298 FAMAT em Revista - Número 11 - Outubro de 2008 Resoluções dos problemas do número anterior 37. Para todo número primo p, demonstre que os números p +1 + p± p +1 − p são ambos irracionais. Resolução: Suponha que α = p +1 + p± p +1 − p seja racional. Assim, α 2 = 2 p + 1 ± 2 p + 1 − p = 2 p + 1 ± 2 também é racional. Daí, p + 1 pertence aos racionais. Porém, isso só pode ocorrer se p + 1 for um quadrado perfeito, digamos p + 1 = k 2 . Como p = (k + 1)(k − 1) é primo, segue que k − 1 = 1 e k + 1 = p e, daí, p = 3. Portanto, α é irracional, para todo primo p ≠ 3 . Agora, para p = 3 , α = 6 ou Conclui-se, então, que α é irracional, qualquer que seja o número primo p. 2. 38. Demonstre que o polinômio X 2 n + X n + 1 é divisível pelo polinômio X 2 + X + 1 se, e somente se, n não é múltiplo de 3. Resolução: Observe, inicialmente, que X 3 − 1 = ( X − 1) X 2 + X + 1 . Portanto, as raízes ( ) 2 da equação X + X + 1 = 0 são justamente as raízes cúbicas da unidade diferentes de 1; vamos representar por w uma qualquer delas. Assim, se n não for múltiplo de 3, então wn ≠ 1 ; como wn é uma raiz cúbica da unidade, ela é então uma raiz da equação X 2 + X + 1 = 0 e, daí, w 2 n + w n + 1 = 0 e, conseqüentemente, X – w divide X 2 + X + 1 . Como isso ocorre para qualquer raiz da equação X 2 + X + 1 = 0 , segue que X 2 + X + 1 divide X 2 n + X n + 1 . Reciprocamente, se n for múltiplo de 3, então wn = 1 e, por conseguinte, w 2 n + w n + 1 = 3 ≠ 0 ; daí, X – w não divide X 2 n + X n + 1 , o que acarreta que X 2 + X + 1 também não divide X 2 n + X n + 1 . 39. Seja ABC um triângulo que tem inraio (raio do círculo inscrito) r e circunraio (raio do círculo circunscrito) R. Demonstre que R ≥ 2r. Resolução: Vamos representar, respectivamente, por a, b e c os lados BC, AC e AB do triângulo e por s o seu semiperímetro. Chamando P o incentro do triângulo, temos que ra rb rc as áreas dos triângulos PBC, PCA e PAB são, respectivamente, , e . Portanto, 2 2 2 a+b+c o triângulo ABC tem área S = r = rs . Por outro lado, um fato bem conhecido 2 a b c é que, na lei dos senos, = = , o valor constante da razão é dado por 2R; senA senB senC a abc abc R sabc sabc daí, R = = = . Assim, = = , onde, na 2 2 senA 2bcsenA 4 S r 4 s (s − a )(s − b )(s − c ) 4S última igualdade, foi utilizada a fórmula de Heron para a área de um triângulo. Agora, a+b+c substituindo o valor de s = na igualdade acima, temos que 2 R 2abc = (*). Agora, chamando r (b + c − a )(c + a − b )(a + b − c ) x = b + c − a, y = c + a − b e z = a + b − c e empregando a desigualdade envolvendo as médias aritmética e geométrica de dois números, temos que FAMAT em Revista - Número 11 - Outubro de 2008 299 x+ y ≥ xy e, analogamente, a ≥ yz e b ≥ zx ; multiplicando termo a termo 2 essas três últimas desigualdades, obtemos abc ≥ xyz . Voltando, por fim, à igualdade (*), chegamos ao seguinte resultado: R 2abc 2abc = = ≥ 2 , o que conclui a demonstração. r (b + c − a )(c + a − b )(a + b − c ) xyz c= 40. Seja P um ponto interior ao triângulo ABC cujos lados medem a, b e c e cuja área vale S. Demonstre que o produto das distâncias de P aos lados do triângulo é menor do 8S 3 , sendo que a igualdade ocorre somente se P for o baricentro do que ou igual a 27 abc triângulo. Resolução: Representemos por x, y e z, respectivamente, as distâncias de P aos lados BC, CA e AB do triângulo ABC. Assim, temos que ax + by + cz = 2S. Daí, 3 1 1 2S 8 S3 ax ⋅ by ⋅ cz ≤ = ⋅ , abc abc 3 27 abc onde a desigualdade acima é a relação entre as médias aritmética e geométrica. Agora, 2S . na referida desigualdade, a igualdade ocorre se, e somente se, ax = by = cz = 3 Chamando D, E e F os pés das perpendiculares por A, B e C a BC, CA e AB, 2S 1 respectivamente, então dizer que ax = by = cz = equivale a dizer que x = AD, 3 3 1 1 y = BE e z = CF. Mas, isso quer dizer que P está sobre cada uma das três retas 3 3 paralelas aos lados do triângulo ABC que passam pelo baricentro do referido triângulo, ou seja, que P é o baricentro do triângulo. xyz =