Leucemia mielóide aguda M3
André Bahute
Anita Quintas
Pedro Silva
Perspectiva Histórica




1949, França – Primeira referência à
doença
1957 – Designação de Leucemia
Promielocítica, por Hillstad
1976 – Categorização da doença pela
classificação FAB (LMA M3)
1996 – Categorização da doença pela OMS
(grupo I - leucemia promielocítica aguda)
Definição

Doença caracterizada pela infiltração de sangue, medula óssea e
outros tecidos por mieloblastos malignos
Bloqueio da hematopoiese
Células imaturas,
não-funcionantes
Células diferenciadas,
normais
Organomegalias
Citopenias
Linfadenopatias
Anemias
Epidemiologia

Incidência global de leucemias mielóides
agudas: 3,6 casos por 100.000 pessoas/ano


Risco aumentado para:



Percentagem de casos de LPA: 5 -10%
população latina europeia e centro e sulamericana
Indivíduos com índice de massa corporal
aumentado
Idade de apresentação


média: 31 anos
rara ocorrência antes dos 10 anos de idade
Etiologia

Radiação



Radiação ionizante (bombas, testes e reactores nucleares, radiação médica)
Radiação não-ionizante (?)
Substâncias químicas e outras
exposições



Benzeno
Tabagismo
Derivados do petróleo, Óxido de etileno, Herbicidas, Pesticidas
Fármacos




Agentes alquilantes (ciclofosfamida, mecloretamina, clorambucil, busulfan,
lomustina, semustina)
Inibidores da Topoisomerase II (etoposide, tenoposide)
Cloranfenicol, Fenilbutazona, Cloroquina, Metoxipsoraleno
Esquemas de Classificação

FAB (1975)

Critérios:


Morfológicos
Citoquímicos

OMS (1996)

Critérios:





Morfológicos
Citoquímicos
Imunofenotípicos
Moleculares
Citogenéticos
Critérios de Classificação

Morfologia e Citoquímica


Diagnóstico estabelecido pela presença de ≥20% mieloblastos no
sangue ou medula óssea
Promielócitos




M3 hipergranular [75% casos]- Hipergranulares, com numerosos corpos de
Auer e grânulos azurofílicos
Variante microgranular (M3v) [25% casos] - Hipogranulares, raros corpos
de Auer e pequenos grânulos
Núcleos bilobados
Reacção positiva a:




Neutrófilos


Negro de Sudão B
Mieloperoxidase
Cloracetato esterase
Normais, ocasionalmente displásicos
Precursores eritróides e megacariócitos

Sem anomalias significativas
Critérios de Classificação
Promielócitos hipergranulares à direita.
Múltiplos Corpos de Auer à esquerda.
Células coradas com Sudão Negro B.
Positividade a azul dos promielócitos com
esterase de cloroacetato.
Variante hipogranular, com grânulos
diminutos.
Critérios de Classificação

Imunofenotipagem


Estudo das células da leucemia por citometria de fluxo após marcação
com anticorpos monoclonais para os antigénios de superfície

CD 9, CD11, CD13, CD33 Positivo

CD14, CD34, HLA-DR Negativo
Cromossómica e Citogenética

Estudo das alterações cromossómicas que potenciem alterações
funcionais de moléculas

Presença de t(15;17)

Codifica proteína quimérica Pml/RARα
Supressão da transcrição génica
Bloqueio da diferenciação celular
Sintomas e Sinais

Início gradual ou abrupto

Sintomas Constitucionais Gerais





Sistema Hematológico



Hemorragia gastrintestinal, intrapulmonar, intracraneana
Coagulopatia vascular disseminada
Sistema Musculo-esquelético


Fadiga
Anorexia, perda ponderal
Febre com ou sem infecção
Diaforese
Dor óssea
Sistema Linfático

Linfadenopatias
História Clínica
Identificação

Nome: M.A.F.B.R.

Idade: 36 anos

Sexo: masculino

Raça: caucasiana

Estado civil: casado

Naturalidade: Braga

Residência: Braga

Profissão: perito automóvel
Factor
de risco?
História da doença actual

13 de Janeiro de 2006
O doente, previamente saudável, recorre
ao centro de saúde com odinofagia
intensa que se iniciou abruptamente no
dia anterior. É diagnosticada uma
amigdalite e o doente é medicado com
Zoref 500®, Spidifen® e Xyzal®.

16 de Janeiro de 2006
Dado que a odinofagia não apresentava remissão, o doente
recorreu ao SU do Hospital de S. Marcos (Braga).
O exame físico revelou uma amigdalite aguda em aparente
resolução. A amígdala apresentava-se edemaciada, com
vestígios de sangue.
A análise sanguínea mostrou leucopenia e trombocitopenia
acentuadas.
Foi diagnosticado um abcesso amigdalino.
O doente foi internado e proposto para imunoterapia:
Rocephin® 1g 12/12h ev, Metronidazol 500mg 8/8h ev,
Predenisolona 50mg 12/12h ev, Ranitidina 50mg 12h/12h ev.
Devido à evolução desfavorável do doente suspeitou-se de
leucemia aguda e é transferido para o hospital de S. João.
História médica prévia

Sem antecedentes patológicos relevantes.

Revela alguma “perda de sangue ao escovar
os dentes” (sic) mas não consegue referir há
quanto tempo começou.
Cuidados de saúde habituais
Factor
de risco?

Alimentação sem restrições

Consome 20g de álcool total por dia

Fuma um maço de tabaco por semana

Pratica desporto ocasionalmente (futebol de
salão)
História social

Vive com a esposa e filha em casa própria.

A casa é arejada, tem saneamento, água
canalizada e electricidade.
História familiar

Mãe: diabética tipo II

Pai: úlcera do estômago

Filha de 6 anos: saudável

Sem história familiar de doença
hematológica.
Revisão por sistemas

Sintomas constitucionais gerais:

O doente não se queixa de febre, arrepios, mau estar ou fatigabilidade;
não sofre de hipersudorese nocturna. Perdeu 6kg desde o início do
internamento.

Dieta:

Não existem alterações de apetite ou de sede.

Tegumento:

Refere hematomas de punção em ambos os braços e palidez
cutânea; textura normal; sem hipersudorese; sem anomalias das unhas
ou cabelos; lesão herpética no lábio inferior.

Músculo esquelético:

O doente não refere rigidez das articulações, dor, restrição de
movimentos, edema, eritrema, calor ou deformidades ósseas.

Cabeça e Pescoço:

Geral

O doente refere que tem cefaleias ocasionais, nunca teve episódios de tonturas,
síncopes, traumatismo ou perdas de consciência.

Olhos

O doente não refere qualquer problema com a sua acuidade visual; não tem diplopia,
fotofobia, dor, modificações recentes na visão ou glaucoma; o doente não usa colírios
ou outras medicações; nunca sofreu traumatismo ocular; não existe história familiar de
doença oftalmológica.

Ouvidos

O doente refere que a sua acuidade auditiva é normal; não sente dor ou zumbido; sem
episódios de vertigens; não existe exsudado.

Nariz

Sem alterações do olfacto; o doente refere que não se constipa com frequência; sem
obstrução das vias respiratórias; não apresentava espistaxis, rinorreia ou dor nos seios
peri-nasais.

Garganta e boca

O doente refere gengivorragias quando escova os dentes; sem odinofagia.

Endócrino:


Tórax e Pulmões:


O doente não tem cianose, ortopneia, claudicação, hipertensão ou enfarte do miocárdio
prévio; a tolerância ao exercício físico não está alterada; não sente dispneia ou dor torácica;
não tem qualquer edema.
Hematológico:


O doente não refere dor relacionada com a respiração, cianose, pieira ou hemoptises; não
sente dispneia; raramente tem tosse e a quantidade de expectoração é pequena.
Coração e grandes vasos:


O doente não tem dor ou aumento da tiróide; não apresenta intolerância ao frio ou ao calor;
não tem diabetes, polidipsia, modificações da pelugem corporal ou facial e estria cutâneas;
sem poliúria.
Nega tendência para hematomas e sangramento fácil; nunca sofreu tromboses ou
tromboflebite.
Linfático:

O doente refere uma tumefacção na região submandibular esquerda.

Gastrointestinal:


Genitourinário:


O doente refere hematúria. Não apresenta dor no flanco ou suprapúbica, modificação
no jacto, hesitação, emissão de cálculos, edema da face, incontinência de stress; o
doente não tem doenças sexualmente transmissíveis.
Neurológico:


Não se verificam alterações do apetite, problemas na digestão ou intolerância alimentar;
o doente não se queixa de náuseas, vómitos, hemateses, afrontamentos ou disfagia;
não apresenta alterações na regularidade do trânsito intestinal, obstipação, diarreia,
modificação da coloração ou conteúdos das fezes, flatulência, hepatite, icterícia ou urina
escura; não tem hemorróides; não tem história de úlcera ou litíase vascular.
O doente nunca teve síncopes, paralisia, anormalidades sensitivas ou de coordenação,
tremores, perda de memória, traumatismos cranianos ou convulsões.
Psiquiátrico:

Durante a entrevista o doente não teve episódios de mudanças de humor ou
dificuldades de concentração; negou ter depressão ou pensamentos suicidas; não se
irrita facilmente e não apresenta distúrbios do sono.
Exame físico

Estado geral:

36 anos,

caucasiano

idade coincidente com a idade aparente

bem nutrido

peso – 79kg

sem posição preferencial no leito

Sinais vitais:

apirético

pulso radial – 65 pulsações/minuto, simétrico, rítmico, regular,
sustentação normal

frequência respiratória – 20 ciclos/minuto

tensão arterial – 120/57

Comunicação:

O doente encontrava-se consciente, cooperante, tranquilo e
devidamente orientado no espaço e no tempo.
Exame físico

Pele:

A pele e as mucosas estão ligeiramente pálidas e existem
hematomas de punção em ambos os braços; está hidratada e
elástica; não se verificam a presença de edemas nem de um odor
anormal; o doente não apresenta hipersudorese; a distribuição pilosa
está de acordo com o sexo e com a idade; não existem lesões e existe
uma calvície parcial do couro cabeludo; as unhas apresentam cor,
textura e configuração normal.

Cabeça:

O tamanho e contorno da cabeça são normais; sem rarefacção pilosa no
couro cabeludo; não existem edemas nem adenomegalias; a arcada
supraciliar tem morfologia normal e não tem rarefacção pilosa; os traços
faciais são simétricos; as artérias temporais são simetricamente
palpáveis, sem aumento da consistência nem dor à palpação.
Exame físico

Olhos:

O doente apresenta uma conjuntivite hemorrágica no olho direito;
não apresenta alterações na acuidade visual e os campos visuais não
têm limitações; as órbitas e pálpebras têm um aspecto normal; as
escleróticas são anictéricas; a córnea e o cristalino não apresentam
opacidade; o reflexo fotomotor directo e consensual é positivo
bilateralmente: não foram realizados o exame oftalmoloscópico e o
reflexo corneano.

Ouvidos:

A configuração, posição e alinhamento dos pavilhões auriculares são
normais; o exame otoscópico, os testes de Weber e Rinne não foram
efectuados.

Fossas nasais:

O doente apresenta uma pirâmide nasal de aspecto normal, sem desvio
do septo; não se verificou a presença de edema, dor sobre os seios
perinasais, escorrimento nasal ou pólipos.
Exame físico

Cavidade oral e garganta:

A mucosa oral e os lábios têm um aspecto cianosado e o doente
apresenta uma lesão herpética no lábio inferior; existe uma tumefacção
peri-amigdalina; apresenta uma dentição adulta normal (32 dentes) de
aspecto normal e uma oclusão centrada e equilibrada; a língua e o
pavimento da boca têm um aspecto normal;; a faringe e o palato têm um
aspecto normal; língua tem um tamanho normal e os seus movimentos
são simétricos; a orofaringe tem uma coloração normal e não existem
escorrências; não foi efectuado nenhum exame para avaliar a
discriminação do paladar.

Pescoço:

A inspecção e a palpação do pescoço revelam uma tumefação
indolor na região submandibular esquerda; a mobilidade é normal; a
traqueia é centrada e móvel; a cartilagem tiróide não é visível na
inspecção e a palpação revela que ela está centrada, sem dor à
palpação e é móvel no plano transversal e com a deglutição; os pulsos
carotídeos são simétricos, regulares e rítmicos.
Exame físico

Tórax:

O tórax apresenta tamanho e formas normais, não existem alterações
do diâmetro da caixa torácica; os movimentos respiratórios são
simétricos e não se verifica uso de músculos acessórios na respiração; a
palpação não revela nenhuma anormalidade.

Coração:

A palpação não revela a presença de frémitos ou lifts; a auscultação
mostra que os sons cardíacos têm uma intensidade normal; não existem
sopros ou ruídos adventícios; S1 e S2 são normais.

Vascular periférico:

Os pulsos periféricos são amplos, regulares e simétricos e de
sustentação normal; são rítmicos; não se verificou a presença de
frémitos e sopros carotídeos, temporais, renais, femorais ou da aorta
abdominal; não se efectuaram os testes de turgescência jugular ou de
refluxo hepatojugular; não se verificou a presença de edema, distensão
venosa ou dor à palpação nos membros inferiores.
Exame físico

Respiratório:

O doente não mostra sinais de dificuldade respiratória; apresenta uma
respiração abdominal, regular e pouco ampla; a relação
inspiração/expiração é normal; a palpação não revela a presença de
frémitos; os sons respiratórios são audíveis bilateralmente e são
simétricos; não se verifica a presença de crepitações, sibilos, roncos,
atrito pleural ou egofonia.

Abdómen:

À inspecção, não é visível rede venosa colateral e a distribuição pilosa é
adequada para a idade e para o sexo; não são visíveis assimetrias ou
movimentos de reptação; à palpação não são evidentes massas,
tumefacções ou pontos dolorosos; o sinal de Blumberg e o sinal de
Murphy são negativos; o sinal de onda ascítica é negativo; o bordo
inferior do fígado é palpável profundamente à grade costal e é indolor,
liso e regular; os sons peristálticos são audíveis em todos os quadrantes
e não são perceptíveis sopros aórticos ou renais.

Genital:

Não foram efectuados exames ao aparelho genital.
Exame físico

Recto:

Não foram efectuados exames ao recto.

Músculo esquelético:

Nos membros superiores não se detectam assimetrias, atrofias ou
deformidades; as articulações dos membros superiores não
apresentavam deformidades, edemas ou sinais inflamatórios; a
mobilidade activa e passiva não é dolorosa.

Nos membros inferiores, não se detectam assimetrias, atrofias ou
deformidades; as articulações dos membros inferiores não apresentam
deformidades, edemas ou sinais inflamatórios.

A região dorsal não tem deformidades ou tumefacções visíveis; a
mobilidade a mobilidade activa e passiva não é dolorosa; não se
detectam desvios da coluna vertebral, nem edemas sagrados ou pontos
dolorosos.
Exame físico

Neurológico:

O doente apresenta funções cognitivas, pensamento, linguagem e fala
normais.

A análise dos pares cranianos mostra os seguintes resultados:

I – o doente é anósmico

II – acuidade visual normal; os campos visuais não têm limitações

III, IV, VI – sem ptose ou estrabismo; movimentos conjugados dos
olhos sem qualquer alteração; o reflexo fotomotor directo e
consensual é positivo bilateralmente.

V – masseteres e temporais sem qualquer atrofia; abertura da boca
sem desvios

VII – simetria dos movimentos faciais; sem desvio da comissura
labial; sem apagamento do sulco nasolabial

VIII – acuidade auditiva normal

IX, X – sem dificuldade de deglutição; elevação simétrica da úvula e
do palato durante a fonação

XI – o doente consegue elevar os ombros; rotação do pescoço
normal

XII – a língua não se desvia durante a protusão

A função motora e cerebelosa encontram-se totalmente conservadas.
Não foram efectuados outros testes.
Exames auxiliares de
diagnóstico

18 de Janeiro de 2006

WBC
4,1 103/mm3 ↓
RBC
2,73 106/mm3 ↓
HBG
9,4 g/dl ↓
HCT
24,9 % ↓↓
MCV
9 μm3 ↓
Esfregaço:
MCH
34,4 pg ↑
61% Blastos
RDW
12%
PLT
14 103/mm3 ↓↓
MPV
7,2 μm3
PCT
0,010% ↓↓
PDW
26,3% ↑↑
Hemograma
8% Neutrófilos
Exames auxiliares de
diagnóstico

Estudo da medula
óssea


Contagem
diferencial
Estudo da
população
granulocítica
Mieloblastos
12%
Promielócitos
73%
Linfócitos
9%
Eritroblastos
basófilos
6%
Estadio I
.%
Estadio II
95%
Estadio III
1,1%
Estadio IV
3,9%
Exames auxiliares de
diagnóstico

Estudo da medula óssea

Estudo imunofenotípico
Positivo
CD13, CD15 fraco, CD33, CD34, CD117,
s
CD 123, MPO
Negativo
CD2, CD3cit, CD7, CD11b, CD16, CD19,
s
CD36, CD56, CD61, CD64. CD65, CD71,
CD79a, TDT, DR,GPA
Conclus
Presença de população predominante com
ão
fenótipo compatível com promielócitos
(62% do total de células) e cerca de 18%
de blastos CD34+ com restante fenótipo
da linha mielóide acima descrito. Fenótipo
compatível com LMA-M3.
Exames auxiliares de
diagnóstico

Estudo da medula óssea

Estudo citogenético
Translocação (t15 q+; 17 q-)
Exames auxiliares de diagnóstico

Estudo do sangue
Desidrogenase láctica
(DHL/LDH)


Valores
Valores de
referência
477 U/L
135-225
Hemostase
Valores
Valores de referência
APTT
30,1 seg
24,5-36,5
P&P
0,56 U/ml
0,70-1,25
T. QUICK
15,5 seg
11,0-13,3
Fibrinogénio
334 mg/cl
190,0-400,0
D-Dimero
118,44 microg/ml
0-0,50
Sedimento urinário – Hematúria macroscópica
Diagnóstico
Leucemia mielóide aguda M3
(leucemia promielocítica aguda)
Tratamento LMA

Fases:
1.
Indução
alcançar a Remissão Completa
2.
Pós-remissão
objectivo de prolongar a sobrevida e alcançar a cura (ausência
de recidivas):
prolongar o período de RC e eliminar células malignas residuais
>Consolidação
>Manutenção
>Transplante (alogénio ou autólogo)
Remissão Completa
Critérios morfológicos e citogenéticos







Neutrófilos ≥ 1,5 . 109/l
Plaquetas ≥ 100. 109/l
Ausência de blastos na circulação sanguínea
Celularidade da medula óssea > 20% com maturação
das três linhagens
M.O. deve ter < 5% de blastos e ausência de corpos de
Auer
PML/RARα negativo
Ausência de leucemia extramedular
Remissão Completa

Na Remissão Completa, a detecção de
doença residual é feita através:

PCR-TR (reacção em cadeia da polimerase com
transcríptase reversa) – para detectar LMA associada a
alterações moleculares

FISH (Hibridização in situ de fluorescência) – para
detectar aberrações citogenética associadas à LMA
Tratamento LAM-M3
Protocolo ATRA/IDA

Início Dia 0
Indução
ATRA(all-trans retinoic acid)
IDA (idarubicin)

Dia 30 se RC
Consolidação I
Ara-C (cytarabin)
IDA (idarubicin)

Dia 58
Consolidação II
Mitox (Mitroxantrone)
VP16 (Vepesid)

Dia 86
Consolidação III
IDA (idarubicin)
Ara-C (Cytarabin)
6TG (6 Thioguanine)

Dia 86

Dia 114
Consolidação III
PCR (PML/RAR) +
Indicação para
Transplante m.o.:
-alogénia: se <55 e
dador idêntico
-autóloga: se >55 e
dador incompatível
Sem indicação para
Transplante m.o.:
2 anos Terapêutica de
manutenção:
6MP (6 Mercaptopurine)
+
MTX (Metrotrexato) /
/ATRA (all-trans retinoic acid)
PCR (PML/RAR) -
2 anos Terapêutica de
manutenção:
6MP + MTX /ATRA
Tratamento LMA M3

ATRA (Ácido all-trans retinóico)
o 45mg/m2 por dia, via oral, até RC
o induz a diferenciação das células leucémicas com a
translocação t(15,17), por actuar como ligante do
RAR evitando o efeito da proteína de fusão PmlRAR (cuja acção leva à supressão da transcrição
genética bloqueando a diferenciação das células)
o em comparação com quimioterapia Ara-C/IDA
parece ser a forma mais efectiva e segura de
tratamento, não produzindo DIC
Tratamento LMA M3

ATRA (Ácido all-trans retinóico)
o Complicações
Síndrome do Ácido Retinóico:
- ocorre dentro das primeiras 3 semanas
de tratamento, devido à adesão de
células neoplásicas diferenciadas ao
endotélio pulmonar
- Características:
febre, dispneia, dor torácica, infiltrado
pulmonar, efusões pericárdico e pleura,
hipóxia
- Tratamento efectivo com Glicocorticóides
(dexametasona)
- Mortalidade 10%
Tratamento LMA M3

AraC (Antraciclina)



antimetabolíto específico de fase S do ciclo
celular;
é fosforilado intracelularmente convertendo-se
na forma trifosfato activa (Ara-CTP) que
interfere com a síntese de DNA.
IDA (Idarrubicina)


é um intercalador de DNA;
Inibe a topoisomerase II causando rupturas no
DNA
Tratamento LMA M3

Ara-C/IDA
boa resposta, mas 10% mortalidade por CID
induzida pela libertação de grânulos das células
tumorais em morte celular
Recidivas
 Trióxido de arsénico (As2O3)
 - Gemtuzumab ozamicina (Mylotarg)
Tratamento da LAM
Transplante alogénico de stem cells

apenas em doentes com idade < 60 anos e com dador
HLA compatível;

recidivas são raras, no entanto apresenta elevada
toxicidade.
Transplante autólogo de stem cells

quando o doente não tem indicação para transplante
alogénico
→ > 60 anos de idade
→ falta de dador HLA compatível

a toxicidade é mais baixa, no entanto apresenta uma taxa
de recaída mais elevada.
Tratamento de Apoio
Factores de crescimento
hematopoiético (G-CSF e MG-CSF)
↓ taxa de infecção após quimioterapia ou
sensibilizar os blastos à quimioterapia
Cateter venoso central
(CVC)
Administração de medicação intravenosa,
transfusões, colheita de sangue.
Transfusões
plaquetas para manter a sua contagem >
10.000-20.000/μL. Os
√ doentes com aumentos insuficientes da
contagem de plaquetas após transfusão
podem beneficiar de
√ administração de plaquetas de dadores
compatíveis para o atg HLA).
hemácias para manter os seus níveis de
hb>80/μL
Antibioterapia profiláctica
Antifungicos, Antivíricos
Vancomicina, meropenama
Aciclovir, fluconazol
Recidivas LMA
Indução
70% com
RC
80% com
Recidiva
aos 5
anos
20% sem
Recidiva
Potencialmente
Curados
30% sem
RC
50% Morre
durante QT
(infecção,
hemorragia)
50%
Resistente
aos
fármacos
QT
Terapêutica do Doente

19 Jan




Tropysetron (1amp, ev, 12/12h antes QT)
ATRA (50+40mg/dia, vo)
IDA (24mg/dia, ev, infusão 15min nos dias 20, 24, 26Jan)
20 Jan


Dexametasona (5mg, ev, associado ao TRyposetron)
Soro fisiológico (a 105ml/h)
Terapêutica paralela do Doente










Lorazepam (2,5mg, vo)
Fluconazol (200mg, vo)
Parovetina (40mg, vo)
Largactil (25mg, vo)
MST-1 (1comp, vo)
Clindamicina (600mg, ev)
SF1000’’ (ev)
Imipnem (500mg, ev)
Omeprazol (40mg, ev)
Aciclovir (400mg, ev)





ATRA (50mg, vo)
ATRA (40mg, vo)
IDArubicina (24mg, ev)
Tropysetron (1amp, ev)
Dexametasona (5mg, ev)
Prognóstico LMA
 Aspectos clinicos:
o Tempo de RC ( Quanto menor tempo até RC, maior sobrevida
)
o Idade ( < 2 anos ; > 60 anos) - aumento da idade condiciona
pior prognóstico
o Doenças Crónicas e intercorrentes, e o estado de
desempenho do doente influenciam a tolerância à terapia
rigorosa
o Intervalo sintomático prolongado com citopenias precedendo
Dx
o Hx de distúrbio hematológico antecedente
o Anemia, Leucopenia ou trombocitopenia durante mais de 1
mês antes do Dx
o LMA secundária que se desenvolve após tratamento
Mau
Prognóstico
Prognóstico LMA



Hiperleucocitose(>100000/μl)
Hemorragia precoce no SNC
Leucostase pulmonar e recidiva
Prognóstico
Sombrio
 Aspectos morfológicos:
o Bastonetes de Auer ( M1 – M4 )
o Eosinófilos
- t ( 8; 21 ) – M2
- inv (16) – M4E0
Bom
Prognóstico
Prognóstico LMA

Alterações citogénicas
Bom Prognóstico
Mau Prognóstico
AML de novo
t(8;21) (q22;q22)
Anormalidades 16q22
t(15;17) (q22;q11)
Caríotopo normal
Anormalidades 5 ou 7
Anormalidades 11q23
+8, +13, 12pAnormalidades Complexas
AML associada ao tratamento
t(8;21)(q22;q22)
t(15;17) (q22;q11)
Inv(16)(p13q22)
Cariótipo normal
Anormalidades 5 ou 7
Anormalidades 11q23
Prognóstico LMA
FAVORÁVEL
Idade
INTERMEDIÁRIO
DESFAVORÁVEL
jovens
idosos
Leucemia
de novo
Mielodisplasia
prévia
Leucocitose
<25.000
>100.000
Envolvimento SNC
ausente
presente
Corpos de Auer
presente
ausente
t(8;21)(q22;q22)
inv(16)(p13;q22)
t(15;17)
Distúrbio
hematológico
Duração da RC
+8
11q23
-5
-7
ausente
presente
longa
curta
Prognóstico LMA M3

80% sobrevida aos 5 anos

Leucemia Aguda M3
anteriormente associada a mau prognóstico,
face ao desenvolvimento de programas para o
controlo da coagulopatia desencadeada durante a
terapêutica inicial,
está agora associada a maior longevidade
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