Relatório Milk Monitor - Preço melhora em maio, mas para junho, estabilidade deve
predominar
Confirmando as expectativas do último relatório Milk Monitor, o mercado verificou leve alta dos preços
referentes às entregas feitas em abril, estando, inclusive, alinhado ao limite superior previsto no mês
passado, de até R$ 0,03 por litro. Em praticamente todas as regiões produtoras houve um aumento dos
preços, ainda que tímido em algumas delas. No geral, os preços ainda se elevaram 6,66%, de acordo
com
o
Milk
Monitor,
atingindo
uma
média
de
R$
0,48/litro.
Atrás desse movimento está a chegada do clima mais frio e seco em algumas regiões produtoras, o que
reduz
o
potencial
produtivo.
Por outro lado, a reação do dólar, que poderia trazer novo alento às exportações, não se confirmou,
embora de qualquer forma tenha havido valorização de 11,25% na moeda americana em maio. O
câmbio atual não é ainda atrativo e a perspectiva é de queda nas exportações em junho e,
principalmente,
julho,
fruto
do
término
de
contratos.
A expectativa dos agentes de mercado é de estabilidade para os pagamentos em junho na maior parte
dos estados. De acordo com a pesquisa feita com produtores de leite sobre as perspectivas para o
próximo mês, mais de 54% acreditam em alta para o período; 38,6% afirmam que o setor seguirá
estável e apenas 7% são pessimistas quanto ao mercado leiteiro, apostando na queda. Na indústria, há
quem seja mais cauteloso, mesmo porque o leite Spot recuou R$ 0,02 por litro e a DPA reduziu as
compras de leite nessa modalidade. O CEPEA também acusou elevação dos preços: de acordo com o
Centro, a média nacional dos preços atingindo R$ 0,4937/litro, com crescimento de 3,4% sobre abril.
Tabela 1: Preços brutos levantados pelo Milk Monitor para a produção de abril, pagos em
maio, em R$/l
Obs: em função do número de contribuições ainda insuficiente em alguns estados, optamos
por não incluí-los na análise.
Relação volume e preço das cotações
A tabela 2 traz os preços máximos e mínimos por estado e a produção mensal reportada em cada caso.
Nota-se o padrão de pagamento diferenciado por volume, que poderá ser melhor avaliado (por
região/volume) à medida que tenhamos mais contribuições.
Expectativa de preços para o próximo mês – opinião dos produtores
Veja abaixo o gráfico que reflete as expectativas dos produtores sobre as sinalizações do mercado para
algumas regiões do país. Os produtores apontam, principalmente, aumento dos preços para o próximo
mês.
Gráfico 2. Expectativas para os preços pagos no próximo mês
Expectativa de preços pelo usuário
Comentários dos produtores
Abaixo, seguem os comentários a respeito do mercado de leite, feitos pelos produtores que contribuíram
com seus dados no Milk Monitor no mês de maio.
Minas Gerais
Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba
Antônio Reis Queiroz Costa, de Frutal, afirma que embora os preços tenham se mantido estáveis em
sua região, o cenário ainda é preocupante. Alguns laticínios tiveram dificuldade em manter os preços
nos mesmos patamares do mês anterior.
Eduardo Pedrosa, de Uberlândia, espera melhora do preço em virtude da diminuição do volume e da
entrada da Itambé na região.
Danilo Biasi, também de Uberlândia, diz que a tendência é de alta de preços em virtude do período de
entressafra e aumento dos custos de produção, como mão-de-obra, silagem e medicamentos.
Sérgio Marcus de Andrade Savassi, de Patos de Minas, disse que o preço continua estável em maio,
porém, aponta uma tendência de queda em junho.
Metropolitana de Belo Horizonte
Adiel Rodrigues Niranda afirma que o laticínio Milenio fechará o período de aumento do leite em
junho com um valor de R$ 0,50/litro.
Roberto Cunha Freire, de Belo Horizonte, afirma que as cooperativas de sua região estão
remunerando os produtores abaixo do esperado, não seguindo os padrões de empresas como a Itambé,
Parmalat e DPA.
Nordeste de Minas
João Cássio Antunes dos Anjos, de Jordânia, diz que a DPA, empresa que comprou seu produto,
reduziu o valor do leite em R$ 0,03, visto que houve problemas com a qualidade. Para maio, a
perspectiva é de voltar ao mesmo patamar de abril.
Zona da Mata
Guilherme Alves de Mello Franco, de Juiz de Fora, acredita no aumento dos preços, podendo chegar
a R$ 0,50/litro para quem fornece acima de 3.000 litros por dia, tendo em vista a redução da produção.
Danilo de Oliveira Luercio, de São João de Nepomuceno, aponta uma tendência de ligeira elevação
dos preços pagos ao produtor em sua região devido à redução de oferta.
Central Mineira
Henrique Malheiros, de Curvelo, diz que obteve informações da DPA de que os preços devem se
manter estáveis nos próximos meses.
São Paulo
Eduardo Lopes de Freitas, de Brodósqui, espera estabilidade de preços, podendo haver queda nos
próximos
meses.
Vicente Valery de Paiva Júnior, de São Paulo, diz ter conseguido um aumento de 10% no leite em
abril, fechando em R$ 0,44/litro. Ele acredita que neste mês o valor ainda aumente R$ 0,01.
José Eduardo Pereira Mamede, de Pindamonhangaba, diz que não espera aumento de preços, visto
que a Danone havia sinalizado um possível aumento de R$ 0,01 a R$ 0,02 por litro, e isso não ocorreu.
Paulo Fernando Andrade Correa da Silva, de São José dos Campos, diz que em meados de maio a
DPA
reduziu
o
preço
em
sua
região
em
R$
0,02/litro.
José de Jesus Santos, de Santo Anastácio, diz que a tendência é de alta de preços, visto que a
maioria dos produtores teve uma redução de cerca de 50% da produção em virtude da estiagem e da
falta
de
alimentação
para
o
gado.
José Joaquim Mendonça Rodrigues, de Ribeirão Preto, aposta na tendência de estabilidade dos
preços,
apesar
do
aumento
dos
custos.
Guilherme Marques Bustamante, de Mogi das Cruzes, diz que os municípios das terras altas da
Mantiqueira estão evoluindo no cenário dos preços, comparando-se à média regional.
Rio de Janeiro
Davison São Paulo Meirelles Júnior, de Niterói, acredita que o preço do leite deve aumentar para R$
0,51/l.
Santa Catarina
Jackson Leandro Santore aposta na tendência de aumento de preços até setembro, quando a
produção volta a aumentar.Andrei Savio, de Concórdia, acredita que o mercado permaneça estável.
Juarez Camillo diz que o mercado vem tendo leve aumento de preço, enquanto a produção vem
diminuindo devido à estiagem.
Paraná
Ederson Pavanello, de Santo Antônio do Sudoeste, diz que em sua região a tendência é de aumento
entre
R$
0,01
e
R$
0,02/litro.
José Manuel C. Mendonça, de Cascavel, afirma que as baixas temperaturas devem continuar
desfavorecendo a produção, cuja redução pode chegar a 20%. Assim, a tendência é de alta de preços.
Jurandi Teixeira Machado, de Santo Inácio, diz que há dificuldade para se obter o preço sugerido pelo
Conseleite na região, visto que que há domínio de três grandes empresas: a Lider, Confepar e Vigor.
Almir Begnini Menin, Francisco Beltrão (sudoeste paranaense) acredita que o preço do litro de leite
deverá aumentar de R$ 0,50 para R$ 0,54 e deve se estabilizar neste patamar.
Orozimbo Aparecido de Lima Campos, de Pérola, diz que a falta de chuvas já está prejudicando as
pastagens em sua região, entretanto, ainda não se percebe os efeitos nos preços aos produtores.
Rio Grande do Sul
Dair Jorge Pfeifer, de Condor, comenta que a tendência é de aumento de produção por estar na região
de instalação da CCGL e Nestlé. Porém, acredita que pode enfrentar problemas na comercialização em
virtude da alta procura de vacas e novilhas, além do aumento de produtores na atividade leiteira.
Acredita ainda que até o início das atividades industriais deverá haver um excedente de produção em
sua
região.
Luiz Miguel Saavedra de Oliveira, de Santo Ângelo, diz ter recebido R$ 0,33/litro líquidos da Avipal.
Porém, conseguiu um maior retorno vendendo seu produto no entreposto em Catuípe por R$ 0,43/litro.
Ariberto Lindermann, de Teutônia, diz que a tendência é de estabilidade nos preços dos próximos
meses. Há expectativa de aumento de produção com as pastagens de inverno no final de julho.
Fernando Bueno Simões Pires, de Santana do Livramento, diz que o mercado está ruim e que as
maiores vendas são de leite em pó, e mesmo assim com preços mais baixos. Ele afirma ainda que o
leite longa vida é entregue no supermercado a R$ 1,20/litro, sendo revendido a R$ 1,43/l.
Goiás
José Humberto Vilela, de Mineiros, diz que a tendência é de estabilidade, de acordo com a DPA. Flávio
Júnior Marques, de Panamá, afirma que a tendência é de baixa em plena seca.
Paulo Sebastião Paes Leme, de Quirinópolis, comenta que a perspectiva é de estabilidade ou ligeiro
aumento nos preços. Se ocorrer diminuição, provavelmente seja pelo fator importação ou pela oferta
sulista. Diz ainda que no mesmo período do ano passado recebeu R$ 0,68/litro, sendo a produção
similar à deste ano.
Distrito Federal
Paulo Zanoline Facchini, de Brasília, acredita em estabilidade no valor do leite em maio, porém,
acredita que uma possível formação de cartel em sua região reduza os preços.
Fernando Cerêsa Neto, de Brasília, aposta na estabilidade de preços ou uma ligeira alta de R$
0,01/litro.
Mato Grosso do Sul
Eliza Maria Azambuja S. Miranda, de Maracajú (centro), afirma que o preço do leite deve ter um
aumento
no
próximo
mês,
podendo
chegar
a
R$
0,47/l
(líquido).
José Olavo Fucci, de Aparecida do Taboado, diz que os produtores de sua região estão mais
desanimados por venderem o leite a uma empresa sem concorrência da região. Antes, quando havia a
Nestlé, formaram um grupo organizado para forncer o produto de alta qualidade.
Maranhão
Ezequiel Sisnando Xenofonte Neto, de São Luís, diz que o mercado maranhense está aquecido
devido aos programas do Leite do Governo.
Rio Grande do Norte
Paulo Eustáquio de Albuquerque Othon, de Currais Novos, diz que a região está em pico de safra e
que a tendência é de queda de produção no final de junho. Com isso, espera-se um aumento de cerca
de 10% nos preços.
Bahia
Israel Barreto dos Santos, de Ipiaú, acredita que os preços irão se manter estáveis em maio. José
Ricardo Almeida Pinheiro, de Salvador, diz que o período é de estabilização ou ligeira queda dos preços
devido às chuvas da região.
Panorama do mercado externo
Segue abaixo o gráfico das importações e exportações totais de leite em 2006. Os dados são da
Secretaria do Comércio Exterior (Secex).
Exportações e Importações de leite em 2006 - mil kg
A balança comercial de lácteos está ainda favorável neste ano, com as exportações acima das
importações em todos os meses, exceto janeiro. Porém, vários contratos estão vencendo e a perspectiva
é de não-renovação, o que pode desalecerar as exportações e elevar um pouco a oferta interna a partir
de julho.
Indicadores
(1) Fonte: IPV – Fecomércio (Federação do comércio do Estado de São Paulo). Variação
referente
ao
mês
anterior.
(2)
Fonte:
Banco
Central,
cotação
do
dia
(3) Fonte: Cepea e Invertia
Preços
Europa
Oceania
Preço de equivalência para exportação: R$ 0,455/litro (considerando leite com 12% de sólidos) e os
preços vigentes na Oceania. Trata-se do máximo preço que pode ser pago pelo litro de leite para que a
exportação seja viabilizada. Percebe-se, considerando os preços médios de R$ 0,48-0,49/litro, que os
valores médios estão acima da paridade de exportação.
Argentina
Preço do litro de leite – Pesos
Considerando os preços de 50 centavos de peso por litro de leite, o produtor argentino está recebendo o
equivalente (dados de março) a R$ 0,37/litro, valor quase 20% mais baixo do que o produtor brasileiro.
Apesar das importações de lácteos da Argentina terem crescido, o valor foi menor do que o esperado
pela diferença de preços. Por quê? Um dos principais aspectos é que o governo argentino, para controlar
a inflação, taxou as exportações de leite em pó em 15%, o que reduz a competitividade externa do
nosso vizinho.
www.agripoint.com.br - www.beefpoint.com.br - www.farmpoint.com.br - www.milkpoint.com.br
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