Evangelho segundo S. Mateus 20,1-16.
«Com efeito, o Reino do Céu é semelhante a um proprietário que saiu ao romper da manhã, a
fim de contratar trabalhadores para a sua vinha. Ajustou com eles um denário por dia e
enviou-os para a sua vinha. Saiu depois pelas nove horas, viu outros na praça, que estavam
sem trabalho, e disse-lhes: 'Ide também para a minha vinha e tereis o salário que for justo.’ E
eles foram. Saiu de novo por volta do meio-dia e das três da tarde, e fez o mesmo. Saindo
pelas cinco da tarde, encontrou ainda outros que ali estavam e disse-lhes: 'Porque ficais aqui
todo o dia sem trabalhar?’ Responderam-lhe: 'É que ninguém nos contratou.’ Ele disse-lhes:
'Ide também para a minha vinha.’ Ao entardecer, o dono da vinha disse ao capataz: 'Chama os
trabalhadores e paga-lhes o salário, começando pelos últimos até aos primeiros.’ Vieram os
das cinco da tarde e receberam um denário cada um. Vieram, por seu turno, os primeiros e
julgaram que iam receber mais, mas receberam, também eles, um denário cada um. Depois de
o terem recebido, começaram a murmurar contra o proprietário, dizendo: 'Estes últimos só
trabalharam uma hora e deste-lhes a mesma paga que a nós, que suportámos o cansaço do dia
e o seu calor.’ O proprietário respondeu a um deles: 'Em nada te prejudico, meu amigo. Não
foi um denário que nós ajustámos? Leva, então, o que te é devido e segue o teu caminho, pois
eu quero dar a este último tanto como a ti. Ou não me será permitido dispor dos meus bens
como eu entender? Será que tens inveja por eu ser bom?’ Assim, os últimos serão os
primeiros e os primeiros serão os últimos. Porque muitos são os chamados, mas poucos os
escolhidos.»
São Cirilo de Jerusalém (313-350), bispo de Jerusalém, doutor da Igreja
Catequese baptismal 13
O homem da décima primeira hora
Um dos ladrões crucificados com Jesus gritava: “Lembra-te de mim, Senhor! Para Ti que me
volto neste momento. Não Te falo das minhas obras, porque elas me fazem tremer. Qualquer
homem tem boas disposições relativamente aos seus companheiros de viagem; eis-me aqui,
Teu companheiro de viagem para a morte. Lembra-Te de mim, teu companheiro de viagem,
não apenas agora, mas quando chegares ao Teu Reino” (Lc 24, 42).
Que poder te iluminou, ó bom ladrão? Quem te ensinou a assim adorar Aquele que foi
desprezado e crucificado contigo? Ó Luz eterna, que iluminas aqueles que se encontram nas
trevas (Lc 1, 79)! “Tem coragem! Em verdade te digo, que hoje estarás comigo no paraíso,
porque hoje ouviste a Minha voz e não endureceste o coração” (Sl 94, 8). Por ter
desobedecido, Adão foi rapidamente expulso do jardim do paraíso. Tu, que hoje obedeceste à
fé, serás salvo. Para Adão, a árvore foi ocasião de queda; a ti, a árvore far-te-á entrar no
paraíso.
Ó graça imensa e inexprimível: ainda Abraão, o fiel por excelência, não tinha entrado, quando
o ladrão entrou. Espantado com o facto, Paulo comenta: “Onde abundou o pecado,
superabundou a graça” (Rom 5, 20). Aqueles que haviam penado todo o dia ainda não tinham
entrado no reino e ele, o homem da décima primeira hora, é admitido sem tardar. Que
ninguém murmure contra o Mestre: “A ninguém faço injustiça; não terei o poder de fazer o
que quero em Minha casa?” O ladrão quer ser justo, Eu contento-me com a sua fé. Eu, o
Pastor, encontrei a ovelha perdida e pu-la aos ombros (Lc 15, 5), porque ela Me disse: “Errei,
mas recorda-Te de mim, Senhor, quando entrares no Teu reino.
São João Crisóstomo (c. 345-407), bispo de Antioquia, posteriormente de Constantinopla,
doutor da Igreja
Homilias sobre São Mateus
«Ide vós, também, para a minha vinha»
É bem evidente que esta parábola se dirige, ao mesmo tempo, tanto aos que são virtuosos
desde a sua tenra idade, como aos que se tornam tais na sua velhice: aos primeiros para os
preservar do orgulho e os impedir de censurarem os da hora undécima; aos segundos para lhes
ensinar que podem merecer o mesmo salário em pouco tempo. O Salvador acabava de falar da
renúncia às riquezas, do desprezo de todos os bens, de virtudes que exigem grande ânimo e
coragem. Para tal, era preciso o fervor e a força de uma alma cheia de juventude; o Senhor,
portanto, reacende neles a chama da caridade, fortalece os seus sentimentos e mostra-lhes que
mesmo os últimos a virem recebem o salário de um dia inteiro…
Todas as parábolas de Jesus: as das virgens, da rede, dos espinhos, da árvore estéril,
convidam-nos a manifestar a nossa virtude nas nossas acções. Fala pouco de dogmas, porque
estes não exigem muito esforço. Mas fala frequentemente da vida, ou antes, fala sempre,
porque sendo a vida uma luta contínua, o esforço também resulta contínuo.
São João Crisóstomo (c. 345-407), bispo de Antioquia, mais tarde de Constantinopla, doutor
da Igreja
Homilia 64
Cada um à sua hora
«Ide, também vós, para a minha vinha». Irmãos, talvez me perguntem por que não foram
convidados ao mesmo tempo todos esses operários para a vinha do Senhor? Ao que eu
responderei que a intenção de Deus foi chamá-los a todos ao mesmo tempo. Mas o facto de
eles não quererem vir ao ser chamados à primeira hora deve-se à sua recusa. Por isso, o
próprio Deus acaba por chamá-los em particular, à hora em que Ele pensava que iriam aceitar
e responder ao seu convite.
É isto o que o apóstolo Paulo declara quando diz: «Quando aprouve a Deus que me escolheu
desde o seio de minha mãe» (Gl 1, 15). E quando Lhe aprouve senão quando viu que Paulo
obedeceria ao seu chamamento? Deus podia tê-lo chamado, certamente, desde o começo da
sua vida, mas porque Paulo não iria obedecer à sua voz, Deus preferiu não chamá-lo senão
quando viu que ele iria responder. Deste modo, Deus não teria chamado o bom ladrão só na
última hora, se tivesse previsto que esse homem iria responder ao seu chamamento.
Portant o, se os operários da parábola dizem que ninguém os contratou, é preciso recordar a
paciência de Deus. Ele, por sua vez, demonstra bem que fez tudo o que estava em seu poder
para que todos pudessem vir desde a primeira hora do dia. Deste
S. Efrém (cerca 306-373), diácono na Síria, doutor da Igreja
Diatessaron, 15, 15-17
«Não me será permitido dispor dos meus bens como me aprouver?»
Aqueles homens estavam dispostos a trabalhar mas «ninguém os contratou»; eles eram
trabalhadores, mas ociosos por falta de trabalho e de patrão. Em seguida, uma voz contratouos, uma palavra pô-los a caminho e, no seu zelo, não combinaram antecipadamente qual o
preço do seu trabalho, como os primeiros. O patrão avaliou os seus trabalhos com sabedoria e
pagou-lhes tanto como aos outros. Nosso Senhor disse esta parábola para que ninguém
dissesse: «Uma vez que não fui chamado na juventude, não posso ser recebido». Mostrou que,
seja qual for o momento da sua conversão, todo o homem é acolhido... «Ele saiu pela manhã,
pela terceira hora, pela hora sexta, pela hora nona e pela hora undécima»: pode-se
compreender isso desde o início da sua pregação, ao longo da sua vida até à cruz, porque foi
«à hora undécima» que o ladrão entrou no Paraíso. Para que não se incrimine o ladrão, nosso
Senhor afirma a sua boa vontade; se tivesse sido contratado, teria trabalhado: «Ninguém nos
contratou».
O que damos a Deus é bem digno dele e o que ele nos dá bem superior a nós. Contratam-nos
para um trabalho proporcional às nossas forças, mas propõem-nos um salário superior ao que
o nosso trabalho merece... Ele age do mesmo modo para com os primeiros e para com os
últimos; «recebeu cada um uma moeda» com a imagem do Rei. Tudo isso significa o pão da
vida (Jo 6,35) que é o mesmo para todos os homens; único é o remédio de vida para aqueles
que o tomam.
No trabalho da vinha, não se pode acusar o patrão pela sua bondade, e não se encontra nada a
dizer acerca da sua rectidão. Na sua rectidão, ele deu como havia combinado, e mostrou-se
misericordioso como quis. É para ensinar isto que nosso Senhor disse esta parábola, e resumiu
tudo isto nestas palavras: «Não me é permitido fazer o que quero na minha casa?»
Pregador do Papa: «Existe um chamado universal à vinha do Senhor!»
O padre Raniero Cantalamessa comenta o Evangelho do próximo domingo
ROMA, sexta-feira, 16 de setembro de 2005 (ZENIT.org).- Publicamos o comentário do padre
Raniero Cantalamessa OFM Cap. --pregador da Casa Pontifícia-- ao Evangelho do próximo
domingo (Mt 20, 1-16).
***
XXV do tempo comum (ano A)
Mateus (20, 1-16)
Naquele tempo, Jesus disse a seus discípulos esta parábola: «O Reino dos Céus é semelhante
a um proprietário que saiu à primeira hora da manhã a contratar operários para sua vinha.
[...] Mas o proprietário contestou a um deles: “Amigo, não te faço nenhuma injustiça. Não
combinaste comigo um denário? Pois toma o teu e vai. Por minha parte, quero dar a este
último o mesmo que a ti. Será que não posso fazer com o meu o que quero? Ou vai ser
invejoso porque eu sou bom? Assim, os últimos serão os primeiros e os primeiros, últimos”».
Ide à minha vinha
A parábola dos operários enviados a trabalhar na vinha em horas diferentes, que recebem o
mesmo pagamento de um denário, propôs sempre problemas aos leitores do Evangelho. É
aceitável o modo de atuar do proprietário? Não viola o princípio da recompensa justa? Os
sindicatos se sublevariam ao uníssono se alguém atuasse como esse proprietário.
A dificuldade nasce de um equívoco. Considera-se o problema da recompensa em abstrato, ou
em referência à recompensa eterna. Visto assim, o tema contradiria com efeito o princípio
segundo o qual Deus «dará a cada um segundo suas obras» (Rm 2,6). Mas Jesus se refere aqui
a uma situação concreta. O único denário que se dá a todos é o Reino dos Céus que Jesus
trouxe à terra; é a possibilidade de entrar para fazer parte da salvação messiânica. A parábola
começa: «O Reino dos Céus é semelhante a um proprietário que saiu à primeira hora da
manhã...». É o Reino dos Céus, portanto, o tema central do fundo da parábola. O problema é,
uma vez mais, o da postura de judeus e pagãos, ou de justos e pecadores, frente à salvação
anunciada por Jesus. Ainda que os pagãos (respectivamente os pecadores, os publicanos, as
prostitutas, etc.) só ante a pregação de Jesus se decidiram por Deus, enquanto que antes
estavam distantes («ociosos»), não por isto ocuparão no Reino uma posição de segunda
classe. Também eles se sentarão na mesma mesa e gozarão da plenitude dos bens
messiânicos.
Mais ainda, posto que os pagãos se mostram mais dispostos a acolher o Evangelho que os
chamados «justos» (os fariseus e os escribas), realiza-se aquilo que Jesus diz como conclusão
da parábola: «Os últimos serão os primeiros e os primeiros, últimos». Uma vez conhecido o
Reino, isto é, uma vez abraçada a fé, então sim que há lugar para as diferenças. Não é idêntica
a sorte de quem serve a Deus toda a vida, fazendo render ao máximo seus talentos, com
respeito a quem dá a Deus só as sobras da vida, com uma confissão reparadora, em certo
modo, no último momento.
Esclarecido este ponto central, é legítimo tirar à luz os outros ensinamentos da parábola. Um é
que Deus chama todos e todas horas. Existe um chamado à vinha do Senhor! Trata-se, em
resumo, do problema do chamado mais que do da recompensa. Este é o modo em que nossa
parábola é utilizada na exortação de João Paulo II «sobre vocação e missão dos leigos na
Igreja e no mundo» («Christifideles laici»): «Os fiéis leigos pertencem àquele Povo de Deus
representado nos operários da vinha... “Ide também vós à minha vinha”«n. 1-2).
A parábola evoca também o problema do desemprego: «Ninguém nos contratou!», esta
resposta desconsolada dos operários da última hora poderão fazê-la própria milhões de
desempregados. Todos sabemos o que significa estar desempregado para quem tem família ou
para um jovem que quer se casar e não pode porque falta trabalho e com ele a mínima
garantia de poder manter dignamente a família. Se falta trabalho para muitos, um dos motivos
(não o único, não o principal, mas certamente relevante) é que alguns têm muito.
Outro ensinamento se pode tirar da parábola. Aquele proprietário sabe que os operários da
última hora têm as mesmas necessidades que os demais, têm também suas crianças que
alimentar, como os da primeira hora. Dando a todos a mesma paga, o proprietário mostra não
ter em conta tanto o mérito como a necessidade. Mostra ser não só justo, mas também «bom»,
generoso, humano.
[Traduzido por Zenit. Original publicado por «Famiglia Cristiana»]
ZP05091601
Pregador do Papa: pagamento do Reino é igual para todos
Comentário do Pe. Cantalamessa sobre a Liturgia do próximo domingo
ROMA, sexta-feira, 19 de setembro de 2008 (ZENIT.org).- Publicamos o comentário do Pe.
Raniero Cantalamessa, OFM Cap. – pregador da Casa Pontifícia – sobre a Liturgia da Palavra
do próximo domingo, 21 de setembro.
XXV Domingo do Tempo Comum
Isaías 55, 6-9; Filipenses 1, 20c-27a; Mateus 20, 1-16a
“Ide vós também para a minha vinha”
A parábola dos trabalhadores enviados à vinha em horas diferentes do dia sempre gerou
grande dificuldade aos leitores do Evangelho. É aceitável a maneira de atuar do dono, que dá
o mesmo pagamento para quem trabalhou uma hora e para quem trabalhou uma jornada
inteira? Ele não viola o princípio da justa recompensa? Os sindicatos hoje se rebelariam
contra quem comportasse como esse patrão.
A dificuldade nasce de um equívoco. Considera-se o problema da recompensa em abstrato e
em geral, ou em referência à recompensa eterna no céu. Visto assim, realmente haveria uma
contradição com o princípio segundo o qual Deus «dá para cada um segundo suas obras» (Rm
2, 6). Mas Jesus se refere aqui a uma situação concreta, a um caso bem preciso: o único
denário que é dado a todos é o Reino dos Céus que Jesus trouxe à terra; é a possibilidade de
entrar para fazer parte da salvação messiânica. A parábola começa dizendo: «O Reino dos
céus é como a história do patrão que saiu de madrugada...».
O problema é, mais uma vez, o da postura dos judeus e dos pagãos, ou dos justos e dos
pecadores, frente à salvação anunciada por Jesus. Ainda que os pagãos (respectivamente, os
pecadores, os publicanos, as prostitutas, etc.) só diante da pregação de Jesus se decidiram por
Deus, enquanto antes estavam afastados («ociosos»), não por isso ocuparão no Reino um
lugar diferente e inferior. Eles também se sentarão à mesma mesa e gozarão da plenitude dos
bens messiânicos. E mais, como eles se mostraram mais dispostos a acolher o Evangelho que
os chamados «justos», realiza-se o que Jesus diz para concluir a parábola de hoje: «os últimos
serão os primeiros e os primeiros serão os últimos».
Uma vez conhecido o Reino, ou seja, uma vez abraçada a fé, então sim há lugar para a
diversificação. Então já não é idêntico o destino de quem serve Deus durante toda a vida,
fazendo render ao máximo seus talentos, com relação a quem dá a Deus só as sobras de sua
vida, com uma confissão remediada, de alguma forma, no último momento.
A parábola contém também um ensinamento de ordem espiritual da máxima importância:
Deus chama todos e chama em todas as horas. O problema, em suma, é o chamado, e não
tanto a recompensa. Esta é a forma com que nossa parábola foi utilizada na exortação de João
Paulo II sobre a «vocação e missão dos leigos na Igreja e no mundo» (Christifideles laici):
«Os fiéis leigos pertencem àquele Povo de Deus que é representado na imagem dos
trabalhadores da vinha (...). Ide vós também. A chamada não diz respeito apenas aos Pastores,
aos sacerdotes, aos religiosos e religiosas, mas estende-se aos fiéis leigos: também os fiéis
leigos são pessoalmente chamados pelo Senhor» (n. 1-2).
Quero chamar a atenção sobre um aspecto que talvez seja marginal na parábola, mas que é
muito vivo na sociedade moderna: o problema do desemprego. À pergunta do proprietário:
«Por que estais aí o dia inteiro desocupados?», os trabalhadores respondem: «Porque ninguém
nos contratou». Esta resposta poderia ser dada hoje por milhões de desempregados.
Jesus não era insensível a este problema. Se Ele descreve tão bem a cena é porque muitas
vezes seu olhar havia pousado compassivamente sobre aqueles grupos de homens sentados no
chão, ou apoiados em uma porta, com um pé na parede, à espera de serem contratados. Esse
proprietário sabe que os operários da última hora têm as mesmas necessidades que os outros;
também eles têm filhos para alimentar, como os da primeira hora. Dando a todos o mesmo
pagamento, o proprietário mostra levar em conta não só o mérito, mas também a necessidade.
Nossas sociedades capitalistas baseiam a recompensa unicamente no mérito (com freqüência
mais nominal que real) e no tempo de serviço, e não nas necessidades da pessoa. No momento
em que um jovem operário ou um profissional tem mais necessidade de ganhar para construir
uma casa e uma família, seu pagamento é o mais baixo, enquanto que no final da carreira,
quando já se tem menos necessidade, a recompensa (especialmente em certas categorias
sociais) chega às nuvens. A parábola dos operários da vinha nos convida a encontrar um
equilíbrio mais justo entre as duas exigências, do mérito e da necessidade.
Bento XVI: ser operário na vinha do Senhor já é uma recompensa
Comenta a passagem evangélica do domingo
CIDADE DO VATICANO, domingo, 21 de setembro de 2008 (ZENIT.org).- Publicamos as
palavras que Bento XVI dirigiu neste domingo ao rezar a oração mariana do Ângelus junto a
vários milhares de peregrinos congregados no pátio do palácio apostólico de Castel Gandolfo.
***
Queridos irmãos e irmãs:
Talvez recordem que, no dia de minha eleição, quando me dirigi à multidão na Praça de São
Pedro, apresentei-me espontaneamente como um operário da vinha do Senhor. Pois bem, no
Evangelho de hoje (Cf. Mateus 20, 1-16ª), Jesus narra precisamente a parábola do dono da
vinha que, em diferentes horas do dia, chama operários para trabalhar em sua vinha. E, ao
terminar o dia, dá a todos o mesmo salário, um denário, suscitando o protesto dos operários da
primeira hora. Está claro que o denário representa a vida eterna, dom que Deus reserva para
todos. E mais, precisamente aqueles que são considerados os «últimos», se aceitam,
convertem-se nos «primeiros», enquanto que os «primeiros» podem correr o risco de serem os
«últimos».
Uma primeira mensagem desta parábola está no fato de que o dono não tolera, por assim
dizer, o desemprego: quer que todos trabalhem em sua vinha. E, na realidade, o ser chamados
é já a primeira recompensa: poder trabalhar na vinha do Senhor, pôr-se a seu serviço,
colaborar em sua obra, constitui em si um prêmio inestimável, que recompensa de todo
cansaço. Mas só quem ama o Senhor e o seu Reino o compreende; quem, pelo contrário, só
trabalha pelo salário nunca se dará conta do valor deste tesouro inestimável.
Quem narra a parábola é São Mateus, apóstolo e evangelista, de quem se celebra precisamente
hoje a festa litúrgica. Gosto de sublinhar que Mateus viveu em primeira pessoa esta
experiência (Cf. Mateus 9, 9). Antes que Jesus o chamasse, desempenhava a profissão de
publicano, e por este motivo era considerado um pecador público, excluído da «vinha do
Senhor».
Mas tudo muda quando Jesus, ao passar por seu escritório de impostos, diz-lhe: «Segue-me».
Mateus levantou-se e o seguiu. De publicano se converteu imediatamente em discípulo de
Cristo. De «último» se converteu em «primeiro», graças à lógica de Deus que – por sorte para
ele! – é diferente da do mundo. «Não são meus pensamentos vossos pensamentos, nem vossos
caminhos são meus caminhos» (Isaías 55, 8).
São Paulo, de quem estamos celebrando um ano jubilar, também experimentou a alegria de
sentir-se chamado pelo Senhor a trabalhar em sua vinha. E quanto trabalho fez! Mas como ele
mesmo confessa, foi a graça de Deus que atuou nele, essa graça que de perseguidor da Igreja
o transformou em apóstolo dos povos. Até o ponto de dizer: «Para mim viver é Cristo, e
morrer é lucro». Mas, imediatamente depois, acrescenta: «Mas se o viver na carne significa
para mim trabalho fecundo, não sei o que escolher» (Filipenses 1, 21-22). Paulo compreendeu
bem que trabalhar pelo Senhor já é uma recompensa nesta terra.
A Virgem Maria, que tive a alegria de venerar há uma semana em Lourdes, é sarmento
perfeito da vinha do Senhor. Dela brotou o fruto bendito do amor divino: Jesus, nosso
Salvador. Que ela nos ajude a responder sempre e com alegria ao chamado do Senhor e a
encontrar nossa felicidade para poder cansar-nos pelo Reino dos céus.
[Traduzido por Élison Santos
© Copyright 2008 - Libreria Editrice Vaticana]
Mateus 20,17-28. – cf.par. Mc 10,32-45; Lc 18, 31-33
Ao subir a Jerusalém, pelo caminho, chamou à parte os Doze e disse-lhes: «Vamos subir a
Jerusalém e o Filho do Homem vai ser entregue aos sumos sacerdotes e aos doutores da Lei,
que o vão condenar à morte. Hão-de entregá-lo aos pagãos, que o vão escarnecer, açoitar e
crucificar. Mas Ele ressuscitará ao terceiro dia.» Aproximou-se então de Jesus a mãe dos
filhos de Zebedeu, com os seus filhos, e prostrou-se diante dele para lhe fazer um pedido.
«Que queres?» perguntou-lhe Ele. Ela respondeu: «Ordena que estes meus dois filhos se
sentem um à tua direita e o outro à tua esquerda, no teu Reino.» Jesus retorquiu: «Não sabeis
o que pedis. Podeis beber o cálice que Eu estou para beber?» Eles responderam: «Podemos.»
Jesus replicou-lhes: «Na verdade, bebereis o meu cálice; mas, o sentar-se à minha direita ou à
minha esquerda não me pertence a mim concedê-lo: é para quem meu Pai o tem reservado.»
Ouvindo isto, os outros dez ficaram indignados com os dois irmãos. Jesus chamou-os e disselhes: «Sabeis que os chefes das nações as governam como seus senhores, e que os grandes
exercem sobre elas o seu poder. Não seja assim entre vós. Pelo contrário, quem entre vós
quiser fazer se grande, seja o vosso servo; e quem, no meio de vós quiser ser o primeiro, seja
vosso servo. Também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a
sua vida para resgatar a multidão.»
Orígenes (cerca 185-253), padre e teólogo
Catequeses sobre o livro do Génesis 1,7
«Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João e levou-os só a eles a um monte elevado» (Mc
9,2): S. Tiago, testemunha da luz
Nem todos os que contemplam Cristo são igualmente iluminados por ele, mas cada um na
medida que pode receber a luz. Os olhos do nosso corpo não são igualmente iluminados pelo
sol; quanto mais subimos a lugares elevados, quanto mais alto contemplamos o nascer do sol,
melhor nos apercebemos da luz e do calor. Igualmente o nosso espírito, quanto mais subir e se
elevar para perto de Cristo, mais próximo se lhe oferecerá a luz da sua claridade, mais
magnificamente e mais brilhantemente será alumiado pela sua luz. O Senhor disse de si
próprio pelo profeta: «Aproximai-vos de mim, e eu me aproximarei de vós» (Zac 1,3) ...
Portanto não vamos todos a ele do mesmo modo, mas cada qual «segundo as suas próprias
capacidades» (Mt 25,15). Se é com as multidões que vamos a ele, ele alimenta-nos em
parábolas para que não enfraqueçamos de privação no caminho. (Mc 8,3). Se permanecemos a
seus pés sem cessar, preocupando-nos apenas em ouvir a sua palavra, sem nunca nos
deixarmos perturbar pelos múltiplos cuidados das obrigações (Lc 10,38s) ...; sem dúvida
alguma que aqueles que se aproximam assim dele recebem muito mais a sua luz.
Mas se, como os apóstolos, sem nunca nos afastarmos, «permanecemos constantemente com
ele em todas as suas provações» (Lc 22,28), então ele explica-nos em segredo o que disse às
multidões, e é ainda com mais claridade que nos ilumina (Mt 13,11s). Enfim, se ele acha
alguém capaz de subir com ele à montanha, como Pedro, Tiago e João, esse não é iluminado
somente pela luz de Cristo, mas pela voz do próprio Pai.
Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África) e doutor da Igreja
Discurso sobre o salmo 121
“Eis que subimos a Jerusalém”
Nos “Salmos da Subida”, o salmista aspira a Jerusalém, afirmando que deseja subir. Subir
para onde? Desejará atingir o sol, a lua, as estrelas? Não. O que está no céu é a Jerusalém
eterna, onde habitam os anjos, nossos concidadãos (Heb 12, 22). Nesta terra, nós estamos
exilados, longe deles. No percurso do exílio, suspiramos; na cidade, exultaremos de alegria.
Durante a viagem, encontramos alguns companheiros que já viram a cidade e que nos animam
a correr para ela. Eles arrancaram ao salmista um grito de alegria: “Exultei quando me
disseram: ‘Iremos para a casa do Senhor’” (Sl 121, 1). […] “Iremos para a casa do Senhor”:
corramos, pois, corramos, porque chegaremos à casa do Senhor. Corramos sem parar; aqui,
não há lassidão. Corramos para a casa do Senhor e exultemos de alegria com aqueles que nos
chamam, os que foram os primeiros a contemplar a nossa pátria. Eles chamam de longe os
que os seguem, bradando: “Iremos para a casa do Senhor; vinde, correi!” Os apóstolos viram
essa casa e chamam-nos: “Correi, vinde, segui-nos! Iremos para a casa do Senhor!”
E que responde cada um de nós? “Exultei quando me disseram: ‘Iremos para a casa do
Senhor’”. Alegrei-me nos profetas, alegrei-me nos apóstolos, porque todos eles me disseram:
“Iremos para a casa do Senhor”.
Papa Bento XVI
Audiência geral do dia 21/6/06 (trad. DC n° 2362 © copyright Libreria Editrice Vaticana)
"Haveis de beber o meu cálice"
Tiago, filho de Zebedeu, chamado Tiago Maior, pertence, juntamente com Pedro e João,
ao grupo dos três discípulos privilegiados que foram admitidos por Jesus em momentos
importantes da sua vida.
Ele pôde participar, juntamente com Pedro e Tiago, no momento da agonia de Jesus no
horto do Getsémani e no acontecimento da Transfiguração de Jesus. Trata-se portanto de
situações muito diversas uma da outra: num caso, Tiago com os outros dois Apóstolos
experimenta a glória do Senhor, vê-o no diálogo com Moisés e Elias, vê transparecer o
esplendor divino de Jesus; no outro encontra-se diante do sofrimento e da humilhação, vê com
os próprios olhos como o Filho de Deus se humilha tornando-se obediente até à morte.
Certamente a segunda experiência constitui para ele a ocasião de uma maturação na fé, para
corrigir a interpretação unilateral, triunfalista da primeira: ele teve que entrever que o
Messias, esperado pelo povo judaico como um triunfador, na realidade não era só circundado
de honra e de glória, mas também de sofrimentos e fraqueza. A glória de Cristo realiza-se
precisamente na Cruz, na participação dos nossos sofrimentos.
Esta maturação da fé foi realizada pelo Espírito Santo no Pentecostes, de forma que Tiago,
quando chegou o momento do testemunho supremo, não se retirou. No início dos anos 40 do
século I o rei Herodes Agripa, sobrinho de Herodes o Grande, como nos informa Lucas,
"maltratou alguns membros da Igreja. Mandou matar à espada Tiago, irmão de João" (Act 12,
1-2)...
Portanto, de São Tiago podemos aprender muitas coisas: a abertura para aceitar a chamada do
Senhor também quando nos pede que deixemos a "barca" das nossas seguranças humanas, o
entusiasmo em segui-lo pelos caminhos que Ele nos indica além de qualquer presunção
ilusória, a disponibilidade a testemunhá-lo com coragem, se for necessário, até ao sacrifício
supremo da vida. Assim, Tiago o Maior, apresenta-se diante de nós como exemplo eloquente
de adesão generosa a Cristo. Ele, que inicialmente tinha pedido, através de sua mãe, para se
sentar com o irmão ao lado do Mestre no seu Reino, foi precisamente o primeiro a beber o
cálice da paixão, a partilhar com os Apóstolos o martírio.
Basílio da Selêucida [?-c. 468], bispo
Sermão 24
“Ordena que estes meus dois filhos se sentem, um à tua direita e o outro à tua esquerda"
Vês a fé desta mulher? Pois bem, considera o momento da sua petição. […] A cruz estava
preparada, a Paixão estava iminente, a multidão dos inimigos preparava-se já. O Mestre fala
da sua morte, os discípulos preocupam-se; antes mesmo da Paixão, estremecem à simples
evocação da sua chegada; o que ouvem espanta-os e perturba-os. É nesse preciso momento
que, distanciando-se do grupo dos apóstolos, esta mãe pede o Reino, reclama um trono para
seus filhos.
Que dizes, mulher? Ouves falar da cruz, e pedes um trono? Fala-se da Paixão e desejas o
Reino? Deixa aos discípulos os seus temores, as suas preocupações com o perigo. Mas como
te ocorreu vires solicitar tal dignidade? Que elemento, de entre o que foi dito e feito, te leva a
pensar no Reino? […]
- Vejo – diz ela – a Paixão, mas prevejo a Ressurreição. Vejo a cruz erguida e contemplo o
céu aberto. Olho os cravos, mas vejo igualmente o trono. […] Ouvi dizer ao próprio Senhor:
“Sentar-vos-eis em doze tronos” (Mt 19, 28). Vejo o futuro com os olhos da fé.
Parece-me que esta mulher chega mesmo a antecipar as palavras do ladrão que, da cruz,
pronunciou esta oração: “Lembra-te de mim quando estiveres no teu reino” (Lc 23, 42). Antes
da cruz, ela tomou o Reino como objecto da sua súplica. […] Que desejo perdido na visão do
futuro! O que o tempo escondia, via-o a fé!
S. João Crisóstomo (cerca de 345 - 407), bispo de Antioquia, depois de Constantinopla,
doutor da Igreja
Homilias sobre Mateus, nº 65
Beber do cálice para se sentar à direita
Por intermédio de sua mãe, os filhos de Zebedeu pedem ao mestre, na presença dos seus
colegas: "Ordena que nos sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda" (cf. Mc 10,35)...
Cristo apressa-se a tirá-los das suas ilusões, dizendo-lhes que devem estar prontos a sofrer
injúrias, perseguições e até a morte: "Não sabeis o que pedis. Podeis beber do cálice que eu
vou beber?" Que ninguém se espante ao ver os apóstolos com disposições tão imperfeitas.
Espera que o mistério da cruz esteja realizado, que a força do Espírito Santo lhes seja
comunicada. Se queres ver a força da sua alma, olha-os mais tarde e vê-los-ás superiores a
todas as fraquezas humanas. Cristo não lhes esconde as fraquezas, para que tu vejas tudo o
que se tornarão depois, pelo poder da graça que os transformará...
"Não sabeis o que pedis." Não sabeis como é grande essa honra, como isso é prodigioso!
Estar sentados à minha direita? Isso ultrapassa mesmo os poderes angélicos! "Podeis beber do
cálice que eu vou beber?" Falais-me de tronos e de diademas insignificantes; eu falo-vos de
combates e de sofrimentos. Não é agora que receberei a minha realeza; não chegou ainda a
hora da glória. Para mim e para os meus, trata-se para já do tempo da violência, dos combates
e dos perigos.
Nota bem que ele não lhes pergunta directamente: "Tereis coragem para derramar o vosso
sangue?" Para os encorajar, propõe-lhes que partilhem o seu próprio cálice, que vivam em
comunhão com ele... Mais tarde, verás esse mesmo S. João, que neste momento procura o
primeiro lugar, ceder sempre a presidência a S. Pedro... Quanto a Tiago, o seu apostolado não
durou muito. Ardente de fervor, desprezando inteiramente os interesses puramente humanos,
mereceu pelo seu zelo ser o primeiro mártir entre os apóstolos (Act 12,2).
Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África) e doutor da Igreja
Comentário sobre o Salmo 126
"Eis que subimos a Jerusalém"
"É em vão que vos levantais antes da aurora" (Sl 126,2). Que quer isto dizer?... Cristo, nosso
Dia, já se ergueu; é bom que nos levantemos depois de Cristo e não antes. Quem são os que se
levantam antes de Cristo?... Os que querem ser exaltados cá em baixo, onde ele foi humilde.
Que eles sejam, pois, humildes neste mundo, se querem ser exaltados onde Cristo é exaltado.
Com efeito, Cristo disse daqueles que a ele tinham aderido pela fé - e nós estamos
precisamente entre esses: "Pai, aqueles que me deste, quero que, lá onde eu estiver, eles
estejam também comigo" (Jo 17,25). Dom magnífico, grande graça, gloriosa promessa...
Quereis estar lá onde ele é exaltado? Sede humildes onde ele foi humilde.
"O discípulo não está acima do mestre" (Mt 10,24)... Contudo, os filhos de Zebedeu, antes de
terem suportado a humilhação em conformidade com a Paixão do Senhor, tinham já escolhido
o seu lugar, um à direita e outro à esquerda. Queriam "levantar-se antes da aurora"; é por isso
que caminhavam em vão. O Senhor chamou-os à humildade perguntando-lhes: "Podeis beber
o cálice que eu devo beber? Eu vim para ser humilde e vós quereis ser exaltados antes de
mim? Segui-me, disse ele, no caminho por onde vou. Porque se quereis ir por um caminho
onde eu não vou, é em vão que o fazeis."
Liturgia latina das horas
Hino da festa da dedicação de uma igreja: Urbs Jerusalem Beata
"Eis que subimos a Jerusalém"
Ó Jerusalém, cidade de Deus, nós te aclamamos, "Visão da Paz".
Nos céus foste construída com pedras vivas (1 Pe 2,5);
Coroada de anjos e de santos, tu és a Bem-Amada do Rei (cf. Sl 45).
Descida do Céu como uma jovem, ornaste-te para o teu Esposo (Ap 21,2).
Avança como Esposa; vem abraçar o teu Senhor.
E veremos sobre as muralhas rebrilhar o ouro da tua alegria (Ap 21,8).
Que se abram as tuas portas de dois batentes; que a tua beleza resplandeça.
Que pela graça seja salvo todo o homem que em ti entre.
Que seja acolhido o que sofre em nome de Cristo e desanima.
É Cristo o mestre e o artífice; é Ele quem talha e quem lima.
Ajusta cada pedra, escolhe o lugar para cada uma
E aí a coloca para que fique neste templo santo em que Ele habita (1 Co 3,16).
Eusébio de Cesareia (cerca de 265 -340), bispo, teólogo, historiador
O martírio de S. Tiago, Apóstolo
Foi sem dúvida graças ao poder e ao auxílio do céu que a doutrina da salvação, tal como um
raio de sol, iluminou repentinamente toda a terra. De acordo com as divinas Escrituras, com
efeito, sobre toda a terra ressoou a voz dos divinos Evangelistas e dos Apóstolos; a sua
palavra atingiu os limites do universo. E, em cada cidade, em cada aldeia, tal como numa eira
transbordante, constituíram-se em massa Igrejas fortes com milhares de homens, cheias de
fiéis...
Mas, no reinado do imperador Cláudio, o rei Herodes decidiu maltratar alguns membros da
Igreja; foi assim que mandou matar pela espada a Tiago, irmão de João (Act 12,2). De Tiago,
Clemente dá-nos a narrativa seguinte, digna de memória: aquele que o tinha conduzido ao
tribunal ficou comovido ao vê-lo dar testemunho e confessou que também ele era cristão.
Ambos (diz ele) foram conduzidos juntos ao suplício e, ao longo do caminho, aquele pediu a
Tiago que lhe perdoasse. Tiago reflectiu um instante e abraçou-o dizendo: "Que a paz esteja
contigo!" E ambos foram decapitados ao mesmo tempo.
Mateus 20,29-34: Os cegos de Jericó. – cf.par. Mc 10,46-52; Lc 18, 35-43
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Evangelho segundo S. Mateus 20,1-16.