A COMPREENSÃO DOS ALUNOS DE LETRAS
SOBRE O PAPEL DO PROFESSOR DE INGLÊS
Josiane Paulino MEZZARI1
Márcia Cristiane Nunes SCARDUELI2
Thaise Veríssimo GONÇALVES3
RESUMO: Este trabalho discute a compreensão de alunos do curso de Letras - Português/Inglês – da UNISUL,
unidade Araranguá, sobre o papel do professor de Inglês. O universo de estudo eram os formandos do ano de
2010. A pesquisa foi realizada sob a perspectiva da Análise Crítica do Discurso e o corpus composto de um
questionário aplicado. A análise dos dados permitiu a compreensão de que os acadêmicos investigados não
entraram no curso de Letras motivados pelo Inglês, mas aprendessem a gostar do idioma e isso influenciou na
decisão da maioria deles de atuarem como professores de Inglês. Os participantes acreditavam que o professor de
Inglês precisa ser mais valorizado e percebeu-se que os acadêmicos reconheciam o papel do professor de Inglês
como sendo de estimular o interesse do aluno, mas para isso, precisa estar atualizado e capacitado, a fim de que
seja reconhecido pelo seu trabalho.
PALAVRAS-CHAVE: alunos de Letras; compreensão; papel do professor de Inglês.
1. Introdução
Nos dias atuais, em virtude da influência dos Estados Unidos no cenário mundial, o
conhecimento da Língua Inglesa é altamente estimado. O aprendizado do Inglês abre as portas
para o desenvolvimento individual, profissional e cultural. Sendo assim, aprender o Inglês
tornou-se uma necessidade para muitos profissionais.
Essa importância atribuída ao idioma inglês estimulou o interesse pela pesquisa sobre
a formação dos acadêmicos e futuros docentes da área do ensino de Língua Inglesa,
analisando especificamente o que os alunos de Letras pensam sobre a função/papel do
professor de Inglês.
Primeiramente, para ser um bom profissional da Língua Inglesa é necessário que o
futuro docente tenha satisfação em desenvolver as aulas e reconhecer a valorização da língua.
O profissional deve despertar o interesse dos educandos, desenvolvendo atividades
diferenciadas, para assim, estimular o aluno a aprender e se tornar uma pessoa mais crítica.
Além de mediar o conhecimento, o educador precisa buscar o aprimoramento e estar
atualizado para melhorar suas aulas, criando, inovando e motivando o educando, para que
assim, o ensino-aprendizagem da Língua Inglesa seja significativo. O docente deve planejar
suas aulas para saber o que falar, o que fazer e como conduzi-las e, assim, a cada aula, rever
sua prática pedagógica, isto é, o que contribuiu e o que deve ser melhorado.
O futuro educador precisa também conhecer o “prior knowledge” que o educando traz
consigo, para que ele possa ensinar a partir do que o aluno já sabe.
Ser educador é estar comprometido com o conhecimento e com o uso da informação.
Isso requer dedicação, responsabilidade e habilidade. A coerência do que o docente fala com
o que ele faz é um fator importante para o seu sucesso, porque é através dela que o professor
passará segurança e autonomia para o educando.
1
Especialista em Língua Portuguesa, Professora de Inglês da Escola de Educação Básica Manoel Gomes
Baltazar.
2
Doutoranda em Ciências da Linguagem, Professora da UNISUL.
3
Especialista em Língua Portuguesa, Professora de Português da Escola de Educação Básica de Araranguá.
1
A presente pesquisa, que resultou do trabalho monográfico por ocasião da conclusão
do curso de Letras, habilitação Português e Inglês, teve por objetivo geral, analisar as opiniões
dos acadêmicos do curso de Letras sobre o papel do professor de Inglês, que se valeu de
revisão bibliográfica e de uma coleta de dados, efetivada pela aplicação de um questionário
aos alunos do 7º semestre do curso de Letras - Português/Inglês, da Universidade do Sul de
Santa Catarina – UNISUL, unidade Araranguá, em 2010.
2. Formação do professor de Inglês
Vivemos, atualmente, em uma sociedade onde quem se destaca é o indivíduo que se
mostra versátil. Assim, saber outra língua é um ponto a mais em favor dessa pessoa. O inglês
é um dos idiomas mais falados no mundo, é o idioma dos negócios dos programas de
computador, ou seja, do mundo tecnológico. Segundo (PENNYCOOK, 1995 apud COX;
PETERSON, 2001, p. 19) “a expansão do inglês no mundo não é a mera expansão de uma
língua, mas é também a expansão de um conjunto de discursos que fazem circular idéias de
desenvolvimento, democracia, capitalismo, neoliberalismo, modernização”.
O ensino de uma língua estrangeira tornou-se importante para a formação de crianças
e jovens. A Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 2006 (BRASIL, 1996), estabelece as diretrizes
e bases da educação nacional e o parágrafo 5º, do artigo 26, dessa lei, apresenta o que segue:
“Na parte diversificada do currículo será incluída, obrigatoriamente, a partir da quinta série, o
ensino de pelo menos uma língua estrangeira moderna, cuja escolha ficará a cargo da
comunidade escolar, dentro das possibilidades da instituição”.
A formação do professor de Inglês envolve aspectos, muitas vezes, desconhecidos
pelos candidatos a professor como: o fato de que a manipulação de diferentes áreas do
conhecimento exige certo domínio da língua Inglesa e que didática na sala de aula é
fundamental. A partir do momento que o candidato a professor entra na universidade, ele deve
estar sempre em busca de atualizações dentro de vários campos dos conhecimentos para que,
depois de formado e estiver inserido no ambiente escolar, possa estar preparado para dar uma
aula produtiva, a fim de que aluno e educador consigam obter resultados positivos.
Formar um profissional de Língua Inglesa leva muitos anos e não termina quando ele
sai da universidade, pois o estudo contínuo da língua é fundamental.
A formação de um professor de LE envolve aspectos acadêmicos e políticos. A
formação do professor é extremamente complexa, e envolve mais do que um curso
de graduação; Linguisticamente o professor deve ser capaz de criar uma nova língua
na mente do aluno e, politicamente o professor deve ser crítico, e incentivador para
que o aluno não seja somente um receptor de informações, mas também um produtor
de informações (LEFFA, 2001, p. 333).
No artigo 43, do inciso V, da Lei das Diretrizes Básicas da Educação (BRASIL, 1996),
encontra-se: a formação do educador deve “suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento
cultural e profissional e possibilitar a correspondente concretização, integrando os
conhecimentos, que vão sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do
conhecimento de cada geração”. Com isso, o futuro professor em sua formação, não deverá se
limitar ao que a universidade propõe e sim estar em constante busca por outros
conhecimentos, sem contudo, desconsiderar a importância da universidade na vida acadêmica
desse profissional.
A universidade tem papel fundamental na formação do professor. É a instituição que
vai moldando esse profissional que, mais tarde, entrará no mercado de trabalho. Mercado esse
que exigirá muito dele. Em sua formação o educador deverá construir uma bagagem repleta
de conhecimentos teóricos, experiências e uma série de preparações extras classe que
2
auxiliarão no processo de ensino aprendizagem, ou seja, na relação que esses conhecimentos
estabelecerão com os seus aprendizes.
Segundo Da Rosa et al. (2008, p. 18), a formação do professor licenciado em Letras Português/Inglês, oportunizada na Universidade do Sul de Santa Catarina, em 2010, propunha
no seu Plano Pedagógico, um currículo de 2800 horas/aula. Dentre essas horas, 600 horas/aula
são destinadas para o ensino de Língua Inglesa, sendo que 120 horas são dedicadas às
literaturas Inglesa e Norte-Americana) e outras 120 horas para os quatro períodos de estágios
supervisionados.
Segundo Barcelos et al. (2004, p. 12), “é cuidando da formação de nossos professores
e fazendo disso uma prioridade que estaremos contribuindo para a melhoria da educação”.
Assim, percebe-se que a educação só passará por transformações, ou seja, melhorará, quando
houver a atenção necessária para a formação dos professores. É importante ressaltar que a
formação dos educadores não é compromisso de um só educador, mas de todos que fazem
parte dessa formação (Universidade, professores e alunos), e que a construção do
conhecimento começa quando o futuro professor dá seus primeiros passos na entrada da
universidade. É nesse momento que ele começa sua carreira profissional.
A reflexão sobre a educação é a palavra chave no processo de formação de um futuro
docente, ou seja, refletir sobre todos os aspectos que envolvem esse meio faz parte de um
conjunto de fatores que contribuirão para uma boa formação de um profissional do âmbito
educacional. “A formação do professor precisa ser repensada constantemente, a sociedade
evolui e as necessidades de hoje estão longe de serem as mesmas de outras épocas. Quem se
imagina pronto limita seus passos e se condena ao envelhecimento” (BENCINE, 2001, apud
JUNIOR, 2009, p. 29). O professor deve caminhar junto com as mudanças que acontece na
sociedade a cada momento, procurando sempre estar atualizado.
3. O papel do professor de Inglês
Todo educador tem grandes participações na redescoberta de novas práticas escolares
e, assim, nas transformações que a sociedade (pais, alunos e comunidade em geral) espera da
escola, principalmente, de uma das figuras mais em destaque no contexto desta pesquisa: o
professor. O docente é, então, responsável pelo avanço da qualidade do processo de ensinoaprendizagem, cabendo a ele desenvolver métodos que permitam ao educando uma
aprendizagem mais significativa.
Para Tognato (2002, p. 2), o papel do professor de Inglês hoje é complexo. Ser
educador é uma grande responsabilidade, principalmente quando nos referimos a um
profissional de Língua Inglesa. Ensinar um idioma que não seja a língua materna do aluno é
um pouco assustador, no início, ou seja, intimida o educador a princípio, pois, o aluno pode
não ter amadurecimento suficiente para entender a importância do aprendizado de uma
Língua Estrangeira.
É fundamental evitar o fracasso na aprendizagem de línguas na escola, para se
acabar, de uma vez por todas, com a falsa idéia de que língua estrangeira só se
aprende fora da escola. (...) Os objetivos realistas devem decorrer, necessariamente,
da função social da língua estrangeira em relação aos alunos em questão, do papel da
língua estrangeira na construção da cidadania, do papel da língua estrangeira como
parte integrante da formação global do indivíduo (CELANI apud CAMPANI, 2006,
p. 217).
Entender a importância da Língua Inglesa no mundo é fundamental para a introdução
dela na vida escolar de um aluno. Segundo Tognato (2002, p.1) a Língua Inglesa tem sua
importância quando ela contribui para ampliação e exploração do mundo.
3
Para o processo de ensino-aprendizagem ter eficácia, o professor deve estar carregado
de múltiplas práticas que sirvam de alicerce para desenvolver um bom trabalho dentro da sala
de aula, além de estar preparado para atender os diferentes tipos de aluno que encontrará nas
escolas. O professor deverá estar atento também para responder às perguntas sobre o porquê
de estudar outra língua, ou seja, fazendo o aluno compreender que ser conhecedor de uma
segunda língua o distinguirá de outros no mercado de trabalho.
O aluno deve entender que estudar a Língua Inglesa é tão importante quanto estudar
outras disciplinas que estejam na grade curricular como matemática ou ciências. A
compreensão do aluno sobre essa importância de estudar a Língua Inglesa será de grande
valia para o professor, pois, facilitará a condução das aulas, tornando o processo de
aprendizagem mais bem sucedido.
O papel principal do professor de Inglês, como o papel de todo educador, é conduzir o
aluno até o conhecimento usando estratégias como a da instigação, isto é, fazer o aluno refletir
para encontrar as respostas que ele precisa. Segundo Tognato (2002, p. 1), “o professor de
Inglês tem exercido um papel abrangente no que diz respeito às suas funções como
profissional”, pois a língua que o professor está ensinando tem importante papel no cenário
mundial.
Refletir sobre sua prática pedagógica encurtando os caminhos sobre as dificuldades
encontradas ao longo do trajeto profissional devem ser preocupações constantes de todo
professor, e assim, também do professor de Inglês, visto que ele tem liberdade para tratar de
todo e qualquer assunto dentro de sua disciplina.
Segundo Vygotsky (apud Rego, 2009, p. 1), o professor é o mediador do
conhecimento, ou seja, um facilitador no caminho entre o conhecimento e aprendizagem de
alguém que, assim como ele, está em busca de aperfeiçoamento, construção de conhecimento,
cultura e cidadania.
4. Como é visto o professor de Inglês no Brasil
O Brasil, por ser o maior país da América do Sul e ter acordos comerciais com os
Estados Unidos e outros lugares do mundo, tem uma grande necessidade em dominar a
Língua Inglesa. Esse idioma tem sido ensinado, no Brasil, a todos os níveis de alunos, desde
os infantis até os adultos. Para Michelle Simmons (2008, p. 1), o mercado para professores de
Inglês está crescendo e, com isso, aumenta a procura por profissionais da área.
O profissional da língua inglesa, aos poucos, está conquistando o seu espaço e
interagindo mais com os alunos, despertando, assim, a vontade de aprender. Um fator que
contribui, segundo Sandra Kezen (2007), para o interesse pelo aprendizado do idioma inglês é
a admiração que os brasileiros em geral, têm por tudo que vem de fora, ou seja, que pertence
aos estrangeiros.
Atualmente, muitas roupas vêm sendo fabricadas com palavras escritas em inglês, isso
estimula a curiosidade do aluno em saber o que está escrito e acompanhar as tendências da
moda. Essa grande reverência dos brasileiros pelas coisas importadas do exterior acontece há
muito tempo. Segundo Sandra Kezen (2007), isso acontece desde quando os colonizadores
afirmaram que “todas as coisas boas vinham do exterior”. Assim, criou-se uma admiração
pelos produtos estrangeiros. Essa estimação já faz parte da nossa cultura e também do nosso
contexto histórico, ainda que muitas críticas sejam atribuídas a essa “admiração estrangeira”.
Ainda segundo a autora, “o educador de Língua Inglesa deve entender esse jeito dos
brasileiros de “adorar” os pertences americanos, mas o professor não deve estimular essa
suposta superioridade da cultura estrangeira para assim não desvalorizar a nossa cultura”
(KEZEN, 2007, p. 1). Para a autora, o ensino da Língua não deve apontar diferenças, pois
4
ambas têm seus costumes e seus valores que deverão ser respeitadas, ou seja, deve-se
aprender outra cultura, contudo ela não deverá se sobrepor à cultura do país.
Uma pesquisa feita por Cox e Peterson (2001, p. 23-24) com professores de Língua
Inglesa que atuam na cidade de Cuiabá, em Mato Grosso, revela que para alguns entrevistados
a profissão de professor de Inglês é vista como uma questão de status.
No meio social, ser professor de inglês é, para a maioria, uma insígnia que dá
“status”, “prestígio”, é uma espécie de “diferencial” que o individualiza entre os
professores de outras matérias. O professor de inglês diz-se “respeitado”,
“valorizado”, “admirado”, “orgulhoso”, exercendo a profissão que escolheu, apesar
de financeiramente não ser compensadora. Vê-se envolvido por uma aura positiva.
(COX; PETERSON, 2001, p. 23-24).
Ainda sobre a afirmação acerca da questão de status atribuída aos professores de
Língua Inglesa, as pesquisadoras apontaram ainda que os professores dessa disciplina são
tidos como “Mauricinhos”4 e “Patricinhas”5, pelos alunos. Além disso, Cox e Peterson (2001,
p. 24), relatam que alguns professores entrevistados, “são vistos com desconfiança, são alvos
de estigmas como “alienado”, “não politizado”, “colonizado”, “submisso ao imperialismo”,
ou seja, a figura do professor de Inglês na escola é como algo que não seja essencial para o
ensino.
Em geral, no Brasil, a educação valoriza o aprendizado da Língua Inglesa, uma vez
que é exigido na grade curricular, porém, na prática alguns fatores contribuem para que o
ensino desse idioma não tenha um resultado positivo, como afirmam Ialago e Duran (2008, p.
58-59):
No Brasil, a educação reconhece o valor cultural do aprendizado de línguas
estrangeiras, ao incluir seu estudo no currículo oficial. Na prática, porém, uma série
de fatores inviabiliza sua realização: professores com pouco domínio oral da língua,
salas numerosas, carga horária reduzida, entre outros, fazem com que o ensino de
uma língua estrangeira moderna permaneça centrado na leitura, no vocabulário e na
gramática, sem a devida atenção à habilidade oral.
Assim, a profissão de educador de Língua Inglesa, como de qualquer outra disciplina,
possui aspectos positivos e negativos. Alguns desses aspectos contribuem para a valorização e
crescimento na sua área e outros desprestigiam a imagem desse profissional.
4. Metodologia da pesquisa
Esse trabalho enquadra-se no desenho metodológico de pesquisa qualitativa de
descrição e seu desenho metodológico recorrente é o da pesquisa de campo. Segundo Fábio
José Rauen (2002, p. 58) “as pesquisas qualitativas de descrição são aquelas que não se
conformam com os dados bibliográficos, confiam na notação qualitativa e não intervêm na
realidade”.
O instrumento utilizado para a coleta de dados foi o questionário. Segundo Rauen
(2002, p. 126), “o questionário constitui numa lista de perguntas escritas, que precisam ser
respondidas pelo participante, igualmente por escrito”. O questionário organizado para esta
pesquisa, formulado a partir das orientações de Rauen apresenta: cabeçalho, algumas questões
que caracterizam o entrevistado e o corpo de questões.
4
Jovem do sexo masculino excessivamente cuidadoso com seu aspecto, sua indumentária, e que frequenta
lugares na moda. [Gíria]
5
Jovem do sexo feminino, que se veste com esmero e tem comportamento consumista.
5
No corpo de questões elaboradas foram abordados assuntos referentes à importância
da Língua Inglesa para os participantes da pesquisa; se estavam frequentando o curso de
Letras em função da Língua Inglesa; se depois de formados os participantes pretendiam atuar
como professores de Inglês; se eles entendiam que a universidade oferecia subsídios
necessários para a formação de um bom professor de Língua Inglesa, no período da formação
profissional; além de, como os participantes definiam o papel do professor de Língua Inglesa
e o que eles entendiam que significava ser um bom professor de Inglês. Também
questionamos aos participantes se a opinião deles sobre ser professor de inglês tinha sido
alterada depois da realização do estágio supervisionado de Língua Inglesa e, por fim, se eles
julgavam que o professor de Língua Inglesa é valorizado, na sociedade e/ou no mercado de
trabalho.
O questionário foi aplicado aos entrevistados (alunos do sétimo semestre de Letras, da
UNISUL, unidade Araranguá), em março de 2010, durante um período de aulas cedido por
um dos professores do curso. Esse grupo de alunos - sétimo semestre de Letras - era composto
por 27 alunos, incluindo as presentes pesquisadoras (Josiane e Thaise). No momento da coleta
de dados, explicamos o objetivo da pesquisa e distribuímos o questionário para os 25
entrevistados, solicitando que a devolução fosse feita às pesquisadoras, com um prazo
máximo de uma semana. Todos os acadêmicos atenderam ao chamado da pesquisa e
responderam ao questionário aplicado. O questionário era anônimo e as respostas foram
organizadas numericamente de 1 a 25.
5. Análise e discussão dos dados
A Análise Crítica do Discurso (ACD) foi à ferramenta utilizada para a efetivação e
fundamentação das análises dos dados coletados nesta pesquisa. Segundo Faye Pedrosa
(2010, p. 1), a ACD surgiu a partir da década de setenta e vem conquistando espaço nos
últimos tempos como uma teoria social do discurso, que busca “ler” criticamente o mundo, ou
seja, buscar vínculos entre linguagem e práticas sociais.
Para Torizani (apud DA ROSA et al., 2008, p. 27) , “a ACD nasceu da necessidade de
se analisar o discurso como parte intrínseca do social”, ou seja, ela é parte fundamental da
formação da estrutura social. Essa linha de análise tem como principal autor Norman
Fairclough que é um dos precursores dessa corrente. De acordo com Fairclough (2003 apud
FAYE PEDROSA, 2010, p. 5): “a localização teorética da ACD está em ver o discurso como
um momento de prática social, sabendo que as práticas incluem (...) a atividade produtiva,
meios de produção, relações sociais, valores culturais, consciência e semioses”.
Nesse sentido, a análise dos dados coletados na presente pesquisa seguirá a linha de
raciocínio do modelo tridimensional proposto por Fairclough (2001), em que se buscam
investigar as questões relativas ao texto, interpretação deles e interações gerais com o
contexto onde está inserido, ou seja, a prática social. Porém, a análise textual foi realizada,
simultaneamente, com a análise discursiva, de forma a abordar entre os dados coletados, o
ponto de vista social, ou seja, das práticas sociais dos participantes, manifestados na
linguagem por eles expressada.
Quanto ao perfil dos participantes, as informações presentes nas respostas do
questionário aplicado (disponível no apêndice), apontam que, dos 25 acadêmicos que
participaram da pesquisa, dois eram do sexo masculino e 23 do feminino; quanto à faixa
etária, 17 participantes tinham entre 19 e 25 anos, 7 participantes tinham entre 26 e 35 anos e
apenas um participante tinha entre 36 e 40 anos de idade.
Observa-se assim que, entre os participantes da pesquisa, acadêmicos do sétimo
semestre do curso de Letras, havia, na época da pesquisa (e talvez ainda hoje), uma
predominância do sexo feminino. Nos cursos de Licenciaturas em geral é comum que as
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turmas sejam compostas por maioria de mulheres, visto que é mais comum que os homens
deem preferência a outras áreas do conhecimento, diversas da educação.
Com relação à idade, a turma pode ser considerada jovem, uma vez que 68% dos
alunos tinham entre 19 e 25 anos, porém, a presença de alunos com idade acima desse grupo é
importante, a fim de que a troca de experiências entre os colegas de classe seja mais
proveitosa, não só na questão da formação profissional, como na interação social.
Quando perguntado aos participantes da pesquisa, sobre a importância da Língua
Inglesa, todos os 25 responderam positivamente. Os acadêmicos utilizaram a expressão “é
importante” três vezes, “é muito importante” sete vezes, “ importantíssima” duas vezes e,
“extremamente importante”, cinco vezes. As respostas apresentadas denotam que, para os
participantes da pesquisa, o ensino da Língua Inglesa é significativo. Abaixo apresentamos
algumas respostas selecionadas.
“Importantíssima, pois hoje precisamos de pessoas capazes de dominar mais de
uma língua, com a globalização necessitamos de profissionais competentes nesta
área” (Participante 8).
“A Língua Inglesa é muito importante por ser o meio de comunicação do mundo
todo. Sendo a língua universal, ela é fundamental em qualquer área e em qualquer
lugar” (Participante 25).
Ao analisarmos a questão em que perguntávamos se os participantes da pesquisa
estavam no curso de Letras por causa da Língua Inglesa, ficou evidenciado que a maioria dos
acadêmicos não tinham preferência pela disciplina de inglês, pois, dezoito responderam que
“não”. Alguns participantes justificaram que preferem a Língua Portuguesa à Língua Inglesa,
pelos seguintes motivos:
“... conhecer melhor nossa Língua materna, além de resgatar um pouco da nossa
cultura através de escritores brasileiros...” (Participante 12).
“... Gosto da língua Portuguesa, acho muito importante falar corretamente, e
escrever corretamente, gosto de ler também.” (Participante 4).
De acordo com essas respostas, pode-se perceber que os participantes acima que
deram preferência à Língua Portuguesa, não levaram em conta que eles podem ler, escrever e
estar em contato com Literatura, mesmo estudando a Língua Inglesa, pois o estudo de
qualquer Língua pode oferecer essas práticas.
Dos 25 participantes, apenas sete responderam que “sim”, ou seja, que estavam no
curso de Letras, principalmente pela Língua Inglesa. Na resposta do Participante 10: “eu
entrei no curso, só pelo inglês”, percebe-se, pela utilização do advérbio “só”, que a única
motivação desse participante para atender ao curso foi a Língua Inglesa.
Há ainda um participante que apresenta dúvida com relação as suas preferências no
curso “respondi não, porém poderia dizer sim e não, a princípio fiquei na dúvida, hoje posso
dizer que já tenho gosto pela língua Inglesa”, disse o Participante 14. Essa resposta entra em
contraposição com a resposta apresentada anteriormente, em que todos os participantes
ressaltam a importância do ensino da Língua Inglesa, contudo percebeu-se ser uma minoria
que estava no curso por causa da Língua Inglesa, como demonstrou o Participante 24: “Foi
uma segunda opção, para ter uma formação. Aproveitei que me identifico com Língua
Portuguesa, é por isso que estou aqui”. Percebemos, então, que os acadêmicos estavam mais
em busca de um diploma do que interessados realmente ter o conhecimento de outra língua,
ou mesmo tornarem-se professores desse idioma.
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O discurso utilizado nas respostas dos entrevistados, ainda que a maioria (93%) dos
participantes não esteja no curso de Letras em função do Inglês, é a favor ao Ensino da
Língua Inglesa, ressaltando que esse idioma é um dos mais falados no mundo. Para eles,
quem domina essa língua terá grandes oportunidades no mercado de trabalho. Além disso,
essa língua está presente no dia-a-dia das pessoas de diversas formas como: em marcas de
roupas, propagandas, músicas, revistas. Sendo assim, considerando que os participantes da
pesquisa seriam futuros docentes de Inglês, é possível supor que esse discurso aqui
manifestado (favorável à língua inglesa), seria refletido em suas práticas docentes em sala de
aula e que possivelmente se tornariam profissionais comprometidos com o ensino desse
idioma.
Ao questionarmos os participantes com relação aos subsídios que a Universidade
oferecia para a formação do professor de Inglês (pergunta número seis), doze participantes
disseram que sim, ou seja, a universidade oferecia subsídios necessários para suas formações
e justificaram suas repostas. Dentre as respostas positivas, sete participantes ressaltaram que
eles próprios é que devem empenhar-se, “gostar” e “ter força de vontade” em sua formação.
“Tenho certeza que sim, mas o que leva a boa formação de um professor está na sua
força de vontade e não na universidade que ele freqüenta” (Participante12).
“Até porque parte disso depende somente de nós” (Participante12).
Ainda falando das respostas positivas, quatro participantes apontaram que a
Universidade oferecia profissionais preparados para a formação desses acadêmicos,
“Começando por profissionais competentes, pois com profissionais competentes consegue-se
bons resultados” (Participante 8). Outros participantes apontam outros subsídios que a
Universidade oferecia como: intercâmbio, métodos diversificados, acessibilidade às
Literaturas, como aponta a resposta do Participante 1: “A Unisul oferece Intercâmbio, e
acredito que, dispõe-se de ótimos profissionais da área de língua Inglesa, porém, sou da
opinião de que, quem faz o bom profissional não é o curso escolhido nem a universidade e
sim nós mesmos”. É muito importante o acadêmico ter a consciência de que ele é quem deve
buscar o conhecimento, pois assim estarão sendo formados profissionais autônomos que não
se acomodam em momento algum, visto que a área da educação necessita de autonomia e de
esforços próprios.
Treze participantes responderam negativamente a esta questão, ou seja, de que a
universidade “não” oferecia subsídios necessários para a formação de um bom professor de
Língua Inglesa. Entre as respostas negativas, cinco participantes, disseram que necessitavam
recorrer a cursos de aperfeiçoamento fora dessa Instituição de ensino para se prepararem para
a docência, conforme mencionou o Participante 19: “As aulas que temos não são suficientes
para a formação de bons professores, temos de recorrer para cursinhos fora para nos
aperfeiçoarmos”.
Como já foi mencionado no presente trabalho, a busca constante de aperfeiçoamento é
um ponto importante para a carreira docente, visto que a sociedade vive em constantes
transformações e com ela o conhecimento também se modifica. Assim, se o professor não
acompanhar o ritmo em que a sociedade caminha, com certeza terá dificuldades no seu
desempenho profissional.
Ainda sobre esse enfoque, dois participantes opinaram que a Universidade é que
deveria oferecer esses cursos de aperfeiçoamento, como diz o Participante 22: “Ainda
precisa melhorar, deveria priorizar mais disciplinas na área de LI. Oferecer mais cursos
extracurriculares”. Vale lembrar aqui, que o curso de Letras da Unisul unidade Araranguá
ofereceu aos acadêmicos que participaram da pesquisa alguns cursos extracurriculares. No
ano de 2007 (no primeiro semestre letivo) foi oferecido o PAACI: Língua Portuguesa, com
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duração de 40 horas-aula. No ano de 2008, no período de 8 de agosto a 23 de setembro foi
promovido o Círculo de Estudos da Linguagem III, com duração de 48 horas-aulas, também
nos anos de 2007 e 2008 no mês de outubro de ambos os anos, a Universidade promoveu o
Unisul Contexto: Universalidade do conhecimento. Os cursos oferecidos pela Universidade
abrangem boa parte das áreas de estudos do curso de Letras.
Percebe-se no discurso de alguns participantes (51%), certa crítica à instituição em que
estão inseridos. Conforme citam os Participantes 11 e 19.
“... deveria ser mais investido na prática da língua, quem sabe oferecer mais cursos
de aprimoramento e mais técnicas” (Participante 11).
“... as aulas que temos não são suficientes para a formação de bons professores,
temos de recorrer para cursinhos fora para nos aperfeiçoarmos” (Participante 19).
Com essas respostas percebe-se que para alguns participantes a universidade deixava a
desejar no que se refere ao aprendizado da Língua Inglesa. Para esses alunos, a universidade
deveria oferecer mais cursos dentro dessa área e métodos que permitam a prática da oralidade.
Há, porém, aqueles que se mostram satisfeitos com o que a Universidade oferece a
eles e assumem para si as responsabilidades de sua formação.
“... Tenho certeza que sim, mas o que leva a boa formação de um professor está na
sua força de vontade e não na universidade que ele frequenta” (Participante 12).
“... O ensino não vem só do professor o aluno também tem que gostar e pesquisar e
aprender mais” (Participante 15).
O discurso desses participantes nos permite entender que a universidade não é a única
responsável pelo aprendizado do aluno, isto é, o educando também precisa buscar outros
conhecimentos, por conta própria, o que indica que para se ter uma boa formação, deve existir
um comprometimento tanto da universidade na qual se está inserido quanto do acadêmico,
que, com dedicação e responsabilidade, poderá se tornar um profissional de sucesso.
Quanto à questão que abordava o papel do professor de Língua Inglesa, seis
participantes ressaltaram a sua importância, através da utilização das expressões:
“importante”, “extremamente importante”, “ferramenta indispensável”, “fundamental”.
Quatro participantes afirmaram que o papel do professor de Língua Inglesa é instigar o aluno
e despertar o interesse dele para apreender, motivando e incentivando-o durante as aulas de
Língua Inglesa, conforme o Participante 4: “...como é uma língua diferente, o professor de
Inglês deve ajudar o aluno incentivando nas aulas de Inglês, com diferentes métodos de
ensino, para o aluno se aproximar do Inglês”.
Três participantes mostraram-se um pouco desanimados ao definir o papel do
professor de Língua Inglesa, pois eles acreditam que as pessoas, de maneira geral, não sabem
o quanto esse profissional é importante para a educação. Nas suas respostas:
“Difícil [o papel do professor]” (Participante 14).
“Um papel muito difícil pois a população não teve consciência que ele está ali
porque todos nós precisamos” (Participante 15).
De modo geral, tenderam a ser positivas as respostas sobre o papel do professor de
Inglês. A maioria dos participantes enalteceu a figura desse profissional, evidenciando seu
valor e sua importância para a Educação.
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Os participantes também enfatizaram a importância da atualização do professor, ou
seja, ele precisa fazer cursos de aperfeiçoamento, pois, assim estará se aprimorando e
aprendendo cada vez mais.
Pode-se dizer que os acadêmicos de Letras da UNISUL unidade Araranguá que
participaram da pesquisa, possuíam discursos conscientes em relação ao papel /função do
professor. Assim, é possível supor que se esses futuros professores, ao se inserirem no
contexto educacional, mantiverem esses discursos em suas práticas pedagógicas, com certeza,
o professor e a Língua Inglesa serão muito mais valorizados.
Com relação à pergunta sobre o que significa ser um “bom” professor de Inglês, nove
acadêmicos citam que um bom professor precisa conhecer o idioma que leciona. Exemplos:
“Um professor de língua Inglesa gosta de sua escolha, sua profissão, domina a
língua e consegue ser dinâmico, coerente e paciente com seus alunos”
(Participante 3).
“Ter domínio na pronúncia e gramática desta língua e uma paciência enorme com
os alunos que tem uma dificuldade maior de entendimento desta língua, “diferente”
(Participante 10).
Outros cinco participantes mencionam que, sobretudo, eles devem amar o que fazem,
ou seja, gostar de trabalhar com a Língua Inglesa. Exemplos:
“Conhecer primeiramente a língua Inglesa, gostar do seu trabalho, ensinar com
amor e não por obrigação” (Participante 1).
“Primeiro ter dom da profissão, segundo gostar do trabalho em grupo e ser
paciente para a construção do conhecimento novo e com certos mistérios para
alguns alunos” (Participante 6).
Percebe-se com essas últimas respostas que os acadêmicos acreditavam que se o
professor não gostar de lecionar sua disciplina, ele talvez não consiga obter sucesso
profissional e, em uma hipótese ainda pior, ele não conseguirá mediar o conhecimento e assim
a formação do aluno estará comprometida. Isso pode gerar outras consequências mais tarde,
quando a defasagem no ensino for sentida pelo aluno que atribuirá a responsabilidade ao
baixo desempenho do professor.
Dois participantes mencionam em suas respostas que um bom professor nunca deve
parar de estudar, ou seja, manter-se atualizado e sempre estar à procura de novos
conhecimentos, como demonstra o Participante 7: “O bom professor de Língua Inglesa
nunca pode parar de estudar e treinar a língua, buscando sempre aperfeiçoamento”. Da Rosa
et al. (2008, p. 32), fazem menção ao constante estudo e à prática da língua, “o professor de
Inglês deve estar, constantemente, praticando suas habilidades orais e escritas com o objetivo
de aperfeiçoar-se no idioma”. Os participantes mostraram-se firmes com relação à
preocupação com o aperfeiçoamento da língua como podemos notar nessas palavras usadas
por eles: “nunca pode parar de estudar”, “sempre se atualizando”.
Ainda com relação à pergunta sobre o que é ser um bom professor de Língua Inglesa
doze participantes apontaram que ter fluência no idioma é de extrema importância. É
necessário que os professores de Língua Inglesa dominem a língua que estão trabalhando. O
discurso deles nos dá a entender que eles se sentiriam muito mais seguros ao seu trabalho se
conseguissem falar com fluência o idioma, para terem melhor desempenho nas salas de aulas.
As respostas dos participantes deixaram clara a preocupação deles no aspecto de
estarem bem preparados e repletos de práticas pedagógicas que auxiliem esses futuros
professores quando estiverem nas salas de aula e, com isso, de forma que seus alunos possam
usufruir melhor dos conhecimentos desses professores.
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Quando perguntado aos participantes se suas opiniões sobre serem professores de
Língua Inglesa, depois de formados, tinham sido alteradas depois da realização do Estágio
Supervisionado de Inglês, treze participantes responderam que “sim”, ou seja, que mudaram
suas opiniões sobre o professor de Inglês como citam os Participantes 5 e 24:
“...vimos as dificuldades que o professor enfrenta na sala de aula como o
desinteresse do aluno” (Participante 5).
“Fez-me ver que é preciso segurança e domínio na sala de aula” (Participante 24).
As respostas desses participantes permitem-nos perceber que eles não se sentem
preparados a lecionar, pois se sentem inseguros devido aos problemas que o educador
enfrenta diariamente em suas aulas como, por exemplo, a falta de interesse de alguns alunos
que acabam prejudicando os que realmente querem aprender.
Um participante respondeu que o estágio o fez mudar de opinião, porém, não
justificou. Um não respondeu a esta pergunta e os onze participantes restantes responderam
que suas opiniões não foram alteradas com o estágio e apresentaram experiências positivas
que tiveram nesse período, como o Participante 19, “meu estágio de Inglês foi bom como eu
esperava”. Diante dessa opinião, percebe-se que ele já esperava resultados positivos do seu
estágio, permanecendo assim, com a ideia de atuar como professor de Língua Estrangeira.
De acordo com os discursos utilizados nos questionários, pode-se entender que há uma
mudança de opiniões sobre a imagem do professor de Língua Inglesa depois do estágio
supervisionado. Os participantes da pesquisa (51%), devido às experiências nos estágios,
mudaram a sua visão/olhar sobre o professor de Língua Inglesa e sobre a sua atividade
profissional, alguns para uma visão melhor, outros para uma opinião mais crítica em relação a
esse profissional, pois o desafio é grande, como cita o Participante 18, “... Pois vimos às
dificuldades que o professor enfrenta na sala de aula como o desinteresse do aluno”.
É importante ressaltar que quando perguntado aos participantes da pesquisa se depois
de formados eles pretenderiam atuar como professores de Inglês, dos 25 participantes, dezoito
responderam que “sim”. Desses, doze justificaram suas respostas e seis não. Cinco
participantes disseram que “não” pretendem atuar com a Língua Inglesa e outros dois
participantes apresentaram-se indecisos sobre essa questão.
Esses dados apontam que a maioria dos entrevistados (72%) pretendem lecionar a
Língua Inglesa como cita o (Participante 18): “... Pretendo lecionar com crianças, já que
desde pequenos eles já possuem suportes para aprender uma segunda língua, fazendo uso do
lúdico para encantá-las” (Participante 17). “...Porque eu quero que os meus alunos não
vejam o Inglês como uma matéria insignificante e sim a importância desta língua para nossas
vidas” (Participante 23).
Como já foi mencionado dois participantes apresentaram-se indecisos em responder se
pretendiam ou não trabalhar com a Língua Inglesa. Vejamos suas respostas:
“(não sei). Ainda não sei se serei professora, não me acho competente para isso”
(Participante 8).
“Ainda não sei responder. Só sei que preciso primeiro me dedicar mais a Língua
Inglesa. Praticar (...) muito” (Participante 21).
Um dos participantes revelou que ser professor de Inglês não fazia parte de seus
planos no início da graduação, mas no decorrer do curso sua opinião foi alterada: “... No
começo do curso eu não queria jamais ser professora de Inglês, mas agora quero e tenho
certeza que vou fazê-lo bem” (Participante 5).
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As respostas apresentadas nessa questão permitem-nos perceber que alguns
acadêmicos de Letras estavam conscientes do papel a ser desempenho na condição de
Professor de Inglês e do que se espera que um bom profissional dessa área realize em sala de
aula, e que isso depende de aprimoramento constante e comprometimento com a prática
pedagógica.
Ao analisarmos as respostas da pergunta de número dez em que questionávamos sobre
a valorização do professor de Inglês, apenas três participantes responderam que os professores
de Língua Inglesa “são” valorizados. Um participante não deixou muito clara a sua resposta,
pois, para ele, não é só o professor de Língua Inglesa que não é valorizado, há professores de
outras disciplinas que também enfrentam desvalorização: “depende do professor, não somente
de Língua Inglesa, mas qualquer profissional da Educação, pois muitos não são valorizados”
(Participante 4). A resposta desse participante permite-nos interpretar que existem
educadores de outras disciplinas que também não são devidamente reconhecidos pelo seu
trabalho, pela sua dedicação e competência. Esse não é um problema somente do professor de
Língua Inglesa, todo e qualquer professor pode passar por essa situação.
Apenas um participante não respondeu essa questão sobre a valorização do professor e
vinte participantes disseram que o professor de Língua inglesa “não” é valorizado. Com esses
dados, percebemos que, para a maioria desses participantes (95%), o professor de Inglês não
recebe o devido reconhecimento. Vejamos algumas respostas:
“Na realidade o Inglês em si não é valorizado nas escolas, consideram uma
disciplina.
superficial, ou seja, para que eu vou usar isso?” (Participante 8).
“O professor em geral não é valorizado, reconhecido, pela grandeza e importância
de sua profissão. Digo isso não só pelo fato dele não ser bem remunerado, mas pela
falte de consideração dos alunos para com ele” (Participante 11).
Com essas opiniões podemos entender que os participantes da pesquisa percebem que
o professor de Língua Inglesa não é valorizado pelo seu desempenho. Então, entende-se que
há uma necessidade de mudanças na educação, para que assim, esse educador possa ser
realmente reconhecido e valorizado pelo seu trabalho, não só na sala de aula, mas em
qualquer ambiente que ele esteja inserido.
Alguns participantes da pesquisa (3%) justificaram suas opiniões sobre a valorização e
reconhecimento do professor de Língua Inglesa com outros argumentos como:
“Qualquer professor que ama o que faz é valorizado!” (Participante 1).
“... é uma disciplina que por si só não possui o “poder” de reprovar o aluno
segundo a lei estadual, isso já tira muito créditos da disciplina e do professor em
sala de aula” (Participante 7).
Ao final dessas argumentações é possível dizer que os acadêmicos de Letras da Unisul
campus Araranguá, reconheciam a importância da Língua Inglesa na vida de qualquer pessoa,
pois esse idioma é um dos mais falados no mundo. Percebe-se também que a maioria dos
participantes da pesquisa não entrou no curso de Letras devido à Língua Inglesa, mas a
aproximação com a língua permitiu que aprendessem a gostar e a admirá-la.
De acordo com a análise das opiniões foi possível compreender que muitos dos futuros
professores (93%) pretendem atuar como professor de Inglês. Para alguns desses, foi com as
experiências do período de estágio que decidiram lecionar a Língua Inglesa, outros por terem
afinidade com a língua. Entretanto, eles acreditavam que o professor de Inglês precisa ser
mais valorizado e reconhecido na educação.
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De acordo com as opiniões analisadas, ainda foi possível perceber que os acadêmicos
que participaram da pesquisa reconheciam o papel do professor de Inglês como sendo de
estimular e despertar o interesse do aluno, mas para que isso aconteça o professor precisa
estar sempre se atualizando e se capacitando para acompanhar as mudanças na sociedade.
6. Considerações finais
A decisão para realizar o presente trabalho era decorrente da empatia das
pesquisadoras com a Língua Inglesa. Isso foi essencial na decisão pela temática a ser
abordada no presente trabalho e a importância do Inglês no cenário mundial também foi um
fator que contribuiu para essa escolha.
Durante três anos e meio (quase quatro anos de curso), as indagações sobre qual é a
função, ou seja, o papel do professor de Língua Inglesa foram temas recorrentes nas aulas
frequentadas por nós, na graduação do curso de Letras, o que estimulou o interesse por
investigar a opinião dos formandos de Letras (nossa própria turma), a respeito do que pensam
sobre o professor de Língua Inglesa.
Depois de formalizada a ideia da pesquisa, passamos à revisão da literatura sobre o
tema, o que nos revelou muitas considerações importantes de autores sobre o tema pesquisado
relacionado ao ensino da Língua Inglesa. A análise dos dados teve como instrumento a
abordagem da Análise Crítica do Discurso, em que se adequou perfeitamente a nossa linha de
pesquisa, pois, considera o discurso como prática social.
Esta pesquisa que teve como objetivo investigar o papel do professor de Língua
Inglesa sob o olhar dos acadêmicos de Letras, permitiu-nos as seguintes considerações: a)
para os acadêmicos que participaram da pesquisa, o professor de Língua Inglesa tem a função
de instigar o aluno a buscar o crescimento do seu conhecimento, porém, esse profissional tem
outros papéis como também de despertar o interesse do aluno para aprender essa Língua. Para
que tudo aconteça com sucesso, o educador deverá ser apaixonado pela sua profissão, para
que assim, as barreiras que por ventura surgirem, não o impeçam de atuar nessa profissão; b)
quanto ao papel do educador, constatou-se que ser um bom professor é ter domínio daquilo
que se propõe a fazer, isto é, se aperfeiçoar se dedicar para que na hora de atuarem tenham
sucesso em suas aulas. Assim, percebe-se que ser educador é um papel que deve ser
desenvolvido com determinação, dedicação e inteligência. A resposta da Participante 25
quando perguntada sobre o papel do professor de Língua Inglesa nos dá uma definição
adequada: “O papel do professor é o instigar os alunos a buscarem a expansão de seu
conhecimento e de sua cultura global bem como preparar o aluno para a comunicação no
mundo globalizado”. A partir desse olhar, podemos entender que o papel do professor não é
apenas de repassar os conhecimentos científicos ao aluno, mas também prepará-lo para sua
vida sócio-cultural nos dias atuais.
Acreditamos que a presente pesquisa que apontou a opinião dos acadêmicos do sétimo
semestre do curso de Letras Português/Inglês da UNISUL campus Araranguá, poderá
colaborar com a formação de professores e também com os professores já formados de
Língua Inglesa, a fim de que reflitam sobre suas práticas em sala de aula, seja na universidade
enquanto estão sendo formados, ou seja, na identificação de seus papéis de docentes de
Língua Inglesa.
A temática explorada nesta pesquisa não abordou um assunto novo, todavia, o
processo de formação docente dos alunos de Letras, pareceu-nos um campo que requeria mais
observação, em especial na universidade onde estamos inseridas.
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Referências
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Federativa do Brasil.
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aproximações, distanciamentos e contradições. 2006. Disponível em:
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a alienação e a emancipação. Disponível em:
http://rle.ucpel.tche.br/php/edicoes/v4n1/c_ana.pdf. Acesso em: 14 jan. 2010
DA ROSA, Elizandra Pacheco Cardoso, et alii. As dificuldades no ensino de Língua Inglesa
nas escolas de ensino médio do município de Torres: Análise do discurso dos professores.
2008. Monografia (Licenciatura em Letras – Português/Inglês) – UNISUL, Campus de
Araranguá.
IALAGO, Ana Maria, DURAN, Marília Claret Geraes. Formação de professores de Inglês no
Brasil. Disponível em: http://www2.pucpr.br/reol/index.php/dialogo?dd1=1828&dd99=view
Acesso em: 23 mai. 2010
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http://www.partes.com.br/educacao/sandrakezen/identidadecultural.asp. Acesso em : 02 abr.
2010.
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Apresentadoras: FELIPE, Andréia S. e MACHADO Francisca S. disponível em:
http://www.slideboom.com/presentations/25620/Aspectos-pol%C3%ADticos-daforma%C3%A7%C3%A3o-do-professor-de-l%C3%ADnguas-estrangeiras. Acesso em: 20
set. 2009
PEDROSA, Cleide Emília Faye. Análise Crítica do Discurso: Uma proposta para a Análise
Crítica da Linguagem. Disponível em: http://www.filologia.org.br/ixcnlf/3/04.htm. Aceso em:
23 mai. 2010
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REGO, Cristina Teresa. Uma perspectiva histórico-cultural da educação.
Disponível em:
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Acesso em: 21 mai. 2010.
14
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http://www.eslemployment.com/articles/teaching-english-in-brazil-376.html Acesso em 21
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TOGNATO, Maria Isabel Rodrigues. Professor ou educador? Cidadania – uma
responsabilidade social no ensino da literatura e da prática de ensino na formação inicial e
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http://pessoal.educacional.com.br/up/50280001/2902237/Professor%20ou%20Educador.pdf.
Acesso em: 28 mar. 2010
Apêndice - Questionário aplicado na pesquisa
O questionário abaixo propõe a verificação das opiniões dos acadêmicos do Curso de Letras sobre o
papel do professor de Língua Inglesa. Sua opinião é de extrema importância para esse trabalho.
1) Sexo: ( ) masculino
(
) feminino
2) Idade: ______________________
3) Na sua opinião qual a importância da Língua Inglesa?
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
4) Você está no curso de Letras por causa da Língua Inglesa?
( ) Sim ( ) Não - Caso sua resposta seja “não”, o que lhe motivou a vir para este curso?
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
5) Depois de formada (o) você pretende atuar como professor de Língua Inglesa?
( ) Sim
( ) Não - Justifique sua resposta. ___________________________________________
__________________________________________________________________________________
6) Na sua opinião a universidade oferece subsídios necessários para a formação de um bom professor
de Língua Inglesa? ( ) Sim ( ) Não Justifique sua resposta
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
7) Como você define o papel do professor de Língua Inglesa?
__________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
8) Para você o que significa ser um bom professor de Língua Inglesa?
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
9) Sua opinião sobre ser professor de inglês foi alterada depois estágio supervisionado de Língua
Inglesa? ( ) Sim ( ) Não - Justifique sua resposta.
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
10) Você acha que o professor de Língua Inglesa é valorizado?
( ) Sim ( ) Não - Justifique sua resposta
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
Obrigada pela participação!
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Download

A compreensão dos alunos de letras sobre o papel do professor de