ANAIS
EMPRESAS QUE POSSUEM CERTIFICAÇÕES SÃO MAIS INOVADORAS?
UMA ANÁLISE NO SETOR DE PRODUÇÃO DE ROSAS NO EQUADOR
BYRON ACOSTA ( [email protected] , [email protected] )
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
ANTONIO DOMINGOS PADULA ( [email protected] , [email protected] )
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
DOUGLAS WEGNER ( [email protected] , [email protected] )
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
Resumo
O artigo tem como objetivo identificar se empresas que optam por certificar seus produtos ou
processos são mais propensas a inovar do que aquelas que não o fazem. Foram analisadas 62
empresas produtoras de rosas no Equador. O número de variedades de rosas de cada empresa
foi utilizado como critério para medir o grau de inovação. Mesmo existindo uma diferença
entre e grupo de empresas com certificações e sem certificações em relação à quantidade de
variedades, essa diferença não é estatisticamente significativa. Assim, empresas que optam
por certificações possuem uma propensão a inovar equivalente às empresas que não adotaram
certificações.
Palavras chave: certificações, inovação, setor produtor de rosas
Introdução
Inovação, seja de produto, processo, organizacional ou mercadológica, é a busca
constante das empresas com o objetivo de se tornar mais competitivas, ampliar seu marketshare, reduzir custos e ser mais eficientes, melhorar a qualidade dos produtos e, em certos
casos, para sobreviver. A busca por inovações faz com que organizações integrem processos
de pesquisa e desenvolvimento (P&D) às suas práticas de gestão, de maneira formal, criando
centros de P&D, ou de maneira informal a partir das interações entre as áreas funcionais da
empresa, gerando um ambiente propício para que a inovação ocorra. Seja esse processo
desenvolvido de maneira formal ou informal, quando as empresas não têm todas as
capacidades necessárias para inovar, recorrem a centros de P&D externos, consultorias,
universidades ou até mesmo empresas do mesmo setor, formando parcerias, já que
individualmente teriam dificuldade para inovar. Os consumidores, por sua vez, cada vez mais
exigem produtos de melhor qualidade, ecologicamente corretos, fabricados por empresas que
não utilizem trabalho escravo nem infantil. Como resultado, o aumento da consciência
ambiental e social do consumidor vem forçando as empresas em vários setores a considerar o
efeito do impacto ambiental e social dentro de suas atividades (JOHANSSON, 2006). Para
alguns consumidores, o desempenho ambiental e a qualidade do produto são considerados
fatores importantes nas decisões de compra. Assim, empresas buscam certificar seus produtos,
processos ou práticas de gestão através de certificações de qualidade, gestão ambiental e
social, comércio justo, entre outras, com o objetivo de mostrar aos consumidores sua
preocupação em seguir padrões técnicos, ambientais e éticos.
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Atualmente, as certificações de produto e processo, relacionadas à qualidade e/ou
gestão ambiental e social, se tornaram requisitos mínimos indispensáveis para que as
empresas possam exportar produtos agrícolas para determinados países. A certificação pode
envolver o atendimento a critérios específicos relacionados ao sistema de controle e
monitoramento de processos (normas ISO), rastreabilidade, tipo de matéria-prima e insumos
utilizados e métodos de processamento aplicados (produção integrada, produção orgânica),
adoção de sistemas produtivos de baixo impacto no ambiente (Eco-Management and Audit
Scheme), inocuidade dos produtos (APPCC), etc. Porém, é questionável até que ponto as
certificações são ferramentas catalisadoras de inovação nas empresas, visto que o processo de
certificação envolve a padronização de processos e produtos e a rotinização de atividades.
Esta pesquisa busca esclarecer, de forma exploratória, a relação entre adesão a
sistemas de certificação e grau de inovação das empresas – considerando a intensidade de
lançamento de novos produtos. O estudo visa identificar a relação entre as certificações de
produtos, processos e práticas de gestão e o grau de inovação das empresas que as adotam.
Coloca-se a seguinte questão de pesquisa: empresas que possuem certificações são mais
inovadoras do que empresas que não têm nenhum tipo de certificação?
O artigo está estruturado da seguinte forma: i) inicialmente, é apresentado referencial
teórico sobre as justificativas e características das certificações e, a relação entre certificações
e inovação; ii) em um segundo momento é detalhada a metodologia aplicada na pesquisa; iii)
posteriormente, são apresentados os resultados, discussões, limitações do estudo e indicações
para futuras pesquisas.
1.
Referencial teórico
1.1 O porquê das Certificações
A certificação é a confirmação de que um produto, processo ou serviço cumpre com os
padrões de uma determinada norma. Em alguns mercados, a certificação é obrigatória e em
outras é voluntária. As certificações surgem em resposta à crescente demanda dos
consumidores de produtos de mais alta qualidade no que diz respeito a seus componentes ou
matérias-primas, seus processos de transformação e distribuição (INCONTEC, 2008). A
certificação de produtos consiste em um procedimento mediante o qual uma terceira parte –
além do produtor ou do comprador – assegura que um produto atende ou possui requisitos
previamente estabelecidos (De CARLOS, 2007; INCONTEC, 2008).
O objetivo de qualquer sistema de certificação é o de reforçar a autenticidade dos
produtos e evitar as fraudes mediante o estabelecimento de sistemas mais rigorosos de
controle que sejam capazes de gerar confiança no consumidor (CRUZ et al., 2004). A
certificação é um sistema de reforço dos atributos do produto, que requer a existência de um
padrão, um sinal, um procedimento e uma penalização em caso de descumprimento das
normas (COMPÉS, 2002).
As certificações tornam-se para o cliente um aval que confirma que um produto, seus
componentes ou matérias-primas, seus processos-extração, transformação, distribuição e
manuseio têm características que determinam a decisão ou rejeição de compra do mesmo.
Portanto, em função das informações a que os consumidores têm disponibilidade sobre um
produto, podem-se estabelecer três grupos de atributos:
(i) Atributos de busca: podem ser conhecidos antes da compra. Aqui se inclui tudo que
identifique ou diferencie um produto de outro, e que é facilmente reconhecível pelo
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consumidor no ato de compra. Por exemplo, o tipo de produto, a marca comercial, o
peso ou o tamanho, o tipo de embalagem, entre outras (NELSON, 1970);
(ii) Atributos de experiência: atributos que podem ser conhecidos uma vez que se tenha
consumido o produto. Estes atributos são os que fazem com que um consumidor volte
a adquirir um determinado produto uma vez que já o tenha experimentado e tenha
comprovado que satisfez suas necessidades (NELSON, 1970);
(iii) Atributos de confiança: características que não podem ser conhecidas pelo
consumidor, nem antes nem depois de consumido o produto (COMPÉS, 2002). Uma
das melhores formas do consumidor identificar se um produto apresenta determinados
atributos de valor, é mediante a certificação.
A certificação diz respeito a fatores extrínsecos ao produto que representam uma
qualidade credencial (GRUNERT et al., 1997) ou atributos de confiança (COMPÉS, 2002).
São características que não podem ser conhecidas pelo consumidor nem antes nem depois de
adquirido ou consumido o produto - o consumidor precisa confiar na informação transmitida
na embalagem, pela mídia e outras formas de comunicação (DARBY e KARNI, 1973).
À medida que a certificação reforça os atributos de confiança, o logotipo ou etiqueta
adjunta ao produto tenta conseguir que os atributos de confiança se convertam em atributos
de busca para o consumidor (COMPÉS, 2002), ou seja, que possam ser conhecidos antes da
compra. O Quadro 1 apresenta os benefícios da certificação de produtos.
Vantagens da certificação de produtos
• Confiança para os clientes, já que recebem lotes de produtos certificados e avaliados por organizações
imparciais e reconhecidas;
• Maior valor agregado para o cliente;
• Facilita a comercialização dos produtos que estão submetidos ao cumprimento de regulamentações técnicas;
• Facilita as exportações de produtos que cumpram com regulamentos técnicos exigidos por outros países;
• Facilidades para o comércio internacional;
• Oferta de produtos diferenciados, apontando para um nicho de mercado específico, e com a possibilidade de
obter um preço especial pelo produto;
• Melhora da imagem corporativa;
• Maior controle dos processos mediante sistemas de rastreabilidade implementados;
• Produto seguro para o consumidor;
• Processos de certificação harmonizados e simplificados no âmbito nacional e internacional;
• Melhora da eficiência na gestão dos recursos;
• Melhora da qualidade do produto;
• Instrumento de mercado e difusão.
Quadro 1 – Benefícios da Certificação de produtos
Fonte: INCONTEC, 2008
Para Compéz (2002), mediante a certificação a empresa adquire junto ao órgão
certificador a reputação e a confiança que ela não pode oferecer para seus clientes por si
própria. Assim, a certificação é um sistema de reforço dos atributos do produto, que requer a
existência de um padrão, um sinal, um procedimento e uma penalização em caso de
descumprimento.
1.2 Certificações e Inovação
Em um primeiro momento, o fato de empresas certificarem seus produtos com selos de
qualidade, responsabilidade ambiental e social, entre outros, era considerado como uma ação
inovadora por parte da empresa. Essa visão de certificação como uma inovação se devia a que
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nem todas as empresas de um setor industrial certificavam seus produtos. Dessa forma, a
certificação obtida pela empresa poderia ser considerada uma característica ganhadora de
pedido por parte do cliente. Contudo, à medida que mais empresas obtêm as mesmas
certificações, estas passam de uma característica ganhadora de pedido para uma característica
qualificadora de produto (WHEELWRIGHT, 1984), como por exemplo, o critério de custo ou
qualidade.
Desta maneira, algumas certificações tornam-se requisitos mínimos indispensáveis
para que as empresas possam vender seus produtos em mercados específicos. Este é o caso de
produtos agrícolas para exportação, cujas exigências são impostas pelos países importadores,
os quais estabelecem critérios que os produtos devem cumprir. Para que as empresas
demonstrem que seus produtos têm tais características, precisam de certificações que avaliem
esses critérios. Isto se deve a que quase todos os produtos agrícolas têm características
relevantes, que não podem ser reconhecidas pelo consumidor mesmo depois de haver
consumido de forma repetitiva o produto (COMPÉZ, 2008).
Quando as empresas desejam ou veem-se obrigadas a certificar seus produtos ou
procedimentos por exigências de mercado, elas devem mudar características como design do
produto, processos de produção, tipo de matéria-prima utilizada, métodos de extração e
processamento de materiais, estabelecer novas relações com seus atuais fornecedores ou
estabelecer relações com novos fornecedores. Assim, o credenciamento de produtos através
de uma certificação pode ser um fator motivador para que processos de inovação aconteçam
dentro de organizações, tanto em produtos quanto em processos. Alguns tipos de
certificações, como as certificações ambientais, exigem que as empresas criem inovações de
produtos e processos, desenvolvendo produtos ambientalmente corretos, reduzindo custos ou
melhorando continuamente a qualidade, combinando o cuidado ao ambiente com benefícios
orientados ao consumidor (REHFELD et. al, 2007).
Para Ballester (2005) as certificações supõem uma inovação para as organizações, ao
cobrir diferentes áreas e aspectos da organização. Assim, as certificações relativas a produtos
e a sistemas de gestão são importantes para aumentar a eficiência empresarial, com um efeito
positivo na internacionalização do negócio e publicidade.
O estudo desenvolvido por Rehfeld et. al (2007) na Alemanha, com 588 de empresas
de 11 indústrias, mostrou que certificações de sistemas de gestão ambiental como a ISO
14001 ou EMAS (Eco-Management and Audit Scheme), têm um efeito positivo significativo
sobre inovações de produtos ambientais. Assim, certificações de sistemas de gestão ambiental
(SGA) podem fazer com que uma empresa reveja seus procedimentos existentes, com o
objetivo de encontrar possibilidades de melhoria com respeito a inovações de produto
(REHFELD et. al, 2007). Deste modo, empresas certificadas parecem considerar a proteção
do meio ambiente como um elemento integral da estratégia da empresa e da inovação.
Embora certificações como as da série ISO 9000 tragam benefícios para as empresas,
ainda há limitações, pelo fato de certificarem apenas que um produto tem os requesitos
mínimos indispensáveis de qualidade, os quais talvez não sejam suficientes para obter um alto
padrão de qualidade para o cliente (MEZHER e AJAM, 2006). Elas se tornam o início e não o
fim da melhora na qualidade nos produtos. Segundo Mezher e Ajam (2006) não há evidência
empírica para comprovar que empresas certificadas tenham produtos que sejam superiores a
produtos de empresas sem certificações da série ISO 9000.
Até certo ponto, as certificações são ferramentas catalisadoras de inovação nas
empresas, visto que a obtenção de uma certificação gera inovações até o momento de a
empresa adquirir a mesma. Posteriormente, uma vez que a empresa tenha obtido a
certificação, suas práticas tornam-se similares às dos concorrentes que seguem as mesmas
normas e seus processos podem se engessar, virando rotinas. A empresa preocupa-se mais em
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manter a certificação do que em continuar com o nível de inovatividade gerado no início do
processo de certificação.
Com base no referencial teórico levantado nas seções anteriores e nas discussões
apresentas, são propostas as seguintes hipóteses, com o intuito de verificar o objetivo de
pesquisa:
H0: Não existe diferença no grau de inovação de empresas que possuem certificações,
com relação a empresas que não possuem nenhuma certificação.
H1: Existe diferença no grau de inovação de empresas que possuem certificações, em
relação a empresas que não possuem nenhuma certificação.
2.
Metodologia de Pesquisa
A presente investigação é de caráter exploratório e visa identificar se empresas que
optam por certificar seus produtos, processos ou práticas de gestão são mais inovadoras do
que empresas que não tem certificações, considerando o tipo e número de produtos
produzidos como indicador de inovação. A estratégia de pesquisa utilizada foi a análise
estatística de dados secundários de empresas produtoras de rosas do Equador, classificadas em
dois grupos: empresas com certificações e empresas sem certificações. Para o levantamento
dos dados foi utilizada a pesquisa documental e bibliográfica. Os dados coletados foram: tipo
e número de certificações por empresa, e variedade e número de rosas produzidas por
empresa.
A análise dos dados baseou-se na estatística descritiva. Em um primeiro momento,
para contextualizar e ter uma melhor clareza da informação coletada, foram usadas medidas
de tendência central (média, mediada, moda, distribuição de freqüências) já que, segundo
Levin e Fox (2004), uma maneira conveniente de descrever um grupo como um todo é achar
um número único que represente o que é medido ou típico daquele conjunto de dados. Esse
valor é chamado de medida de tendência central, porque em geral ele está localizado em torno
do meio ou centro de uma distribuição, onde a maior parte dos dados tende a concentrar-se.
Em um segundo momento foi usado o teste de diferença entre médias (teste-t),
relacionando o número de variedades de rosas produzidas pelas empresas do grupo “com
certificações”, com o resultado das empresas do grupo “sem certificações”, para identificar se
existem diferenças significativas entre os dois grupos, com o objetivo de testar as hipóteses
formuladas. Para Cavanos (1988), uma hipótese estatística é uma afirmação com respeito a
alguma característica de uma população de interesse. A essência do teste de uma hipótese
estatística é identificar se a informação se encontra apoiada por evidência experimental, a
qual se obtém através de uma amostra (CAVANOS, 1988).
O terceiro tratamento consistiu em determinar o grau da associação (correlação) entre
o número de certificações (variável independente) e número de variedades de rosas
produzidas (variável dependente). Para isso, aplicou-se uma análise de regressão, que além
de identificar a intensidade ou força de associação entre duas variáveis, também, especifica a
natureza exata do impacto da variável independe sobre a variável dependente (LEVIN e FOX,
2004). Assim, utilizou-se o coeficiente r de Pearson para identificar o grau de associação
entre as duas variáveis, e o coeficiente de determinação (r2), que identifica a proporção da
variância do número de variedades de rosas produzidas (variável dependente) explicada pelo
número de certificações (variável independente).
A coleta dos dados foi realizada em duas etapas. A primeira etapa foi o levantamento
da base de dados das empresas produtoras de rosas do Equador, obtida no cadastro da
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Associação de Exportadores de Flores do Equador (EXPOFLORES). As informações de 154
empresas foram cruzadas com o cadastro de empresas afiladas à Câmara de Agricultura do
Equador, confirmando que as 154 empresas estão ativas e que este número corresponde a toda
a população de empresas produtoras de rosas no país.
A segunda etapa da coleta de dados consistiu em pesquisar em cada um dos websites
das 154 empresas as informações referentes ao tipo e o número de certificações que elas têm,
além da variedade e o número de rosas que cultivam. Essa abordagem justifica-se
considerando que todas as empresas do setor são exportadoras e os portais de internet
representam um meio fundamental para informar clientes externos sobre os tipos de
certificações adotadas (caso possuam) e as variedades de rosas produzidas. O motivo para a
exposição das certificações nos portais de internet das empresas deve-se às exigências dos
países clientes, que podem exigir determinadas certificações para que o produto possa ser
comercializado em tal país.
Uma vez realizada a coleta de dados, verificou-se que das 154 empresas do setor só se
obtiveram os dados necessários - informações sobre os tipos de certificação e número de
variedades e subtipos de rosas produzidas - de 62 empresas (que serviram de base para a
análise), as quais correspondem a 40,8% da população de empresas.
3.
Resultados e discussão
As medidas de tendência central ilustram que da amostra de 62 empresas produtoras
de rosas existem dois grupos: i) o Grupo A, formado por 44 empresas que têm pelo menos
uma certificação de produto, processo ou prática de gestão e; ii) o Grupo B, formado por18
empresas que não possuem nenhum tipo de certificação.
No caso do Grupo A (44 empresas), foram encontradas 13 diferentes tipos de
certificações, classificadas em cinco grupos, dependendo do objetivo de cada certificação: (i)
uma de Gestão de Qualidade (ISO 9001); (ii) três de Gestão Ambiental (ISO 14001, Milieu
Programma Sierteelt, Outro1); (iii) sete de Gestão Social-Ambiental (FlorEquador®,
GLOBAL-GAP2 & EUREP-GAP, VERIFLORA, Flower Label Program, Fair Flowers and
Plants, Fair Trade Certification, Rainforest Alliance Certification); (iv) uma de Comércio
Justo (Fairtrade Label Organizations); e (v) uma de Seguridade do Comércio (BASC).
O Quadro 2 apresenta uma síntese de cada uma das certificações identificadas nas
empresas focadas no estudo, com sua definição e objetivos.
Natureza
da
Certificação
Gestão
da
Qualidade
Gestão
Ambiental
Certificação
ISO 9001
ISO 14001
Definição
A norma ISO 9001 faz parte da família de normas ISO de qualidade e gestão
contínua da qualidade estabelecidas pela International Organization for
Standardization (ISO), que podem se aplicar a qualquer tipo de organização ou
atividade sistêmica, orientada à produção de bens ou serviços. ISO 9001 são
normas genéricas de gestão e garantia da qualidade, atendendo às
especificações para a qualidade de produtos e serviços, aplicando-se
especificamente aos seus processos e sistemas.
A série de normas ISO 14000 tem como objetivo a criação de um sistema de
gestão ambiental (SGA) que auxilie as organizações a cumprirem seus
compromissos assumidos com o ambiente natural. Além disso, em função do
processo de certificação ser reconhecido internacionalmente, possibilita às
organizações distinguirem-se daquelas que somente atendem à legislação
6/15 possuem nenhuma certificação. As normas da série
ambiental, mas que não
ISO 14000 também estabelecem as diretrizes para as auditorias ambientais,
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Milieu
Programma
Sierteelt
(MPS)
Outros
Gestão
SocialAmbiental
FlorEcuador®
Flower Label
Program
(FLP)
GLOBALGAP &
EUREP-GAP
VERIFLORA
(Certified
Sustainable
Grown)
Fair Flowers
and Plants
(FFP)
avaliação de desempenho ambiental, rotulagem ambiental e análise do ciclo de
vida dos produtos, possibilitando a transparência da organização e de seus
produtos em relação aos aspectos ambientais e viabilizando harmonizar os
procedimentos e diretrizes aceitos internacionalmente com a política ambiental
por ela adotada.
O Milieu Programma Sierteelt (MPS) é um programa de certificações com o
objetivo de: (i) diminuir o impacto ambiental das empresas participantes; e (ii)
melhorar a imagem do setor da horticultura ornamental. Tais objetivos têm sido
formulados a partir das demandas do mercado e de uma atitude mais crítica da
sociedade com respeito aos processos de cultivos. Desta forma, os cultivos
devem se tornar sustentáveis e socialmente responsáveis. O benefício do MPS
para o consumidor é a capacidade de conhecer a procedência do produto e ter
confiança de que tanto o produto como os processos são ambientalmente
corretos.
Certificação ambiental emitida pela prefeitura da cada estado onde a empresa
desenvolve suas atividades no Equador.
FlorEcuador® é um tipo de certificação sócio-ambiental desenvolvido pela
Associação Nacional de Produtores e Exportadores de Flores do Equador
(EXPOFLORES). FlorEcuador® integra os seguintes aspectos de observância:
(i) Gestão ambiental e boas práticas agrícolas, (ii) Gestão humana e
responsabilidade social, e (iii) Aspectos legais. Esta certificação promove a
responsabilidade social empresarial; eleva as condições laborais do trabalhador;
busca gerar uma produção limpa com otimização no uso de recursos e insumos;
proíbe o uso de agroquímicos tóxicos e fomenta a aplicação de técnicas de
manejo integrado de plagas (MIP).
O Flower Label Program (FLP) é um programa para a solução de problemas
ecológicos e sociais, relacionados com a produção de flores. Esta certificação
se fundamenta em: (i) direitos humanos internacionais; (ii) convenções da
organização internacional do trabalho (OIT); e (iii) declaração da comunidade
de nações sobre o desenvolvimento sustentável (Agenda 21). Essas três
diretrizes são focadas para a produção social e ambientalmente responsável de
flores cortadas, contribuindo para o bem-estar do meio-ambiente, dos
empregados da empresas produtoras de flores e de suas comunidades.
O GLOBAL-GAP é uma organização privada que estabelece normas voluntárias
para a certificação de produtos agrícolas em todo o mundo. A norma
GLOBALGAP foi principalmente elaborada para reafirmar perante os
consumidores que a produção alimentar nas unidades de produção agrícola é
realizada através da minimização dos impactos negativos de operações
agrícolas no meio-ambiente, redução do uso de insumos químicos e garantia de
uma abordagem responsável dos assuntos de saúde e segurança dos
empregados e saúde animal. GLOBAL-GAP funciona como um manual
prático de Boas Práticas Agrícolas (BPA) em todos os lugares do mundo. A
base é uma parceria igualitária entre produtores agrícolas e varejistas que
desejam estabelecer normas e procedimentos de certificação eficientes.
O programa de certificação VERIFLORA foi estabelecido para proporcionar
padrões de desempenho sustentável para produtores e tratadores de flores
cortadas e plantas ornamentais. Os agricultores, distribuidores, atacadistas e
floristas que operam com esta certificação têm como meta a produção de
produtos de qualidade, de forma ambientalmente responsável, integrando a
saúde e o bem-estar dos trabalhadores, suas famílias e comunidades. A
certificação VERIFLORA estabelece critérios nas seguintes áreas chave: (i)
Desenvolvimento sustentável: controle agrícola sustentável, conservação
eficiente de recursos e energia, proteção do ecossistema e gestão integrada de
resíduos; (ii) Sustentabilidade econômica e social: práticas trabalhistas justas, e
benefícios comunitários; (iii) Integridade do produto: qualidade do produtos, e
segurança do produto.
O Fair Flowers and Plants (FFP) é uma certificação que estimula a produção
de flores e plantas produzidas de forma sustentável, respeitando os seres
humanos e o ambiente. Esta certificação abrange produtores, atacadistas,
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distribuidores e consumidores. No caso dos produtores, o selo de qualidade
FFP permite-lhes identificar-se como uma organização que coloca prioridade
em questões sociais e ambientais. Assim, seus produtos serão comercializados
através de atacadistas e distribuidores que tenham a mesma certificação. O
objetivo do FFP é dar a conhecer ao consumidor a origem e modo de cultivo de
um produto em todo momento ao longo da cadeia de suprimentos
(trazabilidade).
O Fair Trade Certification – Flowers é uma certificação que garante aos
consumidores que os produtores cumprem rigorosos critérios econômicos,
sociais e ambientais, na produção e comercialização do produto agrícola; e que
Fair Trade
os trabalhadores recebem um prêmio para investir no desenvolvimento da
Certification
comunidade. Esse tipo de certificação é um aval para que o consumidor sabia
– Flowers
que os trabalhadores recebem salários justos e são protegidos contra pesticidas,
que os produtores adotam práticas sustentáveis e que a comunidade se beneficia
diretamente com as flores que são compradas pelo consumidor.
O Rainforest Alliance Certification é um programa para estimular os
agricultores e produtores florestais a adotar métodos sustentáveis;
desenvolvendo práticas que protejam a água, o solo, o habitat da vida silvestre
e os ecossistemas florestais. A certificação se fundamenta no cumprimento de
Rainforest
mais de 200 critérios sociais, ambientais e econômicos. A certificação tem
Alliance
como objetivo conservar a biodiversidade, o bem-estar dos trabalhadores e das
Certification
comunidades locais e assegurar meios de vida sustentáveis mediante a
transformação de práticas de uso do solo, práticas empresariais e
comportamento do consumidor.
O Fairtrade Label Organization International (FLO) é a organização
internacional responsável da definição e certificação dos Critérios de Comércio
Justo (FairTrade). Esta certificação garante aos consumidores que os produtos
de países em desenvolvimento recebem um tratamento justo. Os produtos com
a certificação FLO permitem que pequenas organizações agrícolas e seus
Fairtrade
membros consigam maior independência e maior poder aquisitivo,
Label
Comercio
proporcionando-lhes estabilidade econômica e uma melhor qualidade de vida.
Justo
Organizations
Dentre os benefícios da certificação encontram-se: (i) maior e mais fácil acesso
(FLO)
a empréstimos sem juros ou com juros baixos; (ii) assistência técnica na
construção de infra-estruturas que melhorem a produção; (iii) sistemas de
comunicação e transporte, e equipamentos de uso comunitário; (iv) formação
técnica e diversificação de técnicas para as organizações membros e suas
famílias.
A BASC é uma aliança empresarial internacional que promove comércio seguro
em cooperação com governos e organizações internacionais. O objetivo da
BASC
certificação BASC é facilitar e agilizar o comércio internacional mediante o
(Business
estabelecimento e administração de padrões e procedimentos globais de
Seguridade
Alliance for seguridade aplicados à cadeia logística, em associação com governos,
do Comercio
Secure
autoridades e empresas em nível mundial. As empresas que têm essa
certificação são auditadas periodicamente e oferecem a garantia de que seus
Commerce)
produtos e serviços são submetidos a uma rigorosa vigilância em todas as áreas
mediante diversos sistemas e processos.
Quadro 2: Certificações identificadas nas empresas focadas no estudo, com sua definição e objetivos.
Fonte: ISO, 2008; PMS, 2008; FLOR ECUADOR, 2008; FLP, 2008; GLOBAL GAP, 2008; VERIFLORA,
2008; FFP, 2008; FTC, 2008; Florverde, 2007; RAINFOREST ALLIENCE, 2008; FLO, 2008; BASC, 2008.
3.1 Empresas certificadas
Segundo as dados obtidos, as 44 empresas possuem um total de 109 certificações, com
uma média por empresa de 2,47 certificações. Desse total, 63,3% (69 certificações) são de
Gestão Sócio-ambiental, 19,2% (21 certificações) de Segurança do Comércio, 10% (11
certificações) de Gestão Ambiental, 4,6% (5 certificações) de Gestão da Qualidade, e 2,7% (3
certificações) de Comércio Justo. Se considerarmos como um único grupo as empresas
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certificadas com programas de Gestão Ambiental e Gestão Sócio-ambiental, 73,4% (80
certificações) das certificações se enquadram no âmbito do desenvolvimento sustentável.
O Quadro 3 apresenta todas as certificações, divididas por grupo, bem como o número
de empresas que estão certificadas por cada tipo.
Natureza da
Certificação
Certificação
Gestão da Qualidade
Número de
empresas
certificadas
Total de
certificações por
natureza da
certificação
5
ISO 9001
5
ISO 14001
2
Gestão Ambiental
11
Milieu Programma Sierteelt (MPS)
7
Outros
2
FlorEcuador®
35
Flower Label Program (FLP)
18
GLOBAL-GAP & EUREP-GAP
5
Gestão
Social69
VERIFLORA (Certified Sustainable Grown)
3
Ambiental
Fair Flowers and Plants (FFP)
4
Fair Trade Certification – Flowers (FTF)
3
Rainforest Alliance Certification (RAC)
1
Comercio Justo
Fairtrade Label Organizations (FLO)
3
3
Seguridade
do BASC (Business Alliance for Secure
21
21
Comercio
Commerce)
Quadro 3: Natureza da certificação e número de empresas certificadas por cada tipo.
A coluna Número de. Empresas Certificadas do Quadro 3, mostra o número de
produtores de rosas que têm cada um dos diferentes tipos de certificações. Já a coluna Total
de Certificações por natureza da certificação indica o número total de certificações segundo a
natureza da certificação: por exemplo, existem 69 certificações de natureza Sócio-ambiental.
Não se pode dizer que existem 69 empresas com certificações desse tipo,visto que o número
de empresas que têm pelo menos uma certificação é de 44. Assim, pode-se concluir que uma
mesma empresa pode ter mais de uma certificação da mesma natureza e em nenhum dos casos
elas são excludentes.
Analisando os tipos de certificações de forma individual, pode-se observar na Figura 1
que três tipos predominam nas empresas: FlorEcuador® em 32% das empresas, BASC em
19% das empresas e Flower Label Program em 16% das empresas. A certificação
FlorEcuador® é a mais utilizada pelas empresas, provavelmente por que é um programa
desenvolvido pela Associação de Exportadores de Flores (EXPOFLORES) entidade na qual
quase a totalidade das empresas produtoras de rosas do país são membros.
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Percentual de Empresas certificadas por tipo
ISO 9001
ISO 14001 MPS
4%
2%
6%
FLO
3%
RAC
1%
Outros
2%
BASC
19%
FTF
3%
FFP
4%
VERIFLORA
3%
GLOBALGAP
5%
FlorEcuador®
32%
FLP
16%
Figura 1: Percentual de empresas certificadas por tipo
3.2 Variedades produzidas
As variedades de rosas produzidas são apresentadas na Tabela 1. Existem 11
variedades diferentes de rosas classificadas por cor: vermelho, amarelo, bicolor, salmão,
lavanda, violeta, laranja, rosa, verde, branco-creme, verde e outras. Cada uma das cores tem
subtipos, ou seja, diferentes tonalidades dentro da mesma cor. Dentro da variedade de rosa
vermelha, por exemplo, existem 19 diferentes subtipos, gerando uma média de 7,4 subtipos
produzidos por empresa. As diferentes variedades de rosas estão representadas por subtipos; o
número total de subtipos representa a totalidade dos diferentes produtos ofertados pelas
empresas. Nessa pesquisa, o número de subtipos é considerado como o fator indicador do
grau de inovatividade de cada organização.
Tabela 1– Variedades de rosas produzidas.
Variedade
Média de subtipos
produzidos
Vermelha
7,4
Amarela
5,4
Bicolor
17,7
Salmão
2,7
Lavanda
2,5
Violeta
2,8
Laranja
5,7
Pink
10,4
Verde
2,0
Branca&Creme
6,9
Outras
9,4
*62 empresas analisadas
No. máximo de
subtipos produzidos
19
21
47
9
11
16
15
36
4
24
33
No. de
% de Empresas*
Empresas
62
60
59
47
31
23
57
58
52
60
27
100%
97%
95%
76%
50%
37%
92%
94%
84%
97%
44%
Analisando a Tabela 1, fica evidente que a rosa vermelha é a mais cultivada, sendo
que 62 empresas (100%) a cultivam, 60 empresas (97%) cultivam rosas amarelas e
branco&creme, 59 empresas (95%) cultivam rosas bicolor e 58 empresas (94%) cultivam
rosas pink, como os resultados mais relevantes.
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ANAIS
Do total de variedades e subtipos de rosas produzidas, é importante identificar quantos
desses produtos são cultivados por empresa – nos grupos com certificação e sem certificação.
Para isso, a Figura 2 apresenta o histograma de freqüências, onde o eixo “X” representa as
variedades de rosas produzidas por empresa, e o eixo “Y” indica a quantidade média de
subtipos cultivados. Os dados da Figura 2 mostram que das 11 variedades de rosas, em 8
variedades a média de subtipos produzidos é maior nas empresas com certificações; e que só
nas variedades lavanda (3,7), violeta (3,4) e outras (10,1) a média é maior nas empresas sem
certificações.
18,6
20.0
18.0
15,7
16.0
14.0
11,3
12.0
10.0
8.0
10,1
9,1
8,3
7,5 7,1
5,8
6.0
4,5
2,9
4.0
7,3
6,3
3,7
3,4
2,4
2,2 2,3
5,8
4,1
2,2 1,8
2.0
0.0
Com Certifica çã o
Sem certificação
Figura 2 – Média de subtipos produzidos por grupo de empresas
Apesar dos resultados mostrarem que existe uma diferença entre o grupo de empresas
com certificações em relação à quantidade de subtipos de rosas produzidas, essa diferença não
pode ser considerada significativa. Assim, foram testadas as hipóteses de pesquisa
apresentadas anteriormente, para identificar se existem diferenças significativas entre os dois
grupos de empresas.
Para testar as hipóteses foram realizados testes de diferença entre médias (teste-t), cujos
resultados são apresentados na Tabela 2.
Variáveis
Subtipos
Tabela 2 – Teste-t de Empresas Certificadas e Não-Certificadas.
Estatísticos do Grupo
Teste-t de médias
Tipo de Empresa
Média
Desvio Padrão No. de Empresas
t
Sig.
Sem certificação
54.56
17.52
18
-1.539
0.130
Com certificação
63.95
29.84
44
Nível de significância α = 0,05
Como mostra a Tabela 2, os resultados teste-t de diferença entre médias dos subtipos
de rosas produzidas (t=-1,539), entre empresas com certificações e sem certificações, não são
estatisticamente significativos a um nível de significância de α = 0,05. Portanto, não existe
diferença grau de inovação de empresas com certificações, com relação a empresas que não
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possuem nenhuma certificação. Com base nesse resultado, aceita-se a hipótese nula (H0) e
rejeita-se a hipótese da pesquisa (H1), formuladas no inicio da discussão.
Como se observa na Tabela 2, mesmo existindo uma diferença considerável entre a
quantidade média dos subtipos de rosas produzidas em empresas sem certificações (54,56) e
com certificações (63,95), a mesma não é estatisticamente significativa como confirma o
valor t na tabela.
Para determinar o grau de associação (correlação) entre o número de certificações
(variável independente) e o número total subtipos de rosas cultivadas (variável dependente),
foi calculado o coeficiente de correlação de Pearson (r). O resultado foi um r = 0,128, que
explica uma associação fraca entre as duas variáveis. O valor coeficiente angular -2,1736
explica que o número total de variedades cultivadas (variável dependente) pode diminuir
2,1736 unidades por unidade de certificação incrementada (variável independente).
Já o coeficiente de determinação (r2), r2 = 0,0164 explica que somente 1,64% das
variações da quantidade de variedades de rosas cultivadas são explicadas pelas variações do
número de certificações. Dado esse valor do coeficiente, não se pode explicar uma relação
causa-efeito do tipo: quanto maior o número de certificações por empresa, maior o número de
variedades de rosas produzidas. Isso se confirma com os valores dos testes t= -0,837, e F=
0,701 que não são estatisticamente significativos a um nível de significância α= 0,05.
Como os resultados mostram, mesmo existindo uma diferença entre o grupo de
empresas com certificações e sem certificações, em relação ao número de subtipos de rosas
produzidas, essa diferença não é estatisticamente significativa. Assim, no setor analisado,
empresas que optam por certificar seus produtos, processos ou práticas de gestão são tão
inovadoras quanto as empresas que não têm certificações, considerando-se número de
produtos diferentes (tipos de rosas) como indicador de inovação, critério que foi utilizado para
esta análise.
No entanto, o processo de inovação pode estar focado nas características próprias do
produto. Segundo EXPOFLORES (2008) o P&D é baseado em critérios como: (i)
desenvolvimento de variedades altamente produtivas; (ii) novas variedades cuja vida no vaso
seja de até 16 dias, (iii) rosas que absorvam a água com facilidade, (iv) variedades com
fragrância, e (v) variedades resistentes a danos físicos durante a coleta e transporte. Assim, a
inovação tem mais peso na melhora das características das variedades já existentes, do que no
desenvolvimento de novos tipos de rosas (rosas de outras cores)
Analisando apenas o grupo das 44 empresas com certificações, não existe um grau de
associação (correlação) forte, negativo ou positivo, entre o número de certificações por
empresa e a quantidade de tipos de rosas produzidas. Esse resultado contraria a noção de que
o número de certificações influenciaria positivamente o número de tipos de rosas que as
empresas produzem - já que o número de certificações por empresa poderia facilitar a
exportação das flores a um número maior de países, o que demandaria uma linha mais
completa de produtos. No entanto, o número de certificações por empresa poderia facilitar a
exportação das flores e o número de países abrangidos por uma empresa, já que em certos
casos os países importadores têm diferentes exigências para a introdução e comercialização de
produtos agrícolas.
4.
Conclusões
O objetivo do artigo foi identificar se empresas que optam por certificar seus produtos,
processos ou práticas de gestão são mais inovadoras que empresas que não tem certificações,
relacionando o tipo e a quantidade de variedades de rosas produzidas por empresas do
Equador como indicador de inovação. Os resultados mostraram que não existe diferença
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estatisticamente significativa entre empresas produtoras de rosas que certificam ou não seus
produtos, processos, ou práticas de gestão. O fato das empresas optarem por certificações em
certos casos pode estar ligado a cumprir exigências impostas pelos países para o qual o
produto é comercializado. Os resultados apresentados neste trabalho, embora não possam ser
generalizados para o setor produtor de rosas de Equador, tornam-se relevantes para que mais
estudos sejam feitos, objetivando estabelecer como as empresas do setor estão inovando, qual
é o foco de inovação do setor (produto, processos ou produto-processo) e através do que e de
quem esse processo de inovação começa, seja pela própria empresa, pelos seus fornecedores
com a aquisição de tecnologia e conhecimento, ou em parceria entre fornecedores, empresa e
instituições de P&D públicas ou privadas.
O estudo apresenta duas importantes limitações. Em primeiro lugar, as análises
estatísticas realizadas basearam-se em dados secundários, e mesmo sendo informações obtidas
de fontes relativamente confiáveis e atualizadas - os portais de internet das empresas
produtoras de rosas estudadas – esses dados não foram confirmados in loco. Em pesquisas
futuras que abordem esse tema será importante a coleta de dados primários obtidos através de
entrevistas e surveys realizadas diretamente com os gestores das empresas. Em segundo lugar,
essa pesquisa considerou como indicador de inovatividade das empresas somente o número de
tipos de rosas produzidas. Esse indicador não reflete esforços internos de inovação que não se
expressam, simplesmente, pelo número de produtos ofertados. Nesse grupo certamente
incluem-se inúmeras inovações, incrementais ou radicais, de processo (produtivo e de gestão)
e produto, que impactam no custo e qualidade dos produtos e serviços, mas não no número de
produtos ofertados.
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1
A classificação Outro foi designada para a certificação ambiental emitida pela prefeitura da cada estado onde a
empresa desenvolve suas atividades.
2
GAP: Good Agriculture Practices
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empresas que possuem certificações são mais inovadoras?