DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação - Artigo 02
DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação - v.6 n.5 out/05
ARTIGO 02
Proposta para um esquema de classificação das fontes de informação para negócio
A proposal for a multidimensional schema for classification of business information
por Antonio Braz de Oliveira e Silva, Marcus José de Oliveira Campos e Wladmir Cardoso Brandão
Resumo: O artigo pretende apresentar uma proposta para articulação multidimensional das classificações para informações
relacionadas aos negócios. O sistema de classificação resultante tem características tridimensionais, contemplando, na primeira
dimensão, a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) para definir o contexto do negócio; na segunda dimensão, os
ambientes de negócio e na terceira, das fontes de informação propriamente dita, constituindo-se numa alternativa para a construção de
sistemas e serviços de informação que atendam as demandas dos profissionais da informação.
Palavras-chave: Informação para negócio; Fontes de informação; Sistema de classificação; Classificação de informação.
Abstract: This paper discusses a proposal for a multidimensional schema for classification of business information. The resulting
classification system has three-dimensional characteristics, where the first one, representing the context of the business activity, and is
classified according to the National Standard Industrial Classification, the second one, the business environment and the third one, the
sources of business information. This schema will bring out benefits in the development of business information systems and services.
Keywords: Business information; Information sources; Classification system; Information classification.
Introdução
As transformações recentes da economia internacional - liberalização dos fluxos do comércio e de capital, regimes de taxas
de câmbio flutuantes, assim como a desregulamentação da economia, a adoção de políticas de austeridade fiscal e o
abandono, pelos Estados Nacionais, das políticas de intervenção econômica - foram associadas ao termo globalização, que
passou a identificar um mundo em constante mutação. A comunicação rápida dos fatos econômicos e políticos serviu para
reforçar essa acepção do termo. No mundo dos negócios, isso significou uma ampliação potencial dos mercados, mas,
também, um aumento do risco, com o ambiente de negócios se tornando ainda mais complexo. Para que as empresas e seus
gerentes pudessem enfrentar os novos desafios, o uso de ferramentas adequadas, apoiadas sobre informações precisas sobre a
realidade, foram alçados à categoria de insumo fundamental e, portanto, estratégico. Assim, torna-se relevante, tanto do
ponto de vista empresarial quanto acadêmico, "estudar as formas e meios pelos quais gerentes e outros profissionais obtêm
informações a respeito do ambiente externo de suas organizações" (BARBOSA, 2002).
Paralelamente a essas transformações, houve uma forte alteração no ambiente tecnológico internacional, percebida, em geral,
pelas transformações ocorridas nas áreas de comunicação e informação, mas que, de fato, significou "uma mudança no
paradigma das tecnologias intensivas em capital e energia e de produção inflexível e de massa (baseadas em energia e
materiais baratos) para as tecnologias intensivas em informação, flexíveis e computadorizadas" (CASSIOLATO, 1999) As
tecnologias de informação e comunicação (TIC’s) formam a base para o que se denominou, também de forma imprecisa,
Sociedade da Informação. As TIC’s estão impondo uma "transformação na sociedade moderna em sociedade da informação,
era da informação ou sociedade pós-industrial" (SERACEVIC, 1996)[1].
A combinação de maior necessidade de informação para os gestores de negócio com as facilidades de acesso proporcionadas
pelas novas TIC’s, especialmente, pela Internet, obrigaram aos usuários a tentar criar critérios sobre a qualidade da
informação utilizada. No entanto, devido às próprias facilidades de acesso o que se observou foi uma dificuldade crescente
de se encontrar informações relevantes e úteis, nos prazos desejados. Os sistemas produtores de informação vêm se
apoiando, cada vez mais, em tecnologias que permitam ao usuário melhorar seus mecanismos de pesquisa, mas persistem
problemas cognitivos na organização da informação.
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As informações para negócios são insumos da maior importância para a tomada de decisão nas empresas. No entanto, não
existe um arranjo ou sistema harmonizado e unificado de classificações, que facilite a sua busca. Especialmente, porque as
classificações mais aceitas e empregadas, normalmente de forma estanque e que só adotam uma dimensão, dificulta as
necessárias articulações que propiciem o seu uso por gerentes e executivos. Descrevendo a evolução do Serviço de
Informação para Negócios (Business Information Service) na década de 1980, o King (1991, p.153) lista uma série de
elementos fundamentais na expansão dessa atividade, destacando os novos esquemas de classificação para os negócios, uma
vez que até então, vinha sendo usada a classificação de ciência e tecnologia, ou seja, impunha-se uma estrutura de
classificação não adequada, o que certamente dificultava a consulta por parte dos usuários.
O objetivo desse artigo é, com base na experiência dos autores como professores da disciplina e como pesquisadores de
instituições estatísticas[2] , propor um esquema de classificação para as informações sobre negócio que facilitem a
montagem de sistemas e serviços de informação para atender a demanda de informações para negócios.
O texto apresenta a seguinte estrutura: a primeira seção ressalta a importância das informações para negócio, e a precedência
do monitoramento do ambiente externo aos empreendimentos por intermédio de um arranjo de classificação que permita
reduzir incertezas. Destaca-se a literatura sobre o assunto no Brasil, evidenciando-se a percepção dos pesquisadores sobre os
sistemas de informação para negócios e o acesso dos usuários. Na seção seguinte, procura-se rastrear a formação dos centros
de cálculo envolvidos com a coleta, a organização e a disseminação de informação, retratando o desenvolvimento dos
esquemas de classificação que configuram – dão suporte e reforçam - a estruturação de um campo de conhecimento, assim
como a importância das classificações econômicas como referência nas articulações de fontes diversificadas de informação
para negócios. A seção três encerra a proposta de operacionalização de um sistema multidimensional de classificações
partindo do método lógico, primordial aos esquemas classificatórios, de descrever e dividir as duas outras dimensões
incorporadas à classificação das atividades econômicas. O artigo é complementado pelas conclusões, onde é dada a visão
tridimensional do esquema proposto.
1. A importância das informações para negócio
As informações para negócios são aquelas usadas pelos administradores e gerentes para a tomada de decisões (CÉNDON,
2002), mas outros autores, na própria definição, destacam ainda mais a sua relevância para as empresas. Assim, Kennington
(1991, p. 101), define informações para negócios (business information) como as informações necessárias para a
sobrevivência da comunidade de negócios num mundo competitivo. Tal definição indica a associação entre informação e a
inteligência competitiva.
O processo de inteligência competitiva (IC) é de extrema importância para as empresas num ambiente altamente dinâmico e
concorrencial. A inteligência competitiva é o processo que investiga o ambiente onde a empresa está inserida, com o
propósito de descobrir oportunidades e reduzir os riscos, bem como diagnostica o ambiente interno organizacional, visando o
estabelecimento de estratégias de ação a curto, médio e longo prazo (VALENTIM, 2003). Com relação às mudanças no
ambiente externo, o processo de inteligência competitiva, por meio da prospecção e monitoramento, por meios formais ou
informais, obtém informações relevantes a um processo de crítica, tratamento e análise, tornando-se insumos para a criação
de conhecimento e tomada de decisão nas empresas. Para isso, é vital que a empresa desenvolva uma estrutura e uma cultura
organizacional que facilitem e valorizem esses processos.
O Monitoramento Ambiental possibilita o acompanhamento das informações de condições externas à empresa - informações
tecnológicas, comerciais, sobre a concorrência e o mercado, tendências demográficas e econômicas, políticas
governamentais sobre tributação, política comercial, política ambiental, com o objetivo de antecipar as tendências e eventos
relevantes para o desenvolvimento dos negócios da empresa. Desdobra-se, portanto, em duas partes: a primeira, voltada para
o ambiente interno, para levantar as necessidades de informação e a segunda, sobre o ambiente externo, para a identificar as
fontes de informação relevantes, estabelecendo um mapa de fontes essenciais aos negócios da empresa.
A importância do ambiente para as organizações está intimamente ligada à Teoria Contingencial, desenvolvida no
denominado período Neoclássico da Administração. Segundo essa teoria, as características das organizações eram
decorrentes da configuração do seu ambiente externo. Assim, o seu conhecimento passou a ser vital para a compreensão dos
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mecanismos organizacionais[3].
A visão das organizações como sistemas abertos que processam informação do ambiente foi amplamente discutida nos
trabalhos de Choo (2002) e, anteriormente, no trabalho fundamental de Daft e Weick (1984). Segundo eles, as empresas
devem desenvolver mecanismos de processamento de informação capazes de detectar tendências, eventos, competidores,
mercados, e desenvolvimentos tecnológicos relevante a sua sobrevivência.
O monitoramento das informações procura evitar que as surpresas do ambiente dinâmico atinjam a empresa e as soluções
para novos problemas. No entanto, as informações podem causar, por excesso, confusão e incerteza. De acordo com Barbosa
(1997), a incerteza é um dos conceitos centrais do processo de busca e uso da informação. A incerteza deve ser vista como a
diferença entre a informação necessária e informação disponível para a tomada de decisão, enquanto a equivocação reflete
uma condição de ambigüidade em relação à situação, ou seja, não há experiência prévia sobre os sinais que estão sendo
captados no ambiente externo. Ainda segundo Barbosa (1997), a sobrecarga de informações e as dificuldades de sua
interpretação levam, muitas vezes, uma situação, aparentemente, contraditória: mais pesquisas (e, portanto, mais
informações) pretendendo o entendimento da estrutura e dinâmica do ambiente externo. Para melhor compreendê-lo, é
natural que ele seja subdividido. Uma das possibilidades envolve seis subdivisões: cliente, concorrência, setores tecnológico,
regulatório, econômico, sócio-cultural[4].Com relação às fontes, elas podem ser internas, contatos diretos com o setor de
negócios, publicadas e outras. Com relação aos tipos de contatos, podem ser pessoais ou impessoais. Dentre os fatores que
influenciam a escolha das fontes de informação sobre o ambiente externo, estão a disponibilidade, qualidade e facilidade de
acesso.
No Brasil, o termo ‘informação para negócios’ apareceu recentemente na literatura, o que explicaria, também, a pouca
literatura área de informação referente à indústria/empresa (CÉNDON, 2003; JANNUZZI e MONTALLI, 1999),
considerada, ainda, de difícil localização. A falta de trabalhos publicados indicaria, também, a falta de conhecimento, por
parte dos gerentes e administradores das fontes e serviços de informação. Essa dificuldade é diferenciada em função do
tamanho da empresas. Jannuzzi e Montalli (1999) destacam que as informações produzidas no país não são utilizadas pela
maior parte das micros, pequenas e médias empresas, enquanto as grandes, em função de sua estrutura não enfrentam as
mesmas dificuldades. As autoras alertam, também, para a necessidade das informações estarem corretamente organizadas,
destacando que não existe um consenso com relação à terminologia adotada na área. Destacando as denominações mais
comumente utilizadas de ‘informações tecnológicas’ e ‘informações para negócio’, assinalam que "a compreensão conceitual
dos termos informação tecnológica e informação para negócios depende diretamente do entendimento conceitual que se tem
sobre tecnologia e negócios" (JANNUZZI e MONTALLI,1999).
Essas autoras estão, de fato, discutindo um campo específico, que envolveria: os sistemas de informação para negócios,
representando a oferta de informações; os usuários de informação, conjunto composto por gerentes, administradores,
empresários, assessores e analistas de negócios de uma maneira geral; os serviços de informação estruturados para atender à
demanda dos usuários, e um conjunto de definições que comporiam a terminologia da área.
Assim, o campo ainda não teria uma definição clara, havendo um entrelaçamento e superposição entre os diversos termos
utilizados para definir o campo: informação tecnológica; informação tecnológica, informação industrial e informações para
negócios. A superposição de termos e confusão com relação à hierarquia entre eles aparece, principalmente, em relação ao,
termos informações para negócio e informações tecnológicas. Em alguns casos,o termo ‘informação tecnológica’ estaria
num nível acima, ficando o termo ‘informação para negócios" a ele subordinado. É o que se depreende das definições usadas
no artigo de Jannuzzi e Montalli (1999). Segundo as autoras, conceito de informação tecnológica.
“[...] foi apresentado pelo Comitê de Informação para a Indústria da Federação Internacional de Documentação (FID),
que, segundo Alvarez-Osorio (1984), refere-se à informação tecnológica como “knowledge – technical, economic,
marketing, managerial, social, etc. – wich by its application will further progress in the form of improvement and
innovation”. (ALVAREZ-OSORIO, 1984:14 apud JANNUZZI e MONTALLI,1999)
No sentido inverso, da ‘informação tecnológica’ está subordinada à ‘informação para negócio’, este entendido como o termo
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mais geral, pode-se mencionar a definição de Lílian Alvarez, que define o conceito como
“[...] todo tipo de conhecimento sobre tecnologias de fabricação, de projeto e de gestão que favoreça a melhoria
contínua da qualidade e a inovação no setor produtivo”. (ALVARES, 1997, p.170 apud JANNUZZI e
MONTALLI,1999)
No primeiro caso, parece haver a influência do amplo conceito de inovação, conforme definido pelo economista tido como o
principal e definidor dessa área de estudos – o papel da inovação no desenvolvimento econômico. Ao analisar a importância
da inovação para se compreender os ciclos econômicos, ele explica que
“por inovações, entendo as mudanças na combinação dos fatores de produção que não podem efetuar-se mediante
passos ou variações marginais. Consistem, primariamente, em mudanças nos métodos de produção e transporte, ou na
organização industrial, ou na produção de novos bens, ou na abertura de novos mercados ou novas fontes de matéria
prima” (SCHUMPETER, 1968, pp. 33-34, original em espanhol).
Dessa forma, o conceito de inovação é amplo o suficiente para abarcar toda os aspectos da atividade empresarial e , uma vez
observa-se um uso indiscriminado dos termos ‘inovação’ e ‘inovação tecnológica’, haveria uma justificativa para a se definir
a hierarquia dos termos conforme a primeira abordagem.
Por outro lado, numa visão mais ampla de quais seriam as atividades envolvidas ao se empreender um negócio, as escolhas
sobre as tecnologias resultariam apenas uma das escolhas permanentemente colocadas diante dos tomadores de decisão, que
também teriam que analisar as informações financeiras, sobre o mercado, sobre o ambiente econômico e social. Essa visão
justificaria a hierarquia da segunda abordagem.
Montalli (1996) diferencia os dois conceitos, mas não define a relação hierárquica entre elas, o que não encaminha para a
adoção de uma terminologia unificada, embora a definição adotada por ela para informação tecnológica – "Informação
utilizada nos processos de aquisição, inovação e transferência de tecnologia, nos procedimentos da metrologia, certificação
de qualidade e normalização e nos processos de produção" - indique sua subordinação ao termo mais geral de informação
para negócio.
Deve-se destacar que o termo ‘informação para a indústria’ deve ser visto como sinônimo de ‘informação para negócio’,
havendo, provavelmente um problema com a nomenclatura em inglês, sua tradução e o envelhecimento e do uso de
determinados termos e palavras em português. Anteriormente, o uso do termo ‘indústria’ servia para definir todos os
negócios nas diversas áreas. Assim, falava-se em indústria no sentido amplo, no que hoje é representado pelos termos
‘setores de atividade’ ou atividade econômica’. O sentido original foi se alterando e hoje quando se menciona indústria
associa-se o termo à indústria de transformação ou indústria manufatureira. Na literatura em língua inglesa, o termo
‘industry’ continua sendo utilizado com o sentido mencionado, podendo-se, por exemplo, encontra o termo ‘service
industry’ que no Brasil seria traduzido por ‘atividades de serviços’.
Numa tentativa de definir os tipos de informações necessárias para atender a atividade produtiva, Montalli e Campello
(1997) usam as descrições apresentadas em outros trabalhos, como por exemplo, Aguiar (1991, apud MONTALLI e
CAMPELLO, 1997), que define as informações necessárias para a análise da dinâmica do mercado na categoria ‘informação
para indústria’, sendo elas: 1) informações sobre oportunidades comerciais; 2) tendências de evolução quantitativa e
qualitativa do mercado; 3) conjunturas econômicas passíveis de afetar o comportamento do mercado; preços de insumos, de
matérias-primas e produtos concorrentes; 4) empresas concorrentes existentes em implantação, ou planos de expansão de
outras empresas; 5) empresas existentes fornecedoras de insumos e de matérias-primas e fornecedores alternativos.
Montalli (1996) define a informação para negócios como aquela que subsidia o processo decisório do gerenciamento das
empresas industriais, de prestação de serviços e comerciais, nos seguintes aspectos: companhias, produtos, finanças,
estatísticas, legislação e mercado. Essa definição é aceita por Brandão (2004); Montalli e Campello (1997), assim como por
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Céndon (2002, 2003). Na análise sobre as bases de dados de informações para negócios Cendón (2002) considera que estas
compõem um subconjunto das Informações Tecnológicas, que englobam ainda as informações mercadológicas (tais como
exames de fatias de mercado, dos padrões de consumo e gastos de consumidores, dos estudos de seus comportamento e
estilos de vida, em pesquisas de opinião, em informação sobre investimento em propaganda por diversos setores e medidas
de audiência de canais de rádio e televisão); informações financeiras (tais como desempenho financeiro de empresas,
mercado financeiro e outras informações para investimento, disponibilidade de assistência financeira, taxas de câmbio, custo
de crédito etc.); informações estatísticas (tais como recenseamentos, índices econômicos ou a elaboração de estatísticas
sobre indústrias); informações sobre empresas e produtos[5] (tais como histórico de uma empresa, diretórios com perfis de
empresas e informações sobre fusões e aquisições); informações jurídicas (tais como leis e regulamentação de impostos e
taxações) e outras informações factuais e analíticas sobre tendências nos cenários político-social, econômico e financeiro,
nos quais operam organizações empresariais.
Buscando uma estrutura que respeite o comportamento e as necessidades dos usuários, Kennington (1991) propõe a seguinte
categorização para as informações:
1) Operacional / técnico: inovações, novas tecnologias, novos produtos e processos, pesquisa e desenvolvimento;
2) Operacional Mercado / Marketing: comportamento dos consumidores, dos competidores, avaliação dos mercados,
das vendas, propaganda, políticas de promoção;
3) Operacional / Restrições: leis e regulamentos, códigos de conduta, padrões e normas técnicas, legislações
sanitárias, e outras que limitam a ação do negócio;
4) Operacional / Funcional: fontes de financiamento, de outros recursos, avaliação de risco;
5) Ambiente socioeconômico: informações sobre o ambiente político, econômico, social e o clima de negócios.
Dessa forma, o que foi assinalado por Jannuzzi e Montalli (1999) continua sendo verdadeiro, mesmo levando-se em conta
que há uma mudança na direção do uso do termo ‘informação para negócio’ como o preferido para definir, sinteticamente, o
campo. Ainda assim, mesmo se consolidando a terminologia, seu conteúdo é insuficiente para organizar os elementos e
atores envolvidos.
Analisando-se cada um dos aspectos mencionados anteriormente, isto é, o ambiente de negócios e a monitoração ambiental e
as fontes de informação para negócios, observa-se que cada uma delas, tomada isoladamente, é insuficiente para que os
responsáveis pela busca de informações tenham bons indícios do que e onde procurar. Mesmo porque, as partições propostas
não obedecem aos princípios ordenadores para propiciar um arranjo de classificação ou de articulação de diferentes arranjos
classificatórios, havendo superposição flagrante das categorias mencionadas. Ou seja, elas não foram construídas com o
objetivo de oferecer uma estrutura de classificação para as fontes de informação.
Uma solução inicial seria a definição clara de cada um dos componentes acima mencionados: do ambiente de negócios e das
fontes de informação. Ainda assim, restariam como classificações unidimensionais. Logo, o passo seguinte seria a
articulação das duas estruturas, chegando-se a uma classificação bidimensional. No entanto, faltava uma dimensão que
poderia ser definida como a do contexto: de qual negócio está se tratando? Para tanto, deveria haver uma classificação sobre
negócios, que cruzado com as demais, permitiria que os responsáveis pelos serviços de informação nas empresas ou em
outras instituições tivessem uma estrutura visível que servisse de guia para as suas buscas.
A próxima seção trata da importância das classificações para a definição de um campo de conhecimento e, discute as
classificações econômicas e sua relevância para a estruturação das informações sobre negócios.
2. O papel das classificações na estruturação de um campo de conhecimento e importância das classificações
econômicas
Os esquemas de classificação fazem parte dos mais relevantes instrumentos utilizados para representar o conhecimento de
uma área do saber[6], além da capacidade intrínseca de constituírem-se em linguagens de indexação e recuperação de
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informações.
As classificações dos conhecimentos humanos sobre bases filosóficas geraram as primeiras classificações bibliográficas.
Barbosa (1969) atribui a Platão os primeiros grupamentos das ciências humanas sobre tais bases e, permanecendo no campo
das classificações filosóficas, Piedade (1977) indica que Aristóteles estabeleceu os princípios que governam os esquemas
classificatórios e alerta para a complexidade das operações para descrever e situar os conhecimentos das coisas que cercam
os humanos, visto que os conhecimentos são compostos de vários aspectos.
Segundo Batista (2004), a teoria da classificação "tomou por empréstimo à Lógica as técnicas para a construção das
estruturas classificatórias, subdividindo classes em subclasses através da aplicação das características de divisão". Tais
princípios foram resgatados na Filosofia Clássica, especialmente em Aristóteles e Porfírio. É oportuno ressaltar que a lógica
aristotélica é orientada pela ordenação e classificação do concreto, manifestando a tendência de descrever e dividir como um
caminho para examinar o mundo experimental nos seus variados aspectos (BRANDÃO, 2005). Ainda de acordo com o
autor, tal método de divisão contínuo de um assunto para seu posterior entendimento denomina-se método analíticosintético, por dividir um problema em tantas partes quantas forem possíveis (análise), posteriormente agrupando-se ou
desagrupando-se os elementos dessa divisão de acordo com suas semelhanças ou diferenças (síntese).
Ainda que seja usualmente considerada como um ramo da filosofia, por tratar dos procedimentos corretos de raciocínio, a
lógica é aplicável a todas as disciplinas que procuram chegar a conclusões por intermédio do exame de evidências. Assim,
como aponta Fernandez (1976), as primeiras classificações científicas das plantas e dos animais foram feitas pelos gregos, na
época clássica. Práticas e impregnadas de coerência atenderam às necessidades da humanidade culta ocidental: "a
classificação de Aristóteles, proposta no século IV a.C. foi utilizada por cerca de dois mil anos".
Os registros dos sinais históricos da acumulação, ordenamento e controle de informações remontam à Alexandria, cuja
arquitetura concebida privilegiava a biblioteca e o museu como duas das mais importantes instituições que serviriam aos
negócios do Estado, que lhes provia o funcionamento, definiria a missão e controlaria o acesso. Estas instituições viriam a
representar, de fato, uma vontade simbólica de poder. Os vestígios históricos indicam a instituição como um catalisador de
conhecimentos, onde os raros leitores desta biblioteca – a maior coleção de livros do mundo antigo – exprimem a exigência
de novas formas de visibilidade e domínio do saber. Esta interpretação é reforçada por Latour (2000): "[...] parece que a
Biblioteca de Alexandria teria servido de centro de cálculo para uma vasta rede da qual era fonte abastecedora". O que exigiu
um projeto intelectual de ordenação, da criação de uma "sintaxe" que deve acompanhar a pura acumulação de livros,
inspirados em esquemas de classificação aristotélicos.
O termo classificar foi cunhado por Zedler, em 1733, a partir da combinação das palavras latinas classis e facere, passando a
ser empregado para a ordenação das ciências no fim do século XVII (DAHLBERG apud PIEDADE, 1977). No entanto,
sabemos que, embora usando tecnologia mais simples, os problemas enfrentados no passado eram tão intrincados como são
os atuais. Afinal, naquela época foram reforçadas as bases para a compreensão e organização do tratamento das questões
centrais do estudo das classificações. Resultando nos variados usos de cada esquema de classificação, que em si mesmo,
constitui um modelo onde os eventos de um determinado fenômeno se ordenam segundo uma definição ou critérios.
Em conseqüência, este modelo se transforma em linguagem científica de referência - ou linguagem documentária, de uma
forma geral – que permite a comparação e a análise do fato observado. Segundo Otlet, a documentação é um processo que
permite reunir, classificar e difundir "... todos os documentos de toda espécie, relativos a todos os setores da atividade
humana" (OTLET apud SHERA, 1980). Embora Barbosa (1972) indique que, com o surgimento dos centros de
documentação, serviços de bibliografia e bancos de dados, principalmente, desenvolvidos por empresas, indústrias e órgãos
do governo focalizados em seus campos de trabalho, foi-se acentuando o uso de sistemas próprios para classificar
documentos muito especializados, "... contribuindo para uma exagerada multiplicidade de especializações, originando uma
variedade de novos documentos, informando sobre novas técnicas, teorias, pesquisas, invenções, etc.".
No campo socioeconômico, a disposição metódica das informações estatísticas representa um marco estrutural para que os
resultados das pesquisas nesta área alcancem seus objetivos, já que a teoria macroeconômica convencional depende de
estilizações do funcionamento do Sistema Econômico para a regulação de informações. Assim, requerem uma classificação
sistemática para o atendimento de seus propósitos diante da massa de informações produzidas, ancoradas pela teoria
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econômica por trás do caudal de informações coletadas, organizadas e disseminadas.
O planejamento econômico ganha projeção para os governos sob o impacto do choque da depressão dos anos 30. As
sociedades capitalistas e os responsáveis pela condução de política econômica depararam-se com a necessidade de dispor de
dados que fornecessem uma visão de conjunto. Assim, o primeiro Sistema de Contas Nacionais, objeto de um documento da
Liga das Nações em 1945, desenvolvida pelo Prêmio Nobel de Economia Professor Richard Stone[7] fornece a estrutura
conceitual representada pela teoria de política econômica. Por sua vez, a versão original da Classificação Industrial
Internacional Uniforme de todas as atividades econômicas – CIIU [8] foi confirmada em 1948.(ORGANIZAÇÃO DAS
NAÇÕES UNIDAS – ONU, 1949), com a evidente intenção de que para classificar dados segundo o tipo de atividade
econômica nas áreas de emprego, da população, da produção, da renda nacional e de outras estatísticas econômicas, um
número cada vez maior de países organizasse suas séries estatísticas empregando a CIIU.
No plano internacional, um grande número de organismos tem usado a CIIU em suas publicações e análises de dados
estatísticos, como vários órgãos das Nações Unidas, entre eles a Organização para a Educação, a Ciência e a Cultura
(UNESCO), a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO) e
outros.
No Brasil, a Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE – (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA – IBGE, 2002(a)) é a classificação oficialmente adotada pelo Sistema Estatístico Nacional e pelos cadastros
e registros da Administração Pública, em decorrência das ações no sentido de ampliar a padronização das classificações e
tabelas usadas pelos aparatos de informação do Estado, a partir dos anos noventa. Desde sua publicação no Diário Oficial da
União, em dezembro de 1994, vem ampliando seu uso como referência na produção de informações socioeconômicas.
A construção da publicação original visou, simultaneamente, refletir a estrutura produtiva do país e guardar a
comparabilidade, de forma a mais estreita possível, com a Revisão 3 da CIIU – a última versão, à época, desenvolvida e
editada pela Divisão de Estatísticas das Nações Unidas (ONU, 1990). Com isso, procurou-se a determinação de uma
classificação-padrão de atividades econômicas para uso generalizado pelos produtores de informações econômicas no País,
abrangendo tanto o sistema estatístico como os cadastros da Administração Pública, favorecendo a articulação de
informações provenientes de diversas áreas. Estruturada em quatro níveis hierárquicos, a CNAE apresenta uma estreita
relação estrutural com a CIIU, já que os seus dois primeiros níveis, seções – identificadas por uma letra – e divisões –
definidas por códigos numéricos de dois dígitos –, adotam as mesmas notações da classificação internacional, facilitando as
comparações com informações internacionais.
Como dispositivos de arranjo e sistematização de informações, captando e organizando informações sobre as ações
produtivas, as classificações econômicas acabam disseminadas como linguagens de recuperação, o que exige um trabalho de
várias equipes, além de um minucioso conhecimento da área a ser coberta. Sendo possível reconhecer o importante papel das
atividades dos centros de produção de estatísticas econômicas na elaboração de informações, na medida em que os dados
colecionados e organizados representam idéias que possibilitam configurar o desempenho produtivo da sociedade.
Destacando que tais informações afetam diretamente o modo e a qualidade de vida dos cidadãos, os rumos e as estratégias
empresariais, as ações e as políticas governamentais e suas implicações para os mercados internos e externos.
Naturalmente, são empregados diferentes tipos de sistemas especializados para cobrirem as demandas de informações
empresariais organizadas. Pois, de fato, constata-se que existem várias maneiras em que podem ser classificados os mesmos
objetos e idéias, e a escolha da classificação visa a satisfazer às necessidades do usuário, o que dá origem às classificações
utilitárias e práticas, como aponta Fernandez (1976). Afinal, uma característica particular da informação é que ela pode ser
utilizada em contextos diversos daquele de sua geração.
Assim, a indicação de relações associativas constitui-se, geralmente, em obstáculo para enquadrar os conhecimentos
ordenados em vários conjuntos fixos e cerrados, não concebidos com a idéia de possibilidade de comunicação. Em função
das bases hierárquicas de estruturação de linguagens de indexação, Batista (2004) indica que as dificuldades ou as
impossibilidades de associações ocorrem devido à corrente do pensamento classificatório que procura enquadrar o
conhecimento produzido em classes estanques, representando áreas do conhecimento igualmente estanques. Não obstante,
existem trabalhos que mostram que não há uma incompatibilidade insanável[9], apesar dos desencontros semânticos, léxicos
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e estruturais entre dois ou mais instrumentos de classificação.
3. As definições das duas dimensões adicionais: o ambiente de negócios e as fontes de informação
Esta proposta de articulação de classificações segue o método lógico para cada um dos novos esquemas de classificação
envolvidos, por intermédio da definição e divisão. A estrutura de cada um dos novos arranjos é dada pelas categorias[10] –
obtidas por divisão - que compõem as duas dimensões incorporadas à classificação nacional de atividades econômicas CNAE, compreendendo: um arranjo de classificação para os ambientes de negócios e outro para as fontes de informação para
negócios.
3.1 Classificação dos ambientes de negócios
Ambiente do mercado ou da concorrência – o que está a jusante do negócio
A definição de mercado não é trivial, pelo menos na teoria econômica. Para muitos, o mercado designa um grupo de
compradores e de vendedores em contato próximo, sendo o primeiro grupo ofertante de bens e serviços e o segundo,
composto por indivíduos interessados em adquirir esses bens. No entanto essa discrição é bastante simplificada e não dá
conta da sofisticação e complexidade das transações envolvidas nas transações desse tipo[11]. No entanto, para efeito dessa
proposta de classificação, o mercado será definido como a relação entre compradores e vendedores dos mesmos bens ou de
bens substitutos, em uma determinada sociedade. Envolve, portanto as empresas produtoras e seus canais de comercialização
e distribuição e empresas produtoras de bens substitutos. Essas características dos bens serem competidores e substitutos
entre si dependem tanto de suas características físicas quanto das preferências dos consumidores[12]. Uma vez que a maior
parte dos produtos são substitutos imperfeitos, as ações de marketing das empresas atuam sobre a percepção dos
consumidores, no sentido de tornar menos plausível a substituição. O marketing atua para segmentar os mercados.
Ambiente dos fornecedores de bens e serviços na forma de matérias primas e insumos - o que está à montante do
negócio
São aqui clarificados todos os fornecedores de bens e serviços que integram o processo produtivo do negócio em estudo. Os
bens e serviços podem ser classificados como fundamentais se são integrantes obrigatórios da cadeia produtiva, e
suplementares nos demais casos. São portanto os bens de uso corrente na produção e excluem os bens de investimento ou
bens de capital.
Ambiente tecnológico
Esse ambiente envolve as atividades científicas e tecnológicas e correspondem ao esforço sistemático, diretamente
relacionado com a geração, avanço, disseminação e aplicação do conhecimento científico e técnico em todos os campos da
Ciência e da Tecnologia. A pesquisa e desenvolvimento experimental compreendem o trabalho criativo, realizado em bases
sistemáticas, com a finalidade de ampliar o estoque de conhecimento, inclusive o conhecimento do homem, da cultura e da
sociedade, assim como o uso desse estoque de conhecimento na busca de novas aplicações. Compreende três atividades
(OCDE, Manual Frascati, 1993, p.29): a pesquisa básica, a pesquisa aplicada e o desenvolvimento experimental (dirigidos
para a produção de novos materiais, produtos ou equipamentos, para a instalação de novos processos, sistemas ou serviços,
ou para melhorar substancialmente aqueles já produzidos ou instalados).
Os investimentos, com a introdução de novas máquinas e equipamentos no processo produtivo, são considerados atividades
inovativas[13]. Fazem parte desse ambiente as instituições de pesquisa e desenvolvimento, os laboratórios de metrologia e
certificação e os fornecedores de máquinas e equipamentos.
Ambiente dos recursos humanos
Esse ambiente engloba todas as atividades relacionadas com a captação e treinamento da mão-de-obra necessária ao
funcionamento do negócio. O mercado de trabalho possui características institucionais únicas em razão dos instrumentos
legais, sobretudo éticas que dão proteção a essa mercadoria especial que é a força de trabalho. Do ponto de vista do negócio,
existe um mercado de trabalho em torno da empresa, assim como organizações que fornecem serviços de treinamento da
mão-de-obra, além das instituições regulares de ensino. No entanto, a concorrência entre as empresas por mão-de-obra
especializada vai além da concorrência descrita anteriormente no mercado de bens e serviços sendo, na verdade, muito mais
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ampla. Os sindicatos dos trabalhadores e as instituições que intermedeiam a recolocação dos indivíduos e realizam pesquisas
salariais fazem parte desse ambiente.
Ambiente da infra-estrutura e logística
Esse ambiente se relaciona com condições que afetam a competitividade dos negócios, direta ou indiretamente. Embora
alguns dos serviços prestados por empresas de transporte ou telefonia possam ser tratados no ambiente referente aos
fornecedores de bens e serviços, a avaliação sobre a infra-estrutura básica – energia, comunicações, transporte e
armazenamento – vai muito além das relações de curto prazo embutidas nas transações comerciais correntes.
Ambiente econômico
Por suas características o ambiente econômico é um dos mais importantes para o sucesso dos negócios. Ele engloba toda a
política macroeconômica, as regras tributárias e da concorrência, as condições gerais de negócios com o exterior. As
medidas de política econômica, mesmo quando localizadas ou específicas a um determinado setor, terminam por afetar as
condições de negócio. As Políticas Industriais, Tecnológicas e de Comércio Exterior (PITCE) e as políticas de acesso ao
financiamento são elementos importantes nesse ambiente. Outras vertentes da política industrial, como a política regional de
desenvolvimento, a política de incentivo à pesquisa e desenvolvimento estão aqui consideradas. As principais instituições
que atual nesse ambiente são públicas, como os ministérios e agências.
Ambiente sócio-demográfico
Esse ambiente engloba as principais características sociais e demográficas da sociedade na qual o negócio está instalado. São
informações sobre educação, saúde, organização social e política, distribuição da população (regional, por faixa etária, etc.)
que afetam a realização dos negócios de uma forma mais indireta, porém mais permanente. Alguns aspectos culturais podem
ser associados a esse ambiente, embora seja muito difícil mensurar determinados comportamentos. Com essas
características, encontram-se os acompanhamentos feitos por instituições internacionais sobre o ambiente de negócios e das
atitudes com relação à corrupção[14].
3.2 Classificação das fontes de informação para negócios
Informações Estatísticas
A palavra estatística vem do alemão statistik e, originalmente, referia-se à ciência do Estado, ou seja, a descrição das coisas
relevantes ao Estado e à tomada de decisão de seus governantes, tais como a sua população e o seu território (SENRA, 1999)
[15]. No presente caso, na qual se deseja definir as fontes de informação para negócio, as informações estatísticas serão
definidas como aquelas obtidas a partir de pesquisas situadas dentro de um campo teórico, utilizando técnicas estatísticas
reconhecidas na comunidade científica, seguindo as normas, metodologias e classificações internacionais. Em função dessas
características, estão normalmente associadas ao sistema de produção de estatísticas oficiais ou o que se denomina
comumente, de Sistema Estatístico Nacional[16].
Informações Financeiras
As informações financeiras se relacionam, principalmente, com as atribuições do Banco Central do Brasil (BACEN). Essa
instituição é responsável pela política monetária e cambial, ou seja, pela estabilidade da moeda, controle do crédito e dos
fluxos de capital estrangeiro e pela estabilidade do sistema financeiro. Portanto, é a instituição que ordena o Sistema
Financeiro Nacional. No entanto, há outras instituições que também estão classificados nesse ambiente, com funções
normativas na área de investimentos financeiros[17].
Informações históricas e biográficas
Nesse caso, não há uma instituição que responda pela normalização e fiscalização de atividades que produzam essas
informações. Elas podem ser agrupadas em: a) História da comunidade, região ou município onde o negócio se realiza; b)
História da empresa; c) Biografia dos empresários, executivos e dirigentes.Há uma relação entre a história de uma região e
de suas empresas, conforme os estudos sobre clusters e arranjos produtivos locais[18].
Informações sobre produtos e serviços
Embora a descrição remeta para as informações estatísticas, as informações aqui classificadas se caracterizam por não
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estarem relacionadas, na maior parte das vezes, com as classificações oficiais. As informações produzidas pelas entidades
patronais, como por exemplo, os sindicatos e as federações de indústria, são muitas vezes cercadas de cuidados estatísticos e
poderiam ser classificadas no primeiro grupo. No entanto, muitas vezes, a definição dos sindicatos e se relaciona com um
conjunto de setores de atividades que não tem correspondência com a classificação oficial e não podem, por exemplo, serem
comparadas com resultados de outros países[19].
Informações regulatórias
São informações que, em última análise, criam obrigações e restrições relacionadas ao funcionamento do negócio. Envolvem
a legislação das três esferas de governo, como por exemplo, a legislação tributária e ambiental, a legislação trabalhista, os
códigos de postura, dentre outras. Toda a legislação referente às normas de concorrência, às normas técnicas e metrológicas
estão aqui classificadas. Quando a empresa pretende atingir os mercados externos, fica sujeita à legislação è as normas de
outros países.
A principal característica dessas informações é que o seu não cumprimento leva o infrator a ser punido, ou seja, embora não
haja um ou poucas instituições que produzam as informações mencionadas, todos os órgãos envolvidos têm capacidade e
poder de fiscalização e punição.
Informações bibliográficas
São informações sobre a literatura produzida sobre os diversos aspectos que envolvem a produção econômica, ou seja, um
empreendimento ou negócio. Ela pode ser de texto completo ou de referência, ou ainda, científica ou não científica. Trata-se
de informações de apoio à pesquisa científica e à condução dos negócios.
Informações de outro tipo, não classificadas anteriormente
São informações eventuais ou obtidas de fontes secundárias que, normalmente, não permitem sua recuperação posterior
(televisão ou rádio), ou que terminam por remeter a uma das classificações anteriores.
Conclusão
A combinação das três dimensões mostradas acima permitiria a construção de um sistema de classificação com 3 dimensões,
constituindo-se na figura geométrica correspondente ao vértice de um cubo (FIG. 1). As dimensões podem variar nos níveis
mais desagregados de cada classificação, em uma infinidade de combinações.
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FIGURA 1 – Estrutura tri-dimensional de classificação das fontes de informação.
Para facilitar a visualização, utiliza-se um exemplo, no QUADRO 1. O título da atividade – ‘Fabricação de calçados de
couro (código 19.31-3)’ - corresponde à classificação econômica (CNAE), sendo as duas dimensões adicionais dispostas nas
linhas e colunas. Deve-se destacar que se fosse ser montado o mesmo exemplo para a classificação de atividades ‘Fabricação
de calçados de plástico (código 19.33-0)’, provavelmente haveria muita superposição de informações,mas haveria diferenças
significativas à montante da cadeia produtiva, pois os insumos são produtos de diferentes indústrias. Da mesma forma,
haveria alterações nos fornecedores de máquinas e equipamentos, nas normas técnicas que regem a produção e na formação
da mão-de-obra. Os produtos das duas atividades seriam concorrentes e a evolução da conjuntura econômica afetaria, de
forma distinta, as duas atividades, que apresentam uma diferente estrutura de preços e de demanda. Portanto, a classificação
proposta atenderia esses aspectos, fornecendo uma estrutura adequada para as informações, contribuição de elevado valor
para os analistas interessados na área.
QUADRO 1 - Exemplo de aplicação do esquema proposto (não é obrigatório o preenchimento de todos os campos)
Atividade: Fabricação de Calçados de Couro (código CNAE 19.31 - 3)
Informações
Ambiente
Estatísticas
Consumo de
Mercado ou
calçados por
da
faixa de
concorrência
renda- IBGE
Financeiras
Históricas Sobre
e
produtos e
Biográficas serviços
Regulatórias Bibliográficas Outras
Volume de
crédito ao
consumidor
(operações de
créditopessoa física)
BACEN
História
das regiões
produtoras.
Ex.: Pólo
de
calçados
de Nova
Serrana
Normas
sobre o
confortoCTCCA;
ABNT
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Perfil dos
países
importadoresABICALÇADOS
Literatura
técnica- ABICALÇADOS
Revistas
sobre
tendências da
moda
DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação - Artigo 02
Taxa de juros
Produção de para o
Fornecedores
couro na
financiamento
de bens e
agropecuária- do capital de
serviços
IBGE
giro- BACEN;
IPEAD
Tecnológico
Importação
de máquinas
para a
indústria de
calçadosMDIC
Recursos
humanos
Emprego
formal no
setor- MTE
Ambiente da
infraestrutura e
logística
Exportações
de calçados
por portoMDIC
Taxa de juros
para
investimentoBNDES;
Financiamento
de pesquisa
aplicadaFINEP
-
Agências
bancárias nas
principais
regiões
produtoras de
calçadosIBGE
História
das regiões
produtoras.
Componentes
Ex.: Pólo
para calçadosde
ASSINTECAL
calçados
de Nova
Serrana
Normas
sobre os
insumosCTCCA;
ABNT
Literatura
técnica- ABICALÇADOS
Evolução e
tecnologia
de
Fornecedores
fabricação de máquinasde
ABRAMEC
calçadosCTCCA
Normas
técnicasCTCCA;
ABNT
Literatura
técnicaCTCCA;
ABNT
-
-
Treinamento
específico de
mão-de-obraCTCCA
Normas de
segurança e
saúde no
trabalhoMTE
Literatura
técnicaCTCCA* ;
ABNT
Cursos
especializados
(Ex.: Design)
-
Laboratório
de ensaiosCTCCA
Rede
metrológica
do
INMETRO
Bibliotecas
Feiras
especializadas- Comerciais
CTCCA
Couromodas
Normas
sobre o
fechamento
de câmbio
nos
contratos e
exportaçãoBACEN
Análises
setoriaisBNDES; IPEA
-
Legislação
sobre a
aquisição de
produtos
piratas- MJ
Análises sobre
os padrões de
consumo da
populaçãoIPEA
-
Exportações
Evolução
brasileiras de
Taxa básica de do setor no
calçadosjuros- BACEN BrasilABIIEL; CNI
CALÇADOS
Econômico
Crescimento
da demanda
agregadaIBGE
Sóciodemográfico
Operação de
crédito com
Crescimento
cursos livres,
da população
inadimplência,
jovem- IBGE
pessoa físicaBACEN
-
Postura da
população
diante do
consumo de
marcas
falsificadasIBOPE
Revistas
sobre
tendências da
moda (uso de
novos
materiais)
* http://ctcca.locaweb.com.br
Endereços das fontes:
IBGE – http://www.ibge.gov.br;
IPEA – http://www.ipea.gov.br;
BACEN – http://www.bacen.gov.br;
BNDES – http://www.bndes.gov.br;
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) - O Sistema de Análise das Informações de
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Comércio Exterior (ALICE) http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br;
Ministério do Trabalho e Emprego - Relação Anual de Informações Sociais – RAIS http://www.mte.gov.br ;
Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais – IPEAD https://www.ipead.face.ufmg.br;
Associação Brasileira das Indústrias de Calçados ABICALÇADOS- http://ww.abicalcados.com.br;
Associação Brasileira das Indústrias de Componentes para Couro, Calçados e Afins ASSINTECAL - http://ww.assintecal.
org.br;
Centro Tecnológico do Couro, Calçados e Afins – CTCCA http://ctcca.locaweb.com.br;
Ministério da Justiça – MJ; IBOPE Opinião, Opinião Pública, Consumo, Grupo IBOPE - Pesquisa sobre consumo de
produtos piratas publicada em 13/06/2005 http://www.ibope.com.br;
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas http://www.abnt.org.br;
Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - INMETRO - http://www.inmetro.gov.br;
Financiadora de Estudos e Projetos - FINEP - http://www.finep.gov.br;
Instituto Euvaldo Lodi - IEL/CNI - http://www.iel.cni.org.br/;
Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos para os Setores do Couro, Calçados e Afins ABRAMEQ http://www.abrameq.com.br;
Couromodas - http://www.couromoda.com;
Pólo de Calçados de Nova Serrana - http://www.novaserrana.mg.gov.br/cid_historia.php.
Esse trabalho inicial responde às preocupações dos autores como professores e pesquisadores na área. A preocupação com a
terminologia já havia sido apontada por outros autores como, por exemplo, Jannuzzi e Montalli (1999). No entanto, a
proposta aqui apresentada pretende ir além dessa questão, uma vez que, mesmo resolvendo-se a definição sintética do campo
através de um termo que unifique a literatura e a pesquisa na área, não se aborda a questão da insuficiência da classificação
unidimensional na estruturação de uma classificação para o campo. A proposta de uma classificação tridimensional significa
um avanço na organização dos serviços de informação.
Ainda assim trata-se de uma proposta preliminar, a ser criticada e ampliada, especialmente no tocante a incorporação de
outros atributos da informação à discussão.Esse processo poderá ou não levar à incorporação outras dimensões. Considerase, desde já, relevantes as discussões em torno dos aspectos: informações públicas (no sentido de serem acessadas por
qualquer interessado, ainda que mediante pagamento) X informações de uso restrito; informações gratuitas X informações
pagas; informações de curto prazo (conjuntura) X informações estruturais, dentre outras.
Conhecer a demanda das informações para negócio por parte dos gerentes e executivos é uma parcela relevante da
montagem de um sistema de informações que atendam as preocupações de um sistema produtivo moderno. Analisando o
comportamento dos gerentes com base em estudos sobre o comportamento seu comportamento informacional, Kennington
(1991) cita um estudo (TAULOR, R.S., VALUE-ADDED BUSINESS ENVIRONMENT, MACMILLAN, 1987) que mostra
que os principais usuários de informações não são os executivos encarregados dos processos de decisão nem os empresários,
mas aqueles na posição de assessoria e aconselhamento. De acordo com ele, se isso for verdade, a estratégia para a prestação
de serviços de informação deveria ser alterada. A compreensão sobre o mercado desse tipo de informação não é muito
profunda uma vez que se pensa nos usuários dos serviços existentes de forma geral e não como um grupo com interesses
particulares bem definidos (p.103). Outra questão relevante levantada por ele é a necessidade de se entender a ligação entre o
acesso e a disponibilidade de informações no tempo certo e o sucesso dos negócios. Essa ligação é aceita como verdadeira,
mas isso não está provado em várias áreas (p.103).
Por outro lado, há estudos que mostram que os executivos (CEO’s) buscam informações externas com mais frequência que
as informações internas e que não delegam a atividade de obtenção de informações estratégicas aos seus subordinados. Esse
comportamento está associado à determinadas atividades econômicas envolvidas em ambientes dinâmicos. Nesse caso, há
um uso freqüente de fontes pessoais. Dessa forma os seus ‘sistema de informação’ são muito pessoais e muitas vezes,
desconectado dos sistemas de informação da empresa. Os executivos usam um número bastante limitado de fontes. Essas
características dificultam a criação de um sistema de informação para os executivos, especialmente em ambientes mais
complexos, no qual as necessidades de informação dos executivos também mudam rapidamente (EL SAWY, 1985) A
integração dos sistemas pessoais de informação (dos executivos) com os sistemas institucionais (de uso geral) passa pela
definição de classificações comuns, que permitam alguma socialização das informações. Outros estudos mostram que a
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DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação - Artigo 02
atividade de monitoração ambiental depende do tipo de ambiente e da posição do gerente em relação à hierarquia da
empresa, isto é, se está no nível operacional ou estratégico, havendo várias possibilidades de posições intermediárias.
(CHOO, 2002; CHOO, AUSTTER, 1993).
Os problemas apontados mostram que há um longo caminho para se organizar as informações para negócios, desde a
definição dos usuários até o impacto das informações sobre o desempenho dos negócios. Uma parte relevante do trabalho
está na organização desse campo e não se deve perder de vista, entretanto, a contribuição da Ciência da Informação na sua
ordenação.
Notas
[1] As ações sobre as informações – produção, processamento e disseminação – foram mais do que modificadas, foram
ampliadas exponencialmente.
[2] Antonio Braz de O. e Silva é do IBGE e professor da disciplina ‘Pesquisa de Informação’ no curso de Especialização em
Gestão Estratégica em Informação, no Núcleo de Informação Tecnológica e Gerencial - Niteg da Escola de Ciência da
Informação da UFMG, desde 2004. Marcus José de O. Campos é do IBGE, especialista em classificações econômicas e
Wladmir Brandão foi professor da disciplina durante o estágio docente na ECI/UFMG e é autor de um artigo na área
(BRANDÂO, 2004).
[3] O ambiente foi dividido em ambiente de tarefa e geral, sendo que este englobava os aspectos tecnológicos (que afetam a
competitividade da empresa), legais (normas e leis que regulam a competição e o funcionamento das empresas, os aspectos
tributários, etc.), as condições políticas (clima político, principais questões discutidas pelo poderes executivo e legislativo),
econômicas (crescimento, desemprego, inflação, taxa de juros, etc.), demográficas (crescimento da população, urbanização,
fecundidade, etc.), ambientais (poluição, clima, etc.) e culturais (do país e da região, que exercem forte influência sobre o
comportamento das pessoas nas organizações).
[4] São apontados, também, 4 modos de monitoramento: a) exposição não-direcionada (exposição ao ambiente externo sem
um objetivo específico ou, apenas para explorar o ambiente); b) exposição direcionada (exposição direta a uma categoria
relativamente bem-definida de informação); c) busca informal (esforço limitado e não-estruturado de se obter informação
específica para objetivos específicos) e, d) busca formal (esforço deliberado, a partir de metodologia bem definida, de busca
de informação a respeito de temas específicos).
[5] Ainda que as informações sobre produtos (bens e serviços) possam ser obtidas por intermédio da divulgação de resultado
de estatísticas oficiais.
[6] Maria Luiza de A. Campo (1994), inclui, também, o tesauro (thesaurus).
[7] Richard Stone, inglês, Prêmio Nobel de 1984 por seus estudos sobre sistemas de contabilidade nacional e mensuração da
atividade econômica através de seus principais agregados, como, por exemplo, o Produto Interno Bruto, a Renda Nacional e
a Poupança Nacional.
[8] Conhecida, também, em inglês, pela sigla ISIC –International Standard Industrial Classification of all economic
activities. Foi, por diversas vezes atualizada, estando, atualmente na Ver. 3, publicada em 1990.
[9] Sobre a compatibilização entre instrumentos de classificação, consultar CAMPOS (2002).
[10] Sem a notação, por enquanto, empregada como um instrumento de codificação.
[11] O mercado é uma construção lógica e que se segue à divisão do trabalho e surge quando um indivíduo produz mais do
que consome (quantidade) e não produz tudo o que consome (variedade). Nas sociedades mais pré-capitalistas havia um
‘mercado público’ no qual as informações eram amplamente divulgadas, reduzindo o custo de transação. Era fundamental
que o conhecimento das informações necessárias à troca fosse amplo. No capitalismo, o mercado de bens apresenta uma
enorme gama de características que definem a sua amplitude e diversidade: caráter universal da demanda; facilidade com
que a mercadoria pode ser descrita, classificada e dela retirada uma amostra representativa; durabilidade e suas relações
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DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação - Artigo 02
entre valor, volume e peso. Essas características definem se um mercado é global ou local, geral ou especializado. Além
disso, os mercados funcionam à distância, não há contatos diretos. A sua complexidade atual tem origens históricas, e se
relaciona com a história das instituições. Não se pode, por exemplo, pensar o mercado sem moeda, sem normas jurídicas que
explicitem os direitos de propriedade e garantam os direitos dos envolvidos, nas transações e regras de competição. Portanto,
o mercado é uma construção social.
[12] Por exemplo, em determinadas condições, a margarina vegetal compete com o óleo vegetal. Portanto, haveria um
mercado para esses produtos embora a substituição entre margarina e óleo vegetal só seja percebida por alguns
consumidores. No caso de um mercado intermediário, o gás natural e o óleo combustível são substitutos em determinadas
indústrias (quando são usados no aquecimento) e em outras não (quando o gás é usado como matéria-prima).
[13] As atividades inovativas compreendem todos os passos científicos, tecnológicos, organizacionais, financeiros e
comerciais, inclusive o investimento em novos conhecimentos, que, efetiva ou potencialmente, levem à introdução de
produtos ou processos tecnologicamente novos ou substancialmente melhorados. (ORGANIZAÇÃO PARA
COOPERAÇÃO ECONÔMICA E DESENVOLVIMENTO – OECD), Manual de Oslo, 1997, p.(44). Os resultados da
Pesquisa Industrial - Inovação Tecnológica - (PINTEC 2000) do IBGE mostraram que é o elevado número de empresas que
atribuíram importância alta ou média para a atividade de aquisição de máquinas e equipamentos. (IBGE, 2002(b)).
[14] Ver, por exemplo, o endereço do Banco Mundial que acompanha indicadores específicos sobre a regulação dos
negócios - <http://rru.worldbank.org/DoingBusiness>
[15] Saindo do contexto histórico, Porcaro (2001) considera que as estatísticas são representações numéricas da realidade a
qual buscam mensurar, apoiando-se em interpretações teóricas que modelam aspectos da realidade.
[16] A produção de informações está associada a órgãos das diversas esferas de governo que respondem pela produção das
estatísticas, tendo por base as orientações e recomendações conceituais e metodológicas de organismos internacionais, que
buscam harmonizar as estatísticas com o propósito de comparação entre nações (United Nations (Statistics Division, FAO e
UNESCO, o World Bank, o International Monetary Fund - IMF, dentre outras). (PORCARO, 2001). As informações
estatísticas estão associadas à estas características e podem ser referenciadas, no país, ao órgão coordenador do sistema, o
IBGE.
[17] Com relação aos ativos financeiros não controlados pelo BACEN, em especial os títulos mobiliários (ações, debêntures,
etc.), a instituição responsável é a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que tem o objetivo de fiscalizar, regulamentar e
desenvolver o mercado de valores mobiliários. Ainda compondo as instituições líderes responsáveis pelas informações
financeiras fundamentais, encontra-se o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por ser a
instituição responsável pelo financiamento do investimento produtivo, que por sua vez depende da taxa de juros de longo
prazo (TJLP).
[18] De acordo com Porter (1998), a competitividade moderna depende do ambiente de negócios do local e, normalmente, os
clusters têm origens históricas que precisam ser conhecidas para entender as razões do seu sucesso e o de suas empresas. As
informações biográficas dos empresários muitas vezes se associam à história da própria empresa e região, mas aquelas
referentes aos executivos e dirigentes são pouco utilizadas no Brasil, em função da alta concentração de empresas familiares,
administradas pela pelos proprietários. Para grandes empresas, essas informações oferecem a possibilidade de se relacionar o
estilo dos seus executivos com as ações futuras da empresa.
[19] Em outros casos, são construídos grupos específicos de produtos com características semelhantes em relação aos seus
mercados (por exemplo, embalagens, que podem ser de vidro, metal ou papel). São informações relevantes, mas não
obedecem aos critérios de comparabilidade dos órgãos de estatística.
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Sobre os autores / About the Authors:
Antonio Braz de Oliveira e Silva
[email protected]
Doutorando em Ciência da Informação, Escola de Ciência da Informação da UFMG.
Analista do IBGE e membro do Netic - Núcleo de Estudos em Tecnologias para Informação e Conhecimento (http://www.
netic.com.br).
Marcus José de Oliveira Campos
[email protected]
Doutorando em Desenvolvimento Agrícola, Curso de Pós-Graduação em Agricultura, Desenvolvimento e Sociedade
(CPDA) - UFRRJ.
Mestre em Ciência da Informação - IBCIT - UFRJ.
Analista do IBGE e colaborador do Netic.
Wladmir Cardoso Brandão
[email protected]
Mestre em Ciência da Informação, Escola de Ciência da Informação UFMG.
Membro do Netic.
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