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OS EFEITOS DAS MICROCORRENTES NO REPARO DE ÚLCERAS
DÉRMICAS – UMA REVISÃO DE LITERATURA.
The Effects of Microcurrent on of Dermo Ulcers Repair - a Review of Literature.
Ana Paula Rodrigues de Almeida1
Ivelise Meirelles Douat2
Mariana Ribeiro de Paula3
RESUMO
A eletroterapia é uma área de atuação da fisioterapia utilizada para o tratamento de diversas
disfunções, seqüelas e patologias, se encontra em constante avanço tecnológico, com o
desenvolvimento de estudos, pesquisas e novos empregos para seus recursos. O presente
trabalho reúne um estudo de pesquisa em revisão literária, junto a diversos autores, procura
verificar os efeitos obtidos no emprego da eletroterapia e na aplicação das microcorrentes na
reparação de úlceras dérmicas. Nessa pesquisa estão reunidos autores que datam de 1968 até
os dias de hoje, discorrendo sobre inúmeros estudos aplicados. Como resultado essa revisão
literária procura evidenciar a eficácia da utilização da eletroterapia, mais especificamente as
microcorrentes, no reparo de úlceras dérmicas de diferentes etiologias. Entre os resultados
aqui apurados estão a ativação biológica das células, o balanço de seu potencial elétrico e a
restauração da normalidade fisiológica nos tecidos lesados, através da aplicação da
eletroterapia na sua reparação. A grande maioria dos estudos aqui relatados conseguiu obter
uma significativa melhora no reparo das úlceras estudadas, tanto na diminuição do volume
das feridas como na obtenção de sucesso significativo em sua resolução. Sugerindo a
continuidade desse estudo indica-se que se façam novas pesquisas experimentais e
qualitativas, para que se possa verificar, cada vez mais, a atuação e possível eficácia das ações
da aplicação das microcorrentes no reparo de diferentes tecidos do corpo humano.
Palavras chave: Eletroterapia; Microcorrentes; Úlceras Dérmicas.
ABSTRACT
The electrotherapy is an area of performance of physiotherapy used to the treatment of
various disorders, sequelae and pathologies, is in constant technology advance, with the
development of studies, research and new uses for its resources. The present work make up a
research study on literature review, along with many authors; try to verify the results
obtained in the use of electrical stimulation and the application of microcurrent in the repair
of dermal ulcers. In this survey are gathered authors dating from 1968 to the present day,
discussing about numerous applied studies. As a result, this literature review seeks to
highlight the efficacy of the use of electrotherapy, microcurrent more specifically, on the
repair of dermal ulcers of different etiologies. Among the results established here are the
biological activation of cells, the balance of its electrical potential and the restoration of
physiological normality in the damaged tissue through the application of electrotherapy for
1
Fisioterapeuta, Discente de curso de pós-graduação em Dermato Funcional do Instituto Brasileiro de Therapias
e Ensino – IBRATE.
2
Fisioterapeuta, Esteticista, Professora da Hórus Cursos Ltda.
3
Fisioterapeuta, Docente do curso de pós–graduação em Dermato Funcional do Instituto Brasileiro de Therapias
e Ensino – IBRATE.
Endereço para contato: Rua João Assef, 875 - Araucária-Pr
E-mail: [email protected]
Telefone: (41)9925-5360
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on its repair. The great majority of studies reported here achieved a significant improvement
in the repair of the studied ulcers, both in reducing the volume of wounds as in obtaining
significant success in its resolution. Suggesting the continuity of this study is indicated the
making of new experimental research and qualitative, so so that it can be verify, increasingly,
the action and possible effectiveness of the application action of microcurrent in the repair of
different tissues of the human body.
Key words: Electrotherapy; Microcurrent; Dermal ulcers
INTRODUÇÃO
A Fisioterapia é uma profissão bastante nova, mas muitos relatos demonstram que a
utilização de suas técnicas, como a eletroterapia, sempre foi aplicada, de maneira bem ampla,
no tratamento de problemas de saúde diversos, em diferentes locais do mundo, por muitos e
muitos séculos passados. (1)
Luigi Galvani aparece como um dos primeiros fisiologistas a investigar as correntes de
excitação nervosa, utilizadas em tratamentos no corpo humano. Em 1791 publicou o tratado
De Viribus Electricitatis im Motu Muscularis (sobre a ação da eletricidade no movimento
muscular). Com a descoberta do fenômeno da indução por Faraday em 1831, surgiu a
possibilidade de estimular músculos e nervos com correntes elétricas alternadas. (2)
Guirro e Guirro (3) descrevem que a polaridade dos tecidos que não possuem
contratilidade tem sido documentada nas últimas décadas. Todas as funções e atividades
funcionais do corpo humano envolvem, de alguma forma, a eletricidade. Sobre as
propriedades elétricas dos tecidos Kitchen (4), afirma que o osso pode ser considerado um
exemplo típico de um tecido que desenvolve potenciais do tipo piezoelétrico quando é
deformado.
Existem muitos estudos controlados sobre o uso da estimulação elétrica e a
cicatrização de tecido ósseo, de úlceras e de feridas. Hoje, correntes elétricas exógenas são
usadas na prática clínica para facilitar a cicatrização de diferentes tecidos, inclusive de fusões
ósseas e fraturas que não se consolidam. A corrente mais comumente utilizada tem sido a
corrente direta ou constante ou a corrente direta pulsada. (5)
No presente trabalho há um relato de casos e estudos realizados na área de tratamento
de úlceras dérmicas por meio da eletroterapia, com a utilização das microcorrentes sendo
aplicada aos casos em diversas pesquisas. Há também relato da ação da eletricidade biológica,
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das propriedades elétricas dos tecidos, da descrição das microcorrentes, seus efeitos
fisiológicos e terapêuticos, sua utilização no reparo tecidual.
Esse trabalho se justifica pela importância do conhecimento e divulgação dos estudos
nessa área, no auxilio e na base sólida que isso pode fornecer ao profissional fisioterapeuta
que trabalha com a eletroterapia. O objetivo do mesmo foi o de reunir, em uma obra só, os
principais estudos divulgados sobre o assunto microcorrentes, utilizadas no reparo das úlceras
dérmicas, bem como verificar a eficácia de sua ação.

MATERIAIS E MÉTODOS
O presente trabalho trata-se de uma pesquisa bibliográfica, qualitativa, exploratória,
desenvolvida com base em material já elaborado, constituído de teses, dissertações,
monografias, livros, publicações, anais de encontros científicos, artigos científicos,
documentos eletrônicos e impressos diversos de terceiros. (6)
Para viabilizar a realização deste procedeu-se um levantamento de dados, informações,
materiais, apontando e explorando o tema desenvolvido. Sendo assim, seu desenvolvimento
seguiu fases que vão da escolha do tema, levantamento bibliográfico, elaboração do plano
provisório de assunto, a tomada de apontamentos e construção lógica do trabalho. Vê-se que a
principal vantagem em realizar uma pesquisa bibliográfica, segundo cita Gil, (6), ―(...) reside
no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla
do que aquela que poderia pesquisar diretamente‖.
DISCUSSÃO
A Fisioterapia iniciou-se no Brasil com a criação, no final do século XIX, do Serviço de
Eletricidade Médica e Hidroterapia na cidade do Rio de Janeiro – a Casa das Duchas.
Posteriormente surgiram serviços de Fisioterapia no Hospital de Misericórdia do Rio de
Janeiro, no Hospital central da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e no Hospital das
Clínicas de São Paulo. O médico e professor Raphael de Barros fundou, em 1919, o
Departamento de Eletricidade Médica na Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo. (7)
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Alessandro Volta analisando o experimento de Galvani, em que este investigou as
correntes de excitação nervosa, pesquisou a produção de eletricidade por meio químico e, em
1800 construiu a primeira pilha elétrica. (2)
O corpo humano é formado por pequenas partículas chamadas átomos que são a menor
partícula da matéria e tem cargas elétricas, encontrando-se subdivididos em:
o Prótons, que são as cargas positivas
o Elétrons, que são as cargas negativas
o Nêutrons, que não possuem carga elétrica
Ficam assim dispostos: no núcleo central, ou núcleo atômico, estão os prótons e
nêutrons. Ao redor do núcleo orbitam os elétrons. O movimento gerado entre o núcleo
atômico e os elétrons livres de cada material é realizado de forma aleatória e caótica, isto é,
sem que haja uma direção definida. É o fluxo ordenado de elétrons que irá produzir diferença
de potencial (d.d.p.) entre os extremos de um condutor. D.d.p. é a força eletromotriz (fem),
disponível para produzir o movimento de uma corrente elétrica, ou seja, a força que faz com
que os elétrons sejam movidos (8); ou ainda para Prentice (9), a diferença de potencial é a
diferença entre potencial alto e potencial baixo. Os elétrons tendem a fluir de áreas de
concentração mais alta para áreas de concentração mais baixa. A diferença de potencial deve
existir se houver algum movimento de elétrons.
Quando, devido a um processo externo, gera-se uma força elétrica que os obriga a
executarem um movimento em direção ordenada, que se sobreponha ao caótico,
denominamos esse fluxo ordenado de elétrons livres de corrente elétrica. (8)
ELETRICIDADE BIOLÓGICA
Estudar e obter o conhecimento dos fenômenos elétricos no corpo humano é importante
para uma melhor compreensão dos complexos processos físicos e químicos que caracterizam
a vida. (3,10)
Em termos elétricos, as células têm a grande vantagem de serem muito compactas,
com vias de condução extremamente curtas de cerca de 10-20 nanômetros (1 nm = 1O"9 m),
porém, novamente, têm algumas desvantagens importantes no funcionamento comparadas
com a circuitaria elétrica e eletrônica normal (4).
Os principais componentes usados pela célula são membranas, bombas de íons e canais
de difusão. As membranas celulares têm 5-7,5 nm de espessura e são compostas de um
conjunto altamente móvel, porém denso, de moléculas proteolipídicas arranjadas em uma
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camada dupla, e suas caudas lipídicas formam uma zona central que é resistente à passagem
de eletricidade e pode funcionar como um isolante (4). A membrana plasmática forma a
superfície divisória da célula e as membranas intracelulares envolvem cada uma das organelas
celulares, com uma membrana dupla em torno do núcleo. As membranas celulares apresentam
permeabilidade seletiva aos íons, sendo relativamente impermeáveis aos íons Sódio (Na+) e
mais permeáveis aos íons Potássio (K+); desse modo, os dois íons são separados em
diferentes concentrações de carga, ficando a superfície externa da membrana, como na
membrana plasmática, relativamente mais positiva que a superfície interna, pois a densidade,
ou número, de íons Na+ e outros cátions por unidade de área é maior na superfície externa do
que a densidade de íons K+ revestindo a superfície interna. Essa separação de cargas resulta
em uma d.d.p., média de 80 milivolts (mV) através da membrana, com a superfície interna
sendo relativamente negativa em comparação com a superfície externa. (4).
Os nervos e os músculos são compostos de células excitáveis porque são capazes de
disparar potenciais de ação. Antes de disparar, a membrana excitável tem um potencial de
repouso entre -60 a -90 mV devido à diferença de concentração e permeabilidade aos íons
Na+ e K+ através da membrana. Durante o potencial de ação, a permeabilidade,
principalmente ao Na+ e também ao K+, aumenta momentaneamente e há uma rápida inversão no potencial da membrana. A estimulação elétrica da membrana da célula nervosa ou
muscular pode disparar potenciais de ação. Para que esse disparo ocorra, é necessário um
estímulo com amplitude e duração que ultrapassem o limiar. (5).
PROPRIEDADES ELÉTRICAS DOS TECIDOS
Nos últimos quinze anos a eletroterapia obteve uma evolução sempre acompanhada
pelo desenvolvimento de novas tecnologias (8). Os profissionais atuantes nesta área mudaram
seu modo de pensar, passando a adotar níveis mais baixos de eletroestimulação, seguindo a
teoria de Arndt e Schultz4 de 1985, que afirma ―estímulos de baixa intensidade estimulam a
atividade fisiológica, enquanto estímulos altos podem inibir ou até mesmo abolir esta
atividade‖; teoria esta compartilhada e comprovada no trabalho de Cheng, Van Hoff e Bockx
(11), realizado para obter a comprovação da mesma.
4
Teoria de Arndt e Schultz: Nenhuma reação ou mudança pode ocorrer nos tecidos corporais se a quantidade de
energia absorvida for insuficiente para estimular os tecidos absorventes. Muita energia absorvida em
determinado período de tempo pode prejudicar seriamente a função normal. Se intensa o suficiente pode causar
dano irreparável. (9).
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Muitos termos são utilizados para referir a terapia com microcorrentes, portanto essa
pode ser encontrada com nomenclaturas diversificadas, visto que, esta é a classe mais recente
de eletroestimulação a se tornar comercialmente disponível no mercado (3,9); Ainda segundo
as afirmações de Prentice (9) o ponto mais importante a ser enfatizado é que as correntes
geradas por esses aparelhos não são substancialmente diferentes das demais em eletroterapia,
ou seja, a microcorrente possui direção e ambas as formas de onda. CA e CC estão
disponíveis (12), tendo também duração de pulso, freqüência e amplitude como uma corrente
galvânica comum, por exemplo.
O diferencial da microcorrente com as demais correntes elétricas, empregadas em
fisioterapia atualmente, é sua graduação de intensidade em microampéres, conforme segue.
Tabela 1 Prefixos Métricos Utilizados em Eletricidade
Refixo
Símbolo
Valor
Mega
M
1 000 000
Kilo
K
1 000
Mili
m
0,001
Micro
µ
0,000 001
Nano
n
0,000 000 001
Pico
p
0,000 000 000 001
Fonte: GUSSOW, M. 1985, Pág. 21. (13)
Os equipamentos de microcorrentes especificamente são projetados para imitar e
ampliar os sinais bioelétricos minuciosos do corpo humano. Estes equipamentos atuam
realizando um trabalho nas células criando um canal que veicula a corrente elétrica para poder
propiciar a compensação da diminuição da corrente bioelétrica disponível para o tecido
lesionado. Isto aumenta a habilidade e propicia condições biológicas ideais ao corpo para
poder transportar nutrientes e resíduos metabólicos das células na área afetada.
(10,11,14,15,16).
Com a descoberta da teoria dos semicondutores, a qual determina que estão entre um
isolante e um condutor de carga elétrica, e transportam pequenas cargas de corrente elétrica
(microcorrente e nanocorrente), conduzindo esta a longas distâncias, compreendemos o
transporte de carga no corpo humano, que antes de 1930 era obscuro (10).
As proteínas constantes dos tecidos no corpo humano são semicondutores e as
moléculas formadoras da matriz viva são também semicondutores. Uma das grandes
descobertas realizadas em estudos foi a teoria dos semicondutores aplicada aos tecidos
biológicos (2). E, através dessa teoria é possível compreender que ocorrendo a geração de
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uma corrente na área da lesão, no corpo, esta corrente é conduzida via célula de Scwhann e
célula glial, que envolvem neurônios, deste modo ativando a reparação tecidual (17). O
colágeno, a proteína mais comum no organismo, pode se comportar como um semicondutor.
(2,18)
―A corrente de lesão‖ 5, os potenciais gerados pelo estresse, a estimulação do
metabolismo da célula e os campos bioelétricos conduzindo o crescimento são eventos
naturais que a estimulação de baixa intensidade pode ampliar, estimular ou substituir
artificialmente. (2,9)
Segundo Ruiz-Silva (2), durante a primeira etapa ocorre a ionização dos átomos de
hidrogênio que foram removidos dos substratos alimentares. Os elétrons que são removidos
dos átomos de hidrogênio entram então na cadeia de transporte de elétrons. Durante o
transporte desses elétrons ocorre a liberação de energia que é utilizada na síntese de ATP.
Esse processo gera uma elevada concentração de íons positivos na membrana externa da
mitocôndria e de íons negativos na membrana interna (19,20).
O ATP é um fator essencial no processo de cura. Grande quantidade de ATP, a principal
fonte de energia celular (19), é requerida para controlar funções primárias como o movimento
dos minerais vitais, como sódio, potássio, magnésio e cálcio, para dentro e para fora das
células. Isto também sustenta o movimento dos resíduos para fora da célula (21). Tecidos
lesionados têm resistência elétrica mais alta e também são pobres em ATP. Como
mencionado anteriormente, quando um músculo ou tecido experimenta um trauma, a
passagem da corrente bioelétrica é obstruída (10,16), resultando em impedância elétrica. A
impedância elétrica causa uma redução no suprimento sanguíneo, oxigênio, e nutrientes para
o tecido, conduzindo a espasmos teciduais (10). A circulação diminuída causa um acúmulo de
resíduos metabólicos, resultando em hipóxia local, isquemia, e metabólitos nocivos que levam
à dor (21). Quando isto ocorrer, é sinal que a produção de ATP está reduzida. Os impulsos
elétricos do corpo precisam de uma corrente necessária para superar a barreira de impedância
5
Corrente de Lesão: Quando ocorre uma perda da continuidade do tecido superficial, ocorre uma alteração
elétrica, chamada de corrente de lesão por Matteuci,1830; Dubois-Reymond, 1843 e Barker, 1980 (2). Teoria
esta que é reinterpretada por Becker e Murray (22), que relatam que a polaridade do tecido reverte após a lesão.
Esta teoria da "corrente de lesão" propõe que as lesões são inicialmente positivas com relação ao tecido
circundante e, que essa polaridade positiva dispara o inicio do processo de reparo. Mantendo-se essa polaridade
positiva ocorrerá o incentivo à cicatrização. Se a cicatrização de uma ferida está mediada por sinais elétricos,
então se pode esperar que a exposição dessa lesão à estimulação elétrica permita que ocorra a alteração do
processo de cicatrização/reparo (23). Becker (24) demonstrou existir um gatilho que estimula através da
eletricidade endógena o processo curativo, o crescimento e a regeneração em todos os organismos vivos,
recuperando a lesão, através da resposta vinda de um sistema de controle elétrico o qual vai se tornando menos
eficiente à medida que envelhecemos.
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inerente ao tecido traumatizado (16). Isto também resulta em um obstáculo da própria
habilidade do corpo para começar o processo curativo, até o tecido se recuperar
substancialmente do trauma (10, 11, 14, 21).
EFEITOS TERAPÊUTICOS
Os efeitos terapêuticos das microcorrentes podem ser relacionados com a analgesia, a
aceleração do processo de reparação tecidual, o aumento da osteogênese, efeito antiedematoso
e bactericida. (8)
As vantagens do Uso de Microcorrentes, em Comparação com Outros Métodos, podem
ser relacionadas como: (8)
1. Método biologicamente compatível: sinal elétrico nivelado ao do organismo;
2. Método não invasivo: não se utilizam agulhas, não se perfura a pele;
3. Método subsensorial: não causa desconforto ao paciente;
4. Não atua contra qualquer tratamento utilizado concomitantemente;
5. Possibilidade de manutenção dos resultados obtidos;
São poucas as contra indicações das microcorrentes, e a grande maioria dessas são
consideradas contra indicações relativas. (12,18)
Nas contra indicações, consideradas como absolutas, os referidos autores relatam a
aplicação em pacientes com osteomielite e também em pacientes que estejam referindo dores
de origem desconhecida.
Pode haver a ocorrência de alergia ou irritação à corrente elétrica, principalmente
quando se fizer o uso de microcorrentes na modalidade de corrente contínua. Ainda é
considerada uma contra indicação relativa, a que direciona a aplicação em relação a útero
gravídico, pois a excitação elétrica poderia afetar, teoricamente, os sistemas de controle
endócrinos. Caso haja aplicação no eixo do marcapasso, poderá ocorrer influência em seu
funcionamento. (18)
A mobilidade celular chamada galvanotaxia, é a locomoção celular guiada
eletricamente — a atração de células pelo ânodo ou pelo cátodo. Aparentemente, as células
podem ser estimuladas a migrarem direcionalmente sem habituação. Em torno de 20 a 40 μA,
a galvanotaxia aumenta para 95% a 97%, com os leucócitos dirigindo-se mais em direção ao
pólo positivo quando em 60 μA. Fukushima et al (5), estudaram esse fenômeno colocando
leucócitos humanos em uma corrente de 60 μA (com uma força de campo estimada em 10 a
20 mV/mm). Em sapos e ratos, os leucócitos também se agregaram ao redor do ânodo.
10
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Entretanto, quando uma reação inflamatória era eliciada, as células se agregavam
preferencialmente no cátodo. Em 80 a 90 μA, há uma diminuição da galvanotaxia.
Microcorrentes de alta densidade ou de alta amplitude e baixa voltagem podem ser usadas
para destruírem tecidos e devem ser evitadas na cicatrização de feridas.
Gentzkow e Miller (25) reviram vários estudos adicionais envolvendo fibroblastos,
incluindo o trabalho de Bassett, Land e Hermann (26) onde é demonstrado que ocorriam
aumentos de 20% na síntese de ácido desoxirribonucléico (DNA) e na síntese de colágeno (de
até 100%) quando os fibroblastos eram expostos aos campos elétricos de CD. Sugeriu-se que
a proliferação celular é modificada pela estimulação com Microcorrentes. Se a taxa de
proliferação é lenta demais, pode-se induzir ao aumento e, por outro lado, se a taxa for alta
demais, pode ocorrer uma regulação contrária, onde ocorre redução da taxa proliferativa (27).
Já em outro estudo conseguiu-se demonstrar alguns efeitos fascinantes da estimulação elétrica
(1 Hz, 2 V/cm) na migração de macrófagos humanos, onde a estimulação parece haver
alterado o comportamento migratório das células. As células não migram mais rapidamente,
mas seu movimento se torna menos aleatório, muito mais organizado. (28)
MICROCORRENTES NA CICATRIZAÇÃO DE ÚLCERAS
Assimacopoulos (29) publicou o primeiro estudo humano usando CD contínua de baixa
intensidade para cura de ferida. Ele documentou a cura completa em três pacientes com
úlceras crônicas na perna, devido à estase venosa, depois de seis semanas de terapia elétrica,
onde o resultado obtido foi um denso tecido conectivo rico em fibras colágenas hialinizadas e
dispostas em paralelo. Um ano depois, Wolcott et al (30) publicaram o seu trabalho,
freqüentemente citado na história como o protocolo do ―Carpinteiro de Rodas‖, de cura de
ferida através de estimulação elétrica. Eles usaram correntes diretas de 200-1.000
microampéres em 67 pacientes. Gault e Gatens (31) repetiram o trabalho de Wolcott e seu
protocolo de ―Carpinteiro de Rodas‖ em 76 pacientes adicionais com 106 úlceras isquêmicas.
Rowley, Mckenna e Wolcott. (32) estudaram um grupo de pacientes que possuíam 250
úlceras isquêmicas de vários tipos. Estes incluíram 14 úlceras de controle simétricas. As
úlceras eletricamente estimuladas tiveram uma aceleração quádrupla em resposta curativa
comparada aos controles. Carley e Wainapel (33) executaram um dos únicos estudos neste
assunto publicado com igual protocolo ativo e controle de grupos. Todos estes estudos
documentaram uma cura acelerada e significante através de estimulação elétrica. (34).
11
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Segundo Guirro e Guirro (3), esse fato pode ser retificado também no estudo, já citado,
de Gault e Gatens, os quais acompanharam 106 pacientes com úlceras isquêmicas,
conseguindo resultado satisfatório. Outros estudos, ainda, documentaram significativa
aceleração do reparo de diversos tipos de úlceras indolentes, mediante estimulação elétrica,
inclusive em úlceras contaminadas por bactérias, ocasionando a esterilização destas mediante
a utilização da microcorrente por alguns dias. ―Pode-se concluir, então, que além dos efeitos
encorajadores sobre a cicatrização das úlceras, ouve uma ação bactericida associada à
aplicação inicial de corrente negativa a ferida‖. (3).
Em outro relato Nelson, Hayes e Currier (5), discorrem sobre um estudo realizado por
Barron et al em seis pacientes com úlceras de pressão que foram tratados três vezes por
semana durante três semanas, num total de nove tratamentos com estimulação por
microcorrente. A forma de onda relatada foi uma onda quadrada bifásica modificada;
entretanto, suas características não estavam claras, bem como qual polaridade (positiva ou
negativa) foi utilizada. O tratamento foi aplicado com 600 μA e 50 V (0,3 W) e 0,5 Hz a 5,0
Hz. Os eletrodos foram colocados a 2 cm da borda da úlcera e aplicados em movimentos
circulares ao redor dela. Cada localização sucessiva estava a 2 cm da anterior. Nesse pequeno
estudo, duas úlceras cicatrizaram 100%; três 99%; e uma diminuiu de tamanho em 55%.
OS referidos autores também discorrem sobre o estudo de Gentzkow et Al., Gentzkow e
Miller e de Feedar et Al (5), que durou quatro semanas, onde foram estimuladas 21 úlceras de
pressão com MENS, 19 com placebo. Observaram nos resultados que as úlceras estimuladas
com MENS cicatrizaram mais do que o dobro daquelas que receberam placebo, obtendo essa
cicatrização uma taxa de 12,5% por semana em comparação a 5,8% do grupo placebo. O
cruzamento dos resultados para 15 úlceras tratadas contra 19 úlceras do grupo placebo,
evidenciaram um ganho quádruplo na cicatrização. Essa diferença foi significativamente
relativa.
Gentzkow e Miller (25), também publicaram um estudo sobre úlceras de pressão
tratadas com MENS em 61 pacientes. A fase de tratamento do estudo foi precedida por uma
de controle de quatro semanas de cuidados ótimos, sem estimulação elétrica. Após outras
quatro semanas da fase de tratamento, 58,8% das feridas melhoraram na severidade. Após
uma média de 8,4 semanas, 23% das úlceras cicatrizaram completamente, e 82% melhoraram
significativamente.
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DÉRMICAS – UMA REVISÃO DE LITERATURA.
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Já em estudos que se utilizavam os efeitos das correntes elétricas com animais podemos
destacar o trabalho experimental de Alvarez et al. (35), em que usou um porco como modelo e
compararam os efeitos da estimulação com CD, estimulação simulada e ausência de
tratamento em feridas de pele que foram avaliadas quanto à reepitelização e síntese de
colágeno. Eles encontraram resultados que indicam que o conteúdo de colágeno aumentou no
grupo de estimulação com CD e ocorreu uma cobertura epitelial mais rápida no grupo de
tratamento, se comparado com os grupos simulados e sem tratamento. Nos referidos
experimentos, o eletrodo da ferida era positivo, com a colocação de uma placa de eletrodo
dispersivo (negativo) a alguma distância da lesão. Já em seu trabalho, Reger et al. (36),
efetuaram uma comparação, visando a eficácia da estimulação de microcorrentes com CD e
CA em uma condição controlada de úlceras de pele experimentais de um modelo de porco.
Verificou-se que, tanto a estimulação com CA, quanto com CD, indicaram resultados em que
houve redução no tempo de regeneração em comparação com a condição controle, mas o
grupo com CD demonstrou a redução mais rápida na área da ferida e o da estimulação com
CA foi o que demonstrou a redução mais rápida no volume da ferida.
Outro destaque para estudos comparativos em eletroterapia é o de Simões (40) em que
efetua a comparação da aplicação da terapia a laser de baixa potencia e da estimulação elétrica
com microcorrentes sobre processos de cicatrização de feridas de pele, realizado com 45 ratos
machos Wistar. Foram divididos em 3 grupos: 1 grupo de tratamento com laser He-Ne na
dose de 4 J/cm²; 1 grupo de estimulação elétrica com intensidade de 100µA; e 1 grupo
controle em que os ratos receberam injeções diárias de Diclofenaco de Sódio 3mg/Kg. A
conclusão final do estudo foi de que a estimulação elétrica com microcorrentes e o Laser são
eficientes no processo de reparo tecidual.
Em um estudo realizado por Pizano,(37) para tratar úlceras cutâneas crônicas de origem
venosa, com existências variando de 2 a 35 anos, foi aplicada Estimulação Elétrica de Alta
Voltagem – EEAV, durante um período de 30 minutos, 2 vezes por semana, por 5 semanas,
com parâmetros de 100V, 100 Hz, eletrodo ativo no pólo negativo, estando o eletrodo
dispersivo (positivo) há uma distância de 20 cm do ativo. Como resultado obtido, 90% das
úlceras tratadas apresentaram diminuição de tamanho, podendo-se concluir que a EEAV é um
método eficaz no tratamento de úlceras venosas crônicas.
Silva et al.(38), procurando reaplicar o protocolo de tratamento de Pizano, (37), efetuou
um estudo com 15 pacientes voluntários, possuidores de 19 úlceras, divididos em dois grupos:
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1 grupo recebeu eletroestimulação de alta voltagem por 30 minutos, 2 vezes semanais, durante
5 semanas, com parâmetros de 100V, 100Hz e eletrodo ativo no pólo negativo, com
dispersivo há 20 cm de distância do ativo. E o outro grupo (controle) recebeu terapia
convencional de curativos. As úlceras avaliadas em pré-tratamento possuíam um tamanho
médio de 21,2cm e 17,8cm nos dois grupos tratados. No grupo tratado com EEAV, ao final do
tratamento, houve uma redução média de 41,1% no tamanho das úlceras, enquanto que no
grupo do tratamento convencional a redução foi de 4,67%.
Em estudo realizado com 13 pacientes para receber EEAV em úlceras venosas crônicas,
em sessões de terapia com duração de 60 minutos, 3 vezes por semana, durante 3 meses, Pires
(39) obteve como resultado a cicatrização total da ferida em 4 pacientes, a redução
significativa em outros 6 pacientes, enquanto que em 3 elas aumentaram.
Através de todos esses relatos, constatamos que em estudos clínicos há três abordagens
principais para o uso da estimulação elétrica, embora as diferenças dentro de cada grupo
tornem as comparações diretas entre os estudos praticamente impossíveis. As principais
abordagens são:
 Uso de corrente direta de baixa intensidade (LIDC)
 Uso de LIDC pulsada
 Uso de estimulação galvânica pulsada de alta voltagem (high-voltage pulsed galvanic
stimulation (HVPGS) - também conhecida como corrente pulsada de alta voltagem
(HVPC)).
Um dos primeiros relatos, entre os mais recentes envolvendo o uso de LIDC, também
foi efetuado por Assimacopoulos (29) que tratou com estimulação por microcorrentes com
CD úlceras crônicas, em membros inferiores, que tinham resistido a todas as formas prévias
de terapia. As úlceras foram tratadas com estimulação com polaridade negativa e correntes
com intensidade de até O,1 mA. Foi relatada a regeneração completa em 6 semanas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar de a fisioterapia ser uma profissão bastante nova, podemos ver que as práticas
fisioterápicas datam de muito tempo atrás, milhares de anos antes de Cristo, por todos os
cantos do mundo.
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OS EFEITOS DAS MICROCORRENTES NO REPARO DE ÚLCERAS
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Sua importância, por meio do uso constante e aplicação através dos séculos, levaram ao
aperfeiçoamento das técnicas e recursos, seguindo os passos da evolução da humanidade.
Através da utilização da eletroterapia desenvolveram-se métodos fisioterapêuticos
aperfeiçoados. Esse ponto se revela uma habilidade de referencial na fisioterapia, sendo marca
identificadora do símbolo profissional. Campo esse da fisioterapia que permanece em
constante crescimento, baseando-se em estudos e pesquisas anteriores, publicados e
reconhecidos, que se tornam referências, devido a sua credibilidade e eficácia.
Considerando-se os autores, que embasaram esta pesquisa, pode-se afirmar que as
correntes elétricas, sendo aplicadas aos tecidos, necessitam de uma classificação de correntes
terapêuticas. Elas são divididas em dois grupos: o de CC ou diretas e o de CA, que pode
englobar as clássicas, as quais possuem o fluxo igual em duas direções, ou as assimétricas, em
que este é diferente. Há também uma terceira classificação, que é a Corrente Pulsátil, mas
essa é de um fluxo interrompido que contém uma das duas formas de correntes anteriores: as
CC ou CA.
O estudo da ação dessas correntes em modalidade terapêutica leva em consideração o
conhecimento prévio, embasado na credibilidade de estudos seculares, de que a condução
elétrica nos sistemas biológicos altera eventos fisiológicos e patológicos do organismo.
Nos relatos dos diversos autores do presente trabalho, percebe-se a comprovação do fato
de que a estimulação com as Microcorrentes encontram o princípio de eletromedicina de
Arndt & Schultz, determinante de que na eletroestimulação com baixa intensidade ocorre o
aumento do metabolismo, e com maior intensidade ocorre a diminuição dele ou abolição de
atividade celular, e comprova também os estudos de Cheng, Van Hoff e Bockx (11) que
concluem: ―correntes elétricas de baixa intensidade (microampéres) produzem o aumento do
ATP da ordem de 500%, com aumento no transporte de membranas e síntese de proteínas,
aumento da circulação sanguínea arterial, venosa e linfática‖.
Verifica-se, neste trabalho de pesquisa literária, através de suas diversas fases de
elaboração e seleção de materiais, que as Microcorrentes podem se aplicar a qualquer
modalidade de estimulação elétrica que produza Correntes Contínuas ou Pulsadas, sua
diferenciação reside em uma amplitude máxima de amperagem, a qual chega até 1.000 μA.
Inúmeros autores citados são unânimes em afirmar, e se pode verificar isso, nos relatos e
registros de seus estudos comprobatórios, que há eficácia terapêutica da aplicação das
Microcorrentes em ativar a célula biologicamente e, assim, balancear o seu potencial elétrico,
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promovendo a restauração da normalidade fisiológica nos tecidos lesados, melhorando sua
regeneração. Também se pode concluir que o processo de reparo é mediado, em parte, por
sinais elétricos e, com isso, a exposição artificial a esses sinais pode sim alterar o processo de
reparação, favorecendo-o, tanto em humanos quanto em animais.
Os efeitos terapêuticos obtidos, nos estudos aqui relatados, parecem serem compatíveis
totalmente com os que ocorrem nos pólos positivo e negativo da corrente galvânica. Nas
diferentes fases dos processos de reparação tecidual sobressai a lógica no uso alternado das
polaridades sobre as feridas, com resolução de infecções sob o ânodo.
Já os resultados positivos obtidos com a ação das Microcorrentes na cicatrização de
úlceras, foram coincidentes entre os trabalhos estudados, sendo que ocorreu regeneração
melhorada na totalidade dos mesmos. Estudos esses que datam dos anos de 1968 até 2008,
trazendo comprovações de cicatrização total, de diminuição da ferida, de desinfecção e
reperfusão, sempre apontando uma melhora significativa.
SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Como complementação dos conceitos vistos neste trabalho, sugere-se que se façam
novas pesquisas, experimentais, que verifiquem ―in vivo‖ a eficácia das ações das
Microcorrentes, e também estudos que procurem uma definição padronal específica para a
adoção de um protocolo a ser utilizado. Pesquisas qualitativas, para explorar a literatura
existente referente à Microcorrentes, considerando diversas modalidades de correntes
elétricas, podem ser muito úteis para a complementação deste estudo. Sugere-se também
realizar uma pesquisa em aspectos não contemplados neste trabalho, como a atuação das
microcorrentes no tratamento da dor e do reparo de diversos outros tecidos do corpo humano.
Tais estudos poderiam ser capazes de auxiliar o profissional fisioterapeuta, no
tratamento bem sucedido de uma série de afecções, o que poderia levar a um crescimento do
profissional individualmente, bem como a profissão em geral.
Acreditamos que o progresso, advindo com o passar do tempo em nossa profissão,
tornará a especificidade desses recursos, os quais cabem ao fisioterapeuta administrar o uso,
um fator preponderante para a valorização e conseqüente sucesso do profissional.
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