Uma visão do Rio Tietê: presente e
futuro.
Giuliano Savioli Deliberador
Chefe de Gabinete do Departamento
de Águas e Energia Elétrica
Departamento de Águas e Energia Elétrica
Em comemoração ao IV Centenário de São Paulo, em 1954, a Sociedade Geográfica
Brasileira organizou uma expedição, subindo o rio Tietê, para encontrar sua nascente.
Localizada, foi marcada com uma placa de bronze, que diz:
“Aqui Nasce o Rio Tietê”
O que é uma “nascente”?
“Nascente é um ponto de onde a água jorra através da superfície do solo. Também é
conhecida como olho d'água, cabeceira e fonte.”
Nascente do rio Tietê, em Salesópolis
Para entender de onde vem essa água, primeiro é preciso saber que sua quantidade não
aumenta nem diminui. Ela se movimenta em um ciclo, modificando seu estado físico.
Este caminho é chamado de ciclo hidrológico.
Região Metropolitana de São Paulo:
População e Diversidade
39 municípios da Região Metropolitana de São Paulo concentram cerca de 19,7 milhões de
habitantes (47,7% da população do Estado e 10,32% da população brasileira).
Diadema, na região sudeste da RMSP, possui uma das maiores densidades demográficas do
mundo, com mais de 12 mil habitantes por km². Ao mesmo tempo, Salesópolis, na região
leste, tem apenas 33 habitantes por km².
Imagens Antigas do Rio Tietê
História da ocupação da Região Metropolitana de
São Paulo
A história da ocupação humana do território da RMSP se confunde com a ocupação das
margens e várzeas dos seus rios. Desde os primeiros povoamentos indígenas, até as mais
recentes expansões da sua mancha urbana, sempre tivemos os cursos d’água como linhas
mestras desse processo.
Nem sempre essa ocupação respeitou os limites impostos pelos processos de cheias
associados aos rios que compõem a Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, naturalmente sujeitas
a enchentes a cada estação chuvosa.
Ocupação das Várzeas
Em meados do século XX, o grande crescimento econômico e populacional já indicavam a
transformação de São Paulo em uma metrópole industrial, polarizando as cidades vizinhas,
que formariam a gigantesca mancha urbana, a Grande São Paulo. Nessa fase, as pressões
demográficas produziram o adensamento urbano no centro da cidade, a ocupação
sistemática das marginais dos grandes rios e forma-se um intenso fluxo populacional em
direção às periferias, que vai alcançar e envolver as margens dos ribeirões e córregos.
As fotos mostram o avanço da urbanização no centro de São Paulo. Vista aérea da
cidade de São Paulo, em 1930. Autor anônimo. Vista aérea do Parque Dom Pedro II,
mostra a ocupação da antiga várzea do Tamanduateí. Foto de Henri Ballot, 1954.
Ocupação das Várzeas
Situação Atual
Mapa de Uso e Ocupação da Região Várzeas do Alto Tiête
Áreas verdes
Áreas antropizadas
Parque Várzeas do Tietê
75 Km de extensão, realizado em três etapas, num total de 11 anos.
107 km² de várzeas em sete municípios: São Paulo, Guarulhos, Itaquaquecetuba, Suzano,
Mogi das Cruzes, Biritiba Mirim e Salesópolis.
1° Etapa - US$ 200 milhões em investimentos, dos quais 115 milhões serão financiados pelo
BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), amortizados ao longo de 20 anos, e o
restante pelo Estado de São Paulo.
33 centros de lazer, esportes e cultura, 7 pólos turísticos, uma via de trânsito local, unindo
os vários núcleos, e ciclovia com 230 km de extensão
Etapas e período de implantação
5 anos
3 anos
(2011-2016)
(2016-2018)
3 anos = 11 anos
(2018-2020)
Município de São Paulo
Núcleo Jardim Helena
Proposta Geral
Município de Salesópolis
Núcleo Parque Náutivo
Plano Diretor de Macrodrenagem
Estudo que orienta as intervenções do Poder Público para controle de cheias.
Implementado em 1998, atualmente em revisão, com prazo de 3 meses para entrega.
Já possibilitou a construção de 44 piscinões, viabilizando a contenção de mais de 8 bilhões
de litros de água das chuvas, mitigando os efeitos da ocupação desordenada das várzeas
dos rios que formam a bacia.
A obra de rebaixamento da calha do rio Tietê, que absorveu um investimento da ordem de
1,7 bilhão de reais, trouxe um aumento expressivo na capacidade de vazão do rio, que
chegou a triplicar na altura da foz do rio Aricanduva.
Piscinão Ford-Fábrica
Capacidade 340.000 m³
Investimento constante no combate a Enchentes
Calha do Tietê - entre 2011 e 2012, foram removidos cerca de 2,7 milhões de m3 de
sedimentos, utilizados no processo de recuperação ambiental da Cava de Carapicuíba.
19 piscinões em operação na bacia do Alto Tamanduateí
Investimento de R$ 35,9 milhões pelo Estado de São Paulo, para construção do piscinão
Olaria, em obras desde janeiro de 2010. Área de 9 mil metros quadrados, ao lado do
córrego Olaria (afluente da margem direita do córrego Pirajuçara), com capacidade de 80
mil m³. Será coberto terá a implantação de um grande jardim com parque, áreas de lazer e
esportes e pavilhão para atividades culturais na cobertura.
Implantação do Piscinão Guamiranga, com investimento de R$ 113 milhões, no bairro da
Vila Prudente, divisa entre as zonas sul e leste de São Paulo. O piscinão terá 850mil m³ de
capacidade de reservação, beneficiando mais de 500 mil pessoas, principalmente dos
bairros de Vila Prudente e Mooca. As obras foram iniciadas em dezembro de 2012.
Desassoreamento do Rio Tietê
Desassoreamento do Lote 4
Serão investidos R$ 46 milhões para desassoreamento de um novo trecho do rio Tietê, o
Lote 4. No total, serão mais 49 km de extensão, passando por cinco municípios da RMSP
(Região Metropolitana de São Paulo): Guarulhos (na margem direita do rio),
Itaquaquecetuba, Poá, Suzano e Mogi das Cruzes.
Os estudos prevêem a remoção de 446 mil m3 de material assoreado – areia e argila - além
de detritos diversos - lixo e materiais não inertes - assim como a desobstrução do rio para
facilitar sua navegação e manutenção. A metodologia a ser utilizada será semelhante a já
aplicada nos 66 quilômetros do Tietê - continuamente desassoreados desde 2011 - mas
com menores dimensões devido à largura do rio neste trecho.
Pôlderes
Parte dos trabalhos do DAEE no combate às enchentes na Região Metropolitana de São Paulo é a construção de
pôlderes. O sistema é composto por diques (muros), reservatórios, dutos e bombas, quando ocorrem chuvas de
grande intensidade, especialmente no verão. Os diques fazem o trabalho de isolamento das águas, que são
coletadas numa espécie de piscina. A água é armazenada e então lançada de volta ao rio após o período de pico
devazão.
Os pôlderes são estruturas hidráulicas artificiais, uma das mais clássicas técnicas de drenagem para controle de
enchentesemlocaisdebaixaaltitudepróximasarios,áreasribeirinhasemgeraleomar.
PÔLDERESDAMARGINAL
PôlderesdasPontes:Aricanduva-margensdireitaeesquerdaeVilaMaria-margemdireita
Valor–R$33,2milhões
PôlderesdasPontesVilaMaria,margemesquerda,VilaGuilherme,margemesquerdaeLimão,margem
direita.Valor–R$24,3milhões
Construção do Pôlder da Vila Maria
Jardins
Para humanizar São Paulo e as margens do Tietê, além de promover o desenvolvimento
ambiental sustentável, destacar a beleza natural e a recuperação de espaços degradados
pelo crescimento urbano desordenado, foram implantados duas áreas verdes, um trecho
nas margens da rodovia Ayrton Senna – Jardim Metropolitano -, e outro percorrendo a
marginal do Tietê – Paisagismo do Tietê -.
Jardim Metropolitano
O Jardim Metropolitano foi inaugurado em dezembro de 2012, e ocupa uma área
aproximada de 675 mil m² na entrada e saída da Capital - tanto do lado de quem chega ou
sai pela rodovia Ayrton Senna -, recebeu o plantio de 1.000 árvores e 218 mil mudas de
espécies da flora da Mata Atlântica, entre elas palmeiras de várias espécies (40 Imperial),
Macaúba, Ipê, Quaresmeiras e Jerivás, além de arbustos como Sálvia, Bela Emília, JasminAmarelo e Ligustro. O projeto paisagístico foi assinado pelo arquiteto Ruy Ohtake
Paisagismo
Já o paisagismo da marginal Tietê, tem cerca de 50 km de extensão (25 km em cada
margem do rio) e foi implantado em 2007. A área conta com aproximadamente 40 mil
árvores - entre Aroeiras, Quaresmeiras, Paus-Brasis, Palmeiras, Jatobás, Ipês, Chorões,
Manacás-da-Serra, Cerejeiras - arbustos de 70 espécies diferentes, com porte de até 30
centímetros de altura, além de forração de Grama Amendoim, Esmerada e Vedélia. O
espaço foi entregue em dezembro de 2005, juntamente com a obra de aprofundamento da
calha do rio Tietê.
Conclusão
O Rio Tietê foi a grande linha mestra da ocupação da Região Metropolitana de São Paulo.
Nesse processo os limites naturais dos rios foram invadidos. Por isso, somente podemos
projetar um futuro livre de enchentes para São Paulo se mudarmos nossa visão do Rio,
devolvendo para ele, quando possível, suas várzeas naturais e preservando-as, ou, quando
isso não for possível, criando “várzeas artificiais”, que são os piscinões. Respeitar o Rio é
fundamental para melhorar a qualidade de vida na metrópole.
Obrigado!
Uma visão do Rio Tietê: presente e
futuro.
Giuliano Savioli Deliberador
Chefe de Gabinete do Departamento
de Águas e Energia Elétrica
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