Economia Portuguesa: políticas e perspectivas para
o futuro
1. Evolução desde 1999
2. Políticas
A. Aumento da poupança privada?
B. Redução do défice orçamental?
C. Aumento das exportações (líquidas)?
3. Como aumentar as exportações?
A. Redução dos salários nominais (redução
contribuição patronal para a SS)
B. Redução coordenada dos salários nominais e
preços dos não transaccionáveis
4. Uma nova regra para o funcionamento da zona euro
1. Evolução desde 1999
A. 1999:
a) Pleno emprego (U = 4.4%)
b) Saldo BCor ≈ saldo bens + saldo serv. + saldo remessas
-8.5% PIB ≈ -12% PIB + 1.6% PIB + 2.6% PIB
Pt entrou no euro com taxa câmbio sobreapreciada
c) Dívida externa pequena: 12% PIB
3
Consequência dívida externa pequena:
O pagamento líquido de rendimento (juros e lucros) ao
exterior pequeno (1.4% PIB).
(Balança de rendimentos ligeiramente negativa)
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B. Ao longo década seguinte, quatro tendências
adversas
1ª↓ saldo remessas emigrantes/imigrantes= 1.5% PIB
2ª ↑ défice energético = 2% PIB
Razão: ↑ preço petróleo de $20-$35 até fim de 2003
para $60-$80 desde 2005
3ª ↓ balança rendimentos = 2.7% PIB.
Razão: acumular sucessivo de défices correntes
próximos de 10% ao ano ao longo de 10 anos.
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4ª Nova concorrência da China e PCLE na EU 15:
- A China conquistou quota de mercado às
exportações portuguesas de TVC
 ↓ Peso TVC nas exportações portuguesas bens de
25% em 1999 (40% em 1993) para 14% em 2008.
- Os PCLE conquistaram quota de mercado às
exportações portuguesas de máquinas e automóveis.
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Consequência:
1º ↑ taxa penetração das importações
2º ↓ quota mercado exportações portuguesas entre
2003 e 2009 de 32% no principal destino – UE15
contra ↑ quota de mercado da China de 72% e dos 10
novos países da EU em 55%.
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Conclusão:
O défice corrente devia ter aumentado de 8.5% para
bastante mais de 14.5% do PIB em 2005/9.
Mas aumentou apenas para 10.2% do PIB em 2005/9.
Porquê?
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C. Três tendências positivas:
1ª Estagnação da procura interna a par de um
crescimento forte dos parceiros comerciais,
especialmente Espanha e Angola =>
- Estagnação do PIB e disparo do desemprego.
- Apesar ↑ taxa de penetração importações bens
e ↓ quota de mercado das nossas exportações bens,
crescº das M incluindo petróleo < crescº das X
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2ª ↑ quota de mercado fora da UE15
Entre 2002-8, as exportações bens para fora da UE15
cresceram 10.8% ao ano.
Contra apenas 3.2% exportações bens para UE15.
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3ª ↑ excedente balança de serviços PIB = 2% PIB,
Resultante grande aumento das exportações de
serviços, sobretudo:
- Transportes
- Serviços jurídicos, consultoria de gestão,
arquitectura, engenharia, construção, e informação e
informática.
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Yd-Y = Id -S = M – X
M – X = Yd-Y = Défice público + Défice privado
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3. Políticas e perspectivas para o futuro
A. Aumento da poupança privada?
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Interpretação:
↓ I = 5% do PIB, de 27.5% PIB para 22,5% PIB)
↓ S = 7% do PIB, de 19% do PIB para 12% do PIB).
=> ↑ défice corrente esteve associado:
↓ S = 7% PIB > ↓ I = 5% PIB.
Implicação: se aumento da taxa de S então redução do
défice externo.
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Problema com esta ideia:
↑ S => ↓ C =>
- ↓ M => melhoria saldo externo.
- Mas ↓ procura dirigida à produção interna =>
 ↓ PIB => ↑ U.
=> ↓ rendimento => ↓ S = s. ↓ Y: S
aumentará menos que a taxa de S, podendo no limite
nem aumentar.
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B. Diminuição do défice orçamental?
Pressionado pelas subidas da taxa de juro da dívida pública
impostas pelos investidores financeiros internacionais,
Em 2010 o governo tomou várias medidas para reduzir o
défice orçamental:
- ↑ IVA de 20% para 23%.
- ↓ salários nominais na função pública entre 3.5% e 10%
- ↑ contribuição dos funcionários públicos para a caixa geral
de aposentações em 1%.
- Congelamento nominal das pensões de reforma.
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Ora, estas medidas traduzem-se num
↑ taxa de S pública => ↑ taxa de S economia =>
↓ produção => ↑ U.
=> ↓ rendimento => ↓ impostos =>
=> anulação em parte do efeito ↑ taxa S pública sobre
o valor da S pública.
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C. A solução definitiva p/a desequilíbrio entre S e I:
↑ NX =>
- ↓ défice corrente.
- ↑ procura dirigida à produção interna => ↑ PIB =>
-↓U
- ↑ rendimento => ↑ S = s.Y; ↑ T = t.Y =>
=> ↓ défice orçamental.
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Porquê?
Défice público + défice privado são consequência do
défice externo.
Dívida pública e dívida privada são consequência dá
dívida externa
Só é possível ↓ défice público e ↓ dívida pública
sem aumentar desemprego eliminando as suas
causas:
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Défice externo e dívida externa.
3. Como aumentar as exportações?
A seguinte figura representa um sector português
típico exportador ou concorrente com as
importações:
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UCT, PT
PT
QT0
QT
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- PT: preço dos bens transaccionáveis, essencialmente
determinado pela concorrência na zona euro.
- Curva da oferta: crescente pq num sector típico há
normalmente um espectro de empresas,
Desde empresas com custos muito baixos até empresas
com custos muito altos.
=> dimensão de um sector T típico é determinada pelo
nº de empresas com custos unitários inferiores ao
preço de mercado =>
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 Um aumento da produção dos sectores de bens T –
e portanto de NX - só pode acontecer através da
redução dos custos unitários.
Ora, só há duas maneiras de reduzir custos unitários:
- Aumentar a produção por trabalhador:
Não é fácil e não se consegue de um ano para o outro.
- Reduzir os preços dos inputs:
Única maneira de estimular a produção T no curto24
médio prazo.
Se isto não acontecer,
Beco sem saída:
uma década de estagnação e desemprego alto.
Como reduzir o preço dos inputs das exportações:
- Bens importados: 40% (?)
- Trabalho: 20% (?) => 1/3 VA em Portugal
- Serviços: rendas, combustíveis, electricidade, água,
gás, etc.
- Remuneração empresários.
- Juros
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A. Redução de salários nominais Blanchard (2005)
Os parceiros sociais – governo, empresários e
sindicatos – devem acordar uma redução dos
salários nominais de 30%.
Ou redução TSU.
a) Isto terá um efeito menos drástico sobre o poder de
compra dos trabalhadores do que à primeira vista
parece:
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No caso PN = CUT + margem percentual fixa
↓ salários nominais = 30% =>
↓ preço dos N = 30%.
Uma vez que peso dos N no consumo é cerca de 50%,
se o preço dos T estiver constante
↓ IPC 15% => ↓ salários reais apenas 15%.
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b) Efeitos ↓ WN e ↓ PN de 30% sobre a economia:
↓ custos produção T de 1€ -> 0.7€ =>
 dado que PT fixados em 1€ pela concorrência
internacional,
 ↑ nº empresas sector T com custos unitários
menores que PT,
↑ NX => ↑ Balança corrente e ↓U.
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Efeito de descida salários nominais sobre NX
UCT, PT
UCT0
UCT1
PT0
QT0
QT1
QT
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c) Problema com esta solução:
Não há garantia de que os preços N caiam na mesma
proporção dos salários nominais:
30
Razões:
1ª ↓ margens nominais de lucro = 30% implicaria uma
redução das margens reais de lucro em 15%.
Donde, mesmo nos sectores N em concorrência,
↓ Margens nominais = 15% de modo que margem real
de lucro constante =>
↓ Preços desses sectores N = (30% + 15%)/2 =
= 22.5% < ↓ WN = 30%.
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2ª Muitos sectores N:
- Distribuição de água, gás e electricidade;
- Venda a retalho de gasolina;
- Telefone, internet, televisão por cabo;
- Comércio de bens alimentares e produtos
domésticos;
não funcionam em concorrência =>
=> os preços destes sectores tendem a cair ainda
menos do que os preços dos sectores N de
concorrência.
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Conclusão: ↓ WN = 30% => ↓PN = 15% =>
=> ↓ IPC = 7.5% apenas
Três consequências negativas:
1ª ↓ custos inputs N cerca 15% apenas => menor
ganho de competitividade decorrente de ↓ WN = 30%
do que sugerido por Blanchard.
2ª A redução dos salários reais excederá 15%; será
cerca de 22.5%.
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3ª Por não haver garantia de que preços N caiam na
mesma proporção dos salários nominais,
Os sindicatos não aceitarão uma redução unilateral dos
salários nominais de 30%.
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B. Redução coordenada dos salários nominais e dos
preços dos bens não transaccionáveis
Os parceiros sociais – governo, sindicatos e
empresários – podem acordar:
35
- Uma redução coordenada de 30% dos salários
nominais e dos preços dos principais bens não
transaccionáveis – mil bens NT constituindo a maior
parte do VA do sector:
- preço da gasolina
- preço da água, electricidade e gás
- preços dos serviços bancários
- preço TV cabo, internet
- margens das cadeias de supermercados em
alguns bens importantes
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a) Vantagens:
1º Ao contrário de um acordo de apenas redução dos
salários, permite uma redução dos custos e dos
preços dos inputs N de 30% =>
- Aumenta mais a competitividade dos T.
- Diminui menos os salários reais.
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Uma diminuição de salários reais de 15%, igual à de
1983-4:
Inflação de 25% e 30% contra aumentos de salários
nominais de 20% em cada um dos dois anos =>
=> Redução salários reais de 15% em dois anos.
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2º Os sindicatos reconhecerão que a diminuição de
30% dos salários reais será reflectida nos preços dos
principais bens NT =>
=> Aceitarão mais facilmente o corte de 30% nos
salários nominais.
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3º Garante que as margens reais de lucro no sector NT
diminuam em linha com os salários reais =>
Cria incentivos para os empresários mudarem do
sector NT para o sector T =>
 contribui ainda mais para o aumento de NX.
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b) Grande problema
Há muitas famílias e empresas com dívidas fixas em
termos nominais. Em 2009:
- Total das dívidas das famílias = 138% rendimento
disponível.
- Total das dívidas das empresas = 151% PIB.
41
=> Serviço da dívida fixo em termos nominais =>
 ↓ WN e ↓ PN = 30% =>
 incumprimento serviço dívidas por trabalhadores e
empresas sector N.
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Soluções:
1º Acordar com os bancos o reescalonamento do
serviço das dívidas.
43
2ª ↓ PN = 30%=> ↓ IPC 15% =>
- Famílias e empresas com dívidas sofrem um
aumento de 15% no seu valor real.
- Famílias e empresas com depósitos e obrigações
beneficiam de um aumento de 15% no seu valor
real.
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Donde:
imposto surpresa sobre o valor de todos os depósitos
e obrigações,
Cujas receitas servirão para ajudar a pagar as dívidas
de todas as empresas e famílias
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4. Novas regras para o funcionamento da zona euro
A partir de uma situação de equilíbrio nas balanças
correntes em 1992,
ao longo dos 15 anos seguintes:
- Défices crescentes no Sul (Grécia, Irlanda, Portugal
e Espanha) até 10% do PIB em 2007.
- Excedentes crescentes no Norte (Áustria, Finlândia,
Alemanha e Holanda) 6% do PIB em 2007.
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A simple rule could have prevented the situation
Portugal and the South are now locked in:
Instead of creating limits on budget deficits, the Euro
area should have imposed
ceilings on current account imbalances:
deficits and surpluses of individual Euro zone
countries.
But what can we do now?
1.The fiscal austerity in the South will reduce their
budget and CA deficits only at the expense of
more unemployment.
2. Expansionary fiscal policy in the South financed
by the ECB might avoid a recession next year
but would lead to the maintenance of the unsustainable
path of the South of the last decade:
High CA deficits and increasing foreign indebtedness.
3. Besides CA deficits in the South and surpluses in
the North,
there is another disequilibrium affecting the South and
the North alike: unemployment
(which currently stands at 10% in the Euro zone as a
whole)
Now, expansionary fiscal policy in the North would:
Boost output and employment in the North.
Increase imports of the North from the South =>
- ↓ CA surplus of the North.
- Increase exports from the South to the North =>
- ↑ Output and employment in the South.
- ↓ CA deficits in the South.
What could force the Northern countries to implement
expansionary fiscal policies?
If they faced an upper limit on their CA surplus of
(say) 2%,
They would have no alternative.
But the previous rule will not be enough.
Indeed, it may very well be that after fiscal expansions
in the North:
- The North eventually reaches full employment and
still has a surplus in its CAs.
- The unemployment and CA deficits in the South fall
but still remain significant.
A complementary solution to increasing demand in the
North
Is to shift demand from the North to the South.
How?
By reducing nominal wages and prices in the South
relative to the North –
- Say by 30%.
How can this be done?
By raising the inflation target of the ECB
Here is why:
Real wage and productivity growth in the Euro zone
have been close to 1% per year since 1999.
With inflation at 2%, if this growth rate continues,
nominal wages in the North will grow at 3% over the
next few years.
WN
WnNorth ∏ECB = 2%
3%
WnSouth
10 years
Hence if the required relative wage reduction in the
South is 30%,
The period of prolonged high unemployment in the
South will be about 10 years.
Wn
WnNorth ∏ECB = 2%
30%
3%
WnSouth
10 years
However, if the ECB raised its inflation target to 5%
Then nominal wage growth in the North would
increase from 3% to 6%,
But the high unemployment in the South would still
prevent any nominal wage growth in the South.
WnNorth ΠECB = 5%
WN
WnNorth ∏ECB = 2%
6%
3%
WnSouth
Years
The result:
The ↓ in relative wages in the South would accelerate
from 3% to 6% =>
=> The required period of high unemployment in the
South would fall from 10 to 5 years.
WnNorth ∏ECB = 5%
Wn
WnNorth ∏ECB = 2%
30%
6%
3%
WnSouth
5 years
Download

A. Redução de salários nominais