As úlceras de pressão
na comunidade
Ana Simões e Diana Matos
Enfermeiras
Com a população cada vez mais envelhecida
e sedentária, a preocupação com as úlceras
de pressão é cada vez mais uma constante
e existem já iniciativas salutares para ajudar
familiares/cuidadores.
Segundo as guidelines da EPUAP e da
NPUAP: “Uma úlcera de pressão é uma lesão
localizada da pele e/ou tecido subjacente,
normalmente sobre uma proeminência óssea,
em resultado da pressão ou de uma combinação entre esta e forças de torção. Às úlceras
de pressão, também estão associados factores
contribuintes e de confusão, cujo papel ainda
não se encontra totalmente esclarecido”.
Idosos, doentes terminais e pessoas que por
motivos clínicos padecem de um período de
imobilidade, estão mais suscetíveis ao surgimento de úlceras de pressão.
Este tipo de lesão surge mais frequentemente
a nível da região sacrococcígea, trocânteres,
calcanhares e maléolos devido à maior pressão
a que estas zonas estão sujeitas, interrompendo assim o fluxo sanguíneo e a respectiva
oxigenação dos tecidos.
Existem vários fatores que contribuem para o
aparecimento deste tipo de lesões, os individuais: idade, imobilidade, estado nutricional,
desidratação, peso corporal, incontinência
urinária e fecal e a perfusão tecidular. E os
ambientais: pressão, fricção, torção, humidade, temperatura e a exposição a produtos
químicos (urina, fezes, produtos inadequados
para a pele).
O tratamento destas feridas é muito mais
complexo do que a sua prevenção, além dos
encargos económicos que acarreta. Sendo
também responsável pelo prolongamento de
tempos de internamento em hospitais e unidades de cuidados continuados, estas podem
ser dolorosas e pôr em risco a vida do utente.
Como prevenir é prioritário, é essencial a
inspeção diária, proteção e hidratação da pele
das pessoas em risco.
O estado de subnutrição, é um dos fatores de
risco que deve ser superado, através de uma
dieta adequada, rica em proteínas e vitaminas,
se necessário recorrendo a suporte nutricional
suplementar.
As pessoas em risco de desenvolver úlceras de
pressão, devem ser posicionadas frequentemente (mesmo sentadas), por forma a reduzir
a duração e a magnitude da pressão exercida
sobre as áreas vulneráveis do corpo, considerando a condição da pessoa e das superfícies
de apoio utilizadas.
Existe uma grande oferta de superfícies de
apoio que ajudam à prevenção: colchões,
almofadas, entre outros, que permitam a
redistribuição da pressão e adequadas às
necessidades da pessoa.
A ferida deve começar a ser tratada assim que
surgem os primeiros sinais de inflamação.
Pode ser necessário recorrer aos recursos da
comunidade (através de equipas multidisciplinares no centro de saúde, hospital ou
unidades de cuidados continuados integrados), à utilização de várias técnicas e pensos,
à medida que as condições da ferida mudam
e os resultados não se obtêm diariamente,
requerendo muito tempo. Daí que a nossa
preocupação deve residir na prevenção!
Bibliografia
European Pressure Ulcer Advisory Panel and
National Pressure Ulcer Advisory Panel. Prevention
and treatment of pressure ulcers: quick reference
guide. Washington DC: National Pressure Ulcer
Advisory Panel; 2009.
Rocha, Marília João et al, Feridas uma arte secular:
avanço tecnológico no tratamento de ferida. Coimbra:
MinervaCoimbra, 2000.
O que fazer
para prevenir
o aparecimento da
úlcera de pressão?
Mudança frequente de posição: o alívio
de pressão é a medida preventiva mais
importante. O método tradicional e
mais eficaz para o conseguir é o estabelecimento de um esquema de mudança
frequente da posição do doente.
• Se o doente acamado puder colaborar,
deve-se incentivar a mobilização com
uma frequência de 20 a 30 minutos;
• Se o doente estiver sentado, recomenda-se o alívio de pressão sobre as nádegas, de 15 em 15 minutos, mediante
uma curta suspensão sobre os braços;
• A maior parte dos autores defende uma
mudança de posição de qualquer doente
acamado, com um intervalo máximo
de duas horas, pelo menos até que
se demonstre tolerância para intervalos
maiores, o que pode ser conseguido com
a ajuda de acessórios anti escaras.
Por outro lado, devem-se realizar periodicamente exercícios passivos e ativos
para reduzir a estase, edemas e contraturas consequentes da diminuição da
atividade muscular.
De igual modo, é de encorajar a deambulação precoce que preserva o tónus
muscular, melhora a circulação e sobretudo evita a pressão prolongada em áreas
de maior risco.
Para evitar a fricção e as forças de deslizamento, é necessário utilizar uma técnica
correta para posicionar e transferir o
doente.
Enfermagem e o Cidadão • SRCOE • 11
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