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ESTUDO ACERCA DAS REPRESENTAÇÕES SOBRE O ENSINO DE
LÍNGUA INGLESA CONSTRUÍDAS POR PROFESSORES DA REDE
PÚBLICA DE ENSINO DE PORTO NACIONAL E
CIRCUNVIZINHANÇA
Marcia Letricia Gomes Barbosa
PIVIC/CNPq - UFT/LETRAS
[email protected]
Ana Emília Fajardo Turbin
Orientadora (PIVIC) - UFT
[email protected]
RESUMO: O ensino de línguas estrangeiras na escola pública tem valor educacional
formativo reconhecido pela sociedade brasileira, tendo em vista que esta, inclui nos currículos
a obrigatoriedade da disciplina. No entanto, sabemos das dificuldades enfrentadas (Almeida
Filho, 1998) apesar da ampliação da oferta do ensino de línguas, esse não tem sido cuidado no
seu aspecto qualitativo. De maneira que, a qualidade do ensino de línguas tem sido motivo de
preocupação para diversos teóricos. Uma das indagações mais correntes gira em torno da
prática docente, as práticas em sala de aula, abordagens metodológicas, ou seja, tudo que
envolve a atuação do professor. Assim sendo, o objetivo é apresentar resultados de pesquisa
realizada durante o ano de 2012 através do Programa de Iniciação Científica – PIVIC/CNPq.
A pesquisa tem por objetivo investigar as representações que os professores de Língua Inglesa
(LI) possuem sobre ensino e aprendizagem de Inglês, delimitamos a pesquisa à cidade de
Porto Nacional – To, e, circunvizinhança. Analisar tais representações torna possível pensar
perspectivas e possibilidades de se propor novas propostas metodológicas para o ensino de
Língua Inglesa.
Palavras-Chave: Ensino-aprendizagem; Língua Inglesa; Representações.
INTRODUÇÃO
O trabalho apresenta os resultados da pesquisa intitulada “Representações Sobre
Ensino de Língua Inglesa Construídas pelos Professores de Escolas da Rede Pública De
Porto Nacional-To e Circunvizinhança”, desenvolvida durante o ano de 2012, cujo objetivo
foi investigar as representações que os professores têm sobre o ensino de Língua Inglesa e
como tem sido conduzida a aula na escola pública. O propósito é com base nos resultados
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obtidos propor soluções para questões que surgem no dia-a-dia da sala de aula de LI.
A primeira parte da pesquisa constituiu na coleta de dados e revisão da bibliografia
que versa sobre o tema. Na segunda parte, são trazidos os resultados da observação em sala de
aula, bem como, retomam-se os dados já colhidos a fim de comparar as representações que os
professores fazem sobre o ensino de Língua Inglesa e sua prática em sala de aula.
É notório que o ensino de LI na escola pública brasileira há tempos não tem sido
ofertado de maneira satisfatória. E sem se tratando da aula propriamente dita, esta não tem
conseguido passar da mera transmissão de regras gramaticais ou da simples tradução para
língua materna (Almeida Filho, 1998), ou seja, o ensino das habilidades comunicativas não
tem sido empreendido, o que de certa forma contribui para “a intensificação do senso comum
de que não se aprende língua estrangeira nas escolas regulares” (Paiva, 2003, p. 54). Na
realidade, o aluno da escola pública brasileira dedica sete anos da vida escolar aprendizado
deste idioma para ao final desse período encontrar-se funcionalmente monolíngue (Celani,
1994).
Considerando a importância da vivencia educacional em outra língua e, sobretudo o
papel formativo que essa desempenha no processo de constituição de um indivíduo consciente
de seu papel na sociedade (Almeida Filho, 1998). E ainda, toda a problemática que envolve a
oferta desse ensino nas escolas públicas nos dias atuais. É, sem dúvidas, de suma relevância
que formação profissional, seja inicial ou continuada, esteja associada a uma vivência prática,
que proporcione uma “competência aplicada” que “capacita o professor a ensinar de acordo
com o que sabe conscientemente (subcompetência teórica) permitindo a ele explicar com
plausibilidade porque ensina da maneira como ensina e porque obtém os resultados que
obtém.” (Almeida Filho, 1998, p.13). Competência essa advinda tanto da prática, quanto da
reflexão sobre essa prática (Wallace, 1991).
Daí então, a importância do desenvolvimento de pesquisas, como essa, no meio
acadêmico, pesquisas que se preocupem em investigar as problemáticas que envolvem essa
prática, pesquisas que vão além da investigação ou constatação de problemas, mas cujo
objetivo seja propositura de novas metodologias que possam superar o método tradicional e
suas deficiências. Sendo assim, nosso objetivo é, através da compreensão das representações
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dos professores, refletir sobre essa realidade a fim de propor possíveis soluções para os
problemas.
Conforme pontuado anteriormente a pesquisa desenvolvida constituiu-se basicamente
em duas fases. A primeira foi: investigar as representações que os professores de Língua
Inglesa têm sobre o que é ensinar inglês, ou seja, quais as abordagens didáticas, os que eles
realmente pensam sobre qual seja o papel do aluno e ainda qual o papel do professor nesse
processo. Na fase seguinte, o objetivo foi observar aulas de as aulas de um dos professores
participantes da pesquisa a fim de comparar as representações desse professor com a prática
dele em sala. A problemática levantada foi:Que representações os professores de Língua
Inglesa das escolas públicas de Porto Nacional e Circunvizinhança têm do ensinoaprendizagem dessa língua?De que maneira essas representações influenciam o professor na
prática em sala de aula?
Entende-se que a compreensão da visão do professor sobre o ensino possa realmente
trazer grande colaboração para o empreendimento de ações que visem à melhoria da atuação
em sala de aula. Conforme pontua (Weininger, 2006) “podemos pensar que as contribuições
da investigação poderão apontar três aspectos bastante relevantes para a ocorrência de
projetos futuros, com vista a mudanças: 1) Nas abordagens didáticas no ensino de LI; 2) No
objeto de ensino: a Língua Inglesa; 3) No papel do aluno, do professor e do material
didático.” A abordagem metodológica utilizada no trabalho continuou sendo qualitativainterpretativista, (Vasconcellos, 2002).Foram observadas e analisadas 7 (sete) aulas de uma
das professoras que responderam o questionário.
Os instrumentos metodológicos foram a
aplicação de questionários aos professores de Língua Inglesa das escolas da rede pública de
Porto Nacional e observação descritiva das aulas por meio da confecção de diários reflexivos.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
O conceito de representações defendido por Minayo (1995), Moscovici (2003) e
Celani e Magalhães (2002) foi adotados aqui como suporte teórico para a pesquisa, conceitos
baseados nos campos da Sociologia, da Psicologia Social e Sócio- histórico cultural. Na linha
sociológica Minayo (1995) traz um conceito de Representações Sociais já discutido por
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Émile Durkheim. Conforme Minayo (1995 apud Monteiro, p.19). As representações sociais
seriam:
O termo se refere a categorias de pensamento através das quais determinada
sociedade elabora e expressa sua realidade. Durkheim afirma que essas
categorias não são dadas a priori e não são universais na consciência, mas
surgem ligadas aos fatos sociais, transformando-se, elas próprias, em fatos
sociais passíveis de observação e de interpretação.
A teoria das Representações sociais, discutida inicialmente por Moscovici (2003),
constituiu-se em uma crítica ao caráter individualista da Psicologia Social, perspectiva na qual
o objeto de estudo estava pautado no indivíduo, ou seja, nos fatores internos, de maneira a
desconsiderar o papel da sociedade, funcionando esta apenas como um pano de fundo. Por
outro lado, Moscovici retomou o conceito Durkheimiano de Representações Coletivas
passando a considera-lo como um fenômeno o que era concebido como conceito. (Moscovici,
2003 p. 49).O conceito de representação, antes definido por Durkheim como “artifícios
explanatórios, irredutíveis a qualquer análise posterior” (Moscovici, 2003 p. 45), ou seja, para
ele as representações eram instrumentos meramente explanatórios, não precisavam ser
analisados, descritos ou explicados. Para Moscovici, no entanto, a Psicologia Social deveria
considerar as representações como fenômenos que necessitam ser investigados e explicados.
Daí então, a necessidade de compreendermos e buscarmos explicações para as representações
construídas pelos professores de LI.
Segundo Moscovici (1978), a representação não seria simplesmente reprodução, já que
ao representar algo, o indivíduo o modifica. De maneira que, a representação de um objeto
seria uma (re)apresentação diferente deste.
Nesse sentido, as representações seriam
construídas e não apenas meras reproduções. E ainda, a representação seria “social”, de
acordo com o autor, porque seria construída de maneira conjunta, ou seja, na coletividade. E
o porquê de se representar (a função da representação) se explicaria pelo fato de que esta
contribuiria exclusivamente para os processos de formação de conduta e orientação das
comunicações sociais.
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Com isso, acredita-se que através da investigação das representações que os
professores fazem sobre o ensino-aprendizagem de LI, teremos melhor compreensão sobre as
suas práticas em sala de aula, bem como, do que esses docentes entendem por ensinar inglês.
Nas palavras de Abric (1998, p.28): “a representação funciona como um sistema de
interpretação da realidade que rege as relações dos indivíduos com seu meio físico e social,
ela vai determinar seus comportamentos e suas práticas.” Através da análise das
representações dos professores entenderemos suas interpretações sobre a realidade do ensino
de LI e como essas representações influenciam, e até determinam seus comportamentos e suas
práticas em sala de aula.
Consideramos importante então, trazer para a discussão o conceito de Representações
defendido por Celani e Magalhães (2002, p.321), uma vez que, nessa definição, além dos
contextos sócio-históricos e culturais, as autoras consideram também o aspecto o político, o
ideológico e o teórico. Definem representações como uma cadeia de significações que se dão
através das negociações entre os participantes da interação, são todas as concepções que o
indivíduo constrói sobre si, sobre a sua realidade e sobre tudo que está a sua volta. Dessa
maneira, a investigação das representações que os professores constroem sobre o ensino de
LI, nos ajudará a compreender suas crenças e consequentemente nos norteará na propositura
de soluções para os problemas.
OS PARTICIPANTES DA PESQUISA
Os participantes da pesquisa são professores de Língua Inglesa da cidade de Porto
Nacional e algumas cidades circunvizinhas. No total, foram 22(vinte e dois) professores,
sendo 18(dezoito) do sexo feminino e 4(quatro) do sexo masculino. Três deles fizeram
magistério, 18(dezoito) são graduados em Letras e, um dos professores tem formação em
Teologia, porém trabalha com o ensino de LI. Um dos professores, além de graduado em
Letras, possui pós-graduação em Língua e Literatura, portanto com a maior titulação dentre os
participantes. A faixa etária dos participantes varia entre 20 e 60 anos. Todos os professores
atuam em escolas da rede pública. A maioria deles atua em Porto Nacional-TO, e os outros
nas cidades de (Palmas, Natividade, Brejinho de Nazaré e Monte do Carmo). Os nomes reais
dos participantes não são citados, foram escolhidos pseudônimos para se referir a eles.
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A professora, pseudônimo Tayani, cujas aulas foram observadas, tem 39 anos é
casada, tem 2 (dois) filhos, cursou todo o ensino básico em escolas públicas do Estado do Rio
Grande do Sul, formou-se em Letras, com habilitação em Língua Portuguesa e Língua
Inglesa, no ano de 2010 na Universidade Federal do Tocantins.
ANÁLISE DE DADOS: AS REPRESENTAÇÕES
Como a primeira parte do trabalho foi a investigação das representações dos
professores de LI, foi retomada a discussão acerca do termo representações. Os dados desta
pesquisa foram obtidos através de respostas dadas pelos professores participantes, por meio de
questionário, conforme conceito apresentado anteriormente. LI. (Conforme questionário anexo A). Retomando aqui a problemática da pesquisa:Que representações os professores de
Língua Inglesa das escolas públicas de Porto Nacional e Circunvizinhança têm do ensinoaprendizagem dessa língua?
As respostas obtidas foram transcritas e, os resultados levaram às seguintes
categorizações, descritas nos tópicos seguintes. São: Globalização, Cotidiano e Mercado de
Trabalho; Representação: Falta Investimento; Formação do professor; Representação do
Ensino como Deficitário; O ensino de LI deveria começar nas séries iniciais e Representações
Sobre as Abordagens e Metodologias de Ensino de LI.
Quando perguntados sobre a importância do ensino de LI na escola pública, os
professores, revelaram que o ensino de Língua Inglesa seria importante, devido ao mundo
global em que vivemos, à presença cada vez maior da língua inglesa em nosso cotidiano,
através da internet e, sobretudo da importância do domínio desse idioma em um mundo cada
vez mais competitivo e globalizado, um bom desempenho no inglês se torna um grande
diferencial na procura por um emprego.
Boa parte dos professores afirmou que o Ensino LI na escola pública, não teria o
investimento necessário para ser melhor ofertado. Para a professora Simone, o ensino de LI
também necessita de mais investimento, sobretudo que a língua seja incluída no currículo
escolar desde as séries iniciais, evitando, dessa forma futuros problemas com o
desenvolvimento da língua.Conforme afirma (Almeida Filho, 1998:07), “O poder dos
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governantes e administradores(...) tem expressado mal nos meandros de suas decisões e atos o
valor de uma bem sucedida vivência educacional em outras línguas.”
Indagados sobre a importância da LI na escola pública alguns professores
apresentaram representações comuns sobre a formação do professor de LI. O professor
Bruno, representa o ensino de LI como sendo fraco, ineficiente, uma vez que a formação
acadêmica dos professores não seria suficiente, isso expressa a percepção do professor quanto
a necessidade de aperfeiçoamento constante. Essa se mostra como uma preocupação bastante
frequente entre os professores participantes. Confirmando essa crença Roberto reforça que
“o maior problema encontra-se na formação continuada (...) faltam políticas públicas de
formação continuada (...), parceria universidade-escola.” Segundo Meire Lúcia: “o professor
não consegue acompanhar a evolução”.
Para os professores de LI o ensino seria deficitário, deixaria a desejar,
precisaria melhorar e ainda estaria melhorando. Todas essas falas revelam uma representação
bastante corrente tanto entre os especialistas e poderíamos dizer até já faz parte do senso
comum da sociedade. Acredita-se que nas escolas públicas de modo geral, com raras
exceções, o aluno não chegue a um nível linguístico que o proporcione ler em língua inglesa,
menos ainda desenvolver as quatro habilidades linguísticas necessárias para um bom
desempenho na língua, conforme pontua (Almeida Filho, 1998 p. 07): “Muitos analistas têm
apontado a erosão qualitativa da antiga boa escola e do ensino de línguas em particular.”
A representação de que o ensino de LI seria mais eficaz se começasse ainda no ensino
fundamental é bastante comum entre os professores. Aliás, esta, tem sido uma questão
bastante discutida nos últimos anos, sobretudo no campo de estudos sobre aquisição da
linguagem. Esses estudos postulam a Hipótese do Período Crítico, sobre esse assunto Scarpa
(2001) traz a definição defendida por Pinker. Para ele, a aquisição normal da língua seria
garantida até por volta dos 6 anos de idade, a partir daí até a adolescência estaria
comprometida e depois dessa fase se tornaria rara, constituindo o período crítico. Existem, no
entanto, linhas de pensamento opostas; Flege(1995) defende o Modelo de Aprendizagem da
Fala, no qual se acredita que os mecanismos de aprendizagem da fala permaneceriam intactos
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durante toda a vida do indivíduo, embora a produção na Língua Alvo possa não atingir um
grau de semelhança com a de um falante nativo.
Quando perguntados sobre o que de fato “daria certo”, ou seja, o que daria resultados
positivos na aula de, os professores deram respostas variadas. Surgiram representações, tanto
de cunho bastante tradicional, com aulas pura e simplesmente expositivas, pautadas na
gramática e compreensão textual, quanto abordagens mais preocupadas com a produção oral,
compreensão, interação e produção de significado, caracterizando uma abordagem mais
comunicativa.
No geral, parte significativa dos professores expõem suas representações quanto às
metodologias que segundo eles se obteriam bons resultados, representações essas baseadas,
sobretudo, numa tendência de ensino mais voltada para a comunicação, considerando o ensino
pautado nas próprias experiências dos alunos a fim de que essas façam sentido e sejam
melhores apreendidas. As representações aqui expostas podem ser resquícios da influência
dos cursos de formação continuada, nos quais os professores têm acesso às novas tendências
do ensino LI, porém o acesso ao aporte teórico sobre essas novas abordagens não
necessariamente conseguem trazer resultados práticos na atuação do professor.Outra parte dos
professores apresentou representações do ensino de LI ainda bastante pautadasna abordagem
tradicional de ensino. Segundo Vanessa“O que dá certo, às vezes, as estruturas gramaticais,
pois só isso que é ensinado.”
Percebe-se que, na visão da professora o que daria certo seriam as aulas baseadas nas
estruturas da gramática, porém a própria pontua que “às vezes”, “dá certo” e ainda
demonstrando a realidade do ensino diz “pois só isso que é ensinado”. Essa representação, por
sua vez, pode estar baseada na própria experiência de aprendizado até então conhecida pelo
professor, já que todos os participantes ainda são frutos de um modelo de ensino tradicional.
Vejamos o que Almeida Filho (1998 p.20): “O professor pode basear-se em como foram
ensinados pelos seus professores, sendo, portanto, uma abordagem implícita”.
Através dessas falas dos professores é possível perceber que todos tem consciência de
como deve ser uma aula de LI, ou seja, que tipo de abordagem metodológica pode levar a
resultados satisfatórios. Nesse ponto, percebemos que nossa pesquisa ainda precisava avançar,
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no sentido de adentrarmos a sala de aula e verificarmos se os discursos colocados pelos
professores condizem com suas práticas em sala de aula, a fim de aumentar nossa
compreensão sobre as representações das abordagens de ensino do professor. É o que nos
propomos a fazer agora, analisar as aulas ministradas por um dos professores participantes da
pesquisa a fim de compreender se as representações trazidas pelo professor condizem com sua
prática em sala de aula.
REPRESENTAÇÕES versus PRÁTICA
Ao responder ao questionário a professora (Tayani) em uma opinião sobre o ensino de
LI na escola pública respondeu: “Fundamental para a formação do individuo na atual
sociedade competitiva e exigente. Porém, deve ser trabalhada deve ser trabalhada a
conscientização dos educandos sobre a importância da língua inglesa.(Tayani). E sobre a
importância desse ensino:
“Formar e capacitar os estudantes para a interação e
preparação de experiências futuras.” A respeito de que metodologias dariam funcionariam
em sala de aula de LI, ela afirmou: “Aulas expositivas, com músicas, vídeos e imagens
contextualizadas”
De modo geral, as aulas da professora não refletiram as representações, ou seja, apesar
de dizer que “Aulas expositivas, com músicas, vídeos e imagens contextualizadas” são bons
métodos para se trabalhar em sala, ao observar suas aulas, ao observar as aulas, percebe-se
que suas aulas são, em sua maioria, baseadas em um método tradicional. Na maior parte das
aulas, os procedimentos foram: explanação do conteúdo, atividade no quadro para que os
alunos escrevessem e respondessem no caderno. Apenas uma das aulas trabalhou-se com
música, no entanto, essa não foi bem explorada, pois não foi trabalhada a pronúncia.
Os conteúdos foram trabalhados de forma descontextualizada, o que dificultou o
aprendizado dos alunos, na maioria das vezes, eles respondiam as atividades contando com a
sorte, pois não entendiam o texto que a professora passava no quadro, nem tampouco o que
deveriam fazer. Os alunos faziam as tarefas para somar pontos para serem aprovados na
disciplina, pois não houve aprendizado.A professora representa o ensino de LI como sendo de
suma importância para a formação do individuo, coloca ainda que os professores precisam
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conscientizar os alunos da importância de se saber outro idioma. Entretanto nas aulas
observadas não houve essa preocupação, pelo contrário, parece que a própria metodologia
utilizada, reforçava ainda mais no inconsciente dos alunos que eles não aprenderiam esse
idioma e que este não é relevante.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A compreensão das representações dos professores sobre o ensino de LI, bem como, a
investigação da aula, como vimos, é de suma importância para o empreendimento de
mudanças significativas no sentido de melhorar o ensino que é oferecido aos educandos.
Os resultados obtidos através da pesquisa até o momento apontam para uma
representação comum entre os professores sobre a importância da garantia do ensino de LI na
escola pública, como uma maneira de atender as necessidades de conviver em um mundo cada
vez mais globalizado e competitivo, bem como, da presença cada vez maior do idioma em
nosso cotidiano, principalmente através da internet.Os professores apresentam ainda, a
representação de que o ensino de LI é deficiente devido à falta de investimento em materiais
de boa qualidade, bem como, má-formação que os professores recebem. Afirmam também,
que a disciplina Língua Inglesa deveria ser incluída no currículo escolar desde as séries
iniciais, o que segundo eles traria melhores resultados no aprendizado dos alunos.
Além disso, percebe-se nas falas dos docentes representações sobre as abordagens de
ensino que para eles seriam as que “dariam certo”, ou seja, surtiriam melhores efeitos no
aprendizado dos alunos. Porém, ao observar a aula de um desses professores, percebe-se que
na pratica a realidade é outra, as aulas continuam pautadas numa abordagem tradicionalista,
na qual os alunos não desenvolvem as habilidades para comunicação na Língua Inglesa.Em
suma, entende-se que há a consciência da importância do ensino de LI, do desenvolvimento
de habilidades comunicativas, do uso de metodologia que seja mais atrativa e que envolva os
alunos de maneira contextualizada, porém na prática em sala de aula, não se consegue
empreender uma aula de inglês, que não seja baseada na tradução ou gramática.
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