PROGRAMA DE QUALIFICAÇÃO DOS
CENTROS FORMADORES EM SAÚDE
PÚBLICA PARA A ATUAÇÃO NA DOCÊNCIA
EM VIGILÂNCIA EM SAÚDE
JOSÉ INÁCIO JARDIM MOTTA – DCS/ENSP
[email protected]
UMA PERGUNTA...

COMO ARTICULAR, NO CAMPO
EDUCACIONAL, VALORES UNIVERSAIS
(PRÓPRIOS DAS SOCIEDADES
VERDADEIRAMENTE DEMOCRÁTICAS) E
AS ESPECIFICIDADES CULTURAIS, OU
SEJA, O SINGULAR E O ESPECÍFICO DE
CADA GRUPO, SOCIEDADE E CULTURA?
DESAFIOS A ESCOLA E SEU PAPEL NA
SOCIEDADE



Articular igualdade e diferença, a base cultural
comum e expressões da pluralidade social e
cultural;
Colocar em jogo no processo educativo, as relações
entre o multicultural e a educação, e como a
formação docente e o cotidiano escolar expressam
a diversidade, a tolerância;
Mobilização de atores em rede como estratégia de
enfrentamento ao desafio complexo de qualificar
docentes.

“O currículo é lugar, espaço, território.O
currículo é relação de poder.O currículo é
trajetória, viagem, percurso. O currículo é
autobiografia, nossa vida, curriculum vitae:
no currículo se forja nossa identidade. O
currículo é texto, discurso, documento. O
currículo é documento de identidade”
Tomaz Tadeu da Silva
EDUCAÇÃO NAS INTERFACES DA SAÚDE E DO
TRABALHO EM SAÚDE
GRANDES CONTEXTOS
SAÚDE: enquanto produção social
EDUCAÇÃO: enquanto uma prática social que
atravessa todas as práticas sociais
TRABALHO: dimensões organizacionais e elementos
constitutivos do trabalho. Produção social.
Trabalho em saúde como um campo
interdisciplinar de conhecimentos e intersetorial
de práticas
SaúdexEducaçãoxTrabalho: noção de sujeitos na
Produção em Saúde→ noção de cuidado
(mobilização de conhecimentos e subjetividades).
O CONTEXTO DO TRABALHO EM
VIGILÂNCIA E O CAMPO DA FORMAÇÃO


Trabalho em vigilância como um problema
complexo, assumindo ser este um campo
interdisciplinar de conhecimentos e um campo
intersetorial de práticas. Prática pedagógica como
resposta estratégica a complexidade do
conhecimento mobilizado.
Trabalho em vigilância como uma prática de
construção coletiva de conhecimentos entre os
sujeitos de sua ação, ou seja, entre gestores,
trabalhadores e usuários do sistema. Processos
educacionais como espaços coletivos de construção
e socialização de conhecimentos.
EDUCAÇÃO
EDUCAÇÃO
INTENCIONALIDADE
FORMAS DE VER O
MUNDO E SUAS
RELAÇÕES
CONHECIMENTO
PRODUÇÃO
SOCIALIZAÇÃO
EDUCAÇÃO E CONHECIMENTO
ALGUNS CONTEXTOS
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CONHECIMENTO PERTINENTE

CONHECIMENTO INCERTO

CONHECIMENTO HUMANO
CONHECIMENTO PERTINENTE

é necessário promover o conhecimento
capaz de apreender problemas globais e
fundamentais para neles inserir os
conhecimentos parciais e locais;
CONHECIMENTO INCERTO

é preciso ensinar princípios de estratégia
que permitiriam enfrentar os imprevistos, o
inesperado e a incerteza, e modificar seu
desenvolvimento, em virtude das
informações adquiridas ao longo do tempo. É
preciso aprender a navegar em um oceano
de incertezas em meio a arquipélagos de
certezas.
CONHECIMENTO HUMANO

o ser humano é a um só tempo físico, biológico,
psíquico, cultural, social, histórico. Esta unidade
complexa da natureza humana é totalmente
desintegrada na educação por meio das disciplinas,
tendo-se tornado impossível apreender o que
significa ser humano. É preciso restaurá-la, de
modo que cada um, onde quer que se encontre,
tome conhecimento e consciência, ao mesmo
tempo, de sua identidade complexa e de sua
identidade comum a todos os outros humanos.
EDUCAÇÃO
O CAMPO
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“prática espontânea que responde pelas necessidades mais
elementares de conservação e auto-reprodução” (necessidades
referindo-se à produção das condições materiais de sobrevivência
físico-biológica);
“a educação é pois, prática deliberada e submetida a permanente
questionamento e conduzida a finalidades coletivamente instituídas.
A prática de educação assim, se faz acompanhar por uma intensa
atividade investigativa, de exame e reflexão”.
Nessa perspectiva surgem as teorias da educação.
Teoria: “descobre”o “real” há um correspondência entre a “teoria”e a
“realidade”. A teoria é uma representação, uma imagem, um reflexo,
um signo de uma realidade. Ao se descrever um “objeto”, a teoria,
de certo modo, inventa-o. O objeto que a teoria supostamente
descreve é, efetivamente, um produto de sua criação.
TEORIAS


TEORIAS TRADICIONAIS: pretendem ser neutras,
científicas, desinteressadas. Aceitam os conhecimentos
e saberes dominantes e acabam por se concentrar em
questões técnicas Aqui não interessa “o que?”(esse já é
dado, marcado e definido) mas o “como fazer”.
TEORIAS CRÍTICAS E PÓS CRÍTICAS: não se limitam
a perguntar “o que?” mas submetem a um constante
questionamento. O central não é “o que” mas o “por
que?”.Estão preocupadas com as conexões entre saber,
identidade e poder.
VÁRIOS SENTIDOS...VÁRIAS TEORIAS

O QUE SIGNIFICAM ESSAS PALAVRAS:
ENSINO
ALTERIDADE
IDEOLOGIA
OBJETIVOS
SEXUALIDADE
PODER
DIDÁTICA LIBERTAÇÃO
DISCURSO
SUBJETIVIDADE
METODOLOGIA
CURRÍCULO OCULTO
PLANEJAMENTO
CULTURA
RELAÇÕES SOCIAIS
EMANCIPAÇÃO
CLASSE SOCIAL
ETNIA
RESISTÊNCIA
DIFERENÇA
EFICIÊNCIA
MULTICULTURALISMO
REPRESENTAÇÃO
AVALIAÇÃO

TEORIAS TRADICIONAIS:sociedade em harmonia.
Educação como estratégia de equalização social. Categorias:
ensino, aprendizagem, avaliação, didática, organização,
planejamento, objetivos, eficiência.
 TEORIAS CRÍTICAS: sociedade desarmônica espelho das
disputas entre diferentes classes sociais. Educação como estratégia
de libertação. Categorias: ideologia, reprodução cultural e social,
poder, classe social, relações sociais de produção, emancipação,
currículo oculto, resistência.
 TEORIAS PÓS-CRÍTICAS: sociedade também
desarmônica mas diferem das teorias críticas ao enfatizarem o
conceito de discurso ao invés do de ideologia. Cultura considerada
como uma categoria política. Categorias: identidade, alteridade,
subjetividade, diferença, significação e discurso, representação,
cultura, gênero, raça, etnia, sexualidade, multiculturalismo.

“A CIÊNCIA TEM DISCIPLINAS, A
UNIVERSIDADE TEM
DEPARTAMENTOS, O GOVERNO TEM
SETORES, PORÉM A REALIDADE TEM
PROBLEMAS”
MATUS
EDUCAÇÃO COMO COMPLEXIDADE
DISCIPLINAR


INTERDISCIPLINARIEDADE: implica em uma
axiomática comum a um grupo de disciplinas
conexas, cujas as relações são definidas a partir de
um nível hierárquico superior, ocupado por uma
delas.
TRANSDISCIPLINARIEDADE: indica uma
integração das disciplinas de um campo particular
sobre a base de uma axiomática geral
compartilhada, sua coordenação é assegurada por
referência a uma base de conhecimento comum,
com tendência a horizontalização das relações
interdisciplinares.
TRAJETÓRIA PARA UMA FORMAÇÃO
DOCENTE

Teorias da educação/teorias de currículos;


Processos de aprendizagem, do ensinar ao
apreender;
Relações entre educação e trabalho - espaços
do trabalho como espaços de aprendizagem;
Metodologias Pedagógicas;

Processos de avaliação de ensino.

ALGUMAS DE NOSSAS REFERÊNCIAS
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
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Curriculares: integração e interdisciplinaridade,
conteúdos como insumos;
De ensino-aprendizagem: centrado no sujeito,
visando aprendizagens significativas;
Construção de mapas conceituais;
Metodológicas: problematização, resolução de
problemas;
O conhecimento pertinente deve enfrentar a
complexidade (complexus, significa o que foi tecido
junto).
ALGUMAS POSSIBILIDADES CURRÍCULARES
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Currículo tradicional: parte-se de um corpo de conhecimentos
pré-existentes, organizados na forma de disciplinas escolares e
profissionais;
Currículo por competências: parte-se de competências
consideradas necessárias ao desempenho eficiente e eficaz
diante de situações concretas. Quando associadas às situações
profissionais, as competências são deduzidas da análise do
processo de trabalho;
Currículo por competência e integrado: pelo fato de a
competência implicar a resolução de problemas ou alcançar
resultados, considera-se que a “pedagogia das competências”
possa converter o currículo em um ensino integral, mesclandose nos problemas, conhecimentos gerais, profissionais e as
experiências de vida e de trabalho que, normalmente, são
tratadas isoladamente.
PROBLEMATIZAÇÃO E CURRICULO
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
Dewey: educação estreitamente ligada às demandas
concretas da vida social;
Saviani: a problematização deve-se inserir na
perspectiva do materialismo-histórico-dialético, com
seus requisitos de radicalidade, rigor e globalidade,
dialeticamente articulados entre si, enfatizando o ‘sujeito
cognoscente’.
Freire: destaca a necessidade de um compromisso com
a transformação da realidade estudada, pela ação do
sujeito. Ênfase no ‘sujeito práxico’.
Ausubel: enfatiza o ‘sujeito aprendente’, aquele que
aprende a aprender
PROBLEMATIZAÇÃO E CURRÍCULO

Implica em construir toda uma trajetória
curricular centrada na resolução de problemas.
Essa abordagem passa a ser o eixo norteador
da organização dos tempos e espaços
escolares, das disciplinas e das relações sociais
no processo educativo.
ALGUNS PRINCÍPIOS DE APRENDIZAGEM
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APRENDIZAGEM CUMULATIVA: nenhum tópico será
abordado de forma completa e definitiva, mas sim,
reintroduzido repetidamente;
APRENDIZAGEM INTEGRADA: os conteúdos não
devem ser apresentados isoladamente, mas
disponibilizados para estudos na medida que se
relacionam com o problema;
APRENDIZAGEM PROGRESSIVA: as habilidades
requeridas vão se transformando à medida que os
aprendizes amadurecem;
EDUCAÇÃO PERMANENTE E REDES


“ Processos de aprendizagem no trabalho, a
partir da reflexão sobre o processo de
trabalho, enunciando problemas e
necessidades de natureza pedagógica
referidos ao trabalho, organizando respostas
a partir do trabalho.”
A leitura coletiva de necessidades de
qualificação devem ocorrer a partir dos
atores do trabalho e dos atores rede de
formação
EDUCAÇÃO PERMANENTE:
UMA ESTRATÉGIA PARA O EXERCÍCIO DOCENTE

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Tomar o cotidiano do trabalho em vigilância como
espaço de reflexão e construção de necessidades de
qualificação no campo;
O espaço de trabalho em vigilância deve ser o espaço
prioritário de aprendizagem no campo;
Trabalho em equipe e produção de vínculos como
condição necessária para uma melhor aproximação das
reais necessidades sociais de saúde e de conhecimento
no campo;
Redes locais/regionais como estratégias de construção
e socialização de praticas pedagógicas a partir da
problematização do trabalho em vigilância.
UM ALERTA POÉTICO

“...ai daqueles entre nós educadores que
pararem com sua capacidade de sonhar, de
inventar a sua coragem de denunciar e
anunciar. Ai daqueles que, em lugar de visitar
de vez em quando o amanhã, o futuro pelo
profundo engajamento com o hoje com o
aqui e agora, se atrelem a um passado de
exploração e de rotina.” Paulo Freire

O aprendizado da vida deve dar consciência
de que a “verdadeira vida”, para usar a
expressão de Rimbaud, não está tanto nas
necessidades utilitárias – às que ninguém
consegue escapar- mas na plenitude de si e
na qualidade poética da existência, porque
viver exige, de cada um, lucidez e
compreensão ao mesmo tempo, e, mais
amplamente, a mobilização de todas a
aptidões humanas.
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programa de qualificação dos centros formadores em