Ressignificação do trabalho
docente: reflexões e
questionamentos
Dra Andréa R. Rosin-Pinola
Estácio- UNISEB
Junho- 2015
 A educação a distância tem se tornado cada vez mais uma possibilidade de
atuação profissional ao professor que busca inserção no Ensino Superior;
O contexto da
EAD
 Início do século XXI - rápida expansão de cursos de graduação e pósgraduação - EAD - por todo o Brasil e pelo Mundo,;
 Decreto 5.622, de 2005, que regulamenta o art. 80 da Lei no 9.394, de 20
de dezembro de 1996, estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional, em seu artigo 1º, afirma:
Para os fins deste Decreto, caracteriza-se a educação a distância como
modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos
processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e
tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores
desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos.
Tabela 1.1 - Número de Instituições de Educação Superior por Organização
Acadêmica e Categoria Administrativa - Brasil - 2001/2012
Ano
Expansão da
oferta de
cursos em
EAD
Universidades
Total
Instituições
Centros
Faculdades
Universitários
IFs e Cefets
Pública Privada Pública Privada Pública Privada Pública Privada
80%
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
Fonte: Mec/Inep; Tabela
elaborada por Inep/DeedCenso 2013
1.391
1.637
1.859
2.013
2.165
2.270
2.281
2.252
2.314
2.378
2.365
2.416
71
78
79
83
90
92
96
97
100
101
102
108
85
84
84
86
86
86
87
86
86
89
88
85
2
3
3
3
3
4
4
5
7
7
7
10
64
74
78
104
111
115
116
119
120
119
124
129
84
83
86
104
105
119
116
100
103
133
135
146
1.059
1.284
1.490
1.599
1.737
1.821
1.829
1.811
1.863
1.892
1.869
1.898
26
31
39
34
33
33
33
34
35
37
40
40
-
Segundo Moran (2009), três modelos de EAD vêm se
destacando no ensino superior no Brasil com diferentes
variáveis e combinações.
TELEAULA
Os modelos
de EAD:
 as aulas são transmitidas via satélite, sendo que um
professor transmite uma ou duas aulas por semana, ao vivo,
e os alunos, em uma sala de aula do polo, podem participar
de forma síncrona.
- TELEAULA;
- WEB;
- VÍDEOAULA.
 No polo, os alunos contam com o tutor local, que é
responsável pelo controle da frequência e da mediação das
dúvidas dos alunos. Além disso, os alunos ainda contam com
um tutor online ou virtual, que, por meio de um Ambiente
Virtual e Aprendizagem, disponibiliza material impresso e
orientações de atividades para fazer durante a semana, além
de fórum de dúvidas e discussão e chats, que são
disponibilizados para que os alunos possam trocar ideias e
tirar dúvidas.
WEB
 tem como foco o uso do conteúdo que é disponibilizado na
internet e por CD ou DVD, sendo o material da disciplina,
muitas vezes, disponibilizado de forma impressa, por
disciplina ou módulo.
MODELO
WEB
 os principais ambientes de aprendizagem(AVA) utilizados
são o Moodle, o Blackboard e o Teleduc, ou ambiente
próprios desenvolvidos pela própria instituição.
 O papel do professor titular é conteudista, ou seja, é ele
que prepara o material didático, e na maioria das vezes,
grava as aulas que serão disponibilizadas para o aluno, e,
ao tutor online cabe a interação com os alunos e
orientação dos mesmos, que pode se dar pela internet ou
por telefone. No modelo WEB, os alunos ficam sob tutoria
durante o semestre e se encontram presencialmente
somente na prova final, que tem maior peso (MORAN,
2009).
VÍDEOAULA
 O foco é a produção de mídias audiovisuais (mas, não ao vivo e
síncrona) e mídias impressas.
MODELO
VÍDEOAULA
 Estas podem ser disponibilizadas no modelo semipresencial ou
online (WEB), sendo que em um ou em outro, será o tutor o
principal mediador entre o conhecimento e o aluno.
 Segundo Moran (2009), o modelo mais usual, no Brasil, é o da
telessala, em que o aluno vai presencialmente uma ou várias
vezes na semana, e um tutor supervisiona a exibição do vídeo e
as atividades relacionadas ao conteúdo, mas existe também o
modelo WEB, em que as vídeoaulas são postadas em um AVA
ou enviadas por CD ou DVD e o aluno vai ao polo somente para
realizar a avaliação presencial.
Quem serão os docentes que irão atuar nessa
modalidade educacional?
Por qual formação passaram?
Várias
questões
importantes..
Quais habilidades e competências precisarão
desenvolver? Para qual modelo de EaD?
E por fim, uma questão que talvez seja a mais
importante, quem ensina na EaD?
Mill, Oliveira e Ribeiro (2010), ao discutirem a questão da
docência virtual, apresentam suas características e
diferenças da docência presencial, iniciando pelo
esclarecimento de que a docência na EaD tem uma
complexidade muito maior por se caracterizar como uma
atividade coletiva;
Sobre a
docência
virtual
 na EaD os professores responsáveis pelas disciplinas
frequentemente trabalham com outros indivíduos, muitos
deles com formação diversa da pedagogia ou licenciatura.
Isso acontece tanto pelo fato de a docência virtual requerer
alguns tipos de conhecimentos que comumente não são sine
qua non á docência presencial- por isso raramente
constituem objetos de estudo durante a formação inicial dos
professores-, quanto pela frequente necessidade de
trabalho coletivo durante seu planejamento, execução e
gerenciamento (MILL, OLIVEIRA E RIBEIRO, 2010, p.14).
 A docência virtual envolve: o professor (responsável pela
disciplina), os tutores virtuais e presenciais e a equipe
multidisciplinar, com destaque para os projetistas
educacionais ou designers instrucionais, o coordenador
pedagógico do curso...
Sobre a
docência
virtual
 O conceito de polidodência compreende
 Uma equipe de educadores e assessores que- juntos,
porém não na mesma proporção- mobilizam os saberes
de um professor: os conhecimentos específicos da
disciplina, os saberes didático-pedagógicos do exercício
docente, tanto para organizar os conhecimentos da
disciplina nos materiais didáticos quanto para
acompanhar os estudantes; e os saberes técnicos, para
manuseios dos artefatos e tecnologias processuais, para
promover a aprendizagem de conhecimentos dos
estudantes (MILL, OLIVEIRA E RIBEIRO, 2010, p.17).
 Nesse esforço de compreensão do trabalho docente como
atividade compartilhada, colaborativa e hierarquizada,
ATENÇÃO:
AS
CARACTERÍSTICAS
DO TRABALHO
DOCENTE NA EAD
Mill, Oliveira e Ribeiro (2010) destacam a necessidade de
problematizar e entender quem ensina na EaD, e sugerem
a resposta de que seja um polidocente, isto é, os vários
sujeitos envolvidos na docência na EaD, mesmo que nem
todos sejam efetivamente educadores;
Não existe a opção de um único profissional centralizar em
si mesmo o processo de ensino, especialmente num curso
universitário,
Problematizam a própria natureza do trabalho coletivo na
EaD, que ocorre sob processo de divisão técnica do
trabalho...
1º. prioriza a relação de controle, pelo professor, de seu tempo
e ritmo de trabalho, em detrimento dos meios de produção, e é
acentuado pela divisão entre quem concebe e quem executa as
atividades pedagógicas.
Aspectos
Problematizadores
da própria natureza
do trabalho coletivo
na EaD...
2º. oriundo da fragmentação do trabalho, da perda da
autonomia docente e da noção de todo trabalho, é que o
trabalho docente, que sempre foi concebido como aquele em
que o professor planeja, executa, avalia e revê sua própria
prática em busca de garantir a aprendizagem dos alunos, nessa
modalidade, isso não mais é possível, pois o professor, ao não
ter acesso ao processo como um todo, fica refém de uma parte
que lhe foi atribuída.
Com pouco acesso ao que o aluno efetivamente
aprendeu, menores são as possibilidades de uma
reflexão sobre quais foram suas contribuições,
enquanto educador, para o processo de
aprendizagem.
Para Mill, Oliveira e Ribeiro (2010 ) a polidocência
consitui-se de aspectos contraditórios:
ATENÇÃO:
a positividade do trabalho
coletivo, articulado,
interdependente,
colaborativo e cooperativo
a perversidade do trabalho
parcelado e fragmentado que
descaracteriza a profissão
docente
AS
CARACTERÍSTICAS
DO TRABALHO
Chaquime e Mill (2012), Melillo e Kawasaki (2013),
DOCENTE NA EAD sugerem um perfil profissional diferenciado do
professor da EaD, que leve em consideração a
compreensão do modelo de EaD no qual vai atuar, as suas
delimitações enquanto parte de uma equipe
multidisciplinar e a complexidade da docência
mediatizada pelas tecnologias.
ATENÇÃO:
AS
CARACTERÍSTICAS
DO TRABALHO
DOCENTE NA EAD
Chaquime e Mill (2012) acrescentam que, no caso do
professor tutor presencial ou online, há a necessidade de se
desenvolver saberes fundamentais para mediação
pedagógica, tais como:
conhecer a proposta do curso e o perfil do aluno,
dominar o conteúdo e os materiais didáticos com os
quais irá trabalhar, saber comunicar-se por meio da
língua escrita, ter disciplina de horários e organização
para acessar o ambiente de estudos e dar feedback
formativos aos alunos que acompanha, possuir os
recursos tecnológicos que irá utilizar, saber trabalhar
coletivamente, entre outros (p.4).
Moran (2009) destaca a importância de perceber
que duas fortes vertentes impactam sobre o
discurso da EaD.
Alguns
aspectos para
reflexão
Uma delas é da ampliação de oportunidades
de acesso ao ensino superior, e a outra é a visão
de negócio, como bem econômico, de
prestação de serviço, no qual as empresas se
organizam para obter maior rentabilidade,
lucro e retorno do investimento. Dessa forma,
não dá para ignorar os dados do Censo, que
mostram a expansão da EaD junto às
instituições privadas, cujo processo tem
priorizado o negócio, o mercado e o
investimento.
Alguns
aspectos para
reflexão
Em se tratando do papel do professor na EAD, as funções
tem se apresentado:
ora para alguém que deve animar e incentivar a
aprendizagem, ora para alguém que precisa se
reinventar e utilizar as tecnologias,
ou para um docente que, de forma fragmentada, irá
cumprir parte do processo de ensino e do qual não
saberá o impacto desse sobre a aprendizagem dos
alunos,
Há que se considerar o processo de ressignificação da
tarefa de ser docente nessa modalidade, diante das
diversas demandas.
Ao docente cabe a importante tarefa de estar em
constante processo de aprendizagem, em busca de
novas formas de ensinar e ampliar as possibilidades
juntos aos educandos;
Alguns
aspectos para
reflexão
Ao mesmo tempo, há um sentimento de impotência
mediante a intensidade com que os modelos que
privilegiam a educação como negócio se impõem, em
que o administrativo se sobrepõe ao pedagógico.
Nesses casos, parece-nos que a fragmentação nos
impede de compreender o que o aluno aprendeu e
como ele está se formando, enquanto futuro
profissional.
Para finalizar recorremos às ideias de Giolo (2008) quando
diz
que
O bom professor é aquele que vive profundamente
uma experiência cultural e se apropria, sistematicamente,
dela e dos meios necessários para proporcionar a outrem a
mesma experiência e a mesma apropriação. Nesse
conjunto de atividades, o ambiente (o lugar onde as coisas
acontecem) e a natureza das relações que ali constroem
não são elementos neutros; são dimensões integrantes e
constitutivas do processo. Sobretudo, são decisivas”
(p.1228).
 BATISTA, E. Fordismo, taylorismo e toyotismo: apontamentos sobre rupturas e
continuidades. http://www.uel.br/grupo-pesquisa/gepal/terceirosimposio/erika_batista.pdf.
Acessado em 02/ março/2015.
 BEHAR, P. A. Modelos pedagógicos em educação a distância. Porto Alegre: Artmed, 2009.
 BUARQUE, C. Formação e invenção do professor no século XXI. IN Educação a Distância: o
estado da arte, volume 2/ Fredric Michael Litto, Marcos Formiga (ORGS.). 2ed. São Paulo:
Pearson Education do Brasil, 2012. pgs-145-147.
 CHAQUIME, L. P.; MILL, D. A prática pedagógica na educação a distância e as
transformações na docência. 2012
http://sistemas3.sead.ufscar.br/ojs/index.php/sied/pages/view/Grupo%202., acessado em
02/02/2015.
Referências
 GIOLO, J. (2008). A educação a distância e a formação de professores. Educação e Sociedade.
Campinas, v.29, n.105, p.121-1234, set/dez.,2008.
 MELILLO, K.M.C.F.; KAWASAKI, T.F. Kit de primeiros Socorros: um guia para professores que,
repentimanente, passam a atuar na EAD. Bolema, Rio Claro (SP), v.27, n.46, p.467-480, ago,
2013.
 MILL, D.; OLIVEIRA, M. R. G.; RIBEIRO, L. R. C. (Org.) Polidocência na educação a distância:
múltiplos enfoques. 2ª ed. São Carlos: EDUFSCar, 2010.
 MORAN, J. M. Modelos e avaliação do ensino superior a distância no Brasil. Educação
Temática Digital, Campinas, v.10, n.2, p.54-70, jun.2009.
 SHULMAN, L. S. Conocimiento y enseñanza: fundamentos de la nueva reforma. Revista de
curriculum y formación del profesorado, v. 9, n. 2, p. 1-28, 2005. Disponível em:
http://www.ugr.es/local/recfpro/Rev92ART1.pdf. Acesso em: 15 de maio de 2012.
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Andrea Regina Rosin Pinola