0
UNINGÁ – UNIDADE DE ENSINO SUPERIOR INGÁ
FACULDADE INGÁ
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENDODONTIA
CAMILA CALETTI
MATERIAIS PROTETORES UTILIZADOS NO TRATAMENTO
CONSERVADOR DA POLPA DENTÁRIA
PASSO FUNDO
2009
1
CAMILA CALETTI
MATERIAIS PROTETORES UTILIZADOS NO TRATAMENTO
CONSERVADOR DA POLPA DENTÁRIA
Monografia apresentada à unidade de Pósgraduação da Faculdade Ingá – UNINGÁ –
Passo Fundo-RS como requisito parcial
para obtenção do título de Especialista em
Endodontia.
Orientador: Prof. Dr. José Roberto Vanni.
PASSO FUNDO
2009
2
CAMILA CALETTI
MATERIAIS PROTETORES UTILIZADOS NO TRATAMENTO
CONSERVADOR DA POLPA DENTÁRIA
Monografia apresentada à comissão
julgadora da Unidade de Pós-graduação da
Faculdade Ingá – UNINGÁ – Passo FundoRS como requisito parcial para obtenção do
título de Especialista em Endodontia.
Aprovada em ___/___/______.
BANCA EXAMINADORA:
________________________
Prof. Dr. José Roberto Vanni - Orientador
________________________________________________
________________________________________________
3
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais, Léo e Odete, pois sem eles nada na minha vida
seria possível.
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente aos meus pais, Léo e Odete... Pela educação, carinho,
preocupação, suporte emocional, financeiro... Se cheguei onde estou hoje, os responsáveis
por isso são vocês! Tudo o que construo na minha vida é com o objetivo de fazer com que
vocês se orgulhem mais e mais de mim. Me aguardem porque o Mestrado vem aí! Obrigada
por tudo sempre!
Muitas pessoas foram importantes para que esse trabalho pudesse realmente
existir...
Prof. Dr, José Roberto Vanni... Em primeiro lugar: muito obrigada por ser meu Amigo!
Grande caráter, competente e responsável em tudo o que faz. Construímos uma grande
amizade, com os melhores sentimentos que pode haver nesse tipo de relação: lealdade,
companheirismo, compreensão... E lá se vão divertidos 6 anos! Meu amor pela Endodontia
foi despertado por você ainda na Graduação. Se escolhi este caminho, foi pelo seu
incansável incentivo. Temos coisas grandes para conquistarmos juntos ainda, a próxima é o
Mestrado! Quero ser para os meus alunos o mesmo professor que você é para mim. Só não
posso me espelhar 100% em ti afinal, você é colorado! Isso vai radicalmente contra meus
princípios.
Meu irmão Leonardo, meus primos Ernani e Julia... Sei que tive surtos, andei chata e
estressada... Mas fiquem felizes! Acabou!!!!
Meu cachorro Siso... Obrigada pela companhia durante a leitura dos artigos e as
brincadeiras para me divertir!
Minhas colegas e amigas do consultório Ms. Daniela Martins Meira e Ms. Daniela
Disconzi Seitenfus...
Meira... Identifiquei-me logo de cara contigo assim que te conheci! Nunca pensei que
pudesse existir uma criatura mais doida que eu, mas você me supera sempre! Tanto que
adotei o “Estilo Meira de Ser”: não cultivo mais o remorso de mandar extrair um dente, já
que o principal interessado (o paciente) não cuidou dele durante todos estes anos. Meus
almoços de quarta-feira são muito mais divertidos na sua presença porque nossas teorias
sobre a vida sentimental e os relacionamentos sociais são fantásticas! Obrigada por ter se
prontificado a me ajudar, procurar meus artigos, deixar de lado tua dissertação em meu
auxílio.
Disconzi... A calma em pessoa que esconde uma veia sarcástica incrível! A dancinha
do Popeye e as imitações de Ana Maria Braga são impagáveis!!! Minhas manhãs sem você
na clínica do Moinhos demoram para passar, faz muita falta! Obrigada por se unir à Meira na
busca dos artigos, ir para a PUC na tua folga debaixo de chuva só para me ajudar.
Gurias! Sem vocês, este trabalho se resumiria a 20 páginas... Obrigada por toda a
ajuda e, principalmente, obrigada pela amizade de vocês! Contem comigo sempre!
Meus amigos de Passo Fundo, Alessandro, Valesca, Isadora e Marina... Nem a
distância contribuiu para que vocês se livrassem de mim! Agradeço a hospitalidade nesses
20 longos meses de estadia mensal, sempre me recebendo com muito carinho! Sem o apoio
de vocês minhas viagens se tornariam bem mais complicadas. O que cultivamos é uma
amizade mais do que verdadeira, que se iniciou a 6 anos atrás e a distância não modificará,
nunca! Adoro demais vocês!
Meus colegas de Especialização Gaspar, Cibele, Cristiane Wentz e Lucivane...
5
Gaspar... Minha dupla insubstituível! Só a gente se entende e com apenas uma troca
de olhares... Grande amigo, parceiro e profissional. Acredite sempre e nunca desista amigo!
Nós iremos longe!
Cibele... A personificação da Yoga que pratica, me transmite uma calma fantástica!
Obrigada pelas caronas e os cafés da manhã amiga!
Cris e Lucivane... Obrigada pela companhia de vocês no almoço, pela amizade, pelo
empréstimo da jaqueta em dias frios quando a pessoa aqui viaja jurando que não vai esfriar
na amada Passo Fundo.
Prof. Ms. Lilian Rigo... Agradeço a amizade, o apoio, a disponibilidade em responder
toda e qualquer dúvida com o maior carinho do mundo.
6
EPÍGRAFE
"Chega a um ponto que você acorda e se pergunta o que está acontecendo.
Quando percebe que as coisas que te davam tremenda euforia já não lhe causam mais
tanta emoção.
Que aquilo que te feria amargamente já não lhe causa tanto impacto.
Você se questiona se a vida te anestesiou...
Até perceber que novas coisas lhe trazem novas emoções.
Coisas que você nunca valorizou passam a ser fundamentais em sua vida.
Tudo aquilo que nunca imaginou agora você se percebe fazendo.
E ainda com o maior prazer!
Descobre em si mesmo forças que nunca pensou possuir e emoções que chegou a duvidar
que existissem.
Você anda mais um pouco, pára e se pergunta se aquele ali ainda é você.
Você se acha estranho.
A euforia passou e no lugar dela, tomou conta uma felicidade terna e constante...
Então você percebe que a coisa que mais te assustava já não lhe é mais tão assombrosa.
Percebe que depois de subir um degrau na escada da vida, não se pode mais voltar a ver
as coisas sob o mesmo ângulo.
Então você viu que cruzou o oceano, chegou à outra margem e, sem mesmo perceber,
queimou seu próprio barco para se permitir ali permanecer, pois já não há mais vontade de
voltar..."
(Autor Desconhecido)
7
RESUMO
O tratamento conservador da polpa é um procedimento comumente utilizado na
clínica endodôntica diária. Sua realização está fundamentada inicialmente pela
correta indicação do mesmo, seguida pela condição favorável do remanescente
pulpar, emprego de uma técnica menos traumática possível durante a sua realização
e finalizando com a escolha do material ideal para a sua proteção. O objetivo desta
revisão de literatura é apresentar os diferentes materiais utilizados para a proteção
do tecido pulpar na terapêutica do tratamento conservador da polpa. A literatura
aponta o formocresol como indicação exclusiva para dentes decíduos, limitando com
isto a sua utilização. Por sua vez o hidróxido de cálcio, que já foi num passado
recente o material de referência para tal, apresenta o inconveniente de solubilizar a
longo prazo. O mineral trióxido agregado é o material mais referenciado atualmente,
apresentando os melhores resultados clínicos, radiográficos e histológicos que
apontam para o sucesso deste procedimento conservador.
Palavras-chave: Pulpotomia. MTA. Hidróxido de cálcio. Formocresol.
8
ABSTRACT
Pulp conservative treatment is a common procedure used in daily endodontic clinic.
Its application is justified initially for its proper indication, followed by favorable pulp
reminiscent, less traumatic technique possible procedure and ending with an ideal
material choice for its protection. The literature review aim is show different treatment
pulp materials used for tissue protection in conservative pulp treatment. Literature
describes formocresol as exclusive indication to primary teeth, limiting for this reason
its use. Calcium hydroxide, recently used for this treatment alternative, presented the
long term disadvantage of solubilize. Mineral trioxide aggregate is the most current
referenced material, presenting the best clinical, radiographic and histological results
that point to this conservative procedure success.
Key-words: Pulpotomy. MTA. Calcium Hydroxide. Formocresol.
9
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLO
C. Albicans – Candida Albicans
beta TCP – beta-tricálcio fosfato
CP – Cimento de Portland
FDA – Federação Dental Americana
FC – Formocresol
HC – Hidróxido de Cálcio
MTA – Mineral Trióxido Agregado
mm – milímetros
PB – Portland Branco
PMTA – ProRoot MTA
SF – Sulfato Férrico
ZOE – Óxido de Zinco e Eugenol
% - Porcentagem
10
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO..................................................................................
11
2
REVISÃO DE LITERATURA.............................................................
13
2.1
FORMOCRESOL .............................................................................
14
2.2
HIDRÓXIDO DE CÁLCIO.................................................................
16
2.2.1
Hidróxido de cálcio na pulpotomia ..............................................
17
2.3
MINERAL TRIÓXIDO AGREGADO...................................................
18
2.3.1
MTA na pulpotomia.........................................................................
20
2.4
COMPARAÇÕES ENTRE OS DIFERENTES MATERIAIS...............
22
3
CONCLUSÃO....................................................................................
29
REFERÊNCIAS.................................................................................
30
APÊNDICE .......................................................................................
33
11
1 INTRODUÇÃO
A manutenção de qualquer órgão do corpo humano em condições fisiológicas
normais deve sempre prevalecer frente às indicações para tratamento (ESTRELA,
2004).
Muito utilizado no serviço social, o tratamento conservador da polpa sinaliza
para a preservação pulpar como primeira opção aos demais tipos de tratamento.
Não só sob o aspecto social, como também nos casos onde a anatomia endodôntica
não permite o tratamento radical, em pacientes especiais onde o mesmo não
colabora para o tratamento ou pacientes imunodeprimidos, principalmente aqueles
submetidos a procedimentos de radioterapia. Nestas situações, a reunião de todos
os esforços para a manutenção do remanescente pulpar em condições saudáveis é
sempre oportuna.
Para a realização de um tratamento conservador, a condição pulpar é o fator
mais importante a ser considerado. O prognóstico do mesmo passa a ser definido
para resultados positivos, quando o exame clínico nos revela uma polpa em
condições de reversibilidade do seu quadro inflamatório, e ao remover o agente
etiológico, que normalmente é a cárie, o sangramento apresentado seja de cor
vermelho vivo e não abundante.
As duas técnicas conservadoras comumente utilizadas são o capeamento
pulpar direto e a pulpotomia. O capeamento pulpar direto consiste na aplicação de
um medicamento, curativo ou material dentário na polpa exposta na tentativa de
preservar sua vitalidade. A pulpotomia nada mais é do que a remoção da polpa
coronária inflamada seguida da colocação de um material que induza a formação de
tecido mineralizado no sítio exposto (COHEN e HARGREAVES, 2007).
Vários materiais têm sido utilizados para esta prática ao longo dos anos na
Odontologia e muitos surgem como novas alternativas de auxílio ao tratamento.
Dentre os de maior utilização hoje em dia podemos citar o hidróxido de cálcio, o
formocresol e o mineral trióxido agregado (MTA). Escassos estudos descrevem
sobre a utilização de agentes de união, glutaraldeído e corticosteróides. O sucesso
da terapia é definido pela correta seleção dos casos e competência do profissional
que irá realizar o procedimento. O profissional deve apresentar domínio dos
12
métodos de diagnóstico e, também, das técnicas de tratamento conservador, que
asseguram a precisa indicação do tratamento.
O objetivo desta revisão de literatura é apresentar os diferentes materiais de
proteção pulpar utilizados em tratamentos conservadores. Isto é justificado também
pela importância dos mesmos em relação ao prognóstico deste procedimento
clínico.
13
2 REVISÃO DE LITERATURA
A polpa dentária é formada por tecido conjuntivo, similar ao de outras partes
do organismo, com reações idênticas em condições patológicas e fisiológicas
normais. Sua localização anatômica e a presença de células especializadas em
formar dentina, representam diferenças expressivas frente aos demais tecidos
conjuntivos. Em função da localização anatômica, a polpa enfrenta momentos
críticos, por apresentar limitada capacidade de aumentar de volume ou de se
expandir durante a vasodilatação e o aumento da permeabilidade vascular, o que faz
com que o edema eleve a pressão interna a limites insuportáveis (ESTRELA, 2004).
Ainda segundo Estrela (2004), vários agentes etiológicos podem ser
responsáveis por danos ao tecido pulpar, dentre eles a cárie dentária, o preparo
cavitário, o agente protetor etc. A intensidade da agressão influencia a resposta
pulpar, que está diretamente relacionada à indicação correta da pulpotomia. O
quadro abaixo demonstra os aspectos clínicos pulpares determinantes para a
indicação deste procedimento.
ASPECTOS CLÍNICOS FUNDAMENTAIS PARA A INDICAÇÃO DA PULPOTOMIA
SINAIS
Sangramento
Remanescente
Pulpar
Coroa Dentária
FATORES FAVORÁVEIS
- Normal após o corte do tecido
pulpar
- Sangue: cor vermelho / vivo
- Polpa consistente corpo
(resistência à ação da cureta)
- Quase íntegra ou com paredes
espessas e resistentes
FATORES DESFAVORÁVEIS
- Ausente
- Muito escuro
- Muito claro (amarelado)
- Polpa sem consistência que
degrada facilmente
- Aspecto pastoso/ liquefeito
- Grande destruição coronária
necessitando de colocação de
retentor intracanal
(ESTRELA, 2004)
O capeamento direto e a pulpotomia envolvem a aplicação de um
medicamento, curativo ou material dentário sobre a polpa exposta, na tentativa de
conservar a sua vitalidade. A pulpotomia difere do capeamento pulpar somente
porque uma parte da polpa remanescente é removida antes da aplicação do
14
medicamento. Tais procedimentos têm sido usados nas exposições da polpa por
cárie, por traumatismos e por causas mecânicas – com um índice elevado de
sucesso avaliado radiograficamente e pela ausência de sinais e sintomas clínicos
(COHEN e HARGREAVES, 2007).
Devido ao envelhecimento normal da polpa, a possibilidade de sucesso do
capeamento pulpar diminui com a idade. Nas polpas mais velhas, pode-se observar
o aumento de fibras e de calcificações e uma redução do volume pulpar. Dentes que
apresentam calcificações na câmara pulpar e nos canais radiculares não são
candidatos aos procedimentos de capeamento pulpar. As calcificações constituem
indícios de respostas inflamatórias anteriores ou trauma e reduzem a capacidade da
polpa de responder à terapia conservadora (COHEN e HARGREAVES, 2007).
A localização das exposições pulpares é uma consideração importante no que
diz respeito ao prognóstico. Se a exposição ocorrer na parede axial da polpa,
deixando tecido em direção coronária, em relação ao ponto de exposição, esse
tecido poderá ser privado de suprimento sanguíneo e sofrer necrose, causando
fracasso. Então, em vez do capeamento, deve-se optar pela pulpotomia ou
pulpectomia (COHEN e HARGREAVES, 2007).
O tratamento ideal para todas as exposições por cárie, com exceção daquelas
em dentes com rizogênese incompleta, deve ser a extirpação pulpar e a obturação
radicular; no entanto, ainda existem indicações para o capeamento pulpar direto.
Economia, tempo e dificuldade de se realizar a obturação do canal radicular em
alguns dentes são algumas razões que um clínico pode cogitar para realizar o
capeamento pulpar em vez de outras formas de terapia pulpar. No caso de
insucesso do capeamento pulpar direto, a opção da terapia endodôntica deve ser
considerada (COHEN e HARGREAVES, 2007).
2.1 FORMOCRESOL
Recomendado no tratamento dos dentes decíduos com exposição pulpar pela
cárie. Se houver evidência de hiperemia depois da remoção da polpa coronária,
indicando a existência de inflamação além da porção coronária da polpa, a técnica
deve ser abandonada em favor da pulpectomia ou da extração do dente (MC
DONALD e AVERY, 1991; COHEN e HARGREAVES, 2007).
15
Cohen e Hargreaves (2007) citam oito contra-indicações para a pulpotomia
com formocresol no dente decíduo: dente que não pode ser restaurado, dente
prestes a ser esfoliado ou sem osso que cubra a coroa do dente permanente,
história de dor espontânea (não causada por papilite, resultante da impacção
alimentar), evidência de periapicopatia ou de envolvimento da área de furca, a polpa
que não sangra, impossibilidade de controlar a hemorragia depois da amputação da
polpa coronária, polpa com drenagem serosa ou purulenta e presença de fístula.
O fracasso da pulpotomia utilizando formocresol é detectado, usualmente,
pelas radiografias. O primeiro sinal do fracasso é a reabsorção interna da raiz
adjacente à área onde o formocresol é aplicado. Essa pode ser acompanhada de
reabsorção externa, especialmente com o passar do tempo. Algumas vezes a
reabsorção interna é autocorrigida pela deposição de tecido calcificado (COHEN e
HARGREAVES, 2007).
Segundo
os
autores
acima,
nos
molares
decíduos
apare c e u m a
radiotransparência na área de furca. Nos dentes anteriores, a radiotransparência
pode ocorrer nos ápices ou na parte lateral das raízes. Com a destruição maior, o
dente apresentará mobilidade excessiva e normalmente aparece uma fístula. No
fracasso da pulpotomia que utilizou formocresol, a ocorrência de dor é rara.
Bahrololoomi et al. em 2008, observaram que o formocresol foi utilizado pela
primeira vez por Sweet em 1904 e desde então, vem sendo o medicamento de
escolha na pulpotomia de dentes decíduos por ser de fácil utilização e apresentar
altos níveis de sucesso clínico. No entanto, o formocresol está sob observação por
questões de segurança no que diz respeito à sua toxicidade.
Os mesmos autores realizaram em 2008, um estudo clínico randomizado,
onde compararam o sucesso clínico e radiográfico da pulpotomia eletrocirúrgica ou
com formocresol em molares decíduos. Foi realizada a pulpotomia em 70 molares
decíduos em crianças de 5 a 10 anos de idade. Os dentes foram tratados usando a
técnica convencional com formocresol (35 dentes) ou a técnica eletrocirúrgica (35
dentes). Depois de realizada a pulpotomia, o sucesso clínico e radiográfico foi
avaliado em três, seis e nove meses. Os critérios de avaliação foram presença de
dor, abscesso, fístula, mobilidade, reabsorção interna e externa e, por fim,
radiolucidez. Depois de nove meses de acompanhamento, o sucesso clínico e
radiográfico foi de 96 e 84% respectivamente no grupo eletrocirúrgico e 100 e 96,8%
respectivamente no grupo do formocresol. Não houve diferença estatística
16
significativa entre os dois grupos (p>0.05). Os autores concluíram que os resultados
obtidos com a pulpotomia eletrocirúrgica foram iguais aos da pulpotomia com
formocresol. Mas a pulpotomia eletrocirúrgica é uma alternativa livre de fármacos
que apresenta resultados favoráveis. Recomendaram que novos estudos fossem
realizados com a avaliação de maior amostragem por um período mais longo de
tempo.
Aminabadi, Farahani e Gajan (2008) avaliaram clínica e radiograficamente
pulpotomia versus pulpectomia em incisivos decíduos. Um total de 100 incisivos em
50 pacientes (27 femininos e 23 masculinos) com idade entre três e quatro anos
foram alocados para a pulpotomia com formocresol (45 dentes) e para a pulpectomia
usando óxido de zinco e eugenol (46 dentes). As avaliações clínica e radiográfica
dos resultados do tratamento foram realizadas em 12 e 24 meses após o
procedimento. História de dor espontânea, restaurações perdidas, cáries
recorrentes, mobilidade e sensibilidade à percussão, fístula, eritema e inchaço foram
investigados. A análise dos dados foi baseada em duas amostras proporcionais de
teste. Os resultados apontaram sucesso clinico de 86,9% na pulpotomia e 95,6% na
pulpectomia. A avaliação radiográfica não exibiu sinais patológicos em 76,08% das
amostras do grupo da pulpotomia e 91,3% das amostras do grupo da pulpectomia e
a diferença estatística foi significante (p<0.05). O achado patológico mais freqüente
foi o alargamento periodontal seguido de reabsorção interna/externa. Radiolucidez
periapical e fístula em dentes que receberam a pulpotomia foram significativamente
maiores quando comparados aos dentes tratados com pulpectomia (p<0.05). O
estudo concluiu que a pulpectomia em incisivos decíduos pode ser uma alternativa
de tratamento mais eficiente do que a pulpotomia neste grupo de dentes.
2.2 HIDRÓXIDO DE CÁLCIO
Em 1991, para Mc Donald e Avery o material de escolha para o capeamento
pulpar era o hidróxido de cálcio (HC). Introduzido por Hermann em 1920, o material
foi um marco na odontologia conservadora, por ter demonstrado capacidade de
induzir a formação de uma barreira mineralizada sobre o tecido pulpar.
A pulpotomia com hidróxido de cálcio é recomendada no tratamento dos
dentes permanentes com polpa exposta pela cárie, quando existe alteração
patológica da mesma no ponto da exposição. Este procedimento é particularmente
17
indicado nos dentes permanentes com desenvolvimento incompleto das raízes, mas
com tecido pulpar saudável nos canais. Também é indicada em dentes permanentes
com exposição pulpar resultante de fratura coronária (MC DONALD e AVERY,
1991).
Devido à sua alcalinidade (pH 12), o material é tão cáustico que, quando em
contato com a polpa viva, a reação provoca uma necrose superficial do tecido. As
propriedades irritantes parecem estar relacionadas à sua capacidade de estimular a
formação de uma barreira calcificada. A área necrosada superficial da polpa, que
aparece sob o hidróxido de cálcio, é delimitada do tecido pulpar normal subjacente
por uma zona nova, que se cora intensamente, contendo elementos basófilos do
curativo de hidróxido de cálcio. Um mês depois do capeamento, evidencia-se
radiograficamente uma ponte calcificada, cuja espessura continua aumentando nos
12 meses seguintes. O tecido pulpar permanece com vitalidade e essencialmente
livre de células inflamatórias. O hidróxido de cálcio serve de padrão ou de material
de controle nas experiências relacionadas aos agentes de capeamento (COHEN e
HARGREAVES, 2007).
2.2.1 Hidróxido de cálcio na pulpotomia
Quando o hidróxido de cálcio é aplicado diretamente sobre a polpa, ocorrem
necrose do tecido adjacente e inflamação do tecido contíguo. Há formação da ponte
de dentina na junção do tecido necrosado com o tecido vivo inflamado. Embora o
hidróxido de cálcio atue eficazmente, o seu exato mecanismo de ação não está
esclarecido. Os compostos de alcalinidade semelhante (pH 11), quando são
aplicados no tecido pulpar, causam necrose por liquefação. O hidróxido de cálcio
conserva um estado de alcalinidade local necessária para a formação de osso ou
dentina. Abaixo da região de necrose por coagulação, as células da polpa que
compreendem o tecido pulpar subjacente diferenciam-se em odontoblastos e
elaboram a matriz de dentina (COHEN e HARGREAVES, 2007).
Durante muitos anos, o hidróxido de cálcio foi realmente considerado como
única alternativa para tratamentos de microexposições pulpares. Para Tuna e Ölmez
(2007), sua efetividade é incontestável, mas a longo prazo ele acaba perdendo
propriedade no que diz respeito à sua solubilidade.
18
Sönmez e Durutürk (2008), analisaram os resultados de pulpotomias com HC
para investigar a incidência de reabsorções internas e a relação existente entre elas
e a reabsorção fisiológica das raízes. Foram feitas pulpotomias em 84 molares
decíduos. Os dentes foram agrupados de acordo com o tipo da exposição pulpar
(mecânica ou cárie) e se a reabsorção fisiológica da raiz já havia iniciado ou não. As
amostras foram acompanhas durante 12 meses. Os resultados apontaram que nos
dentes onde a exposição por cárie foi maior, o índice de sucesso foi menor (65,5%).
Reabsorção interna foi relatada em 15 amostras de 17 fracassos (88,2%). Não
houve diferença estatística significativa na relação da reabsorção interna com os
dentes onde a reabsorção fisiológica da raiz já havia iniciado ou não (19,6% e 15,8%
respectivamente, p > 0.5). Os autores concluíram que quanto maior a área exposta
pela cárie, menor o índice de sucesso da pulpotomia. A reabsorção interna é a
principal razão de fracasso; entretanto, ela não é afetada pela reabsorção fisiológica
da raiz.
2.3 MINERAL TRIÓXIDO AGREGADO
O Mineral Trióxido Agregado (MTA) tem sido utilizado como material de
capeamento em exposições pulpares, na indução de formação apical em dentes
com rizogênese incompleta e no reparo das perfurações radiculares. Torabinejad foi
o pesquisador que introduziu este material na odontologia na década de 80.
Segundo ele, em 1993, a capacidade única que o MTA possui para a formação de
cemento é atribuída a uma série de fatores, tais como: boa capacidade de
selamento, manutenção da alcalinidade e biocompatibilidade.
Al-Nazhan e Al-Judai (2003) investigaram num estudo in vitro o efeito
antifúngico do MTA usando um teste de tubo-diluição. O material foi testado recém
misturado e 24 horas depois recebeu Candida Albicans. Os tubos foram incubados
com C. Albicans por 1 hora, 24 horas e 3 dias. Os resultados mostraram que o tubo
contendo MTA recém misturado foi efetivo na morte dos organismos do teste fúngico
após um dia de contato; ao passo que o tubo de teste de 24 horas mostrou que o
MTA foi efetivo três dias após a incubação. O estudo concluiu que o MTA (recém
misturado e 24 horas depois) apresentou características antimicrobianas.
Aminoshariae, Hartwell e Moon (2003) fizeram um estudo com o objetivo de
determinar se a adaptação do MTA pode variar quando colocado em canais
19
simulados de vários comprimentos utilizando-se duas técnicas de condensação
diferentes. Condensação manual foi comparada à condensação com ultrasom.
Oitenta tubos de polietileno foram divididos em quatro grupos de 20 tubos cada um.
Os tubos dos quatro grupos foram preparados para receber camadas de 3, 5, 7 e 10
milímetros de MTA respectivamente. Cada grupo de 20 tubos foi subdividido; em 10
amostras o material foi condensado manualmente e, nas outras 10, com o auxílio do
ultrasom. Após a condensação, as amostras foram avaliadas em microscópio óptico
e por radiografias para se evidenciar o grau de adaptação do MTA nas paredes do
tubo e a presença de espaços vazios, sem preenchimento do material. A
condensação manual resultou numa melhor adaptação nas paredes do tubo e numa
menor quantidade de espaços vazios em comparação à condensação com ultrasom.
Não houve diferença estatística significante entre nenhuma das espessuras de
material nas amostras em que o MTA foi condensado manualmente. Os autores
concluíram que a condensação manual é o método de escolha mais acertado para a
colocação do MTA.
Segundo Fridland e Rosado (2005), muitos estudos in vivo e in vitro mostram
que o MTA previne a microinfiltração, é biocompatível e promove a regeneração dos
tecidos quando colocado em contato com a polpa dental ou os tecidos
periradiculares. Estes mesmos autores realizaram um estudo longitudinal avaliando
a solubilidade do MTA e concluíram que o material é capaz de manter o pH elevado
durante muito tempo. Esta elevação pode ter significância clínica quando usada
como barreira apical desde que a alcalinidade crie um ambiente favorável à divisão
celular e formação de matriz.
Camilleri e Pitt Ford (2006) fizeram uma revisão sistemática de literatura nos
constituintes e na biocompatibilidade do MTA, conduzidos pelo banco de dados
Medline. A primeira publicação sobre o material foi em novembro de 1993. A
pesquisa da Medline encontrou 206 artigos publicados de novembro de 1993 a
agosto de 2005. Achados específicos sobre constituintes e biocompatibilidade do
MTA, contudo, renderam poucas publicações. Inicialmente todos os resumos foram
lidos, identificados e ajustados em uma das duas categorias requeridas para a
revisão, constituintes ou biocompatibilidade. Baseados nesta avaliação e na revisão
dos atigos, 13 foram inclusos na categoria de constituintes e 53 na de
biocompatibilidade. Concluíram que, relativamente poucos artigos abordam os
20
constituintes do MTA, enquanto avaliações citológicas são amplamente utilizadas
nos testes de biocompatibilidade.
Islam, Chng e Yap (2006) avaliaram e compararam o pH, radiopacidade,
tempo de presa, solubilidade, alteração dimensional e resistência à compressão do
ProRoot MTA (PMTA), ProRoot MTA cor branca (WMTA), cimento de Portland
branco (PB) e cimento de Portland comum (CP). Os resultados mostraram que o
PMTA e o cimento de Portland possuem propriedades físicas muito parecidas. No
entanto, a radiopacidade do cimento de Portland é muito menor que a do PMTA. A
resistência à compressão do PMTA é melhor que a do cimento de Portland em 28
dias. O maior constituinte do PMTA é o cimento de Portland. Devido ao baixo custo
do cimento de Portland e propriedades similares quando comparado ao PMTA, é
aceitável considerar o cimento de Portland como substituto do PMTA nos
procedimentos endodônticos. No entanto, não existem recomendações clínicas que
assegurem o uso do material no corpo humano. Mais estudos in vivo e in vitro
devem ser feitos, especialmente no que diz respeito à biocompatibilidade, para que
o material preencha os requisitos da FDA e obtenha liberação para ser utilizado no
âmbito médico.
2.3.1 MTA na pulpotomia
Faraco Junior e Holland (2004) realizaram um estudo histomorfológico em
dentes de cães onde avaliaram o capeamento da polpa com MTA. A polpa de 15
dentes de cães foi exposta experimentalmente e capeadas com MTA branco
(WMTA). Os animais foram sacrificados dois meses depois e as amostras
preparadas para o estudo morfológico. A polpa capeada com WMTA mostrou um
processo cicatricial com a completa formação de ponte de dentina densa em todas
as amostras. Em alguns casos, não apresenta a forma de dentina tubular, mas
apenas uma estrutura com um interessante aspecto morfológico selando o sítio
exposto. Apenas duas amostras apresentaram inflamação pulpar. Os dados obtidos
na pesquisa levaram a concluir que o WMTA possui as propriedades necessárias a
um material de capeamento pulpar.
O potencial de biocompatibilidade
do
MTA estimula o reparo pulpar
promovendo um bom selamento após a manobra de capeamento. O MTA pode ser
considerado um material efetivo no capeamento no que diz respeito à sua
21
capacidade de induzir a formação de dentina reparadora (PATEL e COHENCA,
2006).
Barrieshi-Nusair e Qudeimat (2006) avaliaram o sucesso da utilização do MTA
na pulpotomia parcial em primeiros molares permanentes com exposição pulpar por
cárie. Trinta e um primeiros molares de 23 pacientes foram utilizados como amostra.
Após o isolamento, as cáries foram removidas e a polpa exposta. Controlado o
sangramento, 2 a 4 mm de MTA foram colocados sobre a polpa exposta. O assoalho
da cavidade foi coberto por uma base de ionômero de vidro. Os dentes foram
restaurados com amálgama ou receberam coroas protéticas. As amostras foram
avaliadas clínica e radiograficamente em intervalos de três, seis, 12 e 24 meses.
Vinte e duas amostras tratadas não apresentaram nenhum sinal de fracasso clínico
ou radiográfico durante todo o acompanhamento. Seis dentes não responderam ao
teste de vitalidade no final do período de avaliação; no entanto, nenhum sinal de
fracasso radiográfico ou sintoma clínico foi detectado. Os autores concluíram que o
MTA é um material apropriado para pulpotomias em dentes permanentes jovens que
tiveram suas polpas expostas em função da cárie.
Moretti et al. (2007), relataram o caso de pulpotomia em um segundo molar
decíduo, em paciente com agenesia do sucessor permanente. O dente sofreu
exposição pulpar durante a remoção do tecido cariado. A câmara pulpar foi lavada
com solução salina e o tecido pulpar remanescente recebeu a cobertura de 2 mm de
MTA. O dente foi restaurado com cimento de ionômero de vidro e acompanhado
durante 24 meses. A terapia obteve sucesso na preservação do elemento dental e
sua vitalidade pulpar. Os autores concluíram que o MTA pode ser considerado como
uma alternativa para pulpotomia em molares decíduos, pois preserva a vitalidade
pulpar e prolonga a vida útil do dente.
A efetividade do MTA quando usado como material de capeamento em
dentes decíduos foi avaliado por Tuna e Ölmez em 2007. O grupo para o estudo
compreendeu 25 pares de molares decíduos, com cárie oclusal, em 25 pacientes na
faixa etária de cinco a oito anos. As polpas expostas durante o preparo cavitário
foram capeadas diretamente com MTA ou hidróxido de cálcio. As cavidades foram
forradas com cimento de ZOE e restauradas com amálgama. Controles clínicos e
radiográficos foram feitos depois de um, três, seis, nove, 12, 18 e 24 meses. Vinte e
dois pacientes cumpriram o período de acompanhamento de 24 meses. Um paciente
falhou no retorno para avaliação depois de um mês, um no retorno após nove meses
22
e outro depois de 12 meses. Os resultados não apontaram nenhum insucesso
clínico ou radiográfico tanto nas amostras de MTA como nas de hidróxido de cálcio.
Concluíram que o MTA se mostrou um material mais promissor que o hidróxido de
cálcio quando utilizado no capeamento direto de dentes decíduos no tratamento a
longo prazo, devido à solubilidade do hidróxido de cálcio. Porém, mais estudos
histológicos são necessários para embasar estes achados.
O sucesso histológico do MTA na pulpotomia para tratamento de pulpites
irreversíveis em dentes de humanos foi investigado no presente estudo. Quarenta
molares que seriam extraídos de pacientes entre 16 e 28 anos de idade foram
selecionados. O critério de seleção incluía exposição pulpar por cárie com história
de dor. Após o isolamento, remoção de cárie e exposição pulpar, o MTA foi utilizado
como agente capeador. Pacientes foram avaliados para controle da dor após 24
horas. Dois pacientes foram perdidos no estudo. Doze dentes foram extraídos após
dois meses e preparados histologicamente. O exame de sensibilidade confirmou que
nenhum dos pacientes teve dor depois da pulpotomia. A observação histológica
revelou que todas as amostras tiveram formação de ponte de dentina completa,
conservaram a vitalidade e estavam livres de inflamação. Apesar dos resultados
serem a favor da utilização do MTA como material para pulpotomia, mais estudos
com amostragem maior e período de acompanhamento de sensibilidade mais
extenso são sugeridos para justificar o uso do MTA no tratamento de pulpites
irreversíveis em dentes permanentes humanos (EGHBAL et al., 2009).
2.4 COMPARAÇÕES ENTRE OS DIFERENTES MATERIAIS
Aeinehchi et al. (2002), compararam o MTA com o hidróxido de cálcio quando
utilizados como material de capeamento pulpar em dentes humanos. Onze pares de
terceiros molares superiores de pacientes entre 20 e 25 anos de idade foram
submetidos a uma exposição pulpar mecânica. As exposições pulpares foram
capeadas com MTA ou hidróxido de cálcio, cobertas com cimento de óxido de zinco
e eugenol (ZOE) e restauradas com amálgama. No total 14 dentes foram extraídos
depois dos períodos de uma semana (2 molares), dois meses (3 molares), três
meses (5 molares), quatro meses (2 molares) e seis meses (2 molares). A avaliação
histológica demonstrou menor inflamação, hiperemia e necrose na parte densa da
23
ponte de dentina e uma formação odontoblástica mais freqüente em direção ao MTA
do que ao hidróxido de cálcio. Os autores concluíram que embora os resultados
tenham se mostrado a favor do uso do MTA, mais estudos devem ser feitos com
amostragens maiores e um tempo de acompanhamento mais longo.
Chacko e Kurikose (2006) estudaram as mudanças histológicas na polpa
dental durante a pulpotomia com MTA e hidróxido de cálcio. Os procedimentos de
pulpotomia foram feitos em pré-molares que seriam extraídos por razões
ortodônticas. A polpa radicular foi capeada com MTA ou hidróxido de cálcio e
restaurada com cimento de óxido de zinco e eugenol. Os dentes foram extraídos
com intervalos entre quatro e oito semanas, fixados em formalina 10% e então
mantidos em ácido nítrico a 5% por 28 dias para desmineralização. Após este
período, as amostras foram seccionadas longitudinalmente e analisadas em um
microscópio óptico. As polpas capeadas com MTA (ao término das quatro e das oito
semanas) mostraram formação de ponte de dentina mais homogênea e contínua
quando comparadas às polpas capeadas com hidróxido de cálcio. A ocorrência de
inflamação pulpar também foi menor no grupo do MTA quando comparado ao grupo
do hidróxido de cálcio no final das quatro e das oito semanas.
Briso (2006) analisou a resposta biológica de polpas submetidas a diferentes
materiais capeadores. O objetivo do estudo foi observar a resposta da polpa de cães
ao capeamento com MTA ou HC. Trinta e sete dentes foram divididos em dois
grupos, de acordo com o material capeador utilizado. Com os cães anestesiados,
realizou a exposição padronizada da polpa, proteção com MTA ou HC, selamento
das cavidades com cimento de ionômero de vidro modificado por resina e restaurou
os dentes com resina composta. Após 60 dias os animais foram sacrificados e as
amostras analisadas por microscopia. Concluiu que o MTA apresentou maior índice
de sucesso em relação ao hidróxido de cálcio por ter demonstrado menor ocorrência
de infecção e necrose pulpar.
Qudeimat et al. (2007), fizeram um estudo prospectivo comparando a relação
de sucesso clínico do MTA e HC utilizados como agentes capeadores na pulpotomia
parcial de molares permanentes. Sessenta e quatro molares com polpas expostas
por cárie foram divididos aleatoriamente em dois grupos, HC ou MTA. Após o
sangramento pulpar ter sido controlado, as polpas foram capeadas com HC ou MTA
cinza e cobertas por cimento de ionômero de vidro. Os dentes foram restaurados
com amálgama ou receberam coroas metálicas de acordo com seu grau de
24
destruição. As amostras foram avaliadas em três, seis, 12 meses e um ano após o
tratamento. Trinta e quatro pacientes submeteram-se à avaliação, totalizando 51
dentes de amostragem. Não houve diferença estatística significante na avaliação de
sucesso entre as amostras tratadas com HC (91%) em comparação às tratadas com
MTA (93%). Radiograficamente, a formação de tecido mineralizado foi observada
em 12 amostras no capeamento com HC (55%) e em 18 amostras de MTA (64%). O
estudo concluiu que o MTA apresenta maior sucesso clínico em relação ao hidróxido
de cálcio quando estes materiais são utilizados como agentes capeadores em
molares permanentes vítimas de exposições pulpares por cárie.
Aeinehchi et al. (2007), realizaram um estudo randomizado onde compararam
durante seis meses a aplicação do formocresol e do MTA na pulpotomia de molares
decíduos. Cento e vinte e seis crianças (entre 5 e 9 anos) com cáries em molares
decíduos foram selecionadas para a pulpotomia. Após a randomização, o
procedimento de pulpotomia tradicional foi realizado, a polpa coronária removida e o
sangramento controlado. No grupo pertencente ao formocresol, bolinhas de algodão
com o material foram colocadas em contato com a polpa por cinco minutos. No
grupo do MTA, 1 mm do material em forma de pasta foi utilizado para a pulpotomia.
As coroas dentárias de ambos os grupos foram restaurados com amálgama ou
cimento de ionômero de vidro. Os dentes de 100 pacientes foram avaliados e
comparados clínica e radiograficamente depois de três e seis meses. Nenhum sinal
de fracasso clínico foi observado nas avaliações entre três e seis meses. Não houve
diferença estatística significante nos achados radiográficos após três meses. No
entanto, após seis meses de acompanhamento, um número significativamente maior
de casos com reabsorção radicular foi visto no grupo do formocresol. Nenhum caso
de reabsorção foi evidenciado nas amostras do MTA. O estudo concluiu que, após
seis meses, a pulpotomia com MTA foi associada a poucos casos de reabsorção
radicular e doença pós-tratamento. O MTA se apresenta como uma alternativa viável
de material para ser utilizado na pulpotomia de molares decíduos.
Zurn e Seale (2007) realizaram um estudo prospectivo onde compararam o
hidróxido de cálcio foto-ativado com o formocresol diluído na pulpotomia de molares
decíduos. A seleção dos dentes incluía ausência de sintomatologia nos molares
homólogos que já tivessem sido capeados. Selecionados os dentes, o paciente era
randomizado para receber o hidróxido de cálcio foto-ativado ou o formocresol como
medicamento na pulpotomia. Todos os dentes foram restaurados com coroas
25
metálicas pré-fabricadas. Vinte pacientes (34 pares de dentes) foram acompanhados
clínica e radiograficamente durante mais ou menos um ano. Dois examinadores
cegos em relação ao estudo, padronizados e calibrados avaliaram e atribuíram
escores a cada radiografia de acordo com sinais de patologia, baseados sobre uma
escala modificada previamente proposta. Os achados foram agrupados em: (a) 0 –
6; (b) 7 – 12 e (c) 13 – 24 meses de intervalo. O escore radiográfico favoreceu o
grupo do formocresol de 7 – 12 e 13 – 24 meses de intervalo. O sucesso clínico foi
similar para o hidróxido de cálcio (94%) e formocresol (97%) em 12 meses ou
menos. Além dos 12 meses, o sucesso clínico variou mais (HC – 84%, FC 97%),
mas não significativamente (p=.08). A combinação de todos os critérios de sucesso
foi menor no grupo do hidróxido de cálcio (56%) do que no do formocresol (94%). O
estudo concluiu que o hidróxido de cálcio foto-ativado não serve como alternativa
viável ao formocresol diluído como agente de pulpotomia.
Moretti et al. (2008), compararam a efetividade do MTA, hidróxido de cálcio
(HC) e formocresol (FC) na pulpotomia de dentes decíduos. Quarenta e cinco
molares decíduos cariados de 23 crianças entre cinco e nove anos foram tratados
com a técnica convencional de pulpotomia. Os dentes foram separados
aleatoriamente no grupo experimental (HC ou MTA) ou no grupo controle (FC). Após
a remoção da polpa coronária e hemostasia, o tecido pulpar remanescente foi
coberto com uma pasta de MTA ou HC nos grupos experimentais. No grupo
controle, o FC diluído foi colocado em contato com o tecido pulpar por 5 minutos e
removido. O tecido pulpar foi coberto por pasta de óxido de zinco e eugenol (ZOE).
Todos os dentes foram restaurados com uma base reforçada de ZOE e ionômero de
vidro modificado por resina. O acompanhamento clínico e radiográfico foi realizado
em três, seis, 12, 18 e 24 meses depois. Os resultados apontaram nos grupos de
MTA e FC, 100% de sucesso clínico e radiográfico. A formação de ponte de dentina
foi observada em 29% dos dentes tratados com MTA. No grupo do HC, ocorreram
64% de insucessos clínicos e radiográficos durante todo o período avaliado. Os
autores concluíram que o MTA foi superior ao HC e igualmente efetivo ao FC na
pulpotomia de molares decíduos. Reabsorção interna foi um achado frequente nos
24 meses de controle das pulpotomias com HC.
Shayegan, Petein e Abbeele (2008) avaliaram e compararam os efeitos do
formocresol (FC), sulfato férrico (SF), mineral trióxido agregado (MTA), cimento de
Portland (CP) e beta-tricálcio fosfato (beta TCP) na pulpotomia de dentes decíduos
26
de suínos. Cinqüenta dentes de três suínos com três meses de vida receberam
pulpotomia com estes materiais. Três semanas depois, os animais foram
sacrificados e as amostras preparadas para o exame histológico. Os resultados
apontaram a ausência de diferença estatística significativa entre beta-TCP, MTA e
CP em termos de resposta pulpar primária, formação tecidual e preservação do
tecido normal da polpa. Entretanto, SF e FC irritaram o tecido pulpar e provocaram
resposta inflamatória pulpar. O estudo concluiu que o beta-TCP, MTA e CP são
histologicamente mais efetivos como agentes de pulpotomia que o formocresol e o
sulfato férrico em dentes decíduos de suínos.
Coser, Gondim e Giro (2008) avaliaram duas técnicas de tratamento de
molares decíduos com necrose pulpar e lesão de furca através de exames em
radiografias durante 48 meses. Cinqüenta e um molares inferiores decíduos foram
avaliados em crianças entre quatro anos e meio e seis anos e meio. Os dentes com
necrose pulpar e lesão de furca foram diagnosticados desta forma através de exame
radiográfico. Os dentes foram divididos em dois grupos: Grupo 1 (28 dentes) –
pulpotomia com formocresol e obturação coronária com cimento de óxido de zinco e
eugenol. Grupo 2 (23 dentes) – pulpectomia com pasta de hidróxido de cálcio e
obturação coronária com pasta densa de hidróxido de cálcio. Radiografias
estandartizadas foram feitas imediatamente após as obturações e decorridos 12, 24,
36 e 48 meses. As radiografias foram digitalizadas e analisadas com um software
que delineava por fora e media a radioluscência da bifurcação. Os resultados
apontaram que a radioluscência da bifurcação reduziu significativamente ou reparou
completamente nos dois tratamentos nos primeiros 12 meses. Uma menor redução
da lesão radiográfica foi observada dos 12 para os 24 meses. Não houve redução
significante da área radiolúcida remanescente dos 24 aos 48 meses após o
tratamento. Os autores concluíram que as duas técnicas avaliadas demonstraram
resultados similares. O maior efeito do tratamento nos que diz respeito ao reparo da
lesão foi obtido no primeiro ano de tratamento.
A necrose pulpar em dentes imaturos causada pela cárie provoca um maior
impacto a longo prazo na retenção de dentes. O objetivo da terapia para conservar a
vitalidade pulpar é manter sua viabilidade para eliminar bactérias do complexo
dentino-pulpar e estabilizar o ambiente para que a apicogênese possa ocorrer. Um
fator complicador para tratar dentes imaturos é a dificuldade no que diz respeito aos
danos que podem ser causados ao degrau pulpar. A capacidade do clínico em
27
preservar a saúde do tecido pulpar remanescente durante o procedimento é
essencial. Atualmente, o melhor método para se controlar a hemorragia pulpar é
utilizando hipoclorito de sódio. O mineral trióxido agregado é nos dias de hoje um
ótimo material para ser usado na terapia conservadora da vitalidade pulpar.
Comparado com o material tradicionalmente usado nesta finalidade, o hidróxido de
cálcio, o MTA é superior na capacidade de selamento a longo prazo e estimula a
formação de uma dentina reparadora extensa e de excelente qualidade. Numa
avaliação em médio prazo, o material demonstrou altos índices de sucesso. Deste
modo, o MTA apresenta-se como um bom substituto ao hidróxido de cálcio nos
procedimentos relativos à vitalidade pulpar (WITHERSPOON, 2008).
A reação do tecido pulpar frente ao uso do MTA com ou sem a adição de
cloreto de cálcio foi estudada por Bortoluzzi et al., em 2008. Foram feitas
pulpotomias em quatro caninos e oito pré-molares de dois cães com oito meses de
vida. Os animais foram sacrificados após 90 dias e as amostras processadas para
análise microscópica. A resposta do tecido pulpar foi similar no MTA com ou sem
adição de cloreto de cálcio. Foi constatada vitalidade pulpar em todas as amostras,
juntamente com o reparo pulpar e formação de pontes de tecido mineralizado. Foi
concluído que a adição do cloreto de cálcio ao MTA não modifica as propriedades do
material necessárias à formação da barreira mineralizada após a pulpotomia.
Nair et al. (2009), investigaram a resposta pulpar do capeamento direto com
MTA na saúde dentária humana tendo o hidróxido de cálcio como controle. Vinte
terceiros molares humanos com as polpas expostas foram capeados diretamente
com MTA. Outros 13 dentes capeados com hidróxido de cálcio foram utilizados
como controles. Os dentes foram restaurados com cimento de óxido de zinco e
eugenol, clinicamente revisados e extraídos com intervalos de tempo prédeterminados (uma semana, um mês e três meses). As amostras foram fixadas,
descalcificadas, subdivididas axialmente nas duas metades do plano orobucal,
seccionadas e avaliadas qualitativamente e quantitativamente com o auxílio do
microscópio eletrônico de varredura. Os resultados apontaram que as pulpotomias
realizadas com MTA não apresentaram nenhuma inflamação depois de uma semana
de tratamento e três meses após o capeamento já foi evidenciada formação de
tecido mineralizado. No grupo controle tratado com hidróxido de cálcio houve uma
discreta formação de barreira tecidual e inúmeros defeitos (formação de túneis). A
presença de inflamação pulpar por um longo período após o capeamento (3 meses)
28
foi um achado comum nas amostras tratadas com hidróxido de cálcio. O estudo
concluiu que o MTA é clinicamente mais fácil de ser utilizado como agente capeador
direto, resultou numa diminuição da inflamação pulpar e é o material que predispõe
a formação da barreira de tecido mineralizado quando comparado ao hidróxido de
cálcio. O MTA ou os materiais equivalentes a ele apresentam-se como material de
escolha nos procedimentos de capeamento pulpar direto ao contrário dos cimentos
de hidróxido de cálcio.
29
3 CONCLUSÃO
Através desta revisão de literatura, foi possível concluir que:
- O formocresol ainda é uma alternativa viável e bem aceita apenas na pulpotomia
de dentes decíduos.
- O hidróxido de cálcio vem sendo ultrapassado pelo MTA, em razão de seu alto
potencial de solubilização, que com o passar do tempo poderá influenciar
negativamente no prognóstico do tratamento conservador.
- O MTA é a alternativa mais acertada no tratamento conservador da polpa de
dentes decíduos e permanentes pelas suas características de biocompatibilidade,
menor índice de inflamação pulpar pós-tratamento e capacidade de induzir a
formação de dentina mineralizada.
30
REFERÊNCIAS
AEINEHCHI, M. et al. Mineral trioxide aggregate (MTA) and calcium hydroxide as
pulp-capping agents in human teeth: a preliminary report. International Endodontic
Journal. Oxford, v. 36, p. 225-231, 2002.
AEINEHCHI, M. et al. Randomized controlled trial of mineral trioxide aggregate and
formocresol for pulpotomy in primary molar teeth. International Endodontic
Journal. Oxford, v. 40, p. 261-267, 2007.
AL-NAZHAN, S.; AL-JUDAI, A. Evaluation of antifungal activity of mineral trioxide
aggregate. Journal of Endodontics. Baltimore, v. 29, n. 12, p. 826-827, Dec. 2003.
AMINABADI, N.A., FARAHANI, R.M.Z; GAJAN, E.B. A clinical study of formocresol
pulpotomy versus root canal therapy of vital primary incisors. Journal of Clinical
Pediatric Dentistry. Birmingham, v. 32, n. 3, p. 211-214, 2008.
AMINOSHARIAE, A., HARTWELL, G.R., MOON, P. C. Placement of mineral trioxide
aggregate using two different techniques. Journal of Endodontics, Baltimore, v. 29,
n. 10, p. 679-682, Oct. 2003.
BAHROLOLOOMI, Z. et al. Clinical and radiographic comparison of primary molars
after formocresol and electrosurgical pulpotomy: A randomized clinical trial. Indian
Journal of Dental Research. Karnataka, v. 3, n. 19, p. 219-223, 2008.
BARRIESHI-NUSAIR, K.M.; QUDEIMAT, M.A. A prospective clinical study of mineral
trioxide aggregate for partial pulpotomy in cariously exposed permanent teeth.
Endodontics. Baltimore, v. 32, n. 8, p. 731-735, Aug. 2006.
BORTOLUZZI, E. A. et al. Mineral trioxide aggregate with or without calcium chloride
in pulpotomy. Journal of Endodontics. Baltimore, v. 34, n. 2, p. 172-175, Feb. 2008.
BRISO, A. L. F. Biological response of pulps submitted to different capping materials.
Brazilian Oral Research. Ribeirão Preto, v. 3, n. 20, p. 219-225, 2006.
CAMILLERI, J.; PITT FORD, T.R. Mineral trioxide aggregate: a review of the
constituents and biological properties of the material. International Endodontic
Journal. Oxford, v. 39, p. 747-754, 2006.
CHACKO, V.; KURIKOSE, S. Human pulpal response to mineral trioxide aggregate
(MTA): a histologic study. Journal of Clinical Pediatric Dentistry. Birmingham, v.
30, n. 3, p. 203-210, 2006.
COHEN, S.; HARGREAVES, K.M. Caminhos da polpa. 9 ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2007.
COSER, R.M.; GONDIM, J.O.; GIRO, E.M.A. Evaluation of 2 endodontic techniques
used to treat human primary molars with furcation radiolucency area: A 48-month
radiographic study. Quintessence International Berlin, v. 39, n. 7, p. 549-557,
July/Aug. 2008.
31
EGHBAL, M.A. et al. MTA pulpotomy of human permanent molars with irreversible
pulpitis. Australian Endodontic Journal. St. Leonards, v. 35, p. 4-8, 2009.
ESTRELA, C. Ciência Endodôntica. São Paulo: Artes Médicas, 2004.
FARACO JUNIOR, I.M.; HOLLAND, R. Histomorphological response of dogs’ dental
pulp capped with white mineral trioxide aggregate. Brazilian Dental Journal.
Ribeirão Preto, v. 2, n. 15, p. 104-108, 2004.
FRIDLAND, M.; ROSADO, R. MTA solubility: a long term study. Journal of
Endodontics, Baltimore, v. 31, n. 5, p. 376-379, May 2005.
ISLAM, I.; CHNG, H.K.; YAP, A.U.J. Comparison of the physical and mechanical
properties of MTA and Portland cement. Journal of Endodontics. Baltimore, v. 32,
n. 3, p. 193-197, Mar. 2006.
MC DONALD, R.E.; AVERY, D.R. Odontopediatria. 5 ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 1991.
MORETTI, A. B. S. et al. Mineral trioxide aggregate pulpotomy of a primary second
molar in a patient with agenesis of the permanent successor. International
Endodontic Journal. Oxford, v. 40, p. 738-745, 2007.
MORETTI, A. B. S. et al. The effectiveness of mineral trioxide aggregate, calcium
hydroxide and formocresol for pulpotomies in primary teeth. International
Endodontic Journal. Oxford, v. 41, p. 547-555, 2008.
NAIR, P.N.R. et al. Histological, ultrastructural and quantitative investigations on the
response of healthy human pulps to experimental capping with mineral trioxide
aggregate: a randomized controlled trial. International Endodontic Journal. Oxford,
v. 42, p. 422-444, 2009.
PATEL, R.; COHENCA, N. Maturogenesis of a cariously exposed immature
permanent tooth using MTA for direct pulp capping: a case report. Dental
Traumatology. Chicago, v. 22, p. 328-333, 2006.
QUDEIMAT, M. A. et al. Calcium hydroxide vs. mineral trioxide aggregates for partial
pulpotomy of permanent molars with deep caries. European Archives of Paediatric
Dentistry. Berlin, v. 2, n. 8, p. 99-104, 2007.
SHAYEGAN, A.; PETEIN, M.; ABBEELE, A.V. Beta-tricalcium phosphate, white
mineral trioxide aggregate, white Portland cement, ferric sulfate, and formocresol
used as pulpotomy agents in primary pig teeth. Oral Surgery, Oral Medicine, Oral
Pathology, Oral Radiology and Endodontics. Saint Louis, n. 105, p. 536-542,
2008.
SÖNMEZ, D.; DURUTÜRK, L. Ca(OH)² pulpotomy in primary teeth. Part I: internal
reabsorption as a complication following pulpotomy. Oral Surgery, Oral Medicine,
Oral Pathology, Oral Radiology and Endodontics. Saint Louis, n. 106, p. 94-98,
2008.
32
TORABINEJAD, M.; WATSON, T.F.; PITT FORD, T.R. Sealing ability of a mineral
trioxide aggregate when used as a root end filling material. Journal of Endodontics,
Baltimore, v. 19, p. 591-595,1993.
TUNA, D.; ÖLMEZ, A. Clinical long-term evaluation of MTA as a direct pulp capping
material in primary teeth. International Endodontic Journal. Oxford, v. 41, p. 273278, 2007.
WITHERSPOON, D. E. Vital pulp terapy with new materials: new directions and
treatment perspectives – permanent teeth. Pediatric Dentistry. Chicago, v. 30, n. 3,
p. 220-224, May/Jun. 2008.
ZURN, D.; SEALE, N. S. Light-cured calcium hydroxide vs formocresol in human
primary molar pulpotomies: a randomized controlled trial. Pediatric Dentistry.
Chicago, v. 30, n. 1, p. 34-41, Jan./Feb. 2007.
33
APÊNDICE
ESTUDO
AMOSTRA
OBJETIVOS DA
PESQUISA
MÉTODOS DA
AVALIAÇÃO
RESULTADOS/CONCLUSÕES
AEINEHCHI, M. et
al. (2002)
11 pares de
terceiros
molares
superiores –
pacientes
entre 20 e 25
anos de idade
Comparar o MTA
com o hidróxido de
cálcio quando
utilizados como
material de
capeamento pulpar
em dentes humanos
No total 14 dentes
foram extraídos.
Avaliação
histológica
Menor inflamação, hiperemia e necrose
na parte densa da ponte de dentina e
uma formação odontoblástica mais
freqüente em direção ao MTA do que
ao hidróxido de cálcio.
Investigar num
estudo in vitro o
efeito antifúngico do
MTA usando um
teste de tubodiluição
O material foi
testado recém
misturado e 24
horas depois
recebeu C.
Albicans. Os tubos
foram incubados
com C. Albicans por
1 hora, 24 horas e 3
dias
O estudo concluiu que o MTA (recém
misturado e 24 horas depois)
apresentou características
antimicrobianas.
AL-NAZHAN, S.;
AL-JUDAI, A.
(2003)
AMINOSHARIAE,
A., HARTWELL,
G.R., MOON, P. C.
(2003)
80 tubos de
polietileno
Determinar se a
adaptação do MTA
pode variar quando
colocado em canais
simulados de vários
comprimentos
utilizando-se duas
técnicas de
condensação
diferentes
Cada grupo de 20
tubos foi
subdividido; em 10
amostras o material
foi condensado
manualmente e,
nas outras 10, com
o auxílio do
ultrasom. Após a
condensação, as
amostras foram
avaliadas em
microscópio óptico
e por radiografias
Os autores concluíram que a
condensação manual é o método de
escolha mais acertado para a
colocação do MTA.
FARACO JUNIOR,
I.M.; HOLLAND, R.
(2004)
15 dentes de
cães
Avaliar o
capeamento da
polpa com MTA
branco (WMTA)
Os animais foram
sacrificados dois
meses depois e as
amostras
preparadas para o
estudo morfológico
Os dados obtidos na pesquisa levaram
a concluir que o WMTA possui as
propriedades necessárias a um
material de capeamento pulpar
Avaliar a
solubilidade do MTA
Estudo longitudinal
O material é capaz de manter o pH
elevado durante muito tempo
FRIDLAND, M.;
ROSADO, R.
(2005)
BARRIESHINUSAIR, K.M.;
QUDEIMAT, M.A.
(2006)
31 primeiros
molares de 23
pacientes
Avaliar o sucesso
da utilização do
MTA na pulpotomia
parcial em primeiros
molares
permanentes com
exposição pulpar
por cárie
As amostras foram
avaliadas clínica e
radiograficamente
em intervalos de
três, seis, 12 e 24
meses
Os autores concluíram que o MTA é
um material apropriado para
pulpotomias em dentes permanentes
jovens que tiveram suas polpas
expostas em função da cárie
BRISO, A. L. F.
(2006)
37 dentes de
cães
Observar a resposta
da polpa de cães ao
capeamento com
MTA ou HC
Após 60 dias os
animais foram
sacrificados e as
amostras
analisadas por
microscopia
Concluíram que o MTA apresentou
maior índice de sucesso em relação ao
hidróxido de cálcio por ter demonstrado
menor ocorrência de infecção e
necrose pulpar
CAMILLERI, J.;
PITT FORD, T.R.
(2006)
Banco de
dados Medline
Revisão sistemática
de literatura nos
constituintes e na
biocompatibilidade
Os resumos foram
lidos, identificados
e ajustados em
uma das duas
categorias
Concluíram que, relativamente poucos
artigos abordam os constituintes do
MTA, enquanto avaliações citológicas
são amplamente utilizadas nos testes
34
CHACKO, V.;
KURIKOSE, S.
(2006)
Pré-molares
que seriam
extraídos por
razões
ortodônticas
ISLAM, I.; CHNG,
H.K.; YAP, A.U.J.
(2006)
do MTA
requeridas.
Baseados nesta
avaliação e na
revisão dos papers,
13 foram inclusos
na categoria de
constituintes e 53
na de
biocompatibilidade
de biocompatibilidade
Estudar as
mudanças
histológicas na
polpa dental durante
a pulpotomia com
MTA e hidróxido de
cálcio
Após 28 dias, as
amostras foram
seccionadas
longitudinalmente e
analisadas em um
microscópio óptico
A ocorrência de inflamação pulpar foi
menor no grupo do MTA quando
comparado ao grupo do hidróxido de
cálcio no final das quatro e das oito
semanas
Avaliar e comparar
o pH,
radiopacidade,
tempo de presa,
solubilidade,
alteração
dimensional e
resistência à
compressão do
ProRoot MTA
(PMTA), ProRoot
MTA cor branca
(WMTA), cimento
de Portland branco
(PB) e cimento de
Portland comum
(PC)
Devido ao baixo custo do cimento de
Portland e propriedades similares
quando comparado ao PMTA, é
aceitável considerar o cimento de
Portland como substituto do PMTA nos
procedimentos endodônticos. No
entanto, não existem recomendações
clínicas que assegurem o uso do
material no corpo humano
AEINEHCHI, M. et
al. (2007)
Cento e vinte e
seis crianças
(entre 5 e 9
anos) com
cáries em
molares
decíduos
foram
selecionadas
para a
pulpotomia
O estudo
randomizado
objetiva comparar
durante seis meses
a aplicação do
formocresol e do
MTA na pulpotomia
de molares
decíduos
Os dentes de 100
pacientes foram
avaliados e
comparados clínica
e radiograficamente
depois de três e
seis meses
O MTA se apresenta como uma
alternativa viável de material para ser
utilizado na pulpotomia de molares
decíduos
MORETTI, A. B. S.
et al. (2007)
Caso de
pulpotomia em
um segundo
molar decíduo,
em paciente
com agenesia
do sucessor
permanente
Relato de caso
O dente foi
restaurado com
cimento de
ionômero de vidro e
acompanhado
durante 24 meses
Os autores concluíram que o MTA
pode ser considerado como uma
alternativa para pulpotomia em molares
decíduos, pois preserva a vitalidade
pulpar e prolonga a vida útil do dente
QUDEIMAT, M. A.
et al. (2007)
64 molares
Estudo prospectivo
comparativo da
relação de sucesso
clínico do MTA e
HC utilizados como
agentes capeadores
na pulpotomia
parcial de molares
permanentes
As amostras foram
avaliadas em três,
seis, 12 meses e
um ano após o
tratamento. Trinta e
quatro pacientes
submeteram-se à
avaliação,
totalizando 51
dentes de
amostragem
O estudo concluiu que o MTA
apresenta maior sucesso clínico em
relação ao hidróxido de cálcio quando
estes materiais são utilizados como
agentes capeadores em molares
permanentes vítimas de exposições
pulpares por cárie
TUNA, D.; ÖLMEZ,
A. (2007)
25 pares de
molares
decíduos, com
cárie oclusal,
em 25
pacientes na
Avaliar a efetividade
do MTA quando
usado como
material de
capeamento em
Controles clínicos e
radiográficos foram
feitos depois de um,
três, seis, nove, 12,
18 e 24 meses
Concluíram que o MTA se mostrou um
material mais promissor que o
hidróxido de cálcio quando utilizado no
capeamento direto de dentes decíduos
no tratamento a longo prazo
35
faixa etária de
cinco a oito
anos
dentes decíduos
ZURN, D.; SEALE,
N. S. (2007)
20 pacientes
(34 pares de
dentes)
Estudo prospectivo
comparativo entre o
hidróxido de cálcio
foto-ativado com o
formocresol diluído
na pulpotomia de
molares decíduos
Dois examinadores
cegos em relação
ao estudo,
padronizados e
calibrados
avaliaram e
atribuíram escores
a cada radiografia
de acordo com
sinais de patologia
O estudo concluiu que o hidróxido de
cálcio foto-ativado não serve como
alternativa viável ao formocresol diluído
como agente de pulpotomia
AMINABADI, N.A.,
FARAHANI, R.M.Z;
GAJAN, E.B.
(2008)
100 incisivos
de 50
pacientes (27
femininos e 23
masculinos)
com idade
entre três e
quatro anos
Avaliar clínica e
radiograficamente
pulpotomia versus
pulpectomia em
incisivos decíduos
As avaliações
clínica e
radiográfica dos
resultados do
tratamento foram
realizadas em 12 e
24 meses após o
procedimento
O estudo concluiu que a pulpectomia
em incisivos decíduos pode ser uma
alternativa de tratamento mais eficiente
do que a pulpotomia neste grupo de
dentes
BAHROLOLOOMI,
Z. et al. (2008)
70 molares
decíduos em
crianças de 5
a 10 anos de
idade
Estudo clínico
randomizado,
comparando o
sucesso clínico e
radiográfico da
pulpotomia
eletrocirúrgica ou
com formocresol em
molares decíduos
Depois de realizada
a pulpotomia, o
sucesso clínico e
radiográfico foi
avaliado em três,
seis e nove meses
Os autores concluíram que os
resultados obtidos com a pulpotomia
eletrocirúrgica foram iguais aos da
pulpotomia com formocresol
BORTOLUZZI, E.
A. et al. (2008)
4 caninos e 8
pré-molares de
2 cães com 8
meses de vida
Estudar a reação do
tecido pulpar frente
ao uso do MTA com
ou sem a adição de
cloreto de cálcio
Feitas a
pulpotomias, os
animais foram
sacrificados após
90 dias e as
amostras
processadas para
análise
microscópica
Foi concluído que a adição do cloreto
de cálcio ao MTA não modifica as
propriedades do material necessárias à
formação da barreira mineralizada
após a pulpotomia
COSER, R.M.;
GONDIM, J.O.;
GIRO, E.M.A.
(2008)
51 molares
inferiores
decíduos de
crianças entre
4 anos e meio
e 6 anos e
meio
Avaliar duas
técnicas de
tratamento de
molares decíduos
com necrose pulpar
e lesão de furca
através de exames
em radiografias
durante 48 meses
As radiografias
foram digitalizadas
e analisadas com
um software que
delineava por fora e
media a
radioluscência da
bifurcação
Os autores concluíram que as duas
técnicas avaliadas demonstraram
resultados similares. O maior efeito do
tratamento nos que diz respeito ao
reparo da lesão foi obtido no primeiro
ano de tratamento
MORETTI, A. B. S.
et al. (2008)
45 molares
decíduos de
23 crianças
entre 5 e 9
anos
Comparar a
efetividade do MTA,
hidróxido de cálcio
(HC) e formocresol
(FC) na pulpotomia
de dentes decíduos
O
acompanhamento
clínico e
radiográfico foi
realizado em três,
seis, 12, 18 e 24
meses depois
Os autores concluíram que o MTA foi
superior ao HC e igualmente efetivo ao
FC na pulpotomia de molares decíduos
SHAYEGAN, A.;
PETEIN, M.;
ABBEELE, A.V.
(2008)
50 dentes de 3
porcos com 3
meses de vida
Avaliar e comparar
os efeitos do
formocresol (FC),
sulfato férrico (SF),
mineral trióxido
agregado (MTA),
cimento de Portland
(CP) e beta-tricálcio
fosfato (beta TCP)
na pulpotomia de
dentes decíduos de
Três semanas
depois, os animais
foram sacrificados e
as amostras
preparadas para o
exame histológico
O estudo concluiu que o beta-TCP,
MTA e CP são histologicamente mais
efetivos como agentes de pulpotomia
que o formocresol e o sulfato férrico
em dentes decíduos de porcos
36
porcos
SÖNMEZ, D.;
DURUTÜRK, L.
(2008)
84 molares
decíduos
Analisar os
resultados de
pulpotomias com
HC para investigar a
incidência de
reabsorções
internas e a relação
existente entre elas
e a reabsorção
fisiológica das
raízes
As amostras foram
acompanhas
durante 12 meses
Os autores concluíram que quanto
maior a área exposta pela cárie, menor
o índice de sucesso da pulpotomia. A
reabsorção interna é a principal razão
de fracasso; entretanto, ela não é
afetada pela reabsorção fisiológica da
raiz
EGHBAL, M.A. et
al. (2009)
40 molares
que seriam
extraídos de
pacientes
entre 16 e 28
anos
Investigar o sucesso
histológico do MTA
na pulpotomia para
tratamento de
pulpites irreversíveis
em dentes de
humanos
Doze dentes foram
extraídos após dois
meses e
preparados
histologicamente
Apesar dos resultados serem a favor
da utilização do MTA como material
para pulpotomia, mais estudos com
amostragem maior e período de
acompanhamento de sensibilidade
mais extenso são sugeridos
NAIR, P.N.R. et al.
(2009)
33 terceiros
molares
humanos
Investigar a
resposta pulpar do
capeamento direto
com MTA na saúde
dentária humana
tendo o hidróxido de
cálcio como controle
As amostras foram
fixadas,
descalcificadas,
subdivididas
axialmente nas
duas metades do
plano orobucal,
embebidas em
plástico,
seccionadas e
avaliadas
qualitativamente e
quantitativamente
com o auxílio do
microscópio
eletrônico de
varredura
O estudo concluiu que o MTA é
clinicamente mais fácil de ser utilizado
como agente capeador direto, resultou
numa diminuição da inflamação pulpar
e é o material que predispõe a
formação da barreira de tecido
mineralizado quando comparado ao
hidróxido de cálcio
0
Download

Materiais Protetores Utilizados no Tratamento