ALIMENTOS ORGÂNICOS SÃO
GARANTIA DE COMIDA BOA E
SAUDÁVEL PG.7
CARROS ELÉTRICOS SÃO A
APOSTA PARA O FUTURO DA
MOBILIDADE URBANA PG. 18
ARQUITETURA VERDE:
PROJETOS
SUSTENTÁVEIS
REPRESENTAM CASAS
ECOLOGICAMENTE
CORRETAS PG. 37
TIBÁ
A ECOVILA
QUE CRESCE
SOB A
DIVERSIDADE HUMANA
1
ÍNDICE
O renascimento
de um parque
27
Tibá A ecovila
que cresce sob a
diversidade humana
28
Recicle mais,
Pague menos
35
Arquitetura Verde
37
Construa sustentável
Prime Dog: uma
aneira diferente de se
fazer fast food
5
Tipos de dietas que
excluem o consumo
de alimentos de
origem animal
6
A tendência dos
alimentos orgânicos
Cartão Postal Esgoto
Lixo nosso de
cada dia
7
14
16
Um Futuro sustentável
para a mobilidade
18
Ciclovias na cidade
dos carros
26
Uma horta em minha
casa / pallets
E para onde vai todo
esse lixo?
Empreendedor
mirim
Uma gota acalmou
meu coração
43
45
46
48
49
3
EDITORIAL
Carta ao leitor
Caro leitor,
Esta revista é a oportunidade
de você poder entender melhor
um novo universo. É a mesma
oportunidade de você poder enxergar
possibilidades de salvar nosso
planeta. Porque a sustentabilidade
é algo complexo demais para ser
resumido em apenas um exemplar.
A intenção de toda a editoria da
“Gaya” é trazer à você uma amplitude
do campo sustentável, para que
seja possível você interpretar o seu
bairro ou até sua casa de forma
diferente. Por trás das reportagens
desta edição estamos na tentativa
de o público poder viajar em um
novo assunto que abre novas
possibilidades.
Por isso, nossa esperança é de que
você
passe
a
conhecer
sustentabilidade e meio ambiente da
forma como o campo especializado
os entendem. E, assim, poder saber
que tudo pode ser mudado e
restaurado.
Boa leitura!
Expediente
Filipe Moreira, 21 anos, estudante de
jornalismo. Persuasivo e sempre disposto
em desenvolver novos projetos.
Lucas Phelipe, 21 anos, estudante de
jornalismo. Excêntrico e predisposto,
sempre está de prontidão para fazer o
que é pedido.
Monique Monteiro, 20 anos, estudante
de jornalismo. Divertida e criativa, busca
saber o que é possível ser feito para
trazer o novo.
Nayme Bizaio, 21 anos, estudante de
jornalismo. Equilibrada e concentrada,
pensa pela equipe e encontra soluções
criativas para os problemas.
Prime Dog:
uma maneira
diferente de se
fazer fast food
Com uma parede dedicada apenas a adesivos de bandas de rock
e mensagens ativistas como “Não maltrate um animal” e “Seja
vegetariano”, o restaurante Prime Dog, localizado na Zona Sul de
São Paulo, vive cheio.
Popular entre o público vegetariano e vegano (termo que vem do
inglês vegan, utilizado por Donald Watson,
fundador da Vegan Society), o estabelecimento
iniciou como um restaurante fast food comum.
Devido a muitos pedidos, o restaurante
implantou, há cinco anos, o cardápio que exclui
produtos de origem animal entre suas opções
de refeições. Tem salsicha de soja, tofupiry,
cheddar vegano, etc.
A gerente Renata Santana, conta que o lucro
do restaurante aumentou após a implantação.
”Hoje, mais de 50% do lucro são vem dtas
vendas de alimentos para este público mais
ativista”.
Na cozinha do restaurante, todos os alimentos
são preparados separadamente: Há uma chapa
para preparo de alimentos de carne bovina,
outro para alimentos vegetarianos e outra para
veganos.
A maioria dos produtos são fornecidos
pela Goshen, porém, o restaurante já
trabalha com algumas fabricações próprias
e sempre aceita sugestões dos
clientes.
Por Nayme Bizaio
Serviço
Rua: Vergueiro, 1960
Telefone: 5539-0179
Horário: das 11h30 às 04h00
5
TIPOS DE DIETAS QUE EXCLUEM
O CONSUMO DE ALIMENTOS DE
ORIGEM ANIMAL
VEGETARIANISMO
SEMIESTRITO
OVOLACTOVEGETARIANISMO
Composta por alimentos de origem
vegetal, ovos, leite e derivados
deles.
LACTOVEGETARIANISMO
Tradicional na Índia, essa dieta se
caracteriza pela exclusão de ovos
e qualquer tipo de carne.
VEGETARIANISMO ESTRITO
É uma dieta que exclui todos os
produtos de origem animal.
Dieta que exclui quase todos
os alimentos de origem animal,
abrangendo somente o mel.
OVOVEGETARIANISMO
Dieta composta apenas por
alimentos de origem vegetal e
ovos, com exclusão dos produtos
lácteos e seus derivados
e de carne.
NÚMERO TENDE A CRESCER...
Segundo uma pesquisa realizada pelo IBOPE - Instituto Brasileiro de Opinião
Pública e Estatística - no segundo semestre de 2012, cerca de 8% da população
brasileira se declara vegetariana. Com a popularização e a industrialização de
alimentos voltados para este público, este número deve crescer ainda mais nos
próximos anos.
MAS TOME CUIDADO!
Apesar de diminuírem o risco de doenças cardiovasculares, diabetes e câncer,
a nutricionista Ana M. Maçal afirma que é necessário consumir outros alimentos
ricos em ferro, como vegetais verde-escuro, feijões, algas, e associá-los com
alimentos ricos em vitamina C, para potencializar a absorção deste mineral.
6
6
Por Nayme Bizaio
A TENDÊNCIA
DOS ALIMENTOS
ORGÂNICOS
7
A tendência dos alimentos orgânicos
Por muito tempo, o homem pensou apenas
em maneiras de como aperfeiçoar o
tempo de produção e fornecer alimentos
em grande escala e abusou de produtos
químicos para isso. Hoje, preocupandose mais com o meio ambiente e com o
seu organismo, o consumo de alimentos
orgânicos só tem aumentado no Brasil.
Hoje em dia, é comum vermos alimentos
sem conservantes nas prateleiras dos
mercados, cardápios recheados de opções
saudáveis entre os restaurantes e diversos
sites que estimulam a alimentação natural.
Segundo o Instituto Biodinâmico (IBD),
órgão responsável pelas certificações do
território nacional, o Brasil possui cerca de 1
milhão de hectares de alimentos orgânicos
e a procura por estas certificações
aumentam gradativamente a cada ano.
MAS AFINAL, O QUE É O ALIMENTO
ORGÂNICO?
São chamados de alimentos orgânicos os
que são cultivados de maneira específica,
sem agrotóxicos (no caso de verduras,
legumes e frutas) e no caso de alimentos
de origem animal - como a carne - sem a
introdução de hormônios de crescimento,
anabolizantes ou outras drogas.
Os alimentos orgânicos contribuem para
o organismo e também para o meio
ambiente, pois não possuem qualquer tipo
de adubo químico, assim como pesticidas.
Este tipo de alimento também não provem
8
de sementes transgênicas, já que nessa
especialidade o produtor não pode
modificar as características reais do solo
e do meio a serem utilizados no plantio.
Segundo Ana Clara Marçal, nutricionista
do consultório DietNet, os alimentos
orgânicos possuem maior quantidade de
nutrientes e são mais saborosos, já que
não há agentes químicos que possam
alterá-los. “Este tipo de alimento auxilia
bastante no controle de doenças, sempre
recomendo aos meus pacientes”, afirma a
médica.
Por Nayme Bizaio
Maria Aparecida Camargo
e Evallney Marinho, o casal
vende alimentos de origem
orgânica no portão de casa.
ALIMENTOS ORGÂNICOS POR PREÇO
CAMARADA
O casal Evallney Marinho (49) e Maria
Aparecida Camargo (52) vende alimentos
orgânicos na garagem de sua casa. A
iniciativa surgiu no começo do ano,
quando Maria teve um problema estomacal.
Nesta época, Marinho trabalhava na
distribuidora de alimentos orgânicos Veio
da Terra. Por orientação de um médico,
Maria passou a consumir os alimentos
provenientes da empresa em que seu
marido trabalhava. Quando Marinho ficou
Por Nayme Bizaio
desempregado, tiveram a ideia de se
tornarem fornecedores secundários da
Veio da Terra e implantaram o negócio,
de forma improvisada na garagem de sua
casa no Jd. São Luís, localizado no
extremo sul da cidade de São Paulo. Maria
conta que o investimento inicial foi de R$
500,00 e que, no começo, muitas pessoas
questionavam se os alimentos vendidos
eram orgânicos e qual a diferença em
relação ao alimento industrializado.
A loja começou vendendo apenas alface,
couve e agrião. Agora, já conta com
alimentos como a cenoura, abobora e
vargem dentre as suas opções.
9
A tendência dos alimentos orgânicos
Atualmente, o casal possui o Certificado de
Conformidade Orgânica, fornecido pelo IBD,
e procura o selo e a licença para trabalhar
com restaurantes especializados neste tipo de
alimentação e em feiras livres. “A maioria das
pessoas compram por curiosidade e depois
vêm nos contar que deixaram a verdura por
uma semana na geladeira e que ela não
amarelou, o que acontece bastante com os
alimentos que possuem agrotóxicos”, conta
Maria. “Teve um cliente que melhorou de uma
ulcera comendo os alimentos que vendemos
aqui”, relembra Marinho. Maria Helena (81)
conta que vai todas as semanas comprar
alguns produtos na loja improvisada. “Tudo
que tem aqui é muito bom e barato”.
“Agora as pessoas estão entendendo melhor
o que é o orgânico, estão pensando mais
na saúde”. Maria e Evallney contam que as
pessoas estão se preocupando mais com
a saúde e procurando alimentos naturais.
“Estamos confiantes, vamos investir bastante
nisso. Daqui a pouco, queremos tirar o carro
da garagem”, finalizam entre risos.
DE VOLTA AS RAÍZES
“Você se importa se eu jantar agora? É que
se eu não fizer isso agora, eu não faço mais”
perguntou a gerente do restaurante Banana
Verde, Luísa Boschini, no início da entrevista
para a revista Gaia.
Localizado na região mais cool de São
Paulo, a Vila Madalena, o restaurante
inaugurado há sete anos, pelo economista
10
Iberê Cannabrava e a chefe de cozinha
Priscila Herrera, une o melhor da sofisticação
e da natureza.
O estabelecimento é sustentável até em
suas instalações: foi construído com material
natural, abusa das portas e janelas para
evitar o uso do ar condicionado e tem uma
luz baixa que lembra o início da noite numa
praia ou em uma casa no campo.
A tendência dos alimentos orgânicos / De volta as raízes
Luiza conta que, em média, a casa recebe
cerca de 100 visitantes durante o almoço
e 50 no jantar. Nos finais de semana, esse
número quase duplica, chegando a 180
consumidores no almoço e 70 no jantar.
PRATOS
Terça-feira: Fritada de palmito pupunha e
queijo coalho; arroz cateto com vermelho;
feijão fradinho; espinafre acebolado; tomates
assados no forno a lenha.
Quarta-feira: Berinjela assada no forno a
lenha com molho de coalhada e dill; arroz
cateto com lentilhas caramelizadas; vagem
ao alho e azeite de limão siciliano; quinua
com legumes e cogumelos.
Quinta-feira: Cassoulet de feijão branco
com legumes; arroz cateto com negro;
acelga chinesa; shitake grelhado no azeite.
Sexta-feira: Shimeji assado no forno a
lenha; arroz cateto com espinafre ao alho;
feijão preto; abóbora ao molho de castanhas
de caju.
Sábado: Kafta de shimeji com molho de
coalhada e dill; arroz cateto com lentilhas e
cebolas caramelizadas
Domingo: Pupunha grelhada com vinagrete
e chips de banana; arroz cateto com
sementes; feijão preto com legumes; farofa
de castanhas e couve ao alho.
A iniciativa de abrir um restaurante natural
surgiu da ideologia de alimentação de um de
seus donos. “A maioria dos vegetarianos, por
exemplo, têm uma pegada mais fast food. O
conceito do restaurante é de comer bem, de
uma maneira saudável”, conta Luísa.
SOBREMESAS
- Frutas ao Forno a Lenha.
- Frutas da estação assadas no forno a
lenha com vinho do Porto e sorvete de
- mascarpone e praliné de castanhas.
- Cheesecake
- Receita especial feita com fava de baunilha
orgânica, compota de goiabada
cascão e amora.
- Bolinho de Chocolate com Frutas Vermelhas
- Bolinho de chocolate orgânico AMMA
60%, sorbet de frutas vermelhas, praliné
de castanhas e coulis de amora.
- Mousse com Avelã e Frutas Vermelhas
- Mousse de chocolate orgânico AMMA
100%, com mel de agave, avelã e coulis
de frutas vermelhas.
- Banana Caramelizada com Sorvete
- Banana caramelizada sobre sequilho
de leite, creme inglês de baunilha orgânica,
sorvete de tapioca e trufas de
castanhas do Pará.
- Torta de Chocolate Detox
- Torta raw de chocolate com calda de
frutas vermelhas.
- Frutas da Estação com Calda de
11 11
Por Nayme Bizaio
10 MOTIVOS
PARA
CONSUMIR
ALIMENTOS
ORGÂNICOS
1 ) Faz bem a saúde;
2) Os alimentos contêm mais nutrientes;
3) As substâncias químicas ficam fora do seu prato;
4) Sua comida fica mais saborosa;
5) Protege as gerações futuras;
6) Restaura a biodiversidade;
7) Protege a qualidade da água;
8) Reduz o aquecimento global e economiza energia;
10) Ajuda a manter as pequenas propriedades agrícolas;
11) É um exercício de cidadania.
ONDE COMPRAR ALIMENTOS ORGÂNICOS?
12
Feira do Produtor Orgânico da AAO Parque da Água Branca
Terças, Sábados e Domingos - das
7 às 12 h
Nova Feira do Produto
Orgânico e Agricultura
Limpa - Ibirapuera
Sábados das 7 às 13h
Av. Francisco Matarazzo, 455 -Perdizes São Paulo - SP / CEP- 05001-900
Tel. (11)3875-2625
e-mail: [email protected]
Modelódromo do Ibirapuera,
com entrada pela Rua Curitiba,
292 - Vila Mariana
Produtos:bebidas,cafés,ervas,temperos,
frutas, grãos, hortaliças,laticínios, mel,
pães, biscoitos, processadose,etc.
Produtos: frutas, hortaliças,
bebidas, cafés, ervas, temperos,
grãos, laticínios, mel,
pães, biscoitos e processados.
Onde comprar alimentos orgânicos?
Feira Orgânica do Ibirapuera
Domingos das 7 às 12 h
Rua Tutóia, (estacionamento
da Igreja do Santíssimo Sacramento)
- Vila Mariana - São
Paulo / SP - CEP - 04007-000
Produtos: bebidas, ervas,
temperos, frutas, grãos, hortaliças,
laticínios, mel, pães,
biscoitos, etc.
Feira Orgânica Parque
Previdência
Sábados, o dia todo
Rua Pedro Peccinini, 88 - Km
12 da Raposo Tavares - Jardim
Adhemar de Barros - São
Paulo / SP - CEP - 05577-000
Produtos: bebidas, cafés,ervas,
temperos, frutas, grãos,hortaliças,
laticínios, mel, pães, biscoitos e
processados diversos.
Feira de Orgânicos do
Mercado Central de São Paulo
Sábados das 7 às 13 h
Feira Livre de Produtos
Biodinâmicos e Orgânicos
Quintas-feiras das 7hs e 12hs
Rua Cantareira - Centro de
São Paulo - CEP - 02433-008
Rua São Benedito - bairro Alto
da Boa Vista, em São Paulo,
entre as ruas Américo Brasiliense
e Alexandre Dumas
Produtos: bebidas, ervas,temperos,
frutas, grãos,hortaliças, laticínios,
mel,pães, biscoitos e processados.
VEG Armazém - Novo
espaço de compras e serviços para sua
saúde e bem-estar
End.: Rua das Monções, 478 - Bairro Jardim Santo André - São Paulo - SP
Tel.: (11)4437-2893
Site: vegarmazem.com.br/home/
Produtos: produtos naturais,
integrais e orgânicos
Produtos: hortaliças, frutas e
legumes.
Feiras Orgânica de Laranjeiras
Cidade: Rio de Janeiro
Estado: RJ
Endereço: Praça Jardim Laranjeiras
R. General Glicério, altura do n. 224.
Bairro: Laranjeiras
CEP: 22245130
Telefone: 21 91946867
E-mail: [email protected]
Feira de Produtos Orgânicos
e Naturais - MOA International Brasil
Sábados das 8 às 13h
Rodovia Castello Branco, km66,5 – Mairinque – SP
Tel.: (11)4246-2211
13 13
CARTÃO
POSTAL
ESGOTO
Por Filipe Dias
O rio Pinheiros se move somente quando a SABESP quer.
RIOS PINHEIROS E TIETÊ, ANTES GRANDES PALCOS DE COMPETIÇÕES
AQUÁTICAS, HOJE, ESTAMPAMA POLUIÇÃO DA CAPITAL PAULISTA
Dois grandes rios cortam a capital
paulista. Pinheiros e Tietê separam o
centro da cidade do subúrbio e já foram
muito importantes para a economia de
São Paulo inteiro. Principalmente no
caso do Tietê, que ajudou, literalmente,
na construção de todo o estado.
Atualmente não é assim, os rios, agora,
tem mau cheiro e águas turvas, nada
lembram os tempos antigos.
O Tietê nasce na Serra do Mar,
em Salesópolis, e é dono de uma
característica única, é um dos poucos
rios do mundo todo que não correm em
direção ao oceano, mesmo estando do
lado da cidade praiana de Bertioga, ele
segue para o interior, em direção ao
Paraná.
Em sua nascente, na reserva ambiental
Parque Nascentes do Rio Tietê, a água
brota
14 limpa e transparente. Porém, em
Biritiba Mirim o estrago já começa a ser
observados. Agrotóxicos e fertilizantes
que são jogados pelas comunidades
rurais da região mudam a química da
água e fazem as plantas aquáticas
se proliferarem além da conta e
competirem o oxigênio com os peixes
do rio.
A situação complica de verdade quando
as águas passam por Mogi das Cruzes,
quando o rio recebe esgoto doméstico
da cidade e de seus arredores, que
chegam direto ao rio sem tratamento
algum. De acordo com a Secretaria do
Meio Ambiente, cerca de 60 toneladas
de esgoto são despejadas na área por
dia, e isso de maneira irregular. Depois
disso o rio passa por São Paulo, recebendo
mais dejetos irregulares e perdendo todo o
oxigênio.
O caso do Rio Pinheiros também é triste,
antes palco de competições de remo,
dos mais tradicionais clubes do Brasil
inteiro como o Pinheiros, o Flamengo e o
Fluminense, agora é uma espécie de canal,
que o governo consegue mudar a direção
das águas de acordo com a necessidade.
Isso é possível graças a Usina Elevatória de
Tração, que foi construída nos anos 1950,
no encontro do Rio Pinheiros com o Tietê.
A Usina, na época, bombeava a água
do rio em direção à sua origem: o Rio
Grande e o Guarapiranga. Mas em 1992,
o procedimento foi proibido pela Resolução
Conjunta SMA/SES 03/92, pois a poluição
poderia contaminar toda a água do
reservatório. Diante de tantos problemas,
era evidente a necessidade de despoluir os
rios. Em 1991, o então governador de São
Paulo Luiz Antonio Fleury Filho incumbiu
à SABESP (Companhia de Saneamento
Básico do Estado de São Paulo) a tarefa
de criar um plano de despoluição para
o Rio Tietê. Com estudos anteriores do
SANEGRAN (Saneamento da Grande
São Paulo) a SABESP criou o Projeto
Tietê, que atualmente, é o maior projeto de
recuperação ambiental do país, segundo o
Ministério do Meio Ambiente.
No início do projeto, segundo a SABESP,
o esgoto da capital paulista e da região
metropolitana da cidade era despejado
quase sem tratamento no rio. No ano de
2004, o percentual de águas tratadas já era
superior a 60%, e atualmente, como conta
o supervisor técnico Ricardo Escudeiro, os
níveis são ainda maiores: “já está maior
que 70 %, e a intensão é chegar a 90% até
2020”. Ele ainda explica que o processo
de despoluição é demorado, porque as
técnicas na área ainda são muito novas e
estão em teste: “é tudo muito novo e é difícil
saber o que dá certo”, atesta, e termina:
“um dos problemas é identificar lugares
onde o esgoto irregular é despejado no rio
e combater este tipo de coisa”.
O Pinheiros começou a ser despoluído
sete anos após o Tietê, em 1998, porém,
diferente do rio que nasce em Salesópolis,
as primeiras técnicas de despoluição foram
um fiasco, que representaram o gasto
de quase 200 milhões com uma técnica
de flotação. “Não dava certo, e ninguém
admitia que não funcionava, continuavam
investindo em um projeto falho, acho
que por orgulho”, comenta o ecologista
Alexander Kavaguchi.
Atualmente, o Pinheiros recebe o mesmo
tratamento que o Tietê, mas os níveis de
oxigênio e de esgoto tratado despejado
nas águas não melhoram. Kavaguchi
atesta que tratar o esgoto não é suficiente:
“não basta limpar, jogar água limpa, catar
lixo do fundo. É preciso uma educação da
população para não poluir a cidade. O que
você (população paulista) joga nas ruas,
também acaba caindo no rio, a chuva leva”.
Os projetos de despoluição esperam trazer
a vida de volta aos rios até 2030. Enquanto
isso, as águas são impróprias para o uso,
em uma das maiores crises hídricas que
São Paulo já viveu.
Na capital paulista o Rio TietÍ perde o aspecto
de um rio, por causa das obras na margem
15
LIXO
NOSSO DE
CADA DIA
reutilizar; é quase como um mantra para
os envolvidos”,aponta Cristina.
Cristina explica que a ideia, de separar o
lixo produzido na praça de alimentação
e usar os resíduos orgânicos para
compostagem, nasceu após a lei nº
12.305 de dois de agosto de 2010,
que regulamenta o tratamento que os
resíduos produzidos devem ter em todo
território nacional e o possível fim dos
aterros sa nitários.
As praças de alimentação do shopping
servem em média 10 mil refeições diárias
e geram, de acordo com Cícero Aquino,
auxiliar de compostagem, de 800 quilos
a uma tonelada de resíduos por dia.
Cícero se orgulha em dizer que todo
lixo é reciclado ou reutilizado de alguma
forma. “É totalmente sustentável, tudo
o que o shopping produz delixo a gente
Projeto de shopping
recicla.” O tratamento dos resíduos
da capital paulista
começa ainda com a equipe de limpeza,
reaproveita o lixo
os funcionários fazem a seleção do
diário da praça de
lixo e destinam às lixeiras corretas. Na
alimentação, em um
segunda etapa, o lixo reciclável passa
projeto que reverte
por mais uma separação e preparo para
resíduos em
o transporte. Ele é levado para uma
emprego e alimentos
cooperativa de reciclagem e a história do
lixo reciclável acaba aqui, as próximas
Em meio ao intenso trânsito na Avenida etapas do processo são somente para
Rebouças, no bairro de Pinheiros, zona os resíduos orgânicos.
oeste de São Paulo, uma iniciativa chama
atenção. Uma horta, feita inteiramente
Cícero é o responsável pela terceira
de resíduos orgânicos, no teto de um etapa, consiste na transformação do lixo
dos maiores shoppings da capital orgânico no material de compostagem.
paulista, mostra que mesmo um lugar Ele explica que os resíduos entram em
que é pautado pelo consumo, pode ser, uma máquina para serem moídos e
também, sustentável.
aquecidos e para que sejam adicionadas
enzimas que aceleram o processo de
O projeto nasceu em 2011, como conta a
decomposição e transformação em
assessora de comunicação do shopping
adubo. Em condições naturais este tipo
Eldorado Cristina Fernandes. Com o
de processo pode levar até 180 dias,
nome de“Recicla Mundo”,está sustentado
mas com a adição do acelerador de
em três pilares. “Reduzir, reciclar e
compostagem acontece em minutos.
“O que a natureza leva meses para
fazer, a gente faz em 15 minutos”,
aponta Cícero. Além do acelerador,
outros dois produtos são usados:
a enzima de ignição, que dá a
temperatura responsável por fermentar
o composto e a enzima de tratabilidade,
responsável por eliminar os odores e
“tornar o trabalho mais confortável”,
segundo Cícero.
Mirian
Reis,
outra
auxiliar
da
compostagem, é quem cuida do
material que sai da primeira máquina, já
sem odor. Agora o composto vai passar
por uma espécie de peneira, “para tirar
algum pedaço de plástico ou qualquer
outra coisa que fica e não é orgânica”,
explica. Depois dos dois processos,
o composto está quase pronto. Ele
agora fica descansando para perder
toda a humidade. As três enzimas de
tratamento ainda estão agindo para
garantir que o material fique totalmente
seco.
Por último, o composto é levado até
o terraço do shopping, em caixas.
Neste estágio, são plantados alimentos
diversos, compondo a horta. São 2000
m² de área livre no telhado do Shopping,
como esclarece o engenheiro ambiental
Rui Signori, um dos idealizadores do
projeto, porém, a horta ainda não ocupa
todo o espaço. Atualmente são 400m²,
divididos entre verduras, temperos,
ervas, flores e uma drogaria natural,
com diversas plantas medicinais. “O
plano é cobrir toda a área aberta, com
plantas. Ainda estamos engatinhando,
mas a proposta é fazer algo bem maior”,
explica Rui.
A horta, já está em sua 12ª safra, e
já foram cultivados diversos tipos de
legumes e verduras e toda produção é
distribuída para os 420 funcionários do
shopping. Em uma colheita de feijão,
que rendeu 20 quilos de alimento, foi
organizada uma feijoada para todos,
conta a assessora de comunicação
do
shopping
eldorado
Cristina
Fernandes:”Em junho, a colheita rendeu
20 quilos de feijão, 40 maços de couve,
além de temperos. Os alimentos foram
transformados em uma feijoada para
os 420 colaboradores”.
Além dos alimentos, as ervas também
são muito apreciadas. O auxiliar de
compostagem Cícero brinca: “se estiver
com dor de cabeça, tem aspirina natural
aqui, além de três tipos de boldo”. Ele
ainda comenta, que o dono do shopping
aproveita a safra de capim santo: “ele
não vive sem o chá. Antes, ele bebida
de saquinho, mas agora ele pede pra
colher todo dia da horta”.
Fora o projeto de reciclagem e uso do
lixo para adubo , é importante salientar
que a água utilizada para irrigar a horta
é de reuso também. O shopping trata
40% de toda a água de seu esgoto para
irrigar a horta e para as atividades de
limpeza, como explica Cristina Signori,
mulher de Rui e , também, idealizadora
do projeto: “O tratamento da água ainda
é algo novo, mas queremos conseguir
tratar toda água do shopping, em um
futuro próximo. A única água que não
será de reuso, é a para beber”.
Pioneiro na iniciativa, o Shopping
conquistou em setembro o troféu de
Ouro do Prêmio Abrasce (Associação
Brasileira de Shopping Centers)
2014, na categoria Newton Rique de
Sustentabilidade.
17 17
UM FUTURO
SUSTENTÁVEL
PARA A
MOBILIDADE
Por Filipe Dias
Carros sustentáveis podem ser o futuro dos meios
de transporte, mas a falta de políticas para tornaros
preços acessíveis, além da pouca estrutura para
veículos elétricos no país, dificulta que eles caiam
no gosto do brasileiro.
Veículos elétricos ou híbridos (com combinação
de motor a gasolina e a eletricidade) ainda
são novidade no Brasil.Segundo a ANFAVEA
(Associação Nacional dos Fabricantes de
Veículos Automotores), estão catalogados na
legislação brasileira cerca de 418 veículos.
Segundo o site da ABVE (Associação Brasileira
do Veículo Elétrico), a pouca quantidade seria
explicada pela falta depolíticas de incentivo.
Na Europa a realidade é diferente, 18.939
veículos foram matriculados no continente,
somente no primeiro semestre de 2013, de
acordo com o site da Embaixada Francesa no
Brasil. Ainda segundo a embaixada, a França é
o maior mercado de elétricos da Europa inteira,
foram mais de oito mil veículos registrados
no ano. O país alcançou a marca de 3,1% do
mercado global de carros elétricos particulares,
explicado pela grande oferta da montadora
18nacional Renault.
Porém, o maior sucesso de vendas e todo
o território europeu não é da montadora
francesa, e sim na coreana Nissan.
Lançado em 2010, o Leaf já somou mais
de 100 mil unidades vendidas em todo
mundo. Destas mais de 100 mil, 11.120
unidades foram comercializadas na
Europa. A Nissan explica que o veículo
só alcançou tal marca por conta dos
incentivos fiscais e da infraestrutura que
os governos europeus proporcionam ao
mercado de elétricos.
No Brasil, as políticas para facilitar a
aquisição e melhorar o mercado para
as montadoras de elétricos ainda são
tímidos.
Sérgio Gwercman, diretor de redação
da revista Quatro Rodas, da Editora
Abril, relaciona a baixa popularidade
dos veículos ao baixo investimento do
governo na área, para diminuir o preço
final ao consumidor: “como o carro fica
caro demais, o que reduz a demanda,
as montadoras praticamente deixam de
oferecê-lo no portfólio”.
Para promover os veículos de emissão
zero, as prefeituras de São Paulo e do Rio
de Janeiro apostaram em táxis elétricos.
Em uma parceria com a Nissan, e
empresas de energia como a Petrobrás,
no Rio; e AES Eletropaulo, em São
Paulo, que começou em 2012, alguns
condutores de táxi receberam unidades
do Nissan Leaf para um experimento de
aceitação da população e de promoção
da ideia sustentável.
BMW I3 FOTO: 19
Filipe Dias
Um Futuro sustentável para a mobilidade
O Rio de Janeiro tem a maior frota
de táxis elétricos, são 15 veículos na
capital fluminense, que circulam entre
os aeroportos Santos Dumont e Galeão,
pelo Centro, Barra da Tijuca e pela Zona
Sul. Em São Paulo a Frota é menor,
10 táxis totalmente elétricos rodam na
cidade. Os pontos ficam na região do
centro econômico da capital paulista.
O taxista Marcelo Martinez utiliza o
Nissan Leaf para trabalhar diariamente
e destaca a qualidade do veículo: “Ele é
confortável, silencioso e não polui. Hoje
eu não troco por um carro a gasolina”.
brasileiras, a incidência de imposto é bem
alta”, diz Bueno e completa:” A categoria de
taxação de importação dele é a mesma de
uma Ferrari”.
Além de táxis 100% elétricos, a cidade de
São Paulo tem uma frota de 100
táxis híbridos, que segundo a Secretaria
do Meio Ambiente poluem 40% menos que
os modelos de táxi convencionais. Para
os taxistas poderem ter um carro híbrido
ou elétrico é necessário se cadastrar na
prefeitura e esperar uma longa fila para
conseguir o veículo, aponta Nelson Afonso
da Silva, taxista que dirige um Toyota Prius.
Ele destaca que o ponto mais positivo do
carro é o de não ter que ser carregado na
tomada.
Taxi de Martinez, recarregando na concessionaria Nissan da Av. dos Bandeirantes.
Martinez não revela valores, mas atesta
é mais lucrativo ter um táxi elétrico: “o
valor das recargas é mais barato que a
gasolina”. Infelizmente, o Nissan Leaf
não está disponível para o mercado
convencional de veículos ainda. A
previsão de lançamento, segundo a
Nissan, era para este ano,
mas não aconteceu. Marcelo Bueno,
representante da marca, esclarece que
não existe previsão de lançamento.
“Por problemas estruturais nas cidades,
por ele ser um carro importado e pelo
governo ainda dar prioridade às fábricas
taxista Nelson Afonso exibe orgulhoso seu taxi elétrico.
O Prius, como conta o taxista, liga com o
motor a gasolina e depois de 30 segundos
dá a partida no motor elétrico, que funciona
até a velocidade de 50 km/h. ̶ acima disso
o carro volta a trabalhar com motor à
combustão. Silva atesta que só existem
vantagens em ter um táxi híbrido, do ponto
de vista ambiental e também econômico:
“o carro polui pouco, não faz barulho e
é mais econômico”. Segundo o taxista,
quando trabalhava com carro com motor
à combustão, gastava cerca de R$ 60
de Etanol por dia. Assumindo que o
combustível, há um ano e meio atrás,
custava cerca de R$1,50 por litro, o custo
diário era de R$ 90. Agora, o custo diário
de abastecimento de Silva é 84% menor.
“Eu abasteço a cada dois dias, R$ 30 de
gasolina, uso cinco litros por dia”, aponta.
O Prius, diferente do Leaf, não está
no Brasil apenas para servir de táxi,
também está disponível para o mercado
convencional e qualquer um pode adquirir
o veículo. O híbrido sai da concessionária
por R$ 111.000 e o auto valor é justificado
pelas concessionárias da Toyota, pelo
alto valor de importação do produto.
Outra opção de carro com baixa emissão
de poluentes é o Ford Fusion Hybrid,
que foi lançado no início de 2014 e é
considerado o carro mais econômico
do país pelo Inmetro. A Ford oferece o
veículo como um dos tops de linha da
montadora no Brasil, em seu portfólio, e a
versão mais completa custa R$ 133.900,
esmo com isenção fiscal do governo.
Fábio Gavino, vendedor da Ford, explica
que o veículo chega com o alto valor, por
conta das taxas de importação: “esse
carro vem do México, e não vem em
quantidade grande, por isso sai caro”.
Gavino ainda comenta que ele só sai da
concessionária totalmente completo e
o preço é compatível com os preços de
outros carros luxuosos da marca. “Esse
custa mais de R$ 130 mil, e o que é só
a gasolina custa 126.900. Os preços são
muito parecidos”, conta o vendedor.
Ford Fusion
Hybrid e Toyota
Prius: Os híbridos
são muito novos,
mas já é possível
observalos pelas
ruas de São Paulo.
21 21
O BMW I3 está disponível para o mercado brasileiro desde julho.
O único veículo 100% elétrico disponível
no mercado brasileiro atualmente é o I3,
da montadora alemã BMW. Ele começou
a ser vendido por aqui no mês de julho,
mas já roda na Europa desde 2013. Feito
somente na Alemanha, o importado sai
da concessionária por R$ 235.950, na
versão “full” (completa) e por R$ 225.950.
Renato Barbosa, representante de
vendas da BMW Autostar, explica que
a falta de incentivos fiscais é o a maior
causa do alto valor do carro: “o governo
tem uma boa política de isenção para
híbridos, mas para os totalmente
elétricos ainda não. Este carro (I3) era
para chegar, custando R$ 170 mil e não
mais de R$ 230 mil”.
Barbosa relata que o carro é feito
também por materiais reciclados em
seu interior: “os bancos são feitos com
60% de pet reciclado e o interior das
portas de uma fibra de uma madeira de
reflorestamento, chamada Kenaf”. Além
disso o enchimento dos bancos
é feito com lã reutilizada. Ele conta
também que a saída do carro ainda é
pequena. “Ele é exclusivo da nossa
concessionária e nós vendemos 11 I3 em
São Paulo”, comenta. O representante de
vendas relaciona a baixa popularidade
da categoria de elétricos ao baixo
investimento para promover os veículos
no mercado brasileiro: “as pessoas
ainda não acreditam na capacidade dos
elétricos”, lamenta.
O I3 é 100% elétrico, porém, também
produz CO², em quantidades mínimas.
Isso, porque o carro, além do motor
à energia elétrica, tem um gerador
à gasolina, que funciona como um
extensor de autonomia. “Quando a
bateria chega a 20% de carga, o gerador
é ativado e mantém o carro por mais 110
quilômetros”, afirma Renato Barbosa.
A tecnologia não para por ai, o carro
ainda vem com um chip que fica sempre
conectado à internet e permite controlar
o carro, mesmo estando longe, por um
aplicativo de celular.
Outra coisa que a BMW oferece aos
compradores do I3 é um aparelho
chamado Wallbox, carregador rápido
do carro. Em tomadas convencionais
110 volts, o veículo demora 15 horas
para carregar totalmente a bateria; nas
tomadas 220 volts, sete horas; já com o
“Wallbox”, o tempo de recarga é reduzido
para aproximadamente duas horas. Em
contrapartida, as opções para carregar a
bateria de elétricos e híbridos nas ruas
são quase inexistentes. Estima-se
que, atualmente, o Brasil disponha de
50 carregadores, o número não alcança
nem 1% da quantidade de postos de
gasolina.
Em São Paulo, é possível encontrar
carregadores em shoppings da capital
e em algumas concessionárias da
Nissan, porém, os pontos de recarga da
montadora japonesa são só para os
táxis elétricos Leaf. Os cinco pontos de
recarga servem para apenas 10 táxis de
toda capital, como expõe o coordenador
de imprensa da Nissan Alexandre
23
Carvalho: “Esses carregadores são
rápidos (recarregam 80% bateria em até
20 minutos) são usados para os taxistas
do programa da prefeitura no qual a Nissan
participa. Não é aberto a qualquer dono de
elétrico. Ele necessita de um cartão para
destravar o carregador”.
A falta de carregadores, além da falta de
políticas de isenção fiscal, é o principal
problema apontado para justificar a baixa
popularidade dos carros. O taxista Marcelo
Martinez lamenta não poder sair da cidade
de São Paulo com seu Leaf, porque não vai
ter onde recarregar a bateria: “Quando a
Nissan investir em pontos de recarga pelas
estradas vai ficar melhor”. Com exceção
da montadora japonesa, nenhuma outra
montadora investiu em pontos de recarga
rápida na capital paulista, nem dentro das
concessionárias.
Mesmo com estrutura ainda precária e
com pouca propaganda para os carros
sustentáveis, a possibilidade de um
24
carro elétrico brasileiro é possível. O
NanicoCar, pequeno elétrico com “DNA”
tupiniquim, sustentabilidade com valor
acessível para o mercado do Brasil. Bruno
Mase, representante da marca criadora
do veículo, conta que o carro ainda não
é produzido em série, mas a montadora
espera conseguir fazer isto a partir de maio
de 2015, com preço aproximado de R$ 20
mil. Segundo Mase, o carro ainda vai ir com
um carregador a energia solar, para não
gerar custo nenhum para o proprietário,
a não ser a manutenção regular. “Este
carro consome sete quilowatts, por carga,
o carregador solar vai até nove. Assim dá
para carregar sem influenciar na conta de
luz”.
Além do veículo elétrico, que é promessa
para o próximo ano, a Nanico-Car já
produz um carro movido inteiramente a
gás natural, que polui menos, e chega ao
consumidor por menos de R$ 20 mil.
O NanicoCar deve começar a ser produzido para venda em 2015.
A ciclovia da Av. Faria Lima
é uma das mais antigas em
São Paulo e também a mais
utilizada.
Fonte: CET SP
CICLOVIAS NA
CIDADE DOS
CARROS
A Prefeitura paulistana enfrenta
um grande desafio: implantar
espaços para um novo tipo de
transporte e que conquistem uma
população exigente
São Paulo é uma das maiores
metrópoles do mundo. Com seus
mais de 11 milhões de habitantes,
a cidade enfrenta dia a dia desafios
de infraestrutura e de administração
pública. E, visando a melhora de
locomoção na cidade, a prefeitura
decidiu por fazer mudanças no
trânsito paulistano.
Desde 2009 que a administração
está em processo de implantação do
projeto de espaços reservados para
ciclistas na cidade. E, por mais que
ainda haja dificuldades na aceitação
da população, a prefeitura acredita
que esse
processo é uma mudança cultural
e que a adaptação é gradativa.
De acordo com a assessoria da CET
“criação de novas ciclovias, assim como
a implantação das faixas exclusivas para
ônibus, à direita do viário, significa uma
mudança de cultura no sentido de valorizar
o transporte coletivo ou as alternativas
que possam ser implementadas”. A CET
acredita que cada vez mais pessoas irão
aderir ao uso de ciclovias
e ciclofaixas, já que é possível enxergarmos
que a estruturação para automóveis
particulares não tem sido Ciclovias na
cidade dos carros A Prefeitura paulistana
enfrenta um grande desafio: implantar
espaços para um novo tipo de transporte
e que conquistem uma população exigente
Outras grandes metrópoles – como
Nova Iorque, que conta com 675km de
ciclovias – fizeram esta escolha não
apenas por optimização de espaço nas
ruas, mas também porque o uso aumentado
de bicicletas causa impacto
positivo significante no meio ambiente
da cidade. Estes meios de transporte 25
não emitem, por exemplo, dióxido
de carbono (CO²), que agride
a camada de ozônio e deixa o
ambiente mais quente. Além de
também ser um veículo que não
necessita de combustível e seu
custo para produção é consumo é
consideravelmente mais baixo se
comparado a veículos motorizados.
Hoje São Paulo conta com 180km
de espaço cicloviário e, ainda de
acordo com a CET, até o fim de 2015
mais 400km serão implantados.
“A meta da gestão é implantar 400
km de ciclovias até o final de 2015.
Os novos percursos deverão ser
espalhados pela cidade conectados
com outros modais de transporte,
como
terminais
de
ônibus,
equipamentos públicos, escolas,
praças, parques e locais de trabalho”,
completou a assessoria.
AV. PAULISTA: PALCO DA CIDADE
Av. Paulista é o coração de São Paulo.
O local é o mais movimentado da cidade
e, por isso, a demanda de veículos é
alta. No ano passado a avenida foi palco
de vários protestos e alguns deles por
acidentes envolvendo ciclistas.
Há poucas semanadas a prefeitura
abriu licitação para consulta pública
para implantação de ciclovia na av.
Paulista até o fim de 2015. O projeto
visa otimizar o uso das ciclovias em
toda a região central, pois será
ligada a outras ciclovias que se
espalham pela cidade.
CICLOSAMPA
A cidade tem feito parcerias com
diversas empresas particulares
para promover o uso de
bicicletas. O mais recente
acordo foi feito com o Bradesco
Seguros e o Movimento
Conviva e que arrega o nome
de Ciclosampa.
O
projeto
consiste
em
instalações de pontos para
aluguel de bicicletas, mas que
são bem diferentes. Elas não
têm correia, não enferrujam,
seus pneus não furam e já vem
equipadas com luzes LED para
o uso noturno.
Projeto Ciclosampa visa o uso de bicicleta mais duradouras. Fonte: CET SP
26
Hoje, o paulistano já pode
encontrar 15 pontos na cidade,
que funcionam das 10 às 22
horas em todos os diasda
semana e ficam nas regiões da
Av. Paulista, Oeste e Sul. Os
pontos aceitam apenas o uso de
cartão de crédito, e por pessoas
com idade acima dos 18 anos.
O RENASCIMENTO
DE UM PARQUE
Prefeitura de Taboão da
Serra lamenta supostos
maus cuidados aos animais
e promete garantir boa
administração do Parque das
Hortênsias
Visão da Rua das Rosas, no interior do parque, que será
restaurado pela prefeitura de taboão da serra. Fonte: Divulgação
O Parque da Hortênsias, localizado na
cidade de Taboão da Serra, é referência
de lazer e programa familiar em toda
a região. Isso porque o parque possui
cerca de 48.000m2 de área verde e por
ser o único a manter um zoológico em
funcionamento.
O espaço foi inaugurado em 1978,
passando por várias administrações
municipais. Sua entrada já foi cobrada
e deixada de ser por inúmeras vezes.
Porém, uma polêmica em Novembro
de 2013 forçou a interrupção de seu
funcionamento. Nesse mês cerca de 55
ativistas acusavam a administração do
parque por maltrato a animais, depois
de um casal de leões ter morrido no
espaço e cerca de 10 espécies de peixes
sumirem do lago. Claudia Onofre, de
55 anos e moradora da região a 7 anos
relatou que “naquele dia ninguém sabia
exatamente o que estava acontecendo.
Sabíamos que o parque já não era o
mesmo, mas nunca imaginamos que os
funcionários fossem capazes de judiar
dos bichos”. Claudia ainda comentou
que os ativistas exigiram o fechamento
imediato do parque para manutenção,
através de petição. “Eles passaram nas
casas da região com uma petição para
assinarmos”, completou.
A Prefeitura de Taboão da Serra informou,
através da assessoria, que o espaço de
zoológico do parque encontra- se fechado
para visita desde março deste ano, que
a manutenção do local pode levar dois
anos e que todos os animais que se
encontravam sobre cuidados da prefeitura
foram transferidos para locais adequados
a eles. Ainda de acordo com a assessoria,
a prefeitura investiga toda a administração
do local para esclarecer os cuidados feitos
aos animais e à manutenção.
Mas a preocupação ainda norteia
moradores do município. Júlia Pereira,
16 anos, cresceu na cidade e sempre
visitou o parque, quando criança. “É
um absurdo a prefeitura fechar os olhos
para as condições em que o parque se
encontrava durante tanto tempo”, disse
Júlia. “Se não havia condições de manter,
deveriam ter tomado providências antes
de animais morrerem”.
A prefeitura garante que após a
reinauguração do Parque das Hortênsias,
“a administração será observada de
perto, para que nenhum problema ou
notícias tristes venham fazer parte
novamente da história de um Parque
tão tradicional e importante para região”.
Nenhum funcionário do parque quis ser
entrevistado.
27
TIBÁ
A ECOVILA QUE
CRESCE SOB
A
DIVERSIDADE HUMANA
Por Monique Monteiro
29
Tibá A ecovila que cresce sob a diversidade humana
Pra quem mora na cidade grande e
está acostumado com transito, asfalto
e buzina de moto, três horas de viajem
pelo rodoanel é quase um sonho. Tanto
que durmo os 300 km de São Paulo até
São Carlos, todo. A estradinha de terra
é coberta pelo mato alto e tem cheiro de
chuva. O som das aves é tão nítido que
quase me esqueço que estou apenas
no interior - principalmente quando um
falcão resolve pousar tão perto do carro.
Mais quinze minutos e uma placa,
escondida atrás das árvores tentando
indicar o caminho, mostra: Ecovila
Tibá. A porteira é velha de madeira
quase podre, típica de fazenda antiga.
Os cavalos interrompem a pastagem e
quase consigo imaginar o que pensam
‘’ coitada dessa gente da cidade, se
soubessem da missa a metade...’’.
Estacionamos o carro e somos
recebidos por lambidas calorosas e
patas cheias de barro. Fiquei meio sem
graça por tirar o pessoal da cama às
08h40 da manhã de um sábado, mas
foi o jeito.
A ideia de morar em um lugar de pouco
impacto ambiental surgiu em uma
conversa, em 2004, entre a analista de
TI Gleise Segatto de Oliveira Teixeira,
de 33 anos, seu atual marido Jeyson
Teixeira,- atuais moradores da ecovila
Tibá - e Diogo, um amigo de faculdade
que estava voltando para São Carlos,
cursar doutorado, que trouxe uma
proposta antiga: montar um condomínio
30
de amigos que prese por qualidade de
vida e sustentabilidade.
Tibá A ecovila que cresce sob a
diversidade humana Com a proposta
aceita, era a vez de colocar em
prática. Para que tudo desse certo,
foram necessárias pesquisas, visitas
e
muitas
conversas.
Notou-se,
então, que a grande dificuldade em
concretizar a ideia, está no acordo de
posse, loteamento e divisão de terras
e herança, no caso de casais que já
tenham filhos ou que pretendam ter, ‘’ a
gente pensou em antes de procurar a
terra, procurar pessoas jurídicas. Daí
tiramos um grupo interno de pesquisas
para encontra-las e encaixa-las nas
nossas ideias. Queríamos um clube,
não um título, por isso pensamos em
posse compartilhada e conversamos
até chegar na associação sem fins
lucrativos de cunho associativo ‘’,
explica Gleise.
Baseados na teoria sobre o processo
de inserção da autora de Creating a
Life Together, Diana Leafe Christian,
onde trata que o indivíduo precisa ser
inserido ao meio em que pretende viver,
para ser sócio- morador da ecovila Tibá,
é preciso que haja vivencia na mesma
- pois, engana-se quem acha que a
expressão ‘’ condomínios ‘’, usada por
Diogo, faz jus ao modelo da, cidade -,
sendo assim, é necessário que futuro
morador conheça a estrutura física da
Tibá, que consiste em:
MAPA DA ECOVILA TIBÁ
31
Horta, totalmente limpa de agrotôxicos, para consumo dos moradores da ecovila.
Conforme o número de pessoas
inseridas
na
ecovila
aumenta,
mais mudanças e renovações são
necessárias pois cada um que chega
traz um diferencial, ‘‘É como estarmos
num barco e cada vez que uma pessoa
entra, esse barco balança, daí temos
que ajustar para poder continuar. E
até hoje é assim’’, define Gleise. Para
manter o barco estabilizado, foram
criadas metodologias de convivência
que consistem na separação de tarefas
simples de rotina, como lavar louça
e cozinhar, até as de manutenção e
preservação de toda a ecovila, como
cuidados com alimentação – horta
e safra -, limpeza e planejamentos
internos.
Liberdade espiritual também entra na
conciliação das metodologias e é uma
das pautas de maior amplitude para
todos os moradores, é importante que
não haja conflitos a partir de diferenças
religiosas e que todos estejam dispostos
e abertos às possíveis discussões. Não
é à toa que, para que o dia comece
em perfeito contato com a natureza
e com todos a sua volta, um ritual de
harmonização é o primeiro passo: todos
dão as mãos e num gesto quase íntimo
de sintonia, entoam aquele famoso
mantra: ‘’ aooooonnnnn, aoooonnn ‘
Temos uma tarde terapêutica onde
recebemos pessoas de diferentes
segmentos religiosos. Então tem gente
que vem fazer Yoga, ler cartas, fazer
massoterapia, gente que faz cabala ...
‘’, conta Gleise.
De repente um morador expulsa de
dentro de sua calça, o que seria um
fi-Tibá A ecovila que cresce sob a
diversidade humana lhote invasor de
aranha armadeira, sem ser atacado.
Permanecendo
calmo,
totalmente
equilibrado e em sintonia com o
ambiente leva o inseto para longe das
crianças, que o seguem curiosas e, ao
contrário do esperado, não aparentam
sentir medo algum. Diferente de mim,
que por ironia, ao ir buscar meu material
fotográfico no carro, sou surpreendida
por um cavalo que vem bastante irritado
em minha direção. Segurei firma na
porta do carro - confesso que minhas
pernas tremeram nessa hora – e lembrei
da harmonização que acontecerá mais
cedo, o que foi minha salvação pois ele
me encarou e como que em um aceno
com a cabeça foi como se me dissesse
para nunca mais duvidar da eficácia da
harmonização e muito menos das
vantagens de estar em sintonia com o
meio ambiente.
Resignificar o olhar acerca de como as
coisas podem ser, não tem foco apenas
no desenvolvimento sustentável mas
também, e principalmente, na educação.
Segundo um artigo escrito pelo
pedagogo e educador comportamental,
sobre Educação Sustentável, Prof.
Roberto Dimas:A‘’Educação Sustentável
é um novo conceito de educação, que
tem como eixo central a formação do
ser humano, fundamentada na vivência
dos valores universais positivos, visa
ao desenvolvimento de sua Inteligência
Ética, através do despertar do Cérebro
Ético... Para que essa inteligência se
destaque é fundamental que o indivíduo
vivencie os valores que se constituem
numa
linguagem
universal,
compreendida por todos. Isso o impedirá
de se envolver em comportamentos de
risco, além de ter um desenvolvimento
de sua relação intrapessoal que garanta
equilíbrio e saúde. Assegura também
uma convivência interpessoal saudável,
facilitando a comunicação, fortalecendo
a tolerância e promovendo a inclusão.
Garante também uma vida profissional
mais
produtiva,
saudável
e
sustentável...’’.
Um segundo fator crucial é a qualidade
da educação. Não são apenas anos de
escolaridade que garantem que todos
tenham uma educação relevante, mas
sim a combinação do conteúdo com
vivencias e realizações reais, por isso
a integração de princípios, valores e
práticas acabam sendo tão importantes
quanto a quantidade. Como diz Paulo
Freire “Se estivesse claro para nós que
foi aprendendo que aprendemos ser
possível ensinar, teríamos entendido
com facilidade a importância das
experiências informais nas ruas,
nas praças, no trabalho, nas salas
de aula das escolas, nos pátios dos
recreios, em que variados gestos de
alunos, de pessoal administrativo, de
pessoal docente se cruzam cheios de
significação”
Encontrar uma escola que continue
o trabalho educacional construído na
ecovila, é tarefa difícil para os pais que
moram, na ecovila, com filhos pequenos
e trabalham na cidade. As dificuldades
começam na busca por uma escola
que siga os mesmos pensamentos
sustentáveis, e embora seja encontrada
é de difícil acesso. A alternativa então
seria contratar uma educadora em
tempo integral ou matricula-los em
escolas particulares o que não exclui
nenhuma das dificuldades já citadas e
ainda apresenta o agra vante financeiro.
É importante ressaltar que arquitetar
33
Tibá A ecovila que cresce sob a diversidade humana
uma ecovila é um projeto a longo prazo,
portanto é indispensável que sejam
definidos os equipamentos de maior
prioridade e que possam gerar qualquer
tipo de renda para que a mesma possa
se auto sustentar, e que hajam prévias
de devolutivas a partir do que já foi préestabelecido e investido.
Outra maior dificuldade encontra-se
na sustentação da redução de danos
ambientais. Na aplicação de recursos
para a compra de materiais necessários,
para construções de cisternas, bio
fossas, aparelhos para irrigação de
horta e agrofloresta, manutenção
de todo o sistema agropecuário, de
permacultura entre outros. Manter esse
tipo de funcionamento não custa apenas
dinheiro, mas também exige tempo
e maior atenção e estudo quanto a
elaboração desses sistemas. Nesse
caso, as atividades econômicas mais
adequadas são: a compostagem dos
resíduos orgânicos – concepção de
adubo -, reaproveitamento de água não
necessariamente apenas pelo uso de
cisterna, mas também na reutilização
de água usada em limpezas de rotina
, geração de energia fotovoltaica – uso
de telas para captação de luz solar- e
cultura de hortaliças – para manter o
solo rural.
Em relação a arquitetura, os mesmos
critérios já citados também devem ser
seguidos. Todos os projetos para futuras
construções, passam por aprovações
em uma comissão especializada
formada por todos os moradores,
onde é decidido qual é a maneira mais
34
adequada de ser colocado em pratica,
e que utilize técnicas de bioarquitetura
– construção sustentável - , materiais
renováveis e que tenham baixo
investimento. Tais como: construção
com terra, bambus, energia solar para
aquecimento, energia eólica, captação e
armazenamento de água dos telhados,
reaproveitamento das águas servidas –
chamadas águas cinzas, ou seja, não
industrial ou completamente tratada - e
os já citados.
Outra alternativa para diminuir custos é
a utilização da ‘’ moeda solidária’’. Esta
moeda, característica da ecovila Tibá,
é a criação de uma conta corrente que
cada morador disponibiliza para debitar
ou
creditar
quantias,
sem
a
representação de valores em papel.
Se um morador precisa de ajuda na
horta ou em alguma manutenção da
casa, basta acertar um valor com outro
morador que esteja disponível a ajudalo e autorizar assim, um débito na conta
de quem recebe e um crédito na conta
do prestador. Esse sistema também
pode ser utilizado para produtos e
serviços prestados por um grupo, ‘’ a
horta comunitária, por exemplo, pode
contratar pessoas para as colheitas e
as pessoas podem alugar seu quarto
de visitas para receber um estagiário
para trabalhar no reflorestamento. Ou
então, pode ser feito um rateio para
custear as coisas da marcenaria. ‘’,
explica Gleise, ‘’Serve para incentivar a
participação de todos nas trocas, e que
ninguém só receba ou só faça favores. ‘’,
completa. Esse sistema também ajuda
na administração da renda, evitando
possíveis gastos desnecessários.
RECICLE MAIS,
PAGUE MENOS
Projeto da AES
Eletropaulo beneficia
mais de 4,5 mil clientes
Em 17 meses a AES Eletropaulo já
investiu mais de R$ 2 milhões no
projeto Recicle Mais, Pague Menos que
incentiva pessoas a trocarem materiais
recicláveis como metal, plástico, vidro
ou papel por desconto na conta de luz.
O cliente pode se cadastrar em
qualquer um dos oito pontos de coleta,
para tanto, deve levar a conta de
energia. O cadastro será identificado
por meio de um cartão necessário para
futuras coletas, que serão pesadas e
precificadas de acordo com a tabela
praticada pelo mercado de reciclagem.
Não há limite para descontos, o que
significa que as contas podem ser
descontos, o que possibilita que as
contas podem ser zeradas.
Segundo Mariana Rodrigues, assessora
da AES, 1,7 mil toneladas de resíduos
recicláveis foram coletados nos pontos
da área de concessão da distribuidora.
Esse total representa mais de 4,5 mil
clientes participantes do projeto e 6,5
toneladas de gás carbônico (CO2)
que deixaram de ser emitidos. Foram
concedidos mais de R$ 101 mil de
bônus na conta de energia.
A iniciativa faz parte do Programa
Consumo Mais Inteligente, que além da
comunicação no entorno dos pontos de
coleta sobre como efetuar a separação
de maneira adequada, o projeto realiza
atividades junto a escolas para mobilizar
as crianças e educá-las sobre o tema.
Neste ano isso foi feito por meio de
gincanas e uma ação com álbum de
figurinhas na qual a cada dois quilos de
resíduos recicláveis a criança ganhava
duas figurinhas.
35
Grupo de rotarianos do Leste no posto de recolhimento do Programa Recicle mais, pague menos
Atualmente existem oito pontos de coleta, sete na cidade
de São Paulo e um em Barueri.Confira os pontos de coleta:
Jaguaré (São Paulo capital): Rua Floresto
Bandecchi, 156, na Sociedade Benfeitora
Jaguaré
Horário de funcionamento: Segundas, quartas
e sextas, das 09h às 12h30 e das 13h30 às 16h
Águia de Haia (São Paulo capital): Av. Águia
de Haia, 2636, no Assaí Atacadista
Horário de funcionamento: terça à sábado,
das 10h às 13h e das 14h às 17h.
Guaianases (São Paulo Capital): Estrada Dom
João Nery, 4.031, no Assaí Atacadista
Horário de funcionamento: terça a sábado,
das 10h às 13h e das 14h às 17h.
36
36
Barueri (SP): Av. Marginal Direita (s/n), no
Jardim Paulista, ao lado da UBS
Horário de funcionamento: segunda a sexta,
das 09h às 12h30 e das 13h30 às 16h.
Heliópolis (São Paulo capital): Rua Coronel
Silva Castro, altura do n° 202
Horário de funcionamento: segunda a sexta,
das 09h às 12h30 e das 13h30 às 16h.
São João Clímaco (São Paulo capital):
Rua São João Clímaco esquina com
a Rua Luís Abodanza
Horário de funcionamento: terças e quintas,
das 09h às 12h30 e das 13h30 às
16h. Aos sábados, das 9h às 12h30h.
ARQUITETURA VERDE
A busca por alternativas para salvar o
planeta tem dado à sociedade soluções
criativas, principalmente no ramo da
construção civil.
O século XXI acarretou à humanidade
quantidade incontável de tecnologias
e inovações estruturais. Vamos desde
computadores que antes ocupavam uma
sala inteira e que hoje cabem na bolsa, a
estudos para a cura da paralisia.
Avanços na medicina, na sociedade e em
toda estrutura de rotina têm alterado
a forma de o homem lidar com a vida
natural do planeta.
Durante um grande período essa corrida
tecnológica custou caro para a natureza,
e ela assistiu a capacidade destrutiva
que a civilização tem. Mas também viu
que temos criatividade para inovar e
reconstruir. Por isso entramos neste
século otimistas e mais preocupados do
que nunca com a forma que lidamos com
o meio ambiente. Percebemos antes que
fosse tarde o quanto dependemos dos
recursos naturais para sobrevivência e
até para o progresso humano. Então
profissionais estudam a cada dia como
podemos desenvolver um relacionamento
saudável com o planeta, usar seus
recursos e aproveitar de sua diversidade
sem destruí-lo. Especificamente olhando
para as nossas habitações, vários
arquitetos e engenheiros da construção
civil passaram a procurar soluções
criativas e seguras para edificações
cada vez mais ecologicamente corretas.
Desenvolveram materiais de construção
reutilizáveis, otimizaram os espaços para
receberem mais luz natural, usaram da
tecnologia para beneficiar a natureza e
viver em paz com ela e por aí vai. São
anos de pesquisas, especificamente
desde
2000,
quando
arquitetos
americanos se preocuparam em fazer
com que as construções interagissem
com a natureza. Mas então os horizontes
se expandiram. Os projetos não podiam
apenas ser ecologicamente corretos, eles
tinham de ser acessíveis e tinham que
contribuir para a sociedade como um todo.
Os projetos precisavam ser completos. A
construção de um arranha-céu tinha de
ir além de ser não-agressivo à natureza,
ele tinha que ser o mais barato possível e
beneficiar a todos, na medida do possível.
Hoje
temos vários recursos que
contribuem para a natureza, mas as
verten tes de precificação e acessibilidade
ainda estão por ser transpostas. Um
desafio que engenheiros e químicos estão
dispostos a enfrentar. Estes profissionais
acreditam que tudo o que pode beneficiar
para a diminuição do impacto ambiental,
deve ser democratizado e utilizado por
todo o planeta porque, de acordo com
eles, se toda a sociedade trabalhar em
harmonia, então é possível acreditar na
reconstrução da convivência pacífica
entre homem e natureza.
Por Lucas Phelipe
37
NÃO APENAS UM VETOR DE
SUSTENTABILIDADE
Em conversa com Giovanni Campari,
de 37 anos e professor de arquitetura
da Faculdade Belas Artes em São
Paulo, foi possível observar que
a sustentabilidade vai além dos
parâmetros ambientais, invadindo os
campos econômicos e sociais.
“Hoje um material de construção
ecologicamente correto custa muito
caro, e isso dificulta na aquisição do
mesmo para a construção civil”, disse
Giovanni, ao lembrar também que não é
necessário apenas o desenvolvimento
de tecnologias para a confecção destes
materiais – que ainda custam caro –
mas que é preciso a especialização
de mão de obra capaz de manusear
tais artefatos. “Enquanto não nos
preocuparmos em investir seriamente
no setor de educacional de edificações,
e encararmos dois pilares importantes
da sustentabilidade, que são
38
‘econômico’ e ‘social’, ainda estaremos
embargados em construções rusticas
feitas de tijolo e concreto.” A maior
preocupação hoje está não apenas
em procurar alternativas sustentáveis
para a construção. Estas pesquisas
devem
acarretar
à
sociedade
estabilidade econômica e igualdade
social. A sustentabilidade, por exemplo,
deve se iniciar na educação, que é a
fundação para mudanças ecológicas
e permanência na conscientização no
futuro. E não só isso, para o progresso
da construção civil, é necessário que a
economia do país esteja estável, para
que o mercado arquitetônico seja bem
sucedido. E ainda a sustentabilidade
deve desenvolver a igualdade social,
fazendo com que os materiais
ecológicos não sejam símbolo de status,
mas de crescimento social em um país
inteiro. Foi pensando nisso que projetos
brasileiros como o de construir casas
com garrafas PET e barro nasceram.
Pesquisadores têm se dedicado em
descobrir formas de não destruir o
planeta com nossas necessidades
mas, de acordo com Giovanni,
autoridades mundiais devem passar
a se preocuparem em transformar
noções de sustentabilidades a partir da
geração mais nova, que passa a viver
em um ambiente onde nada pode ser
descartado sem motivo. “Não podemos
fechar os olhos para a educação,
quando ela é um vetor indispensável
para o desenvolvimento da arquitetura
sustentável”, completou Giovanni.
Por Lucas Phelipe
O uso de placas solares em residências é o meio
que gera maior custo-benefício à quem adere. Fonte:
Divulgação
TECNOLOGIA A
FAVOR DA NATUREZA
Por Lucas Phelipe
São vários os exemplos de junção
da tecnologia com a arquitetura
para beneficiar a sustentabilidade.
Apesar de esses materiais parecerem
extremamente agressivos para o meio
ambiente, especialistas encontram
formas de fazer com que eles
contribuam para a arquitetura. O avanço
tecnológico ajudou principalmente no
desenvolvimento da reutilização de
água e redução de energia solar. As
soluções vão de coisas simples até
aparelhos gigantescos.
Um exemplo é o desenvolvimento de
placas para captação de energia solar.
Hoje o mercado oferece dois tipos delas,
a que capta o calor para aquecimento
de água e a que transforma os raios
ultravioletas em eletricidade. Apesar
de o investimento ser relativamente
alto para uma residência, este valor
é revertido em futuras contas de
consumo de energia. Diversas partes
do mundo têm investido sem medo
nesta tecnologia, pois acreditam que
podem ter retorno financeiro a longo
prazo. Placas solares são um ótimo
exemplo de sustentabilidade completa.
Elas evitam o consumo excessivo de
energia, dispensando construção de
mais centrais de geradores de energia;
revertem em economia financeira,
já que quem opta por esta solução
consome menos energia das empresas
que a fornecem; e pode, finalmente,
democratizar a energia elétrica na
sociedade, levando o benefício
a
lugares onde as usinas elétricas não
39
Projetos audaciosos criam casas ecologicamente
corretas que oferecem tanto conforto quando
qualquer outra morada
conseguem alcançar. Outro exemplo
são as centrais de tratamento de
água caseiras. Muitas residências
nas metrópoles – principalmente em
condomínios - resolveram implantar
a solução para uso de água da chuva
para piscina, torneiras de cozinha e
descarga de vaso sanitário. As centrais
de tratamento não ocupam muito
espaço e coletam principalmente água
da chuva para ser reutilizada. Esta água
é chamada de “água cinza”, ou seja,
que não serve para o consumo humano,
porém pode ser útil para regar jardins
ou lavar carros, por exemplo. Mas
ainda existem centrais que conseguem
transformar água contaminada em
potável, ideal para se consumir. Este
recurso também exemplifica bem a
noção de sustentabilidade inteira, pois
diminuem o consumo de água que vem
40
dos mananciais e são distribuídos por
empresas de saneamento e beneficiam
em dois aspectos: ambiental e
econômico; ainda alcança lugares onde
não existem mananciais de água doce
para coletar água do solo e trata-la para
o consumo humano.
Infelizmente, em aspecto social,
estas tecnologias ainda não foram
popularizadas e se tornado acessíveis.
Mas projetos sociais têm se preocupado
em levar estes benefícios a lugares
que precisam e que podem ter acesso
a recursos básicos de saneamento.
Existem ainda outras tecnologias das
quais a arquitetura tem se beneficiado
para desenvolver projetos como
produção de tijolo com garrafas PET,
telhas que absorvem o calor para
aquecimento de água ou até teto solar
para minimizar consumo de energia
durante o dia.
Arquitetura Verde
Brasil um passo atrás
Tem sido uma verdadeira “Corrida do
Ouro” em todos os países para reverter
impactos negativos que a sociedade
causou à natureza. Integrantes do
G20 (Grupo com 20 países mais
desenvolvidos) investem pesadamente
em recursos para pesquisas em
materiais que podem transformar
a construção civil. Ainda existem
alguns que passaram a incentivar sua
população a utilizar de alternativas
sustentáveis em suas residências.
Japão e os Estados Unidos criaram
programas que dão descontos nos
impostos para quem investir em
estruturas de captação de energia solar
em suas casas ou empreendimentos.
Porém no Brasil ainda não é
feito muito. Temos iniciativas de
empresas particulares que premiam
empreendimentos sustentáveis e outras
que incentivam a instalação de cisternas
nas residências. Mas o governo ainda
não se manifesta neste campo. “Ainda
estamos engatinhando neste aspecto,
apesar de já alcançarmos uma melhora
considerável”, comentou Giovanni ao
lembrar que o Brasil ainda é um dos
poucos países que utilizam em suas
construções concreto bruto e tijolos de
barro, mesmo em grandes construções.
41
Giovanni ainda lembrou da nova
alternativa que os EUA encontraram
para as construções de prédios.
“Funciona como uma espécie de ‘Lego’.
As construções são pré-moldadas em
fábricas, e os prédios são construídos
com materiais mais adaptáveis e mais
baratos que o concreto como um
brinquedo de montar”, e esta é uma
alternativa prática para países como
o Brasil, que buscam solução para
impactar menos no meio ambiente com
suas construções e otimizar o acesso a
projetos de habitações populares, como
a COHAB (Companhia Metropolitana
de Habitação). “Estas alternativas são
excelentes para construção de casas
populares. Usam materiais como o
aço, que demanda mais energia na
produção, mas que tem reutilização
42
mais eficiente comparado ao concreto”,
completou Giovanni.
Mas ainda é necessário lembrar que o
Brasil ainda não alcançou o patamar
no
desenvolvimento
sustentável,
não devido à falta de recursos
tecnológicos, mas por falta de mão
de obra especializada. Giovanni ainda
lembrou que o Brasil precisa investir
no
desenvolvimento
educacional,
pois estas soluções necessitam de
mão de obra especializada. “Como
dito anteriormente, a sustentabilidade
começa na base, que é a educação.
Porque
dela
se
desenvolve
conscientização
econômica
e
ambiental, e é por aí que precisamos
começar”, finalizou.
Royal Center, em Porto Alegre: modelo de construção verde Foto: Internet
Construa sustentável
Edifique sua casa com opções de materiais que não agridem o ambiente
1 – Telhado com isolamento térmico: É fácil. Basta
apenas pintar os telhados de branco e assim evitar
a absorção de calor.
2- Pisos recicláveis feitos de pneus são duráveis e
resistentes. Perfeitos para os quartos da sua casa.
3 – As telhas de fibra vegetal também garantem o
isolamento térmico, além de ter custo acessível.
4 – Lâmpada de LED:
tem vida útil maior
que a da lâmpada
incandescente, além
de consumir 80%
menos energia.
5 – Tintas incomodam,
principalmente pelo cheiro.
Por isso desenvolveram
uma
tinta
que
tem
baixa concentração de
compostos
orgânicos,
diminuindo o cheiro e
agredindo menos o meio
ambiente.
43
Dicas Sustentáveis
UMA HORTA EM MINHA CASA
Projeto de grupo da Universidade
de São Paulo, com ligação ao
Internacional Design para o
Desenvolvimento
Social, visa ensinar como construir
uma horta vertical de baixo custo.
Depois de uma visita à comunidade
de Dois Palitos, em Embu das Artes,
na Grande São Paulo, um grupo de
pessoas ligado ao IDDS (Internacional
Design para o Desenvolvimento Social)
criou um manual para a construção
de uma horta vertical, de garrafas pet,
com o objetivo de melhorar a vida dos
moradores da comunidade.
A ideia surgiu depois que o grupo
constatou que o gasto com alimentos,
incluindo temperos e ervas comprometia,
em muito, o orçamento das famílias da
comunidade.
O manual ensina a fazer dois tipos
diferentes de hortas verticais, que
cabem no quintal, e até mesmo dentro
de casa. Elas têm custo de até R$
10. A horta de “serpente” leva oito
garrafas pet de dois litros, cinco metros
de cordas, um pedaço de mangueira
de dois metros e meio e arame, para
amarrar a estrutura. Além de pedrinhas,
terra, sementes e mudas. O custo total,
analisando os preços dos materiais em
depósitos, sai em média por R$ 07.
A outra horta, “cisne”, leva menos
garrafas pet, cinco. Porém, na lista de
materiais para esta horta, está uma
taboa de madeira de aproximadamente
um metro, onde as garrafas serão
afixadas por pregos, outro material que
a horta pede. O resto dos materiais é
igual aos da primeira, porém, em menor
quantidade.
O manual ainda ensina como fazer
a compostagem de maneira correta
para as hortas verticais. E pode ser
encontrado no site da Universidade de
São Paulo.
Dicas Sustentáveis
PALLETS
Sua nova opção sustentável para decoração
Geralmente os pallets não são muito
apresentáveis, principalmente quando
os vemos em depósitos ou feiras.
Mas eles se tornaram boas opções de
decoração para ambientes compactos,
principalmente. Por isso designers
de interiores encontraram soluções
criativas para reaproveitar este utensílio
tão desajeitados:
1 - Estantes para TV: quando não há espaço nem opção criativa para modificar a
sala, a estantes para tv de pallets é eficiente e criativa, ótima para apartamentos.
2 - Caixas de feira na sua biblioteca: para um design mais criativo e moderno,
o uso dessas caixas pode ser a solução mais em conta. Caixas de feira são
totalmente adaptaveis
45
Como é realizado o descarte de todo lixo?
Arthur Neves - O hospital realiza a separação
dos materiais recicláveis no abrigo de
resíduos. Sendo assim, após recebermos os
resíduos, os separamos em alumínio/ papel/
papelão/plástico/ sucata metálica. A partir
daí, cada material seguirá o próprio fluxo na
cadeia de reciclagem.
O que é feito com o material não reciclável?
AN - Os resíduos comuns, que não são
recicláveis, são enviados para aterro do
grupo ESTRE (Estrada Araçariguama Ambuitá - Itapevi). Já os resíduos infectantes,
que apresentam risco de patogenicidade,
são encaminhados para incineração na
empresa SILCOM.
Nos últimos anos, houve mudanças na
maneira de realizar a reciclagem?
AN - Certamente com o passar do tempo
surgem novas tecnologias de reciclagem.
Exemplo disso é a reciclagem de pilhas e
baterias. Tratase de um processo feito pela
empresa SUZAQUIM, que recicla, trata e utiliza
esses resíduos para a produção de sais e óxidos
metálicos. De certo modo, pode-se dizer que um
dos fatores preponderantes para o surgimento
deste mercado foi o surgimento de legislação
(PNRS 2010) que previa como deveria ser feita
a logística reversa destes resíduos, impedindo
que houvesse contaminação do meio ambiente.
Sendo assim, pode-se dizer que a maneira
de realizar reciclagem é dinâmica, sendo
regida pela legislação vigente, bem como das
tecnologias existentes no mercado.
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E PARA ONDE VAI T
Durante todos os dias, centenas de
pessoas circulam por um hospital.
É uso de seringa para um lado,
luvas para o outro, mas afinal, onde
vai parar tudo isso? A revista Gaia
TODO ESSE LIXO?
conversou com o Coordenador
de Resíduos no setor de Meio
Ambiente do Hospital São Paulo,
Arthur Neves, para entender como
todo este material é descartado.
O que o descarte incorreto pode provocar
ao meio ambiente?
AN - Há inúmeras substâncias tóxicas
nos resíduos que apresentam grande
risco ao meio ambiente se descartadas
inadequadamente. De um modo geral, os
principais riscos são a contaminação do solo
e corpos d’água, prejudicando as condições
em que habitam os seres deste habitat e o
próprio homem que se utiliza destes recursos
para sobreviver.
Há uma empresa terceirizada para realizar
este serviço?
AN - A empresa ECOURBIS, que possui
a concessão para coleta e destinação de
resíduos do serviço de saúde em algumas
regiões do município de São Paulo, realiza
esse serviço para os resíduos infectantes e
químicos gerados no HSP. Já os resíduos
comuns são coletados pela empresa Isotec
Ambiental.
Proporção entre os resíduos comuns, infectantes e recicláveis gerados nos Hospital São Paulo (Outubro/2014)
47
EMPREENDEDOR MIRIM
A ideia de Vanis Buckholz em recolher
lixo reciclável no bairro onde mora,
surgiu quando aprendeu sobre a
importância de reciclar em uma aula
no ‘’ Dia da Terra’’, em sua escola na
Califórnia, ESTADOS UNIDOS.
Após ficar impressionado com o que
podia fazer com seu lixo e a professora
o ter desafiado , junto com seus
colegas de classe, a fazer a diferença
no planeta, o garoto começou a
reciclar em casa. E usando uma
bicicleta passou a recolher, também,
o lixo de seus vizinhos.
O negócio de reciclagem deu tão
certo que com apenas 7 anos , e com
a ajuda de seus pais, Vanis fundou
uma empresa chamada MyRecycler
que hoje – três anos depois –
utiliza um caminhão para conseguir
recolher todo o lixo, não só de seus
vizinhos mas também de empresas
do seu bairro. Como toda empresa a
MyRecycler gera lucros e, mesmo que
não seja tão alto, 25% são doados à
uma instituição dedicada a crianças
sem- teto chamada Project Hope
Aliance. ‘’Sou um garoto
de muita sorte!’’, afirma.
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Vanis Buckholz e o seu
carrinho de resíduos
sólidos Fonte: Divulgação
UMA GOTA ACALMOU
MEU CORAÇÃO
Finalmente São Pedro lembrou da
gente, pensei. Depois de 7 meses sem
cair uma gotinha de chuva, cogitei a
possibilidade de pedir a São Longuinho
que a encontrasse - vai ver que ela
se perdeu lá em cima, mudou de rota,
quem sabe? Os olhares apontaram
para o céu, esperançosos. São Paulo
parou, como de praxe em dia de
tempestade, mas não houve stress.
Em meio ao transito caótico, as janelas
abertas mostravam o alivio.
Teve gente que sorriu, cantou e até
dançou. Alguns tentaram se proteger
com o paletó, saco plástico, papelão
mas não teve jeito. E talvez, no fundo,
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Uma gota acalmou meu coração
a gente nem quisesse que tivesse
mesmo. A chuva era uma trégua. Trégua
para os que tinham o peito alagado,
coitados, de tanta agonia por não saber
o fazer, ou pior, o que beber. Foi trégua
para as crianças que saíram chutando
enxurrada, dando risada, já que a água,
agora, igualava tudo como tinha de ser.
Quem sabe assim, Alckmin decide logo
o que fazer. Em alguns lugares, teve
gente que jura que choveu canivete,
caiu toró, o bastante pra nunca mais
passar sede. Pra nunca mais passar
mal tomando aquela água que mais
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parecia leite - ou as vezes até barro.
Outras disseram que viram levando
tudo o que via pela frente. Levando
casa e até parente. Fiquei chateada. O
consolo foi saber que pelo menos essa
chuva amenizou um pouco a seca que
estava. E pelas estradas da nossa São
Paulo corria a esperança de que, se
não pelo nosso companheiro Alckmin,
talvez a chuva, mesmo com toda sua
bravura, levasse com ela memórias de
meses difíceis e as substituíssem por
horas mais alegres.
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