Avaliação da eficácia da planta Elephantopus scaber no
processo de cicatrização em ratos, Medicina, Farmacologia.
BUSS, Victor; DOMINGUES, Marina. Medicina – UNISUL Campus Tubarão.
Introdução
A patofisiologia dos processos de recuperação de um tecido lesado é complexa e
envolve diferentes estágios. Segundo D’amore, “O reparo dos tecidos envolve dois
processos distintos: (1) regeneração, que se refere à substituição das células lesadas
por células do mesmo tipo, sem deixar, algumas vezes vestígio residual da lesão
anterior; e (2) substituição por tecido conjuntivo, um processo chamado fibroplasia ou
fibrose, que deixa uma cicatriz permanente. Na maioria dos casos, os dois processos
contribuem para o reparo. Além disso, tanto a regeneração quanto a fibroplasia são
determinadas por mecanismos essencialmente similares, envolvendo a migração,
proliferação e diferenciação celulares.”
Atualmente na clínica médica,
um número relativamente restrito de classes de drogas são disponíveis para o
tratamento de tais desordens de regeneração tecidual. Dentre estas podemos citar os
retinóides, derivados da vitamina A, que são compostos amplamente encontrados em
plantas. A medicina popular já se utiliza de muitas delas para tratar condições da pele
como feridas e úlceras. Apesar de que algumas destas plantas já estejam sendo
investigadas em laboratório quanto à sua eficácia, que é o caso da Passiflora edulis
(Maracujá), Schinus terebinthifolius raddi (Aroeira) e Orbignya phalerata (Babaçu)
(Malafaia et al., 2006), para muitas outras não existe comprovação científica para a
sua utilização.
Neste estudo decidiu-se investigar as propriedades
cicatrizantes da planta Elephantopus Scaber, popularmente conhecida como línguade-vaca, uma planta bastante utilizada na região sul do país para o tratamento de
ferimentos da pele. Ainda sem comprovação científica de sua eficácia, torna-se de
fundamental importância pesquisar para saber se realmente existem propriedades
terapêuticas (farmacológicas) que atuam nesse processo, ou ainda se ela traz algum
malefício à saúde do usuário (toxicológicas).
Sabemos que nossa flora é rica em plantas que compõe
diversos medicamentos de importância singular para a medicina, como por exemplo, a
Alantoína e o Asiaticosídeo, ambos princípios ativos de cicatrizantes provenientes de
plantas. (Silva, P., 2002). Por isso, é importante que pesquisas nessa área sejam
incentivadas e se busque cada vez mais comprovar propriedades terapêuticas de
plantas que o uso popular já testou e aprovou. Os resultados dessa pesquisa poderão
contribuir para apontar caminhos para a formulação de novos medicamentos,
aproveitando o que a natureza pode oferecer.
Objetivos
2.1 Objetivo Geral
Verificar a eficácia da planta E. scaber no processo de cicatrização em ratos.
2.2 Objetivos Específicos
2.2.1 Preparar uma forma farmacêutica para utilização por via tópica, incorporando o
extrato padronizado da planta;
2.2.2. Avaliar a influência do tratamento dos animais com a formulação à base de
Elephantopus scaber, sobre o processo de cicatrização em ratos.
Metodologia
3.1 Animais: Foram utilizadas ratas, criados pelo Biotério Central da Unisul, que
tiveram livre acesso à ração e água.
3.2 Padronização do Extrato da E. scaber:
3.3 Composição da amostra: Foram aleatoriamente separados em diferentes grupos
de iguais condições de criação e armazenamento. Eles foram divididos em grupos de
5, sendo que cada grupo foi tratado com uma formulação diferente.
3.4 Procedimento cirúrgico: foi confeccionada 1 (uma) ferida de aproximadamente 1x1
cm no dorso de cada animal.
3.5 Morfometria: as feridas foram mensuradas nos dias 0 (imediatamente após a
cirurgia), 7 e 14 de pós-operatório.
3.6 Equipamentos e estrutura: o presente trabalho foi realizado no laboratório didático
de Farmacologia do Bloco Pedagógico, Campus Tubarão.
Resultados
Conforme podemos observar na Tabela 1, o extrato da planta E. scaber se equipara
ao da Água, não apresentando melhoras significativas no processo de cicatrização.
Comparando o extrato de E. scaber com a pomada Bepantol ® (dexpantenol)
podemos observar uma cicatrização acentuada na pomada. A dexametazona, usada
na primeira parte da pesquisa também não mostrou resultados significativos na
cicatrização.
Água
Dexa
Bepantol
E. scaber
Média
1,368000
0,584600
0,060000
0,000000
1,780000
1,180000
0,265000
0,000000
1,017000
0,418200
0,000000
0,000000
1,421000
0,750000
0,041110
0,000000
SEM
0,195700
0,092570
0,030800
0,000000
0,174400
0,193400
0,058520
0,000000
0,042340
0,032520
0,000000
0,000000
0,077160
0,076140
0,009493
0,000000
Tabela 1: Comparação dos fármacos utilizados no processo de cicatrização.
Carimbo para a
padronização da
cirurgia
Conclusões
A metodologia acima foi alterada, em função das normativas institucionais que
impossibilitaram a continuidade da pesquisa inicialmente proposta, mas, apesar
disto, demonstrou-se eficaz para a avaliação da atividade da planta E. scaber.
Foram observadas várias dificuldades técnicas, como padrão da ferida cirúrgica,
sendo difícil realizar um corte preciso com 1x1 cm, medição com o paquímetro,
sendo possível apenas com os ratos anestesiados e com o auxilio do Professor René
Blasius.
A planta não demonstrou um potencial cicatrizante, observando que seu tempo de
cicatrização foi o mesmo comparando com o do controle (Água), a melhor
cicatrização foi com a pomada Bepantol ®, que verificamos uma cicatrização num
menor intervalo de tempo e com uma melhor regeneração tecidual.
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