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Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007
O COMPORTAMENTO DO
CONSUMIDOR DE ATOMÓVEIS:
FATORES IMPORTANTES PARA A
DECISÃO DE COMPRA
Márcia Zampieri Grohmann (UFSM/PPGA)
[email protected]
Andréia Regina Schaedler (UFSM)
[email protected]
Estre estudo buscou identificar quais são os atributos mais importantes
no processo de compra de automóveis e como as variáveis
demográficas e socieconomicas afetam nestas preferências. Para tanto,
foi desenvolvida uma pesquisa qualitativa com 400 condutores de
automóveis. Os resultados demonstram que os aspectos mais
importantes são: resistência/durabilidade, estabilidade/dirigibilidade,
serviço de atendimento ao consumidor e a preocupação da empresa
com suas opiniões e sugestões. Os aspectos com menores médias são:
tamanho do porta malas, modelo, marca e elemento de poder/satus.
Dentre as variáveis demográficas comumente utilizadas para
segmentação de mercado, observou-se que o sexo e a idade causam
diferenças de percepções em oito das trinta variáveis e a renda causa
diferença em seis variáveis. Por fim, conclui-se que os atributos
propostos pela literatura vão ao encontro da realidade, pois os
mesmos apresentaram boas médias, ou seja, foram considerados pelos
consumidores como fatores importantes para a decisão de compra.
Palavras-chaves:
segmentaçao
comportamento
do
consumidor,
automóveis,
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Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007
1 Introdução
De acordo com Churchill (2003, p.116), “para que os profissionais de marketing antecipem ou
respondam às necessidades dos clientes, eles precisam ter informações sobre seus clientes
atuais e potenciais e sobre o sucesso de suas próprias práticas”.
Para tanto, as técnicas e estudos sobre o consumidor tem sido aprimoradas constantemente, e
cada vez mais se sabe o que se passa na mente dos clientes, que estão mais exigentes e
exercendo um grande poder sobre as organizações.
Dessa forma, a pesquisa de marketing é um ótimo instrumento para reduzir riscos, auxiliar
decisões e fornecer dados sobre o ambiente, principalmente sobre consumidores e
concorrentes. As informações geradas pela pesquisa de marketing possibilitam um melhor
posicionamento das empresas, bem como o alinhamento de suas estratégias.
Para Aaker (2004, p. 25), “cada decisão precisa de informações específicas e únicas, e
estratégias relevantes podem ser elaboradas tendo por base as informações colhidas pela
pesquisa de marketing”. Ou seja, para criar valor para os consumidores e lucro para suas
organizações, os profissionais de marketing precisam entender por que os consumidores
compram certos produtos e não outros (CHURCHILL, 2003).
Por esses motivos, é que o presente trabalho teve por objetivo a aplicação de uma pesquisa de
marketing, onde a idéia principal foi determinar os fatores relevantes na decisão de compra de
automóveis em uma cidade de porte médio do interior do Rio Grande do Sul.
Assim, o objetivo geral do trabalho foi: identificar os atributos mais importantes no processo
de compra de automóveis; identificar como as variáveis demográficas e socieconomicas
afetam nestas preferências.
2 Comportamento do Consumidor
Os consumidores estão cercados por diversos produtos e serviços, tendo que escolher
constantemente entre diversas marcas ou opções. Segundo Karsaklian (2000, p. 18), “o estudo
do comportamento do consumidor diz respeito à elucidação das razões que fazem com que o
indivíduo compre e consuma um produto em vez de outro, em determinada quantidade, em
um momento específico e em certo lugar. Estudando o consumidor, tentamos compreender e
explicar seu comportamento”.
Blackwell (2005, p. 6) complementa essa definição, ao definir comportamento do consumidor
como as “atividades com que as pessoas se ocupam quando obtêm, consomem e dispõem de
produtos e serviços”. Em outras palavras, estudar o comportamento do consumidor significa
estudar por que as pessoas compram.
De acordo com Sampaio et al (2004), entender o comportamento do consumidor gera
possibilidades para as empresas através dos dados e das informações obtidas sobre o processo
de compra de produtos e serviços. Dessa maneira, decisões mais conscientes podem gerar
resultados otimizados.
2.1 Atributos Importantes na Decisão de Compra de Automóveis
2
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Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007
Diversas são as abordagens nos estudos realizados sobre comportamento do consumidor. A
abrangência do tema permite que sejam levados em consideração diversos aspectos, todos
complementares ao assunto. Dessa forma, buscou-se diversas fontes e estudos relacionados à
compra de automóveis, para que o presente trabalho reunisse uma quantidade maior e
relevante de informações.
Dessa maneira, descobrir o que leva os consumidores a preferir determinada marca ou
produto é uma boa oportunidade para os profissionais de marketing e, conseqüentemente, para
as empresas. Chernatony (2001, apud Leão e Neto, 2003) diz que “marcas são valiosas tanto
para as organizações como para os clientes e propõe que a interseção dos valores dos dois
lados (oferta e demanda) constrói o valor das marcas, de acordo com a percepção de ambos de
que valores sejam estes”. Karsaklian (2000, p.19), confirma essa afirmação ao dizer que “o
consumidor tenderá a escolher um produto que corresponda ao conceito que ele tem ou que
gostaria de ter de si mesmo”.
Mello e Brito (2001), por sua vez, caracterizam os atributos em intrínsecos e extrínsecos.
Segundo os autores, os atributos intrínsecos são aqueles relacionados com as propriedades
físicas dos produtos, onde qualquer alteração nessas propriedades altera também o produto em
si. Como exemplo, cita-se a cor, a textura, o tamanho, etc. Já os atributos extrínsecos são
aqueles que possuem apenas uma relação com os produtos, sendo que as alterações não
produzem nenhum efeito na sua natureza em si. Assim, cita-se como exemplo o preço, a
marca, a garantia, etc.
Nesse mesmo contexto, ao falar sobre os atributos tangíveis e intangíveis na seleção entre que
carros comprar, Porto (2005) diz que: “um consumidor pode comparar diferenças entre
potência do motor (atributo tangível) e sua aparência física – design esportivo – (atributo
intangível) e também pode comparar a sua utilidade. Nesse último caso, por exemplo, se o
veículo é pequeno, ele tem uma função de ser fácil de estacionar (função utilitária) ou se é um
carro reconhecidamente caro, o seu usuário pode tê-lo como função de status perante algum
grupo social (função simbólica)”.
Quester e Chong (2001) utilizaram os seguintes atributos: envolvimento com o produto,
qualidade, relação preço x qualidade, valor de mercado, lealdade à marca, local de compra,
influências pessoais, outras influências, país de origem de automóvel, crédito, poder de
influenciar outros e satisfação. Alguns dos atributos deste trabalho também foram utilizados
na presente pesquisa. Outro artigo que serviu de fonte, principalmente para os atributos
subjetivos foi o de Rosecky e King (1996) que realizaram sua pesquisa com proprietários de
carro de luxo e utilizaram como atributos: impacto visual, qualidade, conforto, status, valor,
robustez, eficiência, durabilidade, apelo emocional, estilo, segurança e facilidade de uso.
De acordo com pesquisa realizada por Pires e Marchetti (2000), os consumidores estão
preocupados com as questões financeiras. Os aspectos considerados mais importantes foram a
economia de combustível e manutenção, preço e condições de pagamento, espaço interno e
conforto, design e estilo, motorização e potência e valor de mercado do carro usado. Cabe
ressaltar que, segundo a pesquisa, fatores como injeção eletrônica, ar condicionado e
atendimento foram considerados menos importantes.
Já os resultados da pesquisa realizada por Sampaio et al (2004) mostraram que o principal
atributo que norteia a decisão de compra de um automóvel novo é a qualidade. Apesar disso,
o preço também tem elevada importância e aparece em segundo lugar. Ainda segundo a
pesquisa, a cor também aparece entre os atributos que determinam a decisão de compra.
3
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Silva (2004) representou uma lista de desejos dos consumidores e das montadoras em um
processo de negociação de veículos. Dessa forma, segundo o autor, os consumidores esperam
alta qualidade e veículo durável, preço justo, entrega pontual do veículo, condições
financeiras favoráveis e peças e serviços bons. Ao falar sobre a fidelidade dos clientes, o autor
ainda diz que “a aquisição de um novo automóvel envolve um amplo rol de critérios, como:
necessidade de espaço, design, potência do motor, consumo, valor de revenda, segurança,
valor do seguro e valor dos impostos”.
Uma das etapas do estudo de Gusso, Marchetti e Prado (2004) também foi identificar os
atributos relevantes aos compradores de automóveis. Dessa forma, para evitar repetições,
serão destacados apenas os itens ainda não abordados pelo presente trabalho e considerados
importantes na compra de automóveis. Esses itens são os aspectos referentes ao produto
(robustez mecânica e de lataria, estabilidade e dirigibilidade) e ao pós-venda (eficiência do
serviço de atendimento ao consumidor, preocupação da empresa em conhecer as opiniões e
sugestões dos consumidores e facilidade de acesso).
Dessa forma, é vital observar os atributos, influências e demais características levadas em
consideração pelos consumidores na hora da compra. A pesquisa realizada teve como objetivo
a descoberta de todos estes fatores, de maneira que as informações obtidas venham facilitar as
tomadas de decisões da empresa através do conhecimento das preferências dos seus
consumidores.
2.2 Segmentação de Mercado e as Variáveis Demográficas e Socioeconômicas
Não basta apenas conhecer o comportamento do consumidor. Esta informação deve ser
utilizada posteriormente pelos gestores e, um de seus usos principais é para a segmentação de
mercado, pois toda organização deve identificar para quais consumidores deve direcionar os
seus produtos e utilizar ações mercadológicas mais adequadas para os mesmos (LAS CASAS,
2004).
Para Richers (1996), a segmentação refere-se à concentração planejada de uma organização
em parcelas específicas de seu mercado. Churchill e Peter (2000) a entendem como o
processo de dividir o mercado em potenciais grupos de compradores com necessidades,
desejos, percepções e comportamentos de compra semelhantes.
A segmentação tem por base o fato de que as pessoas podem ser agrupadas por critérios préestabelecidos, representando comportamentos similares e, consequentemente, padrões de
respostas comuns aos esforços de marketing das empresas. Assim, segmentar significa
categorizar e agrupas as características que os consumidores têm em comum e que possam ser
trabalhadas pela empresa, portanto, seu objetivo segundo Tavares e Santos (2006, p.5) é
“agrupar pessoas e organizações fundamentalmente diferentes em subconjuntos que sejam
minimamente homogêneos entre si, mas suficientemente diferentes dos demais”.
As variáveis utilizadas para segmentação são bem variadas, mas normalmente dividem-se em
três grupos: geográficas, demográficas e socioeconômicas e comportamentais. As variáveis
geográficas referem-se ao local onde o cliente encontra-se e consideram suas características
regionais. As variáveis demográficas e socioeconômicas englobam informações sobre sexo,
raça, idade, nacionalidade, renda, educação, ocupação, tamanho da família, ciclo familiar,
classe social, etc. Por fim, as variáveis comportamentais envolvem aspectos ligados às
atitudes, valores e conhecimentos. (CHURCHILL, PETER, 2000; ENGEL, BLACKWELL,
KOLLAT, 1978; LAS CASAS, 2002; MOWER, MINOR, 1997)
4
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Sem sombra de dúvidas, as variáveis mais utilizadas para segmentação de mercados são as
variáveis geográficas, demográficas e socieconômicas. E, segundo Engel, Blackwell e Kollat
(1978) e Mower e Minor (1997), acabam sendo o primeiro passo da segmentação. Ou seja,
tais variáveis devem ser as primeiras a serem analisadas, para somente após, dar um maior
aprofundamento incorporando às variáveis comportamentais.
Desta foram, este estudo irá trabalhar com as variáveis demográficas e socioeconômicas para
buscar, após a validação do modelo, segmentar o mercado de compra de automóveis, tentando
encontrar grupos com características similares entre si e diferentes dos demais.
3 Método de Pesquisa
A pesquisa realizada caracteriza-se por ser uma pesquisa descritiva. De acordo com Hair et al
(2005, p. 86), “os planos de pesquisa descritiva em geral são estruturados e especificamente
criados para medir as características descritas em uma questão de pesquisa”. Neste caso, a
pesquisa descritiva foi utilizada por já haver um determinado grau de conhecimento acerca do
assunto, visto que foi elaborada a partir de trabalhos já realizados sobre o mesmo tema.
A amostra se constituiu em uma amostra probabilística e foi calculada com base na frota total
de veículos no município escolhido no ano de 2005, sendo que esta informação foi obtida
através do site do Departamento de Trânsito (Detran). Para o cálculo, considerou-se um nível
de confiança de 95% e erro máximo de 5%,, portanto, a amostra mínima para a pesquisa era
de 398 pessoas, sendo que foi aplicado um total de 400 questionários.
O instrumento de coleta de dados utilizado foi o questionário. O mesmo foi dividido em duas
partes. A primeira buscando identificar as características da amostra, ou seja as variáveis
demográficas e socioeconömicas. Num segundo momento, trabalhou-se com 30 atributos
propostos pela literatura e, através de frases afirmativas buscando identificar a importância de
cada atributo no processo de decisão de compra, os respondentes utilizavam uma escala do
tipo Likert que variava de 1 (discordo totalmente) a 5 (concordo totalmente).
Após a coleta dos dados, os mesmos foram tabulados através do Microsoft Excel e
posteriormente analisados estatisticamente através do software SPSS. Tais análises foram
elaboradas de modo que pudessem abranger de maneira correta todas as questões presentes na
pesquisa. Dessa forma, as questões mais simples contemplaram apenas as análises de
freqüência e os testes mais completos foram Qui-quadrado, Análise de Variância e Teste T.
4 Resultados
Os resultados deste trabalho encontram-se divididos em três segementos. Num primeiro
momento são apresentadas as características da amostra pesquisada, porteriormente expoe-se
as médias obtidas pelos 30 atributos pesquisados e, por fim, são realizados os cruzamentos a
fim de identificar se as variáveis socio-demográficas afetam nas percepçöes dos entrevistados,
ou seja, se os primeiros resultados apresentados causam influências significativas nos
segundos resultados.
4.1 Caracterização da amostra
Em relação a estes dados, as pessoas foram questionadas sobre o gênero, idade, renda mensal
familiar. Estas informações foram obtidas através das questões 1, 2, 3 e 4.
5
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A maioria dos respondentes é do sexo masculino, com um percentual de 75,5%. Essa
diferença pode ser reflexo do próprio tema da pesquisa, visto que muitas mulheres não
aceitaram responder o questionário por afirmarem não ter conhecimento a respeito do assunto
ou pelo fato de a compra do automóvel ser efetuada por outra pessoa.
Em relação à idade, a maioria dos respondentes encontra-se na faixa de 25 a 31 anos, com um
percentual de 27,8%. As demais faixas encontram-se em porcentagens de 15,5% e 18,5%,
com exceção das pessoas com mais de 55 anos, que representam apenas 7,3% dos
entrevistados.
Quanto à renda mensal familiar dos respondentes, em salários mínimos, observou-se um
predomínio da faixa salarial de 5 a 10 salários mínimos, com cerca de 37% dos respondentes
situados nessa faixa. 18,3% recebem até 5 salários, 17,3% de 10 a 15, 11,5% de 15 a 20, 6%
de 20 a 25 e 9% mais do que 25 salários mínimos.
4.2 Fatores importantes na compra de automóveis
Os fatores de compra são elementos retirados de estudos anteriores realizados, tendo como
objetivo definir o que os consumidores consideram como mais importante ao comprar um
automóvel. Assim, estão envolvidos desde os atributos dos veículos até aspectos relacionados
às revendas.
A Tabela 1 indica a média destes fatores, apresentando o grau de concordância ou
discordância dos respondentes em relação às frases do questionário. Cabe ressaltar que,
quanto mais próximo de 5 é o valor da média obtido, maior é a concordância, visto que o 5
representava a opção “concordo totalmente” na pesquisa.
Dessa forma, as maiores médias obtidas foram nos fatores resistência e durabilidade (4,69) e
estabilidade e dirigibilidade (4,62), demonstrando a alta preocupação dos consumidores em
adquirir automóveis de qualidade.
Preço
Marca
Potência
Economia de combustível
Inovação e modelo
Resistência e durabilidade
Cor
Recepção dos vendedores
Poder
Segurança
Disposto segurança
Conforto
Disposto conforto
Espaço interno
Porta malas
Ambiente e reputação
Modelo
Qualidade oficina
Preço oficina
Valorização no mercado
Seguro
Respondentes
394
383
382
395
395
398
394
392
391
397
397
396
394
394
396
395
395
395
390
397
397
Média
3,4543
1,9948
3,1702
3,8658
3,8835
4,6910
3,2868
3,4872
1,8696
3,4458
3,6549
4,2702
4,0508
4,2284
2,9419
4,0734
2,5899
3,8886
3,2744
3,8615
3,3073
Desvio padrão
1,2166
1,2574
1,3650
1,1421
1,1362
0,6563
1,4021
1,3206
1,2469
1,3999
1,3043
1,1408
1,1841
0,9669
1,3233
1,1608
1,3774
1,2934
1,3677
1,3175
1,3451
6
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Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007
Imposto
Crédito
Manutenção
Portas
Robustez
Estabilidade e dirigibilidade
Sac
Opiniões
Acesso
396
397
395
399
399
397
398
400
400
3,2525
3,0554
3,9823
4,1378
4,3233
4,6222
4,4246
4,1875
3,9725
1,3452
1,4588
1,2121
1,2495
0,9685
0,7130
0,8995
1,0795
1,2592
Tabela 01: Média dos fatores de compra
O serviço de atendimento ao consumidor (4,42) e a preocupação da empresa com suas
opiniões e sugestões (4,18) também são fatores decisivos na aquisição de automóveis,
demonstrando a importância que deve ser dada aos clientes tanto no momento da venda
quanto no pós-venda.
Outro aspecto importante demonstrado pelas médias é a busca por conforto (4,27) e a
disposição para pagar mais por esses adicionais (4,05). A média obtida na variável espaço
interno (4,22) também evidencia isso, visto que os respondentes gostam de amplo espaço
entre os bancos dos passageiros.
O valor obtido no item portas (4,13) mostra o interesse por praticidade por parte dos
consumidores. Além disso, o ambiente e a reputação da concessionária (4,07) e a robustez
mecânica e a lataria do veículo (4,32) também podem interferir no processo de compra de um
automóvel.
A economia de combustível (3,86), a valorização no mercado (3,86), a inovação e modelo do
carro (3,88) e o preço de manutenção (3,98) são fatores diretamente relacionados aos
automóveis e apresentam médias que tendem ao concordo parcialmente. Da mesma forma, a
qualidade da oficina (3,88) e o acesso até a concessionária (3,97) também tendem à mesma
resposta, porém, são fatores ligados às revendas, e não ao produto em si.
Em relação aos fatores preço (3,45), recepção dos vendedores (3,48), segurança (3,44) e a
disposição para pagar mais por segurança (3,65), cabe ressaltar que a média das respostas
situa-se entre o “nem concordo, nem discordo” e “concordo parcialmente”. Entretanto, a
concordância é menor em relação às variáveis citadas anteriormente.
Ao observarem-se as variáveis potência (3,17), cor (3,28), preço da oficina (3,27), seguro a
ser pago pelo automóvel (3,30), impostos (3,25) e o crédito (3,05), percebe-se que suas
médias ficam bem próximas da resposta “nem concordo, nem discordo”.
As variáveis porta malas (2,94) e modelo (2,58) apresentam um grau de discordância maior,
com suas médias situadas entre “discordo parcialmente” e “nem concordo, nem discordo”.
Em relação ao modelo, isso indica que as pessoas tendem a não procurar outro carro caso haja
falta de algum no momento da compra.
Já as variáveis marca (1,99) e poder (1,86) foram as menores médias obtidas, indicando que
as pessoas não compram sempre a mesma marca de veículo e também não estão tão
interessadas no status que o automóvel proporciona na sociedade.
Em relação ao desvio padrão, percebe-se que a amostra foi homogênea nas suas respostas, não
apresentando grandes variações entre os respondentes.
4.3 Influência das variáveis demográficas e socioeconomicas na importância dos fatores
7
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Ao analisar-se a percepção dos fatores de compra de acordo com o sexo, constataram-se
algumas diferenças estatísticas. Para facilitar a análise, serão apresentados apenas os
resultados em que houve tais diferenças. Foi realizado o Teste T, através da qual foi possível
descobrir os fatores em que há distinção entre homens e mulheres.
Constatou-se que as mulheres atribuem maior importância do que os homens em todas as
variáveis em houve diferença estatística, as quais são: preço, economia, segurança, disposição
em pagar mais pela segurança, espaço do porta-malas, ambiente e reputação da
concessionária, serviço de atendimento ao consumidor e preocupação da empresa com as
opiniões e sugestões. Dentre os fatores citados, destacam-se o serviço de atendimento ao
consumidor e a preocupação da empresa com as opiniões e sugestões dos seus consumidores.
O Teste ANOVA, representado pela Tabela 3, demonstra que também há diferença estatística
em alguns fatores em relação à percepção de acordo com a idade. Percebe-se que as pessoas
tendem a discordar quanto ao fato de comprar sempre a mesma marca de veículo e ser fiel a
algum revendedor. Essa discordância é percebida em todas as faixas de idade, mas
principalmente entre os consumidores mais jovens.
Em relação à segurança e à disposição para pagar mais pela mesma, os pesquisados
mantiveram suas respostas entre “nem concordo, nem discordo” e “concordo parcialmente”.
Conforme os dados, as pessoas com idades maiores valorizam mais esse item do que as
pessoas mais novas.
O conforto, por sua vez, apresenta médias maiores que a segurança, sinalizando o grande
interesse dos consumidores por esse fator. Entretanto, ao mesmo tempo em que as pessoas
buscam este item, elas também estão dispostas a pagar um valor maior por isso.
Além disso, fatores como a estabilidade e a dirigibilidade e também o serviço de atendimento
ao consumidor merecem especial atenção por parte das concessionárias, visto que as pessoas
em todas as faixas etárias os consideram altamente importantes. Quanto ao fato de o carro
possuir quatro portas, a concordância é maior nas faixas etárias intermediárias. Na primeira e
na última faixa, a média varia entre “nem concordo, nem discordo” e “concordo
parcialmente”.
A significância do Teste ANOVA, confirma a diferença de percepção dos fatores de compra
em relação à renda. Pela análise da tabela, percebe-se que as pessoas com renda entre 20 e 25
salários mínimos e mais de 25 salários mínimos tem a tendência maior de preferirem carros
com maior potência do motor. Já na primeira faixa salarial, a discordância é maior em relação
a esse aspecto.
Em relação à segurança, a média também tende a ser maior na medida em que aumenta a
renda. Quanto ao conforto, à disposição para pagar mais por estes adicionais e a preferência
em possuir carros com quatro portas há uma grande concordância na maioria das faixas
salariais. Entretanto, as maiores diferenças são percebidas nos respondentes que possuem
renda mensal familiar de até 5 salários mínimos.
Já na variável “crédito” ocorre o contrário, onde as médias maiores concentram-se nas faixas
salariais mais baixas, indicando que este fator pode vir a determinar o valor do automóvel a
ser adquirido.
5 Conclusöes
8
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Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 09 a 11 de outubro de 2007
Este trabalho teve como objetivo principal identificar quais aspectos são importantes na
decisão de compra de automóveis. Observou-se, através da pesquisa, que os aspectos mais
destacados foram: resistência/durabilidade, estabilidade/dirigibilidade, serviço de atendimento
ao consumidor e a preocupação da empresa com suas opiniões e sugestões. Em contrapartida,
os atributos com menores médias são: tamanho do porta malas, modelo, marca e elemento de
poder/satus. Nestes resultados destaca-se a baixa importância atribuída a marca, fato que
acaba indo contra os estudos de Leão e Neto (2003), Melo e Brito (2001), Pires e Marchetti
(2000), entre outros. Estes resultados comprovam que os consumidores pesquisados não são
fiés a marca do automóvel.
Num segundo momento, os resultados indicaram que as variáveis socio-demográficas afetam
de forma moderada as percepçoes dos entrevistados. O sexo e a idade causaram diferenças de
percepçöes em oito das trinta variáveis, o que representa 26,6% do total. A renda causou
diferença em seis variáveis, representando 20% do total. Apesar das alteraçöes não serem tão
grandes como o esperado, o estudo acabou comprovando que tais variáveis podem e devem
ser utilizadas como fatores para a segementaçao de mercado e que vale a pena as empresas
focarem suas açöes de marketing, principalmente propaganda, para nichos mais específicos.
Por fim, conclui-se que os atributos propostos pela literatura vão ao encontro da realidade,
pois os mesmos apresentaram boas médias, ou seja, foram considerados pelos consumidores
como fatores importantes para a decisão de compra.
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