Jogo do Mediador de Leitura – Instruções adicionais
Como o mediador pode contribuir para alcançar os resultados?
1 Dependendo do nível do leitor, o mediador de leitura pode ele mesmo ler em voz alta. Os leitores têm o
mesmo livro? Então, devem acompanhar. Você pode fazer uma projeção? É importante que todos ouçam e
vejam.
Experimente leituras em grupo. São boas para envolver todos e diminuir a dispersão. Pode haver alternância,
se numa sala grande: quatro ou cinco grupos vão se revezando, para ler parágrafos ou versos específicos.
2 Uma pergunta-chave pode ser: o que se passa nessa história? Outra: do que trata essa história?
E qual a ordem dos acontecimentos?
Respostas incongruentes devem indicar para o mediador a necessidade de reler (quantas vezes for
necessário e recomendável), até que os ouvintes/leitores façam um resumo congruente. Não despreze
nenhuma resposta. Nem a recrimine. Quando não congruentes, faça perguntas para retomar o fio da história.
Que, em uma sala, o resumo seja cooperativo; e não de um participante, apenas.
O/A mediador/a pode escrever os resumos parciais em pedaços de cartolina ou papel A4, com pincel atômico.
Aqui, aceitaria as diversas contribuições, sem se preocupar com a ordem. E, depois, recompor a sequência
da história.
3 Procure por nomes de países. Ou continentes. Ou descrições de ambientes interiores ou externos. Se o
cenário é uma casa, isso é uma pista para uma trama íntima, pessoal. Se na rua, aproxima-se do social. Se
numa montanha ou num deserto, remete a um clima épico.
É um mundo verossímil, como o que vivemos? Ou um mundo recriado (edifícios?, naves?, animais alados?)
Qual a função que o lugar exerce na história? Construir a proximidade ou a distância do leitor. Os Flintstones
estão na idade da pedra [ver carta sobre o tempo]. E o cenário é próprio. Os Jetsons, na era espacial, com o
respectivo cenário. Mas ambos têm comportamentos contemporâneos (compras, por exemplo). Nestes dois
casos, temos, simultaneamente: distanciamento (no tempo), mas semelhança de comportamentos. Isso
facilita a identificação.
4 Além das menções genéricas (Ex.: Essa história se passou há muito tempo atrás...), a marcação do tempo
pode significar uma mudança de Fase (ver conceito). Existem marcadores temporais? Datas, horários?
Ou conjunções? (Quando, por exemplo.) Ou advérbios ou locuções adverbiais?
Se um evento for corriqueiro (Ex. No outro dia...), pode ser só isso mesmo: um Evento. Mas pode ganhar
significado para marcar uma mudança na história. Exemplo: No outro dia, o pai deveria chegar de viagem.
Entretanto, a mãe recebeu um telegrama em que o delegado avisava que este estava preso...
Então, em vez de um Evento, simplesmente, estamos diante de um Problema. Os problemas significam uma
reviravolta na história. De um cenário de tranquilidade, podemos passar para uma dificuldade.
De um Problema (fase), espera-se uma Solução (fase). Mas pode ser que os problemas se avolumem,
criando mais tensão. Mais emoção.
5 O mediador pode listar os nomes.
Deve orientar, também, para as recontextualizações: esse personagem tem nome? Nome próprio? Só o
primeiro nome? Ou nome e sobrenome? Tem um título (rei, doutor, professsor)?
Ou tem um nome genérico da categoria profissional ou por uma característica etária? O Menino, o Soldado, o
Velho, por exemplo.
6 O mediador deve estar atento para a relevância dos Eventos. Principalmente para os problemas surgidos.
Em que parte exata do texto eles surgem? E qual a marca linguística? Quais as palavras?
A apresentação dos problemas tem como propósito criar tensão. Se cada Problema (Fase) é seguido de uma
Solução (Fase), significa que a tensão vai sendo criada e descarregada. Mas se os Problemas vão se
acumulando, teremos o aumento da tensão.
Atente para as palavras: às vezes, um marcador de tempo (“quando o dia amanheceu...”) pode sinalizar o
aparecimento de um Problema; ou de uma Solução. Muitas vezes, pode ser um marcador de causa. Ou de
consequência: “Por ter retirado a proteção....[segue-se um problema].
Outros marcadores são os de adversidade (mas, entretanto, porém). Tanto servem para sinalizar um
problema quanto uma solução. É o contexto que o diz. Atente, enfim, para as conjunções e para as
circunstâncias (modo, lugar, causa, tempo, e assim por diante).
7 O mediador de leitura deve ajudar os leitores/ouvintes a identificarem essas marcas.
Para interpretar a presença ou ausência de falas, vão as seguintes dicas: se há falas, há humanização. Ainda
que seja uma máquina ou árvore ou animal.
No momento em que o personagem falou, foi feita uma humanização (os manuais falam em
antropomorfização, ou seja, na mudança de estado de um ser não-humano para a condição humana).
O contrário é verdadeiro: se não encontramos falas, estamos diante de uma desumanização.
Ainda que as ações descrevam atos humanos. Se não há falas (ou pensamentos), são seres que apenas
agem. E, ao agirem, apenas, assemelham-se a animais ou autômatos.
Se aparecem muitas falas diretas (aspas ou travessões), pode ser que isso seja um sinal de maior
humanização. Talvez algumas cenas se pareçam um uma peça de teatro. Drama. Mais humanização.
As falas dos personagens constituem uma Fase, chamada Reflexão. E uma Reflexão é diferente de um
Evento, por exemplo. Mas as fases podem ser simultâneas: uma fala ser acompanhada de um gesto. Nesses
casos, marcamos: Reflexão/Evento.
Se é o narrador que fala, esta Fase se chama Comentário. E é distinta da fala do personagem. Como
interpretar essa distinção? Com o Comentário, o narrador se dirige ao leitor. Ganha identidade própria. Pode
mandar recados, fazer juízos sobre os personagens, e assim por diante. Já as falas dos personagens estão
vinculadas ao contexto em que são produzidas. Podem ajudar a identificar emoções, conflitivas ou de carinho.
8 As habilidades em jogo dizem respeito ao mundo da Avaliatividade, isto é, como o Afeto, o Julgamento e
Apreciação são trabalhadas na história. E qual função exercem.
O Afeto estaá vinculado aos sentimentos, ao passo que o Julgamento diz respeito ao caraá ter das pessoas
envolvidas, enquanto a Apreciacc aa o estaá relacionada aà avaliacc aa o de coisas, fenoo menos e
instituicc oo es.
Deve-se considerar que todos esses aspectos podem assumir dois polos em um gradiente, o negativo e o
positivo, os quais podem ser expressos direta ou implicitamente.
Exemplos de Apreciacão: a) Era de dia; b) Era um belo dia; c) O dia amanheceu radiante, anunciando novas
alegrias. Os dois últimos exemplos Apreciação, enquanto o primeiro seria neutro.
Exemplos de Afeto: “Eu adoro feijoada com farofa.” “A comida de Fulana é intragável.”
Exemplos de Julgamento (caráter das pessoas). “Nossa, como a Sicrana é brega. Não sabe se vestir bem.”
ou: A Beltrana está deslumbrante, com aquele jeans!”. Mas pode dizer respeito a dimensões socialmente não
aceitas: O Cachoeira é acusado de ser ladrão e corruptor.
Como interpretar os afetos, julgamentos e apreciações presentes nas histórias: o mundo das histórias projetase para o nosso mundo. As atitudes que lá (na história) são censuráveis serão também em nosso mundo. Ou
não serão: e diremos que tal atitude de Madrasta para Enteada foi preconceituosa. E não se faz mais isso
hoje. Tal comportamento dos moleques com o Pinóquio é bullying. E assim por diante. Enfim: as emoções
servem para nos posicionarmos (com simpatia ou antipatia) pelo que é descrito nas histórias.
9 Nessa etapa estamos diante de um Estágio da da Narrativa chamado Coda. A Coda é exatamente essa
capacidade de trazer para as vidas presentes a “moral” da história.
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