Modalidade: comunicação oral
Área temática:
PENSANDO PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA
INCLUSÃO
ESCOLAR
DE
ALUNOS
COM
NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS.
AUXILIAR A
DIFERENTES
NATHALIA EUGENIO DE SOUZA UERJ/FAPERJ
RAQUEL LANINI DA SILVA CAMPOS UERJ/FAPERJ
MÁRCIA MARIN UERJ/FAPERJ
Introdução
O presente trabalho procurou refletir sobre o atendimento pedagógico a alunos com
necessidades especiais encontrado em pesquisa em uma escola especial, com foco no processo
de inclusão escolar. Observando o uso que o professor fazia da tecnologia assistiva, como a
comunicação alternativa, para ampliar a aprendizagem de seus alunos, a propósito de
possivelmente incluí-los no ensino regular, e elaborar uma atividade adaptada a fim de ser
realizada com os alunos. Segundo Pelosi (2011) o significado de tecnologia assistiva consiste
em recursos e serviços que são utilizados por pessoas de diferentes idades e níveis de
comprometimento, seja este sensorial, cognitivo, motor ou de comunicação. Esses recursos
são imprescindíveis, quando pensamos em educação especial, ao acesso a educação de
qualidade e uma vida mais independente possível para esse alunado.
A comunicação Alternativa (CA) é uma das áreas da Tecnologia
Assistiva que atende pessoas sem fala, escrita funcional ou em
defasagem entre sua necessidade comunicativa e sua habilidade em
falar e/ ou escrever. Por meio da valorização de todas as formas
expressivas do sujeito e da construção de recursos próprios, a CA
busca desenvolver e ampliar as possibilidades expressivas desse grupo
de pessoas (GLENNEN, 1997, apud QUITERIO, 2011, p. 164).
Esses recursos são imprescindíveis, quando pensamos em educação especial, ao acesso a
educação de qualidade e uma vida mais independente. Wolff (2001 apud Alves, Matsukura,
2011, p. 298) afirma, ao pesquisar a relação com o outro através da comunicação alternativa,
que quando as crianças notam que ao utilizar a prancha resulta em um efeito desejado, elas
continuam a usá-la cada vez mais para ampliar seus recursos na linguagem. Assim,
claramente, podemos constatar que esses recursos se utilizados da forma correta podem de
fato garantir uma educação de qualidade, dando autonomia para os alunos com necessidades
especiais. De acordo com o Sistema de Classificação da Função Motora Grossa para Paralisia
Cerebral (GMFCS), a paralisia cerebral pode ser classificada em cinco níveis motores
funcionais que são baseados nos movimentos voluntários da criança, dentre esses movimentos
incluem principalmente andar e sentar. Essa classificação também depende da idade de cada
criança, a diferença entre os níveis são medidos, segundo GMFCS, pelo o grau da limitação
funcional e a necessidade do uso da tecnologia Assistiva. Esses níveis são I, II, III, IV e V.
Com isso, podemos constatar que crianças do nível motor I, entre 6 a 12 anos, conseguem
andar em espaços internos e externos, sobem escadas sem dificuldades, correm e pulam,
possuem habilidades motoras grossas porem, o equilíbrio, a velocidade e coordenação são
comprometidos. Contudo, no ultimo nível, o V, todas as áreas da mobilidade da criança são
limitadas. A diferença do nível IV para V, é que as crianças do nível V não possuem
autonomia no controle de posturas antigravitacionais mais básicas.
Após entendermos como é classificado o comprometimento motor de cada indivíduo,
percebemos como a Tecnologia assistiva e a CAA são de extrema importância para os
indivíduos que possuem essa patologia. Assim afirma Alves, Matsukura (2011), que existem
estudos que comprovam que as modificações e os recursos que a tecnologia assistiva trás para
crianças com paralisia cerebral são de extrema importância, já que o seu uso trouxe
benefícios, principalmente nas crianças que são do nível IV e V, na questão da diminuição da
necessidade de ajuda e cuidado, ou seja, independência e além de melhorar essa questão de
mobilidade, a CAA beneficia também a comunicação e interação com indivíduos oralizados.
Segundo Walter (2011) a comunicação alternativa e ampliada (CAA) é um recurso próspero
na utilização de indivíduos com autismo que não se expressam por meio da fala articulada ou
que possuem fala não funcional. Dentro desta perspectiva, podemos exaltar dentro do sistema
de comunicação alternativa vinculada as pessoas com autismo, os que utilizam figuras,
desenhos, símbolos gráficos, além de outros recursos de alta tecnologia, como o vocalizador.
Esses recursos vêm resultando ganhos consideráveis no desenvolvimento da aptidão da
comunicação desses indivíduos. Com isso, os distúrbios de comportamento acabam por
diminuir, por consequência da melhora das interações comunicativas.
Há quase 20 anos da promulgação da Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994), que
prevê um modelo de educação para todos, a Educação Inclusiva progrediu significativamente
no sistema público de ensino do Estado do Rio de Janeiro. Observou-se que há garantia de
matrícula e inserção no espaço escolar dos alunos com necessidades educacionais especiais na
rede regular de ensino. Entretanto, constatou-se a partir das entrevistas que há uma enorme
carência no âmbito de estratégias pedagógicas ou de ensino individualizado, para atender
devidamente a ele. Ou seja, na prática efetiva do cotidiano escolar, a Educação Especial não
se configura como um processo integrante das práticas pedagógicas da educação regular
conforme rege a Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação
Inclusiva (BRASIL, 2008) e as Diretrizes operacionais para o atendimento educacional
especializado na Educação Básica, modalidade da Educação Especial (BRASIL, 2009). Para
efetiva implementação da inclusão escolar, é fundamental um trabalho de parceria direta entre
os profissionais da Educação Especial e do Ensino Comum.
A partir dos dados encontrados durante o trabalho na escola, em conjunto com a revisão
bibliográfica e as discussões acadêmicas, vinculados com as políticas educacionais em vigor,
percebemos que não é mais necessário discutir a inclusão de alunos com deficiências na
escola regular. Já que todos têm o direito à matrícula, assegurada no espaço escolar, ou seja,
não é mais necessário apenas garantir a permanência, mas é preciso um foco no processo de
escolarização desse aluno. Para isso, é fundamental pensar em uma pedagogia diferenciada,
com o foco no individuo baseado nas suas necessidades educacionais. Para a inclusão dos
alunos na turma comum, é necessário a adaptação das práticas e os recursos pedagógicos, com
planos de ensino individualizados que contemplem efetivamente o seu processo de ensino e
aprendizagem. A diferenciação pedagógica nos permite ampliar o olhar educacional, na
tentativa de garantir um ensino de qualidade para todos os alunos.
Hoje a discussão quanto às adaptações curriculares, ensino individualizado, ao pensar na
especificidade de cada aluno e a diferenciação pedagógica estão em foco na área da educação.
De acordo com Perrenoud (1997, apud André, 1999, p. 12) pensar uma pedagogia
diferenciada, ou seja, pensar em uma diferenciação pedagógica, não é deixar de lado o
objetivo alicerce da escola de garantir aos alunos o acesso a uma cultura de base comum, mas
sim o contrário. Ao considerarmos as diferenças, encontramos ótimas oportunidades de
aprendizagem para todos os alunos, e não para um aluno somente. Esse modelo entra como
alternativa ao ensino individualizado, onde cada aluno desenvolve isoladamente suas
atividades, a diferenciação no contexto das propostas didáticas, é aberta e diversificada,
procurando desafiar os alunos no processo de construção dos saberes.
Através da diferenciação pedagógica, é possível dar ao aluno aparatos para sua caminhada
individual, criando ciclos de aprendizagem, criando uma espécie de nova ordem pedagógica.
Trabalhando com a troca de saberes, conhecimentos e a transferência de competências,
contestando a construção dos mesmos. Esse modelo permite questionar a dinâmica dos
grupos, as distâncias culturais presentes na sala de aula, até mesmo os trabalhos escolares, ou
seja, toda a proposta pedagógica. A pedagogia das diferenças é comentada por Perrenoud
(1997, apud André, 1999, p.13) é uma oportunidade de levar em conta as subjetividades de
cada aluno, entretanto o mesmo não fica isoladamente desenvolvendo suas tarefas. Ao
diferenciarmos ofertas didáticas, deixando-as abertas e variadas, confronta-se cada aluno com
propostas de reflexão para que ele construa os saberes.
Lembramos através dos estudos de Vygotsky (1998), que a interação social, seja com
os pares ou com o professor, resultantes da mediação (intencional ou não), são o que
possibilita o desenvolvimento das funções mentais superiores e da aprendizagem. Ao
diferenciarmos nossas atividades, oportunizamos que todos participem, interagindo em
situações de desafio e aprendam novos conceitos e compartilhem vivências/ experiências.
Garantindo a equidade de todos, sem nos esquecermos da individualidade de cada um. Foi
então, a partir dessa compreensão, que foi possível elaborar uma atividade, utilizando a
comunicação alternativa e ampliada, diferenciada de modo a atender todos os alunos da sala,
independente de qualquer necessidade especial, pois a mesma foi pensada para todos. A
comunicação alternativa e ampliada (CAA) é uma modalidade da tecnologia assistiva, que vai
especialmente ampliar ou substituir a comunicação. Contudo através dos recursos usados para
essa comunicação podem ser de grande valor pedagógico, podendo inclusive ser usado em
forma de atividades didáticas. Todavia, muitos alunos que estão em escolas especiais,
poderiam estar frequentando a escola regular, se a mesma estivesse preparada
pedagogicamente e adaptada fisicamente para receber este aluno. É a partir dessas questões
que iremos dialogar com a prática pedagógica vivenciada em uma classe na escola especial.
Objetivo geral
O objetivo desse trabalho é analisar a metodologia pedagógica de uma classe, com alunos
com deficiências múltiplas, da escola especial. Avaliando se o professor faz o uso da
tecnologia assistiva, como a comunicação alternativa, para ampliar a aprendizagem de seus
alunos. Avaliar se as atividades são elaboradas de acordo com as necessidades especiais de
cada aluno.
Investigar quais são os recursos pedagógicos que o professor utiliza com os seus alunos.
Examinar se os alunos compreendem os conteúdos que estão sendo trabalhados. Elaborar uma
atividade adaptada, pensada pedagogicamente para atender a todos os alunos, contemplando
um conteúdo que esteja sendo trabalhado na escola. Executar esta atividade com os alunos.
Verificar se a atividade atingiu seus objetivos, se os alunos conseguiram acompanhar,
entender, e responder aos estímulos.
Método
A instituição é uma escola pública especial que fica perto do Maracanã, na Tijuca, Rio de
Janeiro. As visitas foram planejadas para serem realizadas todas as quartas feiras, das nove
horas até às onze e meia da manhã, durante três meses. Entretanto, por conta de feriados, e
contratempos, realizamos apenas seis encontros com a turma. Inicialmente acompanhamos e
observamos a rotina da professora com a turma, depois passamos a realizar atividades,
elaboradas pela professora, como mediadoras, e só depois dessas etapas, criamos e aplicamos
uma atividade adaptada.
A classe especial que acompanhamos durante esse tempo, continha quatro alunos, três
meninas, e um menino, em idade escolar. Para proteger a identidade das crianças, utilizamos
nomes fictícios. Os alunos dessa classe têm deficiências múltiplas, e todos estão em idade
escolar, ou seja, esses alunos poderiam estar frequentando a escola regular. Dois desses
alunos, a Joana e o Júlio, apresentam maiores comprometimentos motores, principalmente na
coordenação motora fina, de acordo com o Sistema de Classificação da Função Motora
Grossa para Paralisia Cerebral (GMFCS), eles estão classificados no nivel IV, não são
oralizados, e ambos têm sinais corporais para o sim e para não. Já a Mariana tem
comprometimento motor mais moderado, tem uma das mãos mais comprometida do que a
outra, em relação à coordenação motora fina, expressa algumas palavras, como o sim, o não, e
alguns números. A Amanda foi diagnosticada com Autismo, têm alguns distúrbios de
comportamento, alguns gerados por mudanças em sua rotina, ela apresenta fala não funcional,
expressando poucas palavras. Todos têm comprometimento cognitivo.
Os alunos assistem às aulas, sentados em uma mesa retangular em conjunto, um ao lado do
outro. A professora fica em pé na frente da mesa para mediar às atividades. A sala é adaptada
fisicamente e pedagogicamente para receber seus alunos. O espaço físico da sala é amplo e
arejado, tendo uma boa disposição das mesas e materiais. A sala tem recursos adaptados,
como o plano inclinado, pranchas com símbolos da comunicação alternativa, todas as letras
do alfabeto são feitas de E.V.A. e coladas na frente de sacos plásticos, dentro de cada saco,
contém objetos que começam com a letra correspondente. Esse recurso permite que os alunos
visualizem melhor as possibilidades das letras do alfabeto. O planejamento das atividades
também é direcionado e pensado de acordo com as necessidades educacionais de cada aluno.
A professora tem uma rotina para trabalhar com os seus alunos. No início da aula, a
professora realiza a contagem dos dias da semana com os seus alunos. Tem um mural, que
fica em uma das laterais da sala, ao lado do quadro, com todos os dias da semana pendurados,
com figuras que ilustram se é dia de vir para escola ou de ficar em casa, para que os alunos
possam visualizar. A professora vai contando com eles os dias até chegar no dia certo. A
imagem do dia certo com uma foto, que representa que é dia de escola, é passada por cada
aluno, para que os mesmos possam verificar a foto e conferir as letras do dia da semana.
Depois desta atividade, a professora faz a chamada. No quadro da sala de aula, tem um mural
que divide a turma em meninas e meninos, todos os alunos tem uma ficha com a sua foto e o
seu nome logo abaixo. A professora pega essas fichas e com outra folha esconde a foto,
deixando só o nome à mostra, desta forma, os alunos precisam apontar qual deles é o dono da
ficha. Depois da identificação, todos os alunos manuseiam a ficha, para analisarem as letras
do nome, e todos conseguem apontar as letras certas, que a professora pergunta. Essa
atividade é feita em conjunto, sem a participação da professora na troca das fichas, eles de
forma independente, passam as fichas um para o outro. Depois da chamada a professora
coloca as fichas nos lugares certos do mural. E junto com os alunos, conta quantas pessoas
tem na sala, com o auxilio de números feitos de E.V.A. Nesta atividade todos os alunos
reconhecem e identificam a quantidade certa de pessoas em sala, a professora espalha alguns
números na mesa, para que cada um, individualmente, escolha o número correspondente à
quantidade de pessoas em sala. Após essa atividade a professora distribui fichas de frio e
calor, para que os alunos possam apontar e se expressar como estão se sentindo com relação à
temperatura. Essa é a rotina que a professora segue antes de fazer qualquer atividade no dia.
Essa turma faz parte de um projeto anual, cujo tema é o “Ar”. Este projeto é desenvolvido
pelo o grupo de trabalho pedagógico (GTP), que reuni quatro professores, com a finalidade de
trabalhar, dentro do tema do projeto, quatro competências: Comunicação, Experimentação,
Ludicidade e Informação. Cada professor é responsável por uma competência. Uma vez por
semana, um desses professores trabalha um desses temas com os alunos. Estimulando sempre
uma dessas competências. Vale ressaltar que todo o planejamento da professora efetiva da
classe, também é feito baseado no tema do projeto. Ou seja, essas atividades estão sempre
interligadas para facilitar o processo de ensino aprendizagem desses alunos.
A atividade elaborada para realizar com essa turma de alunos foi uma história adaptada com
símbolos. A atividade foi criada a partir da verificação das necessidades educacionais
especiais de cada aluno, analisaram-se quais recursos pedagógicos precisavam ser adaptadas,
como também, quais atividades eles já dominam e quais eles poderiam dominar com o auxilio
das tecnologias assistivas. Usando essas questões como base, a atividade foi elaborada. A
história selecionada, conta como surgiu o avião e como ele funciona atualmente, a história foi
adaptada para que cada palavra do livro fosse representada por uma figura. Foram utilizadas
letras com fonte de tamanho maior, ficando duas frases por folha. No primeiro momento o
assunto foi introduzido de forma oral, para explicar que uma história seria contada. Contou-se
a história calmamente, mostrando os símbolos e as letras, e explicando verbalmente o
conteúdo do livro. Depois de lida a história perguntou-se a opinião dos alunos, e o livro foi
posto a disposição para ser manuseado. Depois desse momento, realizou-se perguntas sobre a
história, para verificar a compreensão do conteúdo. As perguntas foram fechadas, ou seja,
com respostas de sim ou não. Como o objeto trabalhado na história foi o avião, trabalhou-se
esta palavra, analisando as letras. Nesta atividade, verificou-se se a identificação das letras da
palavra Avião.
Resultados
Durante a pesquisa, observou-se e foi analisada a metodologia pedagógica dentro de uma
classe, com alunos com deficiências múltiplas. Foi possível constatar que a professora faz o
uso da tecnologia assistiva, para dar o suporte e ampliar a comunicação e o aprendizado dos
seus alunos.
Discussão
Segundo Delgado (2011) os professores são muito importantes nesse processo, visto que
ensinam e realizam novas formas de comunicação com seus alunos, com relação a sua
deficiência, aumentando assim, sua capacidade de interação. Assim, a professora dessa turma
estava atenta às necessidades de seus alunos Suas tarefas são pensadas e adaptadas de acordo
com as necessidades educacionais de cada aluno.
Segundo Quiterio (2011) é necessário se pensar um currículo que seja planejado e dirigido
para garantir uma aprendizagem que respeite a diversidade, por isso é importante variados
ajustes a turma e a rotina, por exemplo, a necessidade de ajustes com relação ao tempo, ao
material, e uma forma alternativa de se fazer uma atividade, possibilitando assim o processo
de aprendizagem de todos. Rotineiramente a preocupação está apenas na “presença” do aluno
no ensino comum, ou mesmo na escola especial, se tornando uma inclusão meramente
“física” no espaço da escola. Essa privação de atividades, avaliações, compreensão de
conteúdo, não se diferenciando as atividades para que caibam ao restante da turma, acaba
comprometendo o processo de escolarização e o desenvolvimento desse sujeito no contexto
escolar. As tarefas apresentadas a esse alunato, geralmente distintas do restante da turma, são
direcionadas as funções mais elementares, ou seja, tarefas que não exigem uma capacidade de
abstração, como recortar, colar, pintar, copiar etc.. Para que o aluno seja capaz de realizar as
atividades planejadas, seriam necessárias modificações nas propostas pedagógicas, mas estas,
constantemente, resultam em uma “facilitação” da atividade. Não é esse o caminho a ser
seguido, não precisamos facilitar uma atividade pra esses alunos, mas a atividade em sua
essência precisa ter um recorte que caiba a qualquer um dos alunos, inclusive contemplando
as necessidades educacionais especiais de alguns.
Dentro desta classe, essas ações pedagógicas foram pensadas de acordo com a diversidade da
turma, e a necessidade individual de todos os alunos. Como o projeto "Ar", que é trabalhado
por quatro professores, desenvolvendo quatro competências, dentro do tema, adaptando e
adequando as atividades, sem perder seu conteúdo ou a sua finalidade. Este projeto delineou o
que a educação especial deveria ser, professores em conjunto planejando e elaborando
atividades adaptadas, que garantem o aprendizado de todos, respeitando e se adequando com
as necessidades especiais da turma. Quiterio (2011) afirma que o educador é aquele que deve
maximizar as potencialidades e minimizar as dificuldades nos relacionamentos interpessoais,
usando de um ensino que incite uma parceria constante entre profissionais do atendimento
educacional especializado, pesquisadores e os próprios professores, para que essa harmonia
melhore o processo educacional e seja refletida em sala de aula. Ou seja, este projeto
desenvolvido nessa classe, contempla as ideias propostas pela diferenciação pedagógica, de
forma a garantir: a interação dos alunos com o professor, com os outros alunos e o
comprimento da atividade.
A partir das observações feitas no decorrer das aulas, constatou-se que os alunos respondem
bem aos recursos utilizados pela a professora. Avaliaram-se essas questões de acordo com os
estímulos feitos pela a professora durante as atividades, e as respostas que eram dadas pelos
os alunos, ou por forma de sinais corporais, ou através da prancha adaptada. Os mesmos
compreendiam as perguntas, e respondiam com o auxilio de recursos da tecnologia assistiva,
ou com os seus sinais corporais de forma correta. Com isso, percebeu-se que esses alunos não
estão em sala de aula, apenas para "socializar" e sim para participar das atividades, aprender
os conteúdos trabalhados, conviver com os colegas, e ter dedicação e comprometimento da
professora para com eles.
A partir desse contexto, evidenciou-se que esses alunos, em idade escolar, poderiam estar
frequentando uma escola regular, se a mesma fosse adaptada pedagogicamente as suas
necessidades educacionais especiais. Glat e Pletsch (2011) afirmam para que de fato a escola
cumpra sua função de receber todos os alunos, precisa considerar todas as características
individuais, como informações importantes para que se realize a adequação do ensino ao
aluno. Esse é o verdadeiro sentido de uma educação inclusiva de qualidade, quando as
necessidades educacionais especiais formam a base para o processo de escolarização. Para
isso, esses alunos irão precisar de diferentes formas de interação pedagógica, como suportes
educacionais, recursos pedagógicos pensados para uma metodologia e currículos adaptados.
Vale ressaltar que, necessidade educacional especial não é o mesmo que deficiência, crianças
com a mesma deficiência, ou seja, a mesma patologia podem apresentar necessidades
educacionais diferentes. Segundo Glat e Pletsch (2011) o significado de necessidade
educacional especial está ligado com a interação do aluno com as atividades ou proposta
educativa, com o qual ele utiliza. Por isso, é muito importante que o professor não tenha o
pré-conceito de julgar o que o seu aluno pode ou não fazer por conta da sua deficiência, e sim,
através das atividades e da interação, deixar que o aluno demonstre as suas potencialidades
como também as suas necessidades, para melhor adaptar e adequar os recursos pedagógicos.
Dentro desse contexto é possível pensar em atividades, adaptar o currículo, sendo assim, é
possível minimizar as dificuldades e não potencializá-las. A partir desses conceitos que a
atividade adaptada foi elaborada, ou seja, a atividade foi confeccionada para atender as
necessidades educacionais de todos os alunos, a fim de ser realizada coletivamente.
Entretanto, no dia em que a atividade foi aplicada, dos quatro alunos da turma, só estava
presente o Julio. Então, aplicou-se a atividade para esse aluno que estava na sala, os outros
não estavam presentes por motivos de doença. Conforme André (1999) a diferenciação
pedagógica também reconhece a importância de se trabalhar em grupo, pois isso oportuniza
muitos aprendizados, o professor deve acompanhar os percursos individuais de cada aluno,
mas o grupo deve trabalhar cooperativamente, tomando consciência de suas diferenças e agir
de acordo com elas. No caso, desse estudo isso não foi possível devido às faltas, entretanto a
atividade proporcionava isso. Perrenoud (1995) destaca as atividades em grupo para
alcançarmos a diferenciação pedagógica, sem deixar de lado o acompanhamento
individualizado dos processos e dos percursos de aprendizagem. Por fim, o aluno conseguiu
compreender a história e respondeu as perguntas corretamente. Com a adaptação das figuras,
o aluno associou a frase às imagens durante a leitura do texto. Durante a história, realizaramse perguntas fechadas sobre o conteúdo, o aluno conseguiu compreender a pergunta, como
também respondeu corretamente, através do seu sinal corporal de sim e não. A partir desses
resultados, podemos concluir que a atividade contribui bastante para a formação do aluno,
sendo pensada e confeccionada, de acordo com as suas necessidades educacionais.
Conclusão
Diferenciar nossas práticas pedagógicas, segundo (Perrenoud 1997, apud André, 1999, p. 22 )
é aceitar o desafio que não existem receitas prontas, nem soluções universais. É compreender
e aceitar as incertezas, flexibilizar nossas ações e entender que grande parte de nossas
intenções pedagógicas devem ser construídas na ação cotidiana, em um processo de
negociação, revisão constante e iniciativa por parte de seus autores.
A partir da realização desta atividade, constamos que foi possível usar os recursos
pedagógicos, nesse caso da comunicação alternativa, diferenciados para que todos os alunos
pudessem participar e interagir durante a mesma. Ou seja, ao diferenciarmos a atividade, a
mesma pode ser adaptados para o processo de ensino aprendizagem desses alunos de forma a
atender suas necessidades individuais, mas não de maneira isolada. Cabendo assim, na
adaptação da prática educativa de uma sala de aula de uma escola especial no município do
Rio de janeiro, onde foi planejada e aplicada a atividade pedagógica diferenciada a fim de
acompanhar os percursos de aprendizagem de todos os alunos, sem esquecer-se de suas
necessidades individuais, mas trabalhando cooperativamente e construindo também a
identidade coletiva. Precisando ser algo a ser pensando e estudado a fundo, para podermos
aplica-lo em nossos contextos escolares, principalmente no ensino regular.
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Modalidade: comunicação oral Área temática: PENSANDO