Um tema que deve ganhar força no Senado é a reforma política. Qual sua posição sobre o assunto?
Amauri Soares (PSOL)
Para a conjuntura brasileira de hoje, dessas últimas décadas, é preciso acabar com a reeleição, que os
mandatos sejam de cinco anos, que
todas as eleições sejam na mesma
data. Temos uma realidade em que
a cada dois anos tem uma eleição.
Isto se tornou um vício, uma máquina, inclusive de comprar consciências. Nos momentos pré-convencionais se vê isso: os partidos menores perfilando junto aos partidos
maiores, que têm dinheiro para pagar as campanhas. Isso é a morte da
política. A reforma precisa instituir
apenas a doação individual para as
campanhas, temos que acabar com
a doação empresarial, dos grandes
monopólios. É preciso estabelecer,
pelo menos em parte, o financiamento público para garantir alguma
igualdade maior entre as propostas
programáticas existentes. É preciso
que se estabeleça que quem ocupa
um cargo no Executivo em um determinado período de governo não
possa disputar a eleição seguinte.
Dário Berger (PMDB)
O governo precisa ter interesse, nós
temos que ter interesse. Do jeito que
está, não pode ficar. Uma reforma
política hoje é essencial para dar
mais credibilidade aos partidos,
aos programas e às pessoas que
administram esses partidos. Há um
descrédito bastante generalizado
da classe política. Hoje você pode
coligar com A, com B, eu coligo com
você, mas você apoia outro presidente, eu apoio outro governador,
mas para deputado estamos juntos.
Virou uma situação insustentável.
Acho que se não der para fazer uma
reforma total, uma proibição na coligação das proporcionais já faria uma
grande diferença. Os partidos teriam
que fazer um esforço para crescer,
fazer legenda e eleger seus candidatos. Depois a gente pode discutir
voto em lista... Eu sou desfavorável a
voto em lista. Gosto da democracia,
com todos podendo se candidatar,
se inscrever e aquele que tiver melhores condições vai convencer o
partido e depois a população.
Milton Mendes (PT)
A reforma política é extremamente
importante. Desde a questão do financiamento. Como dizem, quem
contrata a banda escolhe a música.
Se existem grandes contribuições,
de grandes empresas, certamente
se condiciona o comportamento
político. Aí não é uma contribuição,
é um investimento para recuperar
depois. O serviço público fica prejudicado. Temos que trabalhar essa
questão da reforma política como
urgência. Seja pelo ponto de vista
dos políticos, como da própria população. Este exercício de votar a cada dois anos está ajudando muito.
A população está mais exigente,
quer políticos mais transparentes.
Temos que valorizar os partidos
políticos, por isso a fidelidade é importante. Temos candidatos aí que já
passaram por cinco ou seis partidos,
não há nenhum compromisso com a
história partidária. Precisamos pensar na questão do plebiscito, porque
o Congresso tem muita dificuldade
de fazer uma reforma política.
Paulo Bornhausen (PSB)
A reforma política precisa começar
por questões que nós aprendemos
ao longo dos últimos anos que não
deram certo. Primeiro, precisa ter
coincidência de mandatos. O Brasil não pode parar, as pessoas não
podem parar de fazer suas coisas,
nem o serviço público, de um em
um ano. Para essa coincidência, eu
estou disponível para encurtar o
mandato de senador, fazer o meu
próprio mandato diminuir para que
haja coincidência. Acredito que cinco anos de mandato seja um bom
termo, sem reeleição. Além disso,
temos que avançar na qualidade
dos políticos. Não é possível exigir
uma política de qualidade, quando
não se tem políticos de boa qualidade. É necessário aprimorar o
Ficha Limpa e todas as legislações
que façam as pessoas de bem estarem dentro da política, em Brasília,
nas Assembleias e nas Câmaras
Municipais. Penso que a reforma
política vai sair. Ela é balizadora das
outras reformas.
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