Título: Brincando de Faz-de-conta: Uma forma de aprender sobre a mente?
Aluna: Natália Benincasa Velludo
Orientadora: Profª. Dra. Débora de Hollanda Souza
Palavras-chave: Teoria da Mente; Faz-de-conta; Crianças pré-escolares.
Resumo:
A teoria da mente pode ser entendida como a habilidade de compreender que as pessoas
têm mundos privados relativos a sentimentos, desejos, crenças e intenções não
acessíveis aos outros diretamente. Dentro do campo de pesquisa da Cognição Social, o
faz-de-conta tem sido objeto de estudos por oferecer um contexto no qual a criança pode
aprender sobre os estados mentais que são contrários à realidade, o que potencialmente
poderia contribuir para o desenvolvimento de uma teoria da mente. Uma forma de fazde-conta comum no universo infantil é o jogo de papéis (role play), em que a criança
temporariamente expressa em ações o papel de outra pessoa ou criatura inventada,
utilizando-se, para tanto, do ponto de vista desse outro, e caracterizando-o, por exemplo,
quanto a seu tom de voz e humor. Considerando a escassez de estudos brasileiros sobre
cognição social, bem como as evidências de uma possível relação entre o faz-de-conta e
a teoria da mente, o presente projeto tem o potencial de trazer contribuições importantes
para esse campo de estudos no Brasil. O objetivo principal do presente estudo foi o de
testar possíveis efeitos do treinamento de uma forma específica de faz-de-conta, o jogo
de papéis (role play), sobre o desempenho de crianças pequenas em testes padrão de
compreensão de mente. O presente trabalho dividiu-se em dois estudos (Estudo 1 e
Estudo 2) e, em ambos, foram realizadas intervenções de faz-de-conta baseadas em
propostas de treinamento encontradas na literatura. No Estudo 1, participaram 12
crianças, 10 meninos e 2 meninas, cuja idade variava entre 3;0 e 5;6 anos. Os
participantes foram avaliados antes e após a intervenção em tarefas de crença falsa. Os
resultados do Estudo 1 indicaram que apenas as crianças menores de 4 anos obtiveram
ganhos significativos de escore entre o pré-teste e o pós-teste. Como a intervenção do
primeiro experimento não beneficiou todos os participantes, decidiu-se realizar um novo
estudo com aquelas crianças que não apresentaram ganhos significativos de
compreensão de mente, a fim de investigar esse resultado. O Estudo 2 foi, portanto,
formulado para possibilitar um segundo treino de brincadeira simbólica, mais
individualizado, garantindo maior interação da experimentadora com os oito
participantes. Os resultados do segundo experimento, no entanto, indicaram que não
houve ganhos significativos de crença falsa. Algumas hipóteses explicativas para esse
padrão de resultados são levantadas que, por sua vez, apontam para possíveis direções
futuras na investigação sobre os efeitos do treinamento com o faz-de-conta para o
desenvolvimento sociocognitivo.
Download

Título: Brincando de Faz-de-conta: Uma forma de aprender sobre a