A tecnologia na docência em línguas estrangeiras: convergências e tensões. Vera Lúcia Menezes de Oliveira e Paiva (UFMG/CNPq) Programa de Pós-Graduação- Estudos de Linguagens Disciplina: Ambientes Sociotécnicos para Ensino/Aprendizagem de Línguas Profa. Dra. Maria Raquel de Andrade Bambirra Aluna: Ludmila Ameno Ribeiro A TECNOLOGIA NA DOCÊNCIA EM LÍNGUAS ESTRANGEIRAS:CONVERGÊNCIAS E TENSÕES Vera Lúcia Menezes de Oliveira e Paiva (UFMG/CNPq) Neste texto a autora apresenta : uma discussão sobre as inovações tecnológicas na área de ensino de línguas estrangeiras na perspectiva da convergência e da tensão apresenta algumas políticas governamentais para a difusão e implementação das ferramentas digitais faz uma reflexão sobre as tensões presentes na história das tecnologias educacionais discute as implicações das transformações tecnológicas para a formação do professor e ressalta a importância da inserção desse componente nos currículos de cursos de formação informa sobre as ferramentas mais utilizadas e endereços eletrônicos para cursos gratuitos e tutoriais que podem ajudar os professores 1. Convergência de tecnologias O computador e seus periféricos, incluindo o telefone digital, em conexão com a Internet funcionam, hoje, como: -máquina de escrever -gráfica -editora -caderno -livro -arquivo -gravador -filmadora - câmera fotográfica, câmera de vídeo, -telégrafo -telefone -vídeo-conferência -correio -retroprojetor -cinema -rádio -televisão -jornal -tocador de música -videogame, -biblioteca -diário pessoal, -agenda .... e até mesmo como escola e sala de aula Renascimento Digital- Jenkins (2001) Disponível em:<http://www.theispot.com/whatsnew/2011/7/eugene-smith-digital-renaissance-fair.htm> Um período de transição e transformação Com a democratização tecnológica, cresce também o acesso de produção de textos. Graças à convergência das mídias, os leitores estão convergindo para a produção e leitura de : e-mails, textos em blogs, chat, pequenas mensagens no twitter, SMS, participação em fóruns e outros – Isso nos faz repensar nossos antigos conceitos do que é usar tecnologia na educação, pois nossos alunos são consumidores ativos dessas mídias. O conhecimento, atualmente, assume várias formas. Todos podem falar ao mesmo tempo de forma multimodal. No contexto administrativo escolar, a convergência fez-se sem tensões. As bibliotecas informatizaram seus sistemas de busca e pesquisa. A tecnologia e a escola A grande maioria das escolas já tem seus registros escolares informatizados. A caderneta eletrônica do professor e a matrícula on -line também já são realidades em muitos contextos. O acesso aos dados por alunos e pais pela Internet também já é algo costumeiro. O mesmo não pode ser dito do trabalho docente. Convergência nas políticas governamentais Os governos no mundo inteiro estão preocupados em possibilitar o acesso às tecnologias digitais a todas as camadas das populações, especialmente, no setor educacional. Dentre muitos outros, podemos citar: (1) projeto ENLACES do Chile, um projeto governamental de rede de comunicação e informação para o ensino primário e secundário e capacitação de professores iniciado em 1993; (II) o projeto World Links, iniciado em 1997 pelo Banco Mundial para apoiar países em desenvolvimento na política de inclusão digital de alunos e professores. (III) e as políticas do MEC no Brasil como o Banco Internacional de Objetos Educacionais, a Universidade Aberta do Brasil, o Portal da CAPES, a biblioteca virtual do Domínio Público e o ProInfo, dentre outras. Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo) criado em abril de 1997, para promover o uso pedagógico de Tecnologias de informática e Comunicações (TICs) na rede pública de ensino fundamental e médio Objetivos do PROINFO: Melhorar a qualidade do processo de ensino aprendizagem. Possibilitar a criação de uma nova ecologia cognitiva nos ambientes escolares mediante incorporação e adequação das novas tecnologias de informação pelas escolas. Propiciar uma educação voltada para o desenvolvimento científico e tecnológico. Educar para uma cidadania global numa sociedade tecnologicamente desenvolvida. As novas tecnologias da informação precisam ser aproveitadas pela educação para preparar o novo cidadão, aquele que deverá colaborar na criação de um novo modelo de sociedade, em que os recursos tecnológicos sejam utilizados como auxiliares no processo de evolução humana. É preciso diminuir a lacuna existente entre a cultura escolar e o mundo ao seu redor, aproximar a escola da vida, expandindo -a em direção à comunidade e tornando-a facilitadora das interações ente os atores humanos, biológicos e técnicos. Esse novo meio ecológico é composto pelas mentes humanas e as redes técnicas de armazenamento, transformação, produção e transmissão de informações. A meta é atender todas as escolas públicas urbanas até 2010. Tensões no trabalho docente Estágios de normalização propostos por Bax e Chambers: 1. Adeptos Iniciais. Alguns poucos professores e escolas adotam a tecnologia por curiosidade. 2. Ignorância/Ceticismo. A maioria das pessoas continua cética, ou desconhecem a sua existência. 3. Tentam uma vez. As pessoas experimentam mas rejeitam por causa de problemas iniciais. Não conseguem ver seu valor – a tecnologia não parece acrescentar nenhuma ‘vantagem relativa ’ (Rogers, 1995). 4. Alguém lhes diz que realmente funciona. Tentam novamente e vêem que, de fato, há uma vantagem relativa no uso. 5. Medo/veneração. Mais pessoas começam a usar , mas ainda há (a) medo, alternando com (b) expectativas exageradas. 6. Normalização. Gradualmente ela é vista como algo normal. 7. Normalização. A tecnologia é integrada às nossas vidas e tornase invisível —‘normalizada’. (BAX, 2003, p. 24-25) Formação docente e práticas educacionais A autora compara o ensino de língua aos avanços tecnológicos, pois segundo ela é impossível que o educador domine e absorva todos os aspectos e as capacidades léxico-gramaticais, discursivas e retóricas do idioma a ser ensinado. Da mesma forma não há como utilizar e conhecer todas as tecnologias disponíveis. Qual caminho o docente engajado deverá seguir para melhorar sua prática ao utilizar as tecnologias? Normalização do uso da tecnologia em sala de aula Parâmetros sugeridos para a prática docente: evitar a falácia técnica (crença de que o uso da tecnologia é o suficiente para o sucesso de sua prática) usar a tecnologia para arquivamento de dados e avaliação adequação da tecnologia às ações pedagógicas, a tecnologia precisa estar engajada ao projeto pedagógico usar a tecnologia para a melhoria da comunicação, da colaboração entre os atores educacionais, e da eficiência do processo educacional O docente deve ter autonomia Capacitar-se para trabalhar em ambientes informatizados Pesquisa realizada por Kessler(2006) 240 mestrandos em TESOL nos Estados Unidos indicaram que eles aprenderam e continuam a aprender a usar a tecnologia utilizando as seguintes fontes: Listas de discussão (240) Congressos (220) Páginas na web (210) Colegas (180) Periódicos (160) Cursos na universidade (145) Bibliotecas universitárias (140) Bibliotecas públicas (95) ICT4LT – Information and Communications Technology (ICT) for Language Teachers Conclusões A maior defesa do uso da tecnologia não deve estar centrada no número e na sofisticação das ferramentas, mas no casamento das práticas sociais com as práticas escolares. Se quisermos atingir os objetivos do PROINFO e possibilitar “a criação de uma ecologia cognitiva nos ambientes escolares mediante incorporação e adequação das novas tecnologias de informação pelas escolas”, devemos nos apropriar rapidamente da tecnologia que nossos alunos utilizam em sua vida cotidiana de forma a “diminuir a lacuna existente entre a cultura escolar e o mundo ao seu redor ”. É preciso também, que os novos currículos e projetos de cursos acompanhem as mudanças tecnológicas e as novas formas de se estar no mundo. Referência Bibliográfica PAIVA,V. L. M. O. A tecnologia na docência em línguas estrangeiras: convergências e tensões. In: Lucíola Licínio de Castro Paixão Santos. (Org.). Convergências e tensões no campo da formação e do trabalho docente. Belo Horizonte: Autêntica, 2010c, v.V, p. 595-613. Disponível em: http://www.veramenezes.com/endipe.pdf. Acessado em maio de 2013.