VISITA ABERTA
“ As
culturas antigas constatavam humildemente
que sem o calor de uma comunidade bem atenta
o doente não podia se curar.
Então eles o cercavam de atenção,
criavam um ninho,
uma qualidade de cuidados, para suscitar de novo
o vivo dentro dele.
JP Rességuier
Situação atual
•Visita como elemento que obstrui o trabalho
do hospital, um “peso” a mais, uma demanda
que deve ser contida.
•Falta de estrutura física e elementos
humanos destinados ao acolhimento dos
visitantes.
•Dificuldade de compreensão da função do
visitante na reabilitação do doente.
Pressuposto :
Ver o outro como sujeito
•Permite à pessoa receber uma confirmação da
própria existência
•Não é uma coisa a mais, é uma necessidade vital:
receber de uma testemunha uma confirmação da
própria existência ( uma subjetividade precisa
ser objetivada)
•Sem este olhar a pessoa fica enfraquecida e
“a vida se perde”
Por quê redimensionar o espaço da visita
em um Hospital ?
• Captar melhor os dados do contexto de vida
do doente e do momento existencial dele.
• Ajudar na identificação das necessidades do
doente, através da fala dos familiares,
compondo o quadro dos seus principais
problemas.
•Manter a inserção social do doente durante
toda a internação
•Permitir desde o início e neste espaço
protegido a integração das mudanças provocadas
pelos motivos da internação.
•O fato do hospital se colocar como um espaço
protegido redimensiona e controla as
manifestações extremas dos familiares.
Espaço protegido :
•É um espaço percebido pela pessoa como sendo
um lugar onde a integridade da própria vida fica
assegurada e promovida .
•Os profissionais da saúde são os promotores e
guardiões deste espaço.
•Os familiares, percebendo os cuidados dos
profissionais da saúde para manter a qualidade
deste espaço, poderão naturalmente prolonga-lo
até a casa, fazendo também do espaço da casa
um lugar reabilitativo, um verdadeiro ambiente
de vida ajustado à situação atual.
Visita :
•Elemento que contribui para que no doente
seja mantida a continuidade entre o contexto
de vida na família e na comunidade e o
ambiente hospitalar.
•É também um elo de ligação do paciente com
seu contexto pessoal de vida.
•As visitas reforçam a continuidade da vida da
pessoa internada.
O contexto de vida pessoal é uma
qualidade lá dentro do paciente. É o espaço
da própria vida, é o seu ambiente de ser. É o
seu mundo de representações, que faz um
com sua identidade. Tudo isso precisa a cada
instante de uma confirmação com o eco do
contexto exterior.
Contexto de vida na família e na
comunidade
•A visita traz o cheiro do exterior para
dentro do hospital, fazendo ” uma instituição
onde a continuidade da vida fica respeitada”
Assim a instituição mantém ativo o grau de
responsabilização dos familiares em relação
ao doente, neste momento particular da sua
existência.
A volta para casa acontecerá naturalmente.
Quando uma pessoa entra em um hospital
ela não tem mais os ecos que tinha no
seu cotidiano para ser confirmada.
Tudo o que, vindo do contexto exterior,
pode permitir uma confirmação do
íntimo, uma restituição e estabilização
do espaço de vida individual, vai
contribuir no seu tratamento.
Os tecidos recebem os ecos da presença do familiar, falando no
silêncio... estou aqui com você.
Dispositivos:
• Visitas incluídas como parte do plano de
cuidados do doente.
• Equipe multidisciplinar para acolhimento da
visita, dando instrumentos para potencializa-la
na sua qualidade.
• Adequação de locais para que os doentes em
condições possam receber os visitantes fora do
leito.
Dispositivos :
Equipe de referência para considerar
demandas específicas – visitas fora do horário
determinado, número de visitantes fora do
estabelecido, etc.
• Presença de um integrante da equipe de
cuidados no momento da visita.
A visita passa a ser parte do tratamento do
doente, contribuíndo para fazer deste espaço
e deste momento de vida um ambiente
plenamente reabliltativo.
“Não ser nocivo ao outro é o primeiro ato de
uma compaixão autêntica”
Bibliografia :
• Jean-Paul Rességuier : Bases de aplicação prática da
Reabilitação Integrada – Anais do Congresso
Internacional IMR – Florença, 2003. Ed. IMR 2004
•Padre Claude Larre : conferência na Fundação Ling –
Lausane-Suíça , 1997.
•Projeto Paidéia – Humanização da Assistência no Hospital
Mário Gatti- documento de implantação.
Download

VISITA ABERTA