Ano XXIX • nº 330 • Setembro / 2012
Qualificação dos serviços dá
sustentabilidade às organizações
Cresce o número de estabelecimentos de saúde que estão buscando o selo da
Organização Nacional de Acreditação (ONA) e os internacionais Joint Commission
International (JCI) e Acreditation Canada. O processo traz melhoria substancial do
atendimento e aumento da rentabilidade das organizações.
Páginas centrais
Artigo questiona valores do SUS em psiquiatria.
Página 4
Cai o número de leitos públicos no país.
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Edi t o r i a l
Anuário SINDHOSP 2012 fala de inovação
Hospitais, clínicas, laboratórios e demais estabelecimentos de serviços de saúde contribuintes
do SINDHOSP devem começar a receber, a partir da
segunda quinzena de outubro, a quarta edição do
Anuário SINDHOSP, que tem como tema central “Inovação: Ideias, Tendências e Ações que Transformam o
Mercado da Saúde”.
A inovação pode estar mais próxima da empresa do
que o empresário e o gestor imaginam. As mudanças
nas relações que a internet e, mais recentemente, as
mídias sociais estão proporcionando é algo que só
poderemos dimensionar daqui alguns anos. Mas isso já
está acontecendo hoje! O agendamento de consultas e
exames pela rede mundial de computadores já é uma
realidade. O acesso aos resultados, também. O doutor
Google está minando a soberania dos médicos e o prontuário de saúde pessoal é uma tendência que visa maior
conscientização do usuário como responsável pela sua
própria saúde. Tudo isso impacta as relações no setor.
O fator humano, aliás, é a mola propulsora do nosso
segmento. Afinal, por mais refinadas que sejam as tecnologias empregadas, todas, sem exceção, passam pela
mão dos profissionais da saúde. São eles que decidem,
manipulam e, principalmente, mantêm contato direto
com os pacientes. E como gerir dentro de organizações
com tantos protocolos a serem obedecidos, como exige a saúde, a geração que começa a chegar às nossas
empresas, conhecida como geração Y ou Z? Quais os
conflitos que podem ocorrer no relacionamento entre
os profissionais mais maduros com essa rapaziada que
respira tecnologia? Como administrá-los?
Essas questões se colocam atualmente como desafios e exigem criatividade dos gestores para superá-los. Criar e inovar são sinônimos que precisam fazer
parte do nosso dia a dia. E a proposta do Anuário, que
chega a ser um tanto provocativa, é mostrar tendências, apontar para onde o mundo (que hoje não tem
fronteiras) caminha. Para inovar não é preciso grandes
investimentos. Pelo Dicionário
Houais, inovar é “fazer algo
como não era feito antes”.
Encontrar essa diferença
exige não só raciocínio,
mas principalmente sensibilidade, percepção. E esse
mar de possibilidades está
dentro de cada um de nós.
Dante Montagnana
presidente
E xp ed i ente
DELEGADOS REPRESENTANTES
Efetivos: Dante Ancona Montagnana e Yussif Ali Mere Júnior - Suplentes: José Carlos Barbério e Luiz Fernando Ferrari Neto
REGIONAIS
SINDICATO DOS HOSPITAIS, CLÍNICAS, CASAS DE SAÚDE,
LABORATÓRIOS DE PESQUISAS E ANÁLISES CLÍNICAS E
DEMAIS ESTABELECIMENTOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE
DO ESTADO DE SÃO PAULO
DIRETORIA
EFETIVOS
Dante Ancona Montagnana – presidente, Yussif Ali Mere Júnior – 1º
vice-presidente, George Schahin – 2º vice-presidente, José Carlos
Barbério – 1º tesoureiro, Luiz Fernando Ferrari Neto – 2º tesoureiro,
Luiza Watanabe Dal Ben – 1ª secretária e Antonio Carlos de Carvalho
– 2º secretário
SUPLENTES
Sérgio Paes de Melo, Carlos Henrique Assef, Danilo Ther Vieira das
Neves, Simão Raskin, Ricardo Nascimento Teixeira Mendes, Marcelo
Luis Gratão e Irineu Francisco Debastiani
CONSELHO FISCAL
Efetivos: Roberto Nascimento Teixeira Mendes, Gilberto Ulson Pizarro
e Marina do Nascimento Teixeira Mendes - Suplentes: Maria Jandira
Loconte Ferrari, Paulo Roberto Rogich e Lucinda do Rosário Trigo
ABC
Rua Porto Alegre, 257 - Vila Assunção
CEP: 09030-610 - Santo André - SP
Tel/Fax: (11) 4427-7047
e-mail: [email protected]
BAURU
Rua Bandeirantes, 7-20 - Centro - 17015-011 - Bauru - SP
Tel: (14) 3223-4747 - Fax: (14) 3223-4718
e-mail: [email protected]
CAMPINAS
Rua Conceição, 233 - 15º andar - Sala 1510 - Centro
CEP: 13010-050 - Campinas - SP
Tel: (19) 3233-2655 - Fax: (19) 3233-2676
e-mail: [email protected]
PRESIDENTE PRUDENTE
Rua Joaquim Nabuco, 150 - Centro
Presidente Prudente - SP - CEP: 19010-070 - Tel: (18) 3916-2435
e-mail: [email protected]
RIBEIRÃO PRETO
Rua Álvares Cabral, 576 - 5º andar - Edifício Mercúrio
CEP: 14010-080 - Ribeirão Preto - SP
Tel/Fax: (16) 3610-6529 - e-mail: [email protected]
SANTOS
Rua Dr. Carvalho de Mendonça, 238 - Cj. 44 - Centro
CEP: 11070-000 - Santos - SP - Tel/Fax: (13) 3233-3218
e-mail: [email protected]
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
Av. Dr. João Guilhermino, 251 - 12º andar - sala 122
CEP: 12210-131 - São José dos Campos - SP
Tel: (12) 3922-5777 / 3922-5023 - Fax (12) 3946-2638
e-mail: [email protected]
SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
Rua Tiradentes, 2449 - Boa Vista
CEP: 15025-050 - São José do Rio Preto - SP
Tel: (17) 3232-3030
e-mail: [email protected]
SOROCABA
Rua Cônego Januário Barbosa, 145 - Vergueiro
CEP: 18030-200 - Sorocaba - SP
Tel: (15) 3211-6660 - Fax: (15) 3233-0822
e-mail: [email protected]
JORNAL DO SINDHOSP
EDITORA: Ana Paula Barbulho (Mtb 22.170)
REPORTAGENS: Ana Paula Barbulho, Aline Moura e Fabiane de Sá
PLANEJAMENTO E PRODUÇÃO GRÁFICA:
Ergon Art - (11) 2676-3211
PERIODICIDADE: Mensal
TIRAGEM: 15.000 exemplares
CIRCULAÇÃO: entre diretores e administradores hospitalares, estabelecimentos de saúde, órgãos de imprensa e autoridades.
Os artigos assinados não refletem
necessariamente a opinião do jornal.
Correspondência para Assessoria de Imprensa SINDHOSP
R. 24 de Maio, 208, 9º andar, São Paulo, Capital,
CEP 01041-000
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www.sindhosp.com.br
e-mail: [email protected]
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N otícias
Médicos de SP protestam
até o momento, poucas empresas regularizaram os contratos já existentes”. Ele também
afirmou que os reajustes aos médicos nos
últimos dez anos estão muito abaixo da
inflação. “Dessa maneira, cai a qualidade
dos serviços prestados e do atendimento ao
paciente.” De acordo com a ANS, São Paulo
concentra quase a metade da população
brasileira que paga planos e seguros saúde.
São 18,4 milhões de usuários, de um total de
47,8 milhões no país.
A ação pela valorização da profissão
teve início no dia anterior à paralisação dos
médicos, com uma passeata intitulada “Ato
de Cidadania”, formada por lideranças das
entidades médicas estaduais e profissionais
da área de saúde, que seguiu da sede da
APM até a Câmara Municipal de Vereadores.
Vestindo aventais verdes e usando adesivos amarelos em favor da causa, médicos,
enfermeiros e manifestantes que aderiram
ao movimento, apoiado pelo SINDHOSP e
pela Fehoesp, entregaram um documento
com as reivindicações da categoria ao presidente do Legislativo Municipal, vereador
José Police Neto (PSD), e pediram o apoio
dos vereadores.
Em meio aos desentendimentos entre
operadoras e médicos, os usuários de planos de saúde também têm demonstrado
insatisfação com os serviços. Antes da
passeata, Florisval Meinão e representantes
da Associação Médica Brasileira (AMB), do
Conselho Regional de Medicina do Estado
de São Paulo (Cremesp), do Sindicato dos
Médicos de São Paulo (Simesp), da Academia
de Medicina de São Paulo e da Sociedade
Brasileira de Cirurgiões Dentistas (SBCD)
apresentaram um balanço das queixas
recebidas nos primeiros 20 dias
de funcionamento do serviço SOS
Pacientes Planos de Saúde, criado
pela APM em parceria com a ProTeste - Associação Brasileira de Defesa
do Consumidor. Pelo telefone 0800
200 4200, a população usuária de
plano de saúde pode registrar,
gratuitamente, os problemas com
as operadoras.
No período de 14/8 a 4/9, foram
423 reclamações registradas pelo
serviço, média de 28 por dia. A
maioria das queixas foi pela demo-
ra em agendar consulta (28%); seguida por
negativa de cobertura (19%); rede credenciada insuficiente (17%); reajuste abusivo
(15%); e demora em autorizações de exames
e internações (13%).
Paralisação nacional
O movimento pela valorização da profissão dos médicos em São Paulo faz parte
de uma mobilização nacional que prevê
paralisar o atendimento em todo país no
mês de outubro, caso não haja avanço nas
negociações com as operadoras. A proposta foi deliberada pela Comissão Nacional
de Saúde Suplementar (Comsu) das entidades, em reunião realizada no dia 31 de
agosto, que contou com representantes da
Federação Nacional dos Médicos (Fenam),
Conselho Federal de Medicina (CFM) e AMB,
além de sindicatos de médicos, conselhos e
associações regionais. Os dirigentes optaram
por um protesto mais amplo por não terem
obtido os avanços esperados nas negociações com as operadoras.
“Os Estados terão autonomia para
escolher os planos a serem suspensos.
As urgências e emergências continuarão
funcionando normalmente”, explicou o secretário de Saúde Suplementar da Fenam,
Márcio Bichara. O presidente do CFM, Roberto D’Ávila, apresentou uma proposta para
que as entidades debatam a possibilidade
de desvincular as consultas dos planos de
saúde. “A ideia será levada para as entidades.
Vamos amadurecer a lógica de no futuro o
usuário comprar o plano desvinculado da
consulta, já que o embate com as operadoras
está cada vez pior. Com isso, preservaríamos
a relação médico-paciente.”
Fotos: Divulgação
No dia 6 de setembro, os médicos do
Estado de São Paulo que atendem planos
de saúde suspenderam a realização de
consultas e outros procedimentos eletivos
durante 24 horas, como mais um protesto e demonstração de insatisfação com
as operadoras. Muitos planos ainda não
negociaram com os médicos a reposição
das perdas acumuladas nos honorários
pagos e continuam interferindo na conduta médica. O atendimento de urgências
e emergências foi mantido durante o dia
de paralisação.
Pelo menos 70% da categoria aderiu
à greve, segundo a Associação Paulista de
Medicina (APM). Os médicos reivindicam
o aumento dos honorários para R$ 80 por
consulta. Segundo a APM, a maioria dos
médicos paulistas recebe das operadoras
entre R$ 50 e R$ 60 por consulta, mas há
quem ganhe apenas R$ 25. Eles reclamam
também da interferência na relação entre
médico e paciente, já que operadoras fazem
pressão para reduzir exames e internações
e para antecipar altas. Além disso, os profissionais querem a revisão da tabela com base
na Classificação Brasileira Hierarquizada de
Procedimentos Médicos (CBHPM), e o compromisso de reajuste anual, regularizado
em contrato.
Este item, inclusive, já está regulamentado pela Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS). O presidente da APM,
Florisval Meinão, disse que as resoluções
da ANS não estão sendo cumpridas e que “a
Instrução Normativa (IN) nº 49, que obriga
constar claramente nos contratos com as
operadoras os reajustes aos prestadores,
entrará em vigor em novembro. No entanto,
O SINDHOSP fez uma faixa de apoio aos médicos
A passeata foi até a Câmara dos Vereadores
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Ar t i g o
O engraxate e o SUS
conversávamos não pude deixar de traçar um
paralelo em relação à assistência realizada pelos hospitais psiquiátricos brasileiros. A política
nacional de saúde mental impinge um valor
mínimo para que os prestadores atendam a
pacientes que são caracterizados por serem
portadores de uma doença complexa. O gestor
público definiu que R$ 35 são suficientes para
pagar o atendimento diário desses pacientes.
Neste valor estão incluídos atendimento
médico, serviços de hotelaria, alimentação e
medicamentos. Refleti sobre a qualidade que
pode ser oferecida a este preço. E automaticamente me lembrei do primeiro engraxate,
que cobrava menos, mas realizava um trabalho
infinitamente inferior em termos de qualidade.
Todos sabem que a internação psiquiátrica pode ser necessária em algum momento da doença dos que sofrem mentalmente.
Mas, por uma questão ideológica, o gestor
não financia adequadamente os estabelecimentos de saúde que fazem parte de uma
rede de atenção integrada em saúde mental.
A partir daí, decorrem os problemas. Porque, por outro lado, o Ministério da Saúde
não consegue dar resposta quantitativa e
qualitativa à população na criação e implementação de serviços comunitários. Ao
mesmo tempo, não se investe nos hospitais.
E quem sofre com tudo isso são os pacientes
e familiares, os usuários do sistema. É um
beco sem saída, pelo menos em curto prazo.
Outro ingrediente que agrava o problema é o avanço das drogas, que compromete
a população dos grandes centros, revelando
a falta de estrutura e de planejamento das
autoridades. Equivocadamente, buscam a
solução para a dependência química através
da segurança pública. Estão errados. Para
Hospital Samaritano de São Paulo - Espaço para Locação
Anfiteatro (200 lugares):
>> Buffet
transformar essa dura realidade, há que se
investir muito em educação e saúde. E não se
sabe até quando os responsáveis pelos hospitais psiquiátricos vão suportar esse valor
insignificante. O que é trabalhar de graça?
Qual o limite aceitável para que se tenha
um equilíbrio econômico-financeiro de um
contrato espúrio? Qual o limite da qualidade? Qual o valor justo para remunerar uma
série de exigências para que o paciente seja
de fato bem tratado? Uma coisa para mim é
certa: o valor justo, adequado e factível, está
muito longe do que é oferecido indignamente. E que os hospitais acabam aceitando.
Gostaria que cada dirigente de hospital
psiquiátrico tivesse a mesma postura do velho engraxate, e dissesse ao gestor público,
em alto e bom som: “Não trabalho de graça”.
Foto: Arquivo SINDHOSP
Observei que meu sapato precisava de
uma graxa preta para restaurar um pouco das
minhas idas e vindas. Havia engraxado o outro
par na semana anterior numa cadeira debaixo
de um guarda-sol, na Praça da República, ao
preço de R$ 3. Como nesta semana havia fila,
procurei outro engraxate na mesma praça a
poucos metros de distância. Este cobrou R$
5. Pensei que a inflação estava correndo solta.
Perguntei se o engraxate poderia fazer um
desconto, já que o colega ao lado cobrava
40% a menos. A resposta foi que infelizmente
não dava, pois ele não trabalhava de graça.
Pela resposta, resolvi ficar. Até para conversar
um pouco mais com aquele senhor que me
confidenciou ter 80 anos. Fiquei observando
o empenho com que realizava seu ofício, e isto
me intrigou. Uma demão caprichada de graxa
e um lustro com um pano metodicamente dobrado. Outra demão e outro lustro. O sapato ia
ficando cada vez mais bonito e quando achei
que estava pronto, outra demão. O tempo
passava e eu olhava para o relógio com a
certeza de que não daria mais tempo para
almoçar. Mas valeu a pena.
Falávamos sobre a vida. Ele, sobre o seu
particular mercado de trabalho. Tinha clientes cativos que pagavam bem mais do que
o valor cobrado, pois não abria mão da qualidade. A esta altura, já tirava o chapéu para
aquele senhor, que me cativou não só pelo
empenho com que trabalhava, mas também
por me dar mais uma lição de vida. À medida
que conversávamos, seu semblante deixava
transparecer que amava o que fazia. Mas uma
coisa era certa: ele não trabalhava de graça.
Quarenta e cinco minutos depois, deu
seu toque final e o sapato parecia mais novo
do que quando o comprei há anos. Enquanto
Ricardo Mendes
coordenador do departamento de Saúde
Mental do SINDHOSP
Instituto de Conhecimento,
Ensino e Pesquisa - ICEP-HS
>> Segurança
>> Higiene
>> Suporte Audiovisual
Tel.: +55 (11) 3821-5719
Fax.: +55 (11) 3821-5896
[email protected]
>> Estacionamento com Manobrista
>> Recepção
>> Mestre de Cerimônias, Intérpretes,
Gravação e Fotografia
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www.samaritano.org.br
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@samaritanohosp
Samaritano Hospital
/hospitalsamaritano
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N otícias
SINDHOSP lança versão mobile de seu site
No Brasil, o crescimento do acesso à
internet por meio de dispositivos móveis
(celulares e tablets) é vertiginoso. Para se
ter uma ideia, estudo recente realizado pela
comScore, agência especializada em pesquisa de mercado no mundo digital, verificou
aumento de 300% nos acessos à internet
realizados por meios portáteis, no período
de um ano (maio de 2011 a maio de 2012).
Dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), de 2011, também revelam
a tendência: em 2010 eram 20,6 milhões
de terminais ativos com acesso à rede 3G
no Brasil, já em 2011 este número dobrou,
chegando a 41,1 milhões.
Atento a estas convergências, o
SINDHOSP desenvolveu uma versão mobile
de seu site, arquitetada especialmente para
suportar os formatos diferenciados de visualização e leitura utilizados pelos dispositivos
móveis. As informações são as mesmas da
versão tradicional, mas apresentadas de
maneira compatível. O internauta, através
de seu celular ou tablet, pode acessar as
notícias de todos os departamentos do Sindicato, as áreas institucional e de cadastro, o
painel de vagas, conferir a agenda de cursos
e eventos, preencher formulários, entre
outras funções.
Portais nacionais, como UOL e Terra, já
possuem suas versões mobile. Na área da
saúde, o SINDHOSP é o primeiro a apresentar
a novidade. Para o presidente do SINDHOSP,
Dante Montagnana, este é mais um serviço
ofertado ao público que acompanha o
segmento da saúde. “De qualquer lugar, as
pessoas poderão tirar suas dúvidas e ficar
bem informadas, já que o site conta com
atualizações diárias de notícias e demais
conteúdos”.
Para acessar o site do SINDHOSP por
meio de celular ou tablet, basta digitar o
endereço do portal, www.sindhosp.com.br,
e o usuário é automaticamente direcionado
à versão mobile. O acesso é compatível
com as plataformas Android, iOS (utilizada
em Iphone e Ipad), sistemas BlackBerry e
Windows Phone.
Outro produto desenvolvido pela entidade que já possui sua versão digital desde
2011 é o Anuário SINDHOSP. A publicação,
que é referência no setor de saúde e foi eleita
pelo Prêmio Allianz Seguros de Jornalismo
do ano passado como uma das cinco melhores no âmbito corporativo do país, também
pode ser acessada por meio de celular e
tablet. Em 2012, a versão digital prevê novos
recursos interativos, como compartilhamento de informações de empresas e produtos
anunciantes, vídeos e jogos.
Médicos de SP suspendem
atendimento a planos de saúde em outubro
to,
-HS
6
g.br
Os médicos de São Paulo decidiram paralisar o atendimento eletivo aos planos de
saúde de 10 a 18 de outubro como protesto
contra práticas abusivas das empresas e a
defasagem inaceitável dos procedimentos
médicos. Reunidos na Associação Paulista
de Medicina na noite de 17 de setembro,
as lideranças do movimento aprovaram a
suspensão do atendimento ao grupo de
operadoras que sequer aceitaram negociar
com a classe médica ou não enviaram propostas concretas até o fechamento desta
edição. São elas: Green Line, Intermédica,
Itálica, Metrópole, Notredame, Prevent
Sênior, Santa Amália, São Cristóvão, Seisa,
Trasmontano e Universal.
Um novo grupo poderia ser anunciado
até a data da paralisação. Enquanto isso, a
comissão de negociação continua à disposição das empresas para receber propostas.
“Estamos confiantes de que o diálogo estabelecido nos últimos meses com várias
operadoras e seguradoras resultará em
propostas consistentes. Caso contrário, se
esses planos de saúde se omitirem ou deixarem de enviar valores e termos compatíveis
com os pleitos da classe, serão incluídos
neste segundo grupo-alvo”, explica o diretor adjunto de Defesa Profissional da APM,
Marun David Cury.
Segundo João Sobreira de Moura Neto,
diretor de Defesa Profissional da APM, a
insatisfação é geral tanto entre os usuários
como entre os profissionais de medicina. “O
movimento nacional deliberou períodos de
paralisação mais prolongados em outubro,
que é o Mês do Médico, e São Paulo entrará
com toda a força, como não poderia deixar
de ser”, afirma. A APM, o Cremesp, os Sindicatos dos Médicos, a Academia de Medicina
de São Paulo e as Sociedades de Especialidade iniciam agora um grande trabalho
de mobilização dos médicos no sentido de
organizá-los para os protestos agendados.
A pauta de reivindicações do movimento médico paulista inclui consulta a R$
80, valores dos procedimentos atualizados
conforme a CBHPM (Classificação Brasileira
Hierarquizada de Procedimentos Médicos) e
inserção nos contratos de critério de reajuste
a cada 12 meses.
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Capa
Qualidade e crescimento andam jun
Na prestação de serviços, oferecer qualidade superior é um diferencial competitivo
fundamental para as empresas. Em nenhum
outro setor como no da saúde essa característica é tão valorizada, já que está diretamente
ligada à vida e ao bem-estar das pessoas.
Pensando nos benefícios que uma gestão
focada na satisfação dos pacientes pode
trazer, cada vez mais os estabelecimentos
de saúde têm se candidatado à acreditação
– processo de certificação de qualidade de
padrão internacional. É crescente o número
de estabelecimentos de saúde que estão
buscando certificações e acreditação, como o
selo da Organização Nacional de Acreditação
(ONA) e os internacionais Joint Commission
International (JCI) e Acreditation Canada.
Com uma rede de mais de 246 mil estabelecimentos de saúde, entre públicos e privados,
segundo o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), o número de certificações ainda é incipiente no Brasil. De acordo
com dados disponíveis no site das instituições
acreditadoras, são
pouco mais de 500
certificados emitidos a empresas
de saúde no país,
sendo 319 pela
ONA. Embora este
número seja
considerado
pequeno, a
busca pela
melhoria no
desempenho pelas
metodologias de
acreditação
é um fenômeno em ascensão que, para
especialistas,
deve se traduzir
em práticas de
gestão e de assistência mais transparentes, seguras e eficientes.
Segundo o presidente
pois o que você faz hoje
do Instituto Qualisa de Gesdeseja sempre fazer melhor
tão (IQG), Rubens Covello, a
amanhã”, conta.
acreditação na saúde é um
A busca pela consolimovimento bem estruturadação da qualificação dos
do em todas as regiões do
serviços também possui
Brasil. “No mundo inteiro a
seus entraves. Para Rubens
qualificação de serviços de
Covello, do IQG, a grande
saúde se dá baseada nos
dificuldade que as empreprocessos de acreditação”,
sas de saúde têm em relaexplicou. Para o presidenção à acreditação é a falta
te do IQG, a acreditação
de capacitação das pessoas
O presidente do Hospital
Santa Paula, George Schahin
tem como foco principal
para os processos de quaa quebra de paradigmas
lidade e segurança. “Aí está
em relação à melhoria da qualidade da
de verdade o grande impacto em custos do
assistência e gestão das instituições e deve processo. A escassez de profissionais qualiobrigatoriamente dar dois resultados: primei- ficados é um dos principais obstáculos para
ro, a melhoria substancial do atendimento e, o crescimento do setor”, disse, lembrando
depois, o aumento da rentabilidade das or- que as pessoas têm resistência às mudanças
ganizações. “Exatamente aí está o ganho das ou inovação.
instituições participantes desse processo, e
Para fazer frente a essa necessidade, o
não no marketing setorial. As ferramentas de
laboratório SalomãoZoppi Diagnósticos,
acreditação são implantadas principalmente que foi recertificado em nível 3 pela ONA
para a sustentabilidade das organizações de em agosto passado, inaugurou um Centro de
saúde”, afirmou.
Treinamento, no bairro do Paraíso, na Capital
A opinião de Rubens Covello é reiterada paulista, para capacitar seus 874 colaboradopelo presidente do Hospital Santa Paula, res e aprimorar os serviços e a qualidade dos
George Schahin. Afinal, o hospital foi o pri- atendimentos aos clientes nas cinco unidameiro no Estado de São Paulo a ser acredita- des da empresa: Ibirapuera Divino Salvador,
do pela Organização Nacional de Acreditação Moema Araguari, Morumbi Panamby, Portal
– ONA em 2001. Recentemente, conquistou do Morumbi e Paraíso.
a acreditação JCI – Joint Commission Inter“Internamente, a certificação serve como
national, o que fez com que acumulasse três ferramenta para a melhoria contínua, pois
acreditações: ONA nível 3, obtida em 2008, na empresa tratamos a certificação como
Acreditação Canadense (2010) e a JCI (2012). complemento para a gestão diária de nossos
Schahin ressalta que a conquista dos selos de processos. Para o mercado, a certificação
qualidade se traduz no aperfeiçoamento da em nível 3 diferencia o Salomão Zoppi dos
assistência médico-hospitalar e na segurança
demais, pois é uma metodologia sistêmica,
para a instituição, pacientes e colaboradores.
que valida a organização como um todo, e
“Qualidade garante a sustentabilidade do não apenas nos aspectos técnicos. A recertinegócio”, ressalta.
ficação atesta nossa atenção e cuidado com
O presidente do Santa Paula lembra que a melhoria contínua”, acredita um dos sócios
quando resolveu investir em qualidade, no da empresa, Luis Salomão.
ano 2000, muitos profissionais e empresas do
O processo da certificação beneficia toda
mercado chegaram a dizer que se tratava de a cadeia, os colaboradores inclusive, com
uma estratégia de marketing. “Sempre acre- procedimentos internos mais claros, além
ditei que a qualidade proporciona ao gestor do próprio aprendizado ao passarem por um
uma avaliação fria de como estão os proces- processo como esse. No Hospital Santa Paula,
sos internos e os resultados da organização. a cultura da JCI e todos os processos preciPor isso, qualidade é um caminho sem volta, saram ser assimilados por 900 colaboradores
6
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de saúde que irá permitir,
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um dos mais complicados
de planos de saúde classifipara adequação. Estamos
quem sua rede credenciada
atentos e trabalhando com
levando em conta suas cerfoco de melhoria contínua
tificações. “É uma iniciativa
em qualidade e segurança
da Agência para que mais
do atendimento prestado.
prestadores invistam na
Luis Salomão, do SalomãoZoppi
O resultado está aí”, afirma
qualidade dos serviços.
Schahin.
Até porque isso pode levar
Mas, afinal, qualidade realmente custa a empresa à insolvência. Se o paciente, no
caro, como tantos gestores da área da saúde momento da escolha, tiver que optar entre
pensam? Para o presidente do Santa Paula, uma instituição acreditada e outra não, é
a complexidade do setor saúde não per- claro que ele irá optar pela que tem qualimite a opção por outra direção, senão a da dade reconhecida”, acredita o presidente do
qualidade. “Coisas baratas podem levar um SINDHOSP, Dante Montagnana.
hospital a erros médicos e a processos que
As empresas de saúde que resolveram
podem inviabilizar o negócio”, destaca. Luis investir em qualidade há alguns anos hoje
Salomão concorda: “É difícil mensurar o custo colhem os frutos da iniciativa. O Salomãoreal da qualidade, entretanto, é barato frente Zoppi chegou a anunciar, no início do ano,
ao resultado obtido.” Para Rubens Covello, uma projeção de 30% de crescimento. Redo IQG, “instituições acreditadas diminuem centemente, superou as expectativas para
a variabilidade de erros, resultando em uma o ano ao ter crescido, no primeiro semestre,
melhoria substancial inclusive na relação 47%. Luis Salomão explica que o início das
médico-paciente.”
atividades das unidades do Ibirapuera e
Portal do Morumbi, atrelado ao compromisso
Crescimento
do laboratório com a qualidade, explicam o
O número de instituições acreditadas crescimento expressivo.
no país ainda é pequeno. Apenas 5% dos
A JCI também chega em um momento
hospitais são acreditados pela ONA. No setor especial para o Hospital Santa Paula, que
laboratorial, programas de controle de qua- está prestes a inaugurar um novo
lidade existem no Brasil desde meados de prédio para abrir o Instituto de On1970, quando começaram a ser implantados cologia. “Detectamos que na zona
alguns projetos baseados em critérios inter- Sul de São Paulo não existe servinacionais. A Sociedade Brasileira de Patologia ço de radioterapia, por exemplo,
Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), por isso estamos infundada em 1944, foi uma das que capita- vestindo nesse nicho.
neou esta iniciativa. Apesar de o movimento As novas instalações,
da qualidade ser crescente entre as institui- que devem
ções de saúde brasileiras, menos da metade ser inaudos 16 mil laboratórios de diagnóstico do guradas
país tem controles internos de qualidade, em outusegundo a SBPC/ML. Uma parcela mínima, bro, vão triplicar a capaapenas 2%, possui certificação concedida por
cidade do Santa Paula em
auditorias externas (acreditadoras).
atendimentos oncológicos e
A Agência Nacional de Saúde Suplemen- quimioterapia”, adianta George
Schahin. O novo prédio tem 4.500 metros
quadrados de área construída e consumiu
investimentos de R$ 22 milhões. No ano de
2011, o hospital registrou R$ 189 milhões
de faturamento.
Como a área da saúde é dependente de
mão de obra qualificada para a execução
dos serviços, o Santa Paula firmou contrato
com o Hospital Sírio-Libanês para que este
chefie o corpo clínico do novo Centro Oncológico. “Não adianta investir em prédio
e equipamentos sem equipe qualificada. O
treinamento dos recursos humanos e protocolos serão realizados pelo Sírio-Libanês,
que tem know how na área de oncologia”,
afirma George Schahin.
Outra empresa que vem obtendo excelentes resultados após a recente obtenção da
JCI é a Dal Ben Home Care, como mostrado
em reportagem do Jornal do SINDHOSP, edição de julho de 2012. Entre eles destacam-se
a diminuição da infecção domiciliar, melhora
na qualidade da informação no prontuário
domiciliar e aumento no índice de satisfação
dos clientes. Os índices de crescimento da Dal Ben também são
surpreendentes. Em junho a
companhia já havia atingido o
crescimento esperado para todo o
ano de 2012.
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Eve n t o s
A importância da gestão estratégica
O congresso reuniu 500 participantes
manutenção do euro. A
acredito que a saída para
Europa, porém, deverá
o momento atual virá
amargar um grande pedos EUA, pelo valor de
ríodo sem crescimento, na
suas universidades, que
previsão do economista.
atraem cabeças de todo
Os principais riscos
o mundo”, aposta. Para
para a economia brasileira,
FHC, as universidades
segundo Maílson da Nónorte-americanas são
brega, estão justamente
íntegras, renomadas e
na desintegração do euro
trabalham com liberdae na desaceleração da
de, vinculando-se com
economia chinesa. “O que
frequência a empresas,
O ex-presidente,
Fernando Henrique Cardoso
há de mais positivo para
portanto à iniciativa prio Brasil é que temos um
vada, e ao governo. “A
sistema financeiro sólido e bem regulado.
solução, hoje, está na capacidade de criar
Nossa dívida é de apenas 35% do PIB, contra
e transformar essa criatividade em algo
100% dos EUA e 160% da Grécia, e temos uma
positivo para a sociedade. O mundo é do
situação externa confortável, com reservas de
conhecimento”, acredita.
US$ 380 bilhões”. A economia nacional, porém,
O futuro do Brasil depende, segundo
vem perdendo dinamismo, pelos mais de dez
Fernando Henrique, do fôlego do país
anos sem reformas. “Nesse período nossa inem promover as mudanças necessárias e
fraestrutura piorou e nosso sistema financeiro
acompanhar os desafios. “A sociedade está
também. Isso reduz a eficiência da economia e
mais exigente. Não basta ter saúde. Que
faz falta um sistema tributário mais decente”.
saúde? Não basta ter escola. Que escola?”,
O mercado de planos de saúde vem
questionou, ressaltando que esta última é a
sofrendo incremento com o crescimento da
maior fragilidade nacional. Além disso, falta
classe C, ou da“nova classe média”. Esse impaccapacidade e um pensamento organizado
to foi abordado no evento pelo sócio-diretor
para resolver questões fundamentais, como
do Instituto de Pesquisa Data-Popular, Renato
Previdência e saúde. “Me assusta a falta
Meirelles. Ele lembrou que o plano de saúde é
de discussões sérias sobre esses assuntos.
o segundo “produto” mais desejado por essa
Nossos políticos fogem de temas polêmicos”.
população, depois da casa própria.“O mercado
FHC defendeu ainda que os setores público
de saúde suplementar ainda pode avançar a
e privado devem atuar de forma complepatamares maiores. Falta os gestores conhementar. “Os dois sozinhos não fazem nada”.
cerem mais as características e hábitos dessas
A economia
pessoas”. Meirelles lamentou o engessamento
O ex-ministro da Fazenda e consultor,
que a Lei 9656/98 impõe ao mercado, ao não
Maílson da Nóbrega, apresentou o atual
permitir que o consumidor exerça o seu direito
cenário econômico-financeiro. Segunde “escolher pelo que pode pagar”.
do ele, vivemos a mais longa crise do
Já o diretor da Amil, Antônio Jorge Kropf,
capitalismo desde o fim da Segunda
ressaltou que os principais passos para o
Guerra Mundial. “A Europa hoje é um
bom funcionamento da cadeia produtiva do
grande centro de risco e líderes intersetor dependem de três premissas. “É preciso
nacionais estão se unindo para evitar
se ater ao contato entre as partes, comparo pior. Preocupa o endividamento dos
tilhamento de dados e, o mais importante,
países e a fragilidade do sistema finanter informações de qualidade sobre os proceiro europeu”, alertou. A dúvida é se o
blemas enfrentados pelos envolvidos, para
euro irá sobreviver. “Os países voltarem
poder elaborar um plano comum”. O evento
às suas moedas antigas é o mesmo que
reuniu cerca de 500 congressistas. Os diretoacreditar que é possível devolver a pasta
res do SINDHOSP, Yussif Ali Mere Júnior e José
de dente ao tubo”, disse, apostando na
Carlos Barbério, acompanharam os debates.
Fotos: Divulgação
As mudanças econômicas que acontecem no Brasil e no mundo, o que é necessário para o bom funcionamento da cadeia
produtiva da saúde, o comportamento e
hábitos das novas classes C e D, as práticas
competitivas adotadas pelas operadoras
de planos de saúde e o papel da tecnologia
da informação para a sustentabilidade do
negócio. Estes temas foram abordados
nos dois dias de debates do 17º Congresso
Abramge (Associação Brasileira das Empresas de Medicina de Grupo), que aconteceu
em 23 e 24 de agosto, em São Paulo, com o
tema central “Planejamento Estratégico na
Saúde Suplementar”.
O ex-presidente da República, Fernando
Henrique Cardoso (FHC), fez a palestra de
abertura do evento, abordando aspectos
históricos do Brasil e do mundo e traçando
um panorama do cenário atual sob o ponto
de vista econômico e social. A abertura do
mercado nacional às importações, feita durante o governo de Fernando Collor, forçou
uma mudança brusca no processo produtivo, para que o país pudesse ser competitivo
globalmente. “No início da década de 90 a
inflação era galopante e a dívida externa,
outro grande problema brasileiro. O Plano
Real criou o ambiente para um Estado de
melhor condição social”, frisou FHC.
A ascensão da economia chinesa à segunda maior do mundo, a crise de 2008, o
crescente desemprego na União Europeia
e a letargia da economia norte-americana
também estiveram em discussão. “Há 20
anos ninguém imaginaria esse cenário. A
Europa, hoje, não tem capacidade de se
mobilizar para o investimento, por isso,
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N otícias
Nova pesquisa mostra
interferência dos planos no trabalho dos médicos
A Associação de Obstetrícia e Ginecologia de São
Paulo (Sogesp) apresentou, no dia 30 de agosto, durante
o XVII Congresso Paulista de Ginecologia e Obstetrícia,
realizado na Capital paulista, os resultados da pesquisa
que encomendou ao Instituto Datafolha. O trabalho tinha
por objetivo dimensionar os problemas que os médicos
dessas especialidades de São Paulo enfrentam no dia a
dia da saúde suplementar e que revelou que 97% dos
obstetras e ginecologistas sofrem pressões de planos de
saúde no exercício da medicina.
Para a pesquisa, foram realizadas 451 entrevistas distribuídas no Estado. A margem de erro máxima é de 4 pontos
percentuais, para mais ou para menos, considerando um
nível de confiança de 95% e um universo de aproximadamente 5.400 médicos. O estudo revela que seis em cada
dez médicos denunciam alto grau de interferência. Entre
os tipos de interferências avaliados, 88% dos ginecologistas destacam divergências quanto a procedimentos ou
medidas terapêuticas;
e 80%
A pesquisa não abordou quais tipos de exames e procedimentos são os mais dificultados pelas operadoras, mas
Fernandes supõe que isso aconteça com os mais caros.
Outro problema apontado por 87% dos ginecologistas,
segundo a pesquisa, é a ocorrência de glosas.
43% dos médicos se mostraram pessimistas e
não acreditam no desenvolvimento e
valorização da
especialidade nos próximos anos.
De acordo com
o estudo, 24% deles não enxergam
perspectiva de
mudança no cenário atual. Para
piorar o quadro,
apenas 12% consideram a qualidade dos serviços
oferecidos pelas ope radoras de saúde
como ótima ou
boa. Quase metade,
47%, avalia como
ruim ou péssima e 41%,
como regular. A
pesquisa constatou ainda que
13% dos mé dicos disseram que já deixaram de
exercer
a obstetrícia, devido, em especial, aos
baixos honorários e a obrigatoriedade
de disponibilidade em período integral.
reclamam de
interferência em atos
diagnósticos
e terapêuticos mediante a
designação de
auditores. Para o presidente da Sogesp, César Eduardo
Fernandes, “está se tornando inviável prestar serviço aos
convênios, particularmente em virtude da interferência
na prática médica”.
Outro dado descrito por seis em cada dez profissionais
que atendem planos refere-se a pressões que sofrem
quando o procedimento indicado é a internação e também no período de pré-operatório, o que para a entidade
representa um risco à prática segura da medicina. Na
opinião da maioria dos médicos associados, 92% das
operadoras de planos de saúde também dificultam a realização de exames e procedimento de alta complexidade.
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Ar t i g o
Administrador: o profissional que o Brasil precisa
entre os países. Numa escala onde zero significa “muito corrupto” e dez “nada corrupto”, a
nossa nota foi 3,8. Fomos reprovados. Além
de prejuízos à moral, a corrupção empaca o
desenvolvimento brasileiro: um estudo da
Fiesp revelou que o prejuízo causado por
essa praga chega a R$ 85 bilhões por ano!
A corrupção não é apenas fruto da falta
de ética, mas também de falhas na administração pública e nos seus mecanismos
de controle (para lembrar uma das funções
clássicas da Administração delineadas por
Fayol). Que falta faz um administrador de fato
por trás de nossas instituições, não é mesmo?
O despertar para a necessidade de uma
gestão realmente profissional tornou a Administração o curso superior com o maior
número de faculdades (mais de 2.600) e
o maior número de alunos (mais de 800
mil). Por ano, são formados mais de 114 mil
administradores. Não só a oferta de profissionais da área aumentou, como também a
demanda por eles.
O Conselho Federal de Administração,
em parceria com a FIA (Fundação Instituto
de Administração), realizou uma pesquisa
que traça o raio X da profissão no Brasil. Uma
das questões era dirigida aos empregadores.
Em 2006, apenas 23% deles consideravam
importante um cargo gerencial ser ocupado por um administrador. Em 2011, esse
número saltou para 63%. São números que
refletem o amadurecimento da sociedade
brasileira, e também a transformação da
mentalidade dos nossos jovens, que têm
optado por essa profissão com muita de-
terminação e com a consciência de que o
administrador é o profissional que o Brasil
mais precisa.
Respondendo àqueles que ainda insistem
em contar aquela piadinha surrada do início
do artigo, quem opta por Administração tem
a certeza exata do que quer fazer - muito
diferente daqueles que escolhem outros caminhos profissionais e, lá pelas tantas, tentam
atuar como administradores sem serem.
Foto: Divulgação
A piadinha é infame e batida e, com
certeza, você já deve ter escutado: “quem
não sabe o que quer, faz Administração”.
A anedota faz parte da habitual rivalidade
entre os cursos superiores, e data de muito,
muito tempo. A realidade é que o curso de
Administração e a profissão do administrador mudaram bastante. E nossa sociedade
mudou também. Hoje já observamos uma
crescente preocupação por parte de empresários e dirigentes de organizações públicas
e privadas com relação ao gerenciamento
das iniciativas pelas quais são responsáveis.
No campo empresarial, ainda temos
uma elevada taxa de mortalidade. Segundo
o IBGE, praticamente a metade das empresas fecha as portas após o terceiro ano de
atividade. Os motivos que explicam esse
índice bizarro são diversos, afinal o Brasil
amarga a 126ª posição entre 183 nações
no ranking do Banco Mundial que elenca
os países conforme a facilidade de se fazer
negócios em seus territórios. Para se ter uma
ideia, segundo esse estudo, é mais fácil abrir
um negócio em Uganda do que por aqui.
Entretanto, a principal razão da mortalidade
das empresas é sempre a mesma: falta de
preparo de seus gestores. Diante de tantas
dificuldades, a figura do administrador
desponta como essencial para driblar os
obstáculos impostos por esse ambiente
hostil à atividade empresarial.
Outro estudo com o mesmo número de
nações, realizado pela ONG Transparência Internacional, coloca o Brasil na 73ª posição no
ranking que mede a percepção de corrupção
Leandro Vieira
mestre em Administração pela
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
e Certificado em Empreendedorismo pela
Harvard Business School
Setor de produtos para a saúde
cresceu 4,2% no primeiro semestre
Em período no qual a produção industrial brasileira acumulou perdas, o mercado
de produtos, materiais e equipamentos
médico-hospitalares e para diagnóstico cresceu 4,2% no primeiro semestre deste ano em
relação a igual período de 2011. No acumulado do ano, considerados os meses de julho
de 2011 a junho deste ano, o crescimento
do setor foi de 3,8%. Já as vendas, incluindo
produtos farmacêuticos, cresceram 8,5% na
comparação com o mesmo período de 2011,
e 8,7% nos 12 meses analisados.
Os dados fazem parte do balanço
de desempenho do setor realizado pela
consultoria econômica Websetorial para a
Abimed - Associação Brasileira da Indústria
de Alta Tecnologia de Equipamentos, Pro-
dutos e Suprimentos Médico-Hospitalares.
Segundo o presidente-executivo da entidade, Carlos Goulart, embora o desempenho
tenha ficado aquém dos anos anteriores
(o setor cresceu 11% no ano passado), o
mercado de produtos para a saúde continua crescendo acima da média dos outros
setores da economia e ainda tem potencial
para se expandir. “Aumento da longevidade
da população, estabilidade econômica, ascensão da classe C, maior conscientização
em relação à prevenção e qualidade de
vida e o fato de a maioria da população se
enquadrar hoje na faixa economicamente
ativa são fatores que criam maior demanda por serviços médicos e impulsionam o
setor”, explica Goulart.
O mercado de produtos para a saúde
gerou 8,2 mil novos postos de trabalho entre
janeiro e junho deste ano – 8% a mais do que
no segundo semestre de 2011 e 6,1% acima
do total registrado no primeiro. A maior oferta de vagas ocorreu no comércio atacadista
de máquinas, aparelhos e equipamentos
para uso odontológico, médico e hospitalar:
10,4% do total no primeiro semestre e 14,6%
nos 12 meses analisados.
Entre janeiro e junho deste ano, as
importações de materiais, produtos e equipamentos para a saúde totalizaram U$ 4
bilhões e cresceram 12% na comparação
com o mesmo período de 2011. Já as exportações acumularam um total de U$ 676
milhões – crescimento de 10%.
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N otícias
Estudo mostra queda de leitos públicos no país
Levantamento realizado pelo Conselho
Federal de Medicina (CFM) mostra que houve
uma queda significativa no número de leitos
públicos no país em várias especialidades.
Segundo dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES),
do Ministério da Saúde, quase 42
Região
mil leitos foram desativados na
rede pública de saúde. Dentre Centro-Oeste
Nordeste
as especialidades mais atingidas Sudeste
com o corte estão psiquiatria Nordeste
(-9.297 leitos), pediatria (-8.979), Sudeste
Sudeste
obstetrícia (-5.862), cirurgia geral Sul
(-5.033) e clínica geral (-4.912).
Sul
Para o presidente do CFM, Centro-Oeste
Nordeste
Roberto Luiz d’Ávila, a maioria Sul
dos problemas do Sistema Único Centro-Oeste
de Saúde (SUS) passa pelo subfi- Sudeste
Nordeste
nanciamento e pela falta de uma Nordeste
política eficaz de presença do Es- Nordeste
Nordeste
tado. Segundo ele, em entrevista Norte
ao boletim P & P (Política & Po- Nordeste
der), a complexidade da assistên- Nordeste
Centro-Oeste
cia foi simplificada pelos gestores Norte
pela ideia de que faltam médicos Norte
no país, no entanto, aspectos Norte
Norte
como a falta de infraestrutura Norte
física, de políticas de trabalho Norte
eficientes para profissionais da
profissionais registrados (1,95 médico por
mil habitantes), o que, para o Conselho, é
um número considerado suficiente para
atender a população do país. O que faltam,
no entanto, são políticas públicas que valorizem esses profissionais e
Quantidade
que os estimulem a se fixarem
Unidade da
Variação
de Leitos SUS
Variação
Federação
(%)
em regiões desassistidas. Ou2005
2012
Mato Grosso do Sul
5.510
4.042
-1.468
-26,6%
tra pesquisa recente do CFM
Paraíba
10.366
8.380
-1.986
-19,2%
apontou que 72% dos médicos
Rio de Janeiro
38.940
31.924
-7.016
-18,0%
brasileiros estão concentrados
Maranhão
15.697
13.007
-2.690
-17,1%
São Paulo
75.921
65.643
-10.278
-13,5%
nas regiões Sul e Sudeste. Para
Minas Gerais
39.690
34.513
-5.177
-13,0%
garantir a fixação do médico em
Paraná
25.331
22.274
-3.057
-12,1%
regiões mais distantes, a entidaSanta Catarina
13.736
12.142
-1.594
-11,6%
Goiás
14.399
12.814
-1.585
-11,0%
de defende a criação de uma
Sergipe
3.979
3.551
-428
-10,8%
carreira de Estado aos moldes
Rio Grande do Sul
25.249
22.715
-2.534
-10,0%
Mato Grosso
5.945
5.356
-589
-9,9%
da magistratura. Além disso, a
Espírito Santo
6.513
5.886
-627
-9,6%
distribuição igualitária de proPiauí
8.042
7.371
-671
-8,3%
fissionais em todo o território
Rio Grande do Norte
7.199
6.781
-418
-5,8%
Bahia
28.152
26.521
-1.631
-5,8%
brasileiro depende de fatores
Pernambuco
19.571
18.498
-1.073
-5,5%
como boas condições para
Tocantins
2.395
2.279
-116
-4,8%
oferecer assistência médica de
Alagoas
6.050
5.783
-267
-4,4%
Ceará
16.475
15.925
-550
-3,3%
qualidade (materiais, equipaDistrito Federal
5.022
4.954
-68
-1,4%
mentos e leitos suficientes, por
Acre
1.366
1.393
27
2,0%
exemplo), plano de cargos e
Amazonas
5.365
5.725
360
6,7%
Pará
10.787
11.580
793
7,4%
salários e vínculo empregatício.
Amapá
937
1.023
86
9,2%
Confira ao lado queda de
Rondônia
2.634
3.256
622
23,6%
leitos disponíveis no SUS em
Roraima
663
885
222
33,5%
Total
395.934 354.221
-41.713
-10,5%
cada Estado.
Fonte: Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES/MS)
saúde, e, principalmente, de um financiamento
comprometido com o futuro do SUS, acabam
não sendo levados em consideração.
O Brasil é o quinto país do mundo em
número de médicos, com mais de 371 mil
Sindusfarma promove
ciclo de simpósios, com apoio do SINDHOSP
Ele atacou a alta carga tributária que incide
sobre os medicamentos. Citou países como
a França, onde a carga tributária geral é de
44%, mas a que incide sobre os remédios é de
2,8%. No Brasil, segundo dados apresentados
por ele, a carga tributária geral é de 34%, a
mesma que incide sobre os medicamentos.
No quesito parcerias, os setores público
e privado também encontram dificuldades
em se acertar. Em especial devido ao
preconceito, segundo Jorge Kalil. Na
opinião do diretor, a união permite o
desenvolvimento de tecnologias e a
transferência das mesmas para o país.
O Instituto Butantan, por exemplo,
mantém diversos estudos em cooperação com a indústria farmacêutica
mundial, para o desenvolvimento de
vacinas e produtos biotecnológicos
inovadores. Estas parcerias permitem
que o Instituto concorra em paridade
com grandes farmacêuticas internacionais, como é o caso do desenvolvimento da vacina contra a dengue.
Segundo o secretário municipal de
Saúde, Januario Montone, as parcerias com
a iniciativa privada também foram as grandes responsáveis pela duplicação dos equipamentos públicos de saúde na cidade de
São Paulo. As Organizações Sociais de Saúde
hoje são responsáveis por 75% da prestação
de serviços em saúde no município, gerindo
cerca de R$ 1 bilhão do orçamento da pasta.
Foto: Divulgação
Até o fim do ano, o Sindicato da Indústria
de Produtos Farmacêuticos do Estado de
São Paulo (Sindusfarma) promove encontros
mensais para debater um tema que atinge
todos os segmentos que atuam na cadeia
produtiva da saúde: as relações público-privadas. A proposta do ciclo de simpósios
é levar ao público, a cada rodada, os desafios
enfrentados pelos diferentes nichos, como
o farmacêutico, o assistencial, o industrial,
entre outros. O SINDHOSP apoia a iniciativa
e acompanhou o lançamento do ciclo, em
30 de agosto, marcado por uma cerimônia
na sede do Sindusfarma, na Capital paulista.
O encontro, além de apresentar o objetivo do projeto, contou com as participações
especiais de Jorge Kalil, presidente do Instituto Butantan (representando o secretário
estadual de Saúde, Giovanni Guido Cerri) e
de Januario Montone, secretário municipal
de Saúde de São Paulo. Na visão de Nelson
Mussolini, vice-presidente do Sindusfarma,
há um abismo entre o discurso e a prática
nas políticas públicas praticadas na saúde.
O primeiro seminário, em agosto
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N o t í c i a s
Revisão de súmulas pelo TST
põe em alerta RH de empresas de saúde
informou que o TST anunciou que a revisão
das súmulas e orientações jurisprudenciais
será feita duas vezes ao ano - nos meses
de março e setembro – e que apesar do
Tribunal se orientar pela aplicação dos
princípios constitucionais, haverá ônus
para as empresas. “O RH precisa estar
mais preparado e à frente dos demais
departamentos da empresa, porque não
podemos ser a área que só reage. Temos
que ser proativos e estar em alerta a todas
as mudanças”, afirmou.
Além desses entendimentos, os ministros do Tribunal decidiram, no último dia 14
de setembro, pela adoção de nova súmula
que trata do regime de trabalho em 12x36
horas. Nos termos da proposta de redação
aprovada, a jornada diferenciada será válida
exclusivamente por acordo coletivo, assegurada a remuneração em dobro dos feriados
trabalhados e o empregado não fará jus a
adicional de hora extra pelo trabalho das
11ª e 12ª horas.
Insalubridade
Outro tema importante discutido na
reunião foi a proposta de revisão da Norma
Regulamentadora (NR) nº15, que contempla
a prevenção de riscos à saúde presentes
nos ambientes de trabalho (atividades
operacionais insalubres). A advogada do departamento Jurídico do SINDHOSP, Lucinéia
Nucci, explicou que o Ministério do Trabalho
e Emprego (MTE) colocou em consulta pública, até o dia 29 de outubro, o texto básico de
revisão da NR 15 com o objetivo de definir
diretrizes e critérios para a caracterização e
Foto: Divulgação
Na reunião da Comissão de Recursos Humanos (RH) do SINDHOSP, realizada no dia
19 de setembro, no auditório do Sindicato,
em São Paulo, profissionais de RH da área de
saúde discutiram e trocaram informações
principalmente sobre legislações trabalhistas e projetos que tramitam no Congresso
Nacional e que afetam o setor. As revisões
feitas recentemente pelo Tribunal Superior
do Trabalho (TST) nas súmulas e orientações
para jurisprudência em 43 temas deixaram
em estado de atenção as equipes de RH das
empresas de saúde. Dos temas já discutidos
pelo TST, em 38 houve algum tipo de alteração ou necessidade de criação de nova
linha de debate.
Uma das súmulas que sofreu alterações
foi a nº 244, que definiu que mulheres que ficarem grávidas têm garantia de estabilidade
mesmo em regime de contrato temporário.
Para estas mulheres, o empregador terá de
garantir a vaga de emprego até o fim da
gestação e assegurar cincos meses de licença maternidade. Anteriormente, essa regra
só valia para mulheres contratadas pelas
empresas por tempo indeterminado – contratos fixos. A mesma situação beneficiará
os trabalhadores que sofrerem acidente de
trabalho, que terão direito a permanecer no
emprego por pelo menos um ano após sua
recuperação. A punição para o empregador
que descumprir as determinações da Justiça
do Trabalho será condenação de pagamento
dos valores devidos, previstos em lei.
Também foram definidas outras questões trabalhistas que são motivos de ações
judiciais, como o direito a adicional de sobreaviso quando o funcionário precisa
ficar à disposição da empresa após o
expediente (súmula nº 428). Segundo
o TST, para casos em que o empregado fica de plantão, longe da empresa,
mas com o celular ligado e disponível
para convocação a qualquer momento, ele está em sobreaviso e deve ser
remunerado em um terço de seu
salário convencional.
O coordenador da Comissão de
RH do SINDHOSP e consultor de
Gestão Empresarial, Nelson Alvarez,
O último encontro do Grupo, em setembro
controle dos riscos para prevenir danos ou
agravos à saúde dos trabalhadores, pois o
texto atual foi regulamentado em 8/6/1978
e, praticamente, repete o que está expresso
nos artigos 189 a 192 da CLT.
A consulta pública abrange apenas o
texto geral da NR 15. Posteriormente, haverá
novas consultas para alterações dos anexos
da norma, que definem os limites de tolerância aos diversos tipos de agentes nocivos.
Após o término da consulta, será constituído
um Grupo de Trabalho Tripartite, composto
pelo governo, empregadores e trabalhadores, que irá analisar as sugestões recebidas e
elaborar a proposta de regulamentação para
posterior atualização da norma.
A advogada Lucinéia informou que o
SINDHOSP está levando ao conhecimento
de seus grupos – Comitê de Segurança e
Saúde Ocupacional (CSSO), Grupo de Técnicos de Segurança (GTEC) do ABC, Grupo
de Clínicas, além da Comissão de RH – a
consulta para colher sugestões e formalizar
o documento a ser remetido ao MTE, de
modo a adequar a NR nº 15 à realidade dos
estabelecimentos de serviços de saúde.
Também foram discutidos no encontro
a lei 12.513, que criou o Programa Nacional
de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec); a Instrução Normativa (IN) nº 98, que
dispõe sobre a fiscalização do cumprimento
das normas de contratação de pessoas com
deficiência; o projeto de lei (PL) 751/11,
que aumenta em 50% a aposentadoria ou
pensão para o idoso que recebe até um
salário mínimo e necessita de ajuda para se
cuidar; o PL 663/11, que autoriza o saque
do FGTS aos portadores de doenças
graves ou incuráveis, listadas na lei
previdenciária; a unificação dos dados
do trabalhador pela Receita Federal;
o PL 3.338/08, que estipula jornada
semanal de 24h para psicólogos; e
a lei 3.999/1961, que trata da jornada de trabalho e piso salarial dos
profissionais auxiliares e técnicos de
laboratório e laboratoristas. A próxima
reunião da Comissão de RH será dia 17
de outubro. Mais informações no site
www.sindhosp.com.br.
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Qualificação dos serviços dá sustentabilidade às