
EFICIÊNCIA

EFICÁCIA

EFETIVIDADE

DESPERDÍCIO

PRODUTIVIDADE

As Instâncias de análise do controle nas
organizações capitalistas É cada vez mais
evidente que os mecanismos de controle
que caracterizam os diversos processos
estão sendo praticados de forma cada vez
mais sutil e mais subjetiva (muito embora
as formas explícitas e objetivas ainda
persistam) Enriquez (1997).


À medida que se amplia o processo de produção, entra em cena a
figura do supervisor e do gerente para organizar e controlar as
atividades dos operários. Inicialmente, mesmo sendo os
capitalistas os “donos do capital” e “da forma de produção”, os
empregados ainda possuíam os saberes de ofício e instrumental.
Ainda tinham um pouco de autonomia (p.60).
Com o desenvolvimento das forças produtivas, cada vez mais,
passou a ser exigido um maior controle sobre as relações de posse,
bem como sobre o conteúdo do trabalho. Surge o taylorismo
dividindo o trabalho mental do manual, apropriando-se
“cientificamente” do saber operário, bem como o fordismo, nas
linhas de montagem. Mas nem tudo são flores na acumulação do
capital: com as crises, ela deixa de ser a exclusiva fonte de
investimento produtivo, dando lugar a outros capitais financeiros
como, por exemplo, o mercado de ações (p.60).


Além disso, o aparecimento das tecnologias,
sobretudo, ad de base microeletrônica, dá-se
justamente em conseqüência do esgotamento dos
métodos originais tayloristas e fordistas da
organização do trabalho e também em função da
concorrência, fruto da crise econômica mundial
(p.61).
Desta forma, o controle sobre o processo de
trabalho, no capitalismo, assume três formas: (i)
simples (divisão técnica do trabalho, jornada e
quantidade
produzida),
(ii)
expandida
(taylorismo-fordismo – divisão do trabalho manual
e mental, relação tempo e movimento e
centralização da autoridade burocrática), e (iii)
sofisticada (gestão “participativa” – toyotismo,
redução da cadeia de comando, gerências) (p.62).


Cada mudança de fase equivale a uma crise de acumulação
e do desenvolvimento de formas mais eficazes de
resistência operária aos mecanismos de controle e
exploração. A cada movimento mais efetivo de resistência,
um mecanismo de controle mais sofisticado. Pesquisas
recentes demonstram que as mudanças globais, em
decorrência do desenvolvimento das forças produtivas,
surgem de uma nova composição de forças, de novas
relações de poder que afetam tanto o trabalho realizado
como as expectativas de emprego (p.64).
Os trabalhadores, de forma inconsciente, tendem a aceitar
esta forma de organização do trabalho, como “natural”. São
“colaboradores” que devem realizar suas tarefas como lhes
é determinado. Há consideração da propriedade como um
padrão socialmente aceito. Na verdade, não se trata de uma
exigência social, mas de classe, que caracteriza o modo de
produção capitalista (p.65).


Na segunda metade da década de 70, o modelo de produção
flexível (adotado nas três maiores indústrias automobilísticas)
expande-se, baseado no enriquecimento e alargamento do
trabalho, bem como na reestruturação da linha de produção e
possui elementos que compõem a organização técnica e social
(elementos interdependentes).
Entretanto, coisas como decisão, autoridade e responsabilidade
ainda se encontram na instância da direção, comprovando um
processo rígido de trabalho, aos moldes dos princípios tayloristas
expandidos: é clara a hierarquia e a forma burocrática de controle
(p.67). Ao mesmo tempo, a estrutura hierárquica é apresentada
como condição de funcionamento da empresa, sustentada na
crença nas normas como mecanismo de integração e no
entendimento da estrutura organizacional como abrigo seguro. A
manutenção da ordem e o cumprimento dos objetivos se dão em
primeiro lugar, conforme definições dos fundadores e atuais
gestores, ainda que se diga que a gestão é “participativa” (p.68).


É certo que o taylorismo-fordismo continua sendo a base da
produção enxuta flexível, tanto quanto de outros modelos
de organização capitalista do trabalho. Os novos modelos
de gestão são versões atualizadas do velho modelo do
interesse do capital. O controle sobre o processo de trabalho
continua sendo dominado pela gerência, muito embora
através de novas formas, processos e mecanismos de
controle já utilizados no taylorismo-fordismo. Quando
interessa a empresa, a mesma pode adotar modelos mais
flexíveis ou mais formais (p.73).
Embora submetida a diversas inovações, a estrutura do
trabalho industrial ainda depende da qualificação e da
posição hierárquica do supervisor, qualquer que seja o
critério de escolha. O poder dos trabalhadores será sempre
reduzido, ficando a mercê da capacidade do gerente em
degradar e racionalizar o processo de trabalho. Esse
controle contradiz a idéia apregoada no modelo de
produção enxuta (p.74).


Neste sentido, as empresas para despertar os
valores corporativos, a integração e os laços
de lealdade, apelam para treinamentos de
sobrevivência, exercícios em contato com a
natureza, entre outros. Os empregados
voltam mais dispostos, ao mesmo tempo,
mais submissos, seduzidos e vinculados à
organização (p.79).
Finalizando, a concepção de gestão
participativa baseada na identidade de
interesses entre capitalistas e trabalhadores
não passa de um mito inserido em um
sistema
de
produção
profundamente
opressivo (p.81).

Para dar conta dos sujeitos capazes do pensamento e do
desejo, as organizações estão constantemente recriando
suas realidades, com o intuito de ajustar os indivíduos às
suas necessidades, privilegiando somente as características
individuais que são úteis ao processo produtivo (p.52).
O investimento sobre o indivíduo passa a ser mais intenso
quanto mais sofisticados os processos de trabalho e os
respectivos mecanismos de controle, pois a empresa
sequestrará a subjetividade justamente porque pretende
desmobilizar
as
ações
coletivas
(p.51).
O indivíduo se identifica com a organização vivendo um
estado de individuação e isolamento. Todo seu afeto é
dirigido à ela, que lhe retorna cordialidade. De
colaboradores passam a associados. Afinal, pensar como
"associado"
é
a
base
do
controle
(p.55).
Download

enfoque crítico das organizações