“A Dívida Externa
Brasileira”
- Os Contrastes Internos -
Divida Externa Brasileira
Toda política exterior resulta de
um esforço de compatibilizar
necessidades internas com
possibilidades externas.
O primeiro e decisivo fator de
mudança é de natureza interna.
Dívida externa total brasileira de 2000 a 2008
Fonte de dados: Boletim do Banco Central. 2001, estimativa
Na década de 70 a ditadura militar também
endividou o país, mas nossa economia
duplicou, construímos uma grande infraestrutura energética, de telecomunicações e
de transportes. E o maior parque industrial
do Terceiro Mundo, um dos maiores de todo
o mundo!
Já o endividamento do Plano Real não
construiu nada, levou ao desemprego,
sucateou o serviço público, jogou o Brasil no
racionamento de energia e paralisou nosso
crescimento. E a dívida pública explodiu:
Dívida em títulos federais 2001-2011 - em
bilhões de reais
Fonte de dados: Boletim do Banco Central. 2001, estimativa
Brasil Interno e Externo
A "dívida" externa está relacionada à interna
como unha e carne: desde a crise dos anos 80,
a política de financiar seus déficits externos
com poupança do exterior resultou em tomar
mais empréstimos para pagar os antigos,
atraindo os capitais, inclusive especulativos,
com altas taxas de juros, e tendo que convertêlos em moeda nacional para introduzi-los na
economia. Isto se agravou nos anos do governo
FHC: as reformas neoliberais resultaram não
apenas num persistente déficit de contas
correntes, mas também num déficit comercial.
A única fonte de divisas passou a ser atrair o
capital estrangeiro seja para investir, seja
para especular, seja como empréstimo para
pagar os juros desta dívida que se tornou
impagável. Os bancos nacionais e
internacionais adquirem títulos do governo
e deixam seus dólares no Banco Central.
Após um tempo, são eles resgatados,
acrescidos de juros que, às vezes alcançam
40% ao ano. Assim, para tapar um rombo o
governo abre outro, endividando-se cada
vez mais em reais para rolar o débito em
moedas estrangeiras. A dívida interna, que
era de R$60 bilhões em 1995, atinge hoje
R$ 373 bilhões (41,2% do PIB!). Só para
rolar este papagaio, o governo paga ao ano
quase R$ 80 bilhões!
Mas o governo FHC não pensa na outra dívida,
tão monstruosa: a dívida social para com seu
povo, que precisa de moradia, educação, terra,
saúde, direito à livre informação, democracia,
etc. Há mais de 10 milhões de desempregados
no Brasil; há cerca de 4,5 milhões de famílias à
espera de um pedaço de terra para plantar,
enquanto o déficit de moradias remonta 13
milhões de unidades. E os credores da dívida
social são 90% dos brasileiros.
E quem paga a conta? Pagamos a dívida externa
a cada fila que enfrentamos num hospital
público, a cada emprego que perdemos e a
cada vez que vemos nossas condições de vida
piorar. O acordo com o FMI provocou cortes de
despesas públicas que estão sendo
desastrosos para a sociedade e a economia
interna do País. Eis os cortes principais entre o
orçamento da União antes e depois:
Assistência à criança e adolescência: - 73%


Programa Erradicação do Trabalho Infantil: 24%





Reforma Agrária: - 42,6%
Consolidação e emancipação de
assentamentos rurais: -100%


Habitar Brasil: -70,8%
Transporte Escolar: -79%
Distribuição de Alimentos: - 34%
Qualificação Profissional: - 21%
Demarcação de Terras Indígenas – -78%
Fonte: Folha de São Paulo, 28/2/99
Estes e outros cortes de recursos para gastos sociais e
ambientais fazem do acordo FHC-FMI uma bomba-relógio.
Dívida Externa, fonte negadora dos Direitos Humanos
Dívida externa, responsável principal pela fome e pelos
problemas sociais existentes nos países do Terceiro Mundo.
Brasil na economia
Dizer que o Brasil é um país de contrastes
pode parecer um lugar-comum, os dados da
realidade entretanto não nos deixam
dúvidas. Até 1999 fomos a 8ª economia do
mundo, em 2000 a 9ª, hoje somos a 10ª
economia do mundo e o maior e mais rico
país da América Latina. Ocupamos
entretanto a 73ª posição entre os 173
países classificados no Relatório do
Desenvolvimento Humano elaborado pelo
PNUD (Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento), para avaliar a
expectativa de vida da população e os
indicadores de educação, saúde e renda.
Somos mais de 170 milhões de habitantes,
sendo que 49,6 milhões de brasileiros vivem
na miséria, com uma renda mensal inferior a
R$ 79,00.
O Brasil possui uma dívida externa
gigantesca: 237,9 bilhões de dólares
(equivalente a 39% do seu PIB). As
altíssimas taxas de inflação reduziram
a partir de 1994. Mesmo assim, o
poder aquisitivo da população se
manteve em declínio.
Recentemente a exportação tem
crescido, batendo um recorde
histórico em 2004, quando aumentou
32% e superou os US$ 96 bilhões.
PIB das 10 maiores economias mundiais
O Brasil investe 4,6% do PIB
(Produto Interno Bruto) em
educação. Índice igual ao da
Inglaterra e pouco menor do que
o dos Estados Unidos e o da
Itália, que investem 4,8%. A
maior parte desses recursos é
destinada ao ensino
fundamental.
Classificação
País
PIB
1º
2º
3º
EUA
China
Japão
12,980
10,00
4,220
4º
5º
6º
Índia
Alemanha
Reino Unido
4,042
2,585
1,903
7º
8º
9º
França
Itália
Rússia
1,871
1,727
1,723
10º
Brasil
1,616
Concentração de renda
A indústria brasileira se desenvolveu nos
anos 50, produzindo crescimento econômico
e, ao mesmo tempo, concentração de renda
e urbanização desproporcionada. A
estagnação econômica chegou nos anos 80.
O número de desempregados e
trabalhadores informais superou os 30
milhões, e os indigentes os 22 milhões.
Ao mesmo tempo se agravou a
concentração de renda. Os 10% mas ricos
da população se apropriam de metade da
renda gerada no país, enquanto os 40%
mais pobres ficam com apenas 8% dela. O
salário mínimo é de R$ 415,00.
Pobreza e Riqueza
A distribuição de renda em nada mudou
nesses 7 anos: a participação proporcional
dos mais ricos e dos mais pobres na renda
nacional ficou rigorosamente igual.
Em 1995/1999
 1% mais ricos (12,3/12,6)
 10% mais ricos (13,9/13,3)
 40% intermediários (39,8/40,0)
 50% mais pobres (47,9/47,4)
E o número de brasileiros abaixo da linha da
pobreza, os indigentes, não parou de
crescer: eram 47,2 milhões em 1994,
aumentando para 54,5 milhões em 1999.
Desigualdade Social
Baixa escolaridade, pobreza, falta
de oportunidades e crescente tráfico
de drogas figuram entre as causas da
violência nas grandes cidades.
Fustigada por tantos problemas, a
sociedade civil se organizou. Estimase que no país existem 20 milhões de
ativistas e voluntários.
Jornal “Folha de São Paulo”, (02 de setembro de 2000).
Uma opinião sobre a dívida externa:
(...) Somadas, as dívidas externa e interna estão,
hoje, em quase US$ 500 bilhões. Em 1999, o
governo entregou aos credores internacionais
US$ 66 bilhões (US$ 15 bilhões em juros e US$
51 bilhões em amortizações). Os juros das
dívidas interna e externa vão exigir do governo,
este ano, o desembolso de R$ 78 bilhões.
Segundo o senador Suplicy, esse montante
poderia assegurar a cada um dos 167 milhões de
brasileiros uma renda mínima de quase
R$ 500.(...)
As atuais reservas brasileiras são inferiores a US$
35 bilhões, o que obriga o governo a se
endividar ainda mais para rolar a dívida. O Brasil
deve aos credores internacionais US$ 231
bilhões. Entre 1991 e 98, o governo privatizou
63 empresas e arrecadou US$ 85 bilhões.(...)
Se os credores não tivessem embolsado os
nossos recursos, teria sido possível assentar
5.833 famílias de agricultores, ao custo de
R$ 40 mil cada uma. Seria o fim dos semterra, a atividade econômica cresceria, os
alimentos ficariam baratos e a população
das grandes cidades seria reduzida, bem
como a violência urbana e o número de
famílias e crianças na rua.(...)
Nessa aldeia global em que os contrastes
ficam cada vez mais evidentes sob a camisade-força neoliberal, globalizam-se a miséria,
e não o desenvolvimento, a violação da
soberania nacional, e não o respeito aos
diferentes povos, o espírito de
competitividade, e não o de
solidariedade.(...)
Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Betto, 55
O Brasil é um país de contrastes
visíveis. Somos um país rico com
um povo em que a maioria é
pobre. Essa realidade nos deixa
dependente às grandes potências
mundiais e suas alianças
multinacionais e cada vez mais
distantes do desenvolvimento
que atenda à maioria. E essa
grande desigualdade faz com que
a dívida externa seja ainda
maior.
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“A Dívida Externa Brasileira”