Lê-nos
Fala de estar
Cristina Sampaio
diz que
não conseguiria viver
sem ler
Nascida em Lisboa no ano de 1960, Cristina Sampaio é uma ilustradora que assina
os desenhos de alguns livros para crianças e também para muitos órgãos de imprensa.
Para além de ter estado ligada ao jornal Público durante muitos anos, onde, entre
outras coisas, fazia mapas, caricaturas, infografias e ilustrava a rubrica «Desafios
de matemática» (experimenta resolver alguns deles nesta página), hoje podes encontra-la semanalmente nas páginas do Expresso. Nesta pequena conversa falou-nos sobre os
livros e os desenhos, sem esquecer os heróis literários da infância.
Sei que quando era pequena gostava
muito de livros de banda desenhada,
sobretudo das aventuras de Tintin. Para
além dele, quais eram os seus heróis
literários preferidos?
O Noddy e a Mafalda.
Quando começou a gostar de desenhar
e quando decidiu que queria fazer disso
uma profissão?
Eu acho que, como qualquer miúdo, sempre
desenhei e sempre gostei de desenhar.
Quando os meus pais começaram a
emoldurar os meus desenhos e a pô-los
na parede, e quando eu comecei a fazer
desenhos (devia ter mais ou menos oito
anos), sempre que havia jantares em casa
dos meus pais e lá iam amigos, eu fechava-me no quarto a seguir ao jantar, a fazer
desenhos que depois dava aos tais amigos. Acho que começou aí a minha ideia de que fazer desenhos
podia ser uma boa profissão.
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Fala de estar
É a ilustradora dos «desafios», uma rubrica com «histórias e problemas de matemática» criados pelo
José Paulo Viana. Quais eram as disciplinas de que mais gostava na escola?
Por acaso a matemática era uma delas. Matemática, português e história eram as minhas três favoritas
e posso dizer que era bastante boa aluna de matemática.
Ilustrou os livros da série «Galo Gordo», onde para além de um galo barrigudo surgem muitos
outros bichos. Se pudesse ter as capacidades de um ou mais animais, quais escolheria?
Eu acho que o meu animal favorito é o cão. É muito vulgar, mas é verdade, sobretudo porque não há um
cão, há imensos, de todas as formas, tamanhos e feitios: são grandes, pequeninos, são de todas as cores,
têm cabeças compridas, achatadas, pelo comprido, pelo curto… Essa riqueza toda que os cães têm
faz-me adorar o cão – para além daquilo que a gente já sabe: são nossos amigos e ótimas companhias.
Quando cria bonecos, que partes lhe dão mais gozo desenhar e por onde costuma começar?
Eu acho que começo sempre pela cabeça, pela cara. Gosto de tudo nas caras: de fazer as expressões,
os narizes, os olhos…
Os seus desenhos são muito trabalhados no computador, mas o que é que acontece antes disso?
Quais são as diferentes fases que percorre para ilustrar um texto?
Começo por fazer um desenho a lápis, em cima de papel – um esboço, um gatafunho, só para ter uma
ideia geral do desenho. Depois passo esse gatafunho para papel vegetal, aperfeiçoando mais o desenho,
digitalizo e uso esse desenho como base, no computador, para desenhar por cima.
A cartografia, ou seja, o desenho de mapas, é outro tipo de trabalho que frequentemente assinava
para livros e jornais. Que tipo de cuidados é preciso ter para fazer bons mapas?
Um mapa é uma coisa rigorosa, se bem que há mapas inventados – uma cartografia imaginada.
Mas os mapas exigem rigor, atenção e normalmente são baseados noutros mapas que já existiam.
Nós não somos propriamente cartógrafos (as pessoas que criam o mapa de raiz), portanto é preciso
uma boa base: quando desenhamos um mapa vamos buscar uma base que seja ela própria rigorosa
e traçamos por cima. Nesse mapa vamos colocar a informação que nos é pedida, que é aquilo que lhe
acrescentamos.
Nunca teve vontade de ilustrar uma história escrita por si?
Não… Não é bem assim. Digamos que já fiz bandas desenhadas escritas por mim, mas histórias infantis
nunca pensei fazer. Pode ser que um dia…
É importante gostar de ler?
Eu acho que não conseguiria viver sem ler. Para mim é um vício, uma paixão… É fundamental ler.
Posso dizer, por exemplo, que acho que não vejo televisão há três ou quatro meses, mas esta semana
e a semana passada li dois livros.
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Cristina Sampaio não conseguiria viver sem ler