Universidade do Vale do Itajaí
Centro de Educação São José
Curso de Relações Internacionais
O contexto internacional na era da informação: o problema da
exclusão digital
Fernando Silveira da Silva
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado a banca examinadora do curso
de Relações Internacionais como parte
das exigências para a obtenção do título de
bacharel em Relações Internacionais,
pela Universidade do Vale do Itajaí
Professor Orientador: Paulo Jonas Grando
UNIVALI- São José
SÃO JOSÉ - 2008.
1
RESUMO
Com a crescente insurgência de uma nova era, que chamamos neste artigo de era
informacional, vê-se a necessidade de expor um dos problemas levantados para a
conformação desta: a exclusão digital, que surge como uma nova barreira socioeconômica
para os indivíduos, sociedades, empresas e países classificarem seu grau de inserção no
sistema internacional Para compreender e explicar o problema deste cenário atual utiliza-se a
compilação histórica de Alvin Toffler, sobre as ondas de transformação que o mundo passou
até atingir a atual configuração de uma época pós-industrial. É nesta que se configura a luta
para acompanhar as ondas de transformação e no processo que surgem os marginalizados. A
compreensão de quem são e o porquê surgem é trabalhada com a idéia de Meza (2007), sobre
sociedades info-ricas e info-pobres. O trabalho conclui que as sociedades e/ou aqueles Estados
que se configuram como sociedades info-ricas produzem e difundem conhecimentos e
tecnologias relativos a esta nova era informacional, ao passo que as sociedade info-pobres,
apenas absorvem ou ficam marginalizadas deste processo.
Palavras-chave: transformações pós-industriais, era informacional e exclusão digital,
hierarquia internacional.
Abstract,
Due the appearance of a new age, which we call in this article informational age, it
shows the need to demonstrate one problem of this period: the digital divide, which
raises one social economic barrier for people, society, companies and countries in
order to classified their insertion level at the international system. To understand and
explain this actual scenario problem it uses the historical compilation of Alvin Toffler,
about transformation waves, the world being through until reaches this actual
configuration of an after-industrial age. It is on this struggle which configurates who
follow the process and the ones which stay out. The understanding about who they are
and why they appear it is explained with Meza’s idea, about the rich and poor
technologies society. This article concludes that all the rich technologies society
produces and expand knowledge and technologies pertaining this new era as the poor
technology society just kept or stay far away of this process.
Key – words: After-industrial age, informational era, digital divide,
international hierarch.
2
O contexto internacional na era da informação: o problema da exclusão
digital
Fernando Silveira da Silva
Introdução
“Tudo pode e deve ser racionalizado, quantificado e digitalizado, sendo o
operador humano obrigado a se comportar como um supercomputador.
Victor Scardigli no Lê Monde Diplomatique”
A dinâmica da exclusão digital na era da informação parte de uma crítica de Meza
(2007), na qual este autor afirma que faltam contribuições substanciais como a das Relações
Internacionais sobre o tema da sociedade da informação na disciplina e seus impactos. De
fato, este não é um assunto muito debatido no seio deste campo do conhecimento. Contudo,
mesmo observando esta dificuldade, este artigo se propõe a explorar esta temática. Para isto a
investigação delimitou o seguinte recorte temático: os impactos do período denominado
sociedade de informação nas relações entre os países, em função de fenômenos como a
inclusão e/ou a exclusão digital.
A problemática em relação a este assunto está ligada à tentativa de se compreender
quais seriam os principais efeitos que a inclusão/exclusão digital produz nos países do sistema
internacional. De acordo com Meza (2007) as sociedades digitais podem ser qualificadas, de
acordo com duas características, em info-ricas e info-pobres. Diante disto, a pesquisa
procurou encontrar possíveis respostas para as seguintes indagações: quais são as
interpretações que surgiram sobre a noção de sociedade da informação? Como os
aprimoramentos técnicos e científicos se tornaram importantes para caracterizar as sociedades
nacionais como info-pobres e info-ricas e como a exclusão digital afeta as oportunidades dos
países em um ambiente internacional cada vez mais competitivo?
A noção de sociedade de informação é utilizada para caracterizar o período
contemporâneo, pós era industrial (TOFLER, 1998). Dado esta característica, vive-se um
cenário em que diversos tipos de produtos oriundos dos avanços da informática e da área de
informações, produzidas por diferentes tipos de mídias e tecnologias, circulam pelo mundo
quase que livremente. Esta caracterização permite identificar a idéia da exclusão digital em
um mundo que vem baseando seus aparatos de gestão, controle de produção no uso e na
difusão do conhecimento, este tomado tanto como bem de produção como produto de
3
consumo. Dado o fato de que a era da informação foi possibilitada pelas ferramentas das
tecnologias da informação, estas frutos do amadurecimento técnico e cientifico, nesse período
surgem sociedades que por inúmeros motivos não podem ser consideradas inseridas ou que
apenas parcialmente se inserem no domínio e na utilização das tecnologias digitais. Este
aspecto produz uma nova forma de exclusão nas relações internacionais: aqueles estados e
países que não estiverem atentos para a questão podem enfrentar problemas que vão desde a
falta de capacidade de interação com os outros atores internacionais, redução de sua eficiência
produtiva e o conseqüente rebaixamento de sua posição no sistema interestatal de poder, entre
outros aspectos. Assim, dado o exposto, o objetivo geral do trabalho foi estudar como o
período denominado por sociedade da informação, advindo dessa nova era informacional,
impacta no cenário internacional.
Para cumprir o objetivo proposto, a estrutura do trabalho apresenta na primeira seção,
a discussão do conceito de sociedade da informação. Nesta, busca-se definir e caracterizar os
termos empregados a partir do objeto da discussão e oferecer um panorama focado na
implementação das novas tecnologias. Esta caracterização é embasada na retórica histórica de
Toffler (1998) e nas análises de Manuel Castells (1999). A segunda seção apresenta uma
discussão sobre o conceito da exclusão digital. Por fim, expõe-se o fenômeno da exclusão
digital e, a partir dos conceitos sugeridos por Meza (2007), procurou-se identificar sociedades
info-ricas e info-pobres1. Este aspecto é fundamental para produzir uma caracterização do
fenômeno, considerando que seu principal efeito nas Relações Internacionais tende a ser a
exclusão daquelas sociedades e países, cujos Estados não estão acompanhando os processos
oriundos da “era da informação”.
1. A sociedade da informação: origem e sentidos do conceito.
“La sociedad de la información tiene un enorme impacto sobre el patrón
tecnoproductivo, direccionando el proceso de acumulación hacia nuevos
modelos. Juega un relevante papel em la dinámica de la globalización como
ideología y resulta fundamental para la homogeneización de las pautas de
consumo y divertimiento sociocultural, aspectos clave para la supervivencia
de una economía global (MEZA, 2007, 90)”
O processo de criação de conhecimentos estudado por Carraher (1999) consiste em
fundamentar, ou seja, justificar as conclusões indicando os pressupostos utilizados, se
necessário com a apresentação de idéias de outros autores para auxiliar o pensar e as reflexões
sobre um determinado assunto. Em Carraher se apreende que para tratar de um conceito
1
Estes termos serão aprofundados no terceiro tópico deste artigo
4
complexo como o de sociedade da informação é necessário, a priori, compreender o que se
quer tratar com a expressão conceito. Assim, partindo-se do ensinamento de Carraher,
complementa-se esta reflexão com a formulação de Abbagnano (1998, p. 164-169) e desta
forma, aqui, utiliza-se o conceito enquanto função instrumental, com o objetivo de descrever,
referenciar, classificar, organizar e antecipar dados empíricos de maneira lógica, dentro do
contexto de uma ou mais teorias.
O cenário geral e histórico que produziu a sociedade da informação parte do principio
norteador do senso de agrupamento social, entendido e acontecido desde os primórdios da
sociedade humana. Embasado nas idéias de Alvin Toffler, este quebra-cabeça histórico é
deduzido da idéia de ondas de transformações. Para Toffler (1998, p. 27), uma nova e
poderosa abordagem sobre este assunto poderia chamar-se de analise da frente da onda social.
Esta perspectiva de análise olha a história como uma sucessão de ondas de mudança em
marcha e pergunta onde a orla dianteira de cada onda está nos levando. A partir disto é
possível compreender que as grandes mudanças históricas que sociedade produziu podem ser
periodizadas no que ele chama de três ondas. Ele focaliza sua atenção, não tanto nas
continuidades históricas (por importantes que sejam), mas nas descontinuidades – as
inovações e interrupções. O foco do autor referido é identificar os padrões-chaves das
mudanças à medida que eles forem emergindo.
A primeira onda de mudança, que inicia em algum ponto há dez milênios, começou
com a revolução agrícola, que avançou lentamente no planeta. A força motriz dessa
sociedade, organizada pela agricultura, era a energia retirada de fontes renováveis e do
trabalho manual. Era uma sociedade do prossumidor2. A primeira onda espalha pelo mundo o
modo de produção manual sendo que a terra era base da economia, da vida, da cultura, da
estrutura social, da família e da política. Na vida organizada ao redor da aldeia prevalecia a
divisão simples do trabalho com castas e classes bem definidas: os guerreiros, os escravos, os
servos, uma nobreza e um sacerdócio. Mesmo assim, nesta sociedade é possível encontrar
resquícios e vestígios de civilizações pré-industriais que produziram máquinas simples,
levantaram vastos impérios e que criaram soluções e rotas para o comércio, porém estas não
tiveram fôlego para romper com o pensamento agrícola vigente (TOFFLER, 1998, p, 24-38)
Ainda de acordo com o autor, dos aprimoramentos na forma de organização da
sociedade da época surge à segunda onda3. Esta é caracterizada pela civilização industrial e
2
3
Aquele que produz para si próprio. (TOFFLER, p. 267)
A segunda onda compreende o período de 1750 à meados dos anos 1950. (TOFFLER. p. 28)
5
seu ponto chave de compreensão é a própria revolução industrial4. Esta sociedade cria uma
nova maneira de usar e extrair a energia necessária do carvão de pedra, do petróleo e gás –
combustíveis não renováveis. Também dividiu o homem da cidade e o do campo, criou
fabricas, máquinas eletromecânicas numa proporção infinita de nascimento de máquinas, o
que implicou na produção e na comercialização dos produtos de forma estandardizada ou
massificada (TOFFLER, 1998, p. 36). Dado estas características apontadas para o período em
foco, os homens foram divididos em consumidores e produtores, segundo a lógica
determinada pelas relações de mercado. As principais características desta sociedade são as
especializações, a padronização e a sincronização conforme o ritmo das máquinas, a
concentração, a maximização e a centralização. A produção é baseada no uso intensivo do
trabalho, do capital, de energia e no consumo e transformação de matérias-primas.
(TOFFLER, op cit, p. 81).
Após a maturação da segunda onda e a consciência plena de sua evolução a um ponto
que não condiz com suas características principais de pressuposição, o autor, anuncia o fim do
industrialismo e o nascimento de uma nova sociedade. Neste contexto, podemos afirmar que a
terceira onda traz consigo, toda uma nova forma “evoluída e revolucionária” de organização
da sociedade. Nesta, os choques contra as antigas concepções organizacionais das sociedades,
agrícola e industrial são constantemente realizadas pelas novas tecnologias, novas relações
geopolíticas, novos estilos de vida e também por novas formas de comunicação. (TOFFLER,
1998, p.16).
A mistura das inovações científicas e industriais originadas na segunda onda e
amadurecidas ao longo da entrada histórica da terceira onda está localizada temporalmente no
período pós-industrial. O conjunto de processos que surgiram permitiram a criação de novas
formas de produção ao passo que os processos científicos (tais quais a eletrônica do quantum,
a informática, a biologia molecular, oceânica, nucleônica, ecologia, as ciências espaciais entre
outros) foram amadurecendo. Como resultados destas inovações têm-se o plantio da semente
da tecnologia da informação. Para o autor: “É destas novas ciências e as nossas habilidades de
manipulação radicalmente aumentadas [que] surgiram às novas indústrias – computadores e
processamento
de
dados,
aeroespaço,
petroquímica
sofisticada,
semicondutores,
comunicações avançadas e vintenas de outras” (TOFFLER, 1998, p.146)
4
A Revolução Industrial teve início no século XVIII, na Inglaterra, com a mecanização dos sistemas de
produção tornando-os mais eficientes. Em contrapartida acarretou problemas nocivos para a sociedade, tais como
o desemprego, a poluição... Fonte: História da Revolução Industrial, pioneirismo inglês, invenções de
máquinas, passagem da manufatura para a maquinofatura, a vida nas fábricas, origem dos sindicatos.
Disponível em http://www.suapesquisa.com/industrial/, acessado em 28/05/08
6
Assim, a terceira onda de Alvin Toffler, pode ser interpretada como o elo que liga uma
sociedade industrial à outra concepção de sociedade, esta baseada na informação. Partindo do
fato de que se a Revolução Industrial originou a sociedade industrial e que a revolução das
tecnologias de informação embasa a sociedade da informação, deve-se destacar que este
movimento, tanto o industrialismo quanto o informacionalismo, não são semelhantes em
todos os países do globo. Se pegarmos o exemplo das ondas de transformações de Toffler é
possível observar que enquanto alguns países estão amadurecendo a primeira onda
(agricultura), ainda baseando-se em uma agricultura quase que de subsistência, outros estão
iniciando e/ou avançando em seus processos de industrialização e apenas alguns adentram na
fase mais avançada do capitalismo informacional (terceira onda).
Para Castells (1999) a partir da evolução histórica ocupacional do trabalho pode-se
descrever as mudanças ocorridas do período industrial para o período informacional. Na
sociedade informacional existem diferentes maneiras de dividir o trabalho, evoluídas ou
surgidas após o advento desta era. Segundo o autor, pode-se identificar o período industrial
como dominante após os anos de 1920 até a década de 1970 enquanto a conformação das
sociedades informacionais ocorre no período pós-industrial que se inicia após a década de
1970 e vem em expansão até os dias atuais. No mundo do trabalho, o principal reflexo é a
idéia da diminuição do emprego rural no primeiro período e a diminuição do emprego
industrial no segundo. Como no período industrial a divisão do trabalho se concentrava
particularmente na indústria com a materialização de produtos e serviços, no mundo pósindustrial foi necessário maximizar a automação dos processos para ganhar mais
produtividade, que agora é extraída da adoção de mais conhecimento científico; este gerado
pela manipulação da automação, controlada pelos avanços da informática. Isto foi feito por
intermédio do desenvolvimento e da difusão de tecnologias da informação e pelo atendimento
dos pré-requisitos para sua utilização: principalmente recursos humanos e infra-estrutura de
comunicações. (CASTELLS, op. cit. p. 228-230).
Com isso, a tecnologia de informação passa e ser considerada uma das características
deste novo período chamado de sociedade da informação (MEZA, 2007) e/ou sociedade em
rede (CASTELLS, 1998). A tecnologia que embasa a terceira onda possui a capacidade de
influenciar os procedimentos em diferentes ambientes produtivos. Uma das características
mais importantes, quando se foca a organização da produção, é a expansão dos produtos
incorpóreos: bens derivados do conhecimento e que ao serem inseridos no processo produtivo
utilizam muito pouca matéria-prima em sua composição, mas são capazes de ampliar a
produtividade das economias de maneira significativa. A informação incorporada nestes
7
produtos do conhecimento cria um novo setor da economia5 o qual possui o potencial e a
capacidade de interferir em todos os setores oriundos das ondas anteriores por ter a
capacidade de automatizar os processos e permitir a substituição do paradigma taylorista e
fordista. Em decorrência disto é que se pode falar em uma era da informação.
Numa reconstrução histórica do conceito de sociedade da informação pode-se
compreender que: “É relevante que a noção de uma “sociedade da informação” tenha
emergido primeiramente de afirmações entusiasmadas sobre uma suposta “revolução
tecnológica da informação6”. Este argumento incorpora a premissa de que o desenvolvimento
da micro-computação e sua ligação com as telecomunicações acabaria por causar
transformações políticas, econômicas e sociais, comparáveis àquelas freqüentemente
atribuídas à difusão das máquinas no século XIX. Contudo, a sociedade da informação teve
sua base, a partir do momento em que ocorreu o amadurecimento de que a idéia da tecnologia
da informação era uma ferramenta vital e a mesma necessitava de pesquisa e desenvolvimento
para se perpetuar.
Feito estas ressalvas, para Manuel Castells (1999, p. 46) o termo sociedade da
informação enfatiza o papel e o uso da informação na sociedade contemporânea. A
informação é vista pelo autor como sendo a comunicação de conhecimentos, enquanto que a
informação é uma evolução natural de todas e quaisquer inovações técnico-científicas
ocorridas ao longo da conformação humanitária. Assim sendo, pode-se apontar que a mola
mestra dessa nova era é a informação.
Por outro lado, para Amadeu7, a noção de sociedade da informação também pode ser
caracterizada da seguinte maneira: “uma série de teóricos qualificou o intenso uso de
tecnologias da informação e comunicação como uma alteração nas práticas sociais e passou a
chamar isso de sociedade da informação ou sociedade informacional. A informação passa a
ser, do ponto de vista econômico, um elemento estratégico, não mais apenas um elemento que
apóia a produção e geração de riquezas. A sociedade da informação é, portanto, uma
sociedade pós-industrial”. É o que também diz Meza (2007, p.24): “Este processo histórico
coloca-nos diante de um novo ciclo vinculado à expansão da informação e das comunicações,
5
(produção de software, hardware, redes de comunicação e de informação, satélites, produtos de gestão
informacional, edição de imagens, circuitos digitais, maquinário automatizado...)
6 – LYON, David (2002). Cyberespace: Beyond the Information Society? In: John Armitage & Joanne Roberts
(Eds), Livin with Cyberespace. (PP. 21-34). Bodwin, Cornwall. Tradução: Luis Carlos Damasceno Junior. Disp.
em http://members.fortunecity.com/cibercultura/vol11/vol11_davidlyon.htm acessado em 06/03/08
7 - AMADEU, Sérgio em entrevista para Karin Hueck sobre a sociedade informacional. Disponível em
http://www.facasper.com.br/pos/latu_senso_nota.php?posgraduacao=&id=20, acessado 06/03/08
8
graças à aplicação de um conjunto de tecnologias que configura o que alguns autores
denominam como “a sociedade da informação”.
Por isso, se estamos falando do fim de um período histórico e o surgimento de um
novo, ocorre à conformação de novas realidades e novas frentes de estudo. Assim, quando se
fala que a sociedade da informação, baseada nas novas tecnologias, estas fomentadas através
da evolução técnica e científica das eras anteriores é que estas novas tecnologias atuam e
influenciam toda uma lógica na qual as relações internacionais estavam conformadas. Novas
realidades trazem novos paradigmas, assim é possível argumentar que as relações
internacionais sofrem influências de acordo com as mudanças em curso. Por isso, o
surgimento de uma nova maneira de pensar a sociedade, na qual a informação vem atuando
como peça-chave da questão, insere a questão do acesso a informação como um dos
elementos que passam a fazer parte do cenário internacional e, com isso, novas dinâmicas são
produzidas.
Neste processo, insere-se também a questão da globalização mundial. Este fenômeno
permite caracterizar como motores dinâmicos deste processo, segundo Meza (2005): a
expansão dos âmbitos de ação das empresas internacionais e dos negócios internacionais; a
mundialização das finanças; o impacto progressivo das novas tecnologias sobre as formas de
organização e surgimento de novos paradigmas de gestão; o aparecimento de fenômenos de
rivalidade global (entre empresas e blocos regionais); a desindustrialização, a terceirização e a
deslocação das indústrias; e, por último o aparecimento de um sistema genérico global de
economia de mercado, ainda que com várias culturas e modelos de capitalismo em seu
interior, mas que atuam em uma situação de rivalidade e concorrência.
Portanto, a sociedade da informação, sociedade informacional ou era da informação
são expressões usadas para designar o período histórico posterior ao “fim do industrialismo”.
Este conceito permite apresentar uma sociedade que acrescenta novas características, estas
derivadas das ferramentas das tecnologias da informação8. Isto se torna importante, pois a
informação vem atuando como uma das variáveis que impulsiona novas formas de interações
no ambiente internacional. Para isso, na próxima seção, a discussão sobre a inclusão digital é
extremamente válida, pois não existe exclusão de algo a qual não está inserido.
8
Para fins desse artigo considera-se a Tecnologia da informação como conjunto dos recursos tecnológicos e
computacionais para guarda de dados, geração e uso da informação e de conhecimentos. (REZENDE, 2002).
9
2. A importância de evitar a exclusão digital
“[...] a dominação tecnológica é a forma mais eficaz e permanente de
dominação de uma nação por outra. (AZEVEDO & ZAGO, 1989, p. 113)
Se podemos falar que vivemos uma nova era, caracterizada como era da informação, e
se esta afeta todos os países indistintamente, é possível apontar que a exclusão digital se torna
uma questão importante para as diferentes sociedades. De acordo com Silveira (2005), quando
se discute a exclusão digital, primeiramente, deve-se ter uma definição mínima para o
conceito da inclusão digital para que se possa poder trabalhar o conceito de exclusão.
A universalização do acesso ao computador conectado a internet, assim como o
domínio ou o conhecimento das ferramentas necessárias para operá-lo satisfatoriamente,
permitem produzir uma definição mínima do que representa a inclusão digital para os países
no sistema internacional. Para o autor citado é possível distinguir a inclusão digital como o
acesso: à rede mundial de computadores, estes conectados a um provedor; aos conteúdos da
rede, pesquisa e navegação; à caixa postal eletrônica e modos de armazenagem de
informação; às linguagens básicas e instrumentos para usar a rede, chat, fóruns, editores, etc;
às técnicas de produção de conteúdo; à construção de ferramentas e sistemas voltados as
comunidades, linguagem de programação, design, formação para desenhar sistemas, etc.
Ainda segundo Silveira (2005), pode-se destacar três características da inclusão
digital. A primeira trabalha a inclusão como uma forma de ampliação da cidadania, ao
viabilizar o direito da interação e comunicação via redes informacionais. A segunda trabalha a
questão do combate a exclusão digital das camadas menos privilegiadas, com o intuito de
profissionalização e de capacitação das pessoas. A terceira característica foca a necessidade
da educação digital para auxiliar na formação sócio cultural dos jovens e profissionais como
uma maneira de assegurar a inserção autônoma dos países na sociedade informacional. Sendo
assim, de acordo com o autor estudado, as políticas públicas de inclusão digital devem estar
atreladas ao acesso sobre os elementos e os instrumentos característicos dessa era da
informação. O argumento da exclusão digital obriga a pensar na inserção digital, pois o fato
de estar inserido ou não da era informacional faz alusão a maneira como essa era está
surgindo e quais os efeitos que se pode relacionar com as suas causas. Isto possibilita pensar
um processo integral e não meramente uma estratégia dos Estados para viabilizar sua inserção
nos mercados mundiais.
Seria uma falácia se considerarmos somente a falta de uma política de inclusão digital,
a única responsável pela exclusão digital. Araújo (2006), ao reler Manuel Castells, observa
10
que existe uma relação entre o consumo e produção na análise da origem da exclusão digital.
O autor citado observa que as relações internas que levam a desigualdade social, pobreza e
miséria, ocasionadas pela má distribuição de renda e a falta de políticas para a melhoria da
educação, são apontadas como as principais razões para a exclusão digital. É possível que o
autor esteja correto em sua formulação. Isto pode ser constatado se cruzarmos os dados sobre
o desenvolvimento humano e os níveis de acesso a rede de computadores9. O levantamento
desta informação pode constatar que tais fatores condicionais estão intimamente ligados10 e
servem de comparação efetiva para designar o fenômeno. Ainda, Araújo (2006) observa que
falar de inserção digital para países que lutam contra a fome, países que estão guerra civil, ou
aqueles que ainda se encontram sob o efeito das primeiras ondas de transformação estudadas
por Toffler (1998), é um processo bastante complicado, pois estas populações e governos
ainda estão procurando trabalhar questões mais prementes.
Para Araújo (2006) processos como o crescente desemprego, a queda dos valores
salariais e a terceirização das atividades laborais, como reflexos da automação e migração dos
recursos da produção para o investimento financeiro, somente foram viáveis após a
implantação da rede global11, tecnologia que contribui para interligar todos os mercados. Seria
como afirmar que num processo de inovação e desenvolvimento técnico cientifico a própria
tecnologia informacional gera a exclusão digital, pois a mesma é coordenada através da lógica
de mercado e não de acordo com políticas internacionais comuns e amplamente debatidas
com os países do sistema internacional. Assim, gera-se, portanto, um ciclo vicioso em que a
exclusão digital gera a exclusão social e vice-versa.
Do exposto, pode-se observar que a necessidade de inclusão digital é extremamente
importante, mas muitos países ainda não conseguiram adentrar nesta onda, pois, de fato,
existe o fator atraso no domínio do conhecimento, também conhecido como gap
tecnológico12. Este conceito permite pensar um ideal padronizado pelos países desenvolvidos,
a partir de onde sua tecnologia de ponta é o ideal a se dominar e utilizar. Esta deve ser a
mesma utilizada em um país subdesenvolvido que conta com outras características produtivas
e diferentes necessidades. Assim, a inclusão digital que cada país possui, implica em
considerar o seu nível de desenvolvimento e de domínio da tecnologia. Desta forma, a
9
Pressupõe que um país ou uma região disponha de uma infra-estrutura básica de informática de tecnologia de
redes e o conhecimento necessário para sua operacionalização.
10
Ver figuras 01, 02, 03, e 04 na página 17 e seguintes.
11
A idéia de rede global permite caracterizar um cenário da globalização mundial de todos os setores de
organização e administração dos Estados. A tecnologia informacional permite a completa pesquisa e
desenvolvimento de quaisquer setores a qual a mesma se aplica. Na idéia de rede global o capital encontra-se
virtualmente interconectado pelas transações financeiras especulativas.
12
Distância que separa o estágio de desenvolvimento tecnológico de um país subdesenvolvido comparado a
outro, desenvolvido. (AZEVEDO E ZAGO, 1989, p. 138)
11
discussão do que realmente uma sociedade precisa para se considerar auto-suficiente
tecnologicamente ou para suprir lacunas dentro da constituição da sua soberania, é bastante
pertinente nesta discussão sobre a inclusão digital. (AZEVEDO & ZAGO, 1989, p. 138)
Dependendo das características de cada país, o que implica pensar a sua inserção e
seus interesses no sistema internacional de poder e o nível de competição que suas empresas
estão sujeitas, é que o Estado necessita trabalhar a questão da inclusão digital da sua
população. Quando um país atinge um determinado conhecimento empírico sobre um produto
ou uma técnica de produção, dificilmente abrirá mão do domínio sobre o conhecimento para
deixar a igualdade imperar no sistema internacional. Desta maneira, pelo fato do ambiente
internacional encontrar-se cada vez mais dinâmico e altamente competitivo, a inclusão digital
surge como um parâmetro a mais para caracterizar o desenvolvimento e força dos países neste
novo cenário de conformação.
No contexto da globalização, todas as economias abertas buscam sua eficiência através
da competição. Para ser competitivo é necessário que os países possuam mão-de-obra
altamente qualificada para que os ganhos de produtividade e escala aperfeiçoem o uso de
matéria prima, seja esta física ou incorpórea (derivada do conhecimento) e que traga
benefícios àqueles que buscam na inovação de suas políticas de inclusão digital uma base
fomentadora de capacitação a esta nova realidade. Desta maneira, ao atingir determinados
estágios de evolução, tanto os Estados como as empresas sediadas em seu território tornam-se
mais eficientes e competitivas.
Visto que todos os Estados precisam se expandir ou se defender, mesmo que seja para
conservar o poder que já possuem este aspecto também é importante quando se pensa a esfera
tecnológica. A luta pela sobrevivência no mundo informacional gera os excluídos e aqueles
que excluem mesmo que de forma voluntária ou involuntária. Não que essa exclusão resulte
em destruição, mas ela vem formatada como dominação econômica, dominação cultural,
política, social, etc. (FIORI, 2007, p. 19-29)
Dado a característica dos Estados serem competitivos, devido a lógica do sistema
internacional de estados, torna-se imperioso caracterizar o sistema internacional como
conflitivo. Isto acontece porque “um sistema de estados é formado quando dois ou mais
estados tem contato suficiente entre si e impacto suficiente sobre as decisões do outro [...]
para tornar o comportamento de cada um necessário aos cálculos do outro”. (JACKSON &
SORENSEN, 2003, p. 200). Assim, quando as empresas lutam pelos mercados e os Estados
lutam pela manutenção e afirmação do seu poder, a inclusão e exclusão digital podem ser
vistas com o intuito de absorção de novas tecnologias e de domínio de novas maneiras
produtivas. Neste caso, também é possível que este aspecto seja pensado como variável de
inserção internacional.
12
O domínio de tecnologia digital implica em uma mudança de cultura que afeta tanto o
setor produtivo quanto as relações de consumo. Diante disto, aquelas sociedades que não
adentrarem no mundo informacional perdem dinamismo, no sentido de não possibilitarem
transformações sociais mais amplas, ficando restritas aos limites impostos pela divisão
internacional do trabalho13. Com isso, provavelmente serão fadadas à primeira e segunda onda
de Toffler, ou seja, em vez da automação e da tecnificação, trabalho braçal, mecânico e outras
opções de produtividade inferior às sociedades que dominam a tecnologia digital.
A tecnologia é apenas um instrumento, podendo ser neutra ou não, de acordo com o
seu uso. Pode ser uma forma de se libertar da exclusão e também pode ser a forma de se
tornar excluída, visto que as sociedades contemporâneas baseadas no conhecimento não se
tornam incluídas ou excluídas apenas pelo fator de inclusão digital. Todo um contexto, seja
ele econômico, militar ou cultural, está interligado para permitir demonstrar a exclusão de um
Estado no sistema internacional. Se salvaguardarmos o fato de que a nova sociedade se baseia
no conhecimento e de certa maneira esse conhecimento está intimamente ligado com o fator
tecnologia da informação, também é possível argumentar sobre processos de exclusão do
sistema internacional no âmbito da era do conhecimento. Sendo assim, para as sociedades que
buscam melhorar seus processos de inserção internacional ou apenas a manutenção do poder
que dispõem, torna-se indispensável a discussão e a implementação de políticas de inclusão
digital que evitem a exclusão de suas populações, fator este que acarreta na perda de dinâmica
competitiva.
Esta perda de dinâmica competitiva está atrelada ao próprio contexto em que a
sociedade da informação vem sendo tratada pelos organismos competentes e autoridades
oficiais. Quando se busca definir um objetivo para enfrentar a questão, o mesmo é viabilizado
por ações de inclusão digital para possibilitar ganhos de competitividade das economias, dado
a conformação do atual sistema internacional. Contudo, acredita-se que deve existir um
processo maior de discussão que insira mais debates sobre a promoção de mecanismos de
cooperação internacional e de desenvolvimento. Por isto, debater sobre a sociedade da
informação deve incorporar os problemas que a mesma acarreta para a imposição de novos
cenários de desigualdade e igualdade, entre eles a assimetria do acesso a informação, a
utilização das ferramentas da informação, a qualidade da infra-estrutura e os problemas de
segurança das redes de informação. (MEZA, 2007)
13
Pressupõe que os países mais desenvolvidos estarão mais aptos a desenvolverem e produzirem determinados
“produtos novos”, ao passo que os países menos desenvolvidos estarão trabalhando com uma certa defasagem
técnico-produtiva.
13
3 – Sociedades info-ricas e info-pobres: uma caracterização geral
“[...] quem domina as palavras domina as construções mentais que induzem
as políticas. (Armand Mattelart)
Na era do conhecimento, a exclusão digital é um dos problemas a ser combatido pelos
países. Porém, até que ponto esta falta de inclusão em dado sistema é prejudicial ou não aos
indivíduos que compõem as diferentes sociedades? Quais as implicações que uma dada
sociedade sofre por não estar inserida no dado sistema atual? São questões como estas que
esta seção do trabalho procura discutir ao inserir o tema de sociedades info-ricas e infopobres.
Para tratarmos da questão das conseqüências que uma sociedade produz por estar ou
não estar inserida na era do conhecimento, procurou-se apresentar uma possível correlação
entre a exclusão digital e a exclusão social. Tal ação busca construir uma ferramenta prática
para tratar da diferença conceitual e empírica das sociedades info-pobres e info-ricas.
A exclusão social segundo Iizuka (2003) implica na compreensão de dois eixos
principais que norteiam os entendimentos sobre o tema e que produzem dois tipos de análises.
O primeiro trabalha as definições acerca da exclusão social partindo dos efeitos e os impactos
do sistema capitalista, do mercado de trabalho, as questões sociais e de perdas dos direitos
derivados da transformação do Estado e das suas políticas. O segundo destaca que frente aos
estudos sobre a realidade da exclusão, pode-se afirmar que nas analises econômicas
predomina a noção de pobreza e nas analises sociais a discriminação é a variável mais
importante. Assim, para o autor citado, as análises em muitas situações não colocam em
primeiro plano a questão da injustiça social e seus impactos.
A ligação entre a exclusão social com a exclusão digital dá-se no momento em que as
políticas de inclusão digital esbarram em questões mais prementes da inclusão social, pois as
mesmas estão intimamente ligadas. Assim para Iizuka (2003), a correlação da exclusão digital
com a exclusão social, está tão atrelada a ponto de que uma pode fomentar a outra. Contudo,
ele diz que se deve salvaguardar a idéia de que a questão da exclusão social assume
proporções agigantadas em comparação à exclusão digital.
Desta maneira, a falta de acesso a rede ou a equipamentos mínimos necessários já
pode caracterizar um certo grau de exclusão digital, porém essa definição não pode ser
incorporada à exclusão social. Isso acontece porque uma pessoa incluída socialmente, por
14
estar adequada aos padrões mínimos necessários da sociedade a qual esta inserida, pode muito
bem ter certa repulsa ao ambiente virtual ou apenas não querer acompanhar o processo
instituído de progresso. Feitas estas ressalvas, acerca da exclusão digital, exclusão social e
políticas de inclusão, pondera-se a seguir a caracterização das sociedades que estão inseridas
ou excluídas na era da sociedade da informação (sociedades info-ricas e sociedades infopobres)14.
As relações de poder que caracterizam o sistema internacional produzem uma
hierarquia dos Estados, que acontece em função dos elementos de poder que cada governo é
capaz de mobilizar. Maior ou menor disponibilidade de recursos econômicos, tecnológicos,
militares, disponibilidade de recursos naturais e outros implicam em diferentes graus de
dependência ou independência dos Estados, em relação a outros atores internacionais. Nesse
contexto, os governos possuem interesses variados em função das características de
composição histórica, cultural, social, religiosa, política, etc. de cada sociedade. (JACKSON
& SORENSEN, 2007) É neste cenário de competição entre os Estados que os países
produzem, voluntária ou involuntariamente, condições para absorver tecnologias, produzi-las
ou apenas imaginá-las.
Segundo Meza (2007), o desenvolvimento socioeconômico e as conquistas culturais,
econômicas, militares e técnicas que as diferentes sociedades alcançaram não foram repartidas
simultaneamente e igualmente na história da humanidade. Assim, as características da
“distribuição de conhecimentos”, refletem na configuração do sistema internacional e separam
os países por níveis de desenvolvimento, riqueza e poder. Neste sentido, uma sociedade
caracterizada como info-rica, é reconhecida por sua “capacidade endógena para criar novas
tecnologias, e as info-pobres, são aquelas que só recebem passivamente (e de maneira restrita)
os avanços tecnológicos.” (op. cit. 2005, p.35). Ou seja, enquanto uma sociedade desenvolve
pesquisa e detém o poder tecnológico, outras ficam marginalizadas do processo. Para o autor
citado, o conhecimento e a apropriação dos frutos do progresso tecnológico são atributos de
poder, no sentido clássico do termo.
A caracterização de uma sociedade info-excluída se dá pela antítese deste fenômeno.
Assim, enquanto as sociedades info-ricas pesquisam, desenvolvem e produzem estes bens
incorpóreos, as info-pobres absorvem esses produtos derivados do conhecimento e por último
as info-excluidas sequer nem tem acesso às mesmas. A figura 01 a seguir, apresenta o índice
de usuários de internet no mundo, seu crescimento e grau de penetração de acesso da
população e relaciona este aspecto com a variável populacional continental.
14
- Neste artigo a concepção de sociedade info-rica ou info-pobre, nos remete a caracterização de uma sociedade
incluída no cenário digital e uma sociedade excluída ou marginalizada do cenário digital, respectivamente.
15
FIGURA 01
Ao analisar a figura 01 pode-se constatar a disparidade do acesso à informação digital
da população mundial. O continente Africano, que possui 14,3% da população mundial e
apenas 3,6% dos usuários de internet do mundo, pode ser considerado como info-pobre15,
dada a dinâmica de inserção dos seus países no cenário internacional, nesta era da informação.
Em contrapartida, no continente europeu acontece a antítese do que se vê na África. A
Europa, com 12% da população mundial apresenta 27,10% dos usuários das redes de internet
do mundo. Esta discrepância de acesso ilustra as diferenças entre sociedades info-ricas e infopobres, discutidas por Meza em seus artigos.
Ainda de acordo com a figura 01, quando se observa os valores percentuais de pessoas
que acessam a rede, é possível identificar as regiões info-ricas e as info-pobres. Por isso, a
Europa, América do Norte e Oceania figuram como sociedades info-ricas, devido a
porcentagem de sua população que tem acesso a rede mundial de computadores e portanto ao
uso de equipamentos de informação digital. Numa posição intermediaria, despontam a
América Latina/Caribe e a Ásia e na última posição a África e o Oriente Médio. Contudo, um
aspecto auspicioso é que a porcentagem de crescimento no número de acesso à rede nestas
regiões é mais elevado que aquelas que estão mais bem situadas na figura 01. Assim, entre os
anos de 2000/08, o crescimento de usuários na África foi de 1.030%, no Oriente Médio de
1.176% e na América Latina de 660%, enquanto que nas outras regiões o acesso à rede
cresceu, em média, 250%.
O levantamento sobre os dados de acesso a internet16 nos países, permite avançar um
pouco mais em relação da diferenciação do que denomino sociedades info-pobres e info-ricas.
A figura 02 a seguir ilustra o percentual dos usuários de internet nos países considerados pelo
PNUD como de alto IDH.
15
Deve-se considerar a figura posterior que cruza os dados do Relatório do PNUD com o foco ao acesso a
internet para corroborar com as afirmações.
16
Extraído do Relatório do PNUD 2007/2008 – site:
http://www.pnud.org.br/arquivos/rdh/rdh20072008/hdr_20072008_pt_complete.pdf - acessado em 20/04/2008.
16
Figura 02
USUÁRIOS DA INTERNET NOS PAISES COM ALTO IDH SEGUNDO O PNUD
Alto número de usuários de internet (por Número médio de usuários de internet (por Baixo número de usuários de internet (por
1000 pessoas) 2005
1000 pessoas) 2005
1000 pessoas) 2005
Islândia
Suécia
Países baixos
Noruega
Austrália
Luxemburgo
Rep. da Coréia
Nova Zelândia
Japão
Estados Unidos
Barbados
Singapura
Eslovênia
Finlândia
Dinamarca
Canadá
Estônia
Hong Kong (China)
Suíça
Áustria
Itália
Reino Unido
Israel
869
764
739
735
698
690
684
672
668
630
594
571
545
534
527
520
513
508
498
486
478
473
470
Eslováquia
Bélgica
Alemanha
Letônia
Malásia
França
Chipre
Lituânia
Antigua e Barbuda
Espanha
Bielorússia
Croácia
Bahamas
Malta
Emirados Árabes Unidos
Hungria
Portugal
Brunei
Irlanda
Kuwait
República Checa
Catar
Polônia
464
458
455
448
435
430
430
358
350
348
347
327
319
315
308
297
279
277
276
276
269
269
262
Costa Rica
Seicheles
Barém
Romênia
Bulgária
Bósnia
Brasil
Uruguai
México
Grécia
Argentina
Chile
Federação da Rússia
Maurício
Trindade e Tobago
Omã
Macedônia
Arábia Saudita
Panamá
Albânia
Líbia
Tonga
Cuba
254
249
213
208
206
206
195
193
181
180
177
172
152
146
123
111
79
70
64
60
36
29
17
17
Na analise dos dados sobre os países de alto IDH, no que tange a idéia de sociedades
info-ricas e info-pobres, produziu-se uma caracterização um tanto arbitrária. Para isto tomouse as três características de Silveira18 (2005) sobre a inclusão digital por estas observa-se que
uma sociedade pode ser caracterizada como info-pobre se três fatores não estiverem
presentes: ampliação da cidadania pela viabilização do direito da interação e comunicação por
redes informacionais, a profissionalização para capacitação pessoal e a educação digital para
auxiliar na formação sócio-cultural dos jovens e profissionais. Desta forma, observando o
exposto, este trabalho caracteriza como info-pobre aquelas sociedades que apresentam menos
de 20% de sua população que possuem acesso a rede digital e suas ferramentas19.
Tal caracterização parte do argumento de que com menos de 1/5 de uma população
com acesso a rede e às ferramentas digitais é muito difícil para um país produzir
conhecimento, manufaturar produtos da tecnologia digital, operar e gerenciar redes de
informação. O nível de penetração que uma população tem em acessar as ferramentas da
informação e as redes informacionais acaba sendo um fator para qualificar se o país apresenta
ou não inclusão digital. Este aspecto também leva em consideração os argumentos de Alvin
17
Países considerados pelo trabalho como info-pobres.
Ver seção 2, na página 10.
19
Esta é uma classificação subjetiva, visto que não existe atualmente um consenso para melhor definir e medir o
grau de exclusão digital pelo fato de ser uma preocupação recente com a disparidade de acesso a rede, tornandose mais uma barreira socioeconômica simbolizada pela internet.
18
17
Toffler sobre as ondas de transformação, ou seja, muitos países ainda não adentraram na
sociedade informacional porque não assimilaram ainda as características e os processos
produtivos que embasam a sociedade da informação.
Na analise dos dados da figura 02 é possível observar que mesmo nos países com alto
IDH, segundo nossa caracterização, pode-se encontrar sociedades info-pobres. Assim, todos
os países de alto IDH mas com menos de 200 pessoas em 1000 que acessam a rede, foram por
nós caracterizados como info-pobres. É com esta perspectiva, que nos países que apresentam
Alto IDH, é possível identificar países com menos de 20% da sua população com acesso a
rede. Entre eles estão: Brasil, Uruguai, México, Grécia, Argentina, Chile, Federação da
Rússia, Mauricio, Trindade e Tobago, Omã, Macedônia, Arábia Saudita, Panamá, Albânia,
Líbia, Tonga, Cuba e São Cristovão e Nevis.
A figura 03 demonstra os países que segundo o relatório do PNUD, são caracterizadas
como sendo de médio desenvolvimento humano. A análise dos dados foi elaborada segundo
os mesmos procedimentos aplicados à figura 02.
Figura 03
USUÁRIOS DA INTERNET NOS PAISES COM MÉDIO IDH SEGUNDO O PNUD (2005)
Alto número de usuários de internet (por
1000 pessoas)
Jamaica
404
Dominica
361
Santa Lúcia
339
Turquia
222
Guiana
213
Líbano
196
Granada
182
República Dominicana
169
Peru
164
Marrocos
152
São Tomé e Príncipe
131
Belize
130
Vietnam
129
Venezuela
125
Jordânia
118
Tailândia
110
África do Sul
109
Mongólia
105
Colômbia
104
Irã
103
Ucrânia
97
Moldávia
96
Tunísia
95
El Salvador
93
China
85
São Vicente e Granadinas
84
Azerbaijão
81
Guatemala
79
Número médio de usuários de internet
(por 1000 pessoas)
Fiji
77
Sudão
77
Zimbábue
77
Indonésia
73
Suriname
71
Haiti
70
Egito
68
Palestina
67
Paquistão
67
Maldivas
59
Argélia
58
Republica Árabe Síria
58
Índia
55
Filipinas
54
Quirguistão
54
Armênia
53
Bolívia
52
Cabo Verde
49
Togo
49
Gabão
48
Equador
47
Geórgia
39
Butão
39
Vanuatu
38
Namíbia
37
Honduras
36
Paraguai
34
Uzbequistão
34
Baixo número de usuários de internet
(por 1000 pessoas)
Botsuana
34
Comores
33
Gâmbia
33
Samoa
32
Suazilândia
32
Quênia
32
Cazaquistão
27
Nicarágua
27
Lesoto
24
Papua Nova Guiné
23
Gana
18
Uganda
17
Camarões
15
Sirilanka
14
Guiné Equatorial
14
Congo
13
Djibuti
13
Iêmen
9
Turquemenistão
8
Ilhas Salomão
8
Mauritânia
7
Madagáscar
5
Rep. Pop. Do Laos
4
Nepal
4
Camboja
3
Bangladesh
3
Mianmar
2
Tajiquistão
1
Timor Leste
0
18
Dentre os países qualificados como sendo de Médio IDH, pode-se classificar como
info-ricos apenas um pequeno grupo de países com acesso a rede. Figuram entre eles,
Jamaica, Dominica, Santa Lucia, Turquia, Guiana. Abaixo da porcentagem de penetração de
20% das pessoas com acesso a rede de informações e a computadores aparecem 80 países
com médio desenvolvimento humano que segundo a concepção trabalhada neste artigo, são
creditados como info-pobres.
Em seguida é apresentado a figura 04 sob os mesmos critérios das figuras 02 e 03.
Figura 04
USUÁRIOS DA INTERNET NOS PAISES COM BAIXO IDH SEGUNDO O PNUD (2005* )
Benim
50
Tanzânia
9
Chade
4
Senegal
46
Moçambique
Nigéria
38
Ruanda
7
Mali
4
6
Rep.Centro Africana
3
Zâmbia
20
Guiné
5
Congo
2
Guiné-Bissau
Eritreia
20
Burundi
5
Etiópia
2
16
Burquina Faso
5
Niger
2
Angola
11
Malawi
4
Serra Leoa
2
Costa do Marfim
11
(*valores por1000 pessoas)
Pelo exame dos dados da figura 04, pode-se concluir que todos os países com baixo
IDH não atingem o valor percentual mínimo (20% de pessoas com acesso a rede) para serem
conceituados como info-ricos. Assim, para fins deste trabalho todos são considerados como
info-pobres ou até mesmo info-excluidos. Esta caracterização decorre da situação
apresentada, ou seja, a inclusão digital é muito baixo, pois, provavelmente, não atinge sequer
os órgãos públicos da maioria destes países. Isto vêm de encontro a análise exposta por
Araújo (2006)20 quando ele diz que falar de inserção digital para países que lutam contra a
fome, ou estão guerra civil, é complicado, pois suas populações ainda tem que trabalhar
problemas básicos de sobrevivência.
Ao fazer uma comparação entre as figuras 02, 03 e 04, percebe-se que até mesmo
países com elevado IDH, podem apresentar o problema da exclusão digital. Não que uma
sociedade com alto padrão de desenvolvimento humano deva estar avançada digitalmente,
mas o inverso dessa lógica é verdadeiro, dada a disparidade de desenvolvimento que ocorre
entre os países do sistema internacional. Por isso, uma sociedade com médio e baixo IDH,
dificilmente conseguirá ter números expressivos sobre o acesso a rede e tecnologias da
informação.
Para complementar o exame dos países info-incluídos (info-ricos) e info-excluídos
(info-pobres) destaca-se a seguir um resumo dos dados extraídos da revista online Forbes21
20
Ver discussão sobre o assunto na página 11.
- Lista completa das 2000 maiores empresas do mundo, disponível em
:http://www.forbes.com/lists/2008/18/biz_2000global08_The-Global-2000_Rank_2.html
21
19
sobre as 2000 maiores empresas22 do mundo. O objetivo foi identificar os países que
produzem as denominadas tecnologias digitais. Do total das 2000 maiores empresas do
mundo, segundo os dados apresentados pela Revista Forbes, 9,7% das organizações atuam na
confecção de tecnologia (semicondutores, processadores, computadores, periféricos e
softwares) e difusão da telecomunicação. Os resultados são expostos na figura 05 com a
finalidade de ilustrar aqueles países que são detentores do know how necessário para inserir
sua sociedade na era informacional. Desta forma, os países que não constam do quadro
resumo, ao não deterem empresas que produzem estas tecnologias são considerados
importadores de tecnologia digital.
Figura 05
0
N.
Indicador
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
Países
Estados Unidos
Japão
Taiwan
Índia
França
Coréia do Sul
Canadá
Reino Unido
Alemanha
Hong Kong
Suécia
China
Holanda
Rússia
África do Sul
Ilhas Caiman
Brasil
Suíça
México
Singapura
Bermudas
Egito
Luxemburgo
Nova Zelândia
Indonésia
Grécia
Espanha
Áustria
Malásia
Dinamarca
Venezuela
Filipinas
Qatar
Turquia
Número de empresas de
tecnologia23
Total em
valores %
69
26
19
6
6
5
5
4
4
3
3
3
3
2
2
2
2
2
2
2
2
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
35,5
13,5
10,0
3,0
3,0
2,5
2,5
2,0
2,0
1,5
1,5
1,5
1,5
1,0
1,0
1,0
1,0
1,0
1,0
1,0
1,0
1,0
0,5
0,5
0,5
0,5
0,5
0,5
0,5
0,5
0,5
0,5
0,5
0,5
22
- Obviamente que quando se seleciona somente as maiores empresas são excluídas pequenas e médias
organizações que produzem tecnologia e atuam principalmente em mercados nacionais. É por exemplo o caso de
empresas que desenvolvem software, alternativas de tecnologia e de automação industrial, mas cuja produção é
predominantemente para mercados regionais ou nacionais. Em muitos países empresas com essas características
atuam prestando serviços para as grandes corporações listadas pela revista Forbes. Por outro lado, estas mesmas
empresas são grandes consumidores de produtos elaborados pelas grandes organizações como é o caso dos
processadores pentiun (intel) e atlon e sempron (AMD) ou plataformas de software como windows e apple, por
exemplo.
23
Geralmente países com 2 ou menos empresas na lista Forbes para as maiores empresas do mundo, representam a empresa difusora da
telecomunicação destes Estados.
20
34
35
36
37
38
39
41
42
Finlândia
Kuwait
Itália
Portugal
Noruega
Arábia Saudita
Bélgica
Tailândia
TOTAL
1
1
1
1
1
1
1
1
194
0,5
0,5
0,5
0,5
0,5
0,5
0,5
0,5
100
No ambiente empresarial, países que dispõem de uma quantidade maior de empresas
de caráter tecnológico corroboraram para afirmar a qualificação que Meza (2007), sobre um
país ser info-rico ou info-pobre. Pega-se o exemplo dos Estados Unidos, Taiwan e Japão, que
além de possuírem elevado grau de acesso à rede, possuem alta concentração de empresas de
caráter tecnológico. Este aspecto não configura uma afirmação exata, como é o caso da Índia,
que possui um numero relativamente alto de empresas do setor informacional, porém a
condição de acesso a rede e qualidade de vida da sua população configura um país de
desenvolvimento médio e o grau de acesso de sua população é de aproximadamente 5,5%
com acesso a rede.
Contudo, é bastante esclarecedor que as maiores empresas do setor informacional
encontram-se situadas nos países de Alto IDH. Desta maneira tem-se que os três primeiros
países do quadro acima possuem aproximadamente 59% de todas as maiores empresas do
setor. Isto permite constatar que os países que tem alto grau de empresas tecnológicas, são os
mesmos que pesquisam, desenvolvem e difundem a informação. Ao mostrar o grau de
acessibilidade à rede pela população e a disponibilidade de empresas com foco tecnológico
que os países dispõem para produzir a tecnologia necessária, o objetivo foi caracterizar as
sociedades do sistema internacional como info-ricas e info-pobres. Desta maneira, em ambos
os focos buscou-se delinear os excluídos e marginalizados deste processo para identificar
quem são os países considerados como fora da era da informação.
Contudo, não se deve, a priori, afirmar que um país é excluído digitalmente, apenas
pela medição do número de empresas que o mesmo dispõe no foco tecnológico, ou pelo seu
grau populacional de acesso a rede. Mas considera-se info-rico aquele país que além de
pesquisar difunde novas tecnologias, processos e o conhecimento para uma população voltada
à era digital. Isto foi simbolizado pelo alto grau de penetração da internet e das empresas do
ramo tecnológico. Ao contrário dessa lógica, nas sociedades info-pobres, que além de terem
baixo acesso a rede por parte da sua população, percebe-se que a pesquisa e o
desenvolvimento de sua tecnologia encontram-se em estágios menos avançadas do que as
sociedades info-ricas.
21
Considerações Finais
Através do estudo das ondas de transformação das sociedades foi possível identificar o
surgimento de uma era da informação, conformada após o período denominado pósindustrialismo. Esta era produz o aparecimento de sociedades incluídas e as excluídas na era
informacional. Foi necessário primeiramente compreender e interpretar o que é de fato a
sociedade da informação, para posteriormente responder como os aprimoramentos técnicos e
científicos foram importantes para caracterizar as sociedades como info-ricas e info-pobres
para ressaltar como a exclusão digital afeta as oportunidades dos países em um ambiente
internacional cada vez mais competitivo.
A abordagem sobre a sociedade da informação partiu da explanação de Meza (2007),
observando que: “La sociedad de la información caracteriza um nuevo estádio em la dinâmica
global del capitalismo histórico que profundiza la dependência y la división entre paises
desarrollados y países subdesarrollados, Al tiempo que reestructura lãs relaciones sociales e
internacionales bajo uma perspectiva exclusivamente tecnológica” (MEZA, 2007, p. 23).
Portanto a própria conformação de uma sociedade baseada em conhecimentos
advindos da informação, trás consigo problemas de nivelamento, que traduz-se pela exclusão
digital. Nesta exclusão foram caracterizados dois tipos de sociedades, as info-ricas e as infopobres. Num sentido estrito dos termos empregados, uma pesquisa e desenvolve a tecnologia,
ao passo que a outra absorve, ou apenas não a insere em seus processos e técnicas.
Decorrente do esforço da pesquisa ora apresentada observa-se que falar da exclusão
digital, depende de mais estudos e levantamentos consolidados sobre o que é realmente a
exclusão desta nova era informacional e quais os efeitos que realmente irão ser acarretados
por aqueles que não adentrarem nessa onda. Suposição de acontecimentos surgem a todos os
momentos e a visão histórica poderá delinear o que de fato acontecerá com esses países que
não estão adentrando nesta nova onda digital. Contudo, a pesquisa permitiu constatar que uma
sociedade que vislumbra investir e figurar entre os info-ricos, deve possuir e deter os meios e
os conhecimentos sobre os processos de produção e difusão desta nova tecnologia. É neste
sentido que a pergunta de pesquisa pode ser respondida. E assim, quando se analisa a questão
da competitividade, aqueles que se encontram marginalizados do processo, tornam-se meros
expectadores ao passo que os que estão fomentando, criando e divulgando as novas
tecnologias, tornam-se os que definem as regras.
22
Logo, quando se caracteriza determinados países como info-pobres é possível pensar
que este aspecto já foi trabalhado no passado com a idéia de subdesenvolvimento e
dependência. Esta idéia remete para a situação de países dependentes da produção e difusão
de determinados conhecimentos e tecnologias produzidas em um pequeno grupo restrito de
países que passam a dominar este setor da economia. Seria talvez a rememoração do discurso
centro-periferia. Desse ponto de vista, a alternativa seria adotar as tecnologias digitais e de
comunicação e, para isto, fomentar a sua produção nos espaços nacionais. Observa-se que isto
não seria uma tarefa fácil, pois o desenvolvimento destas tecnologias é muito dinâmico,
dependendo da difusão de redes de interação nas áreas de P&D. Acontece que para isto
avançar é necessário que o maior número de pessoas tenha acesso as tecnologias digitais.
1. REFERÊNCIAS
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
AMADEU, Sérgio em entrevista para Karin Hueck sobre a sociedade informacional.
Disponível em http://www.facasper.com.br/pos/latu_senso_nota. php?Posgraduacao=&id=20,
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ARAÚJO, Marcos da Silva. A dinâmica da exclusão digital na era da informação. 2006 –
disponível em: http://www.webartigos.com/articles/88/1/a-dinamica-da-exclusao-digital-naera-da-informacao/pagina1.html - acesso em 01-5-08.
AZEVEDO, Carlos & ZAGO, Guerino. Do tear ao computador: as lutas pela
industrialização no Brasil. São Paulo: Editora Politica, 1989.
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O contexto internacional na era da informação: o problema