Setor de Forragicultura
Ponto de Corte do Milho para Silagem
Eng. Agr. Igor Quirrenbach de Carvalho
23/08/2013
Acertar o ponto de corte é fundamental para ter alta produção de massa e alta
qualidade nutricional. Muitos técnicos e produtores dão pouca importância a esse
critério, mas faz toda diferença no sucesso ou fracasso de uma silagem. Além do mais, o
custo de cortar no ponto, ou antes, ou depois do ponto é praticamente o mesmo.
A linha do leite foi utilizada por muito tempo como indicativo do ponto de corte.
A recomendação era cortar com ½ linha do leite. Hoje, com a utilização de híbridos com
“Stay Green” mais acentuado e melhor controle de doenças, tem ocorrido baixos teores
de matéria seca na fase de ½ linha do leite. Atualmente, os melhores resultados tem se
obtido com 2/3 da linha do leite, ou seja, 2 partes farináceo e 1 parte leitoso.
A linha do leite é avaliada pela parte farinácea do grão. Ela começa a se formar de
fora para o centro da espiga. Para verificar a linha do leite, selecionar uma espiga
representativa da lavoura, nem muito seca, nem muito verde, quebrar ao meio, pegar a
parte da ponta e cortar alguns grãos com canivete, conforme figura acima. Raspar com a
ponta do canivete a parte leitosa, delimitando-a da parte farinácea. Como observação
prática, a linha do leite avança em torno de 5% ao dia, ou seja, se tiver com 35% de linha
do leite, vai levar 6 dias para atingir 65%, ou 2/3 da linha do leite.
Contudo, diferentes híbridos e condições ambientais influenciam o teor de
matéria seca (MS) numa mesma condição de linha do leite. Alguns híbridos ainda estão
“verdes” com 2/3 da linha do leite (MS < 30%), enquanto outros já estão passados com
2/3 da linha do leite (MS > 35%).
Por esse motivo, o ideal é verificar o ponto de ensilagem pelo teor de matéria
seca das plantas. Em países onde as técnicas de ensilagem são mais desenvolvidas, se
considera o teor de MS para definir o ponto de corte. Não se utiliza mais a linha do leite.
O teor de MS ideal para silagem de milho é de 30 a 35%.
Nessa faixa de MS, se obtém as melhores produções de massa seca, melhor
qualidade nutricional, maior digestibilidade, maior consumo pelos animais e maior
produção de leite por animal, por tonelada de silagem e por hectare.
O gráfico abaixo demonstra a produção de massa seca de milho em função do
teor de MS das plantas. Trabalho conduzido pela Fundação ABC, com quatro híbridos,
em Carambeí-PR, na safra 2007/2008.
25000
Massa Seca (kg ha-1)
R² = 0,5795
20000
15000
10000
5000
0
20
25
30
35
40
45
Matéria Seca Silagem (%)
O teor de 30 a 35% de MS também é o ponto onde se consegue melhor
compactação e melhor fermentação da silagem, reduzindo as perdas de massa seca e
favorecendo a conservação da silagem.
Silagens abaixo de 30% de MS produzem menos massa seca por hectare, tem
menor qualidade nutricional, menor consumo pelos animais, menor produção de leite,
além de ocorrer fermentação indesejável pelo excesso de umidade (fermentação
butírica) e ocorrer perdas de nutrientes nos efluentes (chorume).
Acima de 35% de MS, a qualidade das fibras começa a cair, afetando a
digestibilidade da silagem. Além disso, fica mais difícil picar as plantas com a ensiladeira,
quebrar os grãos e compactar um material mais seco. Se a compactação não é adequada,
fica maior quantidade de O2 na massa, que irá aumentar as perdas de MS, favorecer o
desenvolvimento de fungos e reduzir a qualidade da forragem.
No gráfico abaixo, construído com amostras de produtores da região ABC, podese notar a perda de qualidade na forma de energia quando a colheita é antecipada a
menos de 30% de MS.
72
71
NDT (%)
71
70
70
70
2006
69
2007
69
68
68
67
67
66
66
65
65
64
63
62
20 - 25
25 - 30
30 - 35
35 - 40
MS (%)
Isso ocorre devido à perda de grãos na massa da silagem pela colheita antecipada,
como demonstrado na figura abaixo. Quando se corta a silagem no ponto correto, 3035% de MS (2/3 linha leite) se colhe em torno de 90% da produção potencial de grãos da
lavoura.
Se cortar entre o ponto de pamonha a ½ grão, são colhidos apenas de 50 a 80%
do potencial de grãos. Essa perda de grãos (amido) terá que ser compensada
posteriormente com a compra de ração, fubá de milho ou outra fonte de energia.
Produção e Umidade dos Grãos
14000
70
10828
12000
64
10000
6000
3714
0
50
56
5933
2000
60
9640
8000
4000
11526 11687 11889 11948 11863 11634
45
40
42
39
30
34
29
20
25
22
21
10
0
Trabalho realizado no CDE Castro, safra 2009/2010, híbrido AG 8025.
O trabalho de Wiersma et al. (1993) demonstra menor teores de fibras e maior
digestibilidade da MS com teor de MS próximo a 34%.
%
FDN
FDA
DIVMS
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
24
27
34
37
40
MS (% )
O trabalho abaixo mostra maior consumo de silagem de milho e produção de leite
por vaca com matéria seca de 33%. Isso ocorre devido à melhor qualidade nutricional,
que é influenciada pela porcentagem de espigas da massa.
Determinação do teor de MS
Como vimos, é importante conhecermos o teor de MS das plantas de milho para
acertarmos o ponto de corte.
Como macete prático, a MS das plantas de milho aumenta em torno de 0,6% por
dia. Mas há variação de acordo com o híbrido e condições ambientais, podendo variar
entre 0,4 a 1,0%.
Nas páginas seguintes, segue metodologias para determinação da MS:
Setor de Forragicultura
MATÉRIA SECA EM MICRO-ONDAS
► Cortar 5 plantas de milho
► Picar em triturador ou ensiladeira e misturar bem
► Colocar um prato de papelão na balança e zerar
► Colocar 100 g de forragem no prato
► Colocar no micro-ondas por 5 minutos, com copo de água no fundo
► Retirar, pesar e misturar o material
► Colocar no micro-ondas por mais 3 minutos
► Retirar, pesar e misturar o material
► Colocar no micro-ondas por mais 1 minuto
► Ir secando de 1 em 1 minuto até repetir três vezes o mesmo peso
► O último peso é a porcentagem de matéria seca.
Fonte:
EMBRAPA MILHO E SORGO. Produção e utilização de silagem de milho e sorgo.
Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 2001.
Adaptado em: 15/01/2008 por Igor Quirrenbach de Carvalho
MATÉRIA SECA UMITEST
► Conhecido como Koster nos EUA
► Colocar 100 gramas de forragem na peneira do equipamento
► Deixar secando por 60 minutos
► O peso final é a porcentagem de matéria seca do material
Quem tiver interesse em adquirir, pode encontrar em:
• www.itcdobrasil.com.br (R$ 943 - Umitest)
• www.suprivet.com.br (R$ 1.529 - Koster)
• www.enasco.com (U$ 340 - Koster)
MATÉRIA SECA FARMEX 1210
► Neste equipamento é exercida uma pressão
sobre o material
► Circula uma corrente elétrica
► O equipamento realiza uma leitura desta corrente
► Este valor é relacionado em uma tabela com o teor de matéria seca
Quem tiver interesse em adquirir o Farmex 1210, pode encontrar em:
• www.efarmex.com.br (R$ 943)
• www.enasco.com (U$ 245)
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