Desnutrição Energético-Protéica
na Criança
Luiz Alberto de Sousa Cunha Machado
Pedro Carvalho Brandão
Saulo Ribeiro Cunha
Orientadores: Dr. Paulo Roberto Margotto
Dra. Sueli Falcão
Definição:
- OMS (1973): Gama de condições patológicas
com deficiência simultânea de proteínas e
calorias em diversas proporções, geralmente
associada a baixa idade e comumente
acompanhada de infecções.
- Primária: Déficit de ingestão
- Secundária: Déficit de aproveitamento
Epidemiologia:
- A OMS estima que 1/3 das crianças do
mundo sofrem de desnutrição e que a
metade de todas as mortes está
relacionada à desnutrição.
- No Brasil, apesar da contínua redução da
prevalência da desnutrição infantil e da
taxa de mortalidade infantil, estes
problemas continuam sendo prioridade na
agenda
do
setor
saúde.
- O Ministério da Saúde (MS) detectou que,
nos últimos dez anos, houve uma redução
de cerca de 30% na prevalência da
desnutrição no Brasil, sendo a maior nas
áreas urbanas. O indicador peso/altura,
mostra a prevalência da desnutrição nos
primeiros 6 meses de vida em 0,4%, mas
com um incremento de 6 vezes (2,5%), entre
as crianças de 6 a 11 meses, indicando a
necessidade de priorizar o aleitamento
materno
e
a
orientação
alimentar
complementar ao seio até os 2 anos de
idade.
Etiologia:
POBREZA
DESNUTRIÇÃO
INFECÇÕES
BAIXA INGESTÃO
Fisiopatologia:
- A baixa ingestão calórica condiciona
adaptações à desnutrição: diminuição da
atividade
física,
estagnação
do
crescimento(peso e altura), depleção
protéica e lipólise.
- Continuando o processo adaptativo, as
anormalidades
bioquímicas
e
manifestações clínicas começam a
intensificar- se, podendo surgir as formas
graves
da
desnutrição:
Marasmo,
Kwashiorkor e suas manifestações
intermediárias.
Classificação:
- A
desnutrição pode ser classificada
quanto à intensidade (leve, moderada e
grave), duração (aguda e crônica) e tipo
(Marasmo, Kwashiorkor e manifestações
intermediárias).
- Existem várias classificações, as principais
são a de Gomez e a de Waterlow.
Classificação de Gomez:
- Originada em 1956, tem por base um
estudo
com
crianças
desnutridas
internadas. Inicialmente foi utilizada a
curva de Boston e, posteriormente, cada
região passou a adotar o padrão de
referência que fosse mais adequado à sua
condição.
- O percentil 50 é considerado como 100%
do peso para a idade.
- É utilizada para crianças de até 2 anos.
- A criança é considerada normal, quando
seu peso para a idade for superior a 91%
desse padrão adotado.
- Desnutridos:
. Grau 1- 76 a 90% do padrão (leve)
. Grau 2- 61 a 75% (moderado)
. Grau 3- inferior a 60% (grave)
- Vantagem: homogeneíza universalmente
os diversos graus de desnutrição em
diferentes regiões.
- Desvantagens: não diferencia crônica de
aguda, não diagnostica crianças com
déficits de peso devido a problemas de
crescimento não- nutricionais. Crianças
que caem entre os percentis 3 a 20%
podem
estar
normais
e
serem
diagnosticadas como desnutridas.
Classificação de Waterlow:
- Proposta em 1973, considera as relações
E/I e P/E aplicando-se às crianças
maiores de 2 anos de idade.
- Em nosso meio, utiliza-se a classificação
de Waterlow modificada por Batista.
- Eutrófico: E/I superior a 95% e P/E
superior a 90% do p50 do padrão de
referência.
- Utiliza as curvas do NCHS.
- Desnutrido atual ou agudo: E/I superior a
95% e P/E inferior ou igual a 90% do p50
do padrão de referência.
- Desnutrido crônico: E/I inferior ou igual a
95% e P/E inferior ou igual a 90% do p50
do padrão de referência.
- Desnutrido pregresso: E/I inferior ou igual
a 95% e P/E superior a 90% do p50 do
padrão de referência.
Índices Antropométricos:
- Um baixo índice de altura/idade indica
lentidão no crescimento e reflete o
passado de vida da criança (associação
de desnutrição e história de infecções).
Baixa taxa de peso/altura indica perda de
peso, recente ou continuada. Baixo
peso/idade pode significar baixo peso
isolado ou associado à baixa estatura ou
ainda apenas ser decorrente de baixa
estatura para idade.
Classificação da Paciente de
acordo com Waterlow:
P/I=
E/I =
PESO ENCONTRADO ___ X 100
PESO IDEAL PARA IDADE (p 50)
ESTATURA ENCONTRADA
ESTATURA IDEAL
__
X 100
P/E =
PESO ENCONTRADO
____ X 100
PESO IDEAL PARA ESTATURA ENCONTRADA
- O parâmetro ideal (peso ou estatura)
corresponde ao percentil 50 para idade e
sexo, tendo como padrão de referência o
National Center for Health Statistics
(NCHS) dos EUA.
Dados Relevantes da
Paciente:
-ID: RCA, 3 anos, procedente e natural de
Palmital, MG.
- Q.P.: Febre há 2 semanas
- HDA: Avó relatou que a paciente tornou- se
agitada, chorosa e inquieta, sendo esse quadro
associado à falta de apetite e febre há 2
semanas. Há 6 dias a paciente foi levada pela
mãe ao posto de saúde de Palmital, onde
recebeu atendimento (avó não soube relatar a
evolução do atendimento). A febre não regrediu.
A paciente, então, foi encaminhada ao HRAS nesse
mesmo dia, onde foi medicada e internada. No
período da internação a paciente chorava durante o
ato miccional. Nega diarréia, hematúria, convulsões,
vômitos, tosse e espirros.
- Data da entrevista: 15/02/05
- Dados do nascimento:
.
.
.
.
Data: 02/02/02
Peso: 2875g
IG no parto: 42 sem
Estatura: 50 cm
- Dados atuais:
. Peso: 10.4 kg
. Altura: 93.5 cm
- Utilizando-se os índices antropométricos da
paciente, podemos caracterizar seu estado
nutricional de acordo com a classificação
de Waterlow.
P/E
E/I =
=
10.4
14
93.5
94
X 100 = 74.28%
X 100 = 99.46%
CLASSIFICAÇÃO DE WATERLOW
P/E
E/I
> 90%
<90%
> 95%
EUTROFIA
DESNUTRIÇÃO
ATUAL
< 95%
DESNUTRIÇÃO DESNUTRIÇÃO
PREGRESSA
CRÔNICA
RESULTADO
- De acordo com a tabela apresentada, a
paciente
encontra-se
em
estado
nutricional correspondente a “desnutrição
atual”.
Marasmo:
-
Dieta globalmente deficiente. Criança
apresenta
baixa
atividade,
atrofia
muscular e subcutânea, baixa estatura,
desaparecimento da bola de Bichat e
emaciação glútea.
- Anemia, hipocalemia, hiponatremia, e
diarréia podem estar presentes.
Kwashiorkor:
- “Doença do primeiro filho quando nasce o
segundo”, em língua Ga de Gana.
- Apatia, não demonstra apetite, há déficit
estatural, consumo da massa muscular,
conservação
do
tecido
gorduroso,
dermatoses, hepatomegalia, esteatose,
edema (baixa concentração de urina),
diarréia.
Aspectos
Psicossocioeconômicos
da Desnutrição
no Brasil
Por quê ocorre a fome e
a desnutrição?
- Teorias de Malthus:
. Produção de alimentos
P.A.
. Crescimento populacional
P.G.
- American Economic Association:
. Escassez de alimentos
problema alimentar;
. POBREZA E DIFICULDADE DE ACESSO AO ALIMENTO.
No Brasil
- Renda:
Taxa de cobertura
Anos
1961/62
1967/70
1974/75
Família de baixa renda
Calorias
124,1
91,1
75,5
Proteínas
123,8
86,2
120,5
Calorias
174,9
109,6
106,8
Proteínas
198,6
108,1
276,0
Família de alta renda
- Renda:
. distribuição de renda
mais concentrador;
. nível de emprego
diminuição;
. poder real de compra
queda.
- Política:
. política econômica do governo
oferta agrícola
preço dos alimentos
- Produção de alimentos:
. decréscimo da produção de alimentos básicos;
. aumento da produção de alimentos para exportação.
- Aleitamento materno:
. desmame precoce.
- Fraco vínculo mãe-filho/educação
inadequada dos pais:
-falta de higiene;
-uso excessivo de óleo;
-diluição incorreta do leite em pó;
-manipulação inadequada;
-uso incorreto de carboidratos;
-resistência ao aprendizado;
-técnicas incorretas;
-falta de interesse;
-rejeição materna;
-nível intelectual rebaixado.
Conclusão
Cabe aos profissionais de saúde tentar identifica
os fatores psicossociais e econômicos
responsáveis pela desnutrição da criança e
orientar da melhor maneira possível os
responsáveis pela mesma para que o quadro
possa ser revertido.
Bibliografia
Distúrbios da nutrição, Fernando J. de
Nóbrega;1998;
Pediatria-Diagnóstico+Tratamento, Jayme
Murahovschi;1994;
Pediatria Básica, Eduardo Marcondes;
2002;
Tratado de Pediatria, Nelson.
OBRIGADO
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Desnutrição Energético-Protéica na Criança