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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
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MARIA DE FÁTIMA SOUZA BARROS SANTOS
INCLUSÃO ESCOLAR :
DESAFIOS DO EDUCADOR DIANTE DOS ESTIGMAS E
PRECONCEITOS
UBATUBA 2008
MARIA DE FÁTIMA SOUZA BARROS SANTOS
INCLUSÃO ESCOLAR :
DESAFIOS DO EDUCADOR DIANTE DOS ESTIGMAS E
PRECONCEITOS
Trabalho
apresentado
a
Universidade
Cândido Mendes como pré-requisito para a
obtenção de Certificado de Conclusão de
Curso de Pós-graduação Lato Sensu, na área
Psicopedagogia
Institucional:
Profª
Tutora:Maria Conceição M.Puppo
Ubatuba
2008
TERMO DE PROVAÇÃO
Monografia Final do Curso Psicopedagogia Institucional
Nota:
Profª Maria Conceição Maggioni Puppo
UBATUBA
2008
AGRADECIMENTOS
À tutora , professora Maria Conceição Maggioni Poppe, pela orientação e apreciação
do projeto inicial deste trabalho , favorecendo uma reflexão mais profunda sobre os
desafios da inclusão e os benefícios da Psicopedagogia na aprendizagem .
À Universidade Cândido Mendes pela oportunidade de oferecer um curso de alto
gabarito, à distância, possibilitando a todos reflexões sobre as práticas aplicadas diante
dos alunos com dificuldades de aprendizagem
Psicopedagogia no universo da Inclusão.
e a importância dos estudos da
“ Todas as crianças, jovens e adultos, em sua condição de seres humanos, têm direito
de beneficiar-se de uma educação que satisfaça as suas necessidades básicas de
aprendizagem, na acepção mais nobre e mais plena do termo, uma educação que
signifique aprender e assimilar conhecimentos, aprender a fazer, a conviver e a ser.
Uma educação orientada a explorar os talentos e capacidades de cada pessoa e a
desenvolver a personalidade do educando, com o objetivo de que melhore sua vida e
transforme a sociedade “ .
( Marco de Ação de Dakar, abril de 2000)
EDUCAÇÃO INCLUSIVA: COM OS PINGOS NOS “IS” , de Rosita Edler CarvalhoEditora Mediação, Porto Alegre- 2004
RESUMO
O presente trabalho monográfico de pesquisa foi elaborado a partir das reflexões sobre
os desafios do novo século que exigem do educador mudanças significativas,
sobretudo com relação às
crianças portadoras de necessidades especiais, mais
especificamente as portadoras de transtornos ou distúrbios de aprendizagem, sobre as
características, a problemática e as reais necessidades de seus portadores.O objetivo
maior é o de promover e dar a conhecer esses transtornos que a cada dia mais
efetivamente ocorrem em nosso dia a dia, sobre o papel da escola e do Projeto Político
Pedagógico que deve atender a diversidade proposta pela comunidade ansiosa por
uma escola que dê acesso, permanência e equipariedade. Tudo isso proposto por uma
gestão escolar presente, incluída nos problemas da realidade escolar, sobre a
capacitação dos educadores, que deve ser revista e redimensionada, para fazer frente
ao contexto da Educação para Todos. Neste ínterim, a autora busca através da
informação uma melhor qualidade de vida para os portadores de “especialidades” bem
como um novo olhar pedagógico sobre essa diversidade.
PALAVRAS CHAVES :EDUCAÇÃO-DISTÚRBIO-INCLUSÃO
METODOLOGIA
Com o objetivo de conhecer as reflexões docentes que se fazem no dia a dia
quanto às visões de Inclusão que são necessárias, buscando a integração das crianças
não só NEE (Necessidades Educativas Especiais), mas também de que forma essas
crianças estão sendo integradas ao sistema educacional que em tese, e em lei deve
receber essas crianças em salas regulares, buscamos por este trabalho monográfico o
caminho das reflexões bibliográficas, entrevistas a docentes e direção, que têm em
suas escolas esse atendimento especial, assim como conversas informais com
docentes e direção sobre esse assunto, muitos até que já possuem pós-graduações em
Educação Inclusiva. Encontramos o espaço para nossas reflexões em uma Escola
Municipal que possui esse atendimento e esta nos abriu o espaço para que as ideias
sobre a integração inclusiva pudessem ser clareadas. Nem da parte da direção nem do
professor entrevistado houve nenhum empecilho para o estudo e pesquisa.
Nas reflexões baseadas nos Referencias Curriculares para Educação Especial,
Declaração de Salamanca, LDB (Lei de Diretrizes e Bases), foi evidenciado neste
trabalho o quanto nossa fala ainda difere de nossa prática. Buscando compreensões
sobre o papel do Psicopedagogo na Instituição Escolar, encontramos autores como
Visca (1991), Hawkins (2001), que tratam de que forma deve ser o atendimento
especializado desse profissional, trabalho esse que ainda está muitas vezes sem a
compreensão necessária e sem os subsídios tão necessários para que o atendimento
se faça na Instituição Escolar.
Em Carvalho, (2004), encontramos a Inclusão ideal (que está longe daquilo que
temos hoje nas salas regulares), e ainda nos mostra o verdadeiro “pavor” ou
“indiferença”, que subsiste entre os profissionais que deveriam integrar, inserir,
equiparar educacionalmente, profissionais que não tem má vontade, mas, que vêem na
inclusão uma responsabilidade muito grande, para o qual não receberam nenhum tipo
de capacitação, sequer conhecem quais são de verdade as necessidades de um aluno
especial. Outros simplesmente “não conversam sobre o assunto”, jogando toda a
responsabilidade para as políticas públicas.
Conversando e entrevistando um
Psicopedagogo e a direção dessa escola
municipal, visualizamos da dificuldade em adequar as muitas necessidades ao
ambiente, não só pedagogicamente, mas estruturalmente. Há uma criança em cadeira
de rodas que cursa o 3º ano, foi improvisada uma rampa de madeira, que é carregada
pelo inspetor de alunos, para que em um dos mais antigos prédios do município, a
criança possa se locomover. Outra criança que agora está no 4º ano e também tem
suas pernas atrofiadas, vai ao banheiro com muita dificuldade. O banheiro que deveria
ser adequado é também improvisado, por isso a criança sofre um grande
constrangimento, pois tem que ser “ajudada” em suas necessidades por uma inspetora
de alunos.
A escola tem uma Psicóloga Educacional (conversamos informalmente na sala
dos professores), que infelizmente diante da tão grande demanda de síndromes e
distúrbios (sem contar os casos de ordem social, pais que usam drogas, bebem, batem
e apanham...), atende a uma comunidade extremamente pobre. Ainda que a escola
seja no centro da cidade, (a comunidade do Parque Guarani foi recentemente
concedida à população pela prefeitura, era toda uma área de posse, onde estão poucas
casas de alvenaria e muitos barracos, a maioria das crianças da escola é dali), não
consegue chegar perto do atendimento necessário, com a qualidade que ela desejaria
e, que a comunidade necessitaria segundo o que a lei exigiria, tornando viável a
“integração inclusiva”.
Assim, todo o processo para esse atendimento é extremamente difícil, diante
dessa clientela, essa é uma das maiores dificuldades da escola, “atender a tantas
particularidades”.
O Psicopedagogo atende uma sala de crianças com D.A. (Deficiência Auditiva)
de manhã e a tarde uma de D.V, (Deficiência Visual), embora tenha demonstrado
cordialidade e boa vontade, vê-se certa frustração em sua fala, diante da dificuldade de
acessar a família e a não compreensão do corpo docente quanto a seu trabalho, que
deveria estar ali para as intervenções e o subsídio ao professor para o atendimento,
porém acaba-se por separar as crianças para que ele dê atendimento, quando ele
mesmo sabe que as crianças deveriam estar incluídas em salas regulares, mas não
estão. Acredita-o que os professores em sua “ignorância” acabam por confundir
problemas de comportamento com distúrbios, causando assim uma demanda muito
grande aos especialistas da escola que acabam por não atender com presteza aos que
realmente necessitam,
A entrevista foi realizada em uma manhã acompanhando seu atendimento nessa
sala.
Já por parte da direção na entrevista (a diretora entrevistada fez pós em Inclusão
recentemente), também apesar da cordialidade há o ar de frustração, pois o que
estudou e o que vislumbrou em autores e leis estão longe do ideal, ou mesmo do real
(palavras dela), mas a escola é muito democrática e tem buscado alternativas para a
integração das crianças.
Os caminhos para este trabalho em hipótese nenhuma terminam aqui, diante de
tantos desafios é preciso muito mais educadores discutindo sobre o assunto, pois a
inclusão-integração é direito e com qualidade e equipariedade e respeito ao ser
humano.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO......................................................................................... p.11
Cap.I. CAMINHOS DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL............................. p.12
1.1-Buscando a Inclusão........................................................................................ p.13
1.2-À luz das Leis,novos desafios...para o Brasil.................................................. p.14
Cap.II. INCLUSÃO: POR ONDE COMEÇAR........................................................... p.18
2.1 –Entendendo os Distúrbios................................................................................ p.19
2.2-O papel do professor,da escola e da família.................................................... p.20
2.3.Com a palavra os mestres.................................................................................. p.23
Cap.III.O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO INSTITUCIONAL...................................p.26
3.1.A Dificuldade do Suporte em Sala de Aula....................................................... p.27
3.2. Uma nova visão de Inclusão Psicopedagógica............................................... p.29
CONCLUSÕES FINAIS............................................................................................. p.31
ENTREVISTAS(PESQUISA DE CAMPO).................................................................. p.32
BIBLIOGRAFIAS....................................................................................................... p.35
11
INTRODUÇÃO
A educação na perspectiva escolar quanto à questão dos direitos que concernem
ao homem, é baseada nos direitos humanos, e na Constituição em seu art. 5º, que
garante, todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo
não só o acesso, permanência, mas a equipariedade do aluno especial.
A política de inclusão de alunos na rede regular de ensino é iniciada a partir do séc.
XX onde há uma mudança na concepção de atendimento às pessoas com deficiência,
onde a construção de uma escola inclusiva tem início em contraposição ao modelo
excludente, passando então a ser atendida não só a permanência física desses alunos,
mas respeitando, valorizando a diversidade, exigindo assim, que a escola se
conscientize de sua função e se coloque à disposição dos alunos.
Para que isso aconteça é necessário que ocorram mudanças estruturais e legais,
garantindo para todos os indivíduos, a participação em todos os setores sociais, com
igualdade de oportunidades e condições favoráveis para se desenvolverem. Esse
desenvolvimento pressupõe o atendimento com especialistas, é evidente que as
instituições educacionais regulares, precisam contar com meios apropriados e
suficientemente flexíveis para facilitar a tais educandos pleno desenvolvimento e a real
integração social junto à comunidade em que vive.
Considerando que no Brasil o processo de identificação do funcionamento dos
distúrbios, transtornos e déficits são além de lentos, desanimadores, o presente
trabalho de pesquisa pretende investigar, descrever e analisar os principais aspectos
concernentes à história da inclusão no Brasil, vislumbrando o que concerne a
alternativas pedagógicas que se possam fazer através da psicopedagogia, baseados
em estudos bibliográficos e pesquisas de campo, buscando dar através da informação,
formas relevantes de contribuição para os desafios que se colocam a inclusão.
12
1-CAMINHOS DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
“O conceito geral de se educar a criança até
os limites de sua
capacidade é relativamente novo”
(KIRK e Galagher 1996)
Entendemos que um dos desafios da Educação neste início de século é a
valorização do ser humano como possuidor de um conjunto potencial para seu próprio
desenvolvimento e para a sua inclusão na sociedade. Houveram grandes progressos
desde a época da sociedade espartana. Na Grécia antiga, sacrificavam-se as crianças
com alguma espécie de deformidade ou algo que saísse dos padrões para a sociedade
da época. Nos últimos dez anos, a Educação Inclusiva foi impulsionada por políticas e
práticas contra a exclusão em muitos países. Orgãos mundiais têm sido consensuais,
buscando condições físicas, intelectuais, afetivas, sociais e linguísticas, defendendo
que a inclusão é benéfica no plano educativo e social. Segundo Sassaki (1997),
{...}muitos países já adotaram a abordagem inclusiva em suas escolas e
o Brasil já começou a buscar o seu caminho, mesmo com pouca ajuda
técnica e financeira. Porém com grande determinação por parte dos
diretores, professores e pais, assim como alguns secretários estaduais
e municipais de educação. (Sassaki,p.41,1997)
Fomos no Brasil, historicamente falando, desde uma atitude primitiva de
segregação e estigmatização, até a modernidade do conceito do movimento da escola
inclusiva, de forma não muito tranquila, sempre diante das políticas sociais dominantes,
que nem sempre entendem esse processo como prioridade. Porém no Brasil atual,
buscamos as tendências mundiais adequando as ideias vinculadas às nossas
realidades e peculiaridades.
13
1.1-Buscando a Inclusão
À medida que aumenta o número de defensores e praticantes da filosofia da
inclusão no campo educacional, ideia essa que vem repercutindo entre a sociedade
como um todo, encontrando apoio até em quem desconhece profundamente o tema,
questões como, de que maneira pessoas especiais podem estar incluídas em salas
comuns? vem sendo debatidas e pequisadas. Para ir de encontro a esses
questionamentos,
retomaremos
um
pouco
da
história
da
inclusão,
citando
especificamente 4 (quatro) tempos distintos do processo de inclusão :
Período anterior ao século XX : Pode ser chamada a fase da exclusão, na qual a
maioria das pessoas com deficiência era tida como indigna de educação escolar.
Século XX: É o chamado tempo de segregação. Começou-se um atendimento
às
pessoas deficientes dentro das instituições que, entre outras coisas, propiciavam
classes de alfabetização. A partir da década de 50 e mais fortemente nos anos 60, com
a eclosão
do movimento
dos pais de crianças a quem era negado o acesso a
escolas comuns, surgiram as escolas especiais e, mais tarde, as classes especiais
dentro de escolas comuns. O sistema educacional
ficou com dois subsistemas
funcionando paralelamente e sem ligação um com a outro: a Educação Comum e a
Educação Especial. Neste periodo criou-se a Lei 4024/61 na qual o artigo 88 e 89 trata
da Educação do Excepcional, com uma política de exclusão, marginalização e forte
preconceito.
Década de 70-Fase da integração : Embora a bandeira da integração já tivesse sido
defendida a partir do final dos anos 60, mudanças filosóficas ocorreram, em direção à
ideia de educação integrada, ou seja, escolas comuns aceitando crianças ou
adolescentes deficientes nas classes comuns ou, pelo menos, em ambientes o menos
restritivo possível. Só se consideravam integrados aqueles estudantes com deficiência,
que conseguissem adaptar-se à sala comum, como esta se apresentava, portanto sem
modificações no sistema. A Educação Integrada ou Integradora exigia a adaptação dos
alunos ao sistema escolar, excluindo aqueles que não conseguiam adaptar-se, ou
acompanhar os demais alunos. As leis sempre tinham
o cuidado de ressaltar a
condição “preferencialmente na rede regular de ensino”, o que deixava em aberto a
14
possibilidade de manter crianças e adolescentes com deficiência nas escolas especiais.
Neste período surgiu a Lei 5692/71, alterando o termo excepcional para deficientes
físicos, mentais, visuais e auditivos, porém com a mesma postura de atendimento
( “exclusão –peso”).
Segunda metade da década de 80 e adentrando o século XXI: A idéia fundamental
desta fase é a de adaptar o sistema escolar às necessidades dos alunos. A inclusão
propõe um único sistema educacional de qualidade, para todos os alunos, com ou sem
deficiência, com ou sem outros tipos de condição atípica. A Inclusão se baseia em
princípios, tais como:
•
A aceitação das diferenças individuais como um atributo e não como um
obstáculo;
•
A valorização da diversidade humana pela sua importância
para o
enriquecimento de todas as pessoas;
•
O direito de pertencer e não ficar de fora;
•
O igual valor das minorias em comparação com a maioria.
A Educação
Inclusiva depende não só da capacidade do sistema escolar
(diretor, professores, pais e outros) em buscar soluções, para o desafio da presença de
tão diferentes alunos nas salas de aula, como também do desejo de fazer de tudo para
que nenhum aluno seja novamente excluído, com base em alguma necessidade
educacional muito especial.
1.2-À luz das Leis,novos desafios....para o Brasil
A partir da Constituição Federal de 1988, desencadeou-se uma maior
preocupação com relação à Educação Especial, como podemos observar no artigo 208,
Inciso III: O dever do Estado com a Educação será efetivado mediante garantia de:
atendimento
educacional
especializado
aos
portadores
de
deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino.
ECA- ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE- Aprovado em 13 de julho de
15
1990, reforça a Constituição Federal, em seu artigo 54, inciso III: “É dever do Estado
assegurar à criança e ao adolescente: atendimento educacional especializado aos
portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”.
Diversos documentos foram redigidos pelo mundo, priorizando os princípios da
Educação Inclusiva. Segundo a UNESCO, citaremos alguns :
- Convenção dos Direitos da Criança das Nações Unidas de 1989
- Conferência Mundial sobre Educação para Todos. Aconteceu em Joimtein, na
Tailândia, onde 155 governos, inclusive o Brasileiro, assinaram
uma Declaração
Mundial e um marco de ação através do qual esses governos se comprometiam em
buscar ações para uma educação de qualidade, que pudesse dar equipariedade e
qualidade a todos. Resultaram dessa conferência posições consensuais na luta pela
satisfação das necessidades básicas de aprendizagem,capazes de tornar universal a
educação fundamental e de ampliar as oportunidades para as crianças,jovens e
adultos. Foram definidos nesta reunião mundial os Quatro Pilares da Educação, que
fazem parte de nossos PCNs, nos dias de hoje, já buscando o atendimento a esse
“acordo” mundial. São os Pilares que norteiam a Educação:
Aprender a Conhecer
Aprender a Fazer
Aprender a Conviver
Aprender a ser
- O Regulamento da Nações Unidas para a igualdade de oportunidades dos
deficientes ,de 1993. Comprometidos a eliminar a discriminação, em todas as suas
formas e manifestações, contra as pessoas portadoras de deficiência.
- A Declaração de Salamanca. O mais importante documento desses últimos anos.
Reuniram-se em Salamanca,na Espanha, em Assembléia, os delegados da
Conferência Mundial de Educação Especial, representando Governos e Organizações
Internacionais, que reafirmaram o compromisso com a Educação para Todos e
16
elaboraram o documento, que apresenta a estrutura de Ação em Educação Especial:
1-Novo pensar em Educação Especial ;
2-Orientações para a ação em nível nacional:
a) Política e Organização;
b) Fatores Relativos à escola;
c) Recrutamento e treinamento de educadores;
d) Serviços externos de apoio;
e) Áreas prioritárias;
f) Perspectivas Comunitárias;
g) Requerimentos relativos a recursos.
3-Orientações para ações em níveis regionais e internacionais:
Os participantes proclamaram a importância da Educação Inclusiva,entendendo que
as escolas devem buscar formas de educar os portadores de necessidades especiais
no sentido de:
a) Modificar atitudes discriminatórias;
b) Criar comunidades acolhedoras;
c) Desenvolver uma sociedade Inclusiva;
d) Assumir que as diferenças humanas são normais;
e) Beneficiar todos os estudantes e a sociedade como um todo, com uma
Pedagogia centrada na criança.
(Declaração de Salamanca.UNESCO,1994.)
A nova LDB, nº 9394/96, garante e reforça a matrícula, sem discriminação de
turnos, às pessoas portadoras de necessidades especiais nas escolas regulares, com o
objetivo de integrar equipes de todos os níveis e graus de ensino com as equipes de
educação especial, em todas as residências administrativas e pedagógicas do Sistema
Educativo e desenvolver ações integradoras nas áreas de ação social, educação,
saúde e trabalho. Esses direitos expressos em leis, são frutos de processos
democráticos que indicam o reconhecimento da cidadania dessas pessoas. Os artigos
58 e 59 dispõem sobre a Educação Especial e sua organização específica e procuram
priorizar o atendimento a essa clientela, nas escolas regulares, nos fazendo entender
que os atendimentos a esses alunos devem ser concebidos através de currículos,
17
métodos, técnicas e recursos educativos diferenciados.
Diante de tantos pareceres, leis, ações reflexivas e reflexões sobre as ações, é
preciso compreender que o movimento para uma escola inclusiva, não pode ser feito
somente por decretos ou leis, mas sim, por comprometimento da sociedade e uma
busca incessante de tornar o ser humano, independente de suas condições físicas, feliz
com sua própria vida.
18
2-INCLUSÃO: POR ONDE COMEÇAR
O movimento de Inclusão social começou efetivamente a partir da metade dos
anos
80 e teve impulso na
década de 90. Temos claro que possui todas as
características de que se firmará no século XXI. Falamos de uma sociedade para todos
em termos como “inclusão” e “integração”, aparecendo, inclusive na nossa mídia cada
dia mais.
Essas palavras no âmbito da educação, significam, “inserção de qualidade para
nossas crianças especiais na escola e na sociedade”. Uma inserção total e
incondicional, inclusive adequando para suas competências, instrumentos escolares
que possam ensinar-lhes uma profissão. Essa inclusão esquece o modelo antigo, cria
um novo, transformando a escola para que se adapte às necessidades desses alunos.
Sobre essas adaptações podemos citar os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998),
Para incluir todas as pessoas, a sociedade deve ser modificada, devendo
firmar a convivência no contexto da diversidade humana, bem como
aceitar e valorizar a contribuição de cada um conforme suas condições
pessoais. (PCNs-Adaptações Curriculares,1998 p.18 )
Estamos bem longe da sociedade dos povos pré-cristãos, que acreditavam ser
a deficiência uma “maldição”. Houve um salto significativo nesse pensamento, inclusive
nas
terminologias,
da maneira como nos referimos a essas pessoas, o que fora
excepcional, passou a ser portador de necessidades especiais e até portadora de
necessidades educativas especiais e, neste ponto, é necessário que pontuemos, diante
de nossos estudos que se seguirão neste trabalho monográfico com clareza a essas
expressões.
Segundo os PCNs,
A expressão necessidades educacionais especiais pode ser utilizada
para referir-se a crianças e jovens cujas necessidades decorrem de sua
19
elevada capacidade ou de suas dificuldades para aprender.Está
associada, portanto, à dificuldade de aprendizagem, não
necessariamente vinculada à deficiência (s).PCNs MEC p.24).
Constatamos que embora as terminologias tenham mudado, ainda existe, muita
marginalização e uma não compreensão de que área atender. Passamos a nos ater as
crianças D.V (Deficientes Visuais), D.A. (Deficientes Auditivos) e aos que estão em uma
cadeira de rodas, e até as Sindromes como Down, Mongolismo...deixando de lado
crianças com Distúrbios como a crescente Dislexia, as Disgrafias, Discalculias,
Disfasias, Superdotação, Hiper ou Hipoativismo e suas comorbidades, entre outros
distúrbios presentes em nossa vida escolar, e que, diante da lei deveriam ser atendidos
com a mesma ênfase dos primeiros citados .
Para a International Classification of Impartment Disabilities and Handicaps,”uma
pessoa com necessidades especiais é uma pessoa com falta ou restrição de capacidades para
executar atividades, tarefas, habilidades e comportamentos na forma ou âmbito considerado
normal para um ser humano.” (Soler, Reynaldo.p.31).
De acordo com a Politica Nacional para a Educação Especial (Brasília,1994), são
considerados alunos portadores de necessidades especiais:
Aqueles que, por apresentarem necessidades próprias e diferentes dos
demais alunos, requerem recursos pedagógicos e metodologicos
educacionais especificos. Consideram-se integrantes desse grupo os
portadores de deficiência mental, visual, auditiva, física, múltipla,
condutas tipicas e altas habilidades.(Adaptações Curriculares.p.23, 1998)
Temos claro por esses documentos que, ainda estamos longe de atender a
todas as formas de necessidades, porém, esse é o grande desafio que se coloca ao
século XXI, superar nossas limitações, buscando superar esses desafios e de verdade,
de maneira multidisciplinar atender em nossas escolas a essas diversidades.
2.1 –Entendendo os Distúrbios
Nos últimos tempos, diversos estudiosos vem trabalhando no sentido de
entender por que, algumas crianças não conseguem aprender. Foram dectados
diversos distúrbios de aprendizagem. Se faz necessário conhecer e conceituar distúrbio
20
para que não seja confundido com dificuldade de aprendizagem. Os distúrbios diferem
da dificuldade por serem sistemáticos. Uma criança com distúrbios de aprendizagem
terá grande dificuldade de aprender, por exemplo,pelo método global. Somente um
diagnóstico multidisciplinar poderá conceituar a possibilidade de um distúrbio que pode
estar entre uma dislexia (distúrbio ou transtorno de aprendizagem na área da leitura
,escrita e soletração) que hoje é o maior índice nas salas de aula.
Esses distúrbios ainda podem ocorrer por causas:
Orgânicas: Cardiopatias, encefalopatias, deficiências sensoriais, deficiências
motoras, paralisia cerebral, deficiências intelectuais entre outras enfermidades;
Psicológicas: Desajustes emocionais provocados pela dificuldade da criança em
aprender, o que gera ansiedade, insegurança e auto conceito negativo;
Pedagógicas: métodos inadequados de ensino;
Sócio–Culturais: Falta de estimulação, desnutrição, privação cultural do meio,
marginalização das crianças com dificuldade especifica de aprendizagem pelo sistema
de ensino comum. ( Johnson,p.63,1983)
{...} quando se fala em dificuldade de leitura e escrita, especialmente no
processo de alfabetização, é muito importante que sejam questionadas as
condições em que as crianças iniciam esse processo, verificando as
condições físicas, emocionais e intelectuais, bem como as habilidades e
funções para aprender. Ao alfabetizador cabe a responsabilidade de,
através de situações concretas
envolvendo objetos e o próprio corpo
do aluno, com atividades motoras, preparar a criança antes de expô-la a
atividades gráficas. (ASSUNÇÃO COELHO p.27 2004).
2.2-O papel do professor,da escola e da família
As escolas devem ajustar-se a todas as crianças , independentemente
das suas condições físicas, sociais, linguísticas ou outras. Neste
conceito devem incluir-se crianças com deficiências ou superdotadas,
crianças da rua ou crianças que trabalham, crianças de
populações
imigradas ou nômades, crianças de minorias linguísticas, étnicas
ou
culturais e crianças de áreas ou grupos desfavorecidos ou marginais.
(Declaração de Salamanca:UNESCO,1994)
21
Em se tratando do âmbito escolar, a figura mais importante na abordagem da
criança
é sem dúvida o professor. É, com frequência, ele quem mais facilmente
percebe quando um aluno está tendo problemas
de atenção, aprendizagem,
comportamentos emocionais, afetivos e/ou sociais e quem conduzirá, ou não, a criança
portadora do transtorno a uma vida escolar mais próxima do normal.
{...}a jovem professora estava alheia por completo à menina sentada na fila da parede,lá no
meio da sala,olhando pensativa pela janela e que parecia nao se dar conta da divertida
bagunça que campeava entre seus amiguinhos.Mas o que a professora não sabia é que
debaixo da antiga carteira escolar de madeira escura ,um par de pezinhos balançava
irriquieto,na mesma velocidade que os pensamentos da dona...A menininha sonhadora tinha
movimentos do corpo um tanto contidos,mas sua mente saltava rapidamente de um devaneio a
outro,ainda mais veloz que as perninhas incansáveis de seu colega “pestinha”-Flavinho.Seu
nome só era lembrado na hora da chamada.Absorta em sua fértil imaginação,ela estava alheia
ao ditado que a jovem professorinha estava começando a passar.Por causa disso,seria mais
tarde duramente repreendida em casa e, muito nova ainda para relativizar as coisas,aceitaria de
pronto todos os adjetivos com que seus pais a definiam:preguiçosa,relaxada.abilolada.Ela
atravessaria os anos sofrendo com sua distratibilidade crônica,ainda que criativa,perdendo a
auto-estima,à medida que ganhava altura e peso.Seu colega Flavinho,diagnosticado
precocemente ,não precisou passar pela mesma carga de sofrimento” (Silva 2003).
Parece-nos conhecer de perto essa história? Sim, ela acontece todos os anos
em nossas escolas.Pesquisas mostram que o educador, sem o devido conhecimento
sobre as dificuldades ou distúrbios de aprendizagem, costumam deixar seus portadores
“de lado”, ou sem notá-los, ou como se pouco pudessem contribuir para um bom
aproveitamento escolar, e, consequentemente, para o acesso a uma vida acadêmica no
futuro, quando não, com total falta de noção, os levam á piora de um quadro muitas
vezes clinico, reforçando as características negativas de tais indivíduos.
Um dos primeiros passos a ser dado na tentativa de solucionar os problemas é,
verificar o que realmente está acontecendo. Essa primeira avaliação deverá ser feita
por um grupo dentro da escola, levando em consideração o comportamento do aluno
em várias atividades e situações. Depois, um encontro com os pais se faz necessário,
quando a escola transmite suas preocupações com o aluno e mostra as opções para
um diagnóstico correto, sugerindo a avaliação de profissionais de outras áreas. No
entanto, os professores devem ter o cuidado de não diagnosticar e apenas descrever o
comportamento e o rendimento do aluno, propondo um possível curso de ação.
Crianças com distúrbios, dependendo de que tipo eles se manifestem, poderão
22
ter um atraso ou mesmo um avanço da aprendizagem, precisando assim que a
negativa professor-aluno, não aconteça, ou seja, que o professor não seja mais um
causador de “problemas” para sua criança.
Independentemente do programa escolar, ao qual a criança portadora de
transtornos, déficits ou distúrbios esteja submetida, sendo particular ou pública, ou
mesmo de sua infra-estrutura, o fato é que o professor é quem está em posição e pode
ter condições para desempenhar esforços que busquem entender tais crianças
trazendo, assim, anos escolares mais felizes e repletos de sucesso. Tal situação tem
sido constatada em depoimentos de pessoas portadoras de distúrbios, que tiveram a
sorte de encontrar na infância, professores cuidadosos, com conhecimento sobre suas
peculiaridades e com a boa vontade para colaborar com tais alunos, que chegaram à
idade adulta como vencedoras de uma difícil etapa. Para tanto são necessários a
preocupação e o conhecimento dos pais, em relação à escolha dos professores que
estarão com seu filho, durante toda a sua vida escolar.
Diferentes autores tem se preocupado com o manejo dessas crianças, visando
contribuir
para que os professores contem com ferramentas de apoio, que lhes
permitam atender as necessidades educativas dos alunos portadores de distúrbios de
aprendizagem no âmbito da sala de aula, tanto no aspecto cognitivo quanto no
relacional.
As formas propostas para lidar com as dificuldades, e também para prover as
necessidades educativas das crianças, costumam responder às teorias e hipóteses que
as sustentam.Uma vez que sejam aplicadas de forma consciente e que o professor
esteja convicto do que está fazendo, todas essas estratégias podem ser
complementadas à medida que também atendam a diferentes aspectos de um
problema, por si só, complexo.
23
2.3.Com a Palavra os mestres
Não são todos iguais na escola.
(Edouard Claparede)
Educar uma criança, tendo a mesma como centro das atenções é uma tarefa que
exige um estudo contínuo e uma percepção adequada da realidade individual dos
alunos, que vise favorecer a aquisição do saber e da aprendizagem que virá a
desenvolver
competências e habilidades, para adentrar a sociedade e exercer a
verdadeira cidadania. Não uma cidadania como muitas vezes se vê escrito em
planejamentos ou em teorias, mas uma cidadania verdadeira, que formará a criança
para mudar seu meio, sua sociedade. Quando se trata de educar uma criança que
necessite de cuidados especiais, essa ação tem que ficar ainda mais clara na
comunidade escolar.
Para que possamos não confundir os problemas de aprendizagem com má
vontade, desinteresse, levando nosso aluno ao fracasso escolar, mediante a nossa
postura pedagógica que muitas vezes não alcança esse educando, é preciso uma
coerência entre o pensar e o agir educativos voltados para a inclusão. Posto essa forma
de ver a escola inclusiva, precisamos tornar o “ser” e o “fazer” dessa escola
responsáveis e comprometidos com a didática inclusiva.
Quando um professor diz “não quero esse menino em minha sala de
aula”,podemos interpretar sua recusa como má–vontade,medo,pouca
colaboração...ou como a tradução do desejo de contribuir para o
sucesso na aprendizagem do aluno,para o qual se sente
desqualificado!(CARVALHO,2004.pg.74).
Nas conversas, pesquisas de campo, para tornar efetivo esse trabalho
monográfico, fica claro que enquanto a escola e os pais, esperam que o educador
esteja preparado para o atendimento, frente ao movimento atual para a inclusão, em
que todos os envolvidos estejam preocupados em integrar as oportunidades e ações
para que esse aluno encontre um ambiente acolhedor, desafiador, para que possa
24
desenvolver-se e atingir as condições para ser inserido na comunidade, o professor
encontra um verdadeiro dilema, confrontando-se com situações em que precisa
entender como aquele aluno com necessidades educativas especiais aprende, o que
aprende, por quais caminhos ele aprende, e, em uma escola que não dá subsídio para
fazê-lo, é realmente desesperador. A inclusão passa então para o oposto, a exclusão, e
aquele aluno que poderia, por mais limítrofe que seja, alcançar algum patamar de
aprendizagem, acaba estando ali
para ser “depositado” ou para a famosa
“socialização”.
Uma só voz, a uníssona, ouve-se então, é preciso investir em capacitação para
atender o paradigma da inclusão.
Programas de formação inicial ou continuada devem oferecer aos
professores que ensinam em classes comuns, oportunidade de
apropriação de conteúdos e competências necessários para um
trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais
incluídos em suas classes. (Del.CEE Nº05/2002).
A formação de professores em educação especial, portanto só terá sentido se
atender ao previsto na atual Lei de Diretrizes e Bases, destacada no inciso III do artigo
59, quando no perfil dos professores de classe regular, como generalista e especialista
em Educação Especial.
Assim o trabalho, com as mudanças de nossos colegas, será muito mais
proveitoso se buscarmos as origens da rejeição e pudermos remover essa barreira,
usando-se, dentre outros mecanismos, as relações dialógicas, exercitando a escuta no
lugar de entrar com receitas prontas.(CARVALHO,2004.pg.74).
São muitos os elementos para a reflexão dessa escola e professor inclusivos
(afinal o professor é parte integrante e primordial desse movimento), e sobre como
implementá-la, mas é preciso fazê-lo cooperativamente, em coletivo onde todos
trabalhem com o bem maior que é dar atendimento digno a essas crianças.
Precisamos construir o caminho, (ou caminhos) por nós mesmos. Vemos que
muitas vezes as ações políticas demoram a chegar. Segundo Mittler “não há nenhuma
estrada de realeza para a inclusão”(Miller 2003), mas precisamos por “mãos a
obra”(grifo nosso), com firmeza, determinação, buscando caminhos para tirar de nossos
25
colegas o medo do novo e trabalhando juntos. Certamente com os “heróis” que temos
em sala de aula, alcançaremos nossa meta. A Inclusão sairá da teoria para a tão
sonhada prática.
26
3.O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO INSTITUCIONAL
A Psicopedagogia é uma área extremamente nova, principalmente
em sua
atuação na área escolar. Surgiu para dar um norte concreto para as perguntas dos
educadores e propor alternativas aos problemas relacionados ao ato de aprender, que
se acumulam no cotidiano escolar.
Sobre a questão do Psicopedagogo Institucional,ela é extremamente rica.
Atuando nas escolas de todos os níveis de ensino, cabe ao profissional formado nessa
área, interferir com toda a Equipe Escolar, desde a Direção, Orientação, Docentes, Pais
e Alunos, percebendo falhas na”Linha Mestra”e instigando a busca de meios que
favoreçam o trabalho com as crianças e melhore sua condição no “processo de
aprendizagem”.
Gerar, não só competência, mas também o direito de rever com todos da escola
o melhor procedimento para o desenvolvimento integral da criança. Com os pais;
promover aconselhamentos e “informativos”; com os professores; dicas de maior
qualificação e percepção do verdadeiro papel, além de funcionalidades lúdicas para o
trabalho com o aluno; com a criança; investigações de suas dificuldades e formas de
auxiliar seu desenvolvimento global; com a Direção e demais da escola; a reformulação
de linhas mestras e escolha de que Paradigma possuem, montando Projetos
Educativos.
Sendo assim, o campo de atuação do Psicopedagogo Institucional é amplo e
gratificante, pois não se “clinica” especificamente, mas se direciona a busca de
melhorias. Scoz (1996) define bem o papel da psicopedagogia como: “Área que estuda
e lida com o processo de aprendizagem e suas dificuldades e que, numa ação
profissional, deve englobar vários campos do conhecimento, integrando-os e
sintetizando-os”. O Psicopedagogo Institucional diagnostica e atua na resolução da
crise do ensino,da aprendizagem ,das relações entre professores e alunos e das
dinâmicas em sala de aula.
É preciso compactuar com Visca,quanto à função do Psicopedagogo,
27
A Psicopedagogia, trabalha com uma concepção de aprendizagem
segundo a qual participa desse processo um equipamento biológico
com disposições afetivas e intelectuais que interferem na forma de
relação do sujeito com o meio, sendo que essas disposições
influenciam e são influenciadas pelas condições socioculturais do
sujeito e do seu meio.
O objeto da Psicopedagogia vai muito além de um “processo de
aprendizagem”; refere-se a um sujeito que aprende, sendo este muito
mais do que um aprendiz, mas sim um ser capaz de conhecer sobre si
e
sobre
o
ambiente
do
qual
é
parte
constituinte.(VISCA,Jorge.1995.p.65)
Passamos a ter a visão da Psicopedagogia para além dos muros da escola.
São muitas as influências para uma não aprendizagem, assim o trabalho do
Psicopedagogo deve fazer parte do Projeto Político Pedagógico de uma escola que
atenda a essa nova abordagem e que vislumbra a inclusão.
3.1.A Dificuldade do suporte em sala de aula
Nos
últimos
anos,
tem
se
acelerado
a
formação
de
Pedagogos
e
Psicopedagogos, porém isso em hipótese nenhuma significa uma melhor qualidade
quanto ao atendimento em sala.Embora as leis tenham efetivamente sido homologadas
e haja uma empreitada quanto a qualidade de ensino no Brasil, ainda estamos um
tanto longe de atender a criança que tem necessidades educativas especiais.
Ainda carecemos
de ações políticas nesse campo, principalmente quanto à
classificação ou categorização das crianças especiais, desfazendo confusões quanto às
deficiências de qualquer tipo e dificuldades de aprendizagem.
Faltam recursos, conhecimentos teóricos sobre diagnósticos, suporte técnico
para o professor, que acaba por excluir aquilo que não compreende (que passa muitas
vezes a entender uma não aprendizagem como “preguiça” da criança), o que
aumentam as estatísticas de crianças multirrepetentes, ou crianças que perdem todo o
estímulo em sala de aula, pois não
se encontram com o conhecimento e a
28
aprendizagem passa a ser para elas um “sacrifício” e não um ato prazeroso.
Entendemos por Educação Especial,
{...}processo educacional-proposta pedagógica,recursos e serviços
educacionais
especiais
,organizados
institucionalmente
para
apoiar,complementar,suplementar,e/ou
substituir
os
serviços
educacionais comuns,de modo a garantir a educação escolar e
promover o desenvolvimento das potencialidades dos educandos que
apresentam necessidades educacionais especiais ,em todos os
níveis,etapas e modalidades da educação.(MEC.Brasil,2001).
Já por Educação Inclusiva, entendemos ser o movimento que como direito
fundamental, torna a sociedade mais justa, em que todas as pessoas sejam vistas a
despeito de suas especificidades, como seres humanos.
Segundo os Parâmetros Curriculares para Educação Especial,
Para incluir todas as pessoas, a sociedade deve ser modificada,
devendo firmar a convivência no contexto da diversidade humana, bem
como aceitar e valorizar a contribuição de cada um conforme suas
condições pessoais (p.18 -PCNs- Adaptações Curriculares 1998 ).
Não raro ouvimos os educadores “reclamando”, quanto a falta de conhecimento
ou de subsídios para o atendimento a essas particularidades e outros ainda “heróis” de
uma “guerra” contra a exclusão, que passam a empreender uma luta desenfreada para
o conhecimento (muitas vezes autodidata), visando atender a essas crianças, que não
podem ficar “depositadas” em sala de aula. Assim tanto o educando, quanto o
educador, tem seu fator emocional abalado, o que para um Psicopedagogo deve tornarse estudo de casos, tanto de um lado quanto do outro.
29
3.2 Uma nova visão de inclusão psicopedagógica.
Diante de todo o processo que estamos acompanhando e vivenciando por uma
escola inclusiva que dê legitimidade às estruturas, fundamentando o princípio de que
todas as crianças devem aprender juntas, sempre que possível, independente de
quaisquer dificuldades ou diferenças que possam ter. Uma escola que acomode estilos
e ritmos de aprendizagem assegurando uma “educação de qualidade a todos”, muitas
preocupações afloram nos Psicopedagogos Institucionais.
Esses profissionais, passam a ter um duplo propósito, (ou mais), passam a
atender não somente a crianças e pais, mas a professores preocupados com uma não
aprendizagem, ou uma sindrome que tem em sua sala e não sabem como “lidar”.
Cada vez mais o Psicopedagogo
busca, por meio de currículos mais
apropriados que possam atender as diferenças, propõe estratégias de trabalho, usa de
recursos disponibilizados para o atendimento, (materiais muitas vezes inexistentes,
ainda que a lei assegure as sala de recursos), estabelece parceria com a comunidade
escolar (professor, gestor, pais, funcionários da escola ) além da continuidade de outros
serviços de apoio (Neurologista,Psicólogo,Terapeuta Ocupacional), proporcional às
necessidades especiais encontradas nas escolas. (MEDEL.,2006.P.19)
É exigência da escola moderna o compromisso da formação da cidadania a
partir de uma escola de qualidade para todos. Incluir, é muito mais do que ter acesso à
escola. Diante do que estamos vivendo não é mais possível compactuarmos com a
exclusão, é preciso uma inserção total, uma verdadeira “transformação” de currículos,
posturas de professores, práticas e espaços inclusivos de acesso. Essa definição que
lemos em “Booth &Black” de autoria de Hawkins(2001),parece-nos bem apropriada para
esse momento.
A inclusão é sobre cada aspecto do trabalho na escola. É sobre cada
lição.É sobre crianças juntas no playgroundy. É sobre o como as
pessoas se comportam em um encontro de trabalho e como
professores trabalham juntos.É sobre o que acontece quando os pais
vem a escola pela primeira vez. É sobre a tessitura (organização) de
30
novos olhares. É sobre se esta construção é acessivel ou não para as
crianças e adultos com deficiências. É sobre cada um dos aspectos de
nossas vidas...Não é algo que você faz quando vai para o trabalho, é
sobre a vida e como você quer que as crianças nas escolas vivam as
suas vidas aprendendo juntas(Apud,Medel,2006.p.19)
Baseados nessas transformações necessárias e possíveis, concluímos
este
trabalho monográfico, que não será encerrado totalmente, pois deverá ser instrumento
para muitas reflexões, com relação a essa nova escola que finalmente inclui e que
rompe com os preconceitos e estigmas da inclusão.
31
CONCLUSÕES FINAIS
Vencer desafios que se colocam à contemporaneidade quanto a inclusão, não é
tarefa fácil.Em muito temos avançado, porém ainda há muita falta de informação e do
real entendimento do que seja a Inclusão e do papel que os profissionais como o
Psicopedagogo exercem na Instituição Escolar. Encontramos muitas dificuldades entre
os professores de compreender esse processo de inclusão. As falas são ainda
temerosas, não somente quanto aos alunos com NEE,como também àqueles que
possuem um déficit ou distúrbio de aprendizagem.
Em nosso município há uma grande defasagem de profissionais que possam
atender a essas crianças, fazendo um trabalho paralelo com o educador, causando no
mesmo, um certo constrangimento ao detectar uma criança com dificuldade e não ter
para onde mandá-la buscando “ajuda”.
Nossas reflexões tornam-se então muito mais profundas pois temos que
atender ao disposto em lei, mas não temos condições estruturais, organizacionais,
sequer muitas vezes pedagógicas para esse atendimento, tornando o professor um
“polivalente”, que busca, na medida do possível atender a sua clientela.
Para o trabalho do Psicopedagogo, a visão ainda é mais complexa pois
tem que atender não só a família, a criança, mas também a estrutura do professor, que
muitas vezes vê-se inerte, não tendo onde buscar o subsídio para esse atendimento,
em sala de aula. O Psicopedagogo Institucional por sua vez, fica sobrecarregado, não
conseguindo dar a atenção que seria necessária para esse novo conceito de inclusão.
Por isso, antes de qualquer coisa, aceitar e valorizar a diversidade é o primeiro
passo de um processo inclusivo e , de criação de uma escola de qualidade para todos,
que rompa realmente com os estigmas e preconceitos. É preciso que se acredite na
possibilidade que o aluno tem de aprender com as interações realizadas, orientadas
pelo princípio do respeito mútuo e na ideia de que todos podem aprender, desde que
suas “portas de entrada para o conhecimento sejam encontradas”.
32
ANEXOS
PESQUISAS COM PSICOPEDAGOGO E DIREÇÃO
Nome: Paulo Roberto Rodrigues de Siqueira
Campo de atuação: Professor em Educação Especial - NEE
Formação: Pedagogo e Psicopedagogia
Quanto tempo de trabalho na área? Dezesseis anos
Qual é o papel do Psicopedagogo na Instituição Escolar?
É ajudar e auxiliar nas dificuldades encontradas na aprendizagem dos alunos e no
acompanhamento dos mesmos em sala com o professor.
Em sua opinião a escola tem sido uma “produtora” de dificuldades de
aprendizagem?
Sim, devido muitas vezes à ignorância dos educandos e dos pais que não sabem nada
frente ao papel e a verdadeira função deste profissional.
De onde o Psicopedagogo parte para sua atuação e futuro diagnóstico?
Primeiro ponto deve ser pela queixa, para depois partir para o diagnóstico, e em
seguida para a ação.
De que forma a família é envolvida quando há um diagnóstico de distúrbio ou
dificuldade de aprendizagem?
O primeiro contato, com a dificuldade de aprendizagem, deve ser com a família. Com
a entrevista deve-se obter uma rica informação deste problema, que vem apresentando
no paciente.
Quais são os desafios que se apresentam ao Psicopedagogo Institucional quanto
à escola pública e como saná-los?
Vejo a ignorância dos membros, tanto dos colegas na escola, como dos pais. Devido ao
encaminhamento do paciente com problema de comportamento e não cognitivo.
Qual sua opinião sobre o crescimento “acelerado” de cursos e pós-graduações
na área de Psicopedagogia?Acredita que a qualidade principalmente em cursos à
distância está sendo primado?
Só acho falta do estágio. Creio que ele é muito importante, no futuro do dia a dia do
profissional. Pois a supervisão no estágio deve ser para tirar as dúvidas que ficam no
aperfeiçoamento com a teoria. Referente à qualidade, fica ao profissional se aperfeiçoar
constantemente.
De que forma os professores devem ser abordados para que não promovam a
exclusão das crianças, com dificuldades de aprendizagem ou mesmo com
superdotação?
Dedicando à formação constante na pesquisa realizada nas grandes universidades.
33
Nome: Eliane Alves Ribeiro Salgado
Função Atual: Vice-diretora
Qual a relação pedagógica e humana necessária para o atendimento a salas de
inclusão existentes na escola?
Os alunos da classe de DA são atendidos por um profissional devidamente habilitado,
capacitado, que procura se atualizar constantemente para atender com eficiência as
necessidades desses. A relação com a direção é amistosa e de muita cumplicidade
quanto às idéias que queremos para nossas crianças, inserção na sociedade.
Existe uma parceria da direção com o Psicopedagogo?De que forma ela se
manifesta?
Sim.O Psicopedagogo em questão é professor da classe com a qual a direção tem
vários encontros para se interar sobre o andamento das atividades da sala.
A estrutura predial favorece o atendimento à sala de D.A e D.V ,na escola?Quais
adequações deveriam ser feitas?
Embora a construção da escola seja antiga e existam barreiras arquitetônicas,
procuramos amenizar essa estrutura dentro das nossas possibilidades.
A sala de recursos da escola possui o material pedagógico para esse
atendimento?
É claro que existem vários recursos que poderiam melhorar ainda mais o atendimento
a esses alunos. No entanto, de acordo com as solicitações do professor e das nossas
possibilidades, procuramos equipar a sala da melhor maneira possível.
A família da criança especial participa efetivamente do ambiente escolar?
Os pais são muito presentes e vem a escola sempre que solicitados.
Quais desafios se produzem à direção quanto a esse atendimento?
A inclusão impõe muitos desafios, pois ela é recente e ainda não estamos devidamente
34
preparados para ela, seja arquitetonicamente e profissionalmente.
A sala de inclusão e seu atendimento com o especialista estão propostos no
PPP?
Nosso PPP, ainda está em construção e uma das questões a serem discutidas,
abordadas é a inclusão.
Existem
outros
especialistas
que
dão
Sim, temos uma Psicóloga, que atende nossos alunos.
atendimento
na
escola?
35
BIBLIOGRAFIAS
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Tereza
e
José.Problemas
de
CARVALHO, Edler Rosita. Educação Inclusiva com os pingos nos is.Porto
Alegre.Mediação,2004
CONSTITUIÇÃO FEDERAL-MEC EDIÇÃO: FAE - Fundação de Assistência ao
Estudante.
ECA- Estatuto da Criança e do Adolescente-Lei 8069 de 13/07/1990.
DECLARAÇÃO DE SALAMANCA.Espanha ,,junho de 1994.
JONHSON,DorisJ.Distúrbios
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Aprendizagem;
Educacionais.São paulo.Pioneira,1983.
Princípios
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Práticas
MEDEL,Cássia Ravena. A escola Aberta para as diferenças. São Paulo.
Minuano,2006.
Parâmetros Curriculares Nacionais-Adaptações Curriculares. Estratégias para a
Educação
de
alunos
com
necessidades
educacionais
especiais.Brasilia:MEC/SEF/SEESP,1999.
Sassaki,R.K.Inclusão:Construindo uma sociedade para todos.Rio de Janeiro:
WVA,1997.
SILVA, Reginaldo da. Inquieto ou Hiperativo?Qual a diferença entre agitação
natural das crianças e o transtorno de déficit de atenção?São Paulo:Editora
Abril.Revista Nova Escola.ed.162,maio/2003
VISCA, Jorge. Psicopedagogia - Novas Contribuições. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1991. ...
http://www.unicap.br/revistas/symposium/arquivo/artigo%205.pdf acesso em 05.04.09
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