REDE DE ENSINO FTC
GRUPO DE PESQUISA CULTURA E
SOCIEDADE
CONSIDERAÇÕES SOBRE A TEORIA DE BRUNO LATOUR
APRESENTADORA
CRISTIANE PORTO
[email protected]
SALVADOR - 2009
"O alvo da ciência não é abrir a porta
à sabedoria infinita, mas ajustar um
limite ao erro infinito."
(BERTOLT BRECHT).
Bruno Latour (Beaune, 1947) possui
doutorado em filosofia e é professor da
École Nationale Supérieure des Mines
(Paris) e da University of California (San
Diego). É um filósofo francês de
formação, cujo trabalho não pode,
todavia, ser delimitado à filosofia, dado
seu interesse vasto por outros campos
do saber. Sua atividade mais recente
tem se aproximado muito das questões
antropológicas, e tem até mesmo,
orientado as discussões nesse campo.
OBRAS PRINCIPAIS
Jamais Fomos
Modernos
Provavelmente, seu mais famoso
livro, publicado em 18 idiomas,
analisa de forma perspicaz o
fenômeno central do Ocidente,
aquele que, diz para si este
mesmo Ocidente, o distinguiria
dos demais povos selvagens,
primitivos, não-ocidentais: o
Projeto Moderno. O que Latour
mostra é de que forma nossa
Modernidade jamais passou de
um projeto, que, diga-se de
passagem, falhou.
Ciência em ação
OBRAS PRINCIPAIS
Latour
proporciona
uma
audaciosa análise da ciência,
demonstrando o quanto o
contexto social e o conteúdo
técnico são essenciais para o
próprio
entendimento
da
atividade científica. Enfatiza,
ainda, que as pesquisas
antropológicas
ganham
a
dimensão de teoria geral acerca
do funcionamento da ciência
moderna.
A Vida em
Laboratório
OBRAS PRINCIPAIS
A vida de laboratório. A produção dos
fatos científicos (1979) No Brasil 1997.
Bruno Latour e Steve Woolgan. Um
estudo inédito sobre a vida de
laboratório e a produção dos fatos
científicos. Durante dois anos os autores
passaram “mergulhados” no Laboratório
de Neuroendocrinologia do Instituto
Salk, na Califórnia. O livro trata da
construção da realidade científica e os
procedimentos necessários para que um
enunciado (fato científico) se torne
inquestionável – ou seja, um objeto de
realidade
PARA ENTENDER A TEORIA
Definições Importantes
Centro de cálculo – o centro de cálculo local
para onde convergem as inscrições, tem por
objetivo combater a idéia de “grande
divisão”.
Esses centros como nós de uma rede
extensa e se tornam pontos de convergência,
pontos de passagem obrigatória de
inscrições vindas de diferentes periferias
PARA ENTENDER A TEORIA
Definições Importantes
 a grande divisão – idéia que rejeita toda que qualquer
divisão. Para ele as grandes diferenças não são causas,
mas efeitos de ciclos de acumulação.
as inscrições – indicadores diretos da substância que
constitui o objeto de estudo.
Os inscritores – funcionam mediante o fornecimento
de material que surge por intermédio desses materiais
produzidos e divulgados por meio da comunicação
científica.
PARA ENTENDER A TEORIA
Definições Importantes
ciclos de acumulação – conferem poder de agir à
distância, resultando na simetria ou desproporção
entre certos lugares – os centros – e suas respectivas
periferias
 relação centro X periferia – concebe-se que existe
um centro de cálculo onde as inscrições vão se
acumulando e esse acúmulo gera uma simetria, uma
relação desproporcional entre os dois lugares
denominados centro e periferia.
PARA ENTENDER A TEORIA
Definições Importantes
 Latour acredita que o movimento do centro em
direção à periferia é muito pouco estudado, em
virtude da crença de que as ciências e as técnicas são
universais e de que por esse motivo elas podem se
estender por toda parte sem nenhum custo
adicional.
DEFINIÇÃO DE REDES DE ACORDO COM
LATOUR
Para Latour “não existe o lado de
fora da ciência o que existe são
redes compridas e estreitas que
tornam possível a circulação dos
fatos científicos”. (ODDONE et all,
2000, p.30) .
DEFINIÇÃO DE REDES DE ACORDO COM
LATOUR
A noção de rede foi então apresentada por Latour
(1994) como uma tese ontológica em seu livro Jamais
fomos modernos. Jamais fomos modernos porque
jamais nos encaixamos nas dicotomias que marcaram a
modernidade. Nem natural nem social, somos como a
soja transgênica, híbridos sócio-técnicos.
DEFINIÇÃO DE REDES DE ACORDO COM
LATOUR
A noção de rede não é, para Latour (1999), oposta à
dicotomia moderna. Mas é aquilo que nos faz
passar ao largo destas dicotomias. A noção de rede
encontra ressonâncias filosóficas com o trabalho de
M. Serres (s/d) e de Deleuze e Guattari (1995).
É o próprio Latour (apud CRAWFORD, 1993) quem
indica que a noção de rizoma é uma palavra perfeita
para a rede.
DEFINIÇÃO DE REDES DE ACORDO
COM LATOUR
A teoria ator-rede não é uma teoria cujos
princípios estejam dados de antemão. Tratase antes de um método, um caminho para
seguir a construção e fabricação dos fatos,
ela é “um método para aprender a partir dos
atores sem impor sobre eles uma definição a
priori das suas capacidades de construção do
mundo”. (LATOUR,1999, p.20)”.
Exemplo de Redes
DEFINIÇÃO DE REDES DE ACORDO COM
LATOUR
Não basta dizer: veja ali, bem ali, há
conexões, há alianças! Então estamos
falando de rede! De modo nenhum. Não
basta apontar com o dedo indicador as
alianças. O que está em questão não é a
aplicação de um quadro de referência no
qual podemos inserir os fatos e suas
conexões. O que importa é seguir a produção
de diferenças, os efeitos, os rastros deixados
pelos atores.
Rede de associações
fonte de informação
original
estudante
cópia
professor
autor
legislação
editora
livraria
biblioteca
SOBRE O MAIS RECENTE LIVRO
DE BRUNO LATOUR
Título em inglês – Reassembling
the social: an introduction to
actor network theory (2005)
O título em francês – Mudar de
sociedade. Fazendo as ciências
sociais funcionarem de novo.
Título
em
Português
–
Remontando o social: fazendo as
Ciências Sociais funcionarem de
novo
SOBRE O MAIS RECENTE LIVRO DE BRUNO LATOUR
SOBRE O MAIS RECENTE LIVRO DE BRUNO LATOUR
Livro que sumariza 25 anos de pesquisa de um autor
ainda controverso e provocativo. Desbanca o
construtivismo social e mostra o trabalho de Latour
sob uma nova luz. No livro verifica-se que há uma
postura pedagógica, porém ainda atrai polêmica. Essa
obra visa ser um manual oficial da teoria ator-rede,
para estudantes latourianos que acabam de chegar ao
campo de trabalho.
SOBRE O MAIS RECENTE LIVRO DE BRUNO LATOUR
• Inicialmente, observa-se que o alvo da polêmica é
a sociologia clássica como foi formatada por
Durkeim
•No início do século XX, o debate encolarizou-se
entre os sociólogos. Seguidamente o autor faz
referência a Tarde, demonstrando sua defesa ao que
hoje nós, contemporaneamente, chamamos de
individualismo e atomismo cultural
SOBRE O MAIS RECENTE LIVRO DE BRUNO LATOUR
•Para Tarde só existe cultura se houver interações e
os mecanismos que atrai as pessoas e ainda, que a
sociedade não é uma força que deverá agir fora das
psiques individuais, é feita por eles e através deles.
•Latour não vê a sociedade como uma explicação
satisfatória, e sim como algo que pede uma
explicação, fazendo referência a Durkheim que
concebe a cultura como algo mais abstrato, isto é
defendia as abstrações.
SOBRE O MAIS RECENTE LIVRO DE BRUNO LATOUR
No texto Latour, visando esclarecer melhor sua
concepção divide o social da seguinte
maneira:
Social 3 – São as interações;
Social 2 – É o social estudado por Latour por
meio da sua Teoria Ator-Rede;
Social 1 – Normas, as Instituições. (grandes
bestas a la Durkeim)
SOBRE O MAIS RECENTE LIVRO DE BRUNO LATOUR
Uma outra contribuição, neste sentido, é a idéia de
que a tradicional pauta filosófica de discussões
como as dicotomias – Realismo/ Instrumentalismo,
Internalismo/ Externalismo, Ciência Pura/Aplicação
Tecnológica, Teoria/Experimentação.
SOBRE O MAIS RECENTE LIVRO DE BRUNO LATOUR
Estas análises não são mais suficientes para explicar,
nas incertezas da pós-modernidade, a ciência e suas
distinções ou como um campo disciplinar e
estanque, considerando-a como um elemento
simplesmente envolvido numa rede institucional
desde sua produção até sua sustentação.
REFERÊNCIAS
LACEY, Hugh. A linguagem do espaço e do tempo. São Paulo:
Perspectiva, 1972.
LATOUR, Bruno. Reassembling the social: an introduction to actor
network theory.
LATOUR, Bruno. Jamais fomos modernos. Rio de Janeiro: Ed. 34,
1994
LATOUR, Bruno. Ciência em ação. São Paulo: Unesp, 1999.
LATOUR, Bruno. A guerra das ciências. Folha de São Paulo,
15/11/1998, c. MAIS.
.
REFERÊNCIAS
LATOUR, Bruno. A vida em laboratório. São Paulo: ReluméDumará, 1999.
LEITE, F. C. L. Gestão do conhecimento científico no contexto
acadêmico: proposta de um modelo conceitual. Brasília, 2006. 240p.
Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – Programa de PósGraduação em Ciência da Informação, Universidade de Brasília
LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do
pensamento na era da informática. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1995.
ROSA, Flávia. Pasta do professor: uso de cópias nas universidades.
Maceió: Edufal, 2007..
“As obras científicas são maneiras de
entender o mundo criadas pela ação
humana e que, como as obras de
arte, podem ser apreciadas pelo que
dizem sobre nós mesmos e nosso
desenvolvimento. Descobrir a ciência
é um modo de descobrir a nós
mesmos.”
(SCHWARTZ, 1992, p.20).
Download

sobre o mais recente livro de bruno latour