30/11/2015
Entre o convívio e a segregação
Cidades
Entre o convívio e a segregação
Decisão de fomentar uso de bicicletas divide opiniões sobre como deve ser utilizado o espaço das
vias
29/11/2015 06:01
Wildes Barbosa
Vandré Abreu
A opção da Prefeitura por valorizar o transporte coletivo
e o não motorizado, tal qual assegura o Plano Nacional
de Mobilidade, faz nascer a primeira ciclorrota da
capital, que deve ser inaugurada nos próximos dias. A
via reforça o compartilhamento do espaço entre
bicicletas e veículos automotores, já que a ciclorrota
não traz segregação física do espaço público e tenta
implantar a convivência pacífica. Por outro lado, gera
discussão em torno da segurança dos ciclistas e se
ciclovias ou ciclofaixas não seriam melhores opções.
A primeira ciclorrota será na Avenida Cora Coralina, ou
Rua 85­A, saindo da Praça Cívica, passando pelo Setor
Marista e chegando na Avenida T­63. No caminho
inverso, inicia­se na Rua 90, Avenida 84 e novamente
Praça Cívica. A discussão entre ter ou não a ciclorrota
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Praça Cívica. A discussão entre ter ou não a ciclorrota
se iniciou pelo entendimento de perder a chance de ter
um espaço segregado. Isso porque é projeto da
Prefeitura criar 140 quilômetros de rotas cicláveis e a
administração estava disposta em comprar a briga com
motoristas.
Dentre os adeptos da bicicleta existe o entendimento de
que ciclovias ou ciclofaixas são uma conquista própria,
de modo que se ganha um espaço seguro e visível que
não existia na cidade até então, dominada apenas pelos
carros. Há grupos que acreditam ser este o lugar dos
ciclistas nas ruas das cidades, o que faz com que
ciclovias tenham de seguir caminhos com início e
destino bem característicos, como a ligação entre um
bairro e o centro ou entre um empreendimento e outro,
e que os ciclistas devem se locomover nestes espaços.
A ideia é que, com o tempo, irá se formar uma geração
com mais adeptos à bicicleta e se mude a cultura do
culto pelo automóvel e motocicleta e, só então, a
convivência entre meios motorizados e não motorizados
possa ser mais pacífica. Até lá, o melhor seria ter
caminhos mais seguros para pedalar.
Por outro lado, há quem pense não precisar esperar
tanto para que toda a cidade possa ter essa convivência
entre motoristas e ciclistas, sendo necessário apenas
educar quem hoje toma conta das ruas para que se dê
prioridade ao mais fraco, no caso as bicicletas, como
ordena o Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
Esse segundo grupo é o favorável ao compartilhamento
das vias e, logo, das ciclorrotas como uma maneira
mais rápida do ciclista ter seu lugar na rua, já que utiliza
a infraestrutura viária existente. A diferença em relação
às demais vias, onde o ciclista também tem prioridade é
a sinalização e esta orienta o ciclista e o motorista
acerca da divisão do espaço. Por isso, são mais
indicadas onde se tem um tráfego calmo. Seria como a
indicação da faixa de pedestre, indicando um local mais
seguro para a travessia, mesmo que o pedestre tenha o
direito de se locomover em qualquer lugar da via.
O projeto inicial para a Avenida Cora Coralina era de
uma ciclofaixa, em que seria necessário a retirada do
estacionamento no lado direito da maior parte do trecho,
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com a exceção da Rua 1.137, no Setor Marista, em que
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estacionamento no lado direito da maior parte do trecho,
com a exceção da Rua 1.137, no Setor Marista, em que
o espaço de parada seria jogado para a segunda faixa,
o que seria uma inovação para Goiânia. O estudo
estava pronto e aprovado pelo prefeito Paulo Garcia
(PT) e tinha como base um estudo sobre as rotas
cicláveis da capital feito por um coletivo de ciclistas.
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A ideia foi mapear quais ruas de Goiânia poderiam
servir para o trânsito de bicicletas de maneira segura e
o documento foi doado para a Prefeitura, que prometeu
colocá­lo em prática. Ao mostrar o projeto da ciclofaixa
a representantes de grupos de ciclistas, estes
indagaram sobre a possibilidade de se ter uma
ciclorrota no mesmo trecho. O secretário de Trânsito,
Transporte e Mobilidade, Andrey Azeredo, conta que
para o Paço a opção foi ainda melhor, já que se teria
menos gastos e menos interferências no tráfego.
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