alternativas para problemas de estrutura física na
escola. (NISTA-PICCOLO, 1998; POLITO, 1998).
 Portanto,
é necessário capacitar mais
profissionais, não só oferecendo
conhecimentos técnicos, relacionados
aos conteúdos dos diferentes temas da
Educação Física escolar, mas criando
possibilidades de transformação do
conhecimento para a escola.(p. 58)
Para o ensino da Ginástica Artística e da Ginástica Rítmica Desportiva na
escola, Schiavon e Nista-Piccolo (2006) sugerem a combinação de alguns
procedimentos didáticos.
Assinale a alternativa que expressa, corretamente, a sequência da
aplicação de tais procedimentos quando se trata do ensino de
educativos para o aprendizado de exercícios ginásticos.
(A) Ensinar o exercício de forma global; utilizar o espaço e materiais explorando-os em
ações dificultadoras; utilizar o espaço e materiais explorando-os em ações
facilitadoras.
(B) Ensinar o exercício parte por parte; utilizar o espaço e materiais explorando-os em
ações facilitadoras; utilizar o espaço e materiais explorando-os em ações
dificultadoras.
(C) Ensinar o exercício de forma global; utilizar o espaço e materiais explorando-os
sempre em suas ações dificultadoras.
(D) Utilizar o espaço e materiais explorando-os em ações dificultadoras; utilizar o
espaço e materiais explorando-os em ações facilitadoras; ensinar o exercício de forma
global.

Schiavon e Nista-Picollo, ao falarem sobre as dificuldades de se ensinar a
Ginástica Artística e a Ginástica Rítmica na escola, acreditam que quando os
conceitos não são compreendidos por parte dos alunos, partindo a aula
diretamente para a realização dos movimentos, suas descobertas,
provavelmente, ficam limitadas. Assim, partem do exemplo de que se o
professor pretende ensinar o movimento de “Rolar”, ele pode iniciar sua aula
perguntando a seus alunos sobre “as coisas que rolam”. E, em função dos
conhecimentos que trazem sobre os objetos que rolam é que se vai construindo
o conceito de rolar. A partir daí os alunos podem começar a experimentar
rolar com os seus próprios corpos, fazendo ou não uso de materiais.
Nesse exemplo evidencia-se que
(A) os conceitos atitudinais podem ser trabalhados com os conteúdos
procedimentais.
(B) os conceitos atitudinais independem de ser trabalhados com os conteúdos
procedimentais e com os conteúdos conceituais
(C) os conteúdos conceituais devem ser trabalhados independentemente dos
conteúdos procedimentais.
(D) os conteúdos conceituais podem ser trabalhados simultaneamente com os
conteúdos procedimentais.
(E) os conteúdos procedimentais podem ser trabalhados independentes dos
conteúdos conceituais
O estudo realizado por Schiavon e Nista-Picollo identificou que a
baixa frequência de conteúdos da Ginástica Artística e da Ginástica
Ritmica nas escolas não se deve apenas à falta de condições físicas
para o seu desenvolvimento, mas, fundamentalmente
(A) à falta de conhecimento dessas modalidades, o que remete a certo medo de
as crianças se machucarem por não haver o domínio da forma correta de
segurá-las nas acrobacias, uma vez que não vivenciaram tais práticas na sua
formação profissional.
(B) à falta de exigência da direção das escolas em cobrar do professor de
educação física o desenvolvimento de todas as modalidades esportivas
pertencentes ao conteúdo esporte.
(C) à falta de recursos materiais e a inadequação das instalações físicas.
(D) ao desinteresse por parte dos alunos em realizarem tais práticas, uma vez
que estes concentram seus interesses em outras práticas.
(E) ao desinteresse por parte do professor em não considerar tais conteúdos
esportivos importantes e necessários para a formação do aluno, uma vez que
desconhece a importância do ensino da ginástica artística e da ginástica
rítmica.
Pode-se afirmar que o aprendizado do manejo de diferentes
aparelhos da Ginástica Rítmica Desportiva pode ser promovido
concomitantemente porque existem ações que são básicas e comuns
a todos os aparelhos específicos da modalidade.
Essas ações são
(A) balancear; quicar; lançar; recuperar.
(B) circundar; balancear; quicar; realizar movimentos em oito.
(C) circundar; balancear; lançar; realizar movimentos em oito.
(D) lançar; recuperar; equilibrar; realizar movimentos em oito.
(E) quicar; recuperar; equilibrar; realizar movimentos pendulares.
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