CASO CLÍNICO:
GIANOTTI CROSTI
(ACRODERMATITE PAPULAR DA INFÂNCIA)
Apresentação: Gustavo Henrique e Diego Pachá
Programa de Internato em Saúde da Criança – 6º ano
Coordenação: Luciana Sugai
Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS)/SES/DF
www.paulomargotto.com.br
Brasília, o1 de outubro de 2013
IDENTIFICAÇÃO
E
QP
Admissão PS-HMIB:
 Identificação: APC, sexo masculino, 2 anos e 11
meses, residente procedente de Santa Maria-DF.
P: 13.500
Informante: Mãe - regular informante

Queixa principal: Feridas pelo corp
HDA
HDA: Mãe refere há cerca de 1 mês e 20 dias criança
apresentou quadro de lesões pelo corpo, especialmente
em cabeça e membros, associado a prurido.
 Refere que procurou tratamento médico com 5 dias de
quadro, sendo diagnosticado varicela, não sendo
necessário tratamento específico.
 Piora das lesões e aumento prurido desde então. Há
cerca de 1 semana fez uso de cefalexina por 2 dias por
conta própria, porém refere piora das lesões
suspendendo portanto o uso. Apetite preservado, ativo
ao habitual. Sono prejudicado pelo prurido.

HDA



Há cerca de 1 semana fez uso de cefalexina por 2
dias por conta própria, porém refere piora das
lesões suspendendo portanto o uso.
Apetite preservado, ativo ao habitual. Sono
prejudicado pelo prurido.
Nega febre, alterações nas eliminações
fisiológicas ou outros sintomas.
ANTECEDENTES FISIOLÓGICOS



Antecedentes fisiológicos e hábitos de vida: G1
P1 C0 A0, sem cartão da criança.
Refere que a criança é nascida a termo sem
intercorrências gestacionais ou no parto.
Mamou exclusivamente até os 6 meses de vida.
Hoje alimenta-se coma comida da casa e leite
materno.
ANTECEDENTES FAMILIARES

Mãe:23 anos, hígida

Pai: sem contato, desconhece historia patológica

Irmão por parte de pai: sem contato, desconhece
história.
ANTECEDENTES PATOLÓGICOS



Refere uma internação prévia quando bebê ( não
sabe informar idade) devido a quadro de
obstrução nasal e desidratação.
Nega patologias, uso de medicações, cirurgias
prévias ou internações.
Nega alergias ou comorbidades.
HÁBITOS DE VIDA



Reside em casas de alvenaria com saneamento
básico completo
Refere cachorro no peridomicílio ( 2 cachorros
adultos e 12 filhotes) Presença de tapetes,
cortina.
Nega tabagismo passivo.
EXAME FÍSICO


BEG, ativo, reativo, corado, hidratado, bem
humorado, comunicativo, cooperativo ao exame
Sem sinais de irritabilidade, ausência de petéquias,
sem sinais meníngeos ou rigidez de nuca.

FC: 98 bpm FR: 22irpm

RCR, 2 tempos, BNF sem sopros

Mvf sem RA, ausência de esforço respiratório, TSC
ou retração de fúrcula
EXAME FÍSICO

Abdome plano, normotenso, indolor, timpanismo
difuso, não palpei massas ou viceromegalias, RHA+ e
normoativos. Sem sinais de peritonite. Blumberg e
Rovising negativos.

Extremidades bem perfundidas e sem edema. TEC<2

Orofaringe sem alterações.

Presença de lesões difusas, papulares, simétreicas,
ulceradas, com sinais de arranhadura principalmente
em MMII, MMSS e face e, com poucas em abdome.
EXAMES COMPLEMENTARES

Não foram solicitados
CASO CLÍNICO
HIPÓTESE
CONDUTA
DIAGNÓSTICA
VARICELA
EPIDEMIOLOGIA
 Etiologia:
Vírus Varicela Zoster, DNA, herpesvírus
 Transmissão: direta e transplacentária
 Alta contagiosidade até a adolescência
 Período de incubação: 10 a 21 dias (14 dias)
 Transmissibilidade: 2 dias antes, até 5 dias após o
aparecimento das vesículas (enquanto lesão ativa)
 Casos secundários intra-domiciliares são mais
graves ( ↑ carga viral e ↑ tempo de exposição)
FISIOPATOLOGIA
Colonizacão das VAS pelo vírus
 Nódulos linfáticos → 4-6 dias viremia
 Alojam em órgãos do SRE e após 1 semana:
segunda viremia
 Atingem pele e outras vísceras

QUADRO CLINICO
Período prodrômico: (1-2 dias) febre baixa, cefaléia,
anorexia, tosse, coriza e mal estar
 Exantema/ Enantema
 Distribuição centrípeta, com início em face e couro
cabeludo
 Pruriginoso
 Estágios: mácula pápula vesícula  pústula
crosta
 Cura em até 1 semana; lesões residuais até 1 mês.
 Cicatrizes podem persistir indefinidamente.

DIAGNÓSTICO
Clínico
 Sorologia
 Métodos específicos quando se suspeita de
complicações
Rx de tórax
Punção lombar

COMPLICAÇÕES





Fatores de risco para varicela severa e/ou
complicações:
Idade: Neonatal ou adultos
Corticoterapia prolongada (> 2 sem), em altas
doses
Gravidez
Imunodeficientes (principalmente imunidade
celular)
COMPLICAÇÕES
 Pneumonia:
raro em imunocompetentes
 Comprometimento do SNC
 Ataxia cerebelar aguda (forma mais comum) Ocorre
2-3 sem após o fim da doença e pode persistir por 2
meses (Bom prognóstico)
 Encefalite
 Síndrome de Reye (Uso de AAS)
*OBS: Contra- indicado também após vacinação (6 s)
 Fasceíte necrozante
COMPLICAÇÕES
Varicela neonatal
 Herpes zoster
 Infecção secundária (mais comum)
 Estreptococo do grupoA ou S. Aureus
 Em< 4 anos, considerar H. Influenzae
 Perianais: Gram- neg e Anaeróbios
 Germes intra- hospitalares
 Leucocitose não é indicativo

PROFILAXIA
Imunização passiva
Prevenir e atenuar a doença, ↓ complicações e mortalidade
Até 96h após a exposição
Proteção por até 3 semanas
• Imunização ativa
Vírus vivo atenuado
Não é indicada em < 1 ano
A SBP recomenda para > 1 ano, se possível
•
TRATAMENTO
Aciclovir
24-48h após o início da erupção
Dose: 10mg/Kg/dose de 8/8h EV
Crianças imunocomprometidas
Neonatal
Adolescentes e adultos

TRATAMENTO
Medidas gerais
 Analgésicos e antitérmicos (Não usar AAS)
 Anti-histamínicos para diminuir o prurido e prevenir
infecções secudárias
 Antibioticoterapia

Impetigo
INTRODUÇÃO
1864 -Tilbury Fox: lesão bolhosa que evolui para úlcera
recoberta por uma crosta amarelada.
 infecção superficial da epiderme.
 É a infecção cutânea mais comum na infância.
 Locais com clima quente e úmido(padrão sazonal).
 2 formas: Bolhoso e não-bolhoso (70%).

EPIDEMIOLOGIAS
↑incidência em meses de verão, locais com pouca higiene,
fechados e aglomerados.
 Associação com picada de insetos.
 Transmissão: contato direto e fômites.
 Qualquer idade: crianças 2-5 anos.
 Não há predominância em sexo ou raça.
 Em adultos: ↑ homens.

FISIOPATOLOGIA/ QUADRO
CLÍNICO
Streptococcus β-hemolítico e/ou Staphylococcus aureus.
 Não bolhoso: colonização  trauma  mácula vermelha 
vesícula  erosão  crosta amarelada  extensão.
 Cirurgia, trauma, arranhadura, cirurgias..
 As lesões geralmente acometem pele exposta.
 A resolução ocorre em algumas semanas sem deixar
cicatrizes.

DIAGNÓSTICO
Clínico
 A cultura não diferencia infecção de colonização.

Diagnóstico diferencial:
 Herpes
 Dermatite atópica
 Pincadas de inseto
TRATAMENTO
Penicilinas com inibidores de betalactamase.
 Cefalosporina de primeira geração.
 Por via tópica: quando doença limitada.
 Descolonização com mupirocina/ ác. fusídico para
evitar recorrência (fossas nasais, axilas..).
 Contatos íntimos: descolonização por 5 dias.
 Lesões extensas/ sinais sistêmicos:
antibioticoterapia por 10 dias.

TRATAMENTO

Piora após 48h: ATB parenteral
Prognóstico: Pode ser recorrente. Apresenta boa
resposta clínica ao tratamento.
Complicações:
 GNPE (1-5%)
 Sepse
 Celulite
 S. Choque tóxico
Celulite
Artrite
Endocardite
Linfangite
Linfadenite
Gianotti-Crosti
INTRODUÇÃO
1955: Gianotti e Crosti  exantema associado a
hepatite B.
 Reação cutânea relacionada a vírus, bactérias e
vacinas.
 Sinonímia: acrodermatite papular da infância.
 Ocorrência global.
 Autolimitada
 + Comumente causada pelo EBV.

EPIDEMIOLOGIA
6 meses a 12 anos (pico de 1 a 6 anos).
 >90% são menores de 4 anos.
 Crianças: não há predileção por raça ou sexo.
 ↑ em crianças com dermatite atópica.
 Adultos: exclusivamente mulheres.
 Morbidade associada a infecção da Hep. B
 Agente depende da localidade.

FISIOPATOLOGIA
Resposta errática do sistema imune imaturo das
crianças aos vírus?
 Reação de hipersensibilidade tipo IV ao agente
que se encontra na derme?
 Raro em adultos: imunização duradoura a um
agente viral deflagrador comum?
 Partículas virais e complexos imunes nunca foram
detectadas nas lesões.

QUADRO CLÍNICO
É precedido por sintomas de IVAS.
 Febre baixa e diarréia podem estar presentes.
 Múltiplas pápulas surgem em face, bochechas e
superfície extensora das extremidades.
 São lesões planas e simétricas com cores que variam
do vermelho ao castanho.
 Face pode ser o único local acometido.
 O rash pode durar até 4 meses (2-4semanas).
 Recorrência é rara.

DIAGNÓSTICO
Clínico
 Biópsia: descarta outras causas.
 ↑ enzimas hepáticas: hepatite, EBV

Diagnósticos diferencias:
 Varicela
 Impetigo crostoso
 Dermatite atópica
TRATAMENTO
Esclarecimento sobre o caráter benigno.
 Exantema não tem caráter contagioso.
 Corticóides tópicos não tem bons resultados (podem ser
usados para prurido).
 Anti-histamínicos aliviam parcialmente o prurido.
 Tratamento específico para o agente etiológico associado.
 Monitorar a queda das transaminases.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Ministério da Saúde. Doenças infecciosas e
parasitárias: Guia de bolso. 6ª ed. Brasília:
Ministério da Saúde, 2005.
 Ricci G. et al. Gianotti-Crosti syndrome and
allergic background. Acta Derm Venereol. 2003;
83(3):202.
 FIRMINO. Isabel Cristina Leal. Infecções de pele
e partes moles: proposta de protocolo de
atendimento em unidade de pediátrica. 65 F Monografia de especialização em pediatria.
Brasília - DF

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Varicela - Paulo Roberto Margotto