Estudo do potencial antiproliferativo de plantas do nordeste brasileiro sobre células tumorais Ilhéus , 30 de outubro de 2014 HEMERSON IURY FERREIRA MAGALHÃES Prof. Hemerson Iury - Universidade Federal da ParaíbaUFPB INTRODUÇÃO - CÂNCER “Proliferação celular anormal, cujo crescimento ultrapassa e não é coordenado com o dos tecidos normais, persistindo mesmo depois da interrupção dos estímulos que deram origem à mudança.” Prof. Hemerson Iury - Universidade Federal da ParaíbaUFPB (WILLIS, 1952; KUMAR et al., 2005) Marcadores do câncer HANAHAN; WEINBERG, 2000 CARCINOGÊNESE versus PROGRESSÃO TUMORAL Carcinógenos Célula Transformada Célula Normal Neovascularização Células neoplásicas Tumor Embolização Invasão dos Vasos Extravasamento Adesão ao Endotélio Metastização Prof. Hemerson Iury - Universidade Federal da Paraíba- UFPB (KUMAR et al., 2005) ABORDAGENS ANTI-CÂNCER CIRURGIA Remoção da massa tumoral RADIOTERAPIA Mata rapidamente células tumorais em divisão, incluindo células tumorais nos tecidos adjacentes QUIMIOTERAPIA Mata rapidamente células em divisão (tumorais e sadias) TERAPIA HORMONAL Inibe o crescimento e sobrevivência de células tumorais hormônio-dependentes TERAPIA DIRIGIDA Inibe especificamente os processos necessários para crescimento da célula tumoral Prof. Hemerson Iury - Universidade Federal da Paraíba- UFPB (RIBEIRO, 2004) POR QUE PESQUISAR NOVAS ESTATÉGIAS FARMACOLÓGICAS PARA O ANTICÂNCER? Segunda causa de morte: Em 2014 teremos mais de 576.000 novos casos no Brasil; 26 milhões de casos novos e 17 milhões de mortes por ano em 2030; Resistência das células tumorais aos quimioterápicos anticancer; Elevada toxicidade das drogas atualmente usadas na terapêutica. Inespecificidade pelas células tumorais. FONTES NATURAIS Organismos Marinhos Plantas Processamento Fracionamento bioguiado Fungos Bactérias Elucidação estrutural ANOS... Novos compostos MILHÕES... Prof. Hemerson Iury - Universidade Federal da Paraíba- UFPB (ROCHA et al., 2001; NEWMAN et al., 2003; BUTLER, 2004; SRIVASTAVA et al., 2005) Origem de Novos Medicamentos Modelagem Molecular Síntese Prospecção OS PRODUTOS NATURAIS X CÂNCER A maioria (60%) dos fármacos Vinca rosea anticâncer introduzida na terapêutica nas últimas décadas tem sua origem nos produtos naturais Taxus brevifolia Camptotheca accuminata NEWMAN; CRAGG,. 2007, HARVEY, 2008 Prof. Hemerson Iury - Universidade Federal da ParaíbaUFPB DESENVOLVIMENTO CRONOLÓGICO Topotecan * Docitaxel * Paclitaxel * Carboplatina Etoposide * Cisplatina 20 15 Dacarbazina Doxorrubicina 10 5 Citarabina Vincristina * 5-Fluorouracil Vinblastina * Clorambucil Metotrexate N-mostarda 1950 1960 1970 * Estes medicamentos movimentam anualmente um mercado de cerca de 60 bilhões de dólares. 1980 Ano de introdução Prof. Hemerson Iury - Universidade Federal da Paraíba- UFPB 1990 2000 PINTO, et al.,2002 Drogas Anti-câncer originadas de Plantas paclitaxel Drogas Anti-câncer originadas de Plantas DE ALMEIDA et al., 2005;SNCI, 2009; BIALLY., 2009 Prof. Hemerson Iury - Universidade Federal da Paraíba- UFPB Drogas Anti-câncer originadas de Plantas O arsenal terapêutico contra o câncer, para vários tumores sólidos ainda não dispõem de tratamento adequado. A monoterapia apresenta apenas resposta parcial em 15% a 20% dos casos A morbidade associada aos quimioterápicos ainda é um obstáculo significativo. COSTA –LOTUFO et al., 2010 Prof. Hemerson Iury - Universidade Federal da Paraíba- UFPB Drogas Anti-câncer originadas de Plantas A busca de novas alternativas medicamentosas para melhorar a eficácia do tratamento de doenças neoplásicas avançadas. COSTA –LOTUFO et al., 2010 Prof. Hemerson Iury - Universidade Federal da Paraíba- UFPB Drogas Anti-câncer originadas de Plantas Controle do ciclo celular Inibição da neovascularização tumoral, Indução de rediferenciação Acionamento do mecanismo apoptótico Introdução de velhos fármacos para novos alvos terapêuticos DE ALMEIDA, et al., 2010; LÓPEZ, 2012 Prof. Hemerson Iury - Universidade Federal da Paraíba- UFPB PROSPECÇÃO NA BUSCA DE MOLÉCULAS ANTICANCER Prof. Hemerson Iury - Universidade Federal da Paraíba- UFPB COSTA –LOTUFO et al., 2010 PLANTAS ESTUDADAS ORIUNDAS DO NORDESTE BRASILEIRO Prof. Hemerson Iury - Universidade Federal da Paraíba- UFPB O semi-árido e a Caatinga • “Floresta branca” ou “floresta aberta 1,539,000 km2 - Região Nordeste; • Caatinga abrange - 900.000 km2 (70%); • Região biogeográfica com alto grau de endemismo; • Por exemplo: Auxemma (Boraginaceae), Apterokarpos (Anacardiaceae), Neoglaziovia (Bromeliaceae) Physalis (Solonaceae) (Lemos; Rodal 2002, Sampaio 2002, Santos et al., 2008 Prof. Hemerson Iury - Universidade Federal da Paraíba- UFPB ALGUMAS PLANTAS DO NORDESTE BRASILEIRO Auxemma oncocalyx Nome popular: Pau-branco Uso popular: anti-séptico e cicatrizante Estudos químicos: Terpenos, quinonas e hidroquinonas com esqueleto de C16 Prof. Hemerson Iury - Universidade Federal da ParaíbaUFPB ALGUMAS PLANTAS DO NORDESTE BRASILEIRO Substâncias já descritas presentes em Auxemma oncocalyx O 1 CH3O 9 9a 2 3 O OH 12 8 CH3O 6 8a 7 4a 4 O 10 10a 5 11 O OH O CH3O Oncocalixona A O OAc Oncocalixona C CH3O O OH O OH O CH2OAc CH3O CH3O O Cl O CH2OAc 8,11-O-diacetiloncocalixona A OH 6-cloro-oncocalixona A 11-O-acetiloncocalixona A Prof. Hemerson Iury - Universidade Federal da Paraíba- UFPB ALGUMAS PLANTAS DO NORDESTE BRASILEIRO Atividade citotóxica de substâncias presentes em A.oncocalyx Tabela 1. Atividade citotóxica da oncocalixona A e seus derivados. Compostos Oncocalixona A (1) 6-Cloro-oncocalixona A (2) 8-O-Acetil-oncocalixona A (3) CI50 * ( g/mL) SW1573 (lung) CEM (leukemia) 4.9 + 1.5 1.4 + 0.5 3.3 + 0.7 ** 2.0 + 0.2 Prof. Hemerson Iury - Universidade Federal da Paraíba- UFPB 4.7 + 0.1 3.3 + 0.4 ALGUMAS PLANTAS DO NORDESTE BRASILEIRO Atividade antitumoral de substâncias presentes em A.oncocalyx Prof. Hemerson Iury - Universidade Federal da Paraíba- UFPB CAPARIA BIFLORA L. Biflorina O-naftoquinona prenilada Possui potente atividade citotóxica por dano oxidativo, induzir diferenciação celular, Inibe colonização de B16F10, Mostrou potencial anti-metastático, Não apresentou potencial mutagênico. VASCONCELLOS et al., 2005. 2007 CAPARIA BIFLORA L. CAPARIA BIFLORA L. VASCONCELLOS et al., 2007 CAPARIA BIFLORA L. VASCONCELLOS et al., 2007 CAPARIA BIFLORA L. Pisosterol Pisolithus tinctorius Apresentou atividade microbicida; Possui potente atividade citotóxica in vitro e in vivo, Induz diferenciação em linhagens leucêmicas (HL-60) Diminuiu de 99% para 10% a amplificação gênica no cromossomo 8 (8q24) - relacionado a proliferação celular. VASCONCELOS et al., 2007; BURBANO et al., 2009 TABEBUIA AVELLANEDAE Lapachol Inibe a oxidação e a fosforilação mitocondrial Atividade antitumoral in vivo Melhor índice comparação a terapêutico antineoplásicos consagrados. Tabebuia avellanedae ARAUJO et al., 2002 em já TABEBUIA AVELLANEDAE TABEBUIA AVELLANEDAE Os derivados do lapahol como a βlapachona além de atividade citotóxica pode atuar como um imunoestimulante para atuar contra as células tumorais. CALOTROPIS PROCERA Ait Nome popular: Ciúme, leiteiro Uso popular: anti-helmintico, antiespasmódico, antiemético. Estudos químicos: proteínas do látex, glicosídeos flavônicos, cardiotônicos (calotropin, calotoxin, calactin, uschari din e voruscharin), esteróides e polifenôis. Calotropis procera Ait triterpenos, CALOTROPIS PROCERA Ait A fração proteica do látex apresentou citotoxicidade para algumas linhagens tumorais IC50 que variam 0,42-1,36 µg / ml ; PL interferiu na atividade da topoisomerase I agindo sobre o DNA de células HL-60. . OLIVEIRA et al., 2007 CALOTROPIS PROCERA Ait MAGALHÃES et al., 2010 CALOTROPIS PROCERA Ait MAGALHÃES et al., 2010 CALOTROPIS PROCERA Ait MAGALHÃES et al., 2010 Casearia sylvestris Swarts Família Flacourtiaceae Gênero Casearia Nome popular: Café-bravo, erva-de-lagarto • Repelente e antiinflamatória • • • • • • • • • • Lepra e outras doenças de pele (HEGNAUER, 1966) Antitumoral (ITOKAWA et al., 1988, 1990) Antiinflamatória (RUPPELT et al., 1991; BORGES et al., 2000; ESTEVES et al., 2005 ) Neutralização de venenos de cobras (BORGES et al., 2001) Anti-fúngica (OBERLIES et al., 2002) Anti-ulcerativa (BASILE et al., 1990; SERTIÉ et al., 2002) Citotóxica (ITOKAWA et al., 1988, 1990; MORITA et al., 1991; CARVALHO et al., 1998; OBERLIES et al., 2002) Inibição na produção de NO (NAPOLITANO et al., 2005) Protozoários tripanossomatídeos (MESQUITA et al., 2004) Antimicrobiana, antioxidante (OBERLIES et al., 2002; MENEZES et al., 2004; MOSADDIK et al., 2004) (BEUTLER et al., 2000) Casearia sylvestris Swarts 25 clerodanos diterpenos 16 12 11 H RR1 1 2 10 8 3 5 7 R H R32C O 18 O S 19 6 13 17 14 9 4 Casearia sylvestris 20 CH R 4 3 CH33 OR 15 Casearinas OR35 CH Esqueleto básico Hidroxilação ou O-metilação na posição 2 Prof. Hemerson Iury - Universidade Federal da Paraíba- UFPB (MORITA et al., 1991) - Analisando as relações de Estrutura-Atividade... 16 12 11 20 H RR1 1 10 3 8 5 4 R H R32C O 15 7 S 19 18 O ANEL DIACETÁLICO 17 14 9 2 13 6 CH R 4 3 CH33 OR C-18 e C-19 OR35 CH Potencial citotóxico CH3 CH3 CH3 CH3 H H3C O CH3 CH3 H H3C CH2 O CH2 O O O O O H3C O CH3 O O O CH3 Casearina L Casearina O H3C CH2 O H3C O CH3 CH3 OH O CH3 O CH3 Casearina U Casearina U H3C O O O O O CH3 Casearina X Casearina X CH2 O O O O O H3C O O O O OAc O H3C CH2 O CH3 O CH3 H O OH OH OAc OAc O CH3 CH3 H CH3 H H3C CH3 CH3 CH3 O O CH3 H3C CH3 O O CH3 Casearina Casearina Y Y Casearina L Prof. Hemerson Iury - Universidade Federal da Paraíba- UFPB (TINIINIS, 2006) - Analisando as relações de Estrutura-Atividade... 16 12 11 H RR1 1 2 R H R32C O 18 O ANEL DIACETÁLICO 8 5 4 13 17 14 9 10 3 20 7 S 19 6 CH R 4 3 CH33 OR 15 C-18 e C-19 OR35 CH Menor citotoxicidade CH3 CH3 CH3 CH3 H O H3C O CH3 O ANEL DIACETÁLICO??? CH3 O OH CH2 OH O O Ácido Hardiwickiico Casearina Prof. Hemerson Iury - Universidade Federal da Paraíba- U degradada UFPB (TINIINIS, 2006) Cas U 25 mg/kg/dia Testes de Citotoxicidade in vitro v.o. CH3 CH3 H H3C O CH3 O CH2 Hidrólise ácida – pH estomacal OH O O Casearina U degradada Casearina U degradada Abertura do anel diacetálico formado pelos carbonos C-18 e C-19 CH3 CH3 H H3C O CH3 O CH2 OH O O O H3C O O CH3 Casearina U U Casearina Responsável pela ausência de atividade Antitumoral (TININIS, 2006) Prof. Hemerson Iury - Universidade Federal da ParaíbaUFPB CH3 CH3 H H3C O CH3 O CH2 OH O O Casearina U degradada Casearina U degradada CH3 CH3 H H3C O CH3 O OH O O O H3C CH2 O O CH3 Casearina U U Casearina - IMPORTÂNCIA pH na degradação da molécula de Cas U Anel diacetálico Atividade citotóxica Interfere na polaridade da molécula Capacidade de transpor a membrana plasmática Prof. Hemerson Iury - Universidade Federal da Paraíba- UFPB (TININIS, 2006) Piper tuberculatum L. • Alcalóide/amida isolado de plantas (pimentas) do gênero Piper. O O H3CO N H3CO OCH3 • Atividade farmacológica: • • • • • • Antifúngica Antiagregante plaquetário Leishmanicida Ansiolítica e antidepressiva Espasmolítica Citotóxica Prof. Hemerson Iury - Universidade Federal da Paraíba- UFPB Piper tuberculatum L. Prof. Hemerson Iury - Universidade Federal da Paraíba- UFPB BEZERRA et al., 2006 Piplartina • Citotóxico para várias linhagens tumorais humanas; • Inibição do desenvolvimento dos ovos de ouriço do mar; • Inibição da síntese de DNA e indução de morte celular por ambas as vias, apoptose e necrose; • Inibição do desenvolvimento do tumor sarcoma 180 em camundongos transplantados; BEZERRA et al., 2005; 2006; 2007; 2008; Prof. Hemerson Iury - Universidade Federal da Paraíba- UFPB Physalis angulata L. Physalis angulata L. (Camapu) Apresenta: 120 espécies com reputado valor etnofarmacológico; Uso Popular: suas propriedades • Anticâncer; • Antileucêmicas; • Antipiréticas; • Imunomodulatória Tratamento de malária, asma, hepatite, dermatite, reumatismo, dentre outros (CHIANG et al., 1992a; 1992b; LIN et al., 1992; ) Prof. Hemerson Iury - Universidade Federal da Paraíba- UFPB Espécies Emprego etnofarmacológico Referências P. angulata No tratamento de diabetes, malária, hepatite, doenças de pele e reumatismo. È utilizada ainda como diurético, antiinflamatório, desinfetante, sedativo, antifebril e antivomito. Lorenzi, 2002. Wu et al., 2004 Tomassini, 2000 P. alkekengi Expectorante, antitussígeno, diurético e anti-tumoral. Basey et al., 1992. P. chenopodifolia Contra infecções gástricas e respiratórias, febres e diabetes. Maldonado et al., 2004. P. minima Recomendada como diurético, tônico e purgativo e no tratamento de inflamações da pele. P. philadelphica P. pubescens P. peruviana Sinhá et al., 1987. No tratamento de desordens gastrintestinais, lepra, purificação do sangue e como um antídoto contra veneno. Su et al., 2002 No tratamento de diabetes, malária, hepatite, doenças de pele e reumatismo. È utilizada ainda como diurético, antiinflamatório, desinfetante, sedativo, antifebril e antivomito. Lorenzi, 2002 Indicada no tratamento de câncer, leucemia, malária, asma, hepatite, dermatites, reumatismo e como um agente antimicrobiano, diurético e antipirético. Wu et al., 2004. FITOCOMPOSTOS OBTIDOS DA P. ANGULATA L. O O CH3 O O O HO CH3 O CH3 O O OH OH Fisalina D H O O CH3 O O CH3 O CH3 HO CH3 O O O Fisalina B Prof. Hemerson Iury - Universidade Federal da ParaíbaUFPB FITOCOMPOSTOS OBTIDOS DA P. ANGULATA L. Prof. Hemerson Iury - Universidade Federal da ParaíbaUFPB FITOCOMPOSTOS OBTIDOS DA P. ANGULATA L. Prof. Hemerson Iury - Universidade Federal da ParaíbaUFPB FITOCOMPOSTOS OBTIDOS DA P. ANGULATA L. Prof. Hemerson Iury - Universidade Federal da Paraíba- UFPB CONSIDERAÇÕES FINAIS Prof. Hemerson Iury - Universidade Federal da ParaíbaUFPB CONSIDERAÇÕES FINAIS As conquistas e o progresso da pesquisa de produtos naturais já fazem honrado o seu lugar na indústria farmacêutica, e o desafio de encontrar a molécula “ideal” e novas alternativas terapêuticas, principalmente para o tratamento do câncer ; Métodos inovadores para suprimento de substâncias . Prof. Hemerson Iury - Universidade Federal da ParaíbaUFPB OBRIGADO!!! Prof. Hemerson Iury - Universidade Federal da ParaíbaUFPB