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PREVALÊNCIA DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES EM
PESSOAS DA TERCEIRA IDADE PRATICANTES DE
EXERCÍCIO FÍSICO
CARDIAVASCULAR DISEASE PREVALENCE OF PHYSICAL
EXERCISE PRACTICE IN ELDERLY
Fernanda Granato de Souza
Profa Dra. Giovana Zarpellon Mazo (orientadora)
Adilson....
Mario Nascimento....
RESUMO
O objetivo deste estudo foi verificar o prognóstico de risco cardiovascular em idosos
praticantes de exercícios físicos que apresentam doenças cardiovasculares em geral ou não. A
amostra foi composta por 82 participantes do Grupo de Estudo da Terceira Idade
(GETI/UDESC), sendo 13 homens e 69 mulheres, com média de idade de 62,65 anos. A
amostra caracteriza-se por 58% ser casada, 26,8% possuir ensino fundamental incompleto e
36,6% ter renda mensal superior a seis salários mínimos, 73,2% apresentam algum tipo de
doença, e 81% tomam algum tipo de medicamento. Foram coletadas as medidas
antropométricas massa e estatura e as medidas da cintura e quadril. Como resultados
encontrados para este estudo, foi identificada uma associação significativa entre Índice Cintura
Quadril e doença cardiovascular (p=0,041). Os indivíduos considerados de alto risco para o
Índice Cintura Quadril possuem 4 vezes mais chance de possuir e/ou agravar as doenças
cardiovasculares. Em relação aos os indivíduos obesos, a chance é de 3 vezes mais para a
mesma situação. Verificou-se que nos homens o IMC está significativamente associado à
doença cardiovascular (p=0,035), já para as mulheres, a associação significativa foi observada
entre o ICQ e a DC (p=0,023)., Em relação a esta população, pode-se concluir que as variáveis
Índice de Massa corporal e Índice Cintura Quadril mostram-se eficientes quando relacionadas
com a predisposição para adquirir e/ou agravar doenças cardiovasculares em pessoas da
terceira idade.
Palavras-chave: Terceira Idade, exercício físico, risco cardiovascular.
ABSTRACT
This study had as objective to verify the cardiavascular risk prognostic in aged
practitioners of physical exercises that do or do not present cardiac diseases. The sample was
composed by 82 participants of the Third Age Studies Group – Grupo de Estudos da Terceira
Idade (GETI/UDESC), 13 men and 69 women, with an average age of 62.65 years. The sample
is characterized by 58% being married, 26.8% having Incomplete Basic Education and 36.6%
having monthly income superior to that of six minimum wages. 73.2% present some sort of
illness, and 81% take some type of medicine. The anthropometric measures mass and stature
and the measures of the waist and hip were collected. The data were organized and treated in
the statistical program SPSS 11.0 for Windows. As results showed, a significant association
was identified between WHR and cardiovascular disease (p=0.041). For this study, obese
individuals have an approximately 3 times bigger possibility to possess it, and individuals
considered as having a high risk Waist-Hip Ratio, possess a 4 times bigger chance to have it. It
2
was verified that in men the BMI is significantly associated to cardiovascular illness (p=0.035),
as for the women, the significant association was observed between the WHR and CD
(p=0.023). With this study, it can be concluded that the variables Body Mass Index and WaistHip Ratio reveal efficiency when related to the risk of cardiovascular diseases, in this elderly
group.
Keywords: Elderly, physical exercise, cardiovascular risk.
INTRODUÇÃO
Cada vez mais aumenta o número de pessoas na terceira idade. Em 1950, eram cerca
de 204 milhões de idosos no mundo e, já em 1998, quase cinco décadas depois, este
contingente alcançava 579 milhões de pessoas, um crescimento de quase 8 milhões de
pessoas idosas por ano
(1)
. Esse crescimento mostra-se também significante no Brasil, em que
a previsão, segundo o IBGE (2002)(1), é de que em 2025 a população idosa brasileira poderá
ultrapassar os 32 milhões de pessoas e deverá representar quase 13% da população ao final
deste período.
Com esse aumento, cresce também o número de doenças comuns a esta faixa etária. O
rápido processo de envelhecimento populacional brasileiro, que como conseqüência elevou o
número de idosos, representa um grande desafio para o sistema de saúde, pela maior
incidência de doenças crônicas e incapacidades físicas, levando a crescentes custos
econômicos e sociais (2).
Entre as doenças que apresentam maior taxa de mortalidade no Brasil, ganham
destaque as doenças cardiovasculares, que representam importante problema de saúde
pública em todo o mundo, visto que constituem a principal causa de morbi-mortalidade,
incapacidade e representam os mais altos custos em assistência médica. (3, 4).
Com o processo de envelhecimento, existem mudanças principalmente na estatura, no
peso e na composição corporal
(5)
, fatores esses que nos fazem ter uma preocupação maior
com o risco de doenças cardiovasculares nessa faixa etária. Valores como o Índice de Massa
Corporal (IMC) e o Índice Cintura Quadril (ICQ) são descritos como uma forma de apontar esse
risco. É possível encontrar diversos estudos que utilizam esta variável como uma forma de
controlar este tipo de risco para esta população. Na I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e
Tratamento da Síndrome Metabólica (2004)(6), essas medidas são indicadas para ser utilizada
como uma das formas do risco cardíaco. Esta indicação é encontrada também no estudo de
Cabrera (2005)
(7)
, que ressaltou a importância da aferição da ICQ como parâmetro
antropométrico de distribuição de gordura central na análise de risco entre as mulheres acima
de 60 anos. Para o IMC, valores acima da normalidade estão relacionados com o incremento
da mortalidade por doenças cardiovasculares e diabetes(8).
A prática regular de atividade física tem sido recomendada para a prevenção e
tratamento de doenças cardiovasculares, seus fatores de risco, e outras doenças crônicas
(9)
.
Em outros estudos também podemos encontrar recomendações de exercício físico para
3
atuação nos fatores de risco(6) , e sugestão para um tratamento de reabilitação com especial
ênfase no treinamento físico
aderem
a
programas
(10)
de
. Neste mesmo estudo concluiu-se que Os pacientes que
reabilitação
cardíaca
apresentam
inúmeras
mudanças
hemodinâmicas, metabólicas, miocárdicas, vasculares, alimentares e psicológicas que estão
associadas ao melhor controle dos fatores de risco e à melhora da qualidade de vida (10).
Pessoas da terceira idade aderem a programas de exercícios físicos, apresentando
problemas cardiovasculares ou não. Este fato insere uma questão muito importante para
profissionais que trabalham com esta faixa etária, visto que a prática de atividades físicas se
torna imprescindível a saúde e bem estar desses indivíduos em especial
(10)
. Verificar a entre
essas pessoas é um dado importante para um maior preparo desses profissionais. Com isso, o
presente estudo tem por objetivo verificar a prevalência de doenças cardiovasculares em
idosos praticantes de exercícios físicos que apresentam doenças cardiovasculares em geral ou
não.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
População e Amostra
A população deste estudo é composta por 219 pessoas da terceira idade participantes
dos programas de exercícios físicos oferecidos pelo Grupo de Estudos da Terceira Idade –
GETI/UDESC, que realizaram os testes de avaliação física em fevereiro e março de 2008.
A amostra foi do tipo não-probabilística, com a técnica de seleção intencional dos
participantes. Para este estudo foram selecionados apenas os indivíduos com idades entre 50
e 69 anos, uma vez que um dos indicadores de risco utilizados possui classificação de risco até
69 anos de idade. Com isso, a amostra foi composta por 82 pessoas da terceira idade, com
idade média de 62,2 (DP=4,6), sendo 13 (15,9%) homens e 69 (84,1%) mulheres.
Instrumentos
Inicialmente foi aplicado um questionário de identificação, aplicado em forma de
entrevista, no qual foram coletadas informações de identificação (idade, sexo, estado civil,
renda familiar e escolaridade), e de questões de saúde (ser acometido por alguma doença e
tomar medicamentos). Nestas últimas verificou-se o acometimento por doença cardiovascular
(Classificação Internacional de Doenças – CID 10).
Para verificação da massa corporal, foi utilizada uma balança digital da marca PLENNA,
modelo WIND MEA-07710, com capacidade máxima de 150 kg e resolução de 0,1
quilogramas. Para verificar a estatura, foi utilizado o estadiômetro WCS 2,17m, com plataforma,
da marca CARDIOMED, o qual encontrava-se fixado à parede. Estas duas medidas foram
utilizadas para o cálculo do IMC.
4
A aferição da circunferência da cintura ocorreu com auxílio de uma fita antropométrica,
com escala em milímetros, e a medida foi tomada de acordo com recomendações da World
Health Organization
(11)
, sendo o ponto médio entre o último arco costal e a crista ilíaca o ponto
de medição.
A aferição da circunferência de quadril seguiu da seguinte forma: faz-se a mensuração
no maior perímetro do quadril, levando-se em consideração a porção mais volumosa das
nádegas (12).
Neste estudo foram utilizados dois indicadores de risco para a saúde do indivíduo, os
quais foram o Índice de Massa Corporal (IMC) e o Índice Cintura-Quadril (ICQ).
Coleta de Dados
Esta pesquisa foi aprovada no Comitê de Ética da UDESC em 20 de dezembro de 2007,
processo nº. 185/07.
As coletas de dados foram realizadas em fevereiro e março de 2008. Os dados foram
coletados por alunos do CEFID/UDESC previamente treinados. Inicialmente, realizou-se um
contato pessoal com os sujeitos do estudo, explicando-se o objetivo da pesquisa e solicitando a
sua participação na pesquisa. Em seguida, foram agendados a data, o horário e o local para a
avaliação antropométrica e das entrevistas.
No dia da coleta, explicou-se aos idosos quais seriam os procedimentos a serem
realizados, ou seja, primeiramente responder à ficha diagnóstica e posteriormente a aferição
das medidas massa corporal, estatura e medidas da cintura e quadril. Os idosos, ao
concordarem em participar da pesquisa, assinaram o termo de consentimento em duas vias,
ficando uma via de posse da idosa e a outra do programa GETI.
Análise de Dados
A determinação do IMC foi obtida por meio da seguinte fórmula: [IMC = Massa Corporal
(kg) / Estatura(m)2]. Para a classificação do IMC dos idosos foi utilizado, inicialmente, o critério
da World Health Organization (1998)
(13)
, que define baixo peso (<18,5 kg/m2), peso normal
(≥18,5 e <25 kg/m2), sobrepeso (≥25 e <30 kg/m2), e obesidade (≥30 kg/m2). Porém, para fins
estatísticos no estudo, adotou-se apenas dois pontos de corte: normal (<25 kg/m2) e excesso
de peso (≥25 kg/m2).
O ICQ foi obtido por meio da razão entre a circunferência da cintura pela circunferência
do quadril. A classificação dos idosos segundo o ICQ foi segundo a tabela de Heyward e
Stolarczyk (2000)
(13)
. Também para fins estatísticos adotou-se apenas dois pontos de corte:
baixo risco (≤0,98 para homens e ≤0,83 para mulheres) e alto risco (≥0,99 para homens e
≥0,84 para mulheres).
Os dados foram organizados e tratados no programa estatístico SPSS 13.0 para
Windows. A análise estatística descritiva utilizada ocorreu por meio das medidas de tendência
5
central (média) e de dispersão (desvio padrão) para a idade e valores brutos do IMC e ICQ, e
de freqüências simples e percentuais para as demais variáveis.
Utilizou-se o teste do Qui-Quadrado para se avaliar a existência de associação entre os
indicadores de risco para a saúde (IMC e ICQ) e o acometimento por doença cardiovascular,
adotando-se o Teste Exato de Fisher quando necessário. A análise de regressão logística foi
utilizada para se identificar os odds ratio de cada indicador, ajustando por sexo por causa da já
ser evidenciada na literatura uma diferença entre os sexos no acometimento por doenças
cardiovasculares. Em todas as análises foi adotado um nível de significância de p≤0,05.
RESULTADOS
A amostra apresentou Idade Média de 62,65 anos (DP=4,66), sendo composta por
84,1% mulheres e 15,9% de homens. Em relação ao estado civil, sua maior parte (58,5%)
encontra-se casada. Entre os integrantes da amostra, 26,8% possuem o Ensino Fundamental
Incompleto, e 24,4% possuem Ensino Médio Completo. Sua renda mensal é superior a seis
salários mínimos (36,6%). Cerca de 73,2% da amostra apresenta algum tipo de doença, e 81%
tomam algum tipo de medicamento.
Na pesquisa, o valor médio para o IMC foi de 27,9 (DP=3,92; Md=26,21) para homens e
28,03 (DP=5,33; Md=27,66) para mulheres. Valores estes que expressam, segundo a WHO
(1998), uma classificação de sobrepeso (≥25 e <30 kg/m2) para ambos os sexos.
Para o ICQ, a média encontrada para os homens foi de 0,94 (DP= 0,039; Md=0,95),
valor considerado risco moderado, tanto para homens de 50 a 59 anos (0,90 – 0,96) quanto
para homens de 60 – 69 anos (0,91 – 0,98) Heyward e Stolaczyk (2000) (13). Para as mulheres,
este valor diminui para 0,88 (DP=0,056; Md=0,88), entretanto considerado risco alto para
mulheres entre 50 e 59 anos (0,82 – 0,88) e para mulheres entre 60 e 69 anos (0,84 – 0,90).
Foi constatada a prevalência de 46,3% de doença cardiovascular (DC) na amostra
estudada. Quando separados por sexo, encontra-se diferença desta prevalência para os
homens e as mulheres deste estudo. Entre os que apresentam este tipo de doença, 81,5% do
total de homens da amostra, e 43,5% também do total das mulheres foram os valores
encontrados.
Foram identificadas associações significativas tanto entre IMC e DC (p=0,018) quanto
entre CI e DC (p=0,061) e entre ICQ e DC (p=0,041). Os dados referentes a esta análise estão
expressos na Tabela 1, onde os valores de odds foram ajustados por sexo.
6
Tabela 1. Associação entre os indicadores de IMC e ICQ e o acometimento por doença
cardiovascular.
Doença Cardiovascular
Indicadores
Sim
n (%)
Não
n (%)
IMC
Excesso de peso 32 (55,2)
Normal
06 (25)
26 (44,8)
18 (75)
ICQ
Alto risco
Baixo risco
29 (49,2)
15 (65,2)
30 (50,8)
08 (34,8)
Total
82
58
24
82
59
23
OR (95% IC)*
Valor de p*
3,638 (1,253 – 10,564)
0,018
4,059 (1,057 – 15,590)
0,041
* Odds ratio ajustado por sexo
A partir dessa análise observou-se que, em relação ao IMC, os indivíduos considerados
com excesso de peso (IMC>24,9) apresentaram aproximadamente 3,5 (IC.95% = 1,253 –
10,564) vezes mais chance de possuir a DC do que os indivíduos considerados com IMC
normal. Para o ICQ observou-se que a chance de possuir a DC foi 4 (IC.95% = 1,057 – 15,59)
vezes maior para os indivíduos considerados de alto risco, do que para os classificados como
baixo risco. Os resultados aqui descritos foram ajustados por sexo, e são expostos na Tabela 2
para melhor visualização.
Para o IMC, um indivíduo classificado com excesso de peso possui 130% de chance de
possuir a doença, contra apenas 33,3% para os indivíduos classificados com peso normal
(Figura 1). Em relação ao ICQ, observou-se que os indivíduos com alto risco apresentam uma
chance de 103% de possuir a doença, enquanto que os de baixo risco possuem 53,2% de
chance.
150
***
***
100
Alto risco
Baixo risco
%
50
0
IMC*
ICQ**
Figura 1. Chance de possuir doença cardiovascular de acordo com os indicadores (IMC e
ICQ).
* Neste lê-se: excesso de peso (alto risco) e normal (baixo risco). ** Ajustado por sexo. *** Diferenças significativas
(p≤0,05)
Em função de o ajuste por sexo ter alterado significativamente os odds ratio dos
indicadores de risco, principalmente do ICQ, com o acometimento por DC optou-se por verificar
7
a associação das variáveis divididas por sexo (Tabela 3). Com isso, verificou-se que nos
homens o IMC está significativamente associado à DC (p=0,035), já para as mulheres, a
associação significativa foi observada entre o ICQ e a DC (p=0,023). Essas diferenças
referentes ao sexo explicam a necessidade de se ter ajustado a análise dos odds ratio por
sexo.
Tabela 3. Associação entre os indicadores de IMC e ICQ e o acometimento por doença
cardiovascular de acordo com sexo.
Feminino
Masculino
D. Cardiovascular
D. Cardiovascular
N
Sim
n (%)
Não
n (%)
IMC
Excesso de peso
Normal
24 (50)
06 (28,6)
24 (50)
15 (71,4)
69
48
21
ICQ
Alto risco
Baixo risco
28 (50)
02 (15,4)
28 (50)
11 (84,6)
69
56
13
pA
N
pA
02 (20)
03 (100)
13
10
03
0,035*
01 (33,3)
04 (40)
13
03
10
1,000*
Sim
n (%)
Não
n (%)
0,098
08 (80)
00 (00)
0,023
02 (66,7)
06 (60)
A
Valor de p para o teste Chi-quadrado bi-caudal.
* Teste exato de Fisher.
DISCUSSÃO
Neste estudo, foi encontrado que o IMC e o ICQ foram associados a ter doença
cardiovascular. Isso se explica pelo fato de que parte da amostra já apresentava doença
cardiovascular (46,3%). Por outro lado, esses indicadores podem ser monitorados para o
prognóstico da doença e consequentemente de potenciais eventos cardiovasculares, como o
infarto agudo do miocárdio e o acidente vascular encefálico.
No estudo de Silva, Simões e Leite (2007)
(14)
, em que relaciona fatores risco para
doenças cardiovasculares em idosos com diabetes mellitus tipo 2, encontrou-se resultados
relevantes quando se tratando de RCQ e também do IMC. Este estudo constatou que a
obesidade, principalmente a distribuição central, associou-se a alguns fatores de risco de
doenças cardiovasculares, tais como Diabete mellitus 2, dislipidemia e hipertensão arterial
sistólica.
Comparando a incidência de doenças cardiovasculares com o sexo, encontram-se
valores interessantes. Entre os homens, 81,5% apresentam doenças cardiovasculares. Já entre
as mulheres, este número cai para 43,5%. Ou seja, doenças desse porte são mais comuns
entre os homens do que entre as mulheres, para esta faixa etária neste grupo estudado. O
mesmo não se pode dizer em um estudo feito Em São Paulo
(14)
, em que 69,4% dos homens
não apresentaram histórico de doenças cardiovasculares, ou seja, ocorreu o oposto nos
estudos citados. Entre as mulheres, o resultado não foi muito parecido também. Para esta
8
variável, o valor em questão caiu praticamente a metade, ou seja, 20,3% delas apresentaram
doenças cardiovasculares.
Para este estudo, indivíduos com excesso de peso apresentaram aproximadamente 3
vezes mais chance de possuir DC, e indivíduos considerados alto risco para ICQ, possuem 4
vezes mais essa chance. Isto é um dado importante, já que, grande parte dos estudos os
valores para IMC e ICQ encontram-se alterados, principalmente nas mulheres (15,16, 3).
Em geral, o IMC da amostra obteve um valor médio de 27,9 para os homens e 28,3 para
as mulheres. Pode-se considerar este valor alto, quando comparamos a outros estudos com a
mesma faixa etária. Em uma pesquisa de avaliação antropométrica de idosos residentes de
instituições geriátricas de Fortaleza, estado do Ceará, obteve valores médios para o IMC de
22,1 para os homens e 24,3 para as mulheres
(2005)
(16)
. Quando comparado ao estudo de Cabrera
(7)
, o valor médio para o IMC em idosas foi de 26,3. Este valor aproxima-se um pouco
mais do encontrado, apesar ainda de ser mais o mais alto dos estudos analisados.
Entre os homens deste estudo, 80% dos que apresentam doenças cardiovasculares
estão com excesso de peso, e 66,7% apresentam alto risco para saúde (ICQ). Entre os que
não têm esse histórico, 100% são considerados com IMC normal, e 60% apresentam baixo
risco para saúde (ICQ). Para a variável ICQ, não foi encontrado valor estatisticamente
significativo (p=1,000). Acredita-se que este fato ocorreu devido ao reduzido número de
homens neste estudo. No estudo de Santos e Sichieri (2005) (15), que teve por objetivo avaliar o
estado nutricional dos idosos e comparar o IMC com indicadores de adiposidade e localização
de gordura em idosos e adultos de meia idade, para a amostra com idades entre 60 e 69,9
anos, 50,6% dos homens apresentaram IMC superior a 25 Kg/m2,ou seja, em situação de
sobrepeso. Neste mesmo estudo, para a variável Relação Cintura Quadril, apenas 17,5%
apresentou valores inadequados. Este estudo encontra índices bem menores do que os
encontrados no atual. Entretanto, o estudo não se dispôs a relacioná-los com o risco cardíaco.
Há outros estudos em que a percentagem de idosos com IMC considerado normal é muito
baixo (13%) (17).
Entre as mulheres, comparando o IMC, 50% das mulheres com histórico de doenças
caridovasculares estão obesas. Número este que se repete quando se trata de alto risco para
saúde (ICQ). 71,4% das que não tem doenças cardiovasculares são consideradas nãoobesas. Entre elas, 84,6% apresentam baixo risco para o ICQ. Para a variável IMC, não foi
encontrado valor estatisticamente significativo. Entretanto, a variável ICQ, quando a associação
ajustada por sexo, mostrou ser um bom indicador para DC, apresentando valores
estatisticamente significativos para o grupo feminino.
Fazendo a mesma comparação dos homens, relacionando ao mesmo estudo (15), 58,7%
das mulheres com idade entre 60 e 69,9 anos apresentam-se em situação de sobrepeso.
52,3% delas apresentam valores para a Relação Cintura Quadril inadequados aos padrões
estipulados.
9
Ao contrário do resultado deste estudo, para Cabrera (2005) (7), os resultados encontrados para
o ICQ não se mostraram estatisticamente significativos, apresentando média de 0,92 nas
idosas estudadas, (DP = 0,06) e não mostrando relação alguma com o risco de doenças
cardiovasculares.
Este estudo apresentou alguns fatores limitantes para esta pesquisa. O primeiro deles
foi o reduzido número de homens participantes da amostra. Este acontecimento ocorreu devido
ao fato de, no programa de atividade física da Universidade, o número de homens já ser bem
reduzido. Outro fator que limitou a pesquisa foi o número total da amostra, que se tornou
encurtado, devido ao fato de grande parte dos integrantes do programa ter idade superior a 69
anos, idade limitada pela falta nos indicadores do Índice Cintura Quadril (ICQ).
CONCLUSÃO
Com este estudo, pode-se concluir que, mesmo sendo praticantes de exercícios físicos,
o risco cardiovascular é muito alto para aqueles que já apresentam histórico de doenças
cardiovasculares, o que eleva a possibilidade de eventos cardíacos. Pode-se perceber também
que as variáveis IMC e ICQ mostram-se eficientes quando relacionadas com o risco de
doenças cardiovasculares neste grupo.
A partir deste estudo, é importante o avanço para novas pesquisas sobre o tema,
principalmente abrangendo idosos com idade superior a 69 anos, limitação encontrada neste
estudo.
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