RISCO & VULNERABILIDADE
Curso de Planejamento de Novos
Coordenadores em DST/Aids (Módulo II)
São Paulo - Junho/2013
RISCO

É entendido pela epidemiologia como a
“probabilidade de ocorrência de uma doença,
agravo, óbito, ou condição relacionada à
saúde (incluindo cura, recuperação ou
melhora) em uma população ou grupo durante
um período de tempo determinado”. (Almeida Filho
e Rouquayrol, 2002).

É estimado sob forma de uma proporção
matemática (ou seja, a razão entre duas
grandezas onde o numerador está contido no
denominador), ou seja, um indicador.
Trabalhamos com percentagens (%) ou com razões de 1: 1.000; 1:
10.000; 1: 100.000; em eventos mais raros como câncer, AIDS,
etc.
FATORES DE RISCO
São componentes que podem levar à doença
ou contribuir para o risco de adoecimento e
manutenção dos agravos de saúde.
 São “atributos de um grupo da população que
apresenta maior incidência de uma doença ou
agravo à saúde em comparação com outros
grupos que não o tenha ou com menor
exposição a tal característica” (Almeida Filho e

Rouquayrol)

Diz-se quando seu efeito pode ser prevenido
(obesidade, hipertensão arterial, uso de
contraceptivos orais, nas doenças coronarianas
ou hidrocarbonetos do alcatrão nos cigarros)



GRUPO DE RISCO é um grupo populacional
exposto a um dado “Fator” ou identificado com
um determinado “Marcador de Risco”.
MEDIDAS DE RISCO – formas de avaliar, mensurar,
medir o risco - as clássicas são: coeficientes de
“Incidência e Prevalência”.
RISCO ABSOLUTO - o chamado Risco Absoluto,
nada mais é que a ocorrência de um fenômeno
na população, isto é, o coeficiente incidência de
determinado
fenômeno
em
determinada
população.
RISCO: LIMITES E POSSIBILIDADES



Quais valores são produzidos através das representações
formadas a partir desse conceito? Que significados são gerados
socialmente ao se estabelecer determinados hábitos e
comportamentos como risco de agravos à saúde?
O conceito de risco contribuiu para a produção de
determinadas racionalidades, estratégias e subjetividades,
sendo central na regulação e monitoração de indivíduos,
grupos sociais e instituições (Lupton, 1999).
O desenvolvimento dos estudos de risco esteve vinculado a
um processo cultural construtor de um homem individualista,
que enfrentou a necessidade de lidar com as forças
desagregadoras da natureza e da sociedade por intermédio
da lógica da ordem e da proteção, ao passo que pouco
investiu no amadurecimento das relações com o outro
mediante o fortalecimento de sua vitalidade e autonomia
(Czeresnia, 1997).
ORIGEM DA NOÇÃO DE VULNERABILIDADE


no campo dos Direitos Humanos: referia-se a grupos
fragilizados, jurídica ou politicamente na promoção,
proteção e/ou garantia de seus direitos de cidadania.
Aplicação à Saúde: resultado do processo de
progressivas intersecções entre o ativismo frente à
epidemia da aids e o movimento dos Direitos Humanos,
especialmente nos países do Norte.
Principal interesse:
 ampliação de horizontes que a vulnerabilidade imprime
aos estudos, ações e políticas voltados para o controle
da epidemia.
 Esforço de superar a contradição entre GRUPOS DE
RISCO e POPULAÇÃO GERAL pela passagem da noção
de RISCO INDIVIDUAL a uma nova compreensão de
VULNERABILIDADE SOCIAL.
VULNERABILIDADE


A noção de vulnerabilidade busca estabelecer uma
síntese conceitual e prática das dimensões sociais,
político-institucionais e comportamentais associadas
às diferentes susceptibilidades de indivíduos, grupos
populacionais e até mesmo nações à infecção pelo
HIV e às suas conseqüências indesejáveis (doença e
morte).
Ela não visa distinguir aqueles que têm alguma
chance de se expor à aids, mas fornecer elementos
para avaliar objetivamente as diferentes chances
que todo e qualquer indivíduo tem de se infectar,
dado o conjunto formado por certas características
individuais e sociais de seu cotidiano, julgadas
relevantes para a maior exposição ou menor
chance de proteção diante do problema.
OPERACIONALIZANDO O CONCEITO DE
VULNERABILIDADE
DOIS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS:
 autonomia do sujeito — papel dos técnicos é o
de interlocutores especializados, não de
tutores. (uma determinada especialização)

intersetorialidade da intervenção — tendo a
cidadania como horizonte, a delimitação de
alternativas nos diversos campos da realização
humana; intervenção não pode ater-se a uma
única esfera da sociedade.
Vulnerabilidade
Conjunto de aspectos individuais e coletivos
relacionados a maior suscetibilidade de
indivíduos e comunidades a um adoecimento
ou agravo e, de modo inseparável, menos
disponibilidade de recursos para sua proteção.
Individual
Social
Programática
Análises de vulnerabilidade
• Individual:
informação,
valores,
crenças, afetos, pulsões, etc.
• Social: condições de vida e trabalho,
cultura,
situação
econômica,
ambiente, relações de gênero,
relações de classe, relações entre
gerações, etc.
• Programático: acesso a serviços,
existência
e
sustentação
de
programas, qualidade da atenção,
mecanismos de avaliação e retroalimentação, etc.
VULNERABILIDADE INDIVIDUAL
ENVOLVE AS DIMENSÕES COGNITIVA E COMPORTAMENTAL




Aspectos cognitivos: envolve as necessidades de
informações – sobre hiv/aids, sexualidade e serviços –
para a redução da vulnerabilidade à infecção pelo hiv.
Aspectos comportamentais: podem ser considerados
em duas categorias:
Características pessoais: desenvolvimento emocional,
percepção de risco e atitudes frente a tomada de
riscos, atitudes pessoais frente ao sexo e à sexualidade e
a história de abuso sexual e de uso/abuso de drogas
(incluindo o álcool).
Habilidades individuais: habilidade na negociação de
práticas sexuais, incluindo o sexo seguro, e as
habilidades necessárias ao uso da camisinha.
VULNERABILIDADE INDIVIDUAL
Abordagens de redução da vulnerabilidade
individual
 Informação e educação
 Aconselhamento e suporte/apoio dos pares
 Treinamento
de
habilidades
para
a
negociação sexual e uso de preservativo
 Tratamento para o abuso de substâncias
psicoativas
 Pesquisa
sobre
conhecimento,
atitudes,
crenças
e
práticas
associados
ao
comportamento sexual e ao uso de drogas
injetáveis
VULNERABILIDADE SOCIAL
PARTE DA CONCEPÇÃO DE QUE FATORES COLETIVOS, SOCIAIS INFLUENCIAM
FORTEMENTE A VULNERABILIDADE INDIVIDUAL E PROGRAMÁTICA. FOCA
DIRETAMENTE NOS FATORES CONTEXTUAIS QUE DEFINEM E CONSTRANGEM A
VULNERABILIDADE INDIVIDUAL E PROGRAMÁTICA
A análise de vulnerabilidade reconhece que
aspectos amplos e contextuais, tais como a
estrutura governamental, as relações de
gênero, as atitudes frente à sexualidade, as
crenças religiosas e a pobreza, influenciam a
capacidade de reduzir a vulnerabilidade
individual ao HIV, diretamente ou mediados
pela ação dos programas.
VULNERABILIDADE SOCIAL
Esquema básico:
 Noção
de cultura – códigos de valores,
significados, crenças e práticas.
 Relação cultura - poder: cada cultura tem seu
próprio código de hierarquias
 Estas hierarquias são formas como as sociedades
organizam-se na divisão do poder, que definem
quais são considerados os valores daquela
sociedade; dá a noção de “quem vale mais”,
“quem tem mais direitos”, “o que dá direito a
quem”
 Hierarquias de classe, gênero, raça e idade .
VULNERABILIDADE PROGRAMÁTICA
FOCA NAS CONTRIBUIÇÕES DOS PROGRAMAS DE HIV/AIDS PARA
A REDUÇÃO OU INCREMENTO DA VULNERABILIDADE INDIVIDUAL
Baseada nos 3 elementos-chave de prevenção
identificados pela OMS:
 Informação e educação,
 Serviços sociais e de saúde,
 Princípio
da não-discriminação às pessoas
infectadas pelo HIV ou vivendo com aids.
O conceito de vulnerabilidade programática deve tentar
incorporar as várias formas em que fatores sociais
influenciam, constrangem e restringem o desenho,
acesso, conteúdo, qualidade, processo e implementação
de programas
VULNERABILIDADE PROGRAMÁTICA
O denominador comum aos esforços de redução da
vulnerabilidade programática é o foco nos serviços
e na sua oferta



Esforços para redução da vulnerabilidade programática
Garantia e fortalecimento da existência e acessibilidade
destes elementos-chave nos programas
Qualidade e conteúdo de cada um destes elementos
Processo através do qual cada um destes elementos é
desenhado, implementado e avaliado
NOÇÃO DE SEGMENTOS SOCIAIS VULNERÁVEIS

Caracterizam-se por estarem à margem, com
menor possibilidade de acesso às políticas públicas
e carentes de cidadania

Relacionam-se a imensa gama da população
que, por algum motivo (diferenças), é discriminada:
profissionais
do
sexo,
usuários
de
drogas,
população negra, pessoas com outras orientações
sexuais que não a heterossexual entre outros grupos

São grupos que pelas “diferenças” necessitam de
políticas públicas afirmativas
OBJETIVO DAS AÇÕES DE PREVENÇÃO
DIRECIONADAS ÀS POP. VULNERÁVEIS




Contribuir para a redução da vulnerabilidade a
infecção;
Contribuir para a diminuição do número de
casos novos;
Ampliar o acesso: à informação, ao diagnóstico
precoce, aos insumos de prevenção, ao
tratamento das DST e a Profilaxia Pós Exposição
Sexual – PEP;
Qualificar o acolhimento e a atenção na
perspectiva da saúde integral
EIXOS CENTRAIS PARA O TRABALHO DE
PREVENÇÃO ÀS DST/HIV/AIDS







Orientar-se pelos conceitos de risco e
vulnerabilidade
fazendo todas as mediações necessárias (evitando
reducionismos)
Cidadania e inclusão social
Perspectiva da saúde integral (promoção, prevenção e
assistência)
Estabelecimento de referências para as populações
atingidas. Ex: equipamentos sociais, serviços de saúde (UBS,
CAPS, Hospitais)
Trabalho articulado com outras áreas programáticas dentro
do Setor Saúde (Ex: AB, Pr Hepatites Virais, Tuberculose, Saúde
da Mulher, Saúde do Adolescente, Imunização, etc.)
Trabalho articulado com outras secretarias de governo (Ex:
Educação, Justiça, Segurança Pública, Administração
Penitenciária, Assistência Social, entre outras).
Estabelecimento de parceria com movimento social
GRATA!
Márcia Giovanetti
Gerencia de Prevenção
CE DST/Aids – SP
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Risco & Vulnerabilidade