Resolução de situações-problema
Situação-problema
Motivar para uma visita de estudo à coleção de automóveis do Museu do Caramulo.
Saber
Saber-fazer
– Caracterizar a Segunda Revolução Industrial
– Situar, no espaço e no tempo, os principais progressos
técnicos
– Explicar a importância do fordismo para o desenvolvimento
industrial
– Analisar fontes, distinguindo informação implícita e
explícita
– Elaborar sínteses
– Comunicar, de forma criativa, com suportes variados
Documentação
doc
A
Cronologia Comparada
Europa e América
1769
Joseph Cugnot apresenta o
primeiro carro a vapor. Atinge
4 km/h e possui autonomia para
15 km.
1860
O belga Etienne Lenoir (1822-1900)
inventa o motor de explosão alimentado a gás de iluminação.
1872-1882
Os alemães Gottlieb Daimler
(1834-1900) e Karl Benz (1884-1924)
fabricam (separadamente) os
primeiros motores a quatro
tempos, alimentados a gasolina.
1886
Daimler e Benz apresentam
(separadamente) os seus primeiros
automóveis.
1889
René Panhard (1841-1908) e Émile
Levassor (1843-1897) constroem,
com um motor Daimler, o seu
primeiro carro. A Panhard &
Levassor torna-se pioneira no
fabrico de carros com fins
comerciais.
Portugal
1. Carro de Cugnot (modelo aperfeiçoado).
2. Daimler ao volante do seu automóvel, o primeiro com 4 rodas, em 1886.
TEHA11-P3 © Porto Editora
Saberes a mobilizar
Resolução de situações-problema
1894
Primeira corrida automóvel Paris-Rouen.
As corridas contribuem para mostrar a superioridade dos motores a gasolina.
1895
André Michelin (1853-1931) tenta adaptar o
pneu de borracha ao automóvel.
1897
Rudolf Diesel (1859-1913) apresenta o
motor de combustão
interna.
1899
Fundação da Fabbrica
Italiana di Automobili
(FIAT) e da Societé
Renault Frères.
1901
Chega a Portugal o primeiro automóvel, um
Panhard & Levassor, importado pelo Conde de
Avilez.
Primeiro “Regulamento sobre a
Circulação de Automóveis”.
1902
A Daimler regista a
marca Mercedes.
Primeira grande prova de automóveis liga Lisboa à Figueira da Foz.
1903
Ford produz o
Modelo A.
Funda-se o Real Automóvel Clube
de Portugal (rebatizado, em 1911,
Automóvel Clube de
Portugal).
Prova Paris-Lisboa realizada em
oito dias.
1904
3. Publicidade da FIAT.
1906
1907
Corrida Pequim-Paris.
1908
Ford apresenta o
Modelo T.
1909
Ettore Bugatti (1881-1947) estabelece-se
por conta própria em
Molsheim (Alsácia).
Organiza-se a primeira prova de
velocidade em Portugal – O Quilómetro da Valada do Ribatejo.
Prova Paris-Coimbra (três dias,
cinco horas e trinta minutos).
4. O Ford T de 1913.
1910
1913
TEHA11-P3 © Porto Editora
1914
Iniciam-se as Provas de Rampa com a célebre
Prova da Pimenteira, em Lisboa.
Linha de montagem da Ford em
funcionamento.
Primeiro Salão Automóvel, no Palácio de Cristal do Porto, obtém grande sucesso.
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B
5
10
15
20
Um veículo com futuro
Desiludido por não ter recebido qualquer proposta de aquisição do veículo motorizado que apresentou
em 1886(1), Karl Benz foi em busca de patrocinadores para financiar o desenvolvimento do seu automóvel.
Mr. Kugler, o chefe dos correios da cidade renana de Speyer, mostrou-se interessado, sob condição de
serem introduzidas algumas alterações.
1. No seu pequeno veículo de três rodas, o mecanismo de direção está junto ao banco […]. No novo
modelo de quatro rodas não poderá introduzir, na frente, uma espécie de assento de cocheiro, de forma a
que todo o espaço do banco fique reservado aos passageiros?
2. Não será possível colocar, debaixo do lugar do condutor ou atrás, dois compartimentos fechados […]
onde as cartas e o dinheiro das transferências postais possam ser guardadas com segurança?
3. Por que não há dispositivos de comando que permitam fazer marcha-atrás? O facto de não se poder
andar para trás é algo embaraçoso.
4. Não será de utilizar um motor mais potente que permita vencer com facilidade os trechos da
estrada mais escorregadios ou com neve?
Se for capaz de introduzir estes melhoramentos no seu carro, indispensáveis a uma performance
segura e fiável na estrada, então estou seguro que o seu engenhoso e prático invento será coroado por um
grande sucesso. […] Estou firmemente convencido de que seria muito adequado a um médico de província. […] Quantas vezes um médico é chamado de noite sem que se pense como há de ir? Antes que consiga
arrancar da cama o camponês bêbado de sono para lhe aparelhar o cavalo, gastou-se uma quantidade preciosa de tempo […].
E há ainda outra coisa boa no seu veículo: chega ao local, desliga-se e já está. Não precisa que lhe
deem de comer, que o tratem, que o ferrem […], não se corre o risco de ter um cavalo tímido. Ele desloca-se como que puxado pela mão de um fantasma, dá-se uma pancada nos travões e ele para.
Dos arquivos de Karl Benz, em The Industrial Revolutionaries, cit.
(1) Relembre o texto do doc. 7-D, p.19.
doc
C
doc
Um novo símbolo
Roger de la Fresnaye, A Alameda das Acácias no Bosque de Bolonha,
1908.
D
O grande impulso
Na verdade, levou quatro anos ou mais a
desenvolver o Ford T. Os modelos precedentes foram, por assim dizer, as cobaias para o
desenvolvimento de um carro que correspon5 desse ao sonho de Henry Ford: um carro que
todos pudessem comprar, que todos pudessem
guiar para todo o lado e que quase todos
pudessem reparar sozinhos. […] O Ford T
abriu caminho à era do transporte motorizado
10 e desencadeou uma reação em cadeia no sistema de produção a que agora chamamos
automatização. Todas as nossas experiências
na Ford, nesses primeiros tempos, estavam
direcionadas para um objetivo fixo e, para
15 esses tempos, verdadeiramente fantástico.
Charles Sorensen (engenheiro da Ford),
My Forty Years With Ford, 1956
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doc
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doc
E
Portugal ao volante
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1. Publicidade do Stand João Garrido, 1903.
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2. Mudando um pneu nos arredores de Lisboa, c. 1910.
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3. Partida para a prova da rampa da Pimenteira. Ao centro,
em primeiro plano, o infante D. Afonso, irmão do rei D. Carlos.
Apaixonado pelo automobilismo, ficou conhecido como
“Arreda” por ser este o grito que, nas ruas de Lisboa, lançava
aos peões que se encontravam no caminho do seu automóvel.
FERRAMENTAS, ACESSÓRIOS E PEÇAS SOBRESSALENTES QUE UM “CHAUFFEUR” DEVE SEMPRE
LEVAR NOS COFRES DO SEU AUTOMÓVEL
• Um macaco, um escopro, um martelo e um torno de
mão.
• Limas chatas e de meia cana.
• Um alicate universal e um alicate chato.
• Duas chaves de parafusos de fenda (para vedar as
válvulas), um jogo de chaves sextavadas, um jogo completo de chaves de caixa, entrando umas nas outras, duas
chaves inglesas pequenas, uma chave para os bujões dos
cuvos dos eixos.
• Uma ponção para tirar os troços, um jogo de troços,
uma série de porcas e parafusos.
• Arame de ferro e de cobre, cordas e correias e corda
de amianto.
• Uma série de juntas e anilhas de amianto de fibra e
de metal, anéis de corrente direitos e curvos.
• Dois maçaricos, seis torcidas para maçaricos, uma
agulha para maçarico, uma lâmpada para acender os
maçaricos e uma escova do feitio de um limatão redondo
para os mesmos.
• Dois tubos de platina e duas velas.
• Três porcas para os tubos de platina.
• Uma válvula de admissão, uma válvula de descarga.
• Um volante de bomba guarnecido de sola.
• Duas molas para as válvulas de descarga e duas
molas para as válvulas de aspiração, uma mola para a
embraiagem e uma mola para o regulador.
• Dois martelos do excêntrico do regulador, um colar
de travão com guarnição de pele de camelo.
• Lubrificadores sobressalentes.
• Uma caixa de gordura consistente, uma caixa de pó
de esmeril fino, um fole para pôr resina na embraiagem,
um balde de lona, latas para petróleo, óleo e carbureto.
• Duas seringas (óleo e petróleo), duas almotolias, dois
funis com rede metálica, dois tubos de borracha.
• Desperdícios e trapos.
Para os pneumáticos:
• Uma câmara de ar para a roda dianteira, duas
câmaras de ar para as rodas traseiras, metidas num saco
com pó de jaspe.
• Uma bomba de manómetro com uniões.
• Uma dúzia de pastilhas de borracha, três emplastros
de sola e lona, um preservativo para envelope e seis parafusos de segurança.
Em Lista Alfabética de Cidades, Vilas e Lugares Transitáveis por
Automóveis, e Outras Indicações, Lisboa, 1907
Elementos colhidos em Joaquim Vieira, 1999 – Portugal Século XX,
Crónica em Imagens, 1900-1910, Lisboa, Círculo de Leitores
Resolução de situações-problema
F
Um século depois
Em 1997, a OCDE fez a seguinte recomendação:
Todas as partes de uma região urbana devem ser desenvolvidas e organizadas de tal modo que as vantagens de não possuir um automóvel sejam, pelo menos, iguais às vantagens de o possuir.
Documento GD (97) 144
doc
G
O Museu do Caramulo
Como nasce um museu
Dois irmãos, Abel e João de Lacerda, fundam, nos anos cinquenta, um
invulgar museu, numa pequena povoação chamada Caramulo, situada
numa montanha no centro de Portugal, com luxuriante vegetação, virada
5 a sul, sobre um vale extenso de 80 km: o mais vasto panorama do país.
Abel de Lacerda, apaixonado pela arte, constrói um edifício, com os
mais modernos conceitos de museologia, para expor uma invulgar coleção
de objetos de arte constituída por 500 peças de pintura, escultura, mobiliário, cerâmica e tapeçarias, que vão da era romana até Picasso.
João de Lacerda, apaixonado por automóveis, constrói outro edifício
10
anexo ao primeiro, vocacionado para expor 100 automóveis e motos, dentro do princípio de que todos os
veículos pudessem sair facilmente, para exibição e conservação.
Com a morte prematura de Abel de Lacerda, em 1957, criou-se a Fundação Abel de Lacerda – hoje
Fundação Abel e João de Lacerda – proprietária dos dois museus de Arte e Automóveis, abertos ao
15 público todo o ano. Mais de 1 milhão de visitantes entraram, neste meio século, no Museu do Caramulo.
A coleção de automóveis
O Museu do Caramulo dispõe de uma exposição permanente 30 motociclos e 70 automóveis (dos quais
13 veteranos), representando 36 marcas de 7 países. O mais antigo é um Benz de 1886 e o mais recente
um Ferrari 456, de 1998. Existe ainda uma variada coleção de bicicletas e triciclos antigos.
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Muitos dos automóveis têm uma relação com a História de Portugal. Na coleção automóvel exposta
permanentemente no museu pode observar-se:
• O mais antigo automóvel ainda em funcionamento em Portugal, o Peugeot de 1899;
• O Bugatti 35B, em que Lehrfel estabeleceu, em 1931, o recorde do quilómetro lançado, a mais de
200 km/h;
25 • O Mercedes Benz blindado e o Cadillac que estiveram ao serviço do Prof. Doutor Oliveira Salazar;
• O Pegaso Sport, oferecido pelo General Franco ao Presidente Craveiro Lopes;
• O Chryler Imperial da PIDE que protagonizou a “Fuga da Prisão de Caxias”;
• O Renault que foi pertença do conselheiro João Franco;
• O Rolls-Royce que serviu a Rainha Isabel II, o Presidente Eisenhower e o Papa João Paulo II nas suas
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visitas a Portugal;
• O Fiat oferecido ao Dr. João de Lacerda, pelo presidente do Grupo Fiat.
De [email protected] | www.museu-caramulo.net
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doc
Resolução de situações-problema
Atividades
1. Descreva os carros apresentados por Daimler e Benz, em 1886 (docs. A e B).
2. Das sugestões dadas a Benz (doc. B), qual lhe parece mais pertinente? Porquê?
3. Que vantagens reconhece Mr. Kugler ao novo invento (doc. B)? Comente.
4. Analise o doc. C:
– de todos os elementos representados, a qual é dado maior protagonismo?
– para além dos automóveis, que outro meio de transporte é visível no quadro?
Que importância assume na composição?
– a que estrato social pertencerão as senhoras, em primeiro plano?
– em suma, o que simboliza, nesta época, o automóvel?
5. Explique a expressão “carros automóveis” (doc. E, imagem 1).
6. Partindo do mesmo documento, reflita: que dificuldades apresentava, no início do século XX, a circulação automóvel?
7. Utilizando os elementos dos docs. A e E, avalie a recetividade que, em Portugal, teve o automóvel.
8. Justifique o título dado ao doc. D.
9. A que problemas do nosso tempo se dirige a recomendação da OCDE (doc. F)?
10. Com base nos documentos analisados e nos seus conhecimentos, elabore uma lista das principais alterações trazidas pelo automóvel ao mundo contemporâneo.
11. Destaque, da Coleção do Museu do Caramulo, três automóveis que lhe pareçam especialmente interessantes.
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12. Esclareça, através de uma pesquisa na biblioteca da Escola ou na Internet, as dúvidas que, no decurso
deste trabalho, lhe surgiram.
13. Finalmente, prepare uma pequena comunicação, oral ou escrita, que considere motivadora de uma
visita de estudo à Coleção de Automóveis do Museu do Caramulo. Enquadre-a no âmbito cronológico
do módulo que se encontra a estudar (1850-1914), mas não deixe de tecer algumas considerações
sobre o impacto do automóvel nos últimos 100 anos de História. Ilustre o trabalho com o material iconográfico fornecido na Documentação ou outro que lhe pareça interessante.
Bom trabalho!
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Motivar para uma visita de estudo