nacionaL
Condecoraçao corn a Ordern da Instruçao Publica
Farmacëuticos distinguidos pelo Presidente
da RepUblica
0 Presidente da RepUblica condecorou a Faculdade de Direito da Universidadc
de Lisboa e vãrias personalidades do Ensino Superior, entre as quais o professor
ernérito da Faculdade de Farmécia da Universidade de Lisboa, José Guirnarães
Morais, corn o grau de Grande Oticiat da Ordern da Instrução Püblica, e a
professor catedrAtico da Faculdade de Farmécia da Universidade do Porto,
Jorge Gonçalves, corn o grau de Cornendador da Ordem da Instrução Publica.
Cs dois farmaceuticos foram distinguidos pelo chefe de
Estado na cerirnOnia realizada no Palácio de Selérn, no
dia 1 4 de Abril, pelos altos serviços prestados a causa da
educaçao e do ensino, “Através de cede urn dos homena
geedos aqui presentes, expresso pUblico reconhecimento
as InstituiçOes de Ensino Superior e de Investigação pelo
trabaiho e mérito evidenciados ao serviço da educaçao,
da pesquisa a do desenvolvirnento económico e social”,
disse o Presidente da RepUblice na sua intervenção antes
da atribuiçäo das insignias.
“Decidi por isso distinguir hoje personalidades qua se des
tacerem no ensino, na investigação e ne produçèo cienti
fica, assirn corno uma das instituiçOes de referéncia do
nosso Pals. [...] Pelo velioso contributo desta instituição
a destes personelidades pare a forrneçèo de gereçOes,
pare a desenvotvimento econórnico e sociaL do Pais, pare
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Jorge Gonçalves recebeu a grau de Comendador cia Ordem
da Instrução Pubilca
a projecção de Portugal no Mundo, rnes também pare
urne meior integreção e coesào sociaV’, acrescentou.
JOSE GUIMARAES MORAIS<< <<discurso dimcto
professor emérito do FEUL
Revista do Ordem dos Farmacëuticos (P09: Que sig
nificado atribul a condecoração pela Presidencia do
RepUblica corn o grau de Grande Oficial do Ordern do
lnstruçäo Püblica?
José Guirnarães Morals JGM): 0 reconhecimento do
mérito deixa-nos sempre muito satisfeitos, sobretudo
porque e, no major porte dos vezes espontâneo, Cu
seja, não e pedido palo prOprio interessado. Par outro
lado, devo confessor qua estes prémios tern urn efei
to cumulativo, o qua significa qua esto condecoraçao
fOl precedido de outras que, provovelmente, a justifi
carom.
ROF: Sendo uma distinçao que reconhece os “altos
serviços prestados a causa do educaçäo edo ensino”,
quais forarn, em sua opiniäo, Os seLls principals con
tributos pro o desenvolvirnento do ensino no nosso
Pals?
JGM: Não tendo tido urno correira inicial complete,
sempre privileqiei a vertente cientifica a tecnolOgico
do minha actividade, sobretudo promovendo a inves
tigoção na minha Area de intervençào: a formacociné
tca. Coma técnico de saude no NSA a professor de
FormAcia, nos diversos cargos qua exerci, sempre pro
curei crier condiçOes para qua os colegas pudessem
desenvolver a sue actividade desde qua regressai em
1980 dos Estados Unidos, onde obtive a meu dou
:•rumento. Mo’s tarde, no Foculdade de FormAcia, 00
constotar a auséncie cia formoção pos-groduodo e a
ouséncia de especiolizaçao em FormAcia opOs a ax
tinçâo do licenciatura par remos em 1988, propus a
cru)çao do 10 Mestrado em FarmAcia do pals, no caso,
o Mestrodo em Fermacotecnio Avançodo, subsidiado
ccii fundos europeus. ApOs esta criaçèo, vArios ou
tros mestrados (pré-Bolonha) e pos-graduacOes em
diversos Areas farmocéuticos foram desenvolvidas
no FFUL a tombem noutras Foculdodes de FarmAcia.
EstLve particulormente envolvido nas de Formocotec
cia Avonçada, Formäcio Hospitolor a ComunitArio, En
genharia Farrnacéutica (com a 1ST) a oinda contribui
tori-bern no Avaliaçào EconOmics dos Medicomentos
(corn 0 ISEG).
No qolidade de Vice-Presidente a Presidente do Con
Seiho Directivo do FFUL, mais torda Director a oindo
como PrO-Reftor do Universidada julgo que gari Os par
cos recursos a minha disposiçao corn a objectivo, coma
ja dise, de crier condiçOes poro o ensino e a investiga
cona FFUL; cito como axamplo a obtanção da finan
ciamento pare as novos instolocbes do FFUL am 1989
infalizmente incompletas par altereçao des condiçOas
de financiarnento qua ocorrau postariormente.
ROF: Corno caracteriza a evoluçao do ensino de Ciën-,
dos Farmacéuticas em Portugal? Quals são os maio
res desafios que se colocam?
JGM: A area des Ciencias Farmacéuticos E caracteris
ticamente abrangente e multidisciplinor. Confara uma
praparaçao de honda large sam privilagiar code urn dos
campos de octividoda do profissional farmaceutico qua
supostamante o ensino davaria former.
Este é urn problemo de sampre, mos qua tern sido
mais dificil de resolver no passado prOximo devido a
palo menos trés foctores externos: a implernentação
do esquema de Bolonha (reduzindo de um ano a tempo
de formaçao); a crescente impreporoçäo dos olunos do
secundArio; a a rarefacção de soldos profissionois.
Bolonha nào sO reduziu a tempo de formoçao (com im
plicaçOes na raduçAo do nUmero de unidodes curricula
res), coma retirou relevãncio a formação pos-graduoda,
que antes recorrio a mastrados pare diversificor e corn
plementor forrnoçao pré-graduodo. As faculdades con
tinuom a oferecer forrnoçao pOs-groduoda, mas agoro
sam o incentivo do grou ocodémico. Umo consequëncia
qua jA sa começa a verificar ê o oboixarnento do nivel
de exigéncia em todos Os graus acadEmicos, inctuindo
o doutorernento.
Quonto a impreparoção no secundArio, o consaquéncio
e Obvia: em vez de se ensinar motérios ovonçadas ou
aspecificas da FormAcia, pardemos tempo a ensinar
matérias bAsicos e inaspecificos, quando a tempo é
ogora ainda mois curto. C contributo dos ciéncios bAsi
cas como Matematico, Fisice, Quimico a Siologia o nivet
avonçodo A da facto muito forte. C que se verifica e
qua esse contributo, a nivel básico, e bastonte dasliga
do dos aspectos mais relevantes pare as Ciëncios Far
macEuticas.
Quanto ès saides profissionois, a suo reducão am
efactivos, fez com qua a formaçao dirigido as soidas
com maior ofefto devassa ser umo preocupoção dos
ogentes de ensino de FarmAcia. lnfelizmante, num mo
meow de grande votatilidade do mercado, e dificil an
contrar soluçöes perdurAveis. E preciso não esquecer
o tempo necessArio poro implementar naves motérios,
amboro no FFUL, o lequa da unidades curriculares de
opção sejo vasto, infelizmenta nào ha muitos espaços
pare os alunos podaram ascolher as metérias qua has
GISs
discursa dircto
1
interessam porque certas matérias so são acessiveis a
urn nOrnero lirnitado de alunos. Urna unidade curricular
de Prática de Terapéutica Clinica da FFUL proposta por
mirn a pelo colega João Paulo Cruz em colaboração
corn o Hospital de Santa Maria (Os alunos vão duas
vezes por semana a diferentes serviços no Hospital)
tern uma enorrne procura, rnas so se pode admitir 15
alunos de cada vez. C rnesmo se passa corn outras
unidades curriculares.
Este e a grande desafio da futuro: coma seleccionar
rnatérias curriculares obrigatorias que prornovam a co
nhecirnento de Cièncias Farmacêuticas e preparem as
alunas para a vida prética. Neste momento, este Ultirno
objectivo sO é conseguido parcialmente cam disciplinas
de opção e uma forrnação de banda larga que perrnite
ao recem-formado aprender a prática de vida que esco
he ou que Ihe calha em sorte.
A urn nlvel rnais elevado, a formação pOs-graduada ofe
recida pelas faculdades perrnite uma boa aprendizagem
prãtica especifica.
Haveré que pensar a nivel interno, na FFUL, numa me
Ihor articulação entre unidades curriculares dirigidas
aos alunos ic Mestrada Integrado e aos alunas de pOs
-graduação, incluindo as alunos de doutararnento, tendo ainda ern conta a vertente profissional.
No entanto, devo concluir que apesar des condiçOes
nacional
desfavoraveis em que a ensino de Ciéncias Farmac
ticas se desenvolve, as recern-formados pelas Fac
dades de Farmécia dispOern de ferrarnentas cogniti
que lhes perrnitern enfrentar a vida prética corn éxitc
POP: Tendo em conta a formaçao academica dos f
macéuticos poftugueses, considera que deveriam I
major intervenço no sistema de saUde?
JGM: 0 reconhecimento da capacidade que a forrnaç
academica confere aos farrnaceuticos nãa tem tido
ralelo corn essa forrnação. Na Farmàcia de Oficina
cornunidade), esse reconhecimento é natural pelas
pulaçOes que a ela recarrern. 0 farmacéutico deveria
ern alguns casos a taz) intervir mais em areas em qi
ou estã preparado, ou ern que rapidarnente adqu
essa preparação, nomeadernente no conjunto de ac
vidades denorninada cuidados farmacëuticos au seg
rnento terapëutico e ainda algumas actividades comr
rnentares que jé se desenvolvern na fermAcia.
No Serviço Nacional de SaUde, com excepção da F
rnácia Haspitalar, não tern sido feito jus ao papel qui
farrnacéutico pode desernpenhar, norneadamente r
ARS e nas unidades de saOde familiar.
Apesar dos esforços da OF neste campo, ha ainda
tango carninho a percorrer para que todos devem
contribuir.
JORGE GONcALVES<< <<discurso dirociD
professor do FFUP
Revista da Ordem dos Farmaceuticos (ROF): Que
nificado atribui a condecoraçao pelo Presidente da
RepUblica corn grau de Comendador da Ordem da Ins
truçäo PUblica?
Jorge gonçalves (JG): E uma grande honra e uma enor
rne respansabilidade! E urna honra, por vermos reco
nhecido urn trabaiho, tantas vezes realizado no anoni
mato e na solidao e frequentemente incarnpreendido
antes dos resultados corneçarern a surgir. E uma enor
me responsabilidade porque nos obriga a manter a
mesrna disponibilidade para a coisa pUblica, colocando
-nos ainda rnais na obrigação pare estar entre as que
flQ se podem acarnodar.
ROE: Na sua opinião, quals foram Os seus principals
contributos para o desenvolvimento do ensino no nos
so Pals?
JG: Os contributos que estiveram na base deste reco
nhecirnento decorreram da minha intervençãa corno
(ssfl
Vice-Reitor da U.Porto, em particular das minhas c
tribuiçOes para aproxirnar a universidade das empres
e da sociedade ern geral, e a minha contribuição p
gerar dinãmicas criadoras de emprego qualificado
Pals, de que a contribuição para a Parque de Cienci
Tecnologia da U.Porto (UPTEQ é a ponto rnais visi
nacional e internacionalmente.
ROE: De que forma devern as universidades evol
para responder cada vex rnelhor as exigéncias da
ciedade?
JG: Esta é a pergunta a que tantos especialistas pro
ram resposta. Seria grande ousadia pretender apon
“a” soluçäo. Acredito que o rnodelo se ira construin
Acredito que ate serã diferente de universidade p
universidade em função, precisamente, das especif
dades das comunidades ande está inserida.
Para encantrar essa via, universidades e socieda
terão que interiarizar que alga rnudau profundarn’
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Farmacêuticos distinguidos pelo Presidente da República