V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES
I CONGRESSO NACIONAL EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
08 a 10 de setembro de 2011
UFS – Itabaiana/SE, Brasil
O ETHOS DISCURSIVO DO PROFESSOR DE LÍNGUA MATERNA A PARTIR DA
MÍDIA
Jacqueline dos Santos Oliveira (UFS) 1
RESUMO
O presente trabalho de pesquisa traz à baila discussões teóricas acerca do discurso em relação
ao/à professor(a). Nesse caminho, investiga-se a construção de imagens desse (a) professor (a)
no âmbito sócio-histórico, tendo como objeto os discursos veiculados pela Mídia impressa.
Ou seja, busca-se depreender a imagem que a Mídia constrói do ensino e do professor. À luz
de um percurso teórico sobre o discurso (efeito de sentido), procura-se investigar a relação
entre a tão propalada crise de ensino de Língua Portuguesa e a identidade do profissional em
questão. Destarte, o presente trabalho respalda-se essencialmente nos postulados teóricos de
Foucault (1996), Patrick Charaudeau (2007) e Amossy (2008). Nesse sentido, tenta-se
relacionar esses três teóricos, dados os aspectos teóricos distintos. Isso porque, enquanto
Foucault discute as relações de poder nos discursos, principalmente no que se refere às
instituições, Charaudeau centraliza-se no poder instituído pela Mídia e argumenta que elas
(Mídias) manipulam os indivíduos e não perpassam o que ocorre na realidade social; apenas
constroem uma representação dessa realidade. A importância de uma abordagem na
perspectiva de Amossy (2008), por sua vez, dá-se a partir do momento em que esta traz à tona
os estudos do ethos discursivo, haja vista neste trabalho analisar-se a construção do ethos dos
professores. Dessa forma, o objetivo desta pesquisa é analisar discursivamente as imagens que
ela (a Mídia) constrói dos professores, em geral, e o de Língua Portuguesa, em particular,
tentando-se entender em que medida as imagens que os profissionais constroem de si são
construções próprias ou socialmente impostas. Os corpora dessa investigação foram
construídos com base em entrevistas, publicidades, reportagens, artigos, veiculados por
revista de ampla circulação na sociedade. Quanto à metodologia, escolheu-se a qualitativa,
por conta da natureza do resultado buscado: a relação de subjetividade e de alteridade.
Palavras- chave: Discurso em circulação, Construção de imagens do (a) Professor (a), Mídia.
1 INTRODUÇÃO
Na sociedade pós-moderna, as relações humanas e a complexidade social evidenciam
as práticas de poder dos discursos veiculados pela Mídia. Assim, através dos discursos tidos
como “verdadeiros”, a Mídia manipula a opinião pública em prol de seus interesses. Nesse
1
Email: [email protected]. Orientadora: Profa. Dra. Maria Emília de Rodat de Aguiar Barreto Barros.
1
ANAIS DO V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES
GEPIADDE/UFS/ITABAIANA
ISSN 2176-7033
V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES
I CONGRESSO NACIONAL EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
08 a 10 de setembro de 2011
UFS – Itabaiana/SE, Brasil
sentido, analisar a imagem do professor através da Mídia depende de uma problemática
sociodiscursiva complexa. Apesar de abordar o discurso midiático não ser tarefa fácil,
objetiva-se estudar tais discursos sobre os professores, em geral; o de Língua Portuguesa, em
particular. A partir de tal estudo, pode-se entender em que medida as imagens dos professores,
do ensino, construídas pelos meios de comunicação social, influenciam na constituição do
ethos de tais profissionais.
Reconhece-se que a Mídia é detentora de poder na medida em que tem a capacidade
de influenciar, gerir e manipular os comportamentos dos indivíduos dentro da sociedade.
Assim ditam regras, normas, estilos, modo de vida, influenciam, enfim, os espectadores
socialmente. Ainda de acordo com esse estudioso, as “[...] mídias não transmitem o que
ocorre na realidade social, elas impõem o que constroem no espaço público”
(CHARAUDEAU, 2007, p.19). Nesse sentido, vale mencionar que as questões da
comunicação e de informação remetem alguns pesquisadores aos fenômenos sociais,
revelando que a mídia atualmente é um suporte que se apodera dessas noções para propagar
seus discursos, além de ser uma produtora de “imagens deformantes”. Tais discursos, por sua
vez, são reconhecidos como sendo de poder.
A esse quadro de discussões acerca do poder discursivo, há ainda que se acrescentar
que todo ato de tomar a palavra e empregá-la em um ato de conversas implica na construção
de uma imagem de si, é o que se denomina de ethos discursivo. Traz-se à tona, portanto, as
contribuições de Ruth Amossy (2008), segundo a qual a imagem construída de si valida e
legitima o discurso do sujeito em questão. É nesse caminho de investigação teórica que este
trabalho mostra a construção de imagem dos professores pela Mídia. Esta, como mencionada,
estabelece uma relação de poder sobre ouvintes, leitores, telespectadores.
Além dos teóricos acima elencados, conta-se com as contribuições de Foucault
(1996) acerca do discurso das instituições. De acordo com esse filósofo, tais instituições são
detentoras de poder, fazendo com que determinados discursos circulem socialmente.
Vale mencionar que os discursos circulantes dentro da sociedade pós-moderna se
fixam dentro dessa mesma sociedade e, por vezes, são transvestidos por outra materialidade.
Isso significa que há múltiplas formas de se mencionar um mesmo discurso. Esses mesmos
discursos constituem a função de instituição de poder/contra poder. Nesse sentido, as Mídias
influenciam os sujeitos através do fazer saber, fazer pensar e do fazer sentir.
2
ANAIS DO V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES
GEPIADDE/UFS/ITABAIANA
ISSN 2176-7033
V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES
I CONGRESSO NACIONAL EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
08 a 10 de setembro de 2011
UFS – Itabaiana/SE, Brasil
A partir desses estudiosos, tenta-se inter-relacionar os seus postulados teóricos em
busca de se cumprirem os objetivos desta pesquisa, já mencionado. Na medida em que se
realiza tal inter-relação, observa-se que, enquanto Foucault discute as relações de poder nos
discursos, principalmente no que se refere às instituições; Charaudeau centraliza-se no poder
instituído pela Mídia e infere que elas (Mídias) manipulam os indivíduos e não divulgam o
que de fato ocorre na realidade social, apenas constroem uma representação dessa realidade.
Amossy, por sua vez, traz à tona os estudos dos ethos discursivo. Tal abordagem, por seu
turno, contribui com a presente investigação, uma vez que se analisa a construção do ethos
dos professores, por meio das reportagens de revistas veiculadas pela Mídia.
Nessa perspectiva, este trabalho está circunscrita à Teoria da Argumentação, haja
vista o resgate que se faz da categoria do ethos; à Análise do Discurso de linha francesa
(doravante ADF), por centrar-se em uma análise dos discursos sobre a imagem do professor,
institucionalmente construída, a partir da circulação dos discursos dos meios de comunicação
de massa. E, na medida em que se observam as relações sociais instituídas por tais meios,
investigando-se os discursos (efeito de sentido), esta pesquisa opta pela pesquisa qualitativa.
Para tanto, neste momento da pesquisa, analisa-se discursivamente a revista, tanto no que diz
respeito às capas (consideradas um gênero discursivo); quanto às reportagens em seu interior.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Esta pesquisa traz à baila discussões teóricas acerca do discurso da Mídia em relação
ao professor, investigando-se a construção de imagens desse professor no âmbito sóciohistórico. Os corpora, por sua vez, são constituídos por reportagens / capas de revistas, cujo
público alvo é o professor. Nessa perspectiva, essa pesquisa se insere na Análise do Discurso
e na Teoria da Argumentação, uma vez que propõe investigar em que medida a imagem
construída pela Mídia pode interferir na concepção da sociedade sobre o profissional de
ensino. Nesse sentido, as teorias da Análise do Discurso têm grande relevância para tal
pesquisa. Quanto a esta área do saber, considera-se que Foucault é seu (da ADF) precursor.
Os conceitos de sujeito, discurso, formação discursiva, ideologia são advindos desta ciência.
Nesse caso, enfatizam-se os estudos das relações entre as condições de produção dos
discursos e seus processos de constituição.
3
ANAIS DO V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES
GEPIADDE/UFS/ITABAIANA
ISSN 2176-7033
V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES
I CONGRESSO NACIONAL EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
08 a 10 de setembro de 2011
UFS – Itabaiana/SE, Brasil
É importante, então, retomar a definição dos conceitos acima elencados. Na
perspectiva da ADF, entende-se que o discurso é efeito de sentido (ORLANDI, 2002).
Concorda-se ainda com esta autora, quando defende que o discurso é o lugar em que se pode
observar a relação entre língua e ideologia, compreendendo-se como a língua produz sentidos
por / para os sujeitos. Leva-se em conta ainda que o discurso vai ao discurso, conferindo-lhe
um caráter de heterogeneidade. O sujeito, por sua vez, é uma função discursiva, tomado
como um ser do discurso e, como tal, é constitutivamente heterogêneo. É marcado sóciohistoricamente, inserido em uma dada formação discursiva que, por seu turno, decorre de uma
formação ideológica. Essa noção de sujeito incorpora o que diz respeito aos enunciadores, ao
jogo de imagens estabelecido entre os sujeitos da enunciação; como constituintes da própria
linguagem, o modo como se relacionam com o real.
É nesse quadro de revisão teórica que se propõe proceder ao estudo em questão,
investigando-se as posições dos sujeitos professores, lembrando que a Mídia, ao longo do
tempo, tem se tornado o foco de pesquisa e de investigação de alguns analistas do discurso.
Observa-se ainda que os meios de comunicação de massa, enquanto uma instituição
responsável pela propagação de fatos, considerados notícia, colaboram para a formação de
opiniões na sociedade, influenciando, sobretudo, na instauração do imaginário do público, em
relação a esses profissionais.
Para dar continuidade a essa investigação, principalmente, no que diz respeito às
relações de poder instituídas, trazemos à baila os postulados de Foucault (1996) sobre as
relações de poder na sociedade.
2.1 MICHEL FOUCAULT: AS RELAÇÕES DE PODER NA SOCIEDADE
À luz das teorias de Foucault (1996), aborda-se o controle dos discursos veiculados
na Mídia, assim como os questionamentos relacionados à verdade, ao poder, ao saber e à
hierarquização dos discursos na sociedade. É nesse contexto que o filósofo observa o discurso
das instituições, as quais detêm o discurso de poder, fazendo com que seus discursos circulem
por toda a sociedade. Nesse sentido, o autor (1996, p. 9) argumenta: “[...] a produção do
4
ANAIS DO V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES
GEPIADDE/UFS/ITABAIANA
ISSN 2176-7033
V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES
I CONGRESSO NACIONAL EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
08 a 10 de setembro de 2011
UFS – Itabaiana/SE, Brasil
discurso é ao mesmo tempo controlada, selecionada, organizada e redistribuída por certo
número de procedimentos que têm por função conjurar poderes e perigos [...]”.
Decorre desse pensamento a necessidade de se refletir acerca do que há de tão
perigoso no fato de as pessoas falarem e de seus discursos se multiplicarem indefinidamente.
A partir de tal necessidade, o autor propõe uma reflexão sobre os discursos ouvidos e
pronunciados, haja vista o controle e a seleção da produção desses discursos em toda
sociedade. E, na medida em que esse filósofo discute tal controle, observa que o discurso
possui procedimentos externos e internos de controle e delimitação. Os procedimentos
externos: interdição, separação e rejeição, vontade de verdade funcionam como um sistema
de exclusão concernente à parte do discurso que põe em jogo o poder e o desejo. A interdição,
por sua vez, corresponde à restrição da fala, pois não se pode falar qualquer coisa a qualquer
momento. Quanto à separação e à rejeição, por seu turno, Foucault (1996, p.10) cita como
exemplo a oposição razão x loucura, pois “[...] o louco é aquele cujo discurso é impedido de
circular como os dos outros [...]”. Com efeito, o discurso do louco é considerado sem muita
importância, não é aceito pela sociedade. Vontade de verdade, por sua vez, diz respeito a uma
legitimidade institucional, pois exerce sobre os demais discursos um poder de
constrangimento.
Em seguida, o filósofo cita os procedimentos internos de controle e delimitação, são
eles: comentário, princípio de autoria e disciplina. Estes exercem seu próprio controle. Além
disso, traz-se à baila a noção de sociedade de discurso que corresponde ao conjunto de
sujeitos tidos como capazes de se apropriarem desses discursos. Ou seja, somente a essa
sociedade é dado o direito de controlar os discursos. Relacionando-se, então, os conceitos de
disciplina e de sociedade de discurso, depreende-se que esta controla as verdades perpassadas
por aquela. E, por essa investigação propor a busca da construção do ethos discursivo do
professor, de maneira geral e, mais especificamente, do de Língua Portuguesa, a seguir
trazem-se à baila os postulados teóricos acerca desse conceito.
2.2 ETHOS DISCURSIVO: A CONSTRUÇÃO DE IMAGEM A PARTIR DO OUTRO
5
ANAIS DO V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES
GEPIADDE/UFS/ITABAIANA
ISSN 2176-7033
V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES
I CONGRESSO NACIONAL EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
08 a 10 de setembro de 2011
UFS – Itabaiana/SE, Brasil
Ao constatar a importância do discurso veiculado pela Mídia, busca-se caracterizá-lo
como uma prática discursiva. Nesse sentido, com base nos postulados teóricos de Amossy
(2008), Maingueneau (2008), discutem-se, neste relatório, as diversas formas de construção
de imagens dos sujeitos; mais precisamente, discute-se a formação do ethos discursivo. Como
se sabe, o ethos não é construído a partir de um dito, mas do que é mostrado. A esse respeito,
Maingueneau (2008) advoga: “[...] o que o orador pretende ser, ele o dá a entender e mostra:
não diz que é simples ou honesto, mostra-o por sua maneira de se exprimir [...]” (p.138).
Nessa condição, são levados em consideração fatores como: a imagem que se faz do outro e a
imagem que o outro faz do Eu, para se construir o ethos discursivo.
A elaboração da construção de imagem de si no discurso tenta reservar um lugar
determinante para a enunciação e para o enunciador. Nesse sentido, o enunciador deve
conferir a si e ao destinatário um determinado status para legitimar o seu dizer. Em virtude
disso, o ethos está ligado à questão da legitimidade da fala. É interessante ainda observar que
a força de persuadir e o peso da fala decorrem não só do que o orador diz como também
dependem da sua própria imagem, da impressão que produz para o público. É importante
ainda ressaltar que a noção de ethos reflete o processo da posição discursiva dos sujeitos.
Consoante tal perspectiva, o ethos é construído na instância do discurso e é dentro da
instância enunciativa que se constrói a imagem de si.
Ademais, Amossy (2008) afirma que o poder do discurso se dá tanto pela parte
institucional como pela da linguagem. Logo, a construção do ethos está inclusa no conjunto
de atitudes mostradas, tanto no posicionamento empírico quanto nas atitudes mostradas. E,
como evidenciado, a construção do ethos discursivo também se dá numa instância social,
busca-se, então, tal construção na instância da Mídia. Daí a importância de uma investigação
acerca do discurso das Mídias.
2.3 PATRICK CHARAUDEAU: O DISCURSO DAS MÍDIAS
Sabe-se que a Mídia serve a várias áreas do saber como a Sociologia, Antropologia,
Filosofia, Pedagogia, Marketing e também ao próprio mundo midiático. Desse modo, a Mídia
pretende transparecer que é contra o poder e contra a manipulação, mas, na verdade, ela
6
ANAIS DO V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES
GEPIADDE/UFS/ITABAIANA
ISSN 2176-7033
V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES
I CONGRESSO NACIONAL EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
08 a 10 de setembro de 2011
UFS – Itabaiana/SE, Brasil
mesma manipula, detém o poder e a comunicação. Assim o faz para propagar suas próprias
opiniões, influenciando o imaginário das pessoas.
Nesse sentido, ela é uma detentora do poder, na medida em que tem a capacidade de
influenciar, gerir e de manipular os comportamentos dos indivíduos dentro da sociedade. Dita
regras, normas, estilos, modo de vida... Nesse caso, é importante mencionar o postulado de
Charaudeau (2007, p. 19), acerca dessa instituição: “[...] (as) mídias não transmitem o que
ocorre na realidade social, elas impõem o que constroem no espaço público”.
Além dos aspectos acima mencionados, é importante enfatizar que a instância
midiática transforma o acontecimento em notícia. Sendo assim, constrói a notícia em função
de como ela será compreendida, observando o efeito que causará no receptor. Este, por sua
vez, interpreta à sua maneira a informação. Os acontecimentos, por seu turno, só têm um
significado dentro de um determinado discurso, pois ele não significa em si. É desse modo
que os acontecimentos, dentro de determinado discurso, convertem-se em notícia que, por sua
vez, tem que estar sempre atualizada. Assim, a noção de atualidade é extremamente relevante
no mundo midiático. Explanados os postulados teóricos dos quais se lançou mão, expõe-se a
seguir a metodologia utilizada nesta pesquisa.
3 METODOLOGIA
De acordo com Charaudeau (2007), apesar do aspecto manipulador das mídias, o
discurso de informação é fundamental para a democracia, pois ele contribui para estabelecer
os vínculos sociais e instaura os sentimentos de identidades no espaço público. Mas a
máquina midiática, como estudado ao longo deste trabalho, não é um simples reflexo do que
acontece na sociedade. Ela é um universo construído. Nesse sentido, questiona-se nesse
trabalho em que medida as imagens dos professores são construídas pelas mídias.
Quanto à metodologia, escolheu-se a pesquisa de caráter qualitativo, visando a
analisar o discurso da Mídia e a posições dos sujeitos professores, observando a imagem
desses sujeitos na sociedade. Os corpora desta pesquisa são compostos por um total de 03
revistas Veja, dada a ampla circulação dessa revista.
7
ANAIS DO V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES
GEPIADDE/UFS/ITABAIANA
ISSN 2176-7033
V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES
I CONGRESSO NACIONAL EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
08 a 10 de setembro de 2011
UFS – Itabaiana/SE, Brasil
A partir de tais corpora, analisa-se o discurso acerca do ensino. Levam-se em conta o
conceito de ethos discursivo, de acordo com os pressupostos teóricos de Amossy (2008),
Maingueneau (2008); as relações de poder do discurso, de acordo com Foucault (1996); os
estudos sobre a mídia, segundo Charaudeau (2007). Nesse sentido, tenta-se relacionar esses
três teóricos, a fim de se chegar a algumas conclusões. O objetivo é compreender as
representações sociais e a imagem veiculada pela Mídia em relação ao professor (a). O
processo de coleta, por sua vez, ocorreu entre os meses de agosto e dezembro de 2010.
Ressalta-se que a escolha do objeto pesquisado (revistas) deve-se a critérios tais como: revista
conceituada na sociedade, de ampla circulação, possibilidade de serem lidas diariamente em
sites de internet.
Quanto à análise propriamente dita, foi feita em quatro etapas, com o propósito de
atender os objetivos do projeto, são elas: seleção de revistas, separação das reportagens e
entrevistas relacionadas ao foco da pesquisa, análise dos discursos instituídos pela Mídia e da
imagem construída desses profissionais, situação dos sujeitos pesquisados no ambiente sóciohistórico.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Consoante os recortes de revistas, é possível analisar o discurso midiático em relação
a esses profissionais. O discurso, por sua vez, pode ser entendido como o lugar em que os
poderes e os saberes se articulam. Nesse sentido, a Mídia compõe suas manchetes e produz
seus enunciados à luz das escolhas de palavras e de uma linguagem própria para que todos
possam ter acesso às informações. Dessa forma, como mencionado, o veículo midiático
influencia de forma definitiva na transmissão das informações. Expõem-se, então, a seguir os
recortes mencionados.
Corpus 1: Revista Veja (Dezembro de 2007) - José Patrício / AE
8
ANAIS DO V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES
GEPIADDE/UFS/ITABAIANA
ISSN 2176-7033
V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES
I CONGRESSO NACIONAL EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
08 a 10 de setembro de 2011
UFS – Itabaiana/SE, Brasil
Professores em formação: uma profissão muito
procurada no Brasil apesar das queixas
Professor não é coitado
Por: Gustavo Ioschpe 2
O professor brasileiro é um herói. Batalha com afinco contra tudo e todos em prol de uma
educação de qualidade em um país que não se importa com o tema, ensinando em salas hiperlotadas
de escolas em péssimo estado de conservação. Tem de trabalhar em dois ou três lugares, com uma
carga horária exaustiva. Ganha um salário de fome, é constantemente acossado pela indisciplina e
desinteresse dos alunos e não conta com o apoio dos pais, da comunidade, do governo e da sociedade
em geral.
Ao ler o primeiro parágrafo da reportagem, o leitor se depara com uma negação
acerca de uma imagem pré-construída do professor: Professor não é coitado. Essa imagem,
destacada nas páginas de uma das revistas de maior circulação no Brasil, nada tem de
glorificante. Ioschpe inicia sua narrativa elogiando o professor brasileiro, qualificando-o
como herói, logo em seguida expõe a educação do país e suas precariedades, justificando o
porquê de o professor ser um herói. Fala da fome, do país subdesenvolvido e das dificuldades
encontradas em sala de aula por esses profissionais. Mas, no decorrer da matéria, o leitor se
depara com uma análise atípica do que se costuma ler diariamente.
Além disso, a própria negação de o professor “ser coitado” implica em um não dito,
ou seja, o articulista parte de um discurso circulado, em que o professor é considerado um
“coitado”, dada a sua má remuneração. O referido articulista continua sua reportagem com o
seguinte discurso:
2
Economista, especialista em educação.
9
ANAIS DO V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES
GEPIADDE/UFS/ITABAIANA
ISSN 2176-7033
V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES
I CONGRESSO NACIONAL EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
08 a 10 de setembro de 2011
UFS – Itabaiana/SE, Brasil
[...] Se você tem lido a imprensa brasileira nos últimos vinte anos, provavelmente é assim
que você pensa. Permita-me gerar dúvidas [...].
Surge o questionamento: se a carreira de professor é esse inferno que se pinta, por que tantas
pessoas optam por ela? Pior: por que esse interesse aumenta ano a ano? Seria uma categoria que atrai
masoquistas? Ou desinformados?
A resposta é mais simples: porque a realidade da carreira de professor é bastante diferente da
imagem difundida. [...]
O que os representantes da categoria não costumam mencionar são as vantagens da
profissão: as férias longas, a estabilidade no emprego e o regime especial de aposentadoria (80% são
funcionários públicos) e, sobretudo, a regulamentação frouxa. [...]. (grifos nossos)
Ao se dar seguimento da leitura da reportagem, observa-se a contradição entre o
primeiro parágrafo e os demais. Nota-se que o locutor utiliza a ironia para chegar ao ponto
desejado: a desmistificação da imagem do professor como um coitado, haja vista as benesses
dessa carreira (último trecho transcrito). Segundo Gustavo Ioschpe, antes tais profissionais
eram vistos como coitados, sofredores, profissionais pouco remunerados e pouco
reconhecidos pelas instituições públicas. Mas, agora, segundo o articulista este profissional é
bem remunerado, goza de estabilidade de emprego (contrária à perspectiva atual), afora as
longas férias. A expressão “a regulamentação frouxa”, por seu turno, perpassa o discurso de
que tais profissionais recebem tais beneficiamentos sem merecerem. Ou seja, à reportagem
subjaz o discurso de que o salário é alto para pouco trabalho. Daí o fato de o professor não
ser coitado.
Nesse aspecto, o articulista não aceita o discurso amplamente divulgado de que o
professor ganha uma “mixaria”. Justifica que o educador tem um contracheque de valor baixo,
assim como médicos, carteiros, bancários, jornalistas e todas as demais categorias
profissionais do país. Para corroborar tal afirmação, Gustavo Ioschpe utiliza porcentagem,
dados Saeb e da Unesco, com o objetivo de mostrar as vantagens de ser professor, como as
férias longas, a estabilidade no emprego e o regime especial de aposentadoria (80% são
funcionários públicos) e, sobretudo, a regulamentação frouxa.[...].Tal como postula
Charaudeau (2007), a mídia utiliza um discurso relatado, pautado em um discurso de outrem.
Neste caso específico, nos dados estatísticos.
Assim, faz com que o leitor tenha outra visão da profissão. O interesse de tal
articulista ao escrever essa matéria é defender que o fracasso educacional no Brasil não é
devido aos baixos salários, tampouco ao excesso de carga horária dos professores, mas à má
formação desses educadores. Dessa forma, desqualifica o desempenho desses profissionais, na
10
ANAIS DO V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES
GEPIADDE/UFS/ITABAIANA
ISSN 2176-7033
V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES
I CONGRESSO NACIONAL EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
08 a 10 de setembro de 2011
UFS – Itabaiana/SE, Brasil
medida em que atribui ao governo determinada “culpa” por conceder a tais educadores
“benefícios” e “vantagens” que não condizem com a qualidade do ensino oferecido por eles.
É importante lembrar ainda que o discurso midiático é acessível ao público, uma vez
que é baseado na simplicidade para atingir o público alvo. Além disso, defende-se a tese,
segundo a qual a Mídia é uma instituição partícipe de uma sociedade do discurso, uma vez
que se define como portadora da “verdade”. Nesse sentido, Foucault (1996) postula que a
vontade de verdade apoia-se sobre um suporte institucional, ao mesmo tempo reconduzido
“[...] pelo modo como o saber é aplicado em uma sociedade, como é valorizado, distribuído,
repartido e de certo modo atribuído” (FOUCAULT, 1996, p.17).
À luz de tais postulados, a Mídia é detentora do poder na medida em que tem a
capacidade de influenciar, gerir e manipular os comportamentos dos indivíduos dentro da
sociedade. Assim dita regras, normas, estilos modo de vida e muito mais. Nessa condição, as
“[...] mídias não transmitem o que ocorre na realidade social, elas impõem o que constroem
no espaço público” (CHARAUDEAU, 2007, p.19). Em suma, a mídia é atualmente um
suporte que se apodera dessas noções para propagar seus discursos de poder, além de ser uma
produtora de “imagens deformantes”. Nesse caso específico, a imagem de que o fracasso da
educação brasileira se relaciona ao desempenho do professor e ao protecionismo do Estado
em relação a ele.
Corpus 2: Revista Veja (Novembro de 2008)
EduLopes
"Os cursos de pedagogia desprezam a prática da sala de aula e
supervalorizam teorias supostamente mais nobres. Os alunos saem
de lá sem saber ensinar"
Fábrica de maus professores
11
ANAIS DO V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES
GEPIADDE/UFS/ITABAIANA
ISSN 2176-7033
V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES
I CONGRESSO NACIONAL EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
08 a 10 de setembro de 2011
UFS – Itabaiana/SE, Brasil
Entrevista: Eunice Durham
Por: Monica Weinberg
Ao ler a matéria sobre a defasagem do ensino nas Universidades do Brasil, é possível
se perceber a condição sine qua non para que estes profissionais sejam profissionais
qualificados. Ademais, observa-se a necessidade de que as limitações cognitivas, erros e
restrições não sejam encontrados no espaço de sala de aula.
Ao entrevistar Eunice Durham, antropóloga de 75 anos, Monica leva o interlocutor a
pensar sobre o ensino das universidades brasileiras e a qualidade de tais profissionais. Através
de uma entrevista com perguntas e respostas, pode-se observar a crítica da antropóloga aos
cursos de Pedagogia, os quais valorizam as teorias e desprezam as práticas, não preparam o
aluno - professor para se constituir um bom profissional. Assim, tal matéria argumenta que os
cursos de pedagogia (sic.) desprezam a prática da sala de aula e supervalorizam teorias
supostamente mais nobres. Os alunos saem de lá sem saber ensinar. Além disso, a matéria
faz a seguinte ressalva:
As faculdades de pedagogia formam professores incapazes de fazer o básico, entrar na sala
de aula e ensinar a matéria. Mais grave ainda, muitos desses profissionais revelam limitações
elementares: não conseguem escrever sem cometer erros de ortografia simples nem expor conceitos
científicos de média complexidade. Chegam aos cursos de pedagogia com deficiências pedestres e
saem de lá sem ter se livrado delas (EUNICE DURHAM, VEJA, 2008).
A partir dessa reportagem, retomamos os conceitos acerca do ethos, observando em
que medida ele é também socialmente construído, haja vista se reconhecer o poder da Mídia,
enquanto uma instituição capaz de manipular a opinião pública acerca dos objetivos que ela
quer atingir. Nesse caso, observamos que o intuito dessa instituição é criticar os cursos
universitários, principalmente, o de Pedagogia, quanto às teorias estudadas neles. Enfatiza,
assim, a necessidade da prática. Tal necessidade, por seu turno, é enfatizada pela ideologia
neoliberal, muito encontrada nas universidades particulares. Nota-se, então, que essa crítica é
direcionada para a universidade pública. Mais uma vez, um ponto divergente do
neoliberalismo, dada a intenção explícita da minimilização do Estado. Nesse sentido, ela (a
Mídia) corrobora essa ideologia e, consequentemente, o capitalismo.
12
ANAIS DO V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES
GEPIADDE/UFS/ITABAIANA
ISSN 2176-7033
V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES
I CONGRESSO NACIONAL EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
08 a 10 de setembro de 2011
UFS – Itabaiana/SE, Brasil
Ademais, como a matéria mostra a precariedade do ensino das universidades de
Pedagogia, assim como a má formação de tais profissionais, constrói a imagem do professor
como sendo um profissional de visão limitada e simplificada do mundo, com pouca
perspectiva de crescimento intelectual. Ao encerrar a entrevista, Monica faz a última pergunta
à antropóloga:
A senhora fecharia as faculdades de pedagogia se pudesse?
Acho que elas precisam ser inteiramente reformuladas. Repensadas do zero mesmo. Não é
preciso ir tão longe para entender por quê. Basta consultar os rankings internacionais de ensino.
Neles, o Brasil chama atenção por uma razão para lá de negativa. Está sempre entre os piores países
do mundo em educação.
A partir do que acima foi mencionado, pode-se inferir que há, segundo a perspectiva
da entrevistada, uma lacuna a ser preenchida no ensino das universidades e,
consequentemente, na formação desses profissionais. Ainda de acordo com essa antropóloga,
a imagem construída desses professores é que eles são obsoletos e sem perspectiva nenhuma
de ensino, com limitações graves, desde a aquisição de bases teóricas até a aplicação da teoria
ao ensino. Tal perspectiva, por seu turno, consiste em um discurso em circulação em toda a
mídia, no momento em que esta aponta os descaminhos do desenvolvimento. Nesse sentido, é
importante reiterar o discurso neoliberal perpassado por essa entrevista, segundo o qual os
melhores lugares no mercado de trabalho estão reservados para os melhores. Decorre daí a
contínua necessidade de colocar a educação como responsável pelo desenvolvimento de um
país.
Corpus 3: Revista Veja (Edição 2074, de 20 de agosto de 2008)
13
ANAIS DO V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES
GEPIADDE/UFS/ITABAIANA
ISSN 2176-7033
V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES
I CONGRESSO NACIONAL EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
08 a 10 de setembro de 2011
UFS – Itabaiana/SE, Brasil
Você sabe o que estão ensinando a ele?
Por: Monica Weinberg e Camila Pereira
Uma pesquisa mostra que para os brasileiros tudo vai bem nas escolas. Mas a realidade é
bem menos rósea: o sistema é medíocre.
A matéria da revista Veja, Edição 2074, de 20 de agosto de 2008, chama atenção
sobre a qualidade do ensino nas escolas brasileiras e para a “cegueira” em que se encontram
os pais, professores e o governo para a situação atual do ensino. Tal matéria leva o leitor a
pensar sobre a qualidade do aprendizado nas instituições escolares. Nesse sentido, observa-se
o papel do professor como partícipe de uma sociedade do discurso, permitindo ou não o
acesso dos alunos à circulação dos discursos produzidos.
Nessa direção, vale enfatizar que a disciplina é a apropriação de um conjunto de
verdades que são várias vezes repetidas por qualquer pessoa. Ela é um princípio de controle
da produção do discurso, mas também é aberta a novos conjuntos de verdades.
Assim, para
que o discurso seja legitimado e aceito como verdadeiro é preciso que seja coerente e
reconhecido pela instituição (FOUCAULT, 1996). Tal encaminhamento leva a pesquisadora
inferir que a Mídia representa um discurso de poder assim como as sociedades do discurso,
apesar de ser reconhecidamente uma instituição. Isso porque ela tem o poder de veicular os
discursos ditos como “verdadeiros” e convencer os outros de que é um meio que transmite
uma “verdade” única. Nesse sentido, as mídias constituem-se como um espelho deformante
que mostra, à sua maneira, a visão dos fatos fragmentados e simplificados do mundo
(CHARAUDEAU, 2007).
Nota-se que, para revista Veja, a educação brasileira é ruim, principalmente por conta
da defasagem do ensino e da visão marxista de muitos professores. Tal perspectiva, por seu
turno, corrobora a ideologia neoliberal. Nesse sentido, para tal revista, os alunos devem ficar
limitados a um sistema de regras instituídas socialmente. Assim, a mídia e a escola são
consideradas instituições de poder, na medida em que divulgam certos discursos como
“verdadeiros” e induzem o outro a aceitá-los como tal.
14
ANAIS DO V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES
GEPIADDE/UFS/ITABAIANA
ISSN 2176-7033
V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES
I CONGRESSO NACIONAL EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
08 a 10 de setembro de 2011
UFS – Itabaiana/SE, Brasil
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como observado ao longo desta pesquisa, a Análise do Discurso (AD) é uma área de
estudo que oferece suporte para analisar os acontecimentos discursivos e os sujeitos sociais. O
discurso, por sua vez, é tomado como efeito de sentido; a Mídia, como ampla veiculadora de
discursos considerados verdadeiros. Daí a sua importância no cenário discursivo.
Consequentemente, considera-se o diálogo entre o campo da AD e o estudo da Mídia
de suma importância, para se entenderem os discursos no contexto histórico - social. Vale
ressaltar ainda que a manipulação midiática acontece quando tais discursos são apresentados à
população como verdades absolutas. Nesse aspecto, a mídia é uma fonte de poder tanto na
produção quanto de reprodução de sentido.
A partir das matérias analisadas, depreende-se que há um grande impasse em relação
aos sujeitos responsáveis pela educação, pois essa instituição (a mídia) atribui a eles a falta de
interesse dos alunos, assim como a defasagem do ensino no país. Nesse contexto, verifica-se
que a problemática do ensino, segundo a visão da Mídia, refere-se ao despreparo dos
professores, aos cursos de graduação em licenciatura. Quanto a esse aspecto, retomam-se os
postulados acerca do ethos discursivo, o qual não só é construído a partir do comportamento
do enunciador, como também de uma imagem construída socialmente.
Segundo Maingueneau (2008), o ethos reflete o processo de adesão de sujeitos a
certa posição discursiva, como, por exemplo, o discurso publicitário, filosófico, político.
Então, o ethos está fundamentado nas representações valorizadas e desvalorizadas, nos
estereótipos, a partir dos quais a enunciação se apoia, por ser carregada de valor. Fecha-se,
então, o círculo ethos do professor e discurso midiático, revelando-se o quanto este é
responsável pela construção daquele, na medida em que veicula tais representações como
sendo verdadeiras, utilizando-se de argumento de autoridade (antropólogo, especialistas em
educação). Pergunta-se, então, o que esperar de um profissional tão desprestigiado
socialmente?
REFERÊNCIAS
15
ANAIS DO V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES
GEPIADDE/UFS/ITABAIANA
ISSN 2176-7033
V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES
I CONGRESSO NACIONAL EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
08 a 10 de setembro de 2011
UFS – Itabaiana/SE, Brasil
AMOSSY, R. (org.). Imagens de Si no discurso: a construção do Ethos. São Paulo:
Contexto, 2008.
ARANHA, A; BUSCATO. M. O que faz um bom professor. Disponível em:<
revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca>.Acesso em: 30 nov. 2010.
BARROS, M. Emília de R. de A. Barreto. A Construção de Imagem da Veja Sobre a
Educação Brasileira: uma Abordagem Discursiva. In: II Fórum Identidades e Alteridades:
Práticas e Discursos em Múltiplos Espaços, 2008, Itabaiana.
CHARAUDEAU, P. Discurso das Mídias. São Paulo: Contexto, 2007.
FOUCAULT, M. A Ordem do Discurso. Trad. Laura Fraga de Almeida Sampaio. São Paulo:
Edições Loyola, 1996.
GUIMARARÃES, C. Professores de castigo. Revista Época. Atualizada em Fevereiro 2010.
Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com. Acesso em: 25 nov.2010.
IOSCHPE, Gustavo. Professor não é coitado. Revista Veja. Edição dezembro, 2007
Disponível em: <http:veja.abril.com.br>. Acesso em: 20 nov.2010.
MAINGUENAU, D. Ethos, cenografia, incorporação. In: AMOSSY, R.(org.). Imagens de
Si no discurso: a construção do Ethos. São Paulo: Contexto, 2008.
MAINGUENAU, D. A propósito do Ethos. In: MOTTA, Ana Raquel e SALGADO, Luciana
(org). Ethos discursivo. 1. Ed. São Paulo: editora Contexto, 2008. P. 11-29.
ORLANDI, E. P. Análise de Discurso: princípios e procedimentos. Campinas, Pontes,
2002.
PEREIRA, C. Você sabe o que estão ensinando a ele? Revista Veja. Edição2074, agosto,
2008. Disponível em: <http:// veja.abril.com.br.shtml>. Acesso em: 30 nov.2010.
PERISSÉ, G. O professorado e a "baboseira ideológica”. Revista Veja. Edição Janeiro de
2007. Disponível em: <www.observatoriodaimprensa.com.br> Acesso em: 30 nov. 2010.
WEINBERG, M. Fábrica de maus professores. Revista Veja. Edição novembro, 2008.
Disponível em: <http:// veja.abril.com.br/261108/entrevista.shtml. Acesso em: 21 nov.2010.
16
ANAIS DO V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES
GEPIADDE/UFS/ITABAIANA
ISSN 2176-7033
Download

O ETHOS DISCURSIVO DO PROFESSOR DE LÍNGUA MATERNA A