A Rizoctónia na cultura da Batata
(Rhizoctonia solani)
InfoNews nº 02
31 de Agosto de 2004
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Piedade Bernardes Bizarro email: [email protected]
Técnica da Organização de Produtores Hortapronta Hortas do Oeste S.A.
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Introdução
A Rhizoctonia solani na cultura da batateira (Fig. 1) tem
causado prejuízos importantes, conduzindo a uma
elevada preocupação por parte de técnicos e
agricultores. Este fungo é extremamente reconhecido
a nível nacional e internacional, tendo sido relatado por
Morse e Shapovalo em 1913.
necroses encortiçadas nos caules em desenvolvimento.
Estas necroses manifestam-se com depressões
profundas, podendo ter como consequência a sua
morte.
Nos tubérculos:
Nos tubérculos limpos de terra observam-se pústulas
negras dispersas pela epiderme, podendo confundirse com detritos de estrume (Fig. 2). Estas pústulas são
conhecidas como esclorotos, compostos de massa
compacta do micélio, e constituem o órgão de
resistência ao seu controlo, permanecendo muitos
anos no solo.
Na Primavera observam-se os sintomas mais graves,
o fungo afecta os brolhos do tubérculo, dificultando a
sua emergência.
Fig. 1 - Cultura da batateira e tubérculo infectado.
Nos últimos anos, a Rhizoctonia solani tem vindo a ser
cada vez mais incidente nos nossos campos,
aparecendo nas principais regiões de produção de
batata, tais como: o Ribatejo e Oeste, Beira Litoral,
Trás-os-Montes e Entre-Douro e Minho. A região do
Ribatejo tem sido aquela em que esta doença se tem
manifestado com maior intensidade, devido ao tipo de
solo, às técnicas culturais utilizadas e à existência de
uma vasta gama de hospedeiros, como por exemplo a
cultura tomateiro.
Sintomas
Os sintomas causados pela Rhizoctonia solani na
cultura da batateira são diversos, verificando-se ao
nível da parte aérea e dos tubérculos. Os sintomas
descritos foram observados em quase todas as
variedades, podendo algumas serem mais resistentes.
Na parte aérea da planta:
As plantas fortemente atacadas pela Rhizoctonia
solani, podem apresentar tubérculos na parte aérea de
cor violácea, devido à interferência da deslocação do
amido. Plantas com estes sintomas poderão dar
origem a tubérculos pequenos, deformados e em
grande numero. Os tubérculos aéreos que emergem
das axilas das folhas vêm infectados, provocando
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Fig. 2 - Tubérculos atacados com esclorotos de
Rhizoctonia solani
Modos de dispersão
As sementes da batata devem apresentar-se isentas
desta doença. Caso contrário poderá ser uma porta de
entrada, nos nosso campos.
O fungo sobrevive no solo, em restos da cultura e em
matéria orgânica, durante muitos anos. Este
microrganismo, por ser polífago, ataca diversas
espécies infestantes e cultivadas.
A Rhizoctonia solani ataca preferencialmente os tecido
jovens e débeis, desenvolvendo-se facilmente em
solos com elevada humidade relativa e temperaturas
baixas.
InfoNews
Meios de luta
Luta Cultural
As sementes certificadas são um dos factores
importantes para o controlo da doença, visto serem um
dos principais veículos de propagação do fungo. Os
tubérculos ao serem semeados devem ir com os
brolhos germinados, afim de se observar aqueles que
não estão em boas condições fitossanitárias.
Deve-se evitar semear os tubérculos muito profundos.
O atraso da germinação pode acelerar as infecções a
nível do solo.
As rotações culturais com outras culturas, tais como:
cereais de inverno, brássicas e liliácea, são altamente
benéficas para a redução do fungo. Recomenda-se
não efectuar duas companhas seguidas na mesma
parcela.
A boa drenagem do solo e os compassos mais largos,
entre plantas são factores a ter em consideração, uma
vez, ser a elevada humidade no solo, um dos
principais factores de desenvolvimento da doença.
Para a diminuição da humidade deve-se efectuar
sachas.
Soluções urgentes
A Rhizoctonia solani na batata lavada, passou a ser um
dos principais problemas epidérmicos verificados nas
centrais que laboram batata.
Para o controlo desta doença é necessário tomar
medidas urgentes, uma vez, ter-se verificado que só a
luta cultural não tem conseguindo resolver o problema.
É de conhecimento geral, que existem substâncias
activas homologadas na Comunidade Europeia para o
controlo deste fungo, tendo revelado alguma eficácia
sobre o mesmo.
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Apoios:
Referências Bibliográficas:
! Integrated Pest Management University of
California: Statewide Integrated Pest Management
Project; Division of Agriculture and Natural
Resource; Publication 3307; 1992.
! Strand, L.L.; Rude, P.A.; Clark, J.K. (1992).
! Integrated Pest Management for Potatoes in the
western United States. University of California,
Oakland, California.
! Lopes, A. (2003). Protecção Integrada de Hortícolas
Lista dos Produtos Fitofarmacêuticos, níveis
económicos de ataque (ao abrigo dos nº 3 e 4 do artº
6º da Portaria nº 65/97, de 28 de Janeiro)
DGDR/DGPC, 21 pág., Oeiras.
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