Revista Eletrônica do Curso de Teologia da Unifil
Liderança na Igreja
Uma avaliação como contribuição para uma Teologia Reformada Viva1
Dr. E.A.J.G. Van der Borght∗
Vrije Universiteit Amsterdam
1. Vivendo a Teologia Reformada
No Instituto Teológico Reformado Internacional nós denominamos nossa
prática de teológica sistemática ‘Teologia Reformada Viva’. Nossa opinião é que
deveríamos sempre ter uma teologia viva.
Tradicionalmente, teologia
sistemática está relacionada com a “Dogmática”. A palavra dogma para
muitas pessoas tem a conotação de alguma coisa imutável, coisas que você
deve aceitar sem encontrar uma explicação racional para isso. Lembro-me de
ter começado meus estudos em Bruxelas com a intenção de especializar-me
em exegese do Novo Testamento. Minha expectativa da dogmática era que
seria algo maçante e cansativo, tendo que aprender as confissões de cor.
Depois das primeiras, aulas tudo mudou. A introdução aos discernimentos
teológicos de teólogos como Agostinho de Hipona e Karl Barth foram
fascinantes. Eles lidavam com assuntos que me eram bem familiares. Por
exemplo, como posso ler a Bíblia e entendê-la como Palavra de Deus e, ainda
assim, não a ler com uma visão fundamentalista? Por que a Igreja primitiva
enfatizou que Jesus Cristo não era apenas um homem inspirado, mas também
verdadeiro Deus? Essas pessoas estavam lidando com o mesmo tipo de
perguntas que eu quando tentei entender as Escrituras para proclamar as Boas
Novas. Foi aí que mudei de idéia. A Dogmática era um material fascinante, que
me desafiava a pensar sozinho. No final, eu mesmo fiz minha teologia
sistemática.
A Teologia é “viva” não somente porque lida com assuntos que sejam
relevantes hoje em dia, mas também, porque não dá respostas antigas às
novas perguntas, desafiando-nos a dar novas respostas em novos contextos.
De fato, cada nova teologia é contextual. Assim por exemplo dar respostas já
prontas de Calvino ou Barth pode não ser suficiente. Em primeiro lugar,
estamos conscientes do contexto em que eles formularam esses
discernimentos como dogma Cristão? Seus discernimentos são aplicáveis hoje?
Talvez sim, talvez não! Deveríamos enfatizar outros aspectos?
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Conferência proferida como aula Magna na UniFil em 14 de Fevereiro de 2005, inicio do ano letivo.
Publicado com autorização do autor.
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E-Reformatio – Número 1 – Março de 2005 - Londrina
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Isso nos leva à palavra ‘Reformado’ na “Teologia viva reformada”. Se
reformado é entendido como anti Católico Romano ou uma tentativa de apenas
repetir o que os Reformadores afirmaram, podemos acabar não sendo
“reformados” afinal. Os teólogos líderes da Era da Reforma tentaram voltar as
Escrituras, também fazendo uma releitura dos Pais da Igreja. Uma boa
Teologia Reformada não é apenas confessional, mas também ecumênica.
Dessa forma, Dietrich Bonhoeffer advertiu aos Cristãos Luteranos nos anos
trinta do século 20 que, apenas repetir “somente pela graça”, as famosas
palavras de Lutero, sem levar em consideração os diferentes contextos, poderá
baratear a graça.
Fazer teologia no Brasil é um empreendimento fascinante. Somos desafiados a
desenvolver uma teologia viável para um contexto de globalização e exclusão
social. Como a igreja pode se comunicar? O que Deus está desejoso de dizer
através da proclamação das escrituras no Brasil de hoje?
Como estímulo para seu próprio trabalho dentro da teologia viva, descreverei
alguns resultados de minha própria pesquisa, que visa desenvolver uma
teologia viável para o ministro ordenado do século 21. Espero que isso o
desafie a pensar sobre a compreensão da liderança em sua igreja.
Vou
começar com a descrição do contexto europeu dentro do qual realizei minha
pesquisa sobre teologia do ministério. Depois, explicarei por que as Igrejas
Protestantes se sentem desconfortáveis com esses tópicos e por que escolhi
uma abordagem ecumênica.
A principal parte da palestra enfocará os 12
blocos de edifícios teológicos que eu identifico como fundamentais para a
teologia do ministério. Terminarei com uma pergunta.
2. Profissionalização e personalização do ofício na Europa.
Recentemente o Parlamento europeu aceitou a primeira versão da constituição
da União Européia. Um dos itens mais difíceis foi a possível referência a Deus.
Alguns paises queriam que isso fosse incluído, mas, finalmente, não houve
maioria para isso. Isso ilustra a Secularização da Europa. Na vida pública e
privada em geral as pessoas se sentem desconfortáveis quando alguém se
refere a Deus ou ao transcendente, pelo fato de que opiniões religiosas são
consideradas de cunho pessoal. Nesse clima, as igrejas da Europa estão
atravessando um período terrível. Colocando em terminologia comercial, já não
são mais os líderes do Mercado em ética ou fé. Para questões de moral, as
pessoas recorrem aos filósofos, que fornecem respostas éticas sem cunho
religioso, em questões de espiritualidade, eles podem fazer contato com todo
tipo de gente que se especializou em aspectos da conhecida religião da Nova
Era. A parte autóctone da população está perdendo contato com a religião das
igrejas históricas. Para ser mais especifico, na Bélgica, menos de 10% das
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pessoas freqüentam as igrejas com regularidade. E os que vão, são na maioria,
idosos. Na percepção da maioria dos jovens, igreja é coisa do passado. Nesse
clima, não é fácil ser pastor de uma Igreja ou Ministro Protestante quase sem
exceção e muitos não se sentem confortáveis em seu ofício de ministro.
Gerben Heitink, professor de teologia prática na Universidade livre de
Amsterdã e aposentado recentemente, na ocasião de sua aposentadoria
escreveu sua Biografie van de dominee ("Biografia do Clérigo”). Com esse
livro, ele tornou nosso problema mais simples de ser tratado. Ele salienta o
impacto das mudanças sociais nos contextos eclesiásticos na função
ministerial. Nesse contexto, a divergência crescente nas esferas pública, social
e privada desempenha um papel muito importante. O resultado é que,
primariamente, espera-se que o ministro demonstre um alto nível de
competência profissional em níveis maiores de hermenêutica e ensino. Mesmo
assim, tal especialidade não produziu mais autoconfiança. Ao contrário, trouxe
mais incerteza. A razão disso é que os padrões de sua profissão estão
cobertos de incertezas – longe de estarem firmemente estabelecidos como em
tempos passados. Heitink, mais adiante, salienta que a habilidade pessoal de
comunicação é altamente valorizada como o mais importante elemento na
comunicação do evangelho. Isso coloca um pouco de pressão extra nos ombros
do ministro. Sua maturidade espiritual já não conta mais, mas sua habilidade
de comunicar-se é que importante. Por essa razão, as igrejas procuram
pessoas de boa aparência e comunicativas, no caso de abrir uma vaga. Gente
que tenha uma personalidade amigável que atrairá as pessoas às igrejas mais
que qualquer profundidade espiritual.
Essa incerteza e pressão, juntamente com a diferenciação de tarefas e papeis
e a perda geral de status – tudo isso provoca a perda do encanto pela função
clássica de ministro.
Um número crescente de formados em teologia ocupa
cargos de funcionários num serviço central da igreja, como professores numa
função pastoral de uma instituição, ou ministros com atribuições especiais no
campo da assistência de caridade. Outros, simplesmente optam por uma
carreira secular. Para os restantes, muitos, num estágio ou outro, encontramse numa crise de fé pessoal. Como conseqüência, vozes se levantam sugerindo
que ser pastor não deveria ser uma função vitalícia, mas uma profissão de
tempo limitado na vida.
Como lidar com uma situação como essa? Heitink está convencido de que o
tempo em que um pastor trabalhava sozinho e era generalista já passou. Em
vez disso, ele vê um ministério orientado para a sociedade, em que cada
ministro com sua própria especialização trabalhará numa complementaridade
com seus colegas de uma equipe regional dirigidos pelo pastor titular. Como
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teólogo prático, Heitink dá uma importante contribuição para uma renovação
do ministério com respeito ao futuro.
As soluções de teologia prática, como de Heitink, precisam ser acomodadas
dentro de uma moldura teológica mais ampla, determinada pela clara
percepção do que a igreja e o ofício de pastor são de fato. O ofício nada tem a
ver com a lei eclesiástica e a organização prática da igreja, como também
requer uma clara interpretação teológica. Uma compreensão clara de que o
ofício na igreja está relacionado diretamente a uma compreensão da igreja.
Um sentido e propósito novos se fazem necessários, se queremos renovar o
ofício. Atualmente, é necessária com urgência uma reflexão renovada da
teologia do ofício eclesiástico. Dessa forma, não podemos fugir de perguntas
como: Qual é a identidade essencial do Ministro? Qual a função mais essencial
do Ministro?
Em meio às circunstâncias de mudanças, o que deve
permanecer?
3. Uma questão problemática para os Protestantes
Heitink diferencia três aspectos da existência do Ministro na igreja: pessoa,
profissão e ofício, mas o terceiro aspecto, ofício, é pouco desenvolvido. Na
apresentação de Heitink, o ministro é a figura por excelência, que lança uma
ameaça e uma sombra sobre os ganhos da Reforma relacionados ao ofício. – o
sacerdócio de todos os crentes. Com sua visão, Heitink ilustra muitos teólogos
Protestantes. Ficam impacientes logo que se começa a falar do ministério
pastoral. De uma forma negativa, o tom sempre é de preocupação com que o
ministro possa exaltar-se acima dos outros crentes. Quando o ofício do
ministro floresce, muitos teólogos, dentre eles aqueles com mentes mais
ecumênicas, de repente se sentem obrigados a exorcizar demônios do
Catolicismo Romano advertindo contra o clericalismo, hierarquismo, sacralismo
e sacramentalismo.
Não há nada de errado com o fato de estar alerta ou até mesmo alérgico no
tocante a tais elementos na teologia Protestante liberado do ofício. Como um
assunto específico, de um lado da teologia Protestante, eles (os que estão
alerta) deveriam permanecer como parte do debate ecumênico do ofício. No
entanto, torna-se um problema quando se tenta bloquear qualquer outra
teologização sobre o significado do ofício.
Isso ocorre quando problemas relacionados ao ofício são reduzidos ao
problema de poder. A gratidão pelos benefícios prestados por meio do ofício é
embaçada pelo medo do abuso do poder. A questão é se isso faz justiça à
intenção dos reformadores. De fato, eles contenderam contra o poder e as
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exigências do ofício, assim como o próprio Deus o fez, falando em sua Palavra,
mas nunca questionaram a proeminência do ofício em si ou da orientação
espiritual como algo instrumental. Portanto, a questão não deveria ser “como
mantermos o ministro em cheque?” Mas em vez disso “Como a igreja deveria
ser organizada para otimizar o falar de Deus para nossa geração, através da
proclamação das Escrituras, e otimizar a edificação do amor da comunidade de
fé agrupada em torno de Jesus Cristo?” Cheguei a essa formulação através de
uma abordagem ecumênica da teologia do ofício, especialmente em texto
sobre o ofício, contido no documento BEM-de Faith and Order( fé e ordem) de
1982. Através dessa questão positivamente colocada, o papel do ministro
poderia ser concebido com grande clareza. Precisamente num momento como
esse, com a igreja buscando laboriosamente um caminho nesse mundo
secularizado e um ambiente de globalização, uma figura clara nos poderia ser
útil grandemente para conservar na igreja tais pessoas que são úteis
oferecendo orientação espiritual, manter a cabeça fria. O que é importante é
saber exatamente em que consiste sua principal tarefa, qual é o seu papel,
para quem ou para que você trabalha, e finalmente saber quem você é. Ser ou
não ser: eis a questão.
4. Uma questão ecumênica
A questão do que significa ser Ministro na igreja não é especificamente um
assunto protestante. É uma questão realmente ecumênica, que se relaciona
com a essência do ofício de vigário na tradição Anglicana, do sacerdote na
tradição da Igreja Católica, ou do Patriarca na Igreja Ortodoxa. Quase todas
as tradições cristãs reconhecem a necessidade de liderança da igreja através
da explicação das Escrituras ou ministração dos sacramentos para se construir
a congregação. Por isso que peço uma abordagem ecumênica da questão do
ofício.
Pela mesma razão, estudei em minha dissertação não apenas a
Teologia Reformada do Ofício, mas também do Batismo, Eucaristia e Ministério
(Baptism, Eucharist and Ministry) a convergência do texto Fé e Ordem ( Faith
and Order ) de 1982. Vou enumerar os seguintes aspectos para uma teologia
reformada do ofício da pregação.
5. Doze blocos construídos para a compreensão da identidade do ofício
1. A questão do ofício é eclesiológica
A questão do ofício pode ser respondida se apenas conseguirmos responder o
que é a igreja. Ou, colocando de uma forma diferente, a questão do ofício não
é apenas um problema de ordem na igreja, como foi pensado por muitos dos
participantes da primeira conferencia Mundial de Faith and Order( fé e ordem
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em 1927. O problema do ofício também não pode ser reduzido sobre a
extensão em que ofício possa impactar as necessidades sociais do momento.
As necessidades não são observadas, mas a compreensão da igreja é que é
essencial para o entendimento do ofício na igreja.
Isso quer dizer que a
martyria, a diaconia e a leitourgia da igreja, são constitutivos para os ofícios
nela.
2. Missio Dei como premissa e ofício da igreja
A igreja se origina em Deus que chama e envia pessoas com uma visão de
salvação do mundo. Por esse propósito, Jesus veio e deu sua vida. Com esse
mesmo propósito Deus enviou o sopro do Espírito. A igreja e, indiretamente, o
ofício da igreja, não são as próprias entidades, mas receber significado
somente na perspectiva triúna de missio Dei. Essa premissa tem determinado
as conseqüências da compreensão da igreja.
A igreja dessa forma, em principio, permanece aberta ao mundo, pois ela não
tem um fim em si mesma, mas é um instrumento com a visão de proclamação
das obras de Deus na História. Com isso o ofício na igreja se torna claro e não
pode ser apenas de orientação e preparação, equipando as pessoas dentro da
igreja, mas primariamente visa à proclamação da Palavra às pessoas que não
pertencem à Igreja de Cristo. Para se desenvolver uma teologia em um
contexto de globalização e exclusão social como feita aqui na UNIFIL, requerse uma eclesiologia que esteja aberta para o mundo. Essa é precisamente a
compreensão da igreja e o ofício como um instrumento dentro da moldura de
Missões de Deus, que cria o espaço do desenvolvimento de uma teologia que
não encapsula a igreja e um ofício que não tranca o ministro dentro da igreja.
O ofício na igreja é um principio de direcionamento para o mundo.
Se a igreja e seus ofícios se originaram na missão de Deus, então, em
Segundo lugar, resulta em que o ofício seja primariamente entendido e
experimentado como uma chamada. Não é um sucesso flutuante da igreja e
ofício na história que forma a pedra fundamental, mas é Deus que mantém as
chamadas individuais. A história do conceito de chamada é bastante difícil,
mas, no momento, não encontro outra que melhor ilustre onde a igreja e ofício
encontram sua motivação mais profunda fora deles mesmos. Por causa disso,
as igrejas e seus ofícios permanecem responsáveis e tendo que dar conta de
cada contexto histórico. Podemos tirar também coragem e energia para
perseverar mesmo nos momentos mais difíceis na sociedade e igreja. Por
princípio, essa compreensão do significado do ofício é a chamada de um
pecador entre os pecadores. Em Working the Angels: the shape of pastoral
integrity,( trabalhando os anjos: formação da integridade pastoral), o pastor
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americano Eugene H. Peterson escreveu com propriedade sobre os elementos
do dia-a-dia, como o uso do tempo disponível, a função de ser um exemplo, a
necessidade de ser um exemplo, de ter um estilo de vida apropriado, o
equilíbrio entre a profissão e a chamada, etc. Com relação a isso poderíamos
mencionar a iniciativa de Dietrich Bonhoeffer que, na situação de crise de
uma Alemanha pré- Guerra, fundou um seminário em Finkelwalde. O perigo
dos Ministros se desviarem do caminho exige uma espiritualidade saudável
acompanhando o ofício. Tal ponto de partida, dessa espiritualidade, deve ser
contra-balançado com a teologia do ofício. Inversamente, a compreensão
teológica do ofício como chamada é um bom ponto de partida para uma
saudável espiritualidade de ofício.
3. O ofício no contexto da igreja como comunidade carismática de fé
Em terceiro lugar, é importante ancorar o ofício que dá orientação espiritual
em meio à comunidade carismática de fé, estabelecido pelo Espírito Santo com
a mutualidade e diversidade de dons. Graças a esse charismata, essa
comunidade pode verdadeiramente funcionar como um “sacerdócio de todos os
crentes”. O ofício na igreja deveria, portanto, ser a descoberta, o estímulo, o
encorajamento, apoiando os dons que são construídos pela comunidade de fé.
A comunidade de fé não é uma multidão imatura que necessita de orientação,
mas, primeiramente, uma comunidade de fé, e como tal, uma comunidade
estabelecida com dons
que,
como povo de Deus, tem sua própria
responsabilidade e tarefa no que diz respeito a seu testemunho no mundo,
assim também como em que direção a igreja está se conduzindo. Para aqueles
que são arraigados em denominações congregacionais, isso parece muito
óbvio, mas, no caso das igrejas de tradição reformada, isso é menos ensinado
e praticado.
4. Ofício como função: serviço à Palavra
É mérito dos reformadores o fato de terem re-padronizado funcionalmente o
oficio: O oficio consagrado é de serviço à Palavra. Nesse ponto, eles não
somente se distanciaram do uso da linguagem ontológica no discurso sobre o
ofício, mas também retificaram o conteúdo essencial do ofício. Se Deus está
encontrando seres humanos através de sua Palavra, então realmente importa
que o oficio na igreja seja para o serviço de tal forma que, através da
ministração da Palavra, a voz viva de Deus possa ser ouvida. Ser um Ministro
tem tudo a ver com receber e compartilhar a “Voz de seu Mestre”. É possível
imaginar algo tão magnífico quanto isso? A Reforma Teológica afirma que a
obra do servo da Palavra tem um caráter oficial, porque seu conteúdo é
qualificado como proclamação do evangelho pelos meios de explicação da
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escritura. O ideal do Ministro Protestante é o de uma pessoa com treinamento
acadêmico, treinamento como um especialista em exegese. Essa é a
contribuição que permanece da Reforma para a teologia do oficio.
A
orientação espiritual acontece através da proclamação do evangelho e, por
isso, somente um treinamento mais intenso é o ideal. Dessa forma a variante
Protestante do ofício para orientação espiritual manterá também no futuro sua
significação num círculo de vários sustentadores do ofício de outras igrejas.
Como alguém que está hermeneuticamente ocupado mediando entre a
Escritura e o contexto, ele terá que permanecer como um especialista de um
pólo da Escritura e, assim, somar valores adicionais ao desenvolvimento
ecumênico do oficio espiritual na igreja.
5. O ofício eclesiástico como símbolo
O oficio não é apenas uma função: é em quinto lugar, também um símbolo,
referente a Cristo e a Deus. O ministro é chamado para representar o Senhor
na igreja e na cultura. Quando isso funciona bem, o ministro se torna uma
referência de Cristo e de Deus para o povo. Isso ocorre porque a função e
pessoa podem ser distinguidas, mas não separadas. Que terminologia se
encaixaria melhor para descrever esse caráter simbólico do oficio? A expressão
oficial Católica Romana é “in persorna Christi’, enquanto a tradição Ortodoxa
prefere ‘ícone de Cristo’. No Protestantismo Clássico, a descrição
‘representação de Cristo’ ocorre, mas sempre muito experimentalmente. Mais
importante que o termo é o assunto em si, isto é, o oficio não pode ser
descrito meramente em termos de função, mas também como um sinal
referindo-se a Cristo. Tradicionalmente, os Protestantes têm alguma
dificuldade com o aspecto simbólico, temendo a
ontologização do ofício,
como também possível legitimação do abuso do poder – em minha opinião,
não sem nenhuma razão. Mesmo assim, o ofício como um símbolo, com
freqüência, não tem sido completamente entendido. Muitas pessoas associamno com o papel do pastor na liturgia, mas o sentido é muito mais amplo. Na
realidade o ministro não pode tirar simplesmente sua existência simbólica
como tira sua roupa litúrgica ao final da liturgia. Numa visita pastoral o
ministro pode até preferir falar dos resultados dos jogos da noite passada, mas
para o paroquiano, o ministro é alguém que aponta para Deus. Na descrição
do ministro como um símbolo, não se deseja focalizar a pessoa do pastor. Se
os símbolos funcionam assim, de fato estão distorcidos, porque no ministério
como símbolo, o centro não é a pessoa do ministro, mas a referência que é
Cristo.
O sustentador do ofício é um símbolo de Cristo, jamais longe do
serviço da Palavra nem dos sacramentos. O conceito de ser um símbolo traz
alguns problemas a serem tratados, mas nem Calvino conseguiu se dissociar
disso. Para ele, existe uma conexão ao discernimento que Deus aparentemente
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comunica conosco selecionando indivíduos para serem Seus porta-vozes. Na
literatura ecumênica, isso é chamado de “a natureza pessoal do evangelho
Cristão e ofício” ou, às vezes, “O escândalo da particularidade enquanto Modus
Operandi de Deus”.
6. O ofício da igreja como função e sinal de unidade
O ofício na igreja é um instrumento dado por Deus para guardar a identidade
da igreja. Na doutrina Tradicional Protestante, isso foi entendido pela
observação da pregação biblicamente pura da Palavra e ministração dos
sacramentos. Aprendemos com a História das igrejas protestantes que a razão
para muitos cismas, por causa de opiniões divergentes, foi sobre o que
significam a pureza da pregação e a ministração dos sentimentos. Esse é um
grave problema. A falta de sensus unitatis é a heresia da igreja reformada.
Com muita freqüência a teologia do ministério esqueceu-se da regra
hermenêutica da Igreja Primitiva de aceitar diferentes significados dos versos
das Escrituras literalmente, tanto o sentido alegórico, quanto o moral. O
Ministro da Palavra Protestante, com freqüência, tinha que escolher entre um
e outro para manter a identidade da igreja, em vez de abrir espaço para mais
uma interpretação na igreja. De fato, aqui encontramos um ponto fraco na
Teologia protestante do ofício. Nessa tradição, o papel dele na igreja é
desempenhado fortalecendo-se a unidade, até então bem pequena.
Precisamente como pregador da palavra, o ministro é por excelência chamado
à vigilância e simboliza a unidade da igreja. O ofício na igreja é um
instrumento dado por Deus para promover e guardar essa unidade. Ao
representar e apontar para Cristo, o ministro é também um sinal da unidade.
Nesse sentido, muito pode ser aprendido de outras igrejas. Em muitas delas,
bispos e presbíteros também representam uma conexão fechada de comunhão
com as outras igrejas. Regionalmente, o sustentador do ofício representa sua
igreja local, enquanto, inversamente, localmente, ele/ela representa uma
igreja mais ampla.
7. O ofício da igreja como função e sinal de continuidade com a igreja
dos apóstolos
Guardando a identidade da igreja, um ofício tem, além do papel de guardar as
unidade, também tem o papel de observar a continuidade da igreja apostólica.
A igreja de Roma rotulou a Reforma como movimento cismático porque sua
linha oficial de sucessão apostólica foi abandonada. Essa linha de argumento
fez com que os reformadores retirassem o oficio da sucessão apostólica. Como
resultado disso, a significância do ofício servido como continuidade
permaneceu pouco relevante. Ainda assim, de acordo com os reformadores, o
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ofício é o serviço da Palavra e, conseqüentemente, serve à unidade,
continuidade e com palavras do senhor, que prometem Salvação, testificada
pelos profetas e apóstolos preservada e comunicada através da História. Esse
cuidado pela continuidade da Igreja Apostólica vem da expressão, entre
outras, do desejo de ouvir a todos os livros canônicos, e não apenas àqueles
que, num certo estágio, parecem conectar-se com o espírito da época. Além
disso, é enfatizado que nós não deveríamos tentar entender o testemunho da
Escritura por nós mesmos, mas, em vez disso, dialogar com aqueles que nos
precederam na interpretação da Escritura. O que eu clamo para que seja feito,
também na tradição reformada, é formular a continuidade com a igreja
apostólica mais explicitamente como uma das tarefas do ministro ordenado.
O ministro como servo da Palavra, continuamente tenta entender a palavra do
Senhor em sua completa relevância, ouvindo com cuidado as Escrituras. Ele
sabe que deve fazer isso em primeiro lugar, mas encontra-se seguindo as
pegadas de seus antecessores, que fizeram o mesmo antes dele, em seu
próprio tempo e lugar. Precisamente como servo da palavra, ele está bemposicionado para guardar e simbolizar a continuidade. Vista dessa perspectiva,
é alarmante que o objeto da patrística está no processo de desaparecimento
do currículo Teológico. Em outras palavras, ao pregar a palavra, o ministro
nunca está completamente livre. Ele não dá expressão a exegese individual,
mas sendo de uma certa tradição, sua exegese não se distancia da exegese
que carrega sua própria autoridade, dada por outras no curso da História.
Um tempo apropriado para iluminar esse aspecto de continuidade é a ocasião
da confirmação de um novo ministro. Seria mais significativo deixar que isso
fosse feito por alguém com uma responsabilidade supralocal de supervisão. A
confirmação de um novo ministro em seu ofício não é um caso de mero
interesse pela paróquia local, mas primariamente para uma igreja que se
considera firme na tradição apostólica. É por isso que muitas igrejas mantêm
o cargo de Bispo, a confirmação do novo oficio é reservada aos bispos.
8. O ofício como uma função litúrgica primariamente.
Em oitavo lugar, a liturgia é o lugar primário para a prática do oficio. Com a
congregação reunida em torno do púlpito e da mesa, o serviço do ministro
permanece um sinal da volta do Senhor e do encontro triunfal com Ele. O
Ministro é incapaz de mediar tal encontro, pois quando as pessoas
compreendem que estão falando com o Senhor, isso é graça, mas o que ele
pode fazer é criar, através de seu trabalho, as condições de tal encontro.
Como servo da Palavra, o ministro tem um papel central a cumprir no culto,
não apenas pregando, mas ministrando os sacramentos, o serviço da oração e
intercessão, e na condução pastoral do culto. Eu clamo por uma consciência
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maior ao se lidar com essa função e papel , que também está conectado com o
caráter representativo do ministro na condução de um culto.
9. O ofício ordenado
O que é que distingue um ministro ordenado de um outro membro da
paróquia? Muita gente é tentada a reduzir essa distinção para uma diferença
no treinamento, principalmente com relação ao estudo teológico. Porém, isso
não é justo, pois nem todos os teólogos são ministros. A real diferença entre o
ministro e os outros paroquianos deve ser a ordenação. Esse rito, venerável e
estabelecido nos tempos mais antigos da Igreja, consiste da chamada pelo
Espírito e imposição de mãos, que marca o fim do período de descoberta do
charisma, vocatio, electio/receptio, e o inicio de um serviço pelo qual o recém
ordenado passa a ter um relacionamento novo com a comunidade de fé. Essa
nova capacidade é a de supervisor espiritual da comunidade de fé, através da
ministracao da Palavra e dos sacramentos. Essa tarefa é essencial para a
continuação da vida e missão da comunidade de fé.
Sem as pessoas que
pregam a Palavra e ministram o sacramento, que pode se unir juntamente com
a comunidade e assumir a liderança como chamado de Deus, enviado por
Cristo, cheio do poder do espírito santo, reconhecido pela comunidade de fé, o
futuro de sua comunidade de fé seria extremamente incerto. A ordenação
simboliza o serviço, tão necessário à salvação. A ordenação é um sinal de
mudança de relacionamento com a comunidade de fé. Pode ser descrita como
ontologia relacional, sendo colocado num novo relacionamento com a
comunidade de fé.
10. O ofício ordenado e leigo
Em todas as probabilidades, muitos de vocês já se perguntaram por que os
anciãos e diáconos estão tão claramente ausentes em minha história. Até esse
ponto eles não foram mencionados propositadamente, porque, em minha
opinião, esses dois ofícios estão em categorias diferentes. Essa também era a
opinião de Calvino, que em seu Cristocracia, introduziu na igreja três outros
ofícios, além do Servo da Palavra. No entanto, nem a prática da Igreja
Genebrina nem a teologia do ofício elevaram esses ofícios a níveis mais
elevados que o de ofícios auxiliares. Calvino não usa as palavras “ofícios
auxiliares”, mas subentende-se pela forma que eles funcionavam comparadas
ao ofício do pastor. Embora ele considerasse todos os quatro como ofícios
completamente satisfatórios, o de pastor era o mais importante, simplesmente
porque Deus havia escolhido continuar a nos falar através das Escrituras e pela
boca das pessoas que anunciam essa Palavra. A pessoa que pratica o serviço
da Palavra permanece no ofício central, pois Deus quer continuar falando a nós
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através de sua Palavra. A ordenação é o rito pelo qual essas tarefas principais
são marcadas. Essa é a razão pela qual Calvino, em suas Institutas, restringe a
ordenação somente aos servos da Palavra.
Ele era bem consciente do que
representa a ordenação de diáconos e ministros na igreja primitiva. Sobre a
ordenação de anciãos não há referências. Essa também foi a razão por que
foram deixados de fora do relatório BEM, na seção do BEM que fala do ofício
como “ministério ordenado”, pois o ofício de ancião e diácono é, de fato, ofício
eclesiástico, porém não ordenado.
Se é assim, que dizer da primeira linha do sínodo de Emden de 1671,
afirmando que nenhum ofício deve governar outro? Primeiro, em Latim, as
palavras “nenhum ofício deve governar outro” refere-se a cada grupo de ofícios
separadamente. Nenhum servo sobre outro servo, nenhum ancião sobre outro
ancião, nenhum diácono sobre outro diácono. Mesmo que se possa interpretar
essa linha como uma proibição de dominação sobre diferentes ofícios com
relação uns aos outros, há um problema. A diferença entre ofícios leigos e
ordenados não é uma distinção hierárquica. Não se trata de mais alto ou mais
baixo, de diferenças de tarefas, mas uma necessidade de continuidade da
igreja. O ofício do ministro ordenado ao ‘esse’ da igreja. Sem pregação não há
igreja. O ofício de ancião ou diácono, por outro lado, pertence ao ‘bene esse’
da igreja.
Clamo por uma Teologia Protestante renovada do ofício. Esses ofícios podem
ser claramente distinguidos e podemos dar-lhes oportunidades em direção ao
futuro. Uma teologia protestante do ofício começando da equivalência dos três
ofícios existentes, não irá, em minha opinião, chegar a lugar algum, porque os
assuntos estão colocados num contexto errado. O ofício do servo da Palavra é
ordenado e deve ser entendido como ofício que oferece orientação
experimental através dos serviço da Palavra e dos sacramentos– tal como tem
funcionado praticamente em todas as tradições cristãs. Para a extensão
ecumênica mais ampla desse ofício, essa perspectiva é fundamental. Martelar
a equivalência dos três ofícios mantém o ofício de ministro aprisionado em
uma moldura Calvinista muito limitada, afastando-se da premissa do ofício
como um problema de poder, em que o ministro deve ser observado muito
cuidadosamente para sempre.
Enfatizando a individualidade dos ofícios leigos de diácono e do ancião, esses
ofícios também tem mais chances para o futuro. Quanto aos conteúdos de seus
respectivos ofícios, qualquer tipo de envolvimento poderia acontecer, mas
pode ser que as necessidades de nosso tempo sejam diferentes e outros ofícios
precisem ser criados. Por agora, vamos deixar assim.
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11. Ofício e liderança
Os Protestantes, em particular, são sempre ansiosos para enfatizar que ofício é
serviço. Ofício na igreja é serviço para a Palavra e permanece no serviço da
edificação carismática da igreja. Mesmo assim, conciliar o ofício basicamente
envolve assumir liderança na igreja e isso tem a ver com responsabilidade,
receber e praticar a autoridade. Praticar o ofício é praticar o serviço, mas não
altera o fato de que o ofício num sentido muito real tem a ver com o exercício
do poder. Sem medir palavras, Calvino afirma que (na primeira sentença do
terceiro capítulo do quarto livro das Institutes): ofício tem a ver com a
administração da igreja, governo, de acordo com a vontade do Senhor. A
reflexão sobre o ofício está fundamentada na orientação à igreja.
Biblicamente falando: ofício é episkopé, supervisão. Portanto, em nossa
tradição, devemos estar atentos, porque enfatizar o caráter do serviço do ofício
não tem um efeito conciliador. Mesmo dizendo isso, o ofício está subordinado à
autoridade da Palavra e não estamos livres da pergunta com respeito à
autoridade. Uma orientação precisa ser dada, se nos recusarmos a discutir isso
numa teologia saudável, então o poder será exercido, mas não da forma
apropriada. Dessa forma, a aversão das igrejas reformadas à hierarquia oficial
leva, com freqüência, a estruturas burocráticas, nas quais ninguém é
pertinentemente responsável e o poder se torna difícil, senão impossível, de se
lidar ou controlar.
De que maneira a orientação pode ser dada? Da tradição ecumênica já aprendi
que isso deveria acontecer de uma forma tripla: comunal, acadêmica e
pessoalmente. Vamos aplicar isso na paróquia local. A orientação deve ser
exercida comunitariamente quando as escolhas básicas a respeito da paróquia
são confrontadas, discutidas e, finalmente, decididas numa reunião da
congregação. A orientação é exercida colegiadamente, através da obra do
conselho da igreja. Os portadores do ofício juntos determinam a política do
dia-a-dia e a estratégia para a igreja. Finalmente, o ministro carrega sua
própria responsabilidade. Ele não pode em todas coisas esconder-se atrás do
Concílio da Igreja. Nem mesmo sua exposição da Escritura deve ser submetida
a esse concílio. Às vezes, ele terá que tomar decisões que envolverão uma
avaliação pastoral da situação, sem possibilidades de que tudo possa ser
partilhado com o Concílio da Igreja. Na tradição protestante, essas três
maneiras de liderar - pessoal-colegiada e comunitária - trazem geralmente um
equilíbrio satisfatório à paróquia local.
12. O exercício pessoal do ofício em nível supralocal
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Na estrutura reformada clássica, falta orientação em nível supralocal.
Familiarizamos-nos com orientação dada da forma colegiada via meios oficiais:
sínodos rurais, sínodos provinciais, palestras, etc. O que falta, porém, é o
exercício continuado da episkopé nesse nível. Uma pessoa que, em nível
regional, é responsável pela orientação pessoal a respeito da missão da Igreja,
é quem pode, em minha opinião, acrescentar mais valores à igreja. Um ofício
pessoal, representativamente exercendo liderança espiritual em nível
supralocal seria um suplemento ao exercício comunal do ofício. Com essa
estrutura, o caminho para a ordem hierárquica na igreja é um principio
eliminado. Muito dependerá da maneira que o oficio for exercido. A orientação
dada pelo bispo deveria ser exercida como a de um supervisor espiritual, que
visita, encoraja, fortalece a seguir firme no caminho do Senhor.
O bispo
primeiramente não deve ter o princípio de um empresário com uma grande
tendência jurídica. Em vez disso, deve possuir uma forte inclinação litúrgica e
pastoral.
Tenho consciência de que muita gente tem certa “fobia” e falta de
compreensão com o ofício do bispo.
O bispo pertence ao contexto
complementar dos elementos pessoais, comunais e colegiados do ofício.
Retorno à minha introdução. Uma teologia viva é desafiadora. Cada contexto
pede uma teologia contextualizada. Os blocos de construção para a teologia do
ofício na igreja são apresentados na esperança de que possam não somente
ser úteis no contexto Europeu, mas também em outras situações, como por
exemplo, no contexto Brasileiro globalizado e com exclusão social. Embora
sendo originário de dentro de um contexto denominacional e regional
específico, tentei distinguir elementos da teologia do ofício que transcendem o
mero regionalismo e as limitações denominacionais. Cabe a vocês avaliarem
essa minha tentativa.
∗
E.A.J.G. Van der Borght é professor de teologia na Universidade Livre de Amsterdã (Holanda) e vicediretor do Instituto Teológico Reformado Internacional (IRTI), com sede em Amsterdã, onde desenvolve
pesquisas em Living Reformed Theology, especialmente em Eclesiologia. Nos primeiros dias de Fevereiro de
2005 visitou a UniFil, firmando parceria de cooperação acadêmica entre a UniFil e a Universidade Livre de
Amsterdã através das respectivas Faculdades de Teologia.
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