Terapia Cognitivo Comportamental
com Crianças
Rita Amorim
Psicóloga
Neuropsicóloga
8363-3210
[email protected]
MÓDULO 1 - 21/04/2012
1. O modelo Cognitivo-Comportamental
1.1. Primeiras influências
1.2. Modelos cognitivos clássicos - ELLIS E BECK
1.3. Princípios da TCC
2. Níveis de processamento cognitivo
2.1. Pensamentos automáticos
2.2. Crenças, Esquemas e pressupostos
2.3. Erros Cognitivos
2.4. Afeto, comportamento, pensamento
3. TCC na Infância
3.1. Princípios e Questões Norteadoras
3.2. Semelhanças e diferenças – TCC Adulto x criança
3.3. Aliança terapêutica
3.4. Fases de intervenção
4. Conceitualização e avaliação cognitiva
4.1. Estudo de caso - Caso prático
1. Modelo cognitivo Comportamental
Crescimento e desenvolvimento do cérebro
 Várias áreas do cérebro experimentam uma expansão
notável, especialmente aquelas áreas dedicadas ao controle
e a coordenação do corpo, das emoções e dos processos
do pensamento.
 Durante a infância o desenvolvimento do cérebro se
desenvolve com mais rapidez do que qualquer outra
parte do corpo.
 Aos 2 anos o cérebro já alcançou 75% do seu provável peso
adulto, aos 5 anos aumentou para 90%, aos 7 anos esta
totalmente desenvolvido.
 As crianças em idade entre 7 e os 11anos tem voracidade por
aprender, é capaz de focalizar sua atenção, a lembrar de
fatos inter-relacionados, a dominar operações lógicas e
a utilizar vários códigos linguísticos.
 Em consequências de todas essas mudanças, durante a época
de brincadeiras crianças não só reagem com mais rapidez
aos estímulos, como também adquirem melhor controle
de suas reações.
Evolução do desenvolvimento infantil acontece mediante
a maturação
Maturação: É o surgimento de padrões comportamentais que
dependem fundamentalmente do crescimento do corpo e do
sistema nervoso.
Ela é individual, influenciada por experiências únicas, pela herança
genética e do ambiente. Se espera que as pessoas atinjam pontos de
maturação em diferentes idades.
Neurodesenvolvimento  complexa troca entre natureza e
ambiente – mudanças neuroquímicas, fisiológicas e
neuroanatômicas que ocorrem em resposta à experiência.
Diz respeito às mudanças nos processos de pensamentos que resultam
na capacidade de adquirir e utilizar os conhecimentos sobre
seu mundo
Aquisição de Conhecimento:  desenvolvimento da memória, da
percepção e julgamento, entre outros processos cognitivos.
É importante que mudanças no desenvolvimento sejam
sistemáticas e adaptativas nos vários aspectos (físico,
cognitivo e psicossocial) e, não isoladas, pois cada um afeta
às outras.
(Ex. Perda auditiva pode levar a um atraso no desenvolvimento da
linguagem)
Suporte Familiar  de forma flexível, oferecendo recursos
materiais e cognitivos, segurança emocional, de modo que as crianças
cresçam no corpo e na mente.
Deve conter cinco maneiras essenciais:

Sustento básico,

Educação,

Auto-estima,

Manutenção da amizade dos colegas

Harmonia dentro de uma estrutura estável;
1.1 Primeiras influências na base teórica da TCC:
SKINNER (1974):


Condicionamento operante 
relacionamento entre os antecedentes
(condições desencadeadoras) as
consequências (reforço) e o
comportamento
As consequências que aumentam a
probabilidade de um comportamento
são reforçadoras;
Comportamento é
afetado por influências
ambientais:
Alterar os antecedentes e as
consequências podem
resultar em mudanças
comportamentais.
BANDURA (1977) –
Reconhecimento do ambiente:
Destacou o efeito mediador das
cognições que intervêm no estímulo e
na resposta
A aprendizagem poderia ocorrer
pela observação de outra pessoa
e propunha modelo de:
Autocontrole com base na
auto-observação, na autoavaliação e no auto-reforço.
Aaron Beck
Papel das cognições
desadaptativas ou
distorcidas no
desenvolvimento e na
manutenção da
Albert Ellis (1962)
depressão
Lazarus (1966) –
Terapia Racional
Desenvolveu a Terapia
Emotiva delineou a
Multimodal.
ligação entre emoções
Propunha que a
e cognições.
cognição
Emoção e
desempenhava um
comportamento
papel primário na
surgem da maneira
mudança emocional e
como os eventos são
comportamental.
construídos
1.2 Modelos cognitivos clássicos - ELLIS E BECK
a. TERAPIA RACIONAL EMOTIVA (ALBERT ELLIS 1956)
TREC
 Tem como pressuposto de que o modo como o pensamento
opera, determina o que sentimos.
P  S
MODELO ABC 
Propõe que qualquer determinada experiência, evento ou perturbações
emocionais (A) ativa crenças individuais (B), que, por sua vez, geram
consequências (C) emocionais, comportamentais e fisiológicas
Pressupostos de Ellis:
Ellis postulou que 12 crenças irracionais básicas, que tomam a forma de
expectativas irrealistas ou absolutistas, são a base do transtorno
emocional.
O objetivo da terapia é identificar crenças irracionais e, através de
questionamento, desafio, disputa e debate lógico-empírico, modificá-las
pelo convencimento.
 As crenças irracionais ou disfuncionais serão desafiadas no
tratamento pela imaginação racional emotiva e o diálogo interno
é reforçado por métodos comportamentais como treinamento de
habilidades e tarefas de casa.
A B C
D

E

F
A = Situação ativadora / acontecimento mobilizador
B = Pensamentos ou crenças (racionais e irracionais)
C = consequências emocionais ou comportamentais
D = Questionamento das crenças irracionais
E = Uma nova filosofia efetiva (saudável) / novo efeito
F = Novos Sentimentos após modificação das crenças
Ex: João 7 anos, após remissão dos sintomas de TAS, cuja melhora há 10
meses, voltou apresentar sintomas de ansiedade na entrada e saída da escola (após quadro viral). As sensações físicas de dor de “barriga” reativaram os
pensamentos disfuncionais (B) de que a mãe não estaria na hora da saída e
resultaram (C) na forma de comportamento de evitação e ansiedade.
A
B
Situação
ativadora /
aconteciment
o mobilizador
Pensamentos
ou crenças
(racionais e
irracionais)
Sensações de
dor de barriga
Minha mãe
não estará na
hora da saída
C
Consequênci
as
emocionais
ou
comportamen
tais
Evitação e
ansiedade
D
E
F
Questionamen
to das crenças
irracionais
Uma nova
filosofia
efetiva
(saudável) /
novo efeito
Novos
Sentimentos
após
modificação
das crenças
b. Modelo Cognitivo de Beck:
É uma abordagem terapêutica estruturada, diretiva, com metas claras
e definidas, focalizada no presente e utilizada no tratamento dos mais
diferentes transtornos psicológicos.
Seu objetivo é o de produzir mudanças nos pensamentos e nos
sistemas de significados (crenças) dos clientes, evocando uma
transformação emocional e comportamental duradoura, e não
apenas no decréscimo momentâneo dos sintomas.
Não é a situação (ou contexto) que determinam o que as pessoas
sentem, mas é o modo como elas interpretam (e pensam sobre) os
fatos em uma dada situação
Nessa concepção cognitivista, na psicopatologia será sempre considerada o:
resultado das crenças excessivamente disfuncionais ou de pensamentos
demasiadamente distorcidos que, em atividade, teriam a capacidade de
influenciar o humor e o comportamento do indivíduo - enviesando sua
percepção da realidade. (Beck e Freeman, 1993)
Redução dos sintomas significa  identificar crenças e pensamentos, e
posteriormente modificá-los.
Do princípio de que a cognição, função da consciência relacionada às
deduções feitas acerca das experiências de vida, é considerada o principal
elemento envolvido na manutenção dos transtornos psicológicos pela teoria
cognitiva de psicopatologia e psicoterapia, pode-se ressaltar que clientes com
distúrbios psicológicos apresentam pensamentos disfuncionais ou
distorcidos.
O foco do terapeuta cognitivo-comportamental será obter mudanças
cognitivas através de uma avaliação realista da situação e da modificação do
pensamento, produzindo, consequentemente, uma melhora no humor e no
comportamento dos clientes.
A TCC considera a mediação cognitiva responsável pelo
gerenciamento do comportamento humano.
Este modelo é utilizado para:
 Ajudar os terapeutas a conceitualizarem problemas clínicos e
implementarem métodos da TCC específicos;
 Como modelo de trabalho, para direcionar a atenção do terapeuta e
paciente para as relações entre pensamentos, emoções e
comportamentos
 Orientar as intervenções de tratamento.
J. Beck (1997) ressalta que as mudanças emocionais e comportamentais serão
duradouras se resultarem da modificação de crenças disfuncionais básicas dos
clientes.
Modelo Cognitivo de Aron Beck  Propõe a Tríade cognitiva:
(pensamentos desadaptativos sobre o self, o mundo e o futuro)
que resultam em distorções cognitivas que criam afeto negativo –
pressupostos ou esquemas básicos (crenças) que ativam pensamentos
automáticos 
distorções ou erros lógicos, com mais cognições negativas sendo associadas a
um humor depressivo.
1.3 - Princípios da Terapia Cognitiva:
1.
Se baseia em uma formulação em contínuo desenvolvimento do paciente e de
seus problemas em termos cognitivos;
2.
Requer uma aliança terapêutica segura;
3.
Enfatiza colaboração e participação ativa;
4.
É orientada em meta e focalizada em problemas;
5.
Inicialmente enfatiza o presente;
6.
É educativa, visa a ensinar o paciente a ser seu próprio terapeuta e enfatiza a
prevenção de recaída;
7.
Visa a ter um tempo limitado;
8.
As sessões da TC Csão estruturadas;
9.
Ensina os pacientes a identificar, avaliar e responder a seus pensamentos e
crenças disfuncionais;
10. Utiliza uma variedade de técnicas para mudar pensamento, humor e
comportamento
Teoricamente as abordagens de TCC partilham da premissa básica
de que existe um processo interno e oculto de cognição, e
também de que a mudança de comportamento pode ser
mediada por eventos cognitivos.
A mudança cognitiva envolve a hipótese mediacional.
Ela pode não apenas ser o foco da intervenção, mas também servir como
indicador indireto de mudança cognitiva.
Dois principais indicadores de mudanças comportamentais são:
cognição e comportamento,
embora terapeuticamente, em algumas situações, tenha outros indicadores
como:
mudanças emocionais e fisiológicas.
MODELO COGNITIVO COMPORTAMENTAL
EVENTO
Preparando-se para ir
a uma festa
COMPORTAMENTO
Deu uma
desculpa e
evitou a festa
AVALIAÇÃO
COGNITIVA
(“não vou saber o
que dizer....
Vou parecer um
desajustado
Vou travar e
querer ir embora
imediatamente”)
EMOÇÃO
(ansiedade,
tensão)
Quais?
Tipos de pensamentos
Distorções cognitivas e pressupostos
Tipos de crenças
Comportamentos
Na prática a TCC é:
É uma abordagem do campo das psicoterapias;
É um tipo de terapia “breve” que se completa (+-) entre 12 a 24 sessões,
conforme estudos, a depender das necessidades do paciente;
O foco central está baseado nos processos cognitivos (percepção,
representação, atenção, raciocínio e atribuição de significados);
É aplicada a uma gama de transtornos de humor e de ansiedade
(depressão, transtornos ansiosos como: pânico, fobias específicas,
ansiedade social, TAG transtornos de alimentação, dependência
química e terapia com familiares, conjugais e transtornos de
personalidades e psicoses)
e também com crianças e adolescentes individualmente e em grupo.
Os princípios básicos essencialmente construtivistas é de que indivíduos
não processam o real objetivamente, mas subjetivamente atribuem a
eventos, um significado muito próprio.
Isto explica o por que diferentes pessoas representam o mesmo evento
de diferentes formas .
O real é processado através de estruturas cognitivas, ou seja, esquemas
(que se desenvolvem ao longo da vida das pessoas com base em
momentos relevantes de vida), resultante em algo como se fosse seu
“software”, que é único e pessoal.
O resultado do
processamento
é a
esquemático que
representação do
ocorre no nível
real pela pessoa
memória implícita
ou inconsciente
Essa representação
emerge ao préconsciente em
forma de
pensamentos
automáticos
Determina a
qualidade e
intensidade das
respostas
emocionais e
comportamentais
Exemplo:
Se nos encontrarmos casualmente com um amigo que não nos
cumprimenta. Se pensarmos “ele não quer mais ser meu amigo”,
nossa emoção será tristeza e nosso comportamento será
possivelmente afastarmo-nos do amigo.
Mas, se pensarmos “oh, será que ele está aborrecido comigo?”,
nossa emoção será apreensão e nosso comportamento será
procurar o amigo e perguntar o que está havendo.
Ou ainda, se pensarmos “quem ele pensa que é para não me
cumprimentar? Ele que me aguarde!”, nossa emoção poderia
ser raiva e o comportamento, confrontaríamos o amigo.
Porém, diante da mesma situação, podemos ainda pensar “não me
cumprimentou... acho que não me viu”; e, nesse caso, nossas
emoções e comportamentos seguiriam inalterados.
Este exemplo ilustra:
Nossas interpretações, representações, ou atribuições de significado
atuam como variável mediacional entre o real e as nossas respostas
emocionais e comportamentais.
Para modificar emoções e comportamentos, intervimos sobre a forma do
indivíduo processar informações, ou seja, interpretar, representar ou
atribuir significado a eventos, em uma tentativa de promover mudanças
em seu sistema de esquemas e crenças.
Essas intervenções objetivam uma reestruturação cognitiva do paciente, o que
o levará a processar informação no futuro de novas formas.
FASES NA INTERVENÇÃO CLÍNICA – Papel do terapeuta:
1º.  Enfatiza-se a definição da estratégia de intervenção, ou seja, a
conceituação cognitiva do paciente e de seus problemas, a definição de
metas terapêuticas e do planejamento do processo de intervenção.
2º. O terapeuta objetiva a normalização das emoções
do paciente, a fim de promover a motivação do paciente para o
trabalho terapêutico e sua vinculação ao processo.
O terapeuta concentra-se no desafio de cognições disfuncionais, iniciando os
primeiros esforços com o paciente em resolução de problemas e
encorajando-o ao desenvolvimento de habilidades próprias para a
resolução de problemas.
3º. o terapeuta enfatiza a intervenção em nível estrutural, ou
seja, promover a reestruturação cognitiva do
paciente, desafiando as crenças e esquemas disfuncionais.
4º. Fase de terminação capacitando o paciente, através de
estratégias cognitivas e comportamentais, à promoção e
preservação continuadas de uma estrutura cognitiva
funcional (prevenção de recaídas).
A intervenção cognitiva tem sido mais ampla no sentido em que o
terapeuta visa não apenas ajudar o paciente com suas dificuldades
históricas ou presente, mas visa,
transmiti-lo habilidades cognitivas para capacitá-lo a gerenciar sua vida
sem os prejuízos emocionais e comportamentais que o paciente
vinha experenciando.
Na prática, o terapeuta busca entender como interagem, na
vida do cliente em particular, 3 fatores:
 O comportamento (o que a pessoa faz e como ela o faz)
 As cognições (o que a pessoa pensa e sente, e como ela pensa e sente)
 As condições ambientais (como se estrutura e organiza o ambiente no
qual a pessoa vive).
À medida que o terapeuta compreende esta interação, ele elabora um
plano de intervenção para modificar ou corrigir a distorção ou
disfuncionalidade que produz o sofrimento.
A TCC é um procedimento que
exige alta flexibilidade e criatividade por parte do terapeuta, que deve
adaptar e ajustar seu plano de trabalho às condições específicas de
cada cliente, como se fosse um alfaiate, que corta a roupa para ajustála às medidas do cliente.
MODELO DA TCC - TRANSTORNO
Ambiente/Evento/
Situação
(preparando-se para ir a uma
festa)
Comportamentos
Deu uma desculpa e evitou a
festa
Reações corporais
Taquicardia, sudorese, boca
seca
Crenças Disfuncionais
Pensamentos/Avaliação
cognitiva
“Não vou saber o que dizer......”
“Vou parecer desajustado”, “Vou
travar e querer ir embora
imediatamente”
Emoções/
Sentimentos
Ansiedade / Tensão
E também as interações complexas entre processos biológicos (genética, funcionamento de
neurotransmissores, estrutura cerebral e sistema neuroendócrinos), influências ambientais e
interpessoais.
No processo psicoterápico identificam-se três níveis de processamento
cognitivo:
 O pensamento automático
 As crenças intermediárias (que seriam regras, atitudes e présuposições desenvolvidas ao longo da vida do paciente); e
 As crenças centrais (auto-imagem desenvolvida a partir de crenças
compostas por idéias rígidas, absolutistas e globais que a pessoa tem
sobre si mesma).
2. Níveis de processamento cognitivo
2.1. Pensamentos automáticos
2.2. Crenças, Esquemas e pressupostos
2.3. Erros Cognitivos
2.4. Afeto, comportamento e pensamento
Cognição: se refere a um sistema de alta complexidade que envolve eventos,
processos, produtos (atribuições) e estruturas cognitivas. Estas podem ser
entendidas como memórias e a maneira como a informação é representada pela
memória. É como percebemos e interpretamos as experiências.
Atenção consciente permite:
Atenção
 Monitorar e avaliar as interações com o meio ambiente;
 Ligar memórias passadas às experiências presentes;
 Controlar e planejar ações futuras.
Pensamentos Automáticos
Crenças:
cognições que passam rapidamente por
(idéias mais centrais da pessoa a
nossa mente estando em meio a
situações, ou relembrando
acontecimentos
(não estão sujeitos a análise
racional cuidadosa)
respeito do self)
Começam na infância e
representam a idéia sobre si
mesmo, sobre outras pessoas e seu
mundo.
Situação
2.1
Pensa
men
tos
Automáticos
PA
Minha mãe telefona e
Fiz besteira de novo
pergunta por que eu
Não tem jeito, nunca
esqueci do aniversário vou conseguir
da minha irmã
agradá-la
Emoções
Tristeza
e
Raiva
Não consigo fazer
nada direito.
O que adianta?
PENSAMENTO AUTOMÁTICO = é uma cognição alicerçada em auto-avaliações e autodirecionamentos, fora do alcance consciente, que operam automaticamente, de forma
particular e produzidos pelos esquemas.
Pensamentos automáticos (PA)
 Caracterizam-se por fluxo de consciência, julgamentos,
apreciações e/ou imagens sob qualquer perspectiva
temporal (passado, presente, futuro; Padesky, 1988)
 São específicos às situações, provados por motivações e ligados
à experiências emocionais.
 Pa(s) são em geral, diretamente acessíveis e facilmente
associados a sintomas e problemas infantis:
Pensamentos automáticos (PA)
 Depressão Infantil  caracterizada pela tríade cognitiva negativa
(A.T.Beck). Jovens deprimidos explicam suas experiência por meio de
uma visão negativa de si mesmos, dos outros, de suas
experiências e do futuro.
 Crianças ansiosas  superestimam a probabilidade e a dimensão
de perigo, negligenciam fatores de resgate e ignoram suas
habilidades de coping ou estratégias cognitivas comportamentais
conscientes e intencionais (Kendall).
Temem avaliações negativas, muitas vezes atribuem sintomas
corporais a algo estando catastroficamente errado com eles,
acreditando em morrer.
 Adolescentes com pânico  interpretam de modo equivocado as
mudanças corporais normais.
2.2. CRENÇAS CENTRAIS ou Nucleares (J.Beck)
São desenvolvidas na infância através das interações do indivíduo com
outras pessoas significativas (pais, irmãos e outros modelos
socializadores) e da vivência de muitas situações que fortaleçam essa
ideia.
Podem ser relacionadas ao próprio indivíduo, às outras pessoas ou ao
mundo. Geralmente, essas crenças são globais, excessivamente
generalizáveis e absolutistas.
Representam os mecanismos desenvolvidos pelas pessoas
para lidar com as situações cotidianas, ou seja, a maneira
como os indivíduos
percebem a si mesmos, aos outros e ao mundo, e ao futuro,
sendo esta percepção chamada de tríade cognitiva. A. Beck et
al. (1997)
 São entendimentos que são tão fundamentais e profundos que
as pessoas frequentemente não os articulam, sequer para si
mesmas.
 Essas ideias são consideradas pelas pessoas como verdades
absolutas, exatamente o modo com as pessoas “são”
 Por representarem o nível mais profundo das crenças da pessoa,
com frequência não são identificadas pelos paciente;
 Caracterizam-se por serem pensamentos globais, rígidos e
supergeneralizados;
 São ideias, não necessariamente verdades (verdadeiras)
 Sendo as crenças conteúdos construídos e aprendidos, é possível
revê-las desconstruir o que não é funcional e aprender
conteúdos mais adaptados e realistas
As crenças centrais, podem ser divididas em 4 crenças básicas
disfuncionais:
 Crenças de incapacidade: crenças sobre ser incapaz,
incompetente, ineficiente, falho, enganador, fracassado.
 Crenças de inadequação: crenças sobre ser inadequado,
defeituoso, imperfeito, diferente.
 Crenças de desamor: crenças sobre ser indesejável incapaz de
ser gostado, amado ou querido, sem atrativos, rejeitado,
abandonado, sozinho.
 Crenças de desamparo/inferioridade: crenças sobre ser
desamparado, necessitado, frágil, vulnerável, carente, fraco, não ser
bom o suficiente (ou seja, não chego à altura dos outros).
CRENÇAS INTERMEDIÁRIAS
Crenças que o indivíduo tem relacionadas a diversos aspectos da vida que
aparecem como pressupostos, regras e atitudes.
Elas não são tão rígidas e hipergeneralizáveis como as crenças
centrais.
Ex. de Pressuposto...
Se alguém tem uma Crença Central que diz:
"Não sou digno de ser amado“;
pode ter uma Crença Intermediária que oriente:
"Se fizer tudo que os outros querem, posso ser amado (Positiva). Se não
fizer, vou ser desprezado (Negativa)
Um exemplo de Regras:
"Deveria me auto sacrificar sempre" e, de atitude, "Vou me auto
sacrificar".
Esquemas
“Os esquemas, definidos como estruturas cognitivas que organizam e
processam as informações que chegam ao indivíduo.
São propostos como representações dos padrões de pensamento
adquiridos no início do desenvolvimento do indivíduo” (Beck,
1964, 1991).  (Representação das crenças)
Quando estão latentes os esquemas não estão participando do
processamento da informação e quando ativados canalizam o
processamento cognitivo do estágio inicial ao final.
O esquema funciona como uma espécie de filtro, que seleciona
as informações, assimilando, priorizando e organizando aqueles
estímulos que sejam consistentes com a estrutura do esquema, e
evitando todo o estímulo que não seja consistente com essa
estruturação.
“Esquemas iniciais desadaptativos: se referem a temas
extremamente estáveis e duradouros que se desenvolvem durante a
infância, são elaborados ao longo da vida e são disfuncionais em um
grau significativo”
Young (2003)
.
 São incondicionais, autoperpetuadores, resistentes à mudança;
 São disfuncionais de maneira significativa e recorrente;
 São ativados por acontecimentos ambientais relevantes para o
esquema específico;
 Estão ligados a altos níveis de afeto;
 Parecem resultar da interação entre o temperamento (inato) e as
experiências disfuncionais nas relações familiares e sociais nos
primeiros anos de vida.
Crenças / Esquemas Disfuncionais (desadaptativos)
Sou burro;
Sou uma farsa;
Nunca me sinto confortável com os outros;
Tenho de ser perfeito para ser aceito
Não importa o que eu faça, não vou ter sucesso;
O mundo é assustador demais para mim
Se eu decidir fazer alguma coisa, tenho de ter sucesso;
Sem uma mulher, não sou ninguém;
2.3 - ERROS COGNITIVOS:
É o processamento defeituoso da informação.
São padrões de respostas que perpetuam os pensamentos automáticos e as
crenças que os geraram. Todos cometemos alguns erros cognitivos em menor ou
maior grau.
1 – Generalizações: Frases do tipo “ Ninguém vai gostar de mim se...” ..”Todos
na festa me criticaram...” .” Aquilo sempre me acontece”...
Expressões do tipo, nunca, sempre, todos, ninguém, generalizam um
acontecimento.
De uma pequena parte, o indivíduo parte para o todo para justificar sua
crença.
2 – Pensamento dicotômico: Sem meio termo. “Nunca vou conseguir”. Ou 8
ou 80.
Entre o preto e o branco há várias tonalidades, mas esta distorção só permite o “
ou isto ou aquilo”.
3 – Leitura de pensamento: quando o indivíduo interpreta o que os outros
estão pensando baseado em poucas evidências reais.
Por exemplo: “Fulano não prestou atenção no que eu dizia porque minha conversa
estava aborrecida”... quando na verdade a pessoa em questão pode estar muito
preocupada com outra coisa.
4 – Ditadura dos deveria: “Eu tenho que...se não..” Os outros deveriam...”.
Criação de regras rígidas para si ou para os outros.
5 – Maximização do negativo: aumenta o que de ruim pode acontecer, sem ver
o todo. Foca no que se quer evitar. Catastrofização.
6 – Minimização do positivo: Reduz a importância das próprias
realizações. Geralmente o item 5 e 6 estão juntos.
7 – Abstração seletiva: Focaliza um detalhe e desconsidera os outros.
Exemplo: “Todos dormiram na minha apresentação”...quando de 50, somente 2
ouvintes dormiram
8 – Ruminação: Repete ideias perturbadoras mentalmente. Rumina diálogos,
eventos negativos sentindo-se impotente e sem quebrar o padrão
negativo.
9 – Personalização: O indivíduo se vê como o único responsável pelo que
acontece, sem levar em conta inúmeras variáveis. Uma certa
onipotência. “Ela terminou comigo porque não sou bom o suficiente”,
desconsidera os motivos alheios.
PENSAMENTO ADIANTADO: Tirar
conclusões a partir de pouca
informação. Não esperar para obter
todos os resultados ou as informações
de que você precisa.
OGRO
CAOLHO: Ver
coisas apenas
sob um ângulo
e ignorar todos
os outros
aspectos.
PROFETA DESASTROSO: Acreditar
falsamente coisas horríveis vão
acontecer com você com muito pouco
para sustentar suas ideias
PENSAMENTO ESPELHO DE
CIRCO: Quando você olha para si
mesmo, para outras pessoas ou para
o que lhe acontece, diminui o (+) ou
aumenta o (-)
PENSAMENTO TUDO-EU: Acreditar
falsamente que todas as coisas ruins
que acontecem com você ou com outras
pessoas são todas sua culpa
PRETO OU BRANCO: Ver as coisas
apenas de duas maneiras, como se você
fosse perfeito ou um perdedor
RÓTULO BESTA: Usar um rótulo
para si (“Eu sou ruim”) ou para os
outros (“Ela é uma bruxa. É tudo
culpa dela.”)
PENSAMENTO PEIXE GRANDE:
Acreditar em algo apesar de não haver
muito em que embasar tal ideia.
PENSAMENTO MÁGICO TRÁGICO:
Acreditar equivocadamente que vc sabe
com exatidão o que está acontecendo
na cabeça de outra pessoa, sem
verificar ou perguntar a ela.
PRISIONEIRO DO SENTIMENTO:
Usar seus sentimentos como a
principal referência para suas ações
e para seus pensamentos
PENSAMENTO
EXCLUDENTE:
Convencer-se de que
qualidades, sucessos e
boas experiências não
contam
REGRA DE MULA: Insistir
teimosamente que suas ideias
sobre como você, as outras
pessoas e o mundo deveriam agir
são as únicas coisas que estão
certas.
2.4 - Afeto – Comportamento – Pensamento (Junção)
Sem a presença do afeto, a reestruturação cognitiva do paciente não
acontece.
Além disso, temos que considerar que os padrões de comportamento
também retroalimentam a disfunção emocional e cognitiva, e portanto
tem que ser trabalhados.
Pensamentos automáticos, pressupostos subjacentes, crenças nucleares
e o impacto do humor na cognição combinam-se para configurar um ciclo
autoperpetuador observável em todos os transtornos
Objetivo da TCC  quebrar o ciclo que perpetua e amplifica os
problemas do indivíduo.
“Para descontrair”
3. TCC na Infância
3.1. Princípios e Questões Norteadoras
3.2. Semelhanças e diferenças – TCC Adulto x criança
3.3. Aliança terapêutica
3.4. Fases de intervenção
Até 1980 – estudos de validação e eficácia na população
infantil eram praticamente ignorados;
Psicoterapia infantil – iniciou por meio da terapia
comportamental
A TCC infantil  começa a surgir às margens do
desenvolvimento da TCC com adultos
Paradoxo  como é possível psicoterapia cognitiva com
crianças se, para que haja psicoterapia cognitiva, é necessário
desenvolvimento cognitivo pleno?
1990 – (“a década do cérebro”  explode o conhecimento e
desenvolvimento do cérebro humano) e trouxe à tona a
diversidade cognitiva de crianças conforme suas faixas etárias.
Os mesmos conceitos aplicados à prática com adultos podem
ser utilizados na infância desde que devidamente
contextualizados.
Para isso, depende levar em conta, não apenas a idade da
criança, mas sua capacidade funcional cognitivocomportamental.
O desenvolvimento da infância e da adolescência (maturação) é
resultado de um complexo processo de interação entre fatores
biológicos, psicológicos e culturais que engloba a aquisição e o
aperfeiçoamento de várias funções cognitivas (percepção,
memória, resolução de problemas, metacognição, etc.) e sociais
(habilidades sociais, contato com os pares, etc.)
Grande parte das transformações no desenvolvimento mental
acontece nos 2 primeiros anos de vida e deve ser compreendida
em termos de modificações neurais. (Anderson, 2004)
A principal forma de adequar a linguagem da psicoterapia à
crianças é com metáforas (histórias capazes de simbolizar a
conflitava da criança) e o modo de intervenção nos
pensamentos.
Para isso pode-se utilizar conceitos através de brinquedos,
fantoches, histórias prontas de livros ou em quadrinhos
construídas juntamente com a criança, brincadeiras, desenhos,
explicações e exemplificações do terapeuta, leituras, role-play,
além de outros.
A fundamental diferença entre psicoterapia cognitiva de
adultos e de crianças é:
a capacidade do terapeuta em criar linguagens
capazes de acessar a criança e promover um ambiente
terapêutico propício ao desfecho do tratamento.
3.1 - Questões Norteadoras
A prática clínica com adultos ou crianças fundamenta-se na
suposição de que o comportamento visa à adaptação havendo
interação entre os sistemas cognitivo, afetivo, comportamental e
fisiológico do sujeito.
São as cognições, o modo como entendemos os fatos
que gerenciam e modulam as demais funções descritas como
manifestas de uma psicopatologia ou problema.
Assim, o trabalho com crianças enfatiza os efeitos gerados pelas
crenças mal-adaptativas expressas em suas emoções,
comportamentos e reatividade fisiológica.
3.1 - Questões Norteadoras
Beck, identifica 8 passos para se estabelecer um plano de
tratamento:
1. Conceitualização do problema
2. Desenvolvimento de uma relação colaboradora
3. Motivação para tratamento
4. Formulação do problema
5. Estabelecimento de metas
6. Educação dos pacientes sobre o modelo cognitivo
7. Intervenções cognitivo-comportamentais
8. Prevenção de recaída.
Passos esses igualmente aplicáveis à psicoterapia infantil
3.1 - Questões Norteadoras
Além desses princípios, Beck descreve outros importantes que referem-se
à estrutura das sessões.
1. Revisão das medidas de auto-informe ou auto-monitoramento
(os diversos inventários - que mensuram alterações de humor,
ansiedade, compulsões- os registros subjetivos que incluem a
mensuração individual dos eventos, da ativação das crenças e dos
esquemas;
2. Feedback com a sessão ou sessões anteriores;
3. Composição da agenda dos itens a serem tratados na sessão;
3.1 - Questões Norteadoras
4. Revisão das tarefas de casa e dos experimentos extra
sessão;
5. Tarefas relacionadas à reestruturação cognitiva, por
exemplo, uso do questionamento socrático, questionamento
de evidências, flecha descendente etc;
6. Roteiro de novas tarefas extra-sessão e de novos
experimentos (ex. preenchimento do RPD, exposições, etc);
7 . Resumo da sessão e feedback do desenvolvimento da
sessão de psicoterapia.
3.2
SEMELHANÇAS
E
DIFERENÇAS
TCC COM
CRIANÇAS X
ADULTOS
3.2 SEMELHANÇAS
 É uma intervenção prática e baseada nas habilidades;
 Seu estilo é colaborativa – criança e terapeuta trabalham juntos, em
parceria (a criança compreende suas dificuldades e descobre estratégias
e habilidades úteis);
 É limitada no tempo;
 O foco no problema e no aqui e agora oferece uma boa aproximação
com as crianças;
SEMELHANÇAS
Contrato comportamental – condições, exigências da
terapia, limite, tempo e sequência da terapia
Confidencialidade – combinar limites estabelecidos – clareza
quanto a quais informações serão compartilhadas e privadas
(negligência, abusos, drogas...);
Os experimentos comportamentais proporcionam formas
objetivas de ajudar as crianças testarem suas cognições –
promovem a auto descoberta facilitando a reestruturação
cognitiva;
SEMELHANÇAS
 As sessões - formato padrão e flexível
 Revisão geral;
 Atualização dos sintomas;
 Revisão das tarefas anteriores;
 Definição da agenda;
 Foco principal da sessão;
 Feedback da sessão;
 Tarefa de casa como elemento central da terapia – permite a criança
experimentar habilidades em contextos da vida
DIFERENÇAS
A intervenção é adaptada o nível da idade, necessidades
e capacitação do desenvolvimento da criança, suas habilidades
sociais e fluência verbal;
A criança tem capacidades, limitações, preferências e
interesses diferentes dos adultos;
A criança é trazida para tratamento pelos responsáveis, devido
a problemas que ela pode ou não admitir que tem e,
sem vontade própria;
Aliança Terapêutica  Triádica
Pais  Terapeuta  Criança ------ Escola e
Agentes terapêuticos fora do setting;
Diferenças
Não controlam o processo terapêutico:
Podem ser forçados a uma continuidade e assim temer a terapia
(ex. determinação de juizados de menores, escolas, pais...)
Pais têm um papel mais central  participação nas sessões
podem ser separadas ou em conjunto
Eles é quem decidem quanto ao início e encerramento do
tratamento;
Recompensas: (envolvem as crianças, dirigindo ao que é
importante e ensinam a elas lembrar);
3.3 - ALIANÇA TERAPÊUTICA
A relação terapêutica é vista como fator determinante do
processo terapêutico, a qual pode facilitar o trabalho e a
possibilidade de atingir metas, caso se estabeleça num clima de
confiança e acordo harmonioso.
É uma oportunidade para que o cliente emita
comportamentos que lhe têm trazido problemas e, a
partir da interação com o terapeuta, aprenda formas
mais efetivas de resposta
ALIANÇA TERAPÊUTICA
Base para bons relacionamentos terapêuticos positivos inclui:
 Calor Humano
 Empatia
 Genuinidade
 Confiança
 Rapport (diálogo interno produtivo)
Base para bons resultados com a TCC, inclui:
 Colaboração,
 Descoberta guiada
 Estrutura
ALIANÇA TERAPÊUTICA
 O paciente também deve ser ativo fora da sessão como um
observador (de si mesmo e do ambiente), um repórter de
experiências (relatando o que foi vivenciado) e um
experimentador (testando as hipóteses levantadas e praticando
os exercícios combinados).
 Descoberta guiada
ALIANÇA TERAPÊUTICA
É um processo de aprendizagem primária em terapia cognitiva.
Pode ser dirigida verbalmente  através do questionamento
socrático, quanto através da experiência, auxiliando os clientes a
planejar experimentos os quais serão conduzidos dentro e fora da
sessão (ensaio mental, ensaio dramático e realidade).
Após, é feito pelo paciente o teste da nova possibilidade, fora
da sessão.
Com os ensaios anteriores, o paciente sente-se mais
seguro e preparado para esse desafio.
ALIANÇA TERAPÊUTICA
 Estrutura
As sessões de TCC possuem um formato e um padrão de
como ocorrem.
A estrutura visa promover segurança, constância,
familiaridade e certo controle para o paciente.
O relacionamento entre o terapeuta e cliente dá-se assim
dentro de um molde o qual facilita a interação entre
ambos e a atitude ativa do paciente.
ALIANÇA TERAPÊUTICA
 Colaboração
 Terapeuta e cliente trabalham juntos como uma equipe 
conjuntamente escolhendo metas terapêuticas
construindo uma conceituação adequada de seus
problemas desenvolvendo planos para mudança.
 Requer que ambos sejam ativos e interativos dentro do
relacionamento terapêutico.
 Ambos dão e recebem feedbacks entre si
ALIANÇA TERAPÊUTICA
 A curiosidade do terapeuta muitas vezes pode estimular a colaboração
dos jovens  a experimentação comportamental é dependente da
curiosidade
 Revelar aspectos de suas vidas pessoais na terapia, desde que
apropriados, poderá aumentar o rapport com o paciente e definir o
terapeuta como um modelo
 Aplicar as técnicas no contexto da estimulação emocional dos pacientes
quando pacientes estão experimentando emoções problemáticas.
Desafio da TCC  fazer uso de momentos intensamente carregados
de emoções no presente
“Aprender com a experiência significa:
ser afetado pelo aqui e agora”
Encaminhamentos
Por:
Morder, gritar, chorar, destruir objetos, chutar e empurrar pessoas,
mentir ou roubar.
Dificuldades para fazer amigos, ser muito quietas, tímidas,
ansiosas, muito tristes ou agitadas.
Adoecer muito, não obedecer
aos pais, desenvolver obesidade
e ter encoprese e enurese noturna.
Ter dificuldades de aprendizagem e
nos relacionamentos familiar / escola, entre outros.
A criança embora tenha a capacidade de entender as
consequências e os sentimentos decorrentes dos problemas,
na maioria das vezes, não consegue explicá-las de forma
organizada para que o terapeuta possa elaborar
adequadamente o diagnóstico da patologia e do problema
além das co-morbidades.
É fundamental considerar as diferenças no
desenvolvimento dos esquemas afetivos, cognitivos,
motivacionais, comportamentais e de controle de
crianças em relação aos adultos.
Para o êxito na elaboração de técnicas interventivas TCC infantil,
temos que considerar os aspectos evolutivos relacionados ao
desenvolvimento cognitivo
Fases do Desenvolvimento
Infantil segundo Piaget
Jean Piaget (1896-1980)
Período Sensório-motor (do nascimento até 2 anos):
 Há um domínio de atividades sensoriais e motoras e não existe
ainda a linguagem e nem outras formas de representação.
 Graças à repetição de ações reflexas, produz novas condutas e, ao
coordená-las entre si, começa a construir as primeiras noções sobre
os objetos
 Estabelece as primeiras relações com as pessoas, especialmente
com a mãe, o que tem uma considerável importância para o seu
desenvolvimento cognitivo.
Período Pré-operacional (2-7 anos):
 Nesse estágio, a criança passa a utilizar a intuição como forma
de pensar para enfrentar dificuldades, responder a perguntas,
encontrar soluções;
 Começa a manifestar-se a imitação diferida, que é a imitação
de gestos ou comportamentos na ausência do modelo
Período Pré-operacional (2-7 anos):
 Desenvolvimento de um sistema representacional e usa
símbolos como palavras para representar pessoas e
lugares;
 É capaz de pensar sobre ações e objetos que não estão no
seu campo visual.
 Aparece habilidade de manipular símbolos
Período Operações concretas (7-12 anos):
 O pensamento pode ser usado para resolver problemas reais;
 Há maior capacidade para considerar o ponto de vista dos outros e
uma maior flexibilidade;
 A criança ainda não possui repercussões de consequências futuras
das ações;
Período Operações concretas (7-12 anos):
 Elas estão limitadas a pensar sobre as situações do aqui e agora
 A capacidade de pensar de modo abstrato não se desenvolve até a
adolescência.
 Sendo assim, encontra-se desenvolvido o Pensamento lógico, mas
não o abstrato;
Período Operações formais (12 anos até a idade adulta):
 Apresentam pensamento abstrato, capacidade de
hipotetizar situações e pensar em possibilidades.
Desta forma, a criança é capaz de entender a lógica das coisas, mas seu
pensamento ainda possui várias
limitações.
 Ela ainda necessita de uma representação concreta dos conceitos, em
sua maioria abstratos, quando abordados em psicoterapia.
Neste sentido, conceitos tais como:
problemas, sentimentos (culpa, raiva, amor, tristeza, alegria,
etc), pensamentos distorcidos, virtudes, paciência,
generosidade, prudência, etc e outros,
necessitam ser concretizados
para que se tornem compreensíveis para a criança.
 Faixa etária ao tratamento????
A partir dos 6 anos.
Nessa faixa de idade as crianças já possuem
sofisticada capacidade de representações mentais, de conceitos
mentais e de executar as funções psíquicas superiores de modo
integrado, destacando-se a capacidade de utilização de funções
metacognitivas, porém depende do complexo desenvolvimento
maturacional neuropsicológico previsto
para a idade.
(Gazzaniga e Heatherton)
Quais práticas com crianças estariam mais voltados para a
psicoterapia:
comportamental cognitiva ou
cognitivo comportamental ?
Quando a prevalência de alguns padrões de Comportamento é
mais intensa e aliado ao baixo nível de interação verbal e/ou
colaboração da criança
comportamental-cognitivo;
Faixa de Intervenção conforme Idades
Motivos
Idade
0a
Baixa
3a
3a
Agressividade; hipersexualização (fatores
Capacidade Neuropsicológica
Restrita, baixa capacidade de
geralmente ligados a situações de negligência integração entre as funções
Média
8a
Alta
12 a
Base comportamental, treinamento de
pais
e abusos infantis); distúrbios do sono e
executivas.
distúrbios alimentares
Incapacidade metacognitiva
Item anterior + TDAH + comorbidades de
Um pouco menos restrita do que 3 a 6 a – mais centradas nos pais e
agressividade, e desafiador opositivo;
a faixa entre 3 a 6 a.
maior uso de técnicas
problemas de adaptação à escola e
De 6 a 8 a grande avanço das
comportamentais.
problemas de aprendizagem e interação
funções executivas
De 6 a 8 a, técnicas cognitivas
social
8a
Intervenção Clínica
comportamentais
A soma de todas as queixas anteriores com
Maior nível de sofisticação
Interv. cognitivo-comportamen-tais
frequência de transtornos de eixo I (DSM IV)
neuropsicológica, expressa por
adaptadas c/ jogos, dese-nhos,
principalmente envolvendo humor e
maior capacidade de
fantoches; forte aliança terapêutica
ansiedade
representação simbólica e
com pais e, se possível, com a escola
funções metacognitivas
A
Alta
Mesma recorrência das situações anteriores,
Grande nível maturacional
Técnicas cognitivas com menor
partir
mas com características mais próximas das do neuropsicológico apesar de
inserção de situações mediadas pelos
dos
adulto (adolescente) do que da criança
pais.
12 a
“instabilidades” típicas de faixa
de transição.
4. AVALIAÇÃO E
FORMULAÇÃO DO PROBLEMA EM TCC
Perguntas frequentes??????
 Qual é o diagnóstico do paciente?
 Quais são seus problemas atuais, como esses problemas se
desenvolveram e como eles são mantidos?
 Que pensamentos e crenças disfuncionais estão associados aos
problemas; quais reações (emocionais, fisiológicas e
comportamentais) estão associadas ao seu pensamento?
Então, o terapeuta levanta hipóteses sobre como o paciente desenvolveu
essa desordem psicológica particular:
 Que aprendizagens e experiências antigas (e talvez predisposições
genéticas) contribuem para seus problemas hoje?
 Quais são suas crenças subjacentes (incluindo atitudes, expectativas e
regras) e pensamentos?
 Como ele enfrentou suas crenças disfuncionais? Que mecanismos
cognitivos, afetivos e comportamentais, positivos e negativos, ele
desenvolveu para enfrentar suas crenças disfuncionais?
 Como o paciente via (vê) ele mesmo, os outros, seu mundo pessoal,
seu futuro?
 Que estressores contribuíram para seus problemas psicológicos ou
interferiram em sua habilidade para resolver esses problemas?
O terapeuta começa a construir uma conceituação cognitiva durante
seu primeiro contato com um paciente e continua a refinar sua
conceituação até a última sessão.
CONCEITUALIZAR
E
AVALIAR
Conceitualizar:
É formular um caso, elaborar um modelo, uma representação
esquemática do problema do paciente e suas consequências diretas e
indiretas.
Facilita a tarefa do terapeuta de adaptar técnicas que se ajustem às
circunstâncias de uma criança, bem como orienta seu ritmo, sua
implementação e fornece orientação e especifica um caminho para o
progresso clínico.
Sem a compreensão cognitiva do cliente, todo o tratamento se
resumirá à aplicação de várias técnicas cognitivas e
comportamentais, que não resultarão em um trabalho eficaz.
Toda vez que o clínico perceber que o cliente diminuiu sua adesão ao
tratamento, a conceitualização cognitiva deverá ser retomada para que
a díade compreenda o problema que se impõe e o que pode ser feito
em relação a isso.
Na conceitualização cognitiva, dificuldades e experiências do cliente
são combinadas com a teoria e a pesquisa da TCC, permitindo chegar
a uma compreensão original e única daquele cliente.
Informações relevantes à inferência:
Marcos desenvolvimentais a respeito de:
Auto-regulação (comer, beber, ir ao banheiro....)
Responsividade a mudanças na rotina e adequação à escola
Funcionamento escolar (desempenho, frequência, histórico
disciplinar, suspensões, expulsões....)
Funcionamento social (quem são os amigos, como são conquistados,
quanto tempo duram as amizades, namoros, relações sexuais, vai a
festas?????)
 Variáveis cognitivas e comportamentais:
 Pensamentos automáticos
 Pressupostos subjacentes
 Esquemas
 Distorções cognitivas
 Antecedentes comportamentais
 Respostas comportamentais
 Estímulos antecedentes (“estressores”) – Ex: divórcio dos pais,
críticas de professores, provocações de colegas, ordens de pais.
Funcionamento familiar (histórico psiquiátrico dos pais e irmãos,
técnicas disciplinares empregadas, violência doméstica, quem chefia a
família e quem é o coadjuvante)
Condições médicas e uso de substâncias (drogas ilícitas, álcool,
laxantes, medicamentos)
Dados etno-culturais (crenças culturais a respeito do problema
apresentado e do tratamento, experiências com preconceito,
discriminação, opressão e marginalização)
 Consequências comportamentais ou reforçadores (estímulos que
acompanham um comportamento, determinando se este é fortalecido
ou enfraquecido)
 Reforço positivo (acrescenta alguma coisa prazerosa para aumentar a
taxa de comportamento)
 Reforço negativo (Remover alguma coisa desagradável para
aumentar a taxa de comportamento)
 Punição (diminuiu a taxa de comportamento) Ex: Pai que aos acessos
de raiva do filho, nega recompensas ou o ignora)
Usar os dados para formular uma visão do self:
“Eu sou ...... O mundo é ........ O ambiente é .........As pessoas são
..........”
“Eu sou ........ em um mundo ...........onde as outras pessoas
são ...........”
Avaliar:
É tomar conhecimento da criança e do funcionamento
familiar em vários domínios e a partir de diversas fontes.
2 degraus no processo:
1º) Precisa ter uma visão geral, descritiva, identificando os problemas e o
funcionamento geral da criança (identificação do sintomas);
2º) Investigar o papel dos fatores cognitivos na etiologia das perturbações
emocionais e comportamentais da criança.
 Instrumentos de avaliação:
A maioria deles usa medidas de auto-relato objetivo e listagens.
Fornecem dados sob a presença de sintomas, sua frequência,
intensidade e duração.
 Testes:
As informações colhidas nos testes podem ser integradas com o
relato verbal do paciente e com as impressões clínicas do
terapeuta
Eixo I:
Eixo II:
Eixo III:
Eixo IV:
Eixo V:
Descreve transtor Transtornos de Personalidade
Descreve as
Trata dos
Constitui-se por
nos clínicos
Retardamento Mental
condições
problemas
uma escala de
propriamente
Grupo A - indivíduos com
médicas
psicossociais e
avaliação global
ditos, por ex:
traços estranhos ou bizarros
(Clínicas( em
ambientais,
de
(por ex, Transtorno de
geral, por ex:
associados com
funcionamen-
Transtorno de
Personalidade Esquizóide;
o transtorno
to, que recebe
Pânico sem
Grupo B, indivíduos com traços Otite média
mental em
uma
Agorafobia,
dramáticos e instáveis, por ex:
questão, por ex: numeração, por
recorrente.
Transtorno de Personalidade
ex:
Transtorno
Boderline;
Ameaça de
Depressivo,
Grupo C - os inseguros e
perda de
ansiosos no grupo C, por ex:
emprego.
Dependência do
Transtorno de Personalidade
Álcool, etc.
Dependente.
APGAR = 10
Testes/Escalas
Inventário de Depressão para crianças (CDI; Kovacs, 1992) - (BDI Beck, 1996);
Inventário de Stress de Marilda Lipp;
Inventário de Ansiedade de Beck (BAI; Beck, 1990);
Escala de ansiedade Multidimensional para Crianças
março de 1997)
Checklist do Comportamento da Criança;
CBCL – Child Behavior Checklist
DSM IV
( MASC;
Obstáculos esperados
 A formulação ajuda a ver a estrada à frente e a prever obstáculos,
assim é possível moldar o plano de tratamento de modo a
negociar impasses terapêuticos.
Ex: Se uma criança é perfeccionista, espera-se que ela procrastine ou
evite fazer a tarefa de casa por medo de fracassar.
Caso os pais sejam inconsistentes em seus cuidados e venham à
terapia muito irregular, isso poderá ser um aviso antecipado para
preparar um plano para lidar com tais dificuldades.
Plano de Tratamento Antecipado
 Varia de uma criança para outra (considerar características e as
circunstâncias de cada uma);
Ex: uma criança muito ansiosa 
provavelmente se beneficiará de um treinamento de relaxamento;
enquanto que uma criança depressiva não se beneficiará











ÁREAS IMPORTANTES PARA A CONCEITUALIZAÇÃO COGNITIVA
Etapas do desenvolvimento
Houve atrasos notáveis nas etapas do
 Há problemas de linguagem e fala?
desenvolvimento?
 A criança lê bem?
A criança escreve bem?
 Quando a Criança dormiu a noite inteira?
Quando a criança foi treinada em sua higiene
 Como você caracteriza os padrões e os hábitos de sono
pessoal? Como foi? Quais foram às dificuldades?
da criança?
Houve muitos acidentes?
 Como esta criança responde caracteristicamente as
Como você descreveria os padrões de alimentação
mudanças em sua rotina?
da criança?
 Quem tomava conta desta criança? Houve rompimentos
Que tipo de bebê ela foi? Nervoso? Com cólicas? De
ou inconsistência na guarda?
temperamento fácil? Etc...
Alguma vez ela foi vítima de abuso sexual ou físico?
Escola
Quando e como foi o início acadêmico da criança?  Como é o desempenho acadêmico da criança? Houve um
Como a criança reagiu?
declínio no desempenho?
Como ela se dá com seus colegas de aula? E com os  Como foi e é seu ajustamento à escola? Como são seus
professores?
períodos antes e após a escola?
A criança alguma vez foi expulsa? Suspensa?  Como é a frequência da criança à escola?
Recebeu castigos?
Amigos e atividades
Quais são as atividades da criança?
 Quantos e quem são os amigos da criança?
Quanto tempo dura as amizades da criança?
 As amizades da criança são feitas com esforço, mas
facilmente perdidas?
ÁREAS IMPORTANTES PARA A CONCEITUALIZAÇÃO COGNITIVA
Relacionamentos familiares



Como é o relacionamento da criança com os pais 
e com os irmãos?
Como é o relacionamento entre os responsáveis? 
Como é o relacionamento com cada membro da
família? Igual? Diferente?

Como é o clima doméstico? Conflituoso? Carinhoso?
Permissivo?
A criança alguma vez testemunhou violência
doméstica? Como foi?
Como os relacionamentos familiares da criança
diferem de seus relacionamentos com outras pessoas?
Práticas disciplinares



Quais técnicas disciplinares são usadas?
Quais são os estilos dos pais?
Os pais concordam sobre disciplina?

Quais técnicas funcionam ou não funcionam bem?
Condições médicas e tratamentos anteriores


Quais condições médicas/físicas estão presentes? 
Como as condições psicológicas influenciam a
condição médica?

Como estas condições médicas influenciam o
funcionamento psicológico?
Qual foi a resposta da criança e da família a algum
tratamento anterior?
Uso de substâncias e envolvimento com a lei


Qual é o uso de substâncias da criança?
Qual é a extensão do envolvimento com a lei?

Qual uso a criança faz de laxantes, comida, remédios
de venda livre? E de produtos domésticos?
Atividades práticas - Estudo de Caso
A – Levantamento de dados (ler o caso)
1. Completá-lo conforme questões sugeridas em “
conceitualização_áreas importantes” (GRUPO)
2. Considerar os “passos” da descrição das primeiras sessões para:
 Levantar a queixa principal (motivo que levou os pais procurarem
tratamento psicológico)
 Levantar objetivos dos pais quanto ao processo psicoterápico.
 Levantar ou sugerir, caso necessário, variáveis cognitivas:
Estímulos antecedentes estressores e reforçadores,
Pensamentos automáticos - Pressupostos –subjacentes Esquemas/crenças - Distorções cognitivas -Antecedentes
comportamentais – Respostas
comportamentais
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Pensamentos Automáticos